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Aspectos da obesidade

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Fonte: Fisiopatologia Porth, 8ª ed; Obesidade: regulação hormonal, Luísa Veiga. 
 
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Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
É definida como o acúmulo excessivo de gordura 
corporal, gerado, principalmente, pela ingestão 
> gasto calórico, com múltiplas consequências 
patológicas em órgãos específicos. Um gasto de 
energia menor do que a ingerida contribui para 
o aumento do tecido adiposos, que gera excesso 
de peso/obesidade. Do ponto de vista clínico, a 
obesidade e o sobrepeso foram definidos em 
termos de IMC, usando o ponto de corte de 25-
29,9 como medida do excesso de peso e acima 
de 30 para obesidade. 
 
❖ Fator neuronal 
Sabe-se que o esse aumento de peso é 
correlacionado com a ingesta excessiva de 
alimentos e o hipotálamo foi descoberto como 
peça-chave na detecção da fome e organização 
do comportamento da alimentação. Grupos de 
neurônios hipotalâmicos são sensíveis aos 
metabólitos e hormônios circulantes, tais como 
leptina, grelina, insulina e glicose. Dessa 
forma, qualquer interferência nas funções 
normais desse circuito hipotalâmico acarreta 
alteração da regulação energética. 
A capacidade integrativa do hipotálamo também 
é enriquecida pela intercomunicação com outras 
zonas do cérebro, como o córtex e o sistema 
límbico, que se preocupam com o 
processamento da informação sensorial externa, 
controle cognitivo e emocional, e tomada de 
decisão com base em recompensas. Além disso, 
percebeu-se uma rede sustentada, associada 
à motivação, desejo e anseio por comida 
(comida de elevado teor energético) que é mais 
ativada em indivíduos obesos versus magros. 
Os sinais aferentes dessa regulação neuronal 
podem ser transmitidos ao cérebro através do 
nervo vago ou pela via sistémica hormonal, 
envolvendo os hormônios liberados pelo tecido 
adiposo e pelo trato gastrointestinal. 
Os sinais eferentes partem, principalmente do 
hipotálamo, onde o núcleo arqueado é o 
principal centro de coordenação e integração 
dos sinais centrais e periféricos. A sua localização 
privilegiada permite-lhe receber os sinais 
periféricos, devido à semipermeabilidade da 
barreira hematoencefálica nessa região do 
cérebro. Este núcleo é constituído por neurónios 
orexígenos e anorexígenos, envolvendo os 
sinais eferentes. 
 Via orexigênica → os neurônios orexígenos 
estão presentes no núcleo arqueado e são 
responsáveis pela estimulação do apetite, co-
expressando o neuropeptídeo Y (NPY) e a 
proteína relacionada à agouti (AgRP), e sua 
estimulação ocorre por ativação da PKA. 
AgRP atua como antagonista do receptor de 
melanortina 4 (MC4R), o qual, quando ativado 
por MSH-α, reduz a ingestão alimentar. 
NPY promove aumento da ingestão alimentar, 
atuando em receptores Y1/Y5R; diminuição do 
gasto energético e aumento da lipogênese. A 
redução dos níveis de leptina e insulina ativa os 
neurônios produtores de NPY. 
Outra via orexigênica está presente no 
hipotálamo lateral (recebe eferências de vias 
orexigênicas e anorexigênicas), onde estão 
presentes as orexinas A e B, com efeitos 
secundários sobre a ingestão alimentar, e o 
hormônio concentrador de melanina 
(MCH), que estimula o apetite pelo aroma dos 
alimentos, se projetando aos centros de olfato e 
a outras áreas do córtex cerebral e sendo 
estimulados pelos neurônios secretores de 
NPY/AgRP. Componentes da via anorexigênica, 
 
Fonte: Fisiopatologia Porth, 8ª ed; Obesidade: regulação hormonal, Luísa Veiga. 
 
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Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
como o TRH, CRH e ocitocina, são inibidos pelos 
neurônios secretores de NPY/AgRP. 
 Via anorexigênica → neurônios anorexígenos 
são ativados pela mTOR e atuam na sensação de 
saciedade. Eles expressam o gene da pro-
opiomelanocortina (POMC) e o transcrito 
regulado por cocaína e anfetamina (CART). 
A POMC é expressa na hipófise, na pele, no 
sistema imune, no núcleo arqueado do 
hipotálamo e no núcleo do trato solitário do 
tronco cerebral. Ela é ativada pela leptina e dá 
origem a peptídeos bioativos, como o ACTH, as 
melanocortinas e a β-endorfina. Os peptídeos 
derivados da POMC agem pela ligação com os 
receptores da melanocortina (MC1R e MC5R). 
Particularmente, a melanocortina tem 
importância na homeostase energética. Os 
receptores MC3R e MC4R estão envolvidos na 
regulação do peso corporal: 
MC3R modula o gasto energético e o 
MC4R regula a ingestão de alimentos. 
Enquanto o MC3R é expresso no SNC, 
intestino, placenta, timo e adipócitos, o 
MC4R se faz presente no hipotálamo. 
Quando o MC4R é ativado, pelo α-MSH, a 
ingestão alimentar tende a reduzir. 
 
❖ Adipocinas 
 Leptina → é produzida predominantemente, 
mas não exclusivamente, pelo tecido adiposo 
branco e posteriormente lançada para a 
circulação sanguínea. Ela possui concentrações 
mais elevadas no tecido adiposo subcutâneo 
quando em comparação com o tecido adiposo 
visceral. 
A leptina plasmática atravessa a BHE através de 
um sistema de transporte saturável, ligando-se 
aos receptores hipotalâmicos, inibindo a via 
orexigênica (NPY/AgRP), e estimulando a via 
anorexigênica (CART/POMC), diminuindo o 
apetite. 
A leptina também pode estimular a perda de 
energia sob a forma de calor. Esta regulação 
parece ocorrer por indução pelo SNS ou tiroide 
da expressão de UCP-1 (adipócitos vermelhos), 
UCP-2 (adipócitos brancos) e/ou UCP-3 
(músculos). 
A leptina foi considerada um hormônio 
determinante para o desenvolvimento da 
obesidade. Esta evidência emergiu quando se 
identificaram mutações no gene da leptina em 
camundongos obesos e se observou que 
crianças obesas portadoras de deficiência 
congênita de leptina revertiam o seu peso 
corporal quando tratadas com este hormônio. As 
mutações no gene da leptina ou nos seus 
receptores podem resultar em obesidade mais 
ou menos grave, dependendo da perda da sua 
função. 
Nesse pensamento, pensava-se que os níveis de 
leptina circulante nos obesos estariam 
diminuídos, devido às mutações no gene, mas 
vários estudos mostraram que os obesos 
apresentam valores aumentados de leptina 
circulante, podendo indicar que na obesidade 
ocorre uma “leptino-resistência”. 
 Adiponectina → é sintetizada exclusivamente 
pelos adipócitos. Ela tem sido associada ao: 
Aumento: biogênese mitocondrial, da 
oxidação de ácidos graxos no fígado e 
músculo, da produção de lactato no 
músculo esquelético e da captação de 
glicose; 
Redução: gliconeogênese, processos 
inflamatórios e stress oxidativo. 
A ação direta da adiponectina na obesidade é 
atribuída à inibição da via PKA, resultando na 
inibição da enzima acetil-CoA carboxilase, que 
ativaria a síntese de ácidos graxos. A inibição da 
 
Fonte: Fisiopatologia Porth, 8ª ed; Obesidade: regulação hormonal, Luísa Veiga. 
 
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Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
síntese e o aumento da oxidação dos ácidos 
graxos conduz à diminuição de depósito 
lipídico e de ingestão alimentar. Há também 
ações anti-inflamatória, antioxidante e 
antiaterosclerótica, que diminuem as 
comorbilidades associadas à obesidade, tais 
como resistência à insulina e doença 
cardiovasculares. 
 Resistina → é caracterizada por resistir à ação 
da insulina. É um hormônio peptídico rico em 
cisteína, expresso essencialmente nos 
leucócitos, macrófagos e adipócitos. O seu 
papel na obesidade ainda não é claro, mas há 
uma correlação positiva entre os níveis de 
resistina e o IMC. Tem sido sugerido que ela 
pode estar envolvida na modulação de vias 
metabólicas associadas a processos 
inflamatórios, autoimunes, cardiovasculares, 
de insulino-resistência e DMT2. 
A resistina age reduzindo a captação de glicose, 
dependente de insulina, nos adipócitos isolados. 
Níveis elevados dela representam um risco 
aumentado para o desenvolvimento de DMT2. 
❖ Hormônios doTGI 
 Grelina → é hormônio orexígeno, que 
apresenta valores circulantes elevados na fase de 
jejum e mais baixos imediatamente após a 
ingestão alimentar. Sua ação ocorre através da 
ligação a receptores específicos no núcleo 
arqueado hipotalâmico, provocando o aumento 
da atividade dos neurônios NPY/AgRP e 
inibindo os neurônios POMC. A grelina ativa a 
PKA e inibe a mTOR, o que leva a uma resposta 
orexígena. 
 CCK → é um hormônio rapidamente liberado 
na circulação após uma refeição, principalmente 
se for rica em lipídios ou proteínas. Possui 
receptores no TGI e no SNC. 
A principal função é aumento da saciedade com 
consequente diminuição da quantidade de 
alimentos ingeridos, por meio de inibição no 
esvaziamento gástrico e na motilidade TGI e 
aumento de distensão gástrica. Desta forma, 
a CCK parece promover a estimulação dos 
mecanorreceptores e informar os centros do 
apetite no cérebro. 
 Peptídeo YY → pertence à família dos NPY e 
PP (polipeptídeo pancreático). Ele tem um papel 
crucial no processo de saciedade, inibindo a 
ingestão alimentar, a secreção gástrica e a 
motilidade intestinal. Em indivíduos obesos 
observou-se uma diminuição da 
concentração basal de PYY, o que vem 
corroborar a sua ação na saciedade. No entanto, 
a obesidade não parece desencadear resistência 
aos efeitos deste péptico, ao contrário do que foi 
observado para a leptina. 
 GLP 1 → pertence à classe das incretinas 
(substâncias produzidas pelo pâncreas e pelo 
intestino que regulam o metabolismo da 
glicose), estimulando a libertação de insulina 
em função dos níveis de glicemia. Ele inibe a 
secreção gástrica e o esvaziamento gástrico, 
inibe a libertação do glucagon e diminui o 
apetite. 
Os níveis circulantes estão reduzidos em 
obesos, mas se normalizam com a perda de 
peso. Os efeitos anorexígenos do GLP-1 em 
obesos levaram ao estudo da sua potencial ação 
terapêutica na obesidade. No entanto, a sua 
curta meia-vida representa uma barreira 
para a utilização com este fim. 
❖ Causas de obesidade 
Embora os fatores que levam ao predisponentes 
da obesidade ainda não estejam elucidados, 
acredita-se que envolvam a interação do 
genótipo e de fatores ambientais, incluindo 
dieta, atividade física e fatores do início da 
infância. 
Há um forte componente hereditário, já que a 
obesidade ocorre em famílias. A questão que 
envolve esse debate é definir se o distúrbio 
surge devido à constituição genética ou a 
influências ambientais. Podendo haver, também, 
relação com as questões socioeconômicas. 
Há também evidências de que certos fatores 
durante a gravidez podem afetar o futuro peso 
da criança, como diabetes gestacional, 
 
Fonte: Fisiopatologia Porth, 8ª ed; Obesidade: regulação hormonal, Luísa Veiga. 
 
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Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
tabagismo materno e subnutrição 
intrauterina. Os lactentes amamentados ao seio 
materno podem ter menos tendência à 
obesidade posteriormente durante a vida. 
 
❖ Tipos de obesidade 
As pesquisas sugerem que a distribuição da 
gordura pode ser um fator mais importante do 
que o IMC para a morbimortalidade. A 
circunferência da cintura constitui um preditor 
melhor do conteúdo de gordura abdominal do 
que o IMC e o tipo de obesidade é determinado 
pela relação cintura/quadril. A classificação é 
de acordo a com distribuição de gordura: 
 Obesidade central → Parte superior do corpo 
→abdominal, visceral ou masculina ("androide"). 
Adquirem forma semelhante à maçã. Os homens 
são os mais cometidos e apresentam mais 
gordura intra-abdominal. À medida que os 
homens envelhecem, aumenta a proporção de 
gordura intra-abdominal em relação à gordura 
subcutânea. 
 
Uma circunferência da cintura de 88 cm ou mais 
em mulheres e de 102 cm ou mais em homens 
está associada a um risco aumentado de saúde. 
Uma razão cintura-quadril superior a 1,0 em 
homens e 0,8 em mulheres também indica 
obesidade na parte superior do corpo 
ou central. 
A obesidade central pode ser ainda diferenciada 
em tecido adiposo intra-abdominal (gordura 
visceral) e tecido adiposo abdominal 
subcutâneo com o uso da TC ou da RM. A 
circunferência da cintura, que é uma medida da 
distribuição 
central de gordura, mede tanto o tecido adiposo 
abdominal subcutâneo quanto o tecido adiposo 
intra-abdominal. Uma das características da 
gordura visceral é a liberação de TNF-α e a 
adiponectina (adipocinas), e de ácidos graxos 
diretamente no fígado, antes de alcançar a 
circulação sistêmica, apresentando impacto 
potencialmente maior sobre a função hepática 
(esteatose hepática, com consequente 
resistência à insulina no fígado). 
O risco cardiometabólico representa o risco 
global de desenvolvimento de DM e/ou doença 
cardiovascular, como coronariopatia, acidente 
AVE, doença vascular periférica, que se devem 
a um conjunto de fatores de risco tradicionais, 
tais como obesidade, hipertensão e 
dislipidemia, bem como a fatores de risco 
emergentes, como disfunção da inflamação, 
coagulação, fibrinólise, plaquetas, 
lipoproteínas, endotélio e outros processos 
biológicos. 
 
 Obesidade periférica → Parte inferior do 
corpo →glúteo femoral ou feminino ("ginoide"). 
Adquirem forma semelhante à pera. As mulheres 
são mais acometidas e acumulam mais gordura 
subcutânea. Depois da menopausa, as mulheres 
tendem a adquirir uma distribuição da gordura 
mais central. 
Embora a obesidade periférica esteja associada 
a veias varicosas nas pernas e a problemas 
O aumento da prevalência da obesidade pode ter 
sido decorrente: 
↑aporte calórico + estilo de vida sedentário + 
baixa taxa de gasto energético + quociente 
respiratório elevado (QR) 
O QR é a relação de oxidação entre carboidratos e 
gorduras, sugerindo que o indivíduo oxida mais 
carboidrato do que lipídios. 
A presença de excesso de gordura no 
abdome desproporcionalmente à 
gordura corporal total é um preditor 
independente de fatores de risco e 
mortalidade. 
Fatores de risco 
cardiovasculares 
tradicionais + fatores de 
risco emergentes = 
Síndrome metabólica. 
 
Fonte: Fisiopatologia Porth, 8ª ed; Obesidade: regulação hormonal, Luísa Veiga. 
 
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Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
mecânicos, não está fortemente relacionada a 
risco cardiometabólico.

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