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Fábio Sá Earp e Eduardo Bastian ● Cristiano da Silva Barbedo ● Guilherme Alves Cortes de Lacerda ● Luiz Eduardo Rocha ● Pedro Henrique Dantas Ferreira ● Raphael Keler Jorge Oliveira Discuta as prioridades do governo JK em termos de energia, transporte e indústrias manufatureira e de construção civil. 1. Introdução Dentre os pontos principais do governo de Juscelino Kubitschek (1956 a 1961), certamente o que se destaca é o Plano de Metas, que consistiu num completo e coerente conjunto de investimentos planejados com metas, no geral alcançadas, tanto para o setor público como para o setor privado (ABREU, 2014). A partir dele que se derivam diversas outras características desse governo, como sua forte tendência desenvolvimentista e as altíssimas taxas de crescimento do PIB. Apesar do crescimento acelerado, dos possíveis efeitos positivos dos ganhos em infraestrutura, do cumprimento considerável das metas (já ambiciosas) e da modesta estabilidade de preços (em contraste às características destacadas), o período como um todo assemelha-se muito à experiência do futuro governo Geisel, onde cunhou-se o termo de crescimento e industrialização em marcha forçada. Isso ocorreu por conta de um choque entre pressões externas, relacionadas às limitações das contas externas, e internas, advindas de uma série de pressões políticas de diferentes grupos, que dificultaram a implementação plena das diretrizes do governo. Essa pressão externa tinha duas causas principais, sendo a primeira associada ao declínio dos termos de troca, seguindo a tendência declinante dos preços internacionais do café nesse período, que se traduzia em custos altíssimos para se importar máquinas e equipamentos que conduziram a implementação do Plano de Metas. Além disso, existiam limitações por conta da Lei da Usura que, por estabelecer um teto de 12% ao ano para a taxa de juros, num contexto onde a inflação sistematicamente ultrapassava os 12% ao ano, inviabilizou o financiamento dos déficits do tesouro via mercado de títulos públicos, restando seu financiamento a partir da emissão monetária e um período de déficits orçamentários recorrentes. Vale ressaltar, para completar o quadro geral do regime macroeconômico da época, a simplificação do sistema de taxas de câmbio múltiplas e a permanência da absorção dos lucros das operações cambiais por parte do governo. A manifestação dessa pressão externa se deu por meio da negociação forçada de um acordo de stand-by com o Fundo Monetário Internacional (FMI), por parte do governo, e indicou outro fator que corrobora com os desequilíbrios externos que o país vivenciava, a inflação. No geral, a literatura convencional aponta que os desajustes fiscais evidenciados foram inflacionários e, ainda que num primeiro momento do governo tenha ocorrido uma pequena retração da inflação, até seu fim ela acaba acelerando. O FMI atribui aos desequilíbrios macroeconômicos, vide inflação, os problemas nas contas externas do Brasil, de forma que a instituição sugeriu fortemente, não só, uma unificação do sistema cambial, mas também um programa rígido de combate à inflação. Ambas as sugestões do FMI significariam uma interferência em pontos que favoreciam grupos internos (cafeicultores, industriais e trabalhadores) num cenário político já conturbado, além de impor contrações fiscais e monetárias que colocariam em xeque o Plano de Metas. Dessa forma, por meio de trocas ministeriais houve uma tentativa de equilibrar essas duas forças num combate gradual à inflação. Contudo, a tentativa de conciliação sofreu oposição dos dois extremos, levando ao seu abandono, ao rompimento do país com o FMI e dando continuidade ao Plano de Metas. O objetivo desse texto é desenvolver e aprofundar com mais detalhes como se deu o Plano de Metas em alguns setores específicos, tendo em mente os contextos políticos e econômicos ressaltados, assim como as restrições explicitadas anteriormente. Além da introdução, onde caracterizou-se o regime macroeconômico do período e as consequências econômicas do contexto histórico, o texto compõe mais quatro partes que se destinam a abordar os setores de energia, transporte, indústria manufatureira e de construção civil, contando também com uma conclusão para associar os pontos principais estudados. 2. Energia O setor energético foi entendido como um dos pontos mais importantes do plano de metas, contando com aproximadamente 24% de todo o orçamento do plano, a energia elétrica era a maior prioridade. Ao longo deste segmento vamos entender os avanços na produção e distribuição de energia elétrica e os impactos do plano de metas e de algumas mudanças nas legislações e normas relacionadas ao setor. Como já foi observado anteriormente, o plano de Juscelino Kubitschek possuía metas muito bem definidas, e para tal foram feitas algumas estimativas. Com os outros planos em andamento e a intensa industrialização a caminho, foi estimado um crescimento do mercado de energia elétrica de 12% ao ano de 1955 a 1960 e de 9,4% ao ano de 1960 a 1965 e a capacidade instalada de produção de energia deveria conseguir acompanhar este crescimento da demanda. Um crescimento na demanda por energia elétrica desta magnitude representa um grande desafio, mas algumas boas oportunidades. Se planejado de forma incorreta, um retardo no crescimento da produção e uma consequente falta de energia poderiam representar um grande gargalo da expansão econômica do país comprometendo os outros pontos do plano de metas e a industrialização como um todo. Por outro lado, investimentos públicos ou privados na expansão da capacidade instalada, representam uma maior dinamização da economia trazendo maior complexidade para infraestrutura e gerando, em algum grau dependendo do setor, mais empregos e renda. Para aproveitar essa oportunidade e garantir produção suficiente, o governo de Juscelino escolheu uma abordagem diferente do governo de Getúlio Vargas, outro estadista que entendia a importância do setor energético. Desta vez o plano era integrar os investimentos do governo, que através de empresas públicas representavam 55,2% do total, com a reforma tarifária que pretendia atrair capital estrangeiro criando no país um ambiente mais favorável a investimentos no setor. Para garantir a expansão no ritmo necessário foram adotadas algumas estratégias: a produção de energia elétrica em si ficou a cargo de empresas públicas federais e estaduais permitindo um maior controle do governo sobre o nível de produção. As empresas privadas ficaram responsáveis, majoritariamente, pela transmissão e distribuição da energia produzida. As empresas públicas, portanto, que administravam as metas estabelecidas pelo governo enquanto as privadas eram obrigadas a garantir a distribuição a nível de demanda. Um bom exemplo da integração eficiente entre os recursos públicos e privados foi a criação, em 1957, das Centrais Elétricas de Furnas que teve como acionistas o Governo Federal, os governos estaduais de São Paulo e Minas Gerais e algumas empresas privadas como a canadense Light e a americana Ebasco, ambas ainda atuantes no setor elétrico brasileiro. Ainda em 1960, a intensa industrialização fez a demanda por energia superar a projetada inicialmente. Para contornar esse problema o governo investiu diretamente na construção de usinas hidroelétricas de grande capacidade de geração de energia elétrica, usinas como Paulo Afonso e Três Marias foram construídas nesse período. Com o aumento inesperado da demanda, as empresas privadas citadas anteriormente passaram a investir na produção de equipamentos e maquinário visando diminuir os custos de futuras expansões das redes de distribuição. Foi este ano também que o governo criou o Ministério de Minas e Energia que assumiu do Ministério da Agricultura a responsabilidade administrativa sobre a produção, transmissão edistribuição da energia elétrica no país. De forma geral, o governo de Juscelino Kubitschek foi um grande marco para o setor elétrico brasileiro, como mencionado anteriormente neste segmento, a complexidade administrativa implementada e o volume de investimentos no setor foram fatores determinantes para a industrialização do Brasil. 3. Transporte O setor de transporte sempre foi o foco do governo de Juscelino Kubitschek, porque o objetivo principal era desenvolver o Brasil. Estruturando as ferrovias e rodovias no país era possível trazer a indústria automobilística para o país e por conseguinte outras indústrias correlatas. A Lei nº 1.807 definiu setores que seriam prioritários para serem investidos e o setor de transportes era um deles, com isso o governo traçou metas ousadas para o investimento em transportes no país, com a instrução 113 o governo conseguiu grandes investimentos externos para realizar seu plano, e a indústria de bens de capital teve um crescimento a taxa de 26,4% ao ano entre 1955 e 1960 e em grande parte devido ao segmento ‘equipamentos e veículos’ e ‘equipamentos de transporte’. O plano principal de Juscelino era elevar o padrão de vida dos cidadãos o quanto antes, combinando as condições de equilíbrio e estabilidade social, e também observados o nível de emprego interno, capital e o balanço de pagamentos com o exterior. Desenvolver o transporte aeroviário era também importante para o governo, a nova capital, Brasília, se desenvolveu a partir do novo aeroporto que seria construído na região, e o plano de metas incluiu ter 13 novas aeronaves e a criação de novos portos, com o intuito de interligar as áreas litorâneas do país com o interior. As áreas de atuação do setor público eram para investir basicamente em infraestrutura e permitir que se criasse as condições necessárias para as atividades e investimentos privados. As principais metas dos transportes eram: ferrovias (construção de 2.700 km de linhas, sobre o total de sobre o total de 37.000 km em 1995), rodovias (construção de 12.000 km de 1995 a 1960, sobre o total de 460.000 km em 1955 e pavimentação de 5.000 km, sobre um total de 3.100 km em 1955), indústria automobilística (instalar a indústria e produzir em 1960 um total 170.000 veículos com índice de nacionalização de 90% em peso para caminhões e caminhonetas e 95% para automóveis). O setor de transporte, consumia grande quantidade do orçamento público e as indústrias de transporte tiveram câmbio preferencial e tiveram ampla preferência para importação, porque estavam dentro plano de metas e estas receberam um crédito formidável do BNDE e como inflação estava controlada, mas um pouco alta, os juros reais para esta indústria ficavam negativo e isso era bastante vantajoso. As metas de transporte, foram todas alcançadas e superadas, menos as ferrovias que não tiveram tanto desenvolvimento, pois o plano inicial era desenvolver o Brasil como um todo, o principal meio de financiamentos dos transportes eram os fundos de vinculação orçamentária, porém essas empresas de transportes em deficitárias e consumia muitos recursos públicos, porque o governo mantinha o custo de fretes e transportes baixos, para não onerar bastante, por meio da inflação, o custo das indústrias e da população. Esse modelo deu bastante certo no governo de Juscelino, porque o país crescia bastante e renda per capita também, mas quando as taxas de crescimento caíram então esse modelo se tornou insustentável. 4. Indústria Manufatureira Juscelino Kubitschek com seu slogan de governo, 50 anos em 5, transmitia seu ideal nacional-desenvolvimentista e ao assumir a posse da república em 1956 dá início ao seu projeto de aceleração da industrialização brasileira com o objetivo de atuar em setores estratégicos em que haviam pontos de estrangulamento cuja demanda era maior que a oferta. O objetivo era ampliar a indústria de base e a processamento de recursos naturais como a produção de aço, alumínio, metais não ferrosos (cobre, chumbo, estanho, níquel, etc), cimento, álcalis, celulose, papel de jornal e borracha; aumentar a exportação de minério de ferro, produção e refinamento de petróleo, instalação da indústria automobilística, construção naval, mecânica e material elétrico pesado. De acordo com Paulo Brito a elaboração do Plano de Metas foi influenciada pelas ideias da CEPAL: As influências do pensamento da Comissão de Planejamento para a América Latina e Região do Caribe (Cepal), criada no final dos anos 40, inspiraram a metodologia para a elaboração do Plano de Metas, identificando Pontos de Estrangulamento que inibiam o crescimento econômico e de Pontos de Germinação, que teriam efeitos multiplicadores para o progresso. (BRITO, 2004, p. 16). No âmbito do desenvolvimento da indústria manufatureira, o Programa de Metas de JK visava, entre outros objetivos, elevar, entre 1956 a 1960, a produção siderúrgica de 1.150.000 para 2.300.00 t/ano, a refinação de petróleo de 6.500.000 para 16.500.000 t/ano, a de alumínio de 2.600 para 30.000 t/ano, a de cimento de 2,7 para 5 milhões de t/ano e a de celulose de 90.000 para 500.000 t/ano (PIERUCCI, 2007). Dessa forma, para promover o desenvolvimento acelerado, JK adotou o “Modelo Tripé”, fundamentado na atuação: do Estado, por meio de investimentos em infraestrutura e segmentos de base, da Iniciativa Privada Nacional, focada em segmentos de bens de consumo não-duráveis como têxtil e alimentos, e da Iniciativa Privada Externa, diretamente em segmentos de maior tecnologia, tais como bens de consumo duráveis – automóveis, eletrodomésticos e eletrônicos. Em se tratando das realizações industriais, a mais impressionante foi a instalação da indústria automobilística, composta por empresas multinacionais (Ford, Volkswagen, General Motors, Mercedes Benz, Toyota e outras) que se implantaram, sobretudo nos municípios da Grande São Paulo, devido aos incentivos fiscais e subsídios oferecidos pelo Governo para que elas produzissem até 1961 a quase totalidade de veículos que circulam pelo país, ou seja, o objetivo era dobrar a quantidade de automóveis. Esse alto crescimento do setor automobilístico está diretamente relacionado sobretudo pelas implicações da Instrução 113 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC, antecessora do Banco Central), que facilitou a entrada de equipamentos importados com pagamentos sem cobertura cambial (pagamento em moeda nacional). O crescimento industrial ocorreu de maneira ampla, de maneira que entre 1957 e 1962, a produção industrial aumentou 11,9% em média por ano, com particular destaque para os ramos de Material de Transporte e de Material Elétrico, ambos com 27% a.a., Química com 16,7% a.a., Mecânica com 16,5% a.a., Metalúrgica com 15,6% a.a. e de Borracha com 15% a.a. (SUZIGAN et alii, 1974, Tabela II.13) - segmentos econômicos que produzem bens de capital (capital fixo), bens intermediários e bens duráveis. Para financiar o desenvolvimento industrial o Governo inicialmente recorreu à emissão de papel moeda e, posteriormente, através da abertura da economia ao capital estrangeiro, a expansão monetária intensificava a inflação ao passo que a abertura da economia ao capital estrangeiro promovia a desnacionalização econômica uma vez que as multinacionais passaram a controlar segmentos industriais estratégicos. Segundo Carlos Lessa (1982) o governo de JK “constitui a mais sólida decisão consciente em prol da industrialização na história econômica do país”. Entretanto, vale ressaltar que o crescimento industrial esteve concentrado na região Sudeste, sobretudo nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Mas, em contrapartida, para compensar os efeitos concentradores do crescimento no Centro-Sul, foram estabelecidos incentivos fiscais para o Nordeste por meio da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) dirigida por CelsoFurtado. 5. Construção Civil A história da construção civil teve um importante marco no governo JK, especialmente no que tange a construção da infraestrutura do transporte, indústrias de base, e da nova capital (a transferência da capital da República para o Centro-Oeste, construção de Brasília). Esta foi autorizada pela aprovação da lei nº 2.874 sob a chefia da Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), criada pelo Governo Federal, cujo comando foi entregue ao engenheiro e deputado do PSD, Israel Pinheiro. Como relatado em “O Planejamento no Brasil – Observações Sobre o Plano de Metas (1956-1961)”, de Celso Lafer, os relatórios da Comissão Mista identificavam a construção de infraestrutura como ponto de germinação – o oposto do conceito de pontos de estrangulamento – o que provocaria o aumento da atividade produtiva. Isso justificou a construção de Brasília, que inicialmente não fazia parte do Plano de Metas, bem como os investimentos em transportes, que “assim se supunha, provocariam a integração e o desenvolvimento do hinterland”. Segundo o trabalho de Francielen Joaquim (2008), ao fomentar a construção civil, o governo estimulava o mercado interno. Eram estimuladas não apenas as indústrias de bens de consumo, consumidos pelos trabalhadores, mas principalmente as indústrias de base e de energia, que viabilizaram o processo de construção. A urbanização e construção de indústrias de base e de usinas, por sua vez, estimularam a construção da malha rodoviária, para o transporte de matérias-primas e o deslocamento de trabalhadores. Por fim, era estimulado o avanço da atividade agrícola para o interior, uma vez que o barateamento da cesta de alimentos dos trabalhadores necessitava a ocupação da fronteira agrícola. De acordo com Celso Lafer (1970), juntamente com o avanço da agricultura, veio a urbanização do interior, representada na construção de Brasília. Além disso, uma das medidas do Plano de Metas foi a instalação de uma Universidade Federal na capital de cada estado. Analisemos agora a obtenção das metas que envolviam esforços relativos à construção civil. Quanto ao esforço para a produção de energia, que incluía a instalação de novas usinas, as metas já haviam sido atingidas em 1961. A única meta relativa à energia que não havia sido atingida a essa altura era a produção de carvão mineral. Quanto ao setor de transportes, a meta da construção de ferrovias não foi atingida; no entanto, foram construídos 14.970 km de rodovias, 150% da meta inicial e 115% da meta revista, e pavimentados 6.202 km, 207% da meta inicial e 107% da revista. O governo aumentou em 100% a quilometragem de estradas federais pavimentadas. Quanto aos serviços portuários e de dragagens, os esforços incluíam obras portuárias e dragagem. Nenhum dos dois foi integralmente cumprido. “Estima-se que a porcentagem do realizado sobre o previsto tenha sido de 56,1%”. Quanto aos transportes aeroviários, a meta revista incluía a implantação de uma infraestrutura de voo adequada. Foram adicionados inclusive novos aeroportos, inclusive o de Brasília. Quanto à construção de armazéns e silos, de armazéns frigoríficos, e construção de matadouros industriais, a meta não foi atingida em nenhum dos casos: apenas 71% da meta revista da primeira, 17.8% da segunda, e 80% da terceira. Quanto ao setor de indústrias de base, foi atingida a meta da siderurgia em 1961, mas não a da produção de alumínio. Foram atingidas a expansão das indústrias de chumbo, estanho, níquel, e cobre, mas a expansão da do cobre não assegurava a autossuficiência. Quanto à meta síntese do período, Brasília, “a cidade foi construída num tempo do recorde” e estima-se que a construção custou entre 250 a 300 bilhões de cruzeiros a preços de 1961, isto é, 2,3% do PNB. A construção da nova capital consumiu, em média, 0,6% do PIB anual entre 1957 e 1962, e um total de (inserir). As despesas de pessoal em todas as áreas de atuação do programa desenvolvimentista, que incluíam a mão-de-obra, se elevaram a uma taxa anual de 8,1% ao longo do período. 6. Conclusão O Plano de Metas do governo de JK teve como objetivo o desenvolvimento de setores prioritários como: energia (elétrica e produção de petróleo), transportes (construção de rodovias), indústria de base e construção civil, além da criação de Brasília (meta síntese). Segundo Brito (2004) os resultados do Plano de Metas foram muito bons, “a economia brasileira cresceu a uma taxa média de 8,3% ao ano, jamais registrada em período tão longo” e o plano alcançou quase todas as metas que se propôs a alcançar, com razoável estabilidade de preços e com estabilidade política (regime democrático), sendo o último período em que essas características se fizeram presentes na economia brasileira. O governo de JK promoveu a geração de empregos por meio da instalação das multinacionais, concomitantemente ocorreu a consolidação de um capitalismo dependente do capital estrangeiro para a industrialização (indústria automobilística e naval), em paralelo a dívida externa em 1960 chegou à US$3,4 bilhões e o déficit do governo federal manteve-se em torno de um terço das receitas totais da União (GIAMBIAGI, 2011). A indústria ferroviária é deixada em segundo plano uma vez que a aposta foi na indústria automobilística. Ademais, é notório que foi um período marcado pelo alargamento das funções do Estado na economia. Bibliografia ABREU, Marcelo de Paiva. A Ordem do Progresso: dois séculos de política econômica no Brasil - 2ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. BRITO, Paulo. Economia Brasileira: Planos Econômicos e Políticas Econômicas Básicas. 2 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2004. GIAMBIAGI, Fábio [et al.] Economia brasileira contemporânea: 1945-2010 – Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. JOAQUIM, Francielen. Plano de Metas e as consequências na industrialização brasileira. 2008. Monografia (Ciências Econômicas), Centro Socioeconômico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008. LAFER, Celso. O planejamento no Brasil – observações sobre o plano de metas (1956- 1961). In: LAFER, Betty M. Planejamento no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1970. p. 29-50. LESSA, Carlos. 15 anos de Política Econômica. São Paulo: Brasiliense, 3a edição, 1982. PIERUCCI, Antônio Flávio de Oliveira et alli. História Geral da Civilização Brasileira. Direção: Boris Fausto. Tomo III, O Brasil Republicano, Vol. 11, Economia e Cultura (1930-1964). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. SUZIGAN, W., BONELLI, R., HORTA, M. H. T. T. & LAWDER, C. A., Crescimento Industrial no Brasil: Incentivos e Desempenho Recente, IPEA/INPES, Rio de Janeiro, 1974.
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