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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS Curso Geografia Licenciatura Professor: Claudio Belmonte de Athayde Bohrer Disciplina: Biogeografia Aluno: Talles Adriano dos Reis - Matrícula: 816003119 Quando o imperialismo verde encontra a resistência popular: o caso do Assentamento Agroflorestal José Lutzenberger No dia 21 de setembro de 2017 foi divulgado o resultado do “Prêmio Juliana Santilli Agrobiodiversidade”, promovido pelo Instituto Socioambiental, Associação Bem-Te-Vi Diversidade e Editora Mil Folhas do IEB, com o objetivo de premiar iniciativas que ampliem a conservação da biodiversidade no país. O prêmio principal1 foi para o Assentamento Agroflorestal José Lutzenberg, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que possui vinte famílias assentadas e está localizado em Antonina, Paraná. A premiação ampliou a visibilidade de uma experiência agroecológica que vem se desenvolvendo desde 2004, a partir da ocupação da Fazenda São Rafael, em Antonina, estado do Paraná. Figura 1. Localização do Assentamento José Lutzenberger (FACCO, 2015, p. 75). 1. A experiência Rede Sementes da Agroecologia (RESA), realizada pelo MST e outras organizações e movimentos, também foi reconhecida e recebeu o “Selo Juliana Santilli”. 1 A ocupação do MST no litoral paranaense teve grande repercussão estadual e também nacional. A possibilidade da instalação de um assentamento reforma agrária numa área de mata atlântica, cercado por diferentes tipos de unidades de conservação e dentro de uma Área de Proteção Ambiental, a APA de Guaraqueçaba, gerou fortes reações de setores agrários, políticos e de ongs ambientalistas. A superficialidade das manchetes alarmistas escondiam dois elementos fundamentais, primeiro que a iniciativa da ocupação partiu de famílias caiçaras residentes no município e, segundo, que estas foram impulsionadas a tomar essa decisão devido ao agravamento dos conflitos fundiários que ameaçavam a sua permanência na área e sua reprodução social. A questão fundiária no litoral paranaense é um problema histórico, muito antigo. Facco (2015, p. 74) analisa os conflitos fundiários que ocorriam em Antonina no início dos anos 2000. O conflito “fundiário” era entre a criação extensiva de búfalos por fazendeiros e a prática de agricultura familiar por famílias caiçaras. O outro conflito, que Facco denomina de ambiental, era entre a ong Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e essas famílias. Portanto, identificamos um conflito fundiário clássico, entre grandes proprietários e agricultores tradicionais, muitos posseiros, que se materializava na contradição entre projetos distintos de uso do território. O búfalo, criado por fazendeiros da região, é um animal muito forte, difícil de ser contido em áreas cercadas, era frequente a ocorrência de danos nas lavouras dos pequenos agricultores. Além do prejuízo material imediato da perda da produção, os búfalos também provocam danos ambientais, como a compactação do solo, alteração da rede de drenagem e a degradação dos sub-bosques florestais, interferindo na regeneração e crescimento das áreas florestais. Overbeek (2012, p. 03) relata que, na década de 1960, rebanhos de búfalos também foram utilizados como instrumento de violência, associados a jagunços, para a expulsão de famílias caiçaras de suas terras e consequente apropriação de seus territórios por latifundiários. O conflito “ambiental” tem como um de seus polos aglutinadores a ong SPVS, fundada no final de 1984, suas ações ganham visibilidade a partir do final da década de1990, quando começa a adquirir terras no litoral paranaense. Sua concepção de conservação é a preservacionista, de influência norte-americana. Essa supõe que conservação ambiental é incompatível com ocupação humana, logo é necessário retirar as populações que, por ventura, ocupem as áreas de interesse ecológico para garantir a 2 preservação ambiental. Outro exemplo dessa concepção é a utilização de espécies bandeiras, no caso o Papagaio-de-cara-roxa e o Mico-leão-da-cara-preta, como instrumentos mobilizadores e de marketing. Os seres humanos devem ser “educados” e “capacitados” a conviver com a natureza, como se portassem, naturalmente, um instinto predador. O foco no indivíduo, seja animal ou humano, não problematiza o todo das relações existentes e suas contradições, despreza elementos históricos, culturais e locais. O preservacionismo foi uma visão que se consolidou como um mito de uma natureza intocada (DIEGUES, 2008) e influenciou a política nacional de criação de unidades de conservação no país a partir da década de 1960. Numa região com histórico de problemas fundiários, a SPVS começa a adquirir terras. Overbeek destaca que com a chegada da SPVS e da Fundação Boticário2 constituiu um verdadeiro golpe para as comunidades. Foi a partir da privatização das áreas compradas por essas organizações que as comunidades do entorno começaram a perder o acesso à floresta abundante na região, a cachoeiras, manguezais e rios - ou seja, começaram a perder liberdade, autonomia, o direito de ir e vir e, sobretudo, de manter suas economias locais e exercer o seu modo de vida (Overbeek, 2012, p. 06). Aquilo que Facco denomina de conflitos “fundiários” e “ambientais” tratam-se, concretamente, de conflitos territoriais de uso da terra. Porto-Gonçalves, ao analisar os conflitos territoriais no campo, destaca que os conflitos são um processo violento em que se acirra a luta pela “apropriação das condições metabólicas de reprodução da vida […] Assim, aquilo que para uns é visto como condição necessária para a produção/reprodução da vida, para outros, essas mesmas condições são vistas como recursos, enfim, meios para a acumulação de capital” (PORTO-GONÇALVES et al., 2019, p. 120). Desta forma, os conflitos por água, por terra, por recursos diversos são todos conflitos territoriais. A análise do presente estudo de caso deve realizar a articulação entre a luta local, no território da comunidade do Rio Pequeno, na qual se organizaram as famílias caiçaras para ocuparem a Fazenda São Rafael, e o processo geral de reprodução do capital, em seu movimento de acumulação. A compreensão real de fenômenos singulares exigem a mediação com o particular e o geral, pois não carregam consigo suas próprias respostas. A análise da totalidade visa justamente superar o que está na aparência dos fenômenos, questionar o senso comum, articular o local com o universal dos processos. Refletir sobre as contradições, desvelar o conteúdo, a essência dos problemas. 2. A Fundação O Boticário é a proprietária da Reserva Natural Salto Morato, com 2.253 ha, localizada em Guaraqueçaba. Sua instalação também provocou conflitos territoriais que não serão analisados neste artigo. Diferentemente da SPVS, ela optou por não averbá-la como RPPN. 3 Em relação ao método de pesquisa, Netto (2011) destaca que a distinção entre aparência e essência é primordial; com efeito, ‘toda ciência seria supérflua se a forma de manifestação [a aparência] e a essência das coisas coincidissem imediatamente’ (MARX, 1974b, p. 939); mais ainda: ‘As verdades científicas serão sempre paradoxais se julgadas pela experiência de todos os dias, a qual somente capta a aparência enganadora das coisas’ (Marx, 1982, p. 158) . Por isso mesmo, para Marx, não cabe ao cientista ‘olhar’, ‘mirar’ o seu objeto - o ‘olhar’ é muito próprio dos pós-modernos, cuja epistemologia ‘suspeita da distinção entre aparência e realidade’”. (NETTO, 2011, p. 22) A SPVS possui nos municípios de Antonina e Guaraqueçaba, no mínimo, 18.600 hectares, segundo Facco (2015, p. 76) e Overbeek (2012, p. 03). Essas terras começaram a ser adquiridasno final da década de 1990, através de um aporte de 18 milhões de dólares realizados, via The Nature Conservation (TNC), pelas empresas transnacionais General Motors, a American Eletric Power e Chevron. Esse processo, realizado antes da criação dos protocolos de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), leva Overbeek (2012, p. 03) a concluir que essa transação foi um dos primeiros projetos de carbono em áreas de floresta do mundo. Qual o interesse dessas grandes empresas adquirirem terras de floresta na área mais conservada de Mata Atlântica do Brasil e uma das regiões com maior biodiversidade no mundo? Ao analisar o capitalismo no nascente século XX, Lenin (2012) descreveu cinco características do desenvolvimento capitalista que o configuravam o Imperialismo: 1) a formação de monopólios devido à concentração da produção e do capital; 2) a fusão do capital bancário com o industrial, criando o nascente capital financeiro e sua oligarquia financeira; 3) a exportação de capitais num movimento crescente, em substituição à exportação de mercadorias; 4) a formação de associações internacionais monopolistas que partilham o mundo entre si; e 5) divisão territorial do mundo entre as principais potências capitalistas do mundo (LENIN, 2012, p. 124). O mundo de hoje é bem diferente de quando Lenin escreveu essas linhas, mas a realidade existente no litoral do Paraná carrega traços desse imperialismo do capital. De certa forma vemos uma “partilha do mundo”, a exportação de capitais, a ação monopolista de grandes empresas mediadas por ongs ambientalistas, a apropriação do território, do bem comum, com fins privados e potencializadores do lucro das grandes empresas. Uma ação do capital travestida de ecológica e sustentável, que esconde seu verdadeiro e íntimo interesse pelo lucro, um verdadeiro Imperialismo Verde3. 3. Overbeek (2012) denomina de “Economia Verde”, que consideramos insuficiente para caracterizar corretamente o fenômeno pois não contempla sua dimensão política e ideológica. 4 Da área total adquirida pela SPVS, 11.441,71 ha foram transformados em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Das sete RPPN´s, quatro estão localizadas em Antonina, ocupam 7,4% da área do município; e três em Guaraqueçaba, demais informações são apresentadas na tabela abaixo. Tabela 1. RPPN´s de propriedade da SPVS (IAP, 2020). Durante essas aquisições, comunidades tradicionais foram sendo isoladas e suas práticas de uso dos recursos florestais limitadas e reprimidas. Com o pretexto de preservar a natureza práticas tradicionais dos povos caiçaras foram proibidas e criminalizadas. Overbeek (2012) coletou vários relatos de perseguição realizados pela Polícia Ambiental juntamente com a segurança privada da SPVS e Fundação O Boticário. Na região sempre atuava a polícia ambiental, mas, conforme afirmam as pessoas das comunidades vizinhas das áreas da SPVS e Fundação Boticário, nunca perseguiam a comunidade como tem acontecido depois da chegada dessas entidades. Quase todas as famílias na região têm histórias para contar sobre os abusos da policia ambiental, no Paraná hoje em dia chamada de Força Verde que, de forma articulada com as ONGs citadas, têm amedrontado as famílias (OVERBEEK, 2012, p. 06). As instituições públicas locais foram incapazes de impedir essa marcha de violência das ongs ambientalistas contras as famílias de agricultores da comunidade Rio Pequeno, em Antonina, que resolveram procurar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em busca de auxílio. A partir desse pedido, o MST passa a contribuir com a luta dessas famílias, oferecendo suporte jurídico e formativo, no campo dos direitos sociais. Luzinete, num depoimento, relata a importância da ação do MST, pois a partir daí “começou a entender os nossos direitos, o direito de ir e vir, de ter os nossos pertences, o sentimento da pertença, a gente só começou a entender isso com o Movimento dos Sem Terra” (AGROFLORESTA É MAIS, 2018). Sentindo-se mais seguras e empoderas, as famílias ocupam a Fazenda São Rafael em abril de 2004. A ocupação gera grande repercussão e a SPVS emite um relatório em que afirma: Inúmeros dados, de ordem técnica, econômica e histórica, mostram que isso (novos assentamentos rurais) é inviável. Admitir mais assentamentos 5 Denominação Município Área (ha) 2003 46/03 RPPN Reserva Natural Morro da Mina Antonina 1.336,19 2004 184/04 Antonina 508,20 2007 159/07 Antonina 4.292,88 2011 58/11 Antonina 400,27 Total Antonina 6.537,54 2007 157/07 RPPN Reserva Natural Serra do Itaqui Guaraqueçaba 3.526,87 2007 160/07 RPPN Reserva Natural Serra do Itaqui 1 Guaraqueçaba 392,37 2011 59/11 RPPN Reserva Natural Serra do Itaqui II Guaraqueçaba 984,93 Total Guaraqueçaba 4.904,17 TOTAL GERAL 11.441,71 Ano de Criação Portaria IAP/GP RPPN Reserva Natural Águas Belas RPPN Reserva Natural Rio Cachoeira RPPN Reserva Natural Fazenda Santa Maria na APA de Guaraqueçaba representaria a abertura de um perigoso precedente, com sérias conseqüências ambientais e socioeconômicas. Além disso, as famílias eventualmente assentadas estariam condenadas a uma experiência com chances de sucesso muito reduzidas, uma vez que a região tem baixa aptidão para a atividade agrícola. […] (PÁDUA, 2006, grifo nosso). Pádua, além de citar o relatório da SPVS, refuta a possibilidade de sucesso de um assentamento sustentável, de base agroecológica e que contribua para a conservação e ampliação da diversidade local, para ela Tal possibilidade embute riscos muito sérios, não apenas para o meio ambiente, mas também para a sustentabilidade das comunidades locais e das famílias que eventualmente vierem a ser assentadas na região. Obviamente as autoridades que favorecem esta ocupação das propriedades da região da APA de Guaraqueçaba esquecem o que os relatórios indicam: “….. os solos são rasos e de baixa fertilidade e, portanto, não se prestam à atividade agrícola convencional. Condições precárias de acesso e restrições ambientais estabelecidas em lei completam o quadro desfavorável a esse tipo de atividade. […] A chegada de novas famílias agravaria o quadro de pobreza”. Os relatórios continuam indicando que “atividades capazes de aliar interesses econômicos e ecológicos – como o cultivo do palmito Jussara – precisam de no mínimo uma década para se estabelecerem. São, portanto, incompatíveis com a necessidade de curto prazo dos sem-terra e que sem alternativa de subsistência, muitas famílias da APA de Guaraqueçaba já vivem da exploração descontrolada dos recursos naturais, por meio de caça, pesca e extração ilegal de palmito, pressionando seriamente a biodiversidade. Assentamentos na região certamente agravariam o quadro, com graves conseqüências para essa unidade de conservação (PÁDUA, 2006, grifo nosso). Outro equívoco propagado por Pádua foi argumentar que a instalação de assentamos de reforma agrária significaria a chegada de novas famílias à região, famílias de fora que ameaçariam o sistema ecológico existente. Desconhece assim a complexa situação fundiária do litoral paranaense e, em particular, das famílias tradicionais de Antonina, localizadas no entorno do Rio Pequeno e que sofriam com a ação dos fazendeiros pecuaristas criadores de búfalo e com a pressão da SPVS, exercida economicamente e também por sua guarda privada. O processo de luta pelo território, com suas idas e vindas, opôs grupos sociais que se posicionavam contra e a favor da criação do assentamento. O Conselho Gestor da APA de Guaraqueçaba também foi pressionado e, numa votação importante para o processo, se posicionou contra o início do processo da licença de instalação (ALMEIDA, 2007). Os limites do presente trabalho não nos permite abordaro processo de recuperação ecológica desenvolvido pelas famílias com a consolidação da ocupação. Em Rossito (2020) encontramos uma análise que aborda a implantação das experiências agroecológicas e agroflorestais, explica como as famílias foram superando diversos 6 limites herdados do latifúndio, como a infestação da brachiaria, o solo compactado, a baixa cobertura vegetal e a erosão oriunda da retificação4 do Rio Pequeno. Os jovens do assentamento realizaram cursos técnicos de agroecologia, na Escola Latinoamericana de Agroecologia (ELAA), localizada no Assentamento Contestado, no município da Lapa, Paraná. Paralelo à implantação da agroecologia foram se desenvolvendo iniciativas de comercialização da produção, diretamente para a população do município mas também a nível regional, através da comercialização institucional via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Esses programas, fundamentais para geração de renda das famílias de pequenos agricultores, foram duramente reduzidos e prejudicados após o golpe de 2016. Mais informações sobre a evolução da produção agroecológica e o manejo das agroflorestas, com volumes e quantitativos, encontramos em Relatório (2020). O documentário “Agrofloresta é mais”, dirigido por Beto Novaes e produzido pela Fiocruz, também apresenta as experiências desenvolvidas no José Lutzenberger. Dezesseis anos depois, o Prêmio Juliana Santilli reconheceu esse processo de produção agroecológica baseado na agrofloresta e articulado com a recuperação ecológica da área do assentamento. Estudo da Universidade Federal do Paraná (ANÁLISE, 2020), através de ferramentas de Sistema de Informações Geográficas (SIG), utilizando-se do Software ArcGis 10.5 para criação das bases de dados (shape/raster), comprovou a recuperação do componente florestal na área de abrangência do assentamento. 2.1. Dinâmica da área com o latifúndio 2.2. Dinâmica da área com o assentamento Figura 2.1. e 2.2. Dinâmica da área comparando o período em que estava sob domínio do latifúndio, com uso da pecuária bubalina (2.1) com o período do Assentamento José Lutzenberger (2.2). 4. As consequências ambientais da retificação do Rio Pequeno, que eliminou os meandros de seu curso natural, é um dos pontos divergentes entre o IAP e o INCRA, conforme Harder e Freitas (2010). 7 Esse estudo indica que com as práticas das famílias assentadas a área ocupada com brachiaria reduziu de 45,4 ha. para 21,4 ha. e a tendência, até então dominante, de redução de florestas e aumento de área para pecuária inverte-se (ANÁLISE, 2020, p. 05). Além da recuperação ecológica e da produção de alimentos saudáveis, sem o uso de veneno, o assentamento tornou-se uma referência de valorização da cultura caiçara e suas manifestações artísticas, como o fandango, conforme atestado em laudo antropológico (DOMINGUES; COLEHO, 2020). Em novembro de 2019 realizou-se a “Festa da Reforma Agrária: celebrando a cultura caiçara e camponesa”. No Anexo apresentamos imagens do Google Earth de 2002 e de 2020, nas quais também é visível o incremento florestal fruto da prática agroflorestal desenvolvida pelas famílias que vivem no José Lutzenberger. Até o momento o assentamento ainda não foi oficialmente criado e as famílias encontram-se numa situação irregular, o que não lhes permite acessar os créditos e apoios previstos no Programa de Reforma Agrária, como o fomento produtivo, o apoio a construção de residência, o crédito de investimento, entre outros. Caso o assentamento já estivesse oficialmente implantado, o processo de restauração ecológica estaria ainda mais avançado. A burocracia e inoperância do Estado tem sido uma aliada importante do Imperialismo Verde contra um projeto popular e autêntico, fincado em raízes caiçaras, no coração da mata atlântica paranaense. Contra o Imperialismo Verde aqueles que teimam em existir; que constroem com calma, mas continuadamente, seu projeto de vida; que são resilientes porque sabem que a vida é dura; que marcham passo a passo com a tranquilidade de quem, com a cabeça erguida, mira o horizonte. Bibliografia AGROECOLOGIA É MAIS. Documentário. Direção Beto Novaes. 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HN_E0kJj_eo>. Acesso em: 10 ago. 2020. ALMEIDA, Francieli Lisboa de. Sem terra na Mata Atlântica: a etnografia de um conflito socioambiental. Curitiba: Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Sociais da UFPR, 2007. ANÁLISE Assentamento José Lutzenberger. UFPR. 2020. (em finalização). Mimeo. DIEGUES, Antonio Carlos Sant‟Ana. O mito moderno da natureza intocada. 6. ed. ampl. São Paulo: Hucotec: Nupaub-USP/CEC, 2008. 8 DOMINGUES, Mestre Aorélio; COELHO, Karina da Silva. Laudo cultural sobre o território caiçara em defesa da regularização das terras do Acampamento José Lutzemberg, Antonina, Paraná, 2020. mimeo FACCO, Vinicius Antonio Banzato. Alternativas aos impérios agroalimentares a partir do campesinato agroecológico: as experiências do acampamento agroflorestal José Lutzenberger (MST-Antonina/PR). Revista NERA, Presidente Prudente, Ano 18, nº. 29, pág. 70-100, jul-dez. 2015. HARDER, Eduardo; FREITAS, Ana Elisa de Castro. A velada dimensão ambiental da função social da propriedade: rotinas administrativas e práticas coloniais no contexto do Estado brasileiro. In: SONDA, Claudia; TRAUCZYNSKI, Silvia Cristina (Org.). Reforma agrária e meio ambiente: teoria e prática no Estado do Paraná. ITCG: 2010, p. 159-178. IAP (INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ). Listagem de RPPN´s estaduais. 2020. Disponível em: <http://www.iap.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php? conteudo=1260>. Acesso em: 09 ago. 2020. IAP (INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ). Pagamento por serviços ambientais. 2020a. Disponível em: <http://www.iap.pr.gov.br/pagina-1514.html>. Acesso em: 09 ago. 2020. LENIN, Vladimir Ilitch. Imperialismo, estágio superior do capitalismo: ensaio popular. São Paulo: Expressão Popular, 2012. NETTO, José Paulo. Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo: Expressão Popular, 2011. OVERBEEK, Winfridus. Economia Verde no Brasil: a privatização da Mata Atlântica Projetos de REDD e áreas protegidas, e seus impactos sobre mulheres e homens em comunidades tradicionais no litoral do Paraná. 2012. Disponível em: <https://wrm.org.uy/pt/files/2012/11/Economia_Verde_no_Brasil_a_privatizacao_da_Mata_ Atlantica.pdf>. Acessado em: 08 ago. 2020. PÁDUA, Maria Tereza. O fim da APA de Guaraqueçaba? 2006. Disponível em: <https://www.oeco.org.br/colunas/maria-tereza-jorge-padua/16284-oeco-18681/>. Acesso em: 09 ago. 2020. PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter et al. Terra em transe: geografia da expropriação e da r-existência no campo brasileiro 2018. In: COMISSÃO PASTORAL DA TERRA. Conflitos no Campo Brasil 2018. Goiânia: CPT Nacional, 2019. PRÊMIO Juliana Santilli Agrobiodiversidade. Disponível em: <http://www.juliana- santilli.org/>. Acesso em: 09 ago. 2020. RELATÓRIO socioambiental e econômico Comunidade Agroflorestal José Lutzenberger Antonina – Paraná. UFPR. 2020. (em finalização). Mimeo. ROSSITO, Flavia Donini Cooperação agroecológica, natureza e gente. 2020. 164 f. Tese (Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2020. 9 Anexo. Comparativo da área antes e depois da ocupação e constituição do Assentamento José Lutzenberger (Antonina, PR). Ago/2002: Área sobre o domínio do latifúndio, única atividade é a criação de búfalos (Google Earth). Jul/2020: Área sobre o domínio das famílias do Assentamento José Lutzenberger, atividades de agrofloresta, produção de hortaliças e criação pequenos animais pela matriz agroecológica (Google Earth).