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Paper - Competência tributária

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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
Mateus Agliardi
Prof. Lauro Feller
O autor Eduardo Sabbag trata que a “competência tributária é a habilidade privativa e constitucionalmente atribuída ao ente político para que este, com base na lei – e imprescritivelmente –, proceda à instituição da exação tributária. Com efeito, esse exercício pode ocorrer a qualquer tempo, o que dota a competência tributária de imprescritibilidade.” 
No mesmo sentido, o autor Luciano Amaro explica que a competência tributária é a “aptidão para criar tributos. (...) O poder de criar tributo é repartido entre os vários entes políticos, de modo que cada um tem competência para impor prestações tributárias, dentro da esfera que lhe é assinalada pela Constituição.” 
Assim, é possível compreender que o conceito de competência tributária se resume no poder conferido ao ente político de criar tributo, sendo que tal competência é distribuída para cada ente, conforme preconiza a Constituição Federal. 
Importante trazer as características da competência tributária, sendo elas indelegável, intransmissível, inalterável, irrenunciável (indisponibilidade do interesse público), incaducável (permanente, podendo ser exercida a qualquer tempo) e, por fim, exercício facultativo (art.11, LC 101/2000).
Ainda, vale ressaltar que o art. 6º, CTN, trata sobre a competência legislativa plena, podendo ser competência concorrente para legislar sobre normas gerais e competência suplementar para fixar normas gerais, não concorrentes e normas de interesse local. 
Na competência concorrente para legislar sobre normas gerais, cabe a União que tem competência para legislar sobre normas gerais e aos Estados e Distrito Federal, que tem competência para suplementar as normas gerais da União. 
Caso inexista Lei Federal que contenha normas gerais, os Estados e o DF exercerão a competência legislativa plena para editar normas gerais que lhes obrigarão em caráter exclusivo (art. 24, §3º, CF), ou seja, a competência da União para legislar sobre normas gerais, não exclui a competência suplementar dos Estados (art. 24, §2º, CF). 
Por sua vez, na competência suplementar para fixar normas gerais não concorrentes e normas de interesse local, quem tem poder são os Municípios (art. 30, I e II, CF). Porém, destaca-se que todos os entes tributantes devem observar as normas gerais de direito tributário, devidamente previstas em leis complementares, conforme art. 146, III, CF. 
O art. 7º do CTN dispõe sobre a capacidade ativa tributária que possui natureza administrativa de fiscalização, arrecadação dos tributos e atos de execução da lei. A competência tributária e a capacidade ativa tributária são coisas totalmente diferentes. A capacidade ativa tributária é delegável a outra pessoa jurídica de direito público, o que não implica na delegação da competência tributária, uma vez que é indelegável, conforme art. 7º, §3º, CTN. 
Outra característica da capacidade tributária é que pode ser revogável, nos termos do art. 7º, §2º, CTN, que prevê que a atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. 
Feita tais considerações, impõe trazer a classificação das competências tributárias. A primeira, competência privativa, conforme leciona Eduardo Sabbag, “é o poder legiferante das entidades tributantes (União, Estados, Municípios e DF), quanto à criação de tributos que lhes são genuína e exclusivamente peculiares.” A Constituição Federal apresenta o rol dos tributos relativos a cada ente tributante. Nesse sentido, os sujeitos ativos são a União, Estados/DF e Municípios/DF.
A segunda competência é a comum, a qual o autor Ricardo Lobo Torres diz que é aquela que é “atribuída a cada ente político para impor os mesmos tributos, guardado, entretanto, o vínculo entre o tributo e o serviço prestado ou a atividade exercida. ” Os sujeitos ativos também são a União, Estados, DF e Municípios. O objeto são tributos contraprestacionais, que são vinculados ao serviço prestado ou à atividade exercida. As espécies de tributos são as taxas, contribuição de melhorias e contribuições previdenciárias dos servidores públicos. 
A terceira competência denomina-se cumulativa/múltipla. Os sujeitos ativos são União, em que instituirá tributos nos territórios federais, nos termos do art. 147,CF. Os territórios federais poderão ser divididos em municípios ou não, se sim, instituirá impostos federais e estaduais, pois havendo divisão em municípios, será destes a competência tributária para instituir impostos municipais. Não havendo divisão, a União instituirá impostos federais, estaduais e municipais. Outro sujeito ativo é o Distrito Federal, o qual não pode ser dividido em municípios (art. 32, CF), possuindo competência tributária cumulativa para instituir tributos estaduais e municipais (IPTU, ISS, ITBI, ICMS, IPVA, ITCMD). 
A quarta competência é a especial, sendo que o poder de instituir empréstimo compulsório (art. 148, CF) é da União. Já as contribuições especiais: no âmbito federal (art. 149, caput, CF) contribuições profissionais ou corporativas; contribuições interventivas ou CIDEs e contribuições social-previdenciárias. No âmbito estadual/DF/municipal poderá instituir contribuições sociais dos servidores públicos dos estados, do DF e dos municípios. Por fim, no âmbito municipal poderá instituir contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (CIP ou COSIP). 
A quinta competência chama-se de residual/remanescente, esta atribuída à União, que tem o poder de instituir tributo diverso dos já existentes por meio de lei complementar, observando limitações. As espécies de tributos que poderão ser instituídos são: A) Impostos (art. 154, I, CF), sendo as limitações o respeito ao princípio da não cumulatividade e vedação da coincidência entre o seu fato gerador ou a sua base de cálculo com o fato gerador ou a base de cálculo de outros impostos previstos na CF. B) Contribuições para a seguridade social (art. 195, § 4º, CF) que possui as limitações respeito ao princípio da não cumulatividade e vedação da coincidência entre o seu fato gerador ou a sua base de cálculo com o fato gerador ou a base de cálculo de outros impostos previstos na CF (STF, RE 242.615/BA). 
A sexta e última competência é a extraordinária, prevista no art. 154, II, CF c/c art. 76, CTN. Tal competência é atribuída à União, que tem o poder de instituir o imposto extraordinário de guerra (IEG), por meio de lei ordinária, sendo possível a instituição por meio de medida provisória. O IEG tem exigência imediata, exceção às anterioridades anual e nonagesimal, e caráter transitório.

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