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Resenha: Robespierre, Discursos e Relatórios da Convenção (capítulos V, VI, VII e IX); Ícone da Revolução Francesa e advogado Maximilien de Robespierre (1758 - 1794), foi aquele cuja obra Discursos e Relatórios da Convenção se fez razão de ser. A coleção de discursos trás para a obra um conjunto de temas relativos à política - e mais exatamente à jurisdição. Durante os capítulos os quais essa resenha diz respeito, Robespierre propõe uma série de artigos como uma maneira de fazer uma espécie de reforma nas propostas daquela atualidade. O contexto do capítulo V se encontra na queda da realeza e da necessidade de ser escrita uma nova Constituição, onde os jacobinos defendiam a ideia de uma Declaração dos Direitos e Robespierre discorre sobre as ideias de propriedade, impostos e a fraternidade dos povos. Diante da proposta da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, o próprio autor do discurso enuncia sua importância para a formulação da teoria sobre a propriedade. Reconhecendo o medo daqueles que possuem muitas riquezas diante de uma “reforma agrária”, alegava que apesar de a má distribuição de riquezas era fruto de diversos males, mas também que a igualdade de riquezas entre todos não passava de uma utopia, tratando-se muitos mais de tornar a pobreza um título de honra. Desse modo, o autor faz a proposta de que se estabeleça os princípios do direito à propriedade. A exemplo disso, Robespierre ignora a ideia de que a propriedade possa ser um conjunto de bens adquiridos sob qualquer custo, tendo em vista que não constitui caráter moral sobre justiça ou injustiça. Tendo ouvido que a liberdade, sendo o primeiro e inviolável direito dos homens, e que os direitos de outro homem seriam aqueles que limitariam essa mesma liberdade, questiona o porquê de não se colocar esse mesmo princípio para a propriedade, de modo que, multiplicando os artigos para o maior exercício da propriedade, não se determina o caráter legítimo de tal exercício, tornando a declaração, não feita para os homens, mas feita para aqueles que possuem condições de melhor praticar este exercício: os ricos, monopolizadores, agiotas e tiranos. A partir disso, Robespierre descreve os primeiros artigos como forma de consertar esses vícios: cada homem possui direito à uma porção de bens garantidas por lei; limita-se os direitos à propriedade para que se respeite os direitos do outro; um homem não pode prejudicar a segurança, a liberdade ou a propriedade de outro; tudo o que viole o que foi descrito anteriormente é considerado imoral. Diante da ideia de que o imposto só pode emanar da vontade do povo ou de seus representantes, Robespierre traz à lembrança uma disposição de interesse da humanidade: o imposto progressivo. Esse imposto se trata daquele que impõe ao cidadão a obrigação de contribuir para os gastos públicos segundo a medida de suas riquezas, ou seja, das vantagens que tiram do restante da sociedade. Propõe-se o seguinte: todo cidadão que exceda de riquezas daquilo que é necessário à sobrevivência deve contribuir com os gastos públicos segundo a dimensão de suas riquezas. Após isso, sobre a relação de fraternidade entre os homens, o autor coloca que esse tipo de relação contribui para a união de ambos os homens e de todas as nações, bem como os seus direitos à uma assistência recíproca. Como modo de garantir esse espaço de falta de fraternidade, o autor propõe que: os homens de todos os países são irmãos e que os diferentes povos têm o dever de se ajudarem reciprocamente; aquele que escolhe oprimir uma nação se torna inimiga de todas, no geral; devem ser perseguidos todos aqueles que fazem guerras contra um povo de modo a deter o progresso da liberdade, sendo tratados como bandidos e assassinos; reis, aristocratas e tiranos passam a ser escravos revoltados contra o soberano da Terra: o gênero humano, e seu legislador: a natureza. Sabendo Robespierre do pensamento dos governantes e representantes de povo de que - unidos em Convenção Nacional - apenas a desobediência e o esquecimento das leis seriam capazes de gerar atitudes criminais contra a moral da sociedade, diz que resolveram se pronunciar de forma que todos os cidadãos pudessem comparar seus atos com o objetivo de qualquer instituição social para que pudessem estar sempre próximos e cientes das bases de sua liberdade e outros direitos. Sobre isso, Robespierre propõe que, consequentemente, a Convenção Nacional proclama sobre os maus legisladores a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, cujos ditos são: • cada associação política tem como objetivo a manutenção dos direitos naturais e essenciais do homem; • os direitos principais do homem são o de conservar sua existência e sua liberdade; tais direitos pertencem igualmente a todos os homens independentemente de suas diferenças físicas e intelectuais; a liberdade é o poder que os homens possuem de exercer da forma que quiserem as suas faculdades - tendo como regra a justiça e seus limites são os direitos de outro homem; • possuem o direito de se reunirem de maneira pacífica, manifestar suas opiniões por qualquer meio; • a propriedade é o direito que cada cidadão possui para usufruir e também de dispor do montante de bens que lhes são garantidos pela lei; • o direito de propriedade é limitado, assim como os outros, pelos direitos de outro homem; não se deve prejudicar a segurança, a liberdade ou a existência de qualquer outro; tudo o que puder violar isso é considerado imoral; • a sociedade tem a obrigação de promover os meios de sobrevivência dos seus semelhantes; • todo o auxílio dado àquele que precisou constitui uma dívida na qual cabe à lei determinar como essa dívida será quitada; • os cidadãos cujas riquezas não excedem o necessário estão dispensados da contribuição para com os gastos públicos, enquanto os restantes deverão contribuir de maneira progressiva às suas riquezas; • a sociedade tem o dever de colocar a instrução ao alcance dos cidadãos; • o povo é o soberano; • a lei constitui expressão livre da vontade do povo; • a lei é igual para todos os homens; • a lei só proíbe aquilo que prejudica a sociedade; • toda a lei que prejudique seus cidadãos é considerada imoral e injusta, ou seja, não é uma lei; • em todo Estado livre a lei deve garantir aquilo que é essencial à liberdade dos cidadãos; • o poder do povo não pode ser reagrupado para uma parcela da sociedade; • todos os cidadãos são admissíveis a qualquer atividade pública sem qualquer distinção que não a de seus caracteres físicos e pessoais; • todos os cidadãos possuem igual direito de participação na escolha do governante; os cidadãos devem remunerar os governantes de modo que não os comprometa; todos os cidadãos devem obedecer aos governantes; • todo o ato contra a liberdade vindo de quem quer que seja, mesmo que em nome da lei constitui injustiça; • o direito de apresentar petições às autoridades autoridade pública pertence a cada indivíduo; • a resistência aos atos de opressão é consequência dos outros direitos do homem; • há opressão social quando qualquer um dos membros de seu corpo é oprimido assim como quando um dos seus membros é oprimido, está oprimindo todo o corpo social; • quando o governo viola dos direitos do povo, trata-se de um crime aos direitos essenciais deste; • quando falta a um cidadão a garantia social de seus direitos, este se volta ao estado natural de defender a ele mesmo e todos os seus direitos; colocar como lei a resistência à opressão constitui uma forma de tirania; • as formas públicas não devem ser consideradas como recompensas ou como algo diferenciado, mas como deveres; • os delitos provocados pelos governantes devem ser severamente punidos; o povo possui direito de conhecer cada um dos procedimentos tomados pelos seus governantes;• os homens de todos os países são irmãos, assim como os de diferentes povos; • aquele que oprime uma nação se torna inimigo de todas; • aqueles que guerreiam contra o povo são considerados assassinos e rebeldes; os reis, tiranos e aristocratas são revoltados contra a soberania do povo e contra as leis da natureza. O capítulo VI aborda o tema da nova Constituição, cuja forma obteve participação de Robespierre. Ressalta primeiramente a importância de se fazer um governo justo porque até então a faculdade de governar se tratava de escravizar os povos e instituir benefícios às minorias em detrimento da maioria. O duplo problema de um governo seria, segundo o autor, dar ao governo força suficiente para que tanto os cidadãos quanto ele mesmo, pudessem respeitar as leis e aos seus semelhantes. Ainda o diz: os males de uma sociedade não vêm do povo, mas sim do governo, isso porque o interesse do governo é privado, enquanto o do povo é público, e para que ambos sejam bons é necessário que ambos possam desejar direitos iguais. O problema está na razão de os governos, feitos para fazerem a vontade geral, se prendem à vontade individual. Como forma de acabar com esse problema, Robespierre sugere que a Constituição deva proteger e garantir os direitos públicos e privados dos indivíduos, sendo assim o seu primeiro objetivo. Esquecendo-se disso foi que os governantes, segundo o autor, se voltaram à evitar o povo e muito do que lhe diz respeito, escravizando a razão dos homens, de modo que não pudessem se revoltar contra o regime, corrompendo seus costumes. Tais governos se ocuparam em evitar a vontade geral e ainda assim proclamar a soberania do povo. A melhor forma de combater esses vícios, é, primeiramente, moderar o poder dos magistrados. Primeiramente, estabelecendo que a duração de seus mandatos deve ser curta; ninguém pode exercer várias magistraturas ao mesmo tempo; mais vale que o poder seja dividido do que ele seja preso nas mãos de uma minoria; poder legislativo e executivo são separados; que os setores da ação executiva devem ser diferenciados, cada um estando sob os cuidados de alguém diferente. É necessário que os magistrados não possuam poder e influência exacerbados e não exerçam senão aquilo que lhes é objetivo; que as assembleias do povo não tenham participação destes; confiar o tesouro público àqueles que não possuam qualquer autoridade do tipo; deixar os departamentos sob o controle do povo; não contribuir de forma exagerada aos governantes sob qualquer pretexto. Diante disso, Robespierre retoma à ideia de que a lei só deve proibir aquilo que prejudica à sociedade, ressaltando a importância de se limitar o poder dos governos e respeitar as liberdades dos outros de forma também que todos estejam sujeitos ao cumprimento das leis. Em resumo, Robespierre propõe que a força pública, essencial ao governo, possa ser executada tal qual o funcionamento do corpo humano.
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