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Patofisiologia e Dietoterapia nas Doenças Pancreáticas Professora Daniela Corrêa Ferreira Pâncreas A função pancreática adequada é fundamental para digestão de nutrientes e para o sistema imunológico. As secreções endógenas e exógenas da glândula regulam o metabolismo dos carboidratos, a homeostasia, a absorção de cálcio e a modulação do crescimento intestinal. O comprometimento do pâncreas pode levar à desnutrição. Funções do pâncreas • Exócrina Bicarbonato e enzimas pancreáticas • Endócrina Insulina, glucagon, somatostatina, polipeptídeo pancreático Secreções das Enzimas digestivas pancreáticas • Contém enzimas para digerir todos o três tipos de alimentos: PTN, CHO e gorduras, • Contém grande quantidade de íons de bicarbonato – atua na neutralização do quimo ácido que passa do estômago para o duodeno, Regulação da Secreção Pancreática Enzimas produzidas • PTN – tripsina, quimiotripsina e carboxipolipeptidase, • CHO – amilase pancreática, • Gorduras – lipase pancreática, esterase de colesterol e a fosfolipase. Quando sintetizadas nas células pancreáticas, as enzimas proteolíticas acham-se nas formas inativas: tripsinogênio, quimiotripsinogênio e procarboxipolipetidades (zigmogênios). Inibidor da Tripsina • É importante que as enzimas proteolíticas do suco pancreático não sejam ativadas antes de serem secretadas no intestino, pois as enzimas digeririam o próprio pâncreas, • Tripsina (ativada pela enteroquinase) que ativas as demais enzimas, • Inibibor da tripsina (produzido pelas células acinares), • Quando pâncreas sofre lesão ou o ducto é bloqueado grande quantidade de secreção pancreática se acumula. Pancreatite • Pode ocorrer ingestão insuficiente de alimentos devido à dor abdominal, anorexia náuseas, vômitos é má absorção. • Verifica-se o desenvolvimento de insuficiência pancreática, enzimática e hormonal. • Presença de hipermetabolismo imposto pela presença de pancreatite aguda e suas complicações. Características fisiológicas do desenvolvimento da pancreatite aguda Eventos celulares que desencadeiam a pancreatite Insuficiência Pancreática Exócrina – determina queda na produção de enzimas e bicarbonato. Redução das proteases, a clivagem da ligação da vitamina B12 às proteínas torna-se difícil. A absorção dos lipídeos pode estar prejudicada o que pode somar-se as carências nutricionais do alcoolismo (deficiências de vitaminas, proteínas, Mg, zinco, cálcio e fósforo). Indicação de suporte nutricional O suporte de nutricional enteral ou parenteral está claramente indicado com o objetivo de reverter o quadro de desnutrição e restabelecer a homeostasia hidroeletrolítica. Pancreatite Aguda • É uma doença grave, • O principal evento é a ativação das enzimas pancreáticas (in situ) → autodigestão, • As causas são variadas: ingestão de álcool, doença do trato biliar, hipertrigliceridemia, traumas abdominais, pós-operatório de cirurgias abdominais, virais e medicamentos (corticóides). Classificação da Gravidade da Pancreatite • Dois critérios Apache II - https://www.msdmanuals.com/medical- calculators/ApacheScore-pt.htm Ranson Pancreatite aguda leve – até 2 critérios Pancreatite aguda grave – até 6 Pancreatite aguda gravíssima > 6 • Controverso, • A oferta de nutrientes por via ORAL e ENTERAL poderia ser nociva, Estimular resposta secretória exócrina ↓ Autodigestão Tratamento Dietoterápico da Pancreatite Aguda Exames bioquímicos • Amilase sérica > 1000UI • Lípase sérica – aumenta mais tardiamente que a amilase sérica • Outros exames: desidrogenase láctica, cálcio sérico, glicemia, gasometria e creatinina são interessantes para caracterizar a gravidade • Exames novos: Proteína C reativa e IL-6 Tratamento • Jejum nos primeiros dias • Aspiração com sonda nasogástrica (SNG) em casos de vômitos ou íleo paralítico • Reposição de líquidos e eletrólitos - soro Complicações • Acúmulo de líquido • Necrose pancreática 1 Passo (2 a 5 dias) Jejum • Tratar a causa da pancretatite • Reposição de líquidos e eletrólitos EV • Analgésicos 2 Passo (3 a 7 dias) Dieta para realimentação • Rica em CHO • Moderada em PTN e LIP 3 Passo Dieta Normal Tratamento nutricional da pancreatite leve a moderada Doses de nutrientes recomendados na pancreatite aguda grave Substrato Quantidade Energia ~ 25 a 35kcal/kg/dia Proteína 1,2 a 1,5g/kg/dia Carboidratos 3 a 6g/kg/dia de acordo com a glicemia (objetivo < 120mg/dL) Lipídeos Até 2g/kg de acordo com os triglicérideos (objetivo < 177 a 256mg) Pancreatite Crônica Decorrente da inflamação crônica do pâncreas Deficiência funcional com comprometimento da absorção e até mesmo desenvolvimento do Diabetes por insuficiência da produção da insulina Está associada ao consumo de bebidas alcóolicas. Em casos de má absorção grave é necessário administração exógena de enzimas (pancreatina). Pancreatite Crônica Na maioria da vezes os pacientes estão desnutridos. Causas: está relacionada com o alcoolismo, estenose ou neoplasia do esfíncter de Oddi, hiperparatieroidismo e dietas hiperlipídicas. Sintomas incluem: • Dor abdominal, • Anorexia, • Náuseas, • Vômitos, • Diarréia (esteatorréia), • Desnutrição progressiva. Pancreatite Crônica • A abordagem inicial consiste em reverter os sintomas → analgesia, repouso, administração de antiácidos e antiméticos. • Dieta hipercalócia (↑ CHO e PTN) e reduzir de lipídeos. • Triglicerídeos de cadeia média (devido sua hidrossolubilidade e menor demanda de ác. biliares) poderá ser uma alternativa para aumentar a utilização de lipídeos. Terapia Nutricional na Pancreatite Crônica Restrição de lipídeos (<20% das calorias totais) Gorduras precisam das enzimas pancreáticas para sua digestão e absorção Má absorção → Esteatorréia Glicemia deve ser observada - ↑ glicemia persistir (adotar recomendações para diabetes) • O suporte nutricional deverá ser complementado por proteínas e carboidratos (considerando diabetes desenvolvido). • Vitaminas e eletrólitos deverão ser repostos de acordo com as necessidades. • Como há possibilidade cirúrgica torna-se mais que necessário a restauração do estado nutricional e do sistema imunológico do paciente. Terapia Nutricional na Pancreatite Crônica Terapia Nutricional na Pancreatite Crônica • Fases iniciais e sem esteatorréia: • 70 a 100g de lipídeos • 1 a 2g/kg de proteína • Intolerância a glicose – uso de insulina • Na presença de esteatorréia: • Lipídeos 50 a 70g/dia • 80 a 120g/dia de TCM pode ser tentado
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