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↪O sistema endócrino é o sistema glandular desprovido de dutos (do grego endo, “dentro”, e krino, “separar”), ou seja, as glândulas de secreção interna; ↪As secreções endócrinas são liberadas no compartimento intercelular, e não em uma superfície ou no interior de um duto conducente a uma superfície (como ocorre com as glândulas exócrinas); ↪A maioria dos órgãos e tecidos do sistema endócrino se caracteriza por um parênquima epitelioide denso e por um estroma intersticial delicado e esparso; ↪Tipicamente, as células endócrinas são apolares e liberam seus produtos secretórios, os hormônios, no espaço intersticial por toda a superfície celular; ↪Os hormônios podem se difundir de forma local no líquido intersticial, conectando-se a seus receptores celulares específicos e sinalizando células adjacentes em um modo autócrino ou parácrino; ↪De modo alternativo, eles podem ingressar nos capilares sanguíneos ou linfáticos, sinalizando células-alvo localizadas a uma distância maior; ↪O sistema endócrino desempenha um papel importante na manutenção da homeostase, o estado estável dinâmico do corpo, assegurando mínima variabilidade do ambiente interno do organismo; ↪Os hormônios modulam as funções das células-alvo ao super-regular (estimular) ou sub-regular (inibir) processos de forma dinâmica. As funções do sistema endócrino são integradas e reguladas por mecanismos moleculares complexos de sinalização e feedback neurais, endócrinos e imunes; ↪O sistema endócrino é composto de órgãos endócrinos, além de tecidos e células encontrados em pequenas quantidades em órgãos não endócrinos; Histologia Veterinária De Dellmann - 6ª Ed. Ebook ↪Tradicionalmente, os órgãos endócrinos são a hipófise cerebral (hypophysis cerebri, glândula pituitária), a epífise cerebral (glândula pineal), a(s) glândula(s) tireoide(s), as glândulas paratireoide(s) e a(s) adrenal(is); ↪Em geral, os tecidos endócrinos possuem células epiteliais/epitelioides bem diferenciadas; ↪As organelas e as inclusões são indicativas de atividade secretória, e as células demonstram estreita associação com capilares sanguíneos calibrosos e altamente permeáveis (sinusoides), bem como com os linfáticos; ↪Além da densa vascularidade, outras características do tecido endócrino incluem estroma esparso, intensa atividade metabólica do parênquima e grande capacidade de estimular a angiogênese; ↪É interessante notar que tecidos endócrinos são encontrados em órgãos que exercem funções não endócrinas adicionais, por exemplo, neurônios neurossecretórios do hipotálamo; células das ilhotas pancreáticas; adipócitos; miócitos cardíacos; células justaglomerulares do rim, células da teca interna, epiteliócitos foliculares, células intersticiais e células do corpo lúteo do ovário; células produtoras de hormônio da placenta; células intersticiais e sustentaculares do testículo; e paragânglios associados a vasos sanguíneos; ↪Células endócrinas relativamente isoladas ficam dispersas no epitélio dos sistemas digestivo, urinário, reprodutivo e respiratório; em conjunto, essas células constituem o sistema neuroendócrino difuso; ↪Todas as camadas germinativas embrionárias contribuem com parênquima para órgãos e tecidos endócrinos. Sistema Endócrino Órgãos endócrinos Hipotálamo ↪O hipotálamo é a parte mais ventral do diencéfalo e forma parte significativa da região circunventricular expansiva; ↪O hipotálamo contém neurônios que integram e regulam funções vitais do organismo (p. ex., temperatura, volume sanguíneo, osmolaridade sanguínea e ingestão de alimentos); ↪Gropos de neurônios do hipotálamo são denominados núcleos, por exemplo, supraóptico, paraventricular e arciforme; ↪As informações neurais aferentes aos neurônios hipotalâmicos provêm de muitas regiões do cérebro, medula espinal e sentidos especiais; ↪Os neurônios hipotalâmicos recebem sinais que refletem a condição dos ambientes interno e externo do corpo e respondem com sinais ao sistema endócrino e à parte autonômica do sistema nervoso; ↪Na região circunventricular, a barreira hematoencefálica está reduzida ou ausente, permitindo que os neurônios hipotalâmicos respondam facilmente a sinais iônicos e moleculares (e mais importante ainda, a sinais hormonais) no sangue; ↪Essa informação combinada do sistema nervoso e do sistema vascular proporciona a base para um sistema de feedback hormonal e tam bém para a integração neuroendócrina; ↪Neurônios peptidérgicos do hipotálamo (p. ex., neurônios dos núcleos supraóptico, supraquiasmático, paraventricular ou arciforme, que possuem peptídeos como neurotransmissores) contribuem com axônios para a neuro-hipófise e secretam hormônios liberadores (fatores de liberação) para a adeno-hipófise; ↪Esses axônios que se projetam desde o hipotálamo constituem o trato hipotálamo-neuro-hipofisário; ↪Hormônios liberadores são distribuídos para a hipófise por meio de um circuito de circulação sanguínea (sistema porta hipotálamo-hipofisário). Hipófise (hypophysis cerebri, glândula pituitária) ADENO-HIPÓFISE ↪A hipófise é composta por adeno-hipófise e neuro- hipófise (em seres humanos, o lobo anterior e o lobo posterior, respectivamente); ↪Durante o desenvolvimento, a adeno-hipófise se forma a partir de uma evaginação epitelial na linha média (bolsa de Rathke) do teto do estomodeu, terminando por perder a conexão com essa estrutura; ↪Simultaneamente, a neuro-hipófise é formada como uma evaginação na linha média de tecido neural do assoalho do hipotálamo (diencéfalo); ↪À medida que a bolsa epitelial oral avança, circunda a evaginação neural e forma um invólucro com dupla camada; ↪Juntos, esses primórdios formam a hypophysis cerebri (hipófise), e a neuro-hipófise permanece aderida ao hipotálamo em desenvolvimento; ↪Essa organogênese faz com que a adeno-hipófise fique próxima do hipotálamo, criando uma proximidade estrutural que é importante para a regulação hipotalâmica da função hipofisária; ↪O parênquima da adeno-hipófise (do latim adeno, “glândula”; do grego hypo, “abaixo”, e physis, “crescimento”) se diferencia e forma três partes: pars distalis, pars intermedia e pars tuberalis; ↪O tamanho e a orientação relativos de cada parte dependem da espécie. Enquanto a bolsa faz contato e envolve toda a estrutura, exceto o aspecto distal da neuro-hipófise em desenvolvimento, as células que contatam o tecido neural formam a pars intermedia; ↪A pars distalis forma a população celular mais diferenciada e a maior parte da adeno-hipófise, e constitui a maior parte do invólucro externo formado pela bolsa estomodeal embrionária; ↪A pars tuberalisé a parte da bolsa que estabelece contato com a base do cérebro (eminência mediana/tuberosidade cinérea [tuber cinereum]), formando um revestimento em forma de colarinho da haste da neuro-hipófe e liga a pars distalis e a pars intermedia em sentido proximal; ↪O lúmen da bolsa pode permanecer em algumas espécies/indivíduos, assim como a cavidade hipofisária entre a pars intermedia e a pars distalis; ↪Como uma extensão do aspecto distal do hipotálamo, a neuro-hipófise é uma continuação da eminência mediana. Em sentido proximal, o terceiro ventrículo se estende como um recesso para o interior da neuro- hipófise; ↪O segmento proximal da neuro-hipófise é uma haste em forma de funil, o infundíbulo, que se prende à eminência mediana. O infundíbulo continua distalmente como o lobo neural (pars nervosa); ↪Como o cérebro, a hipófise é revestida pela pia- aracnoide, distalmente, essas leptomeninges se fundem com o periósteo em uma depressão do osso basisfenoide, a sela turca (do latim sella, que significa “sela”, e turcica, “turca”).Pars distalis ↪A pars distalis é formada por grupos de células parenquimatosas perfundidas com capilares sinusoides; ↪Os capilares sinusoides da pars distalis formam o plexo capilar secundário do sistema porta hipotálamo- hipofisário; ↪Com base na coloração de rotina de suas secreções armazenadas, as células da pars distalis foram classificadas como acidófilas, basófilas ou cromófobas; ↪Esses tipos celulares variam em tamanho, forma, número e posição, dependendo de espécie, gênero, idade e situação fisiológica (durante a prenhez e lactação ou após a remoção de gônada); ↪Foram identificados mais cinco subtipos de células pela imunoistoquímica. Cada tipo celular (denominado “- trofo”) exprime um hormônio peptídico, proteico ou glicoproteico (denominada tropina [do grego troph, que significa “alimento”]) e representa uma diferenciação definitiva e terminal; ↪Vesículas secretórias armazenam as secreções no citoplasma antes que ocorra sinalização para sua exocitose; ↪As secreções incluem: hormônio somatotropina (hormônio do crescimento); lactotropina (mamotropina, prolactina); tireotropina (hormônio estimulante da tireoide); duas gonadotropinas (hormônio foliculoestimulante e hormônio luteinizante); e corticotropina (hormônio adrenocorticotrófico). ↳Acidófilos: especificamente, consistem em somatótrofos que sintetizam e secretam hormônio do crescimento (GH) e ficam concentrados lateralmente na pars distalis; seus abundantes grânulos secretórios acidofílicos são tingidos com o corante laranja G e medem cerca de 300 a 400 nm de diâmetro. Lactótrofos, que produzem prolactina (PRL) e se coram de forma tênue com corantes eritrosina e carmim. O tamanho das células lactótrofas e a afinidade por corantes aumentam durante a prenhez e a lactação. Os grânulos secretórios acidofílicos dos lactótrofos podem ser bastante grandes e alcançar por volta de 800 nm de diâmetro. ↳Basófilos: tireótrofos produzem hormônio estimulante da tireoide (TSH), são mais numerosos no nível medioventral e podem ser detectados com corante de aldeído-fucsina; seus grânulos secretórios basofílicos medem cerca de 150 nm de diâme - tro. Gonadótrofos co-exprimem hormônio foliculoestimulan - te (FSH) e hormônio luteinizante (LH), são relativamente pequenos e tingidos com corantes de aldeído-tionina; seus grânulos secretórios basofílicos armazenados medem em torno de 200 nm de diâmetro. Corticótrofos produzem hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e encontram-se dispersos de maneira uniforme na pars distalis. Essas células são menos conspícuas no interior dos aglomerados de células parenquimatosas e difíceis de serem identificadas com o microscópio ótico. De acordo com as espécies, os corticótrofos podem ser esféricos, ovoides ou estrelados. Seus grânulos basofílicos medem por volta de 150 a 200 nm de diâmetro e se coram com anticorpos anti-ACTH e anti- hormônio β-lipotrofina (β-LPH). Esses hormônios peptídicos são derivados do processamento pós- translacional da propiomelanocortina (POMC). Todos os três tipos celulares basofílicos são tingidos com ácido periódico de Schiff (PAS) e com corantes de azul Alcian. ↳Cromófobos: os cromófobos são corados fracamente com corantes utilizados para identificação de acidófilos e basófilos. Alguns são considerados acidófilos e basófilos pós-secretórios. De modo ocasional, outros cromófobos formam o epitélio simples que reveste cistos de significado desconhecido. Ainda outros cromófobos de aspecto estrelado são entremeados entre as demais células da pars distalis. Foi sugerido que eles podem representar uma célula-tronco indiferenciada do parênquima adeno-hipofisário. Pars intermédia ↪Em algumas espécies, o parênquima da pars intermedia está arranjado como epitélio colunar simples; em outras, é um epitélio colunar pseudoestratificado que invade o lobo neural; enquanto em outras (p. ex., cavalo), o parênquima demonstra grande desenvolvimento; ↪Melanótrofos constituem a mais abundante célula parenquimatosa da pars intermedia; essas células secretam hormônio estimulante dos α-melanócitos (α- MSH) e β-LPH. Esses hormônios peptídicos são produtos processados de POMC e expressos pelos melanótrofos; ↪Outras células parenquimatosas incluem aquelas revestidas por cistos, corticótrofos, células estreladas e epitélio simples que reveste a cavidade hipofisária. Os capilares sanguíneos não são tão disseminados como na pars distalis. Pars tuberalis ↪A pars tuberalis é composta por grupos de células que formam um tecido pregueado com pequenos cistos ocasionais; ↪Essa região da hipófise é atravessada por vênulas do sistema porta hipofisário que transportam sangue do plexo capilar primário na eminência mediana até o plexo capilar secundário na pars distalis; ↪As células parenquimatosas da pars tuberalis possuem receptores de melatonina. Acredita-se que elas regulem o ciclo reprodutivo sazonal de alguns mamíferos domésticos; ↪Outras células incluem células de revestimento de cistos, bem como alguns gonadótrofos e tireótrofos. NEURO-HIPÓFISE Trato hipotpalamo-neuro-hipofisário ↪Grandes neurônios (magnocelulares) aglomerados no hipotálamo compõem a maioria dos núcleos supraóptico e paraventricular; ↪Esses neurônios recebem de seus axônios informações sinápticas aferentes que sinalizam a exocitose de vesículas secretórias; ↪Feixes desses axônios e suas células astrogliais de sustentação constituem a eminência mediana, o infundíbulo e o lobo neural da neuro-hipófise ), os quais juntos formam a principal parte de uma extensão (em forma de trato) do hipotálamo conhecida como trato hipotálamo-neuro-hipofisário; ↪A neuro-hipófise contém os axônios de neurônios hipotalâmicos e gliócitos centrais (“pituícitos”), mas sem corpos celulares neuronais; ↪Os corpos celulares neuronais no hipotálamo e os grânulos secretórios em seus axônios se coram positivamente com anticorpos contra ocitocina (OT) e contra hormônio antidiurético (ADH), também denominado arginina vasopressina (AVP); ↪Neurônios produtores de ADH e neurônios produtores de OT estão presentes tanto nos núcleos supraópticos como nos núcleos paraventriculares; ↪Ao longo do curso do axô nio, as vesículas secretórias desenvolvem acúmulos locais (cor - pos de Herring); quando coradas com aldeído-fucsina, essas vesículas podem ser visualizadas pela microscopia ótica; ↪Quando liberada, a ocitocina se liga a seu receptor em células mioepiteliais dos alvéolos e dutos mamários, causando contração celular provocada pelos miofilamentos, o que resultará na “descida do leite”; ↪Além disso, a ocitocina também se liga a seu receptor em miócitos lisos do miométrio, promovendo a contração uterina e o parto, e a seu receptor no cérebro, o que propicia o início dos comportamentos maternos específicos para a espécie (p. ex., ovelha); ↪Outros neurônios no hipotálamo sintetizam a pré- provasopressina, que é processada até ADH e neurofisina. Grânulos secretórios para ADH são armazenados e liberados de maneira similar aos grânulos de ocitocina; ↪O ADH atua no rim por meio da ligação com o receptor V2 e a ativação dos canais de água (aquaporina 2) na membrana apical das células do túbulo coletor, reduzindo a perda de água através da urina (efeito antidiurético); ↪O ADH também se liga a seu receptor V1 no músculo liso vascular, causando aumento do tono dos miócitos, constrição vascular e elevação da pressão arterial; ↪Ademais, a ligação do ADH ao receptor V3 nos corticótrofos hipofisários provoca liberação de ACTH e elevação da secreção de aldosterona. A produção insuficiente de ADH resulta em diabeteinsípido, que é caracterizado por aumento do volume de urina diluída. EIXO HIPOTÁLAMO-ADENO-HIPOFISÁRIO ↪Neurônios do hipotálamo também regulam os sistemas neuroendócrino e autonômico. No hipotálamo, uma população geralmente difusa de pequenos neurônios (parvicelulares) sintetiza hormônios, que se direcionam para as células da pars distalis; ↪Esses são denominados hormônios liberadores (fatores), essas substâncias afetam a liberação, por exocitose, dos hormônios específicos expressados e sintetizados na pars distalis. Por outro lado, as funções da pars intermedia são reguladas por inervação, enquanto a regulação das células na pars tuberalis permanece obscura; ↪Os hormônios liberadores do hipotálamo são transportados no interior de axônios de neurônios hipotalâmicos até a periferia da eminência mediana, na qual são liberados nas proximidades do plexo capilar primário do sistema porta hipotálamo-hipofisário (do grego portal, significando “portão”); ↪Os capilares são drenados por vênulas hipofisárias que fluem através da pars tuberalis ao plexo capilar secundário na pars distalis. Esse sistema porta vascular estabelece a base anatômica de um eixo hipotálamo- adeno-hipofisário; ↪Na pars distalis, as neurossecreções hipotalâmicas deixam o plexo capilar secundário (sinusoide) e se ligam a receptores específicos em suas respectivas células- alvo adeno-hipofisárias; ↪Em seguida, hormônios são liberados das células-alvo e então afetam outras células-alvo na periferia. Por sua vez, as células-alvo periféricas sintetizam e liberam hormônios na circulação que realizam a mediação de um feedback negativo em outras células-alvo ou um feedback positivo aos neurônios hipotalâmicos e células da pars distalis. Epífise cerebral (glândula pineal) ↪A glândula pineal é uma evaginação que ocorre na linha média do aspecto dorsocaudal do epitálamo do diencéfalo, ao qual permanece preso por uma haste que contém pequeno recesso do ventrículo II; ↪A pineal (do latim pinus, “pinheiro, cone de pinheiro”) está envolvida pela pia-aracnoide, da qual origina-se a irrigação sanguínea para a glândula; ↪Como um derivado do epitélio neural, o parênquima está composto de pinealócitos e gliócitos centrais semelhantes à astrócitos; os processos desses dois tipos celulares formam o neurópilo entre as células; ↪Os pinealócitos compartilham junções de hiato e estendem axônios para diversos locais, inclusive outros pinealócitos, capilares adjacentes e a base do revestimento ependimário do recesso ventricular; ↪A função pineal está ligada a sinais visuais que transmitem informação sobre a luz ambiente; ↪Um biorritmo, também conhecido como ritmo circadiano, foi ligado à intensidade da luz amarelo- - verde no ambiente, caracterizando a atividade secretória do pinealócito; ↪O sinal primário para o pinealócito é a noradrenalina, liberada pelo axônio simpático, que se liga a seu receptor β-adrenérgico. A luz recebida por um sistema visual intacto inibe essa estimulação adrenérgica, e o pinealócito libera serotonina; ↪Na fase escura, a estimulação adrenérgica é operacional, resultando na ativação do GPCR β- adrenérgico no pinealócito. ↪A elevação resultante de AMPc induz a expressão de N-acetiltransferase, que converte serotonina em melatonina. A melatonina é liberada à medida que é sintetizada, em vez de ser armazenada. Glândula tireoide ↪O parênquima da tireoide (do grego thyreos, que significa “escudo oblongo”; e eidos, “forma”) é derivado do endoderma faríngeo, como uma extensão tubular ventral em sentido caudal, ao longo da linha média, que começa na raiz da língua; ↪Inicialmente, a tireoide se desenvolve como glândula exócrina; mas o duto desaparece e o parênquima é desenvolvido na forma de muitos folículos sustentados por um delicado estroma intersticial (mesodérmico) de tecido conjuntivo colágeno reticular ou frouxo; ↪O estroma sustenta um plexo profuso de sinusoides sanguíneos, capilares linfáticos e axônios adrenérgicos; ↪O folículo tireoidiano é delineado por um epitélio simples, cujas células ficam unidas por complexos juncionais nas proximidades do lúmen. O tamanho dos folículos varia desde alguns µm até várias centenas de µm de diâmetro; ↪Curiosamente, em comparação com outros tecidos endócrinos, o epitélio folicular apresenta polaridade. As células epiteliais foliculares polarizadas variam em altura (colunares, cuboides, escamosas), dependendo de sua atividade sintética; ↪Células colunares indicam folículos bastante secretórios, enquanto células escamosas estão ligadas a folículos em estado de repouso; ↪As células foliculares exibem um retículo endoplasmático granular elaborado, complexo de Golgi e vesículas secretórias, características de células ativas na síntese de proteína; ↪A tireoglobulina, uma glicoproteína, sofre exocitose na superfície apical da célula epitelial folicular; essa glicoproteína iodada, que se acumula no lúmen folicular, também é conhecida como coloide; ↪Com frequência, as células parafoliculares estão posicionadas no compartimento basolateral entre células epiteliais foliculares e no interior da lâmina basal, enquanto outras formam aglomerados entre os folículos; ↪Essas grandes células epitelioides (predominantes no cão) sintetizam a calcitonina e são células APUD (absorção e descarboxilação de precursores aminados); ↪A síntese e a liberação de calcitonina são reguladas não pela pars distalis, mas pela concentração de cálcio no líquido intercelular. Quando há elevação da concentração intercelular de cálcio, os GPCRs na célula parafolicular sensíveis a esse mineral podem detectar o aumento de cálcio e desencadear a liberação de calcitonina; ↪A gastrina também promove liberação de calcitonina (ver Células enteroendócrinas). A calcitonina se liga a seu GPCR em osteoclastos e no epitélio renal, baixando a concentração de cálcio no sangue e no líquido intersticial por um mecanismo de inibição da atividade do osteoclasto e por reduzir a reabsorção do mineral, respectivamente. Glândula paratireoide ↪As glândulas paratireoides são derivadas do endoderma das bolsas faríngeas III e IV. Enquanto o primórdio tireoidiano é deslocado em sentido caudoventral desde a raiz da língua até o pescoço, aglomerados de células endodérmicas das bolsas se unem ao tecido tireoidiano para formar as paratireoides; ↪A paratireoide externa cranianase forma da bolsa III, ao passo que a paratireoide interna caudal se forma da bolsa IV. Cada glândula é separada da tireoide por um estroma que forma uma cápsula, o parênquima é sustentado por um interstício delicado que contém um extenso plexo capilar; ↪O parênquima está disposto na forma de um grande aglomerado uniforme e firmemente compactado de pequenas células principais; ↪As glândulas paratireoides do cavalo, da vaca e do ser humano possuem algumas células oxifílicas(acidó - filas) dispersas e de grandes dimensões com função desconhecida; ↪A célula principal sintetiza o hormônio paratireóideo (PTH), que eleva e mantém uma concentração normal de cálcio no sangue e no líquido intersticial. Glândula adrenal ↪As glândulas adrenais (do latim ad, que significa “perto de”; e rene, “rim”) são compostas de um córtex externo, derivado do mesoderma intermediário, e de uma medula interna, derivada do ectoderma da crista neural; ↪Uma robusta cápsula de tecido conjuntivo colagenoso denso irregular envolve o córtex, e um invólucro delicado de tecido conjuntivo separa o córtex da medula; ↪O estroma é escasso tanto no córtex como na medula algumas trabéculas se estendem desde a cápsula para a medula que contém arteríolas e axônios simpáticos pré-ganglionares; ↪A dupla irrigação sanguínea do córtex e da medula provém de umplexo arteriolar na cápsula, que alimenta os sinusoides fenestrados do córtex, bem como as arteríolas que avançam diretamente até a medula. Essas circulações se fundem na medula, formando sinusoides medulares, seios venosos e, por fim, a veia medular. CÓRTEX ADRENAL ↪A arquitetura histológica e as afinidades de coloração do parênquima do córtex adrenal originam um padrão de zonação (da parte mais externa até a mais interna): zona glomerulosa (arciforme), zona fasciculada e zona reticular; ↪A zona glomerulosa (arciforme) constitui o córtex externo; as zonas fasciculada e reticular formam o córtex interno. Na interface dos corticais externo e interno, há uma estreita faixa, a zona intermediária, constituída por pequenas células indiferenciadas que compõem as células-tronco blastêmicas, as quais geram parênquima de reposição para o córtex interno e também para o córtex externo; ↪Arranjado na forma de tufos de células epiteliais (zona glomerulosa em ruminantes e em humanos) ou como arcos de células colunares (zona arciforme em cavalos, porcos e carnívoros), o córtex externo é a origem de mineralocorticoides (aldosterona e corticosterona); ↪Quando presentes, as células colunares são bipolares, exibindo gotículas de lipídios nos dois polos. . Surgindo da zona intermediária, as células da zona glomerulosa (córtex externo) se diferenciam e, por sua vez, sofrem apoptose nessa zona; ↪A zona fasciculada consta de colunas radiadas (cordões) de células esféricas, separadas por sinusoides e enfeixadas na forma de fascículos; essas células produzem glicocorticoides (cortisol e cortisona); ↪A zona reticular é formada por células poliédricas, dispostas em forma de rede de cordões e placas anastomosantes, separadas por grandes sinusoides; ↪Essas células sintetizam pequenas quantidades de andrógenos. As células da zona reticular são as mais antigas do córtex interno, e frequentemente são observadas células em apoptose. As células do córtex interno migram da zona intermediária, e por sua vez formarão a zona fasciculada e, em seguida, a zona reticular; ↪Aaldosterona é liberada das células no córtex adrenal externo como consequência da sinalização da angiotensina II. MEDULA ADRENAL ↪As células parenquimatosas da medula adrenal são neurônios simpáticos modificados, que basicamente constituem um grande gânglio simpático; ↪Essas células sintetizam adrenalina e noradrenalina e armazenam esses neurotransmissores na forma de grânulos secretórios; ↪Quando expostas a sais de crômio, as células que contêm os grânulos se coram com um castanho intenso; por causa disso, essas e outras células com coloração semelhante são conhecidas como células cromafins; ↪As células epitelioides formam aglomerados separados por sinusoides, embora representem neurônios modificados, as células endócrinas medulares não estendem projeções axonais. De forma ocasional, neurônios simpáticos são encontrados entre as células endócrinas; ↪Na periferia da medula e nas adjacências a sinusoides medulares, as células colunares (em cavalos, ruminantes e porcos) produzem adrenalina; as células epitelioides arredondadas da medula produzem noradrenalina; ↪A adrenalina é formada pelas células colunares a partir de noradrenalina pela ação de uma metiltransferase, a citodiferenciação da célula colunar e a síntese dessa enzima são induzidas por glicocorticoides que fluem até a medula proveniente do córtex; ↪Trabéculas de tecido conjuntivo se estendem desde a cápsula, contendo arteríolas e axônios simpáticos pré- ganglionares que fazem sinapse com várias células medulares; ↪A liberação de adrenalina e noradrenalina ocorre em resposta à acetilcolina que se liga a seu receptor pós- sináptico. Tecidos e células endócrinas Ilhotas pancreáticas ↪As células endócrinas do pâncreas formam ilhotas no interior do tecido pancreático exócrino. Essas ilhotas variam em tamanho, desde algumas células endócrinas até aglomerados de algumas centenas de células; ↪O pâncreas exócrino é derivado do endoderma. Algumas evidências sugerem que as células das ilhotas originam-se no endoderma e, em segui da, se param-se dos dutos; ↪No entanto, as características APUD compartilhadas das células das ilhotas e células enteroendócrinas no epitélio do intestino são intrigantes, sugerindo que essas células surgem de um precursor comum; ↪Essa questão tem importância clínica, pois se relaciona com o potencial para regeneração das células das ilhotas. As células principais das ilhotas são células alfa (α), beta (β) e delta (δ); pequenas quantidades das demais células enteroendócrinas também podem surgir nas ilhotas; ↪As células alfa sintetizam e armazenam glucagon e representam 5 a 30% da população das células das ilhotas; ↪As células-β sintetizam e armazenam insulina e constituem 60 a 80% das células das ilhotas (98% em ovinCélulas delta sintetizam e armazenam somatostatina (SST) e representam percentual relativamente pequeno do parênquima da ilhota; ↪A SST exerce amplos efeitos endócrinos e neurais. Funcio nan do em um modo autócrino, esse hormônio inibe sua própria secreção, atuando no modo aparácrino, inibe também a secreção de in sulina e glucagon no interior da ilhota; ↪Além disso, a SST expressa em neurônios do hipotálamo inibe a liberação de GH e TSH; atua centralmente como neurotransmissor e perifericamente como regulador parácrino das células endócrinas. Parangânglios ↪Pequenos grupos de células catecolaminérgicas medulares extra-adrenais são denominados paragânglios. Os paragânglios são formados de células parenquimatosas, as células do glomo, aninhadas no interior de um pequeno plexo de capilares sinusoides conhecido como glomo; ↪Dos vários glomos existentes, o mais bem estudado é o corpo carotídeo, encontrado na fáscia na bifurcação da artéria carótida comum; ↪Os sinusoides fornecem às células do glomo uma amostra contínua de sangue arterial em trânsito para o cérebro; ↪As células do glomo possuem vesículas secretórias que armazenam adrenalina, dopamina e serotonina; ↪Evidências sugerem que as células do glomo, ao perceberem baixos níveis de oxigênio no sangue, estimulam a produção de sinais desde o corpo carotídeo via axônios aferentes do ramo do seio carotídeo do nervo glossofaríngeo até o gânglio distal (petroso) e, em seguida, até o tronco cerebral; ↪Também são observados glomos no corpo aórtico e no corpo coccígeo e também ao longo de algumas anastomoses arteriovenosas; Células do sistema neuroendócrino difuso ↪As células do sistema neuroendócrino difuso (SNED) estão dispersas no epitélio ao longo de todo o sistema respiratório, urinário, reprodutivo e digestivo. Já foram identificados mais de 30 tipos de células SNED; ↪Uma subcategoria das células SNED é constituída pelas células de absorção e descarboxilação de precursores aminados (APUD), que são capazes de captar e descarboxilar aminas. Algumas células SNED se coram com prata; por essa razão, são denominadas células argentafins; ↪Células endócrinas estão dispersas entre os enterócitos absortivos e secretórios e aderem à lâmina basal; ↪A maioria possui formato piramidal, com uma estreita projeção para o lúmen, grânulos secretórios são armazenados mais próximos à base; ↪Com uma coloração com anticorpos específicos para suas secreções, essas células podem ser identificadas como produtoras de um dos seguintes hormônios: gastrina, secretina, motilina, polipeptídeo pancreático (PP), glucagon, insulina, polipeptídeo intestinal vasoativo (VIP), somatostatina, grelina, neuropeptídeo Y (NPY), neurotensina, peptídeo YY ou colecistocinina (CCK) Outras células endócrinas Adipócitos↪Adipócitos uniloculares (brancos) secretam leptina, um hormônio proteico com 16 Kda que funciona como sinal aferente para o hipotálamo, regulando a homeostase da energia para o organismo; ↪A leptina é uma das informações aferentes para o “lipostato” hipotalâmico, cuja informação eferente afetará o comportamento alimentar; ↪Esse hormônio se liga a seu receptor citocina em neurônios do hipotálamo e inibe a ingestão de alimento, por exemplo, ao impedir a liberação dos hormônios estimulantes da ingestão de alimento (orexígenos) neuropeptídio Y e peptídio do agouti (cutia) (AgRP). Células endócrinas do coração ↪No miocárdio atrial, alguns miócitos cardíacos sintetizam e armazenam em vesículas secretórias um hormônio peptídico conhecido como peptídio natriurético atrial; ↪Quando aumenta o volume sanguíneo, a distensão dos miócitos atriais durante o enchimento do átrio faz com que se abram os canais de cálcio na membrana, aumentando a concentração intracelular desse mineral e dando início à exocitose de ANP; ↪ANP se liga a seu receptor nas células-alvo, ativando guanilil ciclase e aumentando a concentração de 3’, 5’- monofosfato cíclico de guanosina (cGMP). O cGMP ativa uma fosfodiesterase que desativa AMPc, inibindo as funções celulares promovidas por AMPc; ↪No rim, ANP atua no túbulo coletor antagonizando o efeito de ADH, e nas células justaglomerulares, inibindo a liberação de renina. No cérebro, ANP inibe a liberação de ADH. Células justaglomerulares do rim ↪No polo vascular do corpúsculo renal, a túnica média das arteríolas aferentes contém miócitos lisos arredondados, denominados células justaglomerular; ↪Esses miócitos lisos modificados sintetizam e armazenam grânulos de renina, que constituem elemento importante do sistema renina-angiotensina- aldosterona; ↪As células JG liberam renina em resposta a um sinal baroceptor, iniciado pela baixa da pressão de perfusão arterial; ↪Esse sinal surge de uma perturbação mecânica da membrana do miócito (na parede das arteríolas) ou de uma resposta a sinal de quimioceptor (p. ex., [K+] elevada, síntese de prostaglandina E2, liberação de ATP) pelas células da mácula densa (no túbulo distal); ↪A liberação de renina inicia uma cascata de reações enzimáticas que criam angiotensina II que então liga o receptor AT1 na zona glomerulosa do córtex adrenal, liberando aldosterona; ↪Por sua vez, a aldosterona aumenta a expressão dos transportadores de Na+-K+ ATPase e dos canais de Na+ nos epiteliócitos do duto coletor e do túbulo distal, e aumenta também o volume de líquido e a redução dos níveis de K+. Com esse processo, é suprimido o estímulo para a liberação de renina. Células endócrinas do ovário ↪Os tecidos endócrinos do ovário são derivados do mesoderma. Ovogônios se desenvolvem de células germinativas primordiais, que migram para a crista gonadal durante a gênese do ovário e são envolvidos por uma camada simples de células mesenquimatosas, definindo um folículo; ↪Com o desenvolvimento dos folículos, as células mesenquimatosas se transformam nas células epiteliais foliculares (células da granulosa); ↪As células estromais adjacentes ao folículo em crescimento, denominadas células da teca interna, são transformadas de fibroblastos para células epitelioides esteroidogênicas; ↪Durante a ovulação, as células epiteliais foliculares e as células da teca interna proliferam, formando o corpo lúteo. Células endócrinas da placenta ↪Como o corpo lúteo, a placenta também é um órgão endócrino temporário; ↪As significativas diferenças entre espécies do papel endócrino da placenta estão correlacionadas com a intimidade do contato entre os tecidos do feto e da mãe (p. ex., placenta da porca versus carnívoros versus primatas), estrutura do trofoblasto e peso molecular dos hormônios; ↪As células trofoblásticas da placenta fetal sintetizam estrogênio, progesterona e gonadotropina coriônica equina (ECG, gonadotropina sérica de égua prenhe [PMSG]), prolactina e derivados de POMC; ↪Na égua, algumas células trofoblásticas das membranas placentárias fetais migram até o endométrio, no qual proliferam formando grandes grupos (“cálices endometriais”) que sintetizam PMSG; ↪São alvos adicionais dos hormônios placentários as gônadas fetais e o útero, o ovário, o tecido mamário e o sistema imunológico materno. Células endócrinas do testículo ↪As células endócrinas do testículo são derivadas do mesoderma. Espermatogônias que chegam ao testículo em desenvolvimento estão envoltas em mesênquima que se diferencia, formando um epitélio colunar simples de células sustentaculares (células de Sertoli); ↪Organizadas como túbulos, estão separadas dos tecidos conjuntivos intersticiais por uma lâmina basal. Algumas células estromais adjacentes aos túbulos se diferenciam como células intersticiais esteroidogênicas (células de Leydig), e outras células estromais proporcionam sustentação para os muitos capilares sanguíneos e linfáticos; ↪As células intersticiais do testículo expressam o receptor de LH e após a ligação ao ligante de LH (ICSH), ativam a transcrição das enzimas esteroidogênicas e a conversão do colesterol até andrógeno; ↪Receptores de FSH na célula sustentacular unem o ligante de FSH, resultando na expressão de aromatase P450 e na síntese de estrogênio a partir de andrógenos liberados pelas células intersticiais; as células sustentaculares também liberam os peptídeos inibina e proteína ligadora de andrógeno; ↪Os hormônios testiculares estão direcionados para tecidos sexuais secundários (p. ex., próstata, músculo esquelético) e também exercem feedback negativo na liberação de GnRH dos neurônios hipotalâmicos e na liberação de FSH e LH oriundos dos gonadótrofos hipofisários. A inibina tem como alvo o gonadótrofo, inibindo seletivamente a liberação de FSH.
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