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Ano 04, no 03
R$ 0,00
Equinócio de Primavera
21 Setembro, 2013 e.v.
A in f, B in a, Dies G
Anno IV:xxi
ALQUIMIA NA 
MISSA GNÓSTICA
Uma análise de como os processos de transformação da 
alqUimia estão contemplados no rito central da o.t.o.: 
a missa Gnóstica. pág. 8
Revista da Loja Quetzalcoatl, Ordo Templi Orientis
Índice
Editorial 
pág. 3
Notícias 
pág. 3
Quem são os Alquimistas 
pág. 4
Armas Alquímicas 
pág. 6
 
 
Estudos 
 Poder Mágico 
pág. 13
Biblioteca Thelêmica 
O Chamado do 24º Aethyr
pág. 17
Hooráculo 
pág. 20
 Alquimia na 
Missa Gnóstica
escreva para nós!
Além de ajudar a melhorar nosso 
trabalho com sua opinião, apro-
veite nosso espaço de comunica-
ção para tirar dúvidas, dar ideias e 
manter contato com os membros 
da O.T.O. no Brasil.
E-mails para: 
estrelarubi@quetzalcoatl-oto.org
8
ExpEdiEntE
Ano 04, Num 03, Ed nº 13, 21 de Setembro de 2013 e.v.
Ordo Templi Orientis Internacional
Frater Superior ................. Fra. Hymenaeus Beta
Grande Secretário Geral ........................ Fra. Aion
Grande Tesoureiro Geral .........................Fra. SQL
O.T.O. Brasil
Repr. do Fra. Superior .... Sor. Tara Shambhala
Loja Quetzalcoatl
Maestria ................................ Fra. Apollôn Lycaeus
Secretaria ..........................................................Fra. Eros
Tesouraria ....................................................Fra. Kin Fo
Editoria
Editor ......................................Fra. Apollôn Hekatos
Jornalista ...........................................................Fra. Eros
Design Editorial ................Fra. Apollôn Hekatos
Ilustrações .................................. Loja Quetzalcoatl 
Assinaturas
Assinatura anual (4 ed./ano) ..................R$ ??,00
Edição atrasada ..............................................R$ ??,00 
Pedidos .....estrelarubi@quetzalcoatl-oto.org
Estrela Rubi é uma publicação trimestral da 
Loja Quetzalcoatl, Corpo Local Oficial da Ordo 
Templi Orientis internacional para a cidade do 
Rio de Janeiro, Brasil.
Todos os direitos reservados. Proibida cópia, 
utilização ou alteração dos textos e/ou imagens 
contidos nesta publicação sem expressa 
autorização dos Oficiais da Loja Quetlzalcoatl 
ou outro representante autorizado pela Ordo 
Templi Orientis Brasil ou Ordo Templi Orientis 
Internacional.
As informações e opiniões aqui contidas são de 
inteira responsabilidade de seus autores e não 
são necessariamente compartilhadas pela O.T.O., 
seus Oficiais ou os demais membros da Ordem. 
Em caso de dúvidas, entre em contato com a 
Secretaria da Loja Quetzalcoatl.
© 2013, Loja Quetzalcoatl, Ordo Templi Orientis 
Brasil e Ordo Templi Orientis Internacional
Estrela Rubi 
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notÍcias
 Celebração da primeira noite do Profeta e sua Noiva
No dia 12 de agosto foi celebrada a Primeira noite do Profeta e sua 
Noiva: a celebração das núpcias de Crowley com Ouarda, a Vidente. 
Um brinde a Aleister Crowley e a Rose Edith Kelly, que, unidos, oca-
sionaram na revelação do Livro da Lei!
 Equinócio de Primavera
Neste dia 21 de setembro estamos celebrando o Equinócio de Pri-
mavera, marcando o momento em que o Sol cruza o plano da Linha 
do Equador, iluminando a terra em sua exata metade, tendo dia e 
noite a mesma duração.
Assim como no Liber Resh Rá a cada manhã ascende à hora do le-
vante do Sol, a vida volta a se manifestar com o raiar da Primavera. 
Que esta seja uma estação de força e renascimento para todos!
 Novos Minervais
No dia 21 de setembro de 2013 e.v. foram iniciados, na Loja Quet-
zalcoatl, os Novos Minervais da Ordo Templi Orientis. Sejam bem-
-vindos! Que esse seja o início de uma caminhada de Sucesso.
“ E, assim como a comida e a bebida são diariamente transmu-tados em nós em substância espiritual, eu creio no Milagre da Missa.”
É à transubstanciação da matéria em Energia Divina a qual nos re-
ferimos. Transmutação esta que também ocorre dentro dos comu-
nicantes durante a comunhão na celebração de Liber XV - A Missa 
Gnóstica.
Mas como um homem entre os homens se torna digno de conferir 
as virtudes aos irmãos? Como pode o Sacerdote se propor a trans-
mutar o Bolo de Luz no Corpo de Deus e cometer o mais blasfemo 
ato ao se proclamar Deus?
O mesmo indivíduo que preguiçosamente desperdiça horas vendo 
televisão ou comete variados ‘pecados’ do dia-a-dia, dificilmente se 
enquadra na imagem que a grande massa tem de Deus. No entanto 
o Sacerdote dos Mistérios assim o é. 
O Novo Aeon nos trouxe a realização que o Homem pode ser ele-
vado e se reconhecer como Deus, no entanto isso não significa que 
Deus será reduzido ao estado humano.
editorial
Frater apollôn lycaeus
Mestre da Loja QuetzaLcoatL - rio de janeiro
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Um panorama histórico sobre os 
personagens da alqUimia e sUa 
bUsca
qUem 
sÃo os 
alqUimistas
A alquimia é assunto que intriga muitas pessoas des-de os tempos mais remotos. Já é uma prática antiga, de origem incerta, mais provavelmente proveniente 
do Antigo Egito, assim como muitas outras práticas herdadas 
desse povo. A alquimia é certamente má interpretada pelos 
leigos, talvez em grande parte por culpa de suas metáforas 
baseadas em arquétipos de um tempo distante, uma lingua-
gem diferente. Os alquimistas, os praticantes da alquimia, 
buscam conhecimento e foram os pioneiros na busca cien-
tífica.
A alquimia é uma prática que combina elementos de quí-
mica, física, astrologia, arte, semiótica, metalurgia, medicina, 
misticismo e religião. Dois objetivos buscados pelos alqui-
mistas eram a Pedra Filosofal, uma substância mítica que 
permitira a transmutação dos metais comuns em ouro; e o 
Elixir da Longa Vida, um remédio capaz de curar todas as do-
enças imagináveis e de prolongar a vida indefinidamente. A 
alquimia pode ser considerada a precursora da química mo-
derna, antes da formulação do método científico. A palavra 
alquimia vem do árabe al-kimiya ou al-khimiya (ءايميكلا ou 
 que provavelmente é formada pelo artigo AL e a ,(ءايميخلا
palavra grega khumeia (χυμεία), que significa “colocar junto”, 
“derramar junto”, “ligar”.
O alquimista tenta transformar chumbo em ouro. Uma das 
características mais notáveis deste metal precioso é justa-
mente não se deteriorar. Assim, imaginava-se que, se fosse 
possível reproduzir esta característica de resistência e dura-
bilidade, seria possível curar doenças e prolongar a vida. Mas, 
como todos os assuntos alquímicos, este também deve levar 
em consideração o lado espiritual, mental, onde esta metá-
fora simboliza a transformação do bruto no puro, do feio no 
belo, do ruim no bom, do ódio no amor e etc. Esta é uma das 
práticas do alquimista. Isto nos lembra o romance A Obra em 
Negro, de Marguerite Yourcenar, onde o protagonista Zênon, 
alquimista, médico e filósofo no século XVI, busca a Grande 
Obra, a posse da Pedra Filosofal. A investigação alquímica 
do personagem confunde-se com a busca de si mesmo, em 
meio ao obscurantismo, pestes, guerras, heresias e execu-
ções.
A alquimia teve seu auge na Idade Média e contou com mui-
tos praticantes conhecidos até hoje. Até o século XVIII, a al-
quimia era considerada uma ciência séria na Europa e po-
demos citar como exemplos de alquimistas o grande Isaac 
Newton, que devotava grande parte do seu tempo ao estudo 
desta arte, entre outros. Grandes nomes deste tempo são Ro-
ger Bacon, Thomas Aquinas, Thomas Browne e Tycho Brahe. 
O declínio da alquimia se deu com o surgimento da química 
moderna, ainda no século XVIII, pois esta trazia resultados 
mais precisos e uma área de trabalho mais confiável para a 
medicina e transmutações de matéria, dentro de uma nova 
perspectiva baseada no racionalismo material. 
Apesar disso, a alquimia não foi totalmente abandonada. 
Grandes estudiosos modernos aindaestudam este assunto. 
Carl Jung começou a perceber o significado do trabalho al-
químico como um caminho espiritual, ao reexaminar a sim-
bologia e teoria alquímica.
Frater thoth
Estrela Rubi 
5
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rtigo
chumbo em ouro, e por isso foram 
chamados de bruxos e magos, perse-
guidos e executados. 
Outro notável alquimista do século XVI 
era Heinrich Cornelius Agrippa, que 
dizia ser um mago capaz de invocar 
espíritos. Ele se esforçou para que a 
alquimia fosse vista não mais como 
uma filosofia mística, mas como ma-
gia ocultista. Seus escritos também in-
f luenciaram alquimistas das gerações 
posteriores. Ele manteve viva a filosofia 
dos alquimistas anteriores a ele, como 
a experimentação e a numerologia, 
mas ele adicionou a teoria mágica, o 
que fez com que se passasse a ter uma 
visão diferente da alquimia.
Talvez o nome mais importante des-
ta época tenha sido Paracelso (Theo-
phrastus Bombastus von Hohenheim, 
1493–1541), que não se via como mago, 
abdicando das teorias mágicas na al-
quimia que foram trazidas por Flamel 
e Agrippa. Ele promovia o uso de ob-
servações e experimentos para apren-
der sobre o corpo humano. Foi o pio-
neiro no uso de químicas e minerais 
na medicina. Suas ideias baseavam-se 
no princípio hermético de que toda 
doença é causada por uma desarmo-
nia entre o homem, o microcosmo, e 
a natureza, o macrocosmo. Ele tinha 
uma abordagem diferente daqueles 
que o precederam, não pensando na 
alquimia como purificadora da alma, 
mas como um estudo medicinal, onde 
o corpo humano tem um balanço de 
minerais e certas doenças poderiam 
ser curadas com remédios químicos.
Na Inglaterra do século XVI, Doutor 
John Dee (1527-1608) era o alquimista 
de confiança de sua majestade Rainha 
Elizabeth I para consultas científicas. 
Era referência no assunto e conhecia 
tanto sobre Roger Bacon que chegou 
a escrever um livro chamado “Monas 
Hieroglyphica”, de 1564, inf luenciado 
pela Qabbalah.
A alquimia não ficou restrita ao mun-
do ocidental. Também teve grandes 
Roger Bacon (1214-1294) pode ser 
considerado o primeiro alquimista da 
Idade Média ocidental. Franciscano de 
Oxford, estudioso de ótica e lingua-
gens, além de alquimia, trouxe gran-
des contribuições para o estudo deste 
assunto. Bacon trouxe o pensamento 
Franciscano da experimentação, que 
seria a melhor forma de adquirir co-
nhecimento, a mais satisfatória para 
o intelecto. Muitos outros alquimistas 
dos séculos posteriores basearam seus 
trabalhos nos preceitos estabelecidos 
por Bacon. É verdade que muitos al-
quimistas eram também clérigos, ou 
seja, faziam parte da igreja. Isso por-
que poucas pessoas na época tinham 
a educação necessária para entender 
os textos estrangeiros, principalmente 
os escritos em árabe, que são os me-
lhores registros que se tem até hoje. 
Também a igreja apoiava a alquimia 
como ferramenta de desenvolvimento 
da teologia, pois oferece uma visão ra-
cionalista do universo. Eles praticavam 
a arte: experimentavam com química e 
faziam observações e teorias de como 
o universo funciona.
Durante os séculos tortuosos da Pes-
te Negra, a alquimia foi deixada de 
lado e até mesmo banida da igreja por 
meio de uma ordem do Papa João XXII. 
Nestes tempos atribulados, poucos se 
dedicavam ao estudo desta arte, en-
tre eles Nicholas Flamel (1330-1417). 
Diferentemente de seus antecessores, 
Flamel não era clérigo. Apenas se in-
teressava pela busca da Pedra Filosofal 
– que dizem ter achado – e seu traba-
lho é um grande compêndio de descri-
ções de processos e reações, mas que 
nunca realmente dá a fórmula para as 
transmutações. Muito de seu trabalho 
foi reunir o conhecimento que existia 
anteriormente a ele, principalmente no 
tocante à Pedra Filosofal.
No período da Alta Idade Média, os 
alquimistas eram muito como Flamel: 
não eram clérigos e buscavam a Pedra 
Filosofal e o Elixir da Vida, que acredi-
tavam serem coisas diferentes. Viam a 
purificação da alma como transformar 
contribuições do mundo islâmico, que 
até tem registros históricos mais bem 
conservados e em maior quantidade. 
Como exemplo de alquimista islâmico, 
podemos citar Abu Bakr Mohammad 
Ibn Zakariya al-Razi que contribuiu 
com descobertas muito importantes 
para a química, como a técnica de 
destilação, o muriático, o sulfúrico, os 
ácidos nítricos, soda e alcalina. Não só 
no campo da química temos destaque 
dos alquimistas islâmicos, mas tam-
bém no campo da filosofia com Jabir 
Ibn Hayyan, que relacionou cada ele-
mento com uma qualidade, a saber, ca-
lor, frio, secura e umidade. A partir disto, 
ele destacou que cada metal tem to-
das essas qualidades, duas interiores 
e duas exteriores. Então, ele teorizou 
que se fosse possível reorganizar as 
essas qualidades de um metal, um me-
tal diferente surgiria. Desta forma seria 
possível transformar chumbo em ouro. 
Assim podemos ver como toda a teoria 
alquímica é abrangente, multidiscipli-
nar. Esta enorme variedade de temas e 
áreas inspiradas pela alquimia, nos re-
mete à Teoria da Complexidade de au-
tores recentes como Edgar Morin, que 
defende a análise científica levando 
em consideração os mais diversos as-
pectos, envolvendo disciplinas e áreas 
de conhecimento que poderiam pare-
cer não estar relacionadas. A alquimia 
foi a mãe da química e medicina mo-
dernas, levantando as primeiras con-
siderações e métodos de averiguação 
de hipóteses. Os alquimistas foram os 
primeiros cientistas a tentar entender, 
explicar e documentar o universo, uma 
busca muito importante para a huma-
nidade.
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como os elementos da alqUimia 
estÃo presentes nas armas da 
magia cerimonial
armas
alqUÍmicas
Faze o que tu queres será o todo da Lei
Mensalmente, a Loja Quetzalcoatl promove palestras abertas para seus membros e convidados. O tema da palestra de junho foram as Armas Mágickas. Na ocasião, tivemos a opor-
tunidade de conversar sobre o que são e para o que servem, além de 
conversarmos sobre alguns casos específicos. Caso você tenha perdido 
a oportunidade da palestra, recomendo uma leitura do estudo publicado 
na edição 4 da Revista Estrela Rubi.
Nesse artigo, vamos falar um pouco sobre uma interessante correlação 
entre magia cerimonial e alquimia que podemos fazer com as armas má-
gicas. Esse estudo é baseado na obra de Aleister Crowley, em especial o 
seu Liber ABA – Book Four.
Falemos um pouco sobre Alquimia. A Alquimia é uma das correntes de 
pensamento esotérico mais antigas da qual temos conhecimento. Embo-
ra no imaginário popular a palavra alquimista traga à mente a figura de 
um sujeito com roupas da idade média trabalhando em um laboratório 
de química rústico, é difícil dizer que ela seja um produto europeu ou 
medieval. Em si, a alquimia carrega elementos gregos, egípcios, islâmicos, 
babilônicos e até do extremo oriente asiático.
Embora não seja possível falar em uma corrente única e concisa do pensa-
mento alquímico, podemos identificar alguns elementos comuns e rele-
vantes aos diferentes grupos que se utilizam dessa denominação. A trans-
mutação de corpos e a criação de elementos universais são os grandes 
objetivos da alquimia, seja da mera transmutação do chumbo em ouro 
até a do espírito grosseiro à mente esclarecida.
Na história da ciência, a Alquimia foi responsável pela sistematização do 
pensamento da Química moderna. Os alquimistas europeus buscavam 
a precisão de suas experiências e a capacidade da reprodução de seus 
resultados. Não à toa a Alquimia era chamada de Arte da Balança pelos 
seus críticos renascentistas. A separação entre Química e Alquimia somen-
te ocorreu no século XVII com o lançamento de “O Químico Cético” de 
Robert Boyle, que trouxe à tona o primeiro modelo de átomo, dando um 
pontapé para uma nova visão de mundo diferente à de Paracelso e de 
outros alquimistasdo passado.
A Alquimia europeia se desenvolveu com base no pensamento aristotéli-
co de que os corpos existentes eram formados por diversas quantidades 
de elementos arquetípicos chamados terra, ar, fogo, água e aether. Assim, 
o percentual de um elemento na formação do corpo seria responsável 
pela energia que ele sofreria. Um corpo com maior quantidade de ar so-
freria menos ação da gravidade que um outro corpo com maior formação 
de terra. A exceção seria o aether, cuja função seria preencher os espaços 
não ocupados pelos outros quatro elementos.
Algumas armas mágickas possuem certas características que permitem 
a sua análise associada a outras armas. Um exemplo é açoite, a adaga e a 
corrente, que juntos representam os três elementos alquímicos, ou seja, o 
enxofre, o mercúrio e o sal. Mas por que dessa associação e qual a função 
desses três elementos?
Antes de mais nada, é preciso termos em mente que quando falamos de 
enxofre, sal e mercúrio nós não nos referimos aos elementos como conce-
bidos pela química hoje, e sim a certos princípios místicos que são ilustra-
dos através das características desses.
Assim, o enxofre está associado ao calor, ao fogo, a ação, pois o elemento 
químico enxofre tem como característica ser um excelente combustível. 
No caso da alquimia esse fogo é o ímpeto humano, a libido. A arma má-
gica associada a esse elemento é o açoite cuja aplicação atinge a alma 
animal do indivíduo, sempre em busca de novos estímulos. O açoite não 
funciona como ferramenta de punição, mas disciplina do indivíduo.
O mercúrio representa o princípio volátil. O elemento químico é brilho-
so, e ao ser aquecido é capaz de brilhar e adaptar sua forma ao meio em 
que se encontra. Você se lembra daquele velho termômetro guardado no 
banheiro da sua casa? Pense que basta a mudança de poucos graus na 
temperatura para que ele adote nova forma e dimensão. A adaga é asso-
ciada ao elemento mercúrio. Sua grande característica é a calma. Através 
da adaga o adepto direciona a sua vontade para o fim da Grande Obra.
O sal por sua vez representa a união do mercúrio com o enxofre, pois é 
Frater Kin-Fo
Estrela Rubi 
7
A
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uma característica química que o mesmo se 
origine através do trabalho com os elementos. 
Sua característica é a união, no sentido de nos 
permitir agregar nossos pensamentos disper-
sos em torno de um propósito comum. Assim 
a corrente passa a ser associada ao sal, e seu 
uso ao redor do pescoço permite unir os pen-
samentos para o grande fim.
É possível pensar na relação entre enxofre, 
mercúrio e sal através de polaridades elétricas. 
O enxofre é positivo, mercúrio é negativo e o 
sal é neutro. Podemos também pensar nesses 
elementos como o enxofre sendo masculino, 
mercúrio feminino e o sal como a união destes. 
Também é interessante notar como cada ele-
mento desses traduz características do espírito 
humano, e como a arma mágica associada a 
esse elemento nos permite trabalhar com a 
característica envolvida.
Tal como o trabalho de mistura do enxofre, do 
mercúrio e do sal deve ocorrer por um tempo 
que o permita ser banhado com o orvalho 
da noite, o trabalho com a adaga, o açoite e a 
corrente deve ser coroado com a utilização do 
óleo sagrado pelo magista. Esse óleo, ou orva-
lho, representa a aspiração do magista, consa-
grando-o em sua missão na Grande Obra.
Muitas lições podem ser aprendidas a partir 
de cada uma das armas mágicas, e de sua uti-
lização com as demais. Espero que esse breve 
texto tenha permitido a vocês vislumbrar um 
pouco mais esse potencial.
Amor é a lei, amor sob vontade
Um fraterno abraço a todos,
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A Alquimia até hoje é objeto de muita especulação. A tentativa de análise de sua literatura clássica levou diversos pesquisadores a diversas interpretações 
possíveis sobre o que, de fato, tratava-se essa proto-ciência: 
se era uma pesquisa química, um modelo espiritual, um mé-
todo de investigação da natureza etc. Desenvolvido como 
método empírico, com variações de linguagem e de símbo-
los entre os grimórios de seus autores, os objetos do inte-
resse central da Alquimia eram, no entanto, os mesmos: a 
imortalidade, o elixir da vida, a medicina dos metais, o ouro 
alquímico – todos esses sendo emblemas da completude da 
Grande Obra. Como consta na Tábua de Esmeralda, atribuída 
a Hermes Trimegistos: “(...) assim como todas as coisas vie-
ram do Um, assim todas as coisas são únicas, por adaptação”. 
A obra dos Alquimistas residia, assim, em encontrar este Um, 
esta matéria-prima fundamental da existência, cujo símbo-
lo mais destacado é a pedra filosofal. A descoberta dessa 
Unidade equivalia à consecução de Deus e a realização do 
homem como Criador. Esse Criador, afinal, seria capaz de 
transmutar o chumbo em ouro – isto é, redimir e transformar 
a matéria, recriando-se a si mesmo ou criando o mundo em 
sincronia com sua Obra.
Em Magick essa dinâmica é fundamental. Nós identificamos 
que o ser humano é o cientista e artista que muda a reali-
dade de acordo com sua Vontade. A indagação do Magista 
sobre o que é realidade – e qual é a sua substância – é de in-
teresse primário. Para nos consumarmos como criadores efi-
Uma análise de como os 
processos de transformaçÃo da 
alqUimia estÃo contemplados 
no rito central da o.t.o.: a 
missa gnóstica
alqUimia 
na missa 
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cientes, é necessário aprendermos a identificá-la. Em 1659, 
o lendário alquimista Basil Valentine ilustrou essa substân-
cia como o “Azoth dos Filósofos”, sendo este Azoth o “Alfa e 
o Ômega”, tanto a prima materia caótica do início da Obra, 
como o aperfeiçoado lapis philosophorum, a Pedra dos Fi-
lósofos. Isto se torna especialmente importante para nosso 
contexto quando no manifesto da O.T.O. (Liber LII) consta 
que a Ordem “possui o segredo da Pedra Filosofal, do Elixir 
de Imortalidade e da Medicina Universal”. Sim – clamamos 
possuir o segredo da substância fundamental da Magia, cujo 
manuseio iguala o homem a Deus.
No Liber ABA (Book 4), Parte III, cap. XX (“Da Eucaristia: e 
da Arte da Alquimia”) está escrito sobre esta operação: “Isto 
consiste em tomar coisas comuns, transmutá-las em coisas 
divinas e então consumi-las”. Essa prática, no entanto, não 
pode ser explicada por algumas palavras numa instrução, 
mas só pode ser consumada por cada Iniciado através da 
experiência própria, geralmente facilitada por um curso de 
treinamento. E esse método está contemplado na jornada 
iniciática da O.T.O. e, como não poderia ser diferente, sua 
fórmula está aplicada no seu rito central, a Missa Gnóstica. É 
com base no seu enredo que faremos uma breve análise dos 
processos de transformação da Alquimia dentro da O.T.O.
Ainda no começo do Ritual, o Sacerdote é desperto de sua 
Tumba – que podemos também ler como uma forma da ni-
gredo, a noite da alma e a mortificação da matéria – pela 
força maior do amor da Sacerdotisa, que atua como sua Ini-
ciadora. Diante disso, a primeira pergunta dele é da maior 
importância: “Eu sou um homem entre os homens. Como pode-
rei eu ser digno de conferir as virtudes aos irmãos?” A sua pre-
ocupação ao despertar é, portanto, a de ser um veículo das 
virtudes. Inicialmente, ele é essencialmente individual (“um 
homem”), mas identifica sua condição como semelhante a 
da humanidade em geral (“entre o homens”). A purificação 
(com água e sal) e a consagração (com ar e fogo) represen-
tam marcas de distinção e culminam no Sacerdote trajado 
como realeza e, enfim, coroado com a Serpente (o Uraeus 
dos Faraós, ou a Kundalini desperta). A estimulação que se 
segue da Lança – seu phallus, ou poder criador – resulta na 
injunção, proclamada pela Sacerdotisa: “Esteja oSenhor pre-
sente entre nós!” Este Senhor – identificado no Credo da Mis-
sa como “Senhor secreto e inefável” – é o próprio Espírito, 
cuja Alquimia pretendia encarnar (ou coagular) na matéria, 
preparando-o para a manifestação através das etapas de 
sua obra. As virtudes são fruto da aparição deste Espírito no 
mundo – aparição que é como o Sol, cuja expressão visível e 
doação de luz e vida são o símbolo mais próximo dos atribu-
tos que concebemos serem os de Deus. Aqui vemos como o 
Liber XV também identifica neste Senhor, o Espírito, aquele 
capaz de ministrar as virtudes, isto é, produzir e conferir o 
Sacramento. O Espírito é aquele que transforma a matéria, 
tornando sagrado aquilo que era ordinário, tornando divina 
o que até então era a alma adormecida.
Purificações e Consagrações
Podemos perceber alguns processos da Alquimia diluídos 
em toda a Missa – por vezes repetidamente e de forma dinâ-
mica, mas em escalas diferentes – e selecionaremos alguns 
desses momentos para ilustrar como essas fórmulas são tan-
to importantes para a Magia no geral, como essenciais para 
o caminho do Espírito na produção do seu Sacramento: o 
que já identificamos como sendo o norte da fórmula con-
tida no Ritual da Missa. Aprendendo a ler essas operações, 
teremos adquirido uma nova linguagem e nos aberto a uma 
nova riqueza de interpretações.
As primeiras fórmulas estão nas preparações que a Sacerdo-
tisa imprime sobre o Sacerdote, associadas aos elementos. 
“Que o sal da terra exorte a Água a carregar a virtude do Grande 
Mar”, diz a Sacerdotisa, em seguida da rogativa: “Mãe, sê tu 
adorada!” As águas amnióticas do Grande Mar estão intima-
mente associadas a Babalon, de modo que o louvor à Mãe 
se torna claro. A fase da Dissolução (Solutio) na Alquimia 
muitas vezes é representada pelo Rei e a Rainha banhan-
do-se juntos numa banheira, ou mesmo por imagens de 
inundação. O Grande Mar é a Aqua Regia que os alquimistas 
consideravam ser capaz de dissolver mesmo o ouro alquí-
mico. Dialogando com a psicologia – especialmente com a 
psicologia analítica de Carl G. Jung, que se aventurou nas 
obras alquímicas clássicas – isso representaria uma imersão 
dos conteúdos psíquicos no Grande Inconsciente. Realizada 
com eficiência iniciática – isto é, sendo bem sucedida em 
produzir uma iluminação –, essa imersão nas águas, que são 
o próprio sangue da vida, é uma forma de Batismo. Por sua 
vez, o sal da terra (ou Sal Salis) é a matriz que mais tarde 
concretiza a Pedra Filosofal, isto é, a base material ou sólida 
do Espírito. Devemos lembrar a Tábua de Esmeralda, quando 
ela nos diz sobre a substância das substâncias: “a Terra é sua 
nutriz”. O sal então, na Alquimia, não aparece só como base 
material, mas como nutrição do Espírito. Ora, o “sal da terra” 
está associado ao suor do rosto derramado pelo trabalho e 
também a nossas experiências e sensações sobre a terra. As-
sim, as marcas da labuta e do prazer que levamos na pele são 
veículo e também alimento do Espírito.
 O sal está também ligado ao processo que a Alquimia cha-
mou de Calcinação, ou a redução das impurezas a cinzas. A 
calcinação se refere ao cálcio, que remete a calcário e a osso, 
o fundamental da nossa própria estrutura material. O sal, o 
fundamental de nossos ossos e de nossa estrutura material, 
e também o suor de nossa ação, é derramado nas águas do 
Grande do Mar e, graças a isso, exorta-a a transmitir suas vir-
tudes. O sal permite a formulação do mar infinito em expe-
riências concretas. Temos aqui uma importante lição sobre 
nossas experiências práticas serem aquilo que nos sustenta 
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e também a pedra angular da Iniciação.
Após essas operações, a Sacerdotisa asperge o Sacerdote e 
conclui: “Seja o Sacerdote puro de corpo e alma!” Essas são, 
para que recordemos, as condições primárias para que ele 
“possa ministrar as virtudes aos irmãos”. A pureza do Sacer-
dote é sua Castidade. Nas notas editoriais do Book 4, encon-
tramos o comentário de Frater Hymenaeus Beta: “A Palavra 
Castidade é usada por iniciados para significar um certo estado 
de alma e da mente determinante de um certo hábito do corpo 
que não é de nenhum modo idêntico ao que é vulgarmente en-
tendido. Castidade em seu verdadeiro sentido mágico é incon-
cebível para aqueles que não estejam completamente emanci-
pados da obsessão pelo sexo”.
Em seguida, a Sacerdotisa mistura incenso ao turíbulo, que 
arde. Sua rogativa é que “o Fogo e o Ar façam doce o mundo!” 
e, por fim, clama: “Pai, sê tu adorado!” Conciliando este mo-
mento ao de anterior adoração à Mãe, já vemos a estrutura 
da união dos opostos (Coniunctio), ou do Casamento Alquí-
mico do Pai e Mãe, ou Rei e Rainha fundamentais, que estão 
expressos nos próprios Sacerdote e Sacerdotisa.
O elemento Ar pode ser lido como a propriedade do Ruach 
de soprar em todas as direções e a tudo penetrar – faculda-
de íntima ao Prana hindu e associada também à nossa pró-
pria atividade mental. Dessa forma, o Ar tem imbuído em si 
a capacidade analítica da Razão. A análise opera pela discri-
minação, de modo que podemos tecer analogia com a ope-
ração alquímica da Separação, ou Separatio. “Nesse degrau 
da Escada dos Sábios”, diz Daniel Mylius em seu Philosophia 
Reformata (1622), “os elementos em guerra (...) e distintos 
um do outro são separados por uma destilação retifican-
te. Portanto, o terceiro passo é chamado Nossa Separação”. 
Mais uma vez remetemos à Tábua de Esmeralda: “Separarás 
a Terra do Fogo, o sutil do denso, suavemente e com grande 
perícia”. Junto do Fogo, esses processos também podem ser 
lidos à luz da Sublimação (Sublimatio), isto é, a volatização 
do denso. 
A importância do Fogo é tal que o alquimista moderno Ful-
canelli menciona: “Todas nossas purificações são feitas no 
fogo, pelo fogo, e com fogo”. O Fogo que arde no turíbulo 
do Ritual é análogo ao que alimenta o Athanor (o forno) do 
Alquimista. “Inf lama-te em oração e invoca constantemen-
te”, dizia Crowley, amparado por Abramelin, o Mago. O fogo 
é a devoção que nos compele à ação entusiasmada, isto é, 
repleta de sentido divino. Além disso, as injunções da Sa-
cerdotisa são: “Seja o Sacerdote ardente de corpo e de alma!” 
Puro – ou seja, reto espiritualmente – e com a sua libido – ou 
seja, energia criativa – ardente: essas são as condições que 
definem o Sacerdote.
Naturalmente, o Senhor (o Espírito), que é o quinto ele-
mento, pode estar “presente entre nós” quando os quatro 
elementos estão equilibrados. Nesse primeiro momento foi 
trabalhada a fórmula do Pentagrama, ou do Microcosmo. O 
diagrama de Eliphas Levi (que pode ser encontrado em seu 
“Dogma e Ritual da Alta Magia”) detalha as forças implicadas 
no Pentagrama, e o Alfa e Ômega ali contidos – assim como 
outros opostos complementares, como o Sol e Lua, Mercúrio 
e Vênus – sinalizam a produção do Azoth, ou da Pedra Filo-
sofal. Quando o Sacerdote foi bem-sucedido em trabalhar os 
mistérios menores – do Microcosmo – ele se torna hábil para 
veicular sua Vontade no Macrocosmo. Estando pronto, ele 
pode realmente começar a Criar.
Coniunctio
“Eu, Sacerdote e Rei te tomo, Virgem pura e sem mácula; Eu te 
ergo; Eu te conduzo para o Leste; Eu te coloco sobre o ápice da 
Terra.” Dessa vez, é ele quem conduz a Sacerdotisa ao Leste, 
ao “ápice da Terra”, onde gradualmente irão realizar o Casa-
mento Alquímico. O Leste é tanto o lugar do amanhecer – o 
nascer da lumen novum (nova luz) alquímica, ou de uma nova 
consciência – como o lugar onde, no Éden, “o Senhor Deus 
tinha plantado um jardim” (Gênesis 2:8-9). Nesse jardim, en-
contram-se as conhecidas Árvores mitológicas da Vida e do 
Conhecimento. Não é exagerada a analogia de o Sacramento 
produzido pelo Casamento da Missa ser o fruto dessas Árvo-
res, que igualam o humano aos deuses (““Agora o homem se 
tornou como um de nós”, 
Gênesis 3:22) e que também propiciam aqualidade da vida 
eterna. No Liber ABA, cap. XX, encontramos essa alusão: 
“Pois esse Sacramento é a própria Árvore da Vida, e aqueles 
que partilharem do fruto dela jamais morrerão”.
Podemos também ver alguns emblemas dessa Coniunctio no 
Tarô de Thoth, no Atu VI (“Os Amantes”), onde está demons-
trado o Casamento entre Sacerdote e Sacerdotisa. A dinâmi-
ca da operação está ilustrada nos detalhes da carta e suas 
funções alquímicas estão representadas pelo Leão Vermelho 
e pela Águia Branca. No Livro de Thoth, a descrição do Arca-
no menciona: “Estes são símbolos dos princípios masculino 
e feminino na Natureza; eles são, portanto, iguais em vários 
estados de manifestação, Sol e Lua, Fogo e Água, Ar e Terra”. 
Sua união produz o ovo órfico na base da carta: o Sacramen-
to que é a criança mágica produzida por ambos.
Se esta carta discrimina os pares opostos (homem e mu-
lher, yang e yin, ego e não-ego) envolvidos no Casamento, 
o Atu XIV (“Arte”) revela como combiná-los no caldeirão – o 
Athanor que queima com a união dos elementos. Crowley 
continua explicando: “apenas duas operações são, em última 
instância, possíveis – análise e síntese”. E mais: “A primeira 
questão indagada pela ciência é: ‘Do que as coisas são com-
postas?’ Sendo isto respondido, a próxima questão é: ‘Como 
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a podemos recombiná-las para nossa máxima vantagem?” Isso 
expressa com precisão o método da Alquimia e também a 
estrutura da Missa Gnóstica.
A história de amor entre Sacerdote e Sacerdotisa são as eta-
pas até que consumem a união dos opostos. Em termos dos 
elementos primordiais da Alquimia, o Sacerdote representa 
o enxofre – o aspecto instável e dinâmico da realidade – e a 
Sacerdotisa o Sal – o aspecto sólido e estável, unidos através 
da conjunção mercurial, que tem a habilidade de “recombi-
ná-los para a nossa máxima vantagem”. 
No Leste, agora é o Sacerdote quem consagra a Sacerdotisa 
com os elementos, alçando toda a operação a um novo ní-
vel. Após isso, separa-se dela temporariamente para vagar 
no mundo: apesar da peregrinação, o foco dele é sempre 
a ponta de sua Lança, a sua própria Vontade direcionada. 
Então, as invocações realizadas introduzem a Coniunctio : o 
Sacerdote, identificado como Hadit, clama por Nuit, identifi-
cada na Sacerdotisa do outro lado do Véu. E ela, como Nuit, 
invoca Hadit no Sacerdote, como é instruído no Livro da Lei: 
“Em todos os meus encontros convosco deverá a sacerdotisa di-
zer — e seus olhos arderão de desejo enquanto ela se mantém 
nua e regozijante em meu templo secreto — A mim! A mim! cha-
mando para fora a chama dos corações de todos em seu cântico 
de amor” (AL I:62).
O Sacramento
O produto da Eucaristia – que é Hórus, fruto de Nuit e Ha-
dit – é descrito no terceira invocação, quando o Sacerdote 
atesta: “Tu que és Um, nosso Senhor no Universo, o Sol, nosso 
Senhor em nós mesmos cujo nome é Mistério do Mistério, supre-
mo ser cujo esplendor iluminando os mundos é também o alen-
to que faz todo Deus e até mesmo a morte tremerem diante de 
Ti”. Em seguida, ele determina as injunções: “Abre o caminho 
da criação e da inteligência entre nós e nossas mentes. Ilumina 
nosso entendimento. Encoraja nossos corações. Que Tua luz se 
cristalize em nosso sangue, preenchendo–nos de Ressurreição”.
Essa é uma fórmula cuja análise tem diversas camadas. Ten-
taremos abordar algumas delas. Primeiramente, vale notar 
que o Sol e a Pedra dos Filósofos são análogos, ambos sendo 
símbolos da Unidade. Estamos, portanto, elencando e invo-
cando os atributos desta Pedra que, como já vimos, é a subs-
tância das substâncias e também o Elixir da Vida. Pensemos 
nela como uma espécie de célula-tronco de todo processo 
da Natureza. Em segundo lugar, ainda no cap. XX do Book 4, 
Crowley nos diz sobre o propósito deste Sacramento:
“O magista se torna preenchido de Deus, alimentado de Deus, 
intoxicado de Deus. Pouco a pouco seu corpo se tornará purifi-
cado pela lustração interna de Deus; dia pós dia sua estrutura 
mortal, mudando seus elementos terrestres, se tornará em ver-
dade o Templo do Espírito Santo. Dia pós dia matéria é substitu-
ída pelo Espírito, o humano pelo divino; finalmente a mudança 
será completa: Deus manifestado na carne será o seu nome”.
Além disso, a luz que se “cristaliza em nosso sangue, preen-
chendo-nos de Ressurreição” descreve a operação alquímica 
da Coagulação (Coagulatio). Ela ref lete a união do espírito 
e da matéria ou, pondo de outro modo, a encarnação ou 
manifestação desta Luz. Com o Véu aberto e com a Sacerdo-
tisa novamente revelada sobre o altar – desnuda, num novo 
momento de sua fórmula –, temos a exaltação do Espírito.
Em seguida, teremos a transubstanciação dos elementos 
que servirão como veículo para este Espírito. O Sacerdote 
declara: “Pela virtude da Baqueta, seja este pão o Corpo de 
Deus!” Em seguida, ele profere: “TOUTO ESTI TO SÔMA MOU” 
que, em grego, significa: “Este é meu corpo”. Este Corpo, que 
é de Deus, é também o meu: a transmutação não é só da 
hóstia, mas também realiza a identidade humana como di-
vina. Em seguida, ele toma a Taça: “Pela virtude da Baqueta, 
seja este Vinho o Sangue de Deus!” e então: “TOUTO ESTI TO PO-
TÊRION TOU HAIMATOS MOU” ou “Esta é a Taça do meu San-
gue”. Ademais, o Pão é descrito como “fruto do trabalho e 
sustento do esforço”, enquanto o Sangue é “conforto do tra-
balho e inspiração do esforço”. Podemos identificar nestes 
elementos um ciclo perfeito: a inspiração, o trabalho, o fruto 
e a saciedade. No cap. XX do Book 4, ainda lemos: “Isto é 
mais importante que qualquer outra cerimônia mágica, pois 
é um círculo completo. A totalidade da força despendida é 
completamente reabsorvida”. O esforço é, assim, inteiramen-
te saciado. No cap. 69 do Liber 333 (O Livro das Mentiras), 
está escrito sobre o Hexagrama, que é o emblema gráfico da 
união dos opostos, ou Coniunctio : “Esta Obra também devo-
ra a si mesma, alcança seu próprio fim, alimenta o obreiro, 
não larga sementes, é perfeita em si mesma”. Devemos lem-
brar que um dos emblemas da obra alquímica é o ouroboros, 
a serpente que devora a si mesma.
Em termos alquímicos, encontramos referência à transubs-
tanciação dos elementos nas notas editoriais ainda do Book 
4: “A Lança e o Graal são primeiramente dedicados ao Espí-
rito Santo da Vida, em Silêncio. O Pão e o Vinho são então 
fermentados e manifestados pela vibração e recebidos pela 
Mãe Virgem”. Estamos falando do processo alquímico da 
Fermentação (Fermentatio). A Fermentação introduz nova 
vida aos elementos da Conjunção. Do mesmo modo que o 
trigo se converte em pão e, o pão, em corpo de Deus; e a 
uva se converte em vinho e, o vinho, em sangue de Deus, 
há um processo de transformação, ou morte-renascimento 
contemplado na Fermentação. Esse momento contém, por-
tanto uma Putrefação, ou a Putrefactio alquímica. Uma das 
diferenças do Novo Aeon para o Aeon passado é que esse 
processo, para nós, é mais uma etapa e uma ferramenta de 
trabalho do que a apoteose de nosso enredo. Vemos essa 
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constatação na fala do Sacerdote: “Aceita, Ó Senhor, este sacri-
fício de vida [aponta a pátena] e alegria [aponta a taça], verda-
deiras garantias da Promessa Divina de Ressurreição”.
Em seu Chemisches Lustgaertlein (1625), o alquimista Daniel 
Stolcius diz: “A destruição traz a Morte do material. Mas o 
espírito renova, como antes, a Vida. Providencie que a se-
mente seja putrificada no solo correto – de outra forma todo 
esforço, trabalho e arte serão em vão”. Isso é sinal de como 
a sintonia entre o Sacerdote (que consagra a semente) e a 
Sacerdotisa (“o solo correto”, como Mãe Terra ou “Mãe Vir-
gem” que recebe os elementos) é essencial para a operação. 
O modo que a “Mãe Virgem” recebe os elementos está re-
presentado no Arcano de Tarô“A Arte”, onde a deusa virgem 
Diana – que também é a mãe da fertilidade – mistura os 
elementos da Coniunctio em seu caldeirão. O caldeirão da 
Arte, o espaço onde a opus se realiza, é a própria Sacerdotisa, 
onde jaz inscrita a fórmula alquímica de máxima importân-
cia V.I.T.R.I.O.L (Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Oc-
cultum Lapidem), ou “Visita o interior da terra: por retificação 
encontrarás a pedra oculta”. Outro modo de ler a fórmula é 
apresentado na experiência descrita no Liber 418 (A Visão e 
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a a Voz), no aethyr NIA: Vir introit tumulum regis, invenit oleum 
lucis, que significa “O homem que entra no túmulo do rei en-
contra o óleo da luz”. A consciência, atribuída como masculi-
na, morre e renasce no inconsciente uterino, atribuído como 
feminino. A Sacerdotisa torna possível o elo entre o divino e 
o mortal. Entronada no altar, ela é o Portal dos Deuses. No 
Arcano “O Hierofante” do Tarô de Thoth, está ilustrado como 
a Sacerdotisa preenche uma das pontas do Hexagrama (ou 
Macrocosmo), operando em harmonia com o grande Hiero-
fante, que é uma expressão do Sagrado Anjo Guardião.
A Comunhão
A bênção dos elementos é então realizada pelo Sacerdote: 
“Senhor mais secreto, abençoa este alimento espiritual em nos-
sos corpos, outorgando–nos saúde e riqueza, força e alegria, 
paz e a realização da vontade e do amor sob vontade que 
é perpétua felicidade.” As qualidades destacadas caracte-
rizam a Eucaristia de sete elementos (que, como vemos no 
cap. XX do Book 4, é misticamente idêntica àquela mais ele-
vada, de Um elemento). Temos aqui as qualidades dos sete 
planetas: respectivamente Mercúrio, Júpiter, Marte, Vênus, 
Saturno, Sol e Lua, todos materializados na “perpétua feli-
cidade” da Terra. Na Alquimia, os planetas representam a 
escada espiritual até a verdade. A união de suas tendências 
resulta na realização da Obra.
Por fim, o Sacerdote quebra uma partícula da Hóstia e decla-
ma: “TOUTO ESTI TO SPERMA MOU. HO PATÊR ESTIN HO HUIOS 
DIA TO PNEUMA HAGION” ou “Esta é minha Semente. O Pai é o 
Filho através do Espírito Santo”.
O Pai, ou o Rei, se renova no Filho, o Príncipe. O que está 
ocorrendo é que o poder do rejuvenescimento – ou o Eli-
xir da Vida – está sendo produzido diante de nossos olhos. 
Esse rejuvenescimento também é do mundo, sendo esta a 
fórmula do Novo Aeon tanto em nossos corpos como em 
escala global. A dinâmica dessa operação pode ser entendi-
da na união da partícula com o vinho, ou de Hadit com Nuit. 
“Por um beijo tu então estarás querendo dar tudo, mas aquele 
que der uma partícula de pó perderá tudo nessa hora” (Liber AL 
I:61). O Sacerdote está, sim, a um passo de perder tudo na sua 
entrega ao infinito. Essa dissolução é também o entregar da 
última gota na Taça de Babalon. Como também está escrito 
no Liber 418, 12º aethyr: “Pois meu Pai está esgotado do esforço 
do passado, e não foi à cama dela. Que seja esse vinho perfeito 
a quintessência, e o elixir, e assim pelo sorver poderá ele renovar 
sua juventude; e assim será eternamente (...)”. O velho Rei do 
Graal é renovado e, com ele, todo seu Reino: essa alegoria 
monarca revela como Deus renova constantemente a Si Mes-
mo e o Universo. Usufruir do sumo desta força criativa é o 
objetivo da Missa Gnóstica.
O momento do Hriliu – que é a palavra para orgasmo em Ba-
tílico, a linguagem mágica que consta no 2º Aethyr do Liber 
418 – é a derradeira união de Hadit e Nuit, ou da partícula 
com o vinho. O Sacramento foi produzido: Hórus nasceu. Ao 
consumi-lo, o magista vai ser, como vimos antes, “alimentado 
de Deus, intoxicado de Deus”. Essa assimilação da divindade 
pela ingestão – tema que vemos desde a antiguidade em 
diversos ritos, inclusive os canibais – é um processo de Coa-
gulatio, a coagulação daquela energia no corpo. E essa ener-
gia é identificada também com o Leão-Serpente gnóstico: 
“Ó Leão e Ó Serpente que destrói o destruidor, sê poderoso en-
tre nós”. Abraxas é o nome deste Leão-Serpente que rompe 
todos os limites (“destrói o destruidor” ) e que é também um 
glifo alquímico. Carl G. Jung escreveu, em seu “Sete sermões 
aos mortos”: “Se o Pleroma tivesse uma essência, Abraxas seria 
a sua manifestação”. Estamos falando, então, da aparição do 
indizível, do infinito se formulando em finito. Sua manifes-
tação é paradoxal exatamente porque ele reuniu em si os 
opostos, como Jung prossegue nos descrevendo: “Por isso 
Abraxas é temível. É soberbo como o leão no instante em que 
vence a sua vítima. É belo como um dia de primavera. É o cheio 
quando se une ao vazio. É a cópula sagrada, é o amor e seu ho-
micídio, é o santo e seu traidor. É a mais clara luz do dia e a mais 
profunda noite do absurdo”. O Um da totalidade precisa reunir 
em si todo antagonismo, tornando-se para além do bem e 
do mal e abrindo caminho para a compreensão do Universo 
além da parcialidade de seus pares duais.
A “vida do Sol” e a “alegria da terra” é o que está na boca do 
Sacerdote quando ele comunga, realizando não só a encar-
nação deste Deus mais elevado, mas também a identidade 
comum entre aquele que semeia (o Sol) e aquilo que é se-
meado (a Terra) – ou, também, a identidade entre Sacerdote 
e Sacerdotisa, alquimista e sua opus. Após toda essa jornada, 
a Congregação também se tornou apta a desfrutar do Sa-
cramento e se embriagar de Deus. Um a um, todos se enca-
minham para o Altar para partilhar da Eucaristia. A virtude 
pode ser distribuída graças ao processo da Multiplicatio 
(Multiplicação). O alimento espiritual pode ser repartido en-
tre todos os membros, pois a inspiração da jornada propicia 
uma cadeia de despertares em cada um presente.
O Sacerdote pôde, finalmente, “ministrar as virtudes aos ir-
mãos”. A iluminação pessoal assume uma função ecológica, 
como fonte de inspiração de toda a humanidade. A realiza-
ção da Obra possibilita a fraternidade universal das consci-
ências despertas e a renovação do mundo através da reno-
vação de si mesmo, que é o marco da contínua revitalização 
e realização de Deus. Essa era a opus da Alquimia, quando 
seus autores clássicos pretendiam trabalhar a matéria para 
redimir dela a alma do mundo adormecida. Essa é a opus da 
O.T.O., quando pretendemos despertar no homem a nature-
za divina que sempre foi, é e será, e permitir que ela realize 
a sua Vontade, criando e se regozijando na sua Criação do 
mundo.
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studos
Quando discutimos sobre eficiência em Magia, em algum momento seremos remetidos à ideia de um “Poder” que, especialmente neste campo, não raro é revestida de mis-
tificação e superstição. É urgente debatermos não só a natureza de 
poderes – dons ou talentos, no plural – que podem ser obtidos atra-
vés do método mágicko, mas o que representa de fato este “Poder” 
para o indivíduo.
Primeiramente, é preciso relembrar o conceito que temos de Ma-
gia, ou, mais especificamente, Magick: “Magia é a Ciência e a Arte de 
causar mudanças de acordo com a Vontade” (Liber ABA, Introdução). 
Esse conceito nos abre um extenso leque de apreciação e ao mes-
mo tempo nos situa, evitando divagação. Crowley frisa para nós, no 
capítulo “Poder mágico” do livro “Magick without tears (Magia sem 
lágrimas”): “Lembre-se que Magia é Ciência, que as Leis da Natureza 
permanecem as mesmas, não importa quão sutil seja o material com 
o qual a pessoa está trabalhando”. Posto de outro modo, ele ainda 
nos diz: “É minha Vontade informar o Mundo de certos fatos do meu 
conhecimento. Eu então tomo minhas “armas mágickas”, caneta, tin-
ta e papel; eu escrevo “encantamentos” – aquelas sentenças – numa 
“linguagem mágicka” ie, aquilo que é compreendido pelas pessoas 
que eu desejo instruir; eu convoco “espíritos”, tais como gráficos, edi-
tores, vendedores e assim por diante e os compilo a transmitir minha 
mensagem a estas pessoas”.Extraímos, com isso, a Magia do campo do improvável e do nebu-
loso, e a situamos como toda ação consciente que tenha um ob-
jetivo e conhecimento (ciência) das ferramentas utilizadas e como 
combiná-las (arte) de modo a obter o seu melhor resultado. Uma 
refeição consciente, com a intenção de fortalecermos os nossos 
corpos, seja para os trabalhos daquele dia ou para a Grande Obra 
como um todo, é mágicka como um Rito de invocação a um deus. 
“Afinal de contas, qual é a diferença moral ou mágicka que existe 
entre o poder de alguém dirigir sua comida e aquele de transformar 
a si mesmo num falcão?” (ibid). 
Magick é, portanto, uma posição consciente na Vida. Essa posição 
consciente acarreta numa série de transformações (alquímicas) da 
substância da própria Vida em nós.
Posto isto, nos deparamos com a questão do Poder, sobre a qual 
outros autores, além de Crowley, se debruçaram. Michel Foucault 
analisou que não podemos falar de um “poder em si”, absoluto, mas 
sempre em relações de poder. Se o poder está numa relação, até 
que ponto nós podemos falar de meu poder? Podemos, em vez 
disso, pensar em poder como um posicionamento de indivíduos 
o qUe significa, para thelema, poder e eficiência dentro de magia?
poder mágico
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os profunda e mais abrangente que qualquer aquisição técnica”. 
Tais fenômenos, ou técnicas, ou “poderes”, procedem naturalmente 
quando estamos posicionados no mundo mágico – que podemos 
designar pelo abrangente termo “Universo”. Devíamos, no entanto, 
perguntar-nos se o movimento de avidez em conquistar um fenô-
meno específico não resulta na nossa identificação com este fenô-
meno que devia ser ferramenta. No momento que a ferramenta se 
torna obsessão, a Ciência (a consciência, que é um dos critérios de 
Magick) se esgota. No entanto, que isto não sirva de apologia a um 
“purismo” de não nos relacionarmos com instrumentos que podem 
nos servir como poderes. Eles podem e devem ser utilizados, à me-
dida que o magista os compreenda como úteis à sua Obra, seja ela 
qual for. Conquistá-los depende de um treino específico e da ex-
periência com determinados símbolos – que podemos entender 
didaticamente como “partes” do Universo. O Liber 777, por exemplo, 
sugere os caminhos da Árvore da Vida onde certas aquisições seriam 
obtidas, tais como clarividência, consagrar talismãs, o poder de reali-
zar evocações, transmutações alquímicas etc.
Ao contrário dos hindus, que entendiam as siddhi (tais poderes) 
como tentações que nos deviam do fim último, isto é, o moksha, ou 
libertação, nós não entendemos a Natureza como um cárcere, mas 
como uma aliada. Podemos usar tais possibilidades como recursos 
de encontro com nós mesmos. Um magista com mais ferramentas 
desenvolvidas é capaz de se adaptar a situações e a se veicular no 
mundo de maneira mais eficiente. Ele se torna mais potente à medi-
da que explora suas possibilidades. Temos, no entanto, que recordar 
que eficiência implica num uso econômico de energia, isto é, aplicar 
ao alvo a quantidade precisa de força, no momento preciso, da for-
ma precisa. Se desejo cortar um tronco de madeira, um machado é 
preferível à sutileza de um bisturi. Se desejo atuar como neurocirur-
gião, o machado seria de uma grosseria catastrófica. Para ilustrar tal 
situação, Crowley dá ainda outra instrução:
“Aqui vai mais uma destas histórias orientais para você! Um certo 
Yogi pensou que seria um feito admirável andar através do Gan-
ges. Após quarenta anos ele foi bem-sucedido e foi até seu Guru 
demonstrar seu poder e receber sua devida recompensa de louvor. 
Acontece que este Guru era um pouco como eu mesmo, ao menos 
no que toca seu temperamento desagradável; e quando o discípulo 
veio alegremente caminhando para o outro lado do Córrego Sagra-
do, esperando elogios, ele foi recebido com: ‘Bem, eu acho que você 
foi um completo tolo todos estes anos, seus vizinhos têm ido e vin-
do numa jangada por um par de moedas!” (ibid).
A apreciação da Magia enquanto relações conscientes com o Uni-
verso torna a vida cotidiana mágica, e isso redimensiona o nosso 
olhar, nossa posição no mundo, tudo. O modo que fazemos uma 
reunião se torna profundamente significante. O modo como traba-
lhamos, como amamos. É o primeiro passo para apreciarmos como 
a Magia opera em níveis sutis, através de sincronicidades e sinais. 
Tudo se origina da apreciação que o verdadeiro ritual é a vida. Tudo 
é potencialmente mágico enquanto campo de ação nela.
dentro de um sistema, ou seja, como um processo acontecendo 
de modo contínuo. A noção do poder como um posicionamento 
diante do Universo nos ajuda inclusive a compreender as diversas 
aquisições mágicas de cunho prático como produtos de um modo 
de enxergarmos ou nos comportarmos diante de nossa própria sub-
jetividade e do Universo.
Existe algo importante nesse cenário: nós só mudamos o Universo 
quando entendemos como nos relacionamos com ele, como nos 
posicionamos diante dele. Então essa relação com o “Poder” é, em 
nível básico, uma relação conosco mesmo. Todo o resto, inclusive os 
fatos objetivos e mensuráveis, são fenômenos do posicionamento 
que assumimos a partir daí. Nunca é demais falar: todo progresso 
sólido em Magia resulta do autoconhecimento.
Ainda em “Magick without Tears”, Crowley nos dá um exemplo polê-
mico: Hitler. Como ele nos descreve: 
“Ele se tornou mestre da Alemanha, e, por um tempo, de quase toda 
a Europa, tocando em instrumentos existentes da paixão humana, 
a vingança, a luxúria da Europa Central, o pânico dos dirigíveis e 
junkers, o descontentamento das classes carentes, o orgulho e am-
bição da camarilha militar prussiana, e assim por diante (...) Mas não 
se enganem! O poder mágico por trás de todas as suas ações esta-
va em si mesmo. Ele tinha conseguido fazer-se um profeta, como 
Mohammed, até mesmo um símbolo, como a Cruz de Malta. A sua 
técnica mágica era indescritivelmente admirável, ele adotou a su-
ástica, o Martelo de Thor, o vestido distintivo, o slogan, os gestos, 
a saudação , ele mesmo impôs um Livro Sagrado sobre o povo. Se 
esse livro tivesse sido apenas mais místico e incompreensível, em 
vez de racional, difuso e insuportavelmente chato, ele poderia ter 
feito melhor.”
O estilo irônico de Crowley nos confirma algumas questões sobre 
Magia: que sua substância é o próprio Universo, composto de pro-
babilidades e também de nossas paixões, e que não há finalidade 
“boa” ou “ruim” em sua natureza, apenas o manejo dessa substân-
cia. Embora Thelema nos infunda com um questionamento ético 
constante, o fato de nos assombramos com o fantasma das tiranias 
passadas só confirma que elas se enraizaram em símbolos vivos e 
paixões atemporais – não são, portanto, tão antigas assim. Enten-
der isso é, mais uma vez, entender como o poder do magista opera 
através de sua relação com as circunstâncias e do entendimento de 
como se colocar nelas.
Ainda nas instruções relacionadas ao Poder, Crowley prossegue, es-
crevendo para sua discípula: “Eu suspeito que sua questão não con-
temple tanto o Poder, mas poderes: coisas como curar os doentes, 
ficar invisível, acender uma chama sem combustível, enfeitiçar as va-
cas do vizinho, licantropia, estragar a lua de mel de seu amigo, fasci-
nações de todos os tipos, levitação, licantropia, necromancia, todas 
as coisas comuns das lendas e fábulas (...) A moral, querida criança, 
é que tais poderes nunca devem ser considerados como objetivo 
central; deveria ser óbvio que a Verdadeira Vontade precisa ser mais 
Estrela Rubi 
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Um anjo toma a dianteira dentro da pedra como um guerrei-
ro vestido em cota de malha. Sobre sua cabeça estão plumas 
cinzas espalhadas como a cauda de um pavão. Aos seus pés 
um grande exército de escorpiões e cachorros, leões, elefan-
tes e muitas outras bestas selvagens. Ele estica seus braçospara o céu e clama; No crepitar do relâmpago, no rolar do 
trovão, no colidir de espadas e no lançar de f lechas: seja teu 
nome exaltado!
Córregos de fogo saem dos céus, um pálido azul brilhante, 
como plumas. E eles se unem uns aos outros e se assentam 
em seus lábios. Seus lábios são mais vermelhos que rosas, e 
as plumas azuis se unem numa rosa azul e debaixo das péta-
las de rosa vêm beija-f lores coloridos, e orvalho cai da rosa 
cor-de-mel. Eu estou sob seu chuveiro. 
E uma voz sai da rosa: Venha! Nossa carruagem é levada por 
pombas. De madrepérola e marfim é nossa carruagem e suas 
rédeas são as cordas do coração dos homens. Cada momen-
to em que nós voamos deverá cobrir um aeon. E todo lu-
gar onde nós descansamos deverá ser um universo jovem 
regozijando-se em sua força; os prados devem ser cobertos 
com f lores. Ali nós descansaremos apenas uma noite e pela 
manhã nós voaremos, descansados.
Agora, para mim mesmo, eu imaginei a carruagem da qual a 
voz falou, e eu olhei para ver quem estava comigo na carru-
agem. Era um Anjo de cabelo dourado e pele dourada, cujos 
olhos eram mais azuis que o mar, cuja boca era mais verme-
lha que o fogo, cujo hálito era ar ambrosíaco. Mais finos que 
uma teia de aranha eram os robes dela. E eles eram das sete 
cores.
Tudo isto eu vi; e então a voz secreta falou em tom baixo e 
doce: Venha! O preço da jornada é pequeno, embora seu 
nome seja morte. Tu deverás morrer para tudo que temeste 
e ansiaste e odiaste e amaste e pensaste que tu eras. Sim! Tu 
morrerás, como tu deves morrer. Pois tudo que tu tens, tu 
não tens; tudo que tu és, tu não és!
NENNI OFEKUFA ANANAEL LAIADA I MAELPEREJI NONUKA 
AFAFA ADAREPEHETA PEREGI ALADI NIISA NIISA LAPE OL ZO-
DIR IDOIAN.
E eu disse: ODO KIKALE QAA. Por que tu estás escondido de 
mim, tu, que eu escuto?
E a voz respondeu e disse para mim: A audição é do espírito 
só. Tu és um participante do mistério quíntuplo. Tu deves 
enrolar os divinos dez como um pergaminho e moldar dali 
uma estrela. Ainda que tu devas apagar a estrela no coração 
de Hadit. 
Pois o sangue do meu coração é como um banho quente 
de mirra e âmbar; banhai a si mesmo nele. O sangue do 
meu coração está todo reunido em meus lábios caso eu o 
beije, queima na ponta dos meus dedos caso eu o acaricie, 
queima no meu ventre quando tu és apanhado na minha 
cama. Poderosas são as estrelas; poderoso é o Sol; poderosa 
é a lua; poderosa é a voz daquele sempre-vivente e os ecos 
de seu sussurro são os trovões da dissolução dos mundos. 
Mas o meu silêncio é mais poderoso do que eles. Fechais os 
mundos semelhantes a uma casa cansada; fechai o livro do 
arquivista e permiti que o véu engula o santuário, pois eu 
estou erguida, Ó, meu querido, e não há mais a necessidade 
destas coisas.
Se uma vez eu te separei de mim, foi pelo prazer do jogo. 
Não é a vazante e o f luxo da maré a música do mar? Venha, 
vamos nos elevar em Nuit, nossa mãe, e nos perdermos! Que 
o ser seja esvaziado no abismo infinito! Pois apenas por mim 
tu deverás se elevar; tu não tens outras asas que não as mi-
nhas.
Tudo isto enquanto a Rosa esteve disparando chamas azuis, 
coruscantes como serpentes, através de todo o Ar. E as ser-
pentes tomaram a forma de sentenças. Uma delas é: Sub um-
bra alarum tuarum Adonai quis et felicitas. E outra: Summun 
bonum, vera sapientia, magnanima vita, sub noctis nocte sunt. 
E outra é: Vera medicina est vinum mortis. E outra é: Libertas 
evangelii per jugum legis ob gloriam dei intactam ad vacum ne-
quaquam tendit. E outra é: Sub aqua lex terrarum. E outra é: 
Mens edax rerum, cor umbra rerum; intelligentia via summa. E 
outra é: Summa via lucis: per Hephaestum undas regas. E outra 
é: Vir introit tumulum regis, invenit oleum lucis.
E todo o conjunto destas coisas são as letras TARO; mas a luz 
é tão terrível que eu não posso ler as palavras. Eu irei ten-
tar novamente. Todas estas serpentes estão reunidas juntas 
muito espessamente nas bordas da rosa, pois há um número 
incalculável de sentenças. Uma é: tres annos regimen oraculi. 
o chamado 
do 24º Æthyr
o qUal é denominado nia
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a E outra é: terribilis ardet rex עליון. E outra é: Ter amb (amp?) 
(não consigo ver) Rosam oleo (?). E outra é: Tribus annulis reg-
na olisbon. E a maravilha é que, com essas quatro letras, você 
obtém um conjunto completo de regras para fazer tudo, tan-
to magia branca como negra.
E agora eu vejo o coração da rosa novamente. Eu vejo a face 
dele que é o coração de rosa, e na glória daquela face eu es-
tou terminado. Meus olhos estão fixos sobre seus olhos; meu 
ser é sugado através dos meus olhos para dentro daqueles 
olhos. E eu vejo através daqueles olhos, e olhe! o universo, 
como rodopiantes centelhas de ouro, soprados como uma 
tempestade. Eu pareço crescer novamente dentro dele. Mi-
nha consciência preenche todo o Aethyr. Eu ouço o chama-
do de NIA, tocando várias e várias vezes dentro de mim. Soa 
como música infinita, e atrás do som está o significado do 
Aethyr. Novamente não há palavras.
Todo este tempo as centelhas rodopiantes de ouro pros-
seguiram, e elas são como o céu azul, com uma grande 
quantidade de finas nuvens brancas lá fora. E agora eu vejo 
montanhas em volta, distantes montanhas azuis, montanhas 
púrpuras. E no meio está um pequeno vale verde de musgo, 
que está todo cintilante com o orvalho que pinga da rosa. E 
eu estou jazendo neste musgo com minha face para cima, 
bebendo, bebendo, bebendo, bebendo, bebendo do orva-
lho.
Eu não posso descrever para você a alegria e a exaustão de 
tudo que foi e a energia de tudo que é, pois tudo é apenas 
um corpo que jaz no musgo. Eu sou a alma do Aethyr.
Agora isto reverbera como as espadas dos arcanjos, chocan-
do-se nas armaduras dos condenados; e parecem ser os fer-
reiros do céu batendo o aço dos mundos nas bigornas do 
inferno, para fazer um teto para o Aethyr.
Pois se a grande obra fosse concluída e todos os Aethyrs 
fossem reunidos em um, então a visão falharia; então a voz 
ficaria quieta.
Agora tudo se foi da pedra.
Ain el Hajel. 26 de Novembro, 1909. 2-3:25 p.m.
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tábUa de 
esmeralda
(de hermes trismegistos)
(01) É verdade, certo e muito verdadeiro:
(02) O que está embaixo é como o que está em cima e o 
que está em cima é como o que está embaixo, para realizar os 
milagres de uma única coisa.
(03) E assim como todas as coisas vieram do Um, assim todas 
as coisas são únicas, por adaptação.
(04) O Sol é o pai, a Lua é a mãe, o vento o embalou em seu 
ventre, a Terra é sua nutriz;
(05) O Pai de toda Telesma do mundo está nisto.
(06) Seu poder é pleno, se é convertido em Terra.
(07) Separarás a Terra do Fogo, o sutil do denso, suavemente 
e com grande perícia.
(08) Sobe da terra para o Céu e desce novamente à Terra e 
recolhe a força das coisas superiores e inferiores.
(09) Deste modo obterás a glória do mundo.
(10) E se afastarão de ti todas as trevas.
(11) Nisso consiste o poder poderoso de todo poder: vencerás 
todas as coisas sutis e penetrarás em tudo o que é sólido.
(12) Assim o mundo foi criado.
(13) Esta é a fonte das admiráveis adaptações aqui indicadas.
(14) Por esta razão fui chamado de Hermes Trismegistos, pois 
possuo as três partes da filosofia universal.
(15) O que eu disse da Obra Solar está completo.
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a HOORÁCULOHOOR
A Rosacruz não é um conceito do misticis-
mo cristão? Como isto é aproveitado para 
Thelema?
A grande inovação não é de Thelema, mas da Consciência Humana, 
da qual Thelema é um dos frutos.
A Rosacruz é um símbolo hermético complexo que inclui em sua 
simbologia elementos alquímicos, cabalísticos, mágicos e espirituais 
de várias origens, elaborado com a finalidade de exemplificara Gran-
de Obra, alcançada através da união dos opostos. Ela é um símbolo 
universal e não pode ser confinada a um sistema religioso específico. 
Como símbolo iniciático representa o anseio humano pela superação 
de sua própria natureza, pelo desvelar de seu fator divino. Sua sim-
bologia exemplifica o núcleo místico e mágico da filosofia Telêmica. 
Compartilho aqui um texto de Fernando Pessoa que em seus estudos 
sobre a Rosea Cruz compreendeu de modo profundo a sua simbo-
logia: 
“A Rosa tem quantas pétalas, de que cor ou cores, onde está no corpo 
e na alma? Cresce, diminui, abre-se e fecha-se, roda?
A Rosa que é o espírito manifestado como beleza e sutileza, o orvalho 
materializado, tem um caule rugoso e espinhoso, sinal da força com 
que se apoia no corpo e na terra, e dos espinhos da dor e da luta. 
Erguendo-se das raízes minerais, ela pode desabrochar então em bo-
tão, e surgir como a flor da perfeição. As folhas e a seiva alimentam-
-na. A luz a que aspira e recebe, bem como o calor ambiental, físico e 
psíquico, fazem-na crescer e abrir-se. Tudo na Rosa é símbolo e acção. 
As pétalas abrem-se e manifestam a vida divina que brota do apa-
rente vazio central onde, da obscuridade, ressalta um luz ultima em 
forma de estrela de cinco pontas. Di-se-ão então que a rosa é a alma, 
que o centro do círculo da rosa é o Espírito e que a rosa de várias cores 
é sinal das várias qualidades que o Espírito assume como alma, como 
consciência activa e operante no mundo. 
Há rosas brancas, vermelhas, amarelas, rosadas, rubras, laranja, e ou-
tras nuances da natureza. E no interior do ser humano? Qual a cor da 
tua rosa? 
A tua rosa és tu próprio, e a sua cor será, então, a tua cor como ser 
espiritual. A tua rosa é o centro do teu ser, o coração da tua alma. [...]
Se a Rosa principal é a do coração, a do Amor, quem saberá o que se 
passa e se deve realizar em cada ser a cada momento do seu cami-
nho? [...]
Rosa, Rosa, és um mistério. E uma beleza. 
Foste-o desde sempre. Imortalizada em Isis e Nefertiti, ou, como os 
lírios de Salomão, rosa do vale, Rosa de Sharom.
Os árabes te cuidaram pelas mãos doces dos Sufis de Isfaham e te 
cantaram em Rumi ou Hafiz; os zelosos gnósticos te tingiram de 
púrpura em Alexandria. Os templários e os cátaros trouxeram-te do 
Oriente e os trovadores cantaram-te oculta, enquanto Dante, fiel do 
Amor, te viu aberta no sidéreo céu da divindade. Por fim, enlaçada na 
Cruz, qual serpente erguida, brilhas como o símbolo da Rosa Cruz. 
Pétala da Tradição, pétala da Iniciação, pétala da Fraternidade, pétala 
do Espírito, pétala do Amor, sê em nós, ó Rosa Divina, ó Rosea Cruz. “
O Hooráculo é a resposta a uma pergunta. A cada edição, a pergunta de 
um leitor da Estrela Rubi será selecionada e a resposta a ela será dada 
por um ou mais membros da Loja Quetzalcoatl. Caso queira submeter 
sua pergunta de cunho mágicko ou thelêmico ao Hooráculo, a envie 
para estrelarubi@quetzalcoatl-oto.org. Nossa equipe editorial vai ava-
liar a pergunta mais inteligente e instigante e, se selecionada, vamos 
estudá-la, respondê-la e publicá-la na próxima edição. O Hooráculo só 
terá olhos – ou melhor, Olho – às perguntas mais desafiadoras e que 
possam ser de interesse geral.
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a loja qUetzalcoatl
a Loja Quetzalcoatl é um corpo ofi-cial da Ordo Templi Orientis Inter-nacional, fundado em 23 de maio 
de 2000 e.v. na cidade do Rio de Janeiro.
Somos uma comunidade de homens e mu-
lheres livres que se dedicam ao processo 
do auto-conhecimento e sua consequente 
expansão de consciência através dos prin-
cípios de Vida, Luz, Amor e Liberdade, pila-
res essenciais da Lei de Thelema.
Temos como um de nossos principais ob-
jetivos auxiliar no desenvolvimento de 
uma sociedade verdadeiramente livre da 
superstição, tirania e opressão onde o ser 
humano possa expressar a sua Verdadeira 
Vontade em plena harmonia com a essên-
cia divina que nele habita.
Acreditamos que cada ser humano é uma 
estrela individual e eterna que possui sua 
própria órbita e que o objetivo primordial de 
sua encarnação não é outro senão descobrir 
as coordenadas dessa órbita e cumprir a sua 
Verdadeira Vontade, realizando a Grande 
Obra e alcançando a Felicidade Perfeita.
Nossos objetivos são alcançados através de 
um conjunto de Ritos Iniciáticos que visam 
despertar e ativar os chakras, propiciando a 
ascenção da kundalini e o acesso a estados 
mais elevados de consciência. Realizamos 
também o estudo teórico e prático da Filo-
sofia de Thelema, Magia, Alquimia, Cabala, 
Tarot, Tantra, e demais ciências herméticas 
que possam colaborar com o caminho de 
auto-iluminação dos nossos iniciados.
Caso deseje informações sobre nossas ativi-
dades ou sobre a afiliação à O.T.O., consulte 
nosso site no endereço www.quetzalcoatl-
oto.org ou entre em contato conosco.
saiba mais sobre...
a ordo templi orientis
a Ordo Templi Orientis foi fundada em 1904, na Alemanha, por Karl Kellner e Theodore Reuss — seu 
primeiro líder —, que buscavam estabelecer 
um Academia para maçons de altos Graus 
onde estes pudessem ter contato com as 
revelações iniciáticas descobertas por Kell-
ner em suas viagens ao Oriente. A entrada 
de Aleister Crowley, em 1912, veio a alterar 
profundamente a Ordem, até que, naquele 
mesmo ano, a O.T.O. rompe seus laços com 
a Maçonaria e assume–se como uma orga-
nização independente e soberana.
A principal mudança trazida por Crowley 
para a ordem foi a implantação da Lei de 
Thelema, conforme definida no Livro da 
Lei – Liber AL vel Legis, e o alinhamento da 
O.T.O. com as energias no Novo Eon, tor-
nando esta Ordem a primeira nascida no 
Velho Eon a migrar para o novo.
Em 1922 Crowley, com a morte de Reuss, 
assumiu a liderança da O.T.O.. Seu suces-
sor indicado foi o alemão Karl Germer, que 
governou a Ordem de 1947 a 1962. Como 
Germer não indicou um sucessor, após sua 
morte vários membros e não membros 
da Ordem tentaram assumir o controle da 
O.T.O. o que colocou a Ordem em sério 
risco de extinção. Assim, Grady McMurtry 
lançou mão de um documento expedido 
por Crowley que o autorizava a tomar o po-
der da O.T.O. caso esta se visse ameaçada. 
Assim, McMurtry tornou-se líder da Ordem 
em 1969, posição onde permaneceu até 
sua morte, em 1985. Após isso, por meio de 
um processo eleitoral levado a cabo pelos 
altos Graus da Ordem, foi empossado o 
atual Frater Superior, Hymenaeus Beta.
Atualmente a O.T.O. está presente em mais 
de 70 países. No Brasil, a O.T.O. encontra–se 
desde 1995, com o antigo Acampamento 
Sol no Sul, substituído em 2000 pelo Oásis 
Quetzalcoatl, atual Loja Quetzalcoatl. Dan-
do continuidade ao trabalho, em fevereiso 
de 2010 ev foi aberto em Minas Gerais o 
Acampamento Opus Solis.
Ordo Templi Orientis — Brasil
Loja Quetzalcoatl — Rio de Janeiro
Caixa Postal 55.525 – CEP 27790-970 
Rio de Janeiro – RJ, Brasil

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