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Patologia 21/10 Professor César - ATD3 Linfoma Hodgkin e Biopsia de Medula Ossea: - Características de uma medula óssea (MO) e as principais indicações para sua biópsia. Medula óssea normal Historico: - Até a década de 1960: utilização de agulhas inapropriadas. - 1975: Jamishid. • Agulha com extremidade cônica e melhores espécimes. • Antes disso, não havia agulhas apropriadas para atravessar a cortical do osso sem estragar ele. • Processo de descalcificação e fixação do material devem ser adequadas, para definir diagnóstico. - Década de 1980: imuno-histoquímica. - Século 21: biologia molecular. Características da medula óssea: - Tecido nobre armazenado dentro de ossos chatos esponjosos, protegida pela cortical do osso, nos espaços intratrabeculares. - início da função no 4º mês de vida. • Hematopoiese extra e intra-medular. - No adulto: esterno, costelas, ilíacos e corpos vertebrais. • Não há mais hematopoiese extra-medular (exceto em casos patológicos). • Adulto com falência medular (hipofunção) pode levar à esplenomegalia e metaplasia mielóide esplênica (baço volta a ter sua função que tinha no feto e hematopoiese). - Composta por 3 linhagens hematopoiéticas: • Granulocítica: glóbulos brancos. • Eritróide: glóbulos vermelhos. • Megacariocítica: plaquetas. - Dá origem também à células linfóides, plasmócitos e sistema monocítico-fagocitário (macrófagos). - Essas células estão apoiadas sobre um estroma de tecido conjuntivo de colágeno tipo III (reticulina). • Colágeno tipo I (fibrose) é patológico na MO. - Mieloma múltiplo, plasmocitoma, mielofibrose, infiltração por linfoma de Hodgkin… Celularidade: avaliação da biópsia de uma MO. - Dentro do espaço intertrabecular. - MO vermelha x MO amarela (%). ✓ RN = 75%. Catarina Alipio XXIIB Página 1 Patologia 21/10 Professor César - ATD3 ✓ Lactente até 10 anos = 90%. ✓ Menos 10% a cada década de vida. - Ex: 20 anos = 80%, 50 anos = 50%… - Importância: avaliação da MO é sempre feita em relação à idade do paciente. - Patologias relacionadas à celularidade: • Doenças mieloproliferativas: hierpcelularidade medular. • Aplasia de medula: sem celualridade. - Nas imagens abaixo: • Células brancas: adipócitos (MO amarela). • Células coradas: MO vermelha. ❖ Quanto maior a idade, menor a quantidade de MO vermelha, e substituição por adipócitos ou Mo amarela. Morfologia e topografia: - Trabéculas ósseas: revestidas por células que formam a matriz óssea (steoblastos) e células que retiram a matriz osteóide (osteoclastos) = equilíbrio. - Espaços intertrabeculares. - Linhagem hematopoiéticas: I. Linhagem mielóide: • Jovem: núcleo arredondado, cromatina frouxa, dois nucléolos. • Madura: núcleo segmentado/ lobulado, são os neutrófilos. II. Linhagem eritróide: células de núcleo mais escuro. III. Linhagem megacariocítica: células maiores. I. Linhagem mielóide (= granulocítica): • Célula mieolóide precursora (jovem - blastos): - Cromatina fina e 2 nucléolos pequenos. - Localizadas junto à trabécula (MPO+ e CD34+). - O normal é essa célula amadurecer e se transformar em um neutrófilo. Catarina Alipio XXIIB Página 2 Celularidade de 80% Celularidade de 50% Celularidade de 20% Célula mielóide jovem Linhagens hematopoiéticas Patologia 21/10 Professor César - ATD3 • Célula mielóide madura (neutrófilo): - Núcleo segmentado, no centro do espaço trabecular. - Localizadas no centro da lacuna (lisozima +). - Marcador CD34+: • Para saber se a célula é maligna (blastos). • Mais de 20% de blastos na população da medula: leucemia mielóide aguda (célula se transforma em neoplásica e todo espaço intertrabecular vai estar cheio de células jovens mielóides imaturas, toda MO é substituída por células mielóides jovens). • Entre 10 e 20% de blastos: síndrome mielodisplásica (precursora de uma leucemia mielóide aguda). II. Linhagem eritróide: • Célula menor que a mielóide, com pouca variação na maturação. • Núcleo basofílico arredondado com halo claro periférico. - Basofilia e arredondamento nuclear. • Disposta em “ninhos” próximos à sinusóides medulares. • Marcador: glicoforina positiva. • Relação 3:1 (mielóide : eritróide). - Proporção 1 célula mielóide para 5 eritróides pensar em policitemia vera (inversão da proporção). • Coloração de Giemsa: ressalta a linhagem eritróide. III. Linhagem megacariocítica: • Célula grande e multinucleada, próxima de sinusóide, 4/ lacuna (CD61+). • Pode causar desde uma leucemia aguda (megacarioblásticas) até trombocitemia essencial e mielofibrose (cursam com trombocitose com até 1 milhão de plaquetas circulantes). • Hiperplasia dessa linhagem: muitas células de tamanho variado, com tendência de agrupação. Núcleos variados. - Outras células: ✓ Linfócitos (agregados linfóides com ou sem centro germinativo). ✓ Plasmócitos (linfócito B maduro que se especializou na produção de Ig, núcleo excêntrico com “chapéuzinho” mais claro). ✓ Histiócitos. ✓ Fibroblastos. ✓ Adipócitos. Catarina Alipio XXIIB Página 3 Célula mielóide madura Linhagem eritróide Linhagem megacariocítica Outras células na MO Patologia 21/10 Professor César - ATD3 Biópsia de medula óssea: Propedêutica para doenças hematológicas: ✓ Boa história clínica. ✓ Boa avaliação clínica dos sinais e sintomas. ✓ Exame de sangue periférico. • Pode ou não vir alterado. - Pode ou não ter aumento de baço, fígado, linfonodos. Indicações para biópsia de medula óssea: - Aspirado seco (mielograma): • Fibrose. - Aspirado vem seco, sem celularidade. - Fibrose de MO: coloração por prata de Jones. • Hipercelularidade. - Doenças mieloproliferativas crônicas, pois os aspecto morfológico da medula auxilia no diagnóstico. • Hipocelularidade. - Infiltrações por neoplasias: • Estadiamento. - De linfomas. • Carga tumoral. - Comparação de aspiração X biópsia para avaliação: Diferenciação de células sanguíneas: Catarina Alipio XXIIB Página 4 Fibrose de MO Patologia 21/10 Professor César - ATD3 Linfoma de Hodgkin: Histórico: - Doença hematológica às custas de uma neoplasia linfóide. - Primeiro caso descrito em 1832. • Autópsia: presença de glândulas espalhadas por todo o corpo e comprometimento do baço. - Não chamava-se de linfonodos. - 1856: descobriu que as chamadas glândulas eram órgãos linfóides e que a doença de Hodgkin comprometia esses órgão linfóides. - 1898: Carl Stenberg. • 15 casos. • 8 com tuberculose concomitante. • Levou-o a concluir que a Doença de Hodgkin era um processo inflamatório crônico possivelmente causado pelo M tuberculosis (imunocomprometidos). - Hodgkin como falha na imunidade que proporciona infecções orpotunistas. - Hodgkin confundida com a tuberculose. - 1900: descrita a célula de Reed Stenberg (RS). • Célula de núcleo irregular, com nucléolo grande, binucleada. • Aspecto de olho de coruja. Definição: - Neoplasia linfóide caracterizada pela presença de células gigantes neoplásicas denominadas células de Reed Stenberg (RS), que derivam de células B do centro germinativo ou pós-centrogerminativo. • Estas células liberam susbstâncias que induzem o acúmulo de linfócitos, macrófagos e granulócitos reativos. • Infecção pelo EBV causam as mutações necessárias e ação das citocinas que transformam as células B em neoplásicas. - Prevalência: • 0,7% do cânceres novos nos EUA. • Idade média ao diagnóstico de 32 anos. - Classificação: tipos histológicos. • Formas clássicas de Linfoma Hodgkin: 1. Esclerose nodular. 2. Celularidade mista. 3. Rico em linfócitos. 4. Depleção linfocitária. • Forma não clássica de Linfoma Hodgkin: 5. Predominância linfocítica. Catarina Alipio XXIIB Página 5 Distribuição dos tipos histológicos no BRA Patologia 21/10 Professor César - ATD3 Morfologia do Linfoma Hodgkin: - Célula de Reed Sternberg (RS):• Grande (>45um). • É a célula neoplásica. • Binucleada, com nucléolo grande (“olhos de coruja”). - Existem variantes uninucleadas, chamadas de células de Hodgkin. • Com nucléolo grande “tipo inclusão”. - Células lacunares: aparecem no subtipo esclerose nodular do Linfoma Hodgkin. - Células mumificadas: são células Reed Sternberg em picnose. - Células linfo-histiocísticas (células LH): "pop cor cell”. • Aparecem não subtipo predominância linfocítica do Linfoma Hodgkin. - Pop corn cell. ➡ Somente a célula diagnóstica é neoplásica o restante são reativos. 1. LH classico subtipo esclerose nodular: ✓ 65 a 70% dos casos. ✓ Acomete adultos jovens. ✓ H = M. - Presença da variante lacunar da célula de RS. - Deposição de colágeno em bandas de linfonodos: linfonodos com ilhas compostas por proliferação linfóide atípica, formando nódulos, septadas por deposição de colágeno em bandas (tecido conjuntivo fibroso). - Rico em linfócitos T, eosinófilos, plasmócitos e macrófagos reativos. - Imuno: • PAX +. • CD15 +. • CD30 +. - Prognóstico excelente em estágio I ou II. Catarina Alipio XXIIB Página 6 Tipos celulares Esclerose nodular Patologia 21/10 Professor César - ATD3 2. LH clássico subtipo celularidade mista: ✓ 20 a 25% dos casos. ✓ Pico de incidência bifásico: em adultos jovens e acima de 55 anos. ✓ H > M. ✓ Associado à sintomas sistêmicos: febre noturna, sudorese noturna e perda de peso. - Presença de células RS e variantes mononucleoses abundantes (células de Hodgkin). - Imuno: • CD15+ e CD30+. • CD20- e EBV frequentemente positivo (70%). - Prognóstico bom em estágio III e IV. 3. LH clássico subtipo rico em linfócitos: ✓ Raro. ✓ Adultos mais velhos. ✓ H > M. - Presença de células RS e variantes mononucleoses escassas (célula Hodgkin escassas). - Predomínio de linfócitos T reativos. - Imuno: • CD25+ e CD30+. • CD20- e EBV+ (40%). - Prognóstico bom a excelente. • Baixa quantidade de células neoplásicas. 4. LH clássico subtipo depleção linfocitária: ✓ 5% dos casos. ✓ Acomete homens mais velhos e infectados pelo HIV. - Presença de abundantes células RS ou variantes pleomórficas. - Pouca células reativas. • Presença de muitas células diagnósticas. - Geralmente doença avançada, sistêmica, com sintomas sistêmicos. - Imuno: • CD15+ e CD30+. • CD20- e EBV+ (90%). - Prognóstico pior que os demais subtipos. Catarina Alipio XXIIB Página 7 Celularidade mista CD20: linfócitos B reativos. CD3: linfócitos T reativos. Imunoistoquímica nas formas clássicas do LH Patologia 21/10 Professor César - ATD3 5. LH não clássico subtipo predominância linfocítica: ✓ 5% dos casos. ✓ Homens. ✓ 35 anos. ✓ Aumento de linfonodo cervical ou axilar. - Rara presença de células RS. - Predomínio de linfócitos pequenos misturados a macrófagos. - Padrão nodular. - Poucas células diagnósticas e muitas células reativas. - Células LH (linfo histiocístics) ou “pop corn cell”. - Imuno: • CD15-, CD30- e EBV-. • CD20+, bcl6+. - Prognóstico excelente, por ser de células mais precursoras. • Maior chance de recidiva. • 3 a 5%: recidivam como linfoma de grandes células B. Patogenia molecular do LH: - Falha na expressão de imunoglobulina de superfície do linfócito B decorre de uma reprogramação gênica não explicada. 1. Ativação do fator de transcrição NK-kB: ativado pela infecção do EBV (gera a metamorfose da célula B e promovem sobrevida e proliferação de linfócitos). 2. Citocinas (IL-5, IL-10, IL-13 e TGF-b) e quimiocinas secretadas pelas células RD aumenta as células reativas. 3. Células RS: aneuplóides com aberrações cromossômicas clonais. • Ex: protooncogene c-REL no cromossomo 2p aumenta a cao de NF-kB. Aspectos clínicos do LH: ➡ Linfadenopatia indolor. • Na esclerose nodular e na predominância linfocítica: estágios I e II sem sintomas constitucionais. • Na celularidade mista e na depleção linfocitárias: - Estágios III e IV, sintomas constitucionais: febre, sudorese noturna e emagrecimento. ➡ Depressão da imunidade celular: diminuição de TH1 e citotóxica. ➡ Disseminação: linfonodo —> baço —> fígado —> medula óssea. ➡ Estadiamento: estabelece prognóstico e orienta terapia. ➡ Prognóstico: • Estágio I e II: 90% de cura. • Estágio IVa e IVb: 60 a 70% livre em 5 anos. Catarina Alipio XXIIB Página 8 Linfonodo alargado às custas de grandes formações nodulares, com várias células de caráter histiocístico e linfocístico. Núcleo bem polimórfico. Na última imagem, observa-se a popcorn cell. Predominância linfocítica
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