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FUNDAMENTOS-DA-GEOGRAFIA-1

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1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 
2 A ORIGEM .................................................................................................. 3 
3 A ORIGEM DA TERRA ............................................................................... 9 
4 ESTRUTURA INTERNA DA TERRA ........................................................ 11 
4.1 A crosta terrestre ................................................................................ 12 
4.2 Manto ................................................................................................. 14 
4.3 O núcleo ............................................................................................. 16 
5 TEMPO GEOLÓGICO .............................................................................. 16 
5.1 Os pilares da Geologia e o conceito do tempo ................................... 19 
5.2 Estimativas da idade da Terra ............................................................ 21 
6 ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO ......................................................... 22 
7 AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS E 
PALEONTOLÓGICAS DAS TRÊS ERAS DO FANEROZOICO. ............................... 27 
7.1 Era Paleozoica ................................................................................... 27 
7.2 Era Mesozoica .................................................................................... 28 
7.3 Era Cenozoica .................................................................................... 29 
8 CICLO DAS ROCHAS .............................................................................. 34 
8.1 Rochas Ígneas.................................................................................... 35 
8.2 Rochas Sedimentares ........................................................................ 35 
8.3 Rochas Metamórficas ......................................................................... 36 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 52 
 
 
 
 
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
2 A ORIGEM 
 
 
Fonte: pixabay.com 
 
A história da humanidade é medida em anos, séculos, milênios. Não é o caso 
da história de nosso planeta, que precisa do tempo profundo, o tempo geológico, 
medido em milhões de anos (Ma). Se vamos para o Cosmos, então, os astrofísicos 
precisam de bilhões de anos para estimar as idades das estrelas que se situam nos 
confins do Universo visível. A partir de medidas de grande precisão da chamada 
radiação cósmica de fundo em micro-ondas, a idade do Universo foi fixada em 13,7 
bilhões de anos. Por sua vez, a idade das estrelas mais velhas de nossa galáxia, a 
Via Láctea, situa-se por volta de 8 bilhões de anos Gordani (2018). 
Há relatos de que o Sol e os demais planetas do Sistema Solar se formaram 
há cerca de 4,57 bilhões de anos atrás. O processo de formação, pela teoria mais 
aceita, se deu através da condensação do gás e da poeira cósmica que constituíam a 
nebulosa solar Gordani (2018). Dessa forma a Terra, nos primórdios de sua formação, 
consistia de uma mistura caótica de materiais, e a evolução do planeta resultou da 
transformação dessa mesma mistura em um corpo estruturado em camadas 
concêntricas. Nesse contexto formaram-se dois sistemas fundamentais: um núcleo 
interno constituído por Ferro e Níquel e um manto envolvente rochoso, de composição 
silicática. A crosta terrestre, a camada mais externa do planeta, originou-se mais tarde, 
 
 
4 
 
por transformações a partir do manto. A dinâmica interna do planeta tem suas origens 
na mobilidade do material do manto, apesar de este ser quase que totalmente sólido. 
No presente, a temperatura no seu interior aumenta em direção ao centro, 
atingindo no limite manto/núcleo cerca de 4000 ºC e no interior do núcleo por 
volta de 5500 ºC. O calor interno, produzido através da desintegração de 
elementos radioativos de meia-vida longa existentes no manto, tais como 
Urânio, Tório, Potássio, e outros, é transportado para a superfície para, em 
seguida, ser dissipado para fora do planeta. (GORDANI, 2018, p. 2). 
Assim conforme Gordani (2018), consequentemente, com a diminuição 
progressiva e inexorável dos elementos radioativos, o planeta vai lentamente se 
resfriando. Pela distância muito oportuna em relação ao Sol, o resfriamento do planeta 
permitiu que a temperatura de sua superfície favorecesse a existência de oceanos, 
cuja água se acumulou em sua parte externa a partir da queda de cometas e também 
por desgaseificação do manto. Por sua vez, o ambiente dos primeiros oceanos 
favoreceu o aparecimento e o desenvolvimento da vida, e nesse sentido a Terra é um 
planeta muito especial. Todos os seres vivos da Terra possuem o mesmo código 
genético, evidência maior da evolução biológica, teoria de grande aceitação que 
preconiza a existência de organismos primitivos, ancestrais de todas as formas de 
vida que vieram mais tarde. 
Os fósseis mais antigos conhecidos têm cerca de 3500 milhões de anos e 
possuem estruturas esféricas com carbono, muito parecidas com bactérias modernas. 
Organismos unicelulares primitivos dominaram e dominam os oceanos do planeta 
durante todo o tempo geológico. Microrganismos eucariontes multicelulares 
apareceram por volta de 2700 Ma, mas os primeiros metazoários, ancestrais de todos 
os animais e plantas modernas, somente apareceram há cerca de 600 Ma. 
Por volta de 530 Ma, no período Cambriano, conforme se encontra no registro 
fóssil, ocorreu a “explosão cambriana” da vida, uma diversificação de 
organismos complexos e o surgimento, em um período de poucos milhões de 
anos, dos filos mais importantes conhecidos na biologia, incluindo os animais 
e o fitoplankton. (GORDANI, 2018, p. 2). 
Até esse tempo, toda a evolução biológica tinha ocorrido nos oceanos. A 
colonização dos continentes foi iniciada pelas plantas a partir de 470 Ma. Foi notável 
a época dos grandes répteis que se deu entre 200 e 65 Ma, Os primeiros hominídeos 
fósseis foram encontrados na África com idades de 6-7 Ma, e os primeiros fósseis 
 
 
5 
 
atribuídos à espécie Homo Sapiens apareceram, também na África, por volta de 300 
mil anos atrás. 
Com relação à estrutura das camadas mais externas da Terra, tanto a crosta 
como a parte externa do manto são essencialmente sólidas e constituem, unidas, a 
litosfera, a camada rígida mais externa do planeta Gordani (2018). A litosfera se 
sobrepõe à astenosfera, camada situada logo abaixo, inteiramente no manto, a qual 
pode incluir certa quantidade de fase líquida em forma de magma, adquirindo 
plasticidade e se movimentando por correntes de convecção. Há dois tipos de crosta: 
a crosta continental, de natureza granítica, e a crosta oceânica, de natureza basáltica. 
A crosta continental é considerada o arquivo chave paraconhecer os 
processos e as mudanças que ocorreram na Terra desde a sua formação. A 
rocha mais antiga preservada tem idade de 4,17 bilhões de anos. Contudo, 
apenas 7% da crosta continental preservada apresenta idade superior a 2,5 
bilhões de anos. O grande desafio é desvendar os grandes acontecimentos 
na geração da crosta a partir de pequenos fragmentos (HAWKESWORTH et 
al., 2010, apud PIETROBELLI, 2016, p 22). 
Gordani (2018) diz que da mesma forma, há dois tipos de litosfera, dependendo 
do tipo de crosta nela incluída: litosfera continental e litosfera oceânica. A 
profundidade do limite entre litosfera e astenosfera encontra-se normalmente entre 
100 e 200 km de profundidade. O resfriamento contínuo da Terra no tempo geológico, 
a partir de um possível “oceano de magma”, é o fator que governa a evolução 
geodinâmica do planeta. No início, a produção de calor por radioatividade induzia a 
formação das chamadas plumas mantélicas em grande quantidade. O processo 
denominado tectônica de placas apareceu há cerca de 3000 milhões de anos e daí 
em diante foi se tornando o principal mecanismo para a perda de calor do planeta. No 
presente, a litosfera encontra-se dividida em cerca de uma dúzia de placas litosféricas 
grandes (chamadas mais comumente de placas tectônicas) e muitas placas menores. 
Elas se movimentam tangencialmente à superfície do planeta, com velocidades da 
ordem de centímetros por ano. Nos limites entre placas tectônicas contíguas 
concentram-se os terremotos de grande intensidade e a grande maioria dos vulcões 
ativos do planeta. Esses limites podem ser convergentes, divergentes ou 
conservativos. 
No caso de limites convergentes, as placas se aproximam e se chocam. 
Quando o choque se dá entre duas placas com litosfera oceânica, uma delas 
irá se aprofundar no manto ao longo de um sistema denominado de 
subducção. Esta placa, à medida que mergulha, se aquece, perde 
 
 
6 
 
consistência e se integra no manto. Ao mesmo tempo, com o aquecimento, 
magmas essencialmente basálticos serão gerados e arcos de ilhas com 
crosta oceânica serão formados, como é o caso do Japão ou das ilhas Fiji. 
(GORDANI, 2018, p. 3). 
 No caso de um processo convergente envolvendo duas placas de natureza 
continental, os magmas formados darão origem a rochas predominantemente 
graníticas. Ambas as placas sofrerão deformação e enrugamento em escala de 
centenas a milhares de quilômetros, e serão geradas cordilheiras de montanhas 
elevadas do tipo dos Alpes ou do Himalaia. Por fim, se o limite convergente envolver 
uma placa oceânica e uma placa continental, haverá subducção da placa oceânica, e 
os magmas formados aparecerão sob a forma de grandes arcos magmáticos, como 
ocorre presentemente nas cordilheiras dos Andes ou da Indonésia. Nos três casos a 
presença de sismos é comum, incluindo-se aí terremotos de magnitude muito alta, 
catastróficos para as comunidades afetadas. Vulcanismo também é comum, sendo 
mais evidente quando há grande envolvimento da litosfera oceânica nos processos 
de subducção. 
De acordo com Gordani (2018), quanto aos limites divergentes, aberturas na 
crosta são formadas ao longo de grandes sistemas de fraturamento, sendo 
preenchidas por magmas basálticos provenientes da astenosfera, caracterizando 
vulcanismo de fissura. É o caso dos muitos vulcões das chamadas dorsais meso-
oceânicas, as imensas cordilheiras submersas que representam os locais de geração 
de crosta oceânica nova, pela subida dos magmas astenosféricos. 
Como a divergência entre as placas pode durar centenas de milhões de anos, 
com uma taxa de afastamento da ordem de vários centímetros por ano, formam-se 
áreas enormes com litosfera oceânica, como é o caso dos oceanos Atlântico e Índico. 
Por sua vez, os limites conservativos apresentam grandes sistemas de 
falhamentos, em que as placas contíguas deslizam horizontalmente, uma em relação 
à outra, com movimentos opostos. O exemplo mais conhecido e mais característico é 
o sistema de falhas de San Andréas na costa ocidental da América do Norte. Pelo 
exposto, os processos da dinâmica interna da Terra, que produzem as maiores 
modificações na fisiografia, estrutura e natureza do material da crosta terrestre, são 
mobilistas, isto é, decorrem da movimentação de placas litosféricas tangencialmente 
à superfície do planeta. Os primeiros passos das ideias mobilistas, que incluem a 
deriva dos continentes, se deram por ocasião das grandes circum-navegações e dos 
 
 
7 
 
descobrimentos do século XVI, quando o Oceano Atlântico em sua plenitude foi 
descrito nos mapas geográficos. Francis Bacon, em sua obra mestra “Novum 
Organum”, olhando para a forma do Brasil e da África ocidental delineada nesses 
mapas, ficou intrigado com o seu bom encaixe aparente e sugeriu que tais 
similaridades dificilmente seriam acidentais. 
Entretanto, o grande criador da teoria da deriva continental foi Alfred Wegener, 
que no início do século XX escreveu um minucioso estudo comparativo dos 
continentes que ladeiam o Oceano Atlântico, descrevendo as suas similaridades 
geológicas. Imaginou inclusive a existência de uma grande e única massa continental 
há cerca de 300 milhões de anos, que denominou “Pangea”, formada por todos os 
continentes atuais, ou seja, Américas, Eurásia, África, Austrália e Antártica. Este 
supercontinente teria se fragmentado há cerca de 160 milhões de anos e seus 
fragmentos foram “derivando” gradativamente para as posições ocupadas atualmente 
Gordani (2018). 
Entre as muitas evidências geológicas apresentadas por Wegener, há duas que 
dificilmente podem ser atribuídas ao simples acaso: 
1) - As similaridades notáveis entre rochas e fósseis das grandes bacias 
sedimentares do Paraná, na América do Sul, e do Karoo, na África do Sul, as 
quais passaram pelos mesmos eventos geológicos. A evidência mais 
palpável de que elas estiveram ligadas no passado é a do pequeno réptil fóssil 
Mesosaurus, que seguramente não teria como atravessar um oceano inteiro 
para aparecer nas camadas Permianas de ambas as bacias. 
2) - As evidências de glaciação continental de latitude que afetou cerca de 
300 milhões de anos grandes regiões de África, América do Sul, Índia, 
Austrália e Antártica. A idade das camadas com origem glacial é a mesma 
nesses lugares todos, como demonstram os fósseis de plantas nelas 
encontrados, que caracterizam a “Flora Glossopteris”, ancestral de muitas 
plantas atuais. Estes fósseis indicam claramente que as regiões onde foram 
encontrados estiveram ligadas, no mesmo continente. (Gordani, 2018, p. 4). 
A partir dos anos 1950, as evidências em favor da deriva continental foram se 
avolumando, como seguem: 
(a) Levantamentos oceanográficos sistemáticos da topografia dos fundos 
oceânicos mostraram claramente a existência das imensas cadeias de montanhas 
submersas, as “dorsais médio-oceânicas” dos oceanos Pacífico, Atlântico, Índico e 
Antártico. 
(b) As primeiras medidas paleomagnéticas sugeriram que alguns continentes 
estiveram unidos no passado, mas foram gradativamente se afastando um do outro, 
até a posição atual. 
 
 
8 
 
(c) Ao longo da dorsal meso-oceânica do Atlântico foram feitos levantamentos 
geofísicos que confirmaram a hipótese levantada por Harry Hess, de crescimento do 
assoalho oceânico. Muitos levantamentos de geofísica marinha foram efetuados nos 
anos seguintes, ao longo de todas as dorsais médio-oceânicas do planeta, que deram 
o suporte necessário para a confirmação desse mecanismo. 
(d) Um teste geocronológico foi instituído entre o MIT (USA) e o laboratório de 
geocronologia da Universidade de São Paulo, para obter e datar amostras do nordeste 
brasileiro e da África Ocidental. Os resultados revelaram-se de uma coerência 
impressionante, e mostraram, além de qualquer dúvida, a excelente correlação 
existente entre as províncias tectônicas dos dois lados do Atlântico. 
Com a tectônica de placas funcionando pelo menosdesde 3000 Ma, 
construindo e destruindo litosfera oceânica, as placas com litosfera continental 
formaram de tempos em tempos grandes aglomerados, denominados 
supercontinentes. A Pangea, o supercontinente imaginado por Wegener, reuniu todas 
as massas continentais que existiam entre 350 e 300 Ma, e foi contemporâneo de um 
enorme oceano, denominado Pantahalassa, precursor do atual Oceano Pacífico. 
Supercontinentes anteriores à Pangeia, tais como Gondwana (600 Ma), Rodínia (1000 
Ma), e Columbia (1500 Ma), foram formados por amalgamação de fragmentos de 
litosfera continental. Eles existiram durante algum tempo e se quebraram, dando 
origem a fragmentos que se tornariam componentes de um supercontinente sucessor. 
No caso da Pangea, a sua fragmentação ocorreu entre 200 e 150 Ma, dando origem 
aos oceanos Atlântico, Índico e Antártico e aos continentes atuais. 
 
 
9 
 
3 A ORIGEM DA TERRA 
 
Fonte: focuscosmus.com 
Várias teorias buscam explicar a origem do Universo. O Big Bang consiste hoje 
na teoria mais aceita para a origem do cosmo, onde estão inclusos as estrelas, 
planetas, gases, poeira cósmica. Esta teoria postula ainda que a origem de tudo 
ocorreu a cerca de 14 bilhões de anos. No entanto, apesar dos esforços de diversos 
historiadores, filósofos, pesquisadores e cientistas, sempre nos deparamos com 
problemas em formular a origem de tudo, sem uma base concreta de informações. 
Esta situação está vinculada a própria limitação humana, onde, com nossa visão 
limitada de universo, sempre haverá fenômenos sem explicação. 
No início da formação do Universo, amontoados de matéria, começaram a se 
formar, girando ou orbitando ao redor de um centro de massa comum. Esse processo 
deu origem as galáxias, cuja formação pode se dar também pela colisão entre galáxias 
distintas, durante o seu movimento orbital ao redor do centro de massa comum. Assim 
deu-se a formação da Via Láctea, onde está inserido o Sistema Solar. 
Estima-se que o Sistema Solar teve o início de sua formação a 
aproximadamente 6 bilhões de anos. Postula-se que sua origem se deu a 
partir de uma nuvem de gás, que começou aos poucos a se contrair. Há mais 
ou menos 4,5 bilhões de anos, partículas de poeira e gás constituintes desta 
nuvem começaram a se atrair e aglutinar. (LOEBMANN, 2013, p. 2). 
Explosões, aglutinações de partículas e condensação de matéria deram origem 
a várias esferas. Diversos corpos/ esferas colidindo entre si viriam a constituir os 
 
 
10 
 
planetas, luas e asteroides. Estes se encontravam numa nuvem nebulosa, em forma 
de disco, girando ao redor de uma esfera maior, constituída de gás incandescente. 
Essa esfera maior deu origem ao Sol e as esferas menores aos planetas. 
O sol, dentro de uma nuvem de gás e a poeira, começou a se submeter à fusão 
nuclear, emitindo luz e calor. Como o movimento das partículas e as colisões entre as 
matérias, liberavam muito calor, a terra e outros planetas seriam derretidos no começo 
de sua formação. A nuvem nebulosa de poeira cósmica apresentava em seu interior 
movimento de correntes de convecção, elevando a temperatura por volta de 3000o C, 
levando algumas substâncias a se liquefazer. Neste processo, a primeira substância 
a se liquefazer foi o Ferro, que por ser mais pesado, viria a constituir o núcleo da Terra. 
Na sequência, outras substâncias foram acrescidas, como por exemplo, o Silício e 
Óxidos metálicos, dando origem ao manto. 
Aos poucos a temperatura da Terra foi diminuindo, reduzindo também a 
radiação de calor para o espaço. A solidificação do material derretido aconteceu 
enquanto a terra ia esfriando. No intervalo de temperatura entre 1500o C e 800o C, 
começou a solidificação da crosta. 
Nesse processo de resfriamento, formou-se também a atmosfera, 
inicialmente constituída de vapor d’água, amoníaco e óxido de carbono. A 
água concentrava-se parte na atmosfera e parte no interior das rochas, de 
origem ígneas e magmáticas. (LOEBMANN, 2013, p. 2). 
Com a crosta sólida e a atmosfera continuando a esfriar, em torno de 374o C, 
o vapor da atmosfera se condensa, formando as primeiras chuvas. Esse evento levou 
ao acúmulo de água em depressões, dando origem aos primeiros mares. Nesse 
momento também surgem as primeiras rochas sedimentares, em função do 
intemperismo da chuva sobre as rochas previamente formadas. Ou seja, a água 
desgastava as rochas, e arrastava junto os sedimentos liberados que se depositavam 
junto com lamas mais finas em depressões. 
No entanto, o resfriamento da Terra era só externo. A crosta estava solidificada, 
mas internamente o manto continuava aquecido, constituído de rochas magmáticas 
liquefeitas, num processo de resfriamento mais lento, que causa uma modificação no 
volume e consequentemente o enrugamento da crosta. Tal enrugamento produz 
fraturas e dobramentos nas rochas da crosta. Por estas fraturas, o magma sobe até a 
superfície, originando os vulcões. As variações de temperatura, observadas entre as 
 
 
11 
 
diferentes camadas da Terra, são responsáveis pela instabilidade da crosta e a 
consequente movimentação dos continentes. 
4 ESTRUTURA INTERNA DA TERRA 
 
Fonte: escolaeducacao.com.br 
Com base nas propriedades químicas dos materiais rochosos que a 
constituem, admite-se que a Terra tem uma estrutura concêntrica com três camadas 
separadas por duas grandes descontinuidades: 
• Crusta - camada mais exterior, constituída por materiais rochosos muito 
heterogéneos, cuja composição é rica em silício, alumínio e magnésio; 
• Descontinuidade de Mohorovicic - separa a crusta do manto; 
• Manto – camada subjacente à crusta, constituída por material rochoso a altas 
temperaturas e pressões, cuja composição é rica em ferro e magnésio; 
• Descontinuidade de Gutenberg - separa o manto do núcleo; 
• Núcleo - camada mais interior cuja composição é rica em ferro e níquel. 
De acordo com as propriedades físicas (essencialmente rigidez e fluidez) dos 
materiais rochosos que a constituem, considera-se que a Terra tem uma estrutura 
com as seguintes camadas concêntricas: 
• Litosfera - camada rígida, abrangendo a crusta e a parte rígida do manto 
(manto superior); 
 
 
12 
 
• Astenosfera - camada situada imediatamente a seguir à litosfera, constituída 
por material parcialmente fundido e com possibilidade de deformação fácil; 
• Mesosfera – camada rígida, abrangendo parte do manto superior e o manto 
inferior, constituída por materiais rochosos no estado sólido; 
• Endosfera – camada mais profunda, sendo fluida até cerca de 5150 km e, 
depois, rígida. 
Sabe-se que a Terra, uma esfera ligeiramente achatada, não é homogênea. O 
furo de sondagem mais profundo que já se fez na crosta terrestre atingiu 12 km de 
profundidade, um valor insignificante para um planeta que tem mais de 6.000 km de 
raio. Mas, dispomos de informações obtidas por medições indiretas, através do estudo 
de ondas sísmicas, medidas na superfície. Elas mostram que nosso planeta é formado 
por três camadas de composição e propriedades diferentes, a crosta, o manto e o 
núcleo. Essas camadas, por sua vez, possuem algumas variações e são, por isso, 
subdivididas em outras, como mostra a figura 1. 
 
Fonte: Branco, 2015, p. 1 
4.1 A crosta terrestre 
A crosta é porção externa da Terra, a mais delgada de suas camadas e a que 
conhecemos melhor. Ela é tão fina em relação ao restante do planeta que pode ser 
comparada à casca de uma maçã em relação à maçã inteira. 
Embora seja composta de material rochoso, portanto sólido e aparentemente 
de grande resistência, é, na verdade, muito frágil. 
 
 
13 
 
Sua espessura é variável, sendo maior onde há grandes montanhas e menor 
nas fossas oceânicas. Sob os oceanos, a crosta costuma ter cerca de 7 km de 
espessura; sob os continentes, ela chega a 40 km em média. As espessuras extremas 
estão em 5 e 70 quilômetros. 
Está dividida em crosta continental e crosta oceânica, com composiçõesdiversas e espessuras diferentes. 
A crosta continental é formada essencialmente de silicatos aluminosos (por isso 
era antigamente chamada de sial) e tem uma composição global semelhante à do 
granito. Mede 25 a 50 km de espessura e as ondas sísmicas primárias nela propagam-
se a 5,5 km/s. 
A crosta oceânica é composta essencialmente de basalto, formada por silicatos 
magnesianos (por isso antigamente chamada de sima). Tem 5 a 10 km de espessura 
e é mais densa que a crosta continental por conter mais ferro. As ondas sísmicas têm 
nela velocidade de 7 km/s. 
Quase metade (47%) deste envoltório da Terra é composta de oxigênio. A 
crosta é formada basicamente de óxidos de silício, alumínio, ferro, cálcio, 
magnésio, potássio e sódio. A sílica (óxido de silício) é o principal 
componente, e o quartzo, o mineral mais comum nela. (Branco, 2015, p. 3). 
A crosta está dividida em muitos fragmentos, as placas tectônicas (Fig. 2). Há 
250 milhões de anos, todos os contentes estavam unidos, formando uma só massa 
continental, a Pangeia. Essa massa começou a se fragmentar e ao longo de algumas 
centenas de milhões de anos deu origem aos continentes e oceanos atuais. As placas 
flutuam sobre o manto, mais precisamente sobre a astenosfera, uma camada plástica 
situada abaixo da crosta. Movimentam-se continuamente, alguns centímetros por ano. 
Em algumas regiões do globo, duas placas se afastam uma de outra e em outros, elas 
se chocam. 
 
 
14 
 
 
Fonte: Branco, 2015, p. 3 
Logo abaixo da crosta, está o manto, que é a camada mais espessa da Terra. 
Ele possui uma espessura de 2.950 quilômetros e formou-se há 3,8 bilhões de anos. 
Na passagem da crosta para o manto, a velocidade das ondas sísmicas 
primárias sofre brusca elevação. Essa característica é usada para marcar o limite 
entre uma camada e a outra, e a zona onde ocorre a mudança é chamada de 
Descontinuidade de Mohorovicic (ou simplesmente Moho), em homenagem ao 
cientista que a descobriu, em 1910. 
4.2 Manto 
O material de que é composto o manto pode apresentar-se no estado sólido ou 
como uma pasta viscosa, em virtude das pressões elevadas. Porém, ao contrário do 
que se possa imaginar, a tendência em áreas de alta pressão é que as rochas se 
mantenham sólidas, pois assim ocupam menos espaço físico do que os líquidos. Além 
disso, a constituição dos materiais de cada camada do manto tem seu papel na 
determinação do estado físico local. 
Divide-se em manto superior e manto inferior. O superior tem, logo abaixo da 
crosta, uma temperatura relativamente baixa (100 °C) e uma consistência similar à da 
camada acima, com velocidade de ondas sísmicas de 8,0 km/s. No manto inferior, 
porém, esta velocidade aumenta para 13,5 km/s, com temperatura bem mais alta, 
chegando a 2.200 ºC (3.500 °C segundo outros autores) perto do núcleo. 
 
 
15 
 
Essa diferença na velocidade sísmica traduz uma mudança na composição 
química das rochas. De fato, os minerais que compõem o manto são muito ricos em 
ferro e magnésio, destacando-se os piroxênios e as olivinas. As rochas dessa porção 
da Terra são principalmente peridotitos, dunitos e eclogitos, pobres em silício e 
alumínio quando comparadas com as rochas da crosta. 
Abaixo de 100 km de profundidade, o manto mostra sensível redução na 
velocidade das ondas sísmicas. Como não há grande variação na 
composição química das rochas, essa redução da velocidade significa que 
abaixo de 100 km as rochas estão parcialmente fundidas, o que diminui 
bastante sua rigidez. (Branco, 2015, p. 4). 
A crosta, juntamente com a porção rígida do manto, é chamada de litosfera 
(esfera rochosa). Já a parte do manto de baixa velocidade e bem mais quente (até 
870º C) é chamada de astenosfera (esfera sem força). É ela quem permite às placas 
tectônicas se movimentarem. Essas placas são, portanto, pedaços de litosfera, não 
de crosta apenas. 
Ao contrário do contato crosta/manto, que é bem definido, o contato 
litosfera/astenosfera e gradual e não tem limites muito exatos. 
A astenosfera é a responsável pelo equilíbrio isostático, que leva os blocos da 
crosta que recebem mais material na superfície a afundarem e os que, ao contrário, 
são erodidos a subirem. Sua densidade varia de 3, 2 (perto da litosfera) a 3,7 (a 400 
km de profundidade). 
Há, no manto terrestre, alguns pontos mais quentes que o restante, chamados 
de hot spots (pontos quentes). Nesses locais, o material do manto tende sempre a 
subir e atravessar a crosta. Quando ele consegue isso, forma-se na superfície da 
Terra um vulcão. Como a crosta é formada de placas em movimento, esse vulcão, 
com o tempo, sai de cima do ponto quente e, ao ocorrer nova erupção, forma-se outro 
vulcão. Isso pode repetir-se várias vezes, e o resultado é uma fileira de vulcões, dos 
quais só o último (e mais jovem) está em atividade. Isso se verifica de modo muito 
claro no Havaí, onde a placa tectônica do Pacífico se desloca para Noroeste. Há um 
alinhamento de vulcões de direção NW-SE, dos quais apenas os do extremo Sudeste, 
como o Kilauea, estão em atividade. E um novo vulcão está em formação no fundo do 
mar, sem ter ainda atingido sua superfície. 
 
 
16 
 
4.3 O núcleo 
Esta é a mais profunda e menos conhecida das camadas que compõem o globo 
terrestre. Assim como o manto e a crosta estão separados pela Descontinuidade de 
Mohorovicic, o manto e o núcleo estão separados por outra, a Descontinuidade de 
Gutenberg, que fica a 2.700-2.890 km de profundidade. 
Acredita-se que o núcleo terrestre seja formado de duas porções, uma 
externa, de consistência líquida e outra interna, sólida e muito densa, 
composta principalmente de ferro (80%) e níquel (por isso, era antigamente 
chamada de nife). (Branco, 2015, p. 5). 
O núcleo externo tem 2.200 quilômetros de espessura e velocidade sísmica um 
pouco menor que o núcleo interno. Deve estar no estado líquido, porque nele não se 
propagam as ondas S, e as ondas P têm velocidade bem menor que no manto sólido. 
O núcleo interno deve ter a mesma composição que o externo, mas, devido à 
altíssima pressão, deve ser sólido, embora com uma temperatura de até 5.000 °C (um 
pouco inferior à temperatura da superfície do Sol). Tem 1.250 km de espessura. 
O núcleo da Terra gira, como todo o planeta, e os cientistas acreditam que isso 
gere uma corrente elétrica. Como uma corrente elétrica gera sempre um campo 
magnético, estaria aí a explicação para o magnetismo terrestre, que faz nosso planeta 
comportar-se como um gigantesco ímã. Estudos recentes mostram que o núcleo 
interno gira um pouco mais depressa que o resto do planeta. 
5 TEMPO GEOLÓGICO 
 
 
 
17 
 
Fonte: radiowebagroecologia.com.br 
O tempo geológico corresponde a uma escala cronológica que envolve os 
bilhões de anos do planeta Terra, desde sua origem aos dias atuais. 
O avanço e consolidação da ciência, que inclui a difusão do raciocínio 
geológico, definitivamente alteraram a percepção humana sobre a história da Terra. 
Nesta contextualização do conhecimento, insere-se também a concepção do tempo e 
espaço, que embasa a história das civilizações, norteando a descrição das mudanças 
na superfície do planeta e as vicissitudes das muitas gerações que o habitaram. 
Entretanto, a compreensão da grandeza do tempo geológico não é trivial, em função 
das escalas e relações envolvidas nos processos naturais e dos diversos graus de 
precisão necessários às suas quantificações. 
Tudo na vida tem relação com o tempo e sua interação com o meio físico. 
Seu poder comanda nossas atividades cotidianas; também podemos sentir a 
inexorável passagem do tempo ao envelhecer ou ao observar o crescimento 
das plantas, por exemplo. No planeta, em particular, as transformações 
temporais são onipresentes: dias e noites, as quatro estações que 
acompanham a Terra em sua órbita solar, o percurso do Sol e seus planetas 
na periferia da Via Láctea se sucedem inexoravelmente. (TEIXEIRA, 2016, p. 
235). 
 Desdeque se passou do mito ao “Logus”, o ser humano apercebeu-se da 
vastidão do tempo e confiou na regularidade das mudanças da natureza, que 
aprendeu a observar e respeitar com base na física, química, matemática, astronomia, 
biologia e geologia, entre outras especialidades da ciência. Assim, quando o mundo 
sofre transformação, a cultura também precisa mudar para que as estratégias de 
sobrevivência de cada indivíduo e da própria sociedade sejam readaptadas às novas 
condições ambientais. Nesse contexto, os ecossistemas, onde se inserem todos os 
seres vivos, nada mais são que a combinação harmoniosa de ambientes e processos 
naturais. 
Portanto, no livro da Terra, escrito nas rochas e fósseis (as evidências de vida 
pretérita hoje extinta) que registram os eventos e as condições ambientais onde se 
formaram, leremos que as mudanças geológicas são a grande constante, embora 
tenham magnitudes e durações distintas. Muitos processos geológicos são lentos, 
sutis, imperceptíveis aos nossos sentidos, a exemplo do afastamento de poucos 
centímetros a cada ano entre a América do Sul e a África, ou não foram 
 
 
18 
 
acompanhados pela nossa curta janela visual, como o crescimento de árvores há 
milhares de anos registrado nos anéis dos troncos petrificados ou ainda o delicado 
registro de fósseis em uma rocha sedimentar. Outras, ao contrário, são repentinas e 
dramáticas, como o terremoto que causou o tsunami na região da Sumatra na 
Indonésia, em 2004, ou o do Japão em 2011. Vulcões rompem a crosta e lançam lavas 
e cinzas fumegantes, como aconteceu com o Vesúvio na Itália, há dois mil anos. Mas 
depois eles “adormecem” e displicentemente são esquecidos pelo ser humano; com 
isso, a região onde ocorreram é paulatinamente habitada, por causa da boa fertilidade 
do solo de origem vulcânica. Mas, no futuro, outra erupção irromperá na crosta, 
acompanhada por tremores de terra, em razão da dinâmica das placas litosféricas. 
A extraordinária dimensão temporal ligada à evolução do planeta – medida em 
milhões e bilhões de anos – é chamada Tempo Geológico, objeto central deste 
capítulo, integrado à sua relação com a história biológica. Este conceito, fundamental 
para a geologia e a humanidade porque trouxe a forma racional de entender o mundo, 
simboliza a magnitude temporal do nosso mundo e, consequentemente, explica a 
lenta evolução biológica e sua diversidade. 
Graças à nossa inteligência e fazendo uso do raciocínio geológico, boa parte 
da história da natureza pode ser recuperada nas páginas que sobraram do 
livro da Terra: nas rochas – com seus fósseis e estruturas especiais – 
encontram-se as pistas dos fenômenos findados e parcialmente preservados 
à nossa observação. No limite, os materiais rochosos de qualquer origem, os 
minerais mais antigos constituintes e os organismos fósseis – isto é, os traços 
petrificados deixados pelos processos naturais, são capturados e 
interpretados pelos especialistas como se fossem peças de um “quebra-
cabeça”, cuja solução ajuda a reconstituir a origem e a evolução planetária; 
por isso, os materiais geológicos são chamados de “formas fixadas”, cuja 
interpretação permite a reconstituição da história da Terra. (TEIXEIRA, 2016, 
p. 237). 
Mas por que nos interessamos tanto pelo Tempo Geológico? A resposta talvez 
seja a inesgotável curiosidade humana em desvendar o seu passado, associando-o à 
evolução da Terra, como tentativa de um entendimento maior do sistema solar e do 
universo e, em contrapartida, entender melhor os fenômenos geológicos. Para tanto 
é preciso, inicialmente, compreender o significado desses fenômenos que criaram a 
superfície terrestre e a modificaram, o que leva à necessidade do conhecimento da 
dinâmica interna e externa, dos ambientes pretéritos, das feições impressas pelos 
processos ígneos, sedimentares e metamórficos, da origem de continentes e oceanos, 
além de muitas outras coisas, em especial da história da vida na qual o ser humano é 
 
 
19 
 
apenas uma breve etapa em um percurso extraordinariamente longo da evolução da 
Terra. 
5.1 Os pilares da Geologia e o conceito do tempo 
 
Fonte: dicionariodesimbolos.com.br 
Entre as grandes questões científicas latentes do século XIX, para os geólogos, 
biólogos, físicos e astrônomos, estava também o tema da dimensão do tempo da 
natureza. Na verdade, o entendimento geológico de então era restrito ao contexto 
histórico, sem haver uma escala absoluta temporal. Mas quão velha seria a Terra 
afinal? Sem idades, os naturalistas podiam apenas entender a ordem em que os 
eventos geológicos ocorreram, mas não quando eles ocorreram. Sabia-se, por 
exemplo, que determinada rocha era mais jovem que outra por estar disposta no 
terreno acima desta, e assim por diante, em um pacote de rochas sedimentares; mas 
quais eram de fato as idades de cada rocha e dos diferentes fósseis? Quão velhos 
eram os primeiros pássaros, as primeiras árvores e os dinossauros, cujos registros 
fossilizados eram encontrados dispersos nas camadas rochosas? Esta seria a grande 
lacuna da geologia até a descoberta da radioatividade no início do século XX, o que 
possibilitou o uso de métodos quantitativos para datar os minerais e as rochas. 
Em termos históricos, James Hutton e Charles Lyell, durante os séculos XVIII 
e XIX, demonstraram que os processos geológicos cíclicos regulares e de longa 
duração foram responsáveis pelo caráter transformador do relevo terrestre (teoria do 
 
 
20 
 
uniformitarismo). Em outras palavras, admitiram a enorme duração dos processos 
naturais, muito maior que a existência da própria humanidade. Com isso, rebateram o 
dogma criacionista vigente, segundo o qual todas as rochas teriam sido criadas 
durante o Dilúvio (teoria do netunismo); de acordo com os cálculos do arcebispo 
James Ussher (século XVII), a Terra teria sido formada por influência divina no ano 
4004 a.C. – cuja doutrina, baseada nas principais figuras bíblicas desde Adão e Eva 
até o nascimento de Jesus, influenciou boa parte do mundo europeu até o século XIX. 
Não obstante, de modo similar às pesquisas de Hutton e Lyell, estudos de 
camadas com fósseis empreendidos por vários cientistas, no final do século XVIII e 
início do século XIX, indicavam que a idade da Terra não era da ordem de milhares 
de anos, como pregava a Igreja, mas podia ser muito, muito mais antiga. Mais 
importante ainda, um conjunto de evidências científicas da longa história geológica da 
Terra implicava que teria havido tempo suficiente para que os seres vivos pudessem 
mudar lentamente suas formas. 
Em 1831, Charles Darwin, em sua expedição ao redor do mundo, encontrou 
no conceito do uniformitarismo os elementos que o ajudaram a elaborar a sua 
Teoria da Evolução, evidenciada nos registros das rochas e dos fósseis. 
(TEIXEIRA, 2016, p. 237). 
Em outras palavras, suas observações indicavam que os seres vivos evoluíram 
lentamente por seleção natural ao se adaptarem às mudanças ambientais que 
ocorrem durante o tempo geológico. Segundo as estimativas de Darwin, a Terra teria 
idade da ordem de centenas de milhões de anos, para que os seres unicelulares 
primordiais pudessem evoluir até a diversidade da vida atual. Por outro lado, a 
publicação de sua obra Origem das Espécies despertou grande interesse em se 
determinar a idade das rochas. 
 
 
21 
 
5.2 Estimativas da idade da Terra 
 
Fonte: minasjr.com.br 
Desde o limiar do século XIX, surgiram várias tentativas para estimar a idade 
das rochas e do próprio planeta. Fundamentalmente, esses métodos tinham como 
analogia o princípio da ampulheta do tempo. Nesse instrumento, a informação sobre 
o tamanho do reservatório é correlacionada com a taxa em que ele está sendo 
preenchido ou esvaziado para calcular a duração do processo de preenchimento ou 
esvaziamento da ampulheta. Por exemplo, se 2/3 de um volume de areia desceu para 
a câmara inferior da ampulheta e o esvaziamento completo leva1 hora, então o 
processo de preenchimento de areia da câmara inferior (2/3) durou 40 minutos. 
 Entre os vários modelos propostos, usando essa analogia, alguns 
enfatizavam o tempo necessário para acumular sucessões de rochas 
sedimentares, somando as espessuras máximas conhecidas para os 
afloramentos (ou estimando-as) e dividindo por uma determinada taxa de 
sedimentação. Outros modelos utilizaram medições baseadas em taxas de 
erosão e sedimentação de camadas rochosas e seu respectivo volume para 
calcular a idade do sedimento mais antigo, utilizando como controle adicional 
o conteúdo de fósseis. (TEIXEIRA, 2016, p. 239). 
 Ainda de acordo com Teixeira (2016), alguns pesquisadores, como o físico 
irlandês John Joly, na tentativa de descobrir a idade absoluta da Terra, consideraram 
o método da salinidade do mar, com base em estimativas do conteúdo de sal (Na+) 
adicionado anualmente, por meio de análises químicas de água dos rios e seus 
afluentes. Supondo que as águas do oceano eram originalmente doces e que a taxa 
atual de contribuição de sódio pelos rios ao mar seria constante durante o tempo 
 
 
22 
 
geológico, e conhecendo-se o volume aproximado de água do oceano, Joly estimou 
o tempo necessário para se atingir o nível atual de salinidade das águas oceânicas 
pela adição de todo o conteúdo de sal oriundo dos rios e seus afluentes (1899). 
Contudo, todos esses modelos têm valor discutível, pois suas premissas acerca 
dos fenômenos naturais são simplistas. Hoje sabemos que as taxas de erosão variam 
com o tempo e conforme o espaço; o desgaste das rochas também é diferencial, em 
função da sua composição, podendo ser ainda influenciado por processos de 
soerguimento da crosta, episódios de avanço e recuo do mar ou gelo, variabilidade 
dos processos de sedimentação etc. No tocante às estimativas de salinidade 
propostas por Joly, elas foram subestimadas e não consideraram, por exemplo, os 
processos envolvidos tais como as quantidades reais de sódio, a dinâmica da troca 
desse elemento entre as rochas da crosta terrestre e a água dos oceanos, bem como 
a sedimentação química de sais de sódio nos fundos marinhos, processos esses que 
influem no aporte de sais para os rios e em sua dinâmica após a chegada aos 
oceanos. 
6 ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO 
A necessidade de se ter um calendário dos mais importantes eventos da 
história terrestre em compartimentos característicos culminou com o estabelecimento 
da escala do tempo geológico. Esta escala tem grande utilidade para correlações 
globais das camadas geológicas, auxiliando no entendimento da evolução terrestre. 
Também tem sido utilizada na estimativa temporal de processos geológicos muito 
lentos para serem monitorados diretamente pelo homem, tais como a colisão entre 
massas continentais para formar a Pangeia ou outros supercontinentes, ou a abertura 
de um oceano, processos esses que envolvem escalas de dezenas a centenas de 
milhões de anos. 
Para Ferreira (2016), a criação de uma escala de tempo para reconstituir a 
cronologia dos eventos formadores da Terra é creditada, em grande parte, aos 
fundamentos científicos e observações realizadas por N. Steno, J. Hutton, C. Lyell, C. 
Darwin, W. Smith, entre outros. A integração de dados experimentais, relações 
geológicas, estratigrafia e paleontologia (inclusive a evolução dos organismos) levou 
à descoberta das relações temporais e espaciais entre pacotes rochosos pelo mundo, 
 
 
23 
 
apoiada pelos métodos de datação absoluta que são cada vez mais acurados. Com 
isso, estabeleceu-se uma linha do tempo para toda a história terrestre, em que cada 
período temporal se correlaciona a um pacote de rochas e respectivos fósseis. A 
escala do Tempo Geológico está dividida em quatro unidades principais de tempo em 
função de sua dimensão temporal: éons, eras, períodos e épocas. No tempo 
geológico, os acontecimentos são separados por milhões de anos (Ma) ou até mesmo 
por bilhões de anos (Ga). 
As maiores divisões da escala do Tempo Geológico, denominadas Éons, 
correspondem ao caráter geral da vida em cada uma; com o apoio de 
datações radiométricas foi possível estabelecer as idades entre as divisões. 
O Éon mais antigo da escala, o Hadeano, compreende o intervalo temporal 
entre a origem da Terra (4,6 Ga) e registro das primeiras evidências de vida 
(3,8 Ga). Em termos geológicos, representa a etapa de acrescimento do 
nosso planeta primitivo, com intenso bombardeamento por corpos celestes e 
vulcanismo primitivo global, mas para o qual há raro registro rochoso 
conhecido. (TEIXEIRA, 2016, p. 255). 
O Éon Arqueano (do grego archaios, “antigo”) representa o intervalo de tempo 
entre 3,8 Ga e 2,5 Ga, durante o qual os primeiros grandes núcleos rochosos se 
originaram por fluxo de material profundo predominantemente vertical. Durante este 
Éon, o planeta estabeleceu seus compartimentos internos bem como o clima primitivo. 
O resfriamento do planeta também causou a precipitação do vapor d’água para formar 
os primeiros oceanos. A água líquida foi o primeiro requisito, ao lado do calor da 
atividade ígnea, para que pudessem ocorrer as primeiras reações químicas que 
dariam origem à vida. As evidências de vida no limiar deste éon são raríssimas; foram 
identificadas em restos de compostos orgânicos e raros microfósseis, interpretados 
como de origem bacteriana a partir de estudos isotópicos em rochas com idade de 3,8 
Ga. Eles viveram no mar, pois a atmosfera primitiva tinha altas concentrações de 
gases tóxicos do ponto de vista hoje conhecido (metano, amônia, monóxido de 
carbono); a concentração de oxigênio era baixa demais e não havia a camada de 
ozônio para proteger a vida dos raios ultravioleta. 
Segue-se o Éon Proterozoico (do grego próteros, “anterior” e zoikós, “vida”), 
definido entre 2,5 Ga até 543 Ma. Os continentes produzidos pela dinâmica global 
assemelhada à Tectônica de Placas atual já são maiores. Neste Éon, a vida foi 
dominada pelo desenvolvimento de algas (cianobactérias), cujas colônias deixaram 
um rico registro geológico (os estromatólitos) nas rochas calcárias desse intervalo da 
história terrestre. Sua atividade fotossintética causou o aumento na concentração de 
 
 
24 
 
oxigênio na atmosfera, que era de 1% durante o Arqueano e subiu para 15% durante 
o Proterozoico. O oxigênio é um poderoso decompositor de matéria orgânica, sendo 
tóxico para muitas formas de vida existentes – este gás determinou o fim de muitos 
grupos de bactérias no Proterozoico. Além disso, a mudança da característica do 
ambiente, de redutora para oxidante, na superfície terrestre causou a oxidação e 
consequente precipitação química do ferro então dissolvido nos oceanos (como Fe²+), 
formando extensos depósitos sedimentares, que hoje constituem recursos minerais 
intensamente explorados. 
Os Éons Hadeano, Arqueano e Proterozoico são conhecidos, coletivamente, 
pelo termo Pré-Cambriano. Esta enorme dimensão temporal abrange o início da vida 
planetária e sua lenta evolução, antecedente ao Éon Fanerozoico – o intervalo mais 
jovem definido na escala do Tempo Geológico. Em resumo, durante o pré-Cambriano, 
apareceram os organismos microscópicos unicelulares (protozoários) procariontes 
nos mares remotos. Mais tarde, há cerca de 2,7 Ga, com o aumento do oxigênio na 
atmosfera, desenvolveram-se os eucariontes. Posteriormente, vieram os organismos 
multicelulares (metazoários), que evoluíram para formas ainda mais complexas, ao 
mesmo tempo em que bactérias produtoras de metano, que impediam o oxigênio de 
se acumular na atmosfera primitiva, começaram a desaparecer. Com isso, um grupo 
de micróbios produtores de oxigênio (essencialmente algas ou cianobactérias) entrou 
em ascensão, levando a um inexorável aumento do oxigênio e da vida na Terra. O 
poder corrosivo do oxigênio foi também crucial para mudar os ambientes superficiais 
de modo irreversível na Terra. O advento da reprodução sexuada, outroevento 
importantíssimo na evolução orgânica ocorrido neste éon, aconteceu há 
aproximadamente 2,0 Ga. 
O Éon Fanerozoico (do grego phanerós, “visível”, e zoikós, “vida”) abrange os 
últimos 543 Ma da Terra e é o mais bem conhecido. Corresponde temporalmente a 
uma “explosão” biológica no planeta; a vida tornou-se multicelular e se espalhou, 
conquistando os oceanos e continentes: tomou forma com esqueletos de vários tipos, 
aprendeu a nadar, expandiu-se nos oceanos e, finalmente, adquiriu membros para 
conquistar os continentes. A vida se espalhou e tomou conta da Terra, desde os polos 
gelados, os trópicos, até os desertos mais áridos. Em consequência, muitas 
formações rochosas desse Éon contêm abundantes conchas e outros fósseis, como 
ossos de vertebrados. 
 
 
25 
 
Na Escala do Tempo Geológico, o Fanerozoico é subdividido em três Eras 
(Figura 11.12), que correspondem à evolução biológica principal da Terra. 
 
Figura 11.12. FERREIRA, 2016, p. 257 
A escala de Tempo para o Fanerozoico e coexistência de fósseis-índices. 
Idades absolutas em milhões de anos estão também representadas, 
definindo os limites temporais entre períodos e eras, entre eras e o Pré-
cambriano (que inclui os éons Hadeano, Arqueano e Proterozoico. 
Grupos principais de fósseis representados na figura: 
a) Braquiópodos (rosa): organismos invertebrados marinhos, constituídos por 
duas conchas simétricas de diferentes tamanhos. Habitaram o planeta 
durante as eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica; foram, porém, mais 
abundantes na primeira. Poucas espécies existem atualmente, de modo que 
são consideradas praticamente extintas. 
b) Trilobitas (dourado): grupo extinto de organismos marinhos invertebrados 
relacionados às lagostas. São encontradas em rochas paleozoicas, de modo 
que são fósseis-índices para esta era e suas subdivisões em função das 
peculiaridades dos organismos. 
 
 
26 
 
c) Répteis (verde suave): grupo de animais vertebrados que incluem cobras, 
jacarés, lagartos, tartarugas e dinossauros. Todas as espécies de 
dinossauros viveram e foram extintas na era Mesozoica, de modo que são 
fósseis-índices desta era e de suas subdivisões. 
d) Mamíferos (cinza): grupo de animais vertebrados (inclusive os humanos), 
com sangue quente. Períodos de origem e de ocorrência... 
e) Anfíbios (marrom/castanho suave): grupo de animais vertebrados que 
inclui sapos e salamandras. Ocorrem no planeta desde o período Devoniano 
(era paleozoica). 
 f) Tubarões (azul): o registro fóssil indica que os tubarões viveram desde o 
final do período Devoniano da era paleozoica até os dias de hoje. 
(FERREIRA, 2016, p. 257). 
As idades relativas das rochas que contêm fósseis estão compartimentadas 
como eras e períodos, nesta figura. Essas eras mais recentes são delimitadas 
temporalmente pelas descontinuidades no registro fóssil no fim do Permiano (248 Ma) 
e cretáceo (65 Ma), respectivamente, devido às maiores extinções conhecidas na 
história da vida que ocorreram devido a catástrofes naturais, tais como alterações 
climáticas globais, choque de meteoritos e glaciações. Assim, cada subdivisão das 
eras em períodos é marcada por acontecimentos que estão registrados nas rochas, 
em particular, aqueles ligados à história da vida, como o caso das extinções em 
massa. A era Cenozoica é dividida em épocas, as quais representam subdivisões 
menores determinadas por gêneros e espécies fósseis característicos, apoiadas pelas 
idades das rochas determinadas por métodos de datação absoluta. As épocas mais 
bem conhecidas geologicamente são as do Período Terciário, como a do Plioceno 
(entre 6 milhões e 1,8 milhão de anos). 
 Na figura 11.12, o intervalo temporal dos fósseis-índices permite determinar a 
era ou os períodos durante os quais habitaram o planeta. Por exemplo, o registro fóssil 
das diferentes espécies de tubarões indica que existiram desde o final do período 
Devoniano da era paleozoica até os dias de hoje. Por outro lado, todas as espécies 
de dinossauros viveram e foram extintas durante a era Mesozoica. 
 
 
27 
 
7 AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS E PALEONTOLÓGICAS 
DAS TRÊS ERAS DO FANEROZOICO. 
7.1 Era Paleozoica 
 
Fonte: caracteristicas.com 
543 Ma a 248 Ma atrás. O início desta era corresponde a uma revolução na 
vida dos animais, conhecida como “explosão cambriana”, possivelmente em 
decorrência do aumento abrupto do nível de oxigênio na atmosfera e das taxas de 
predação. Neste momento, a vida assumiu de vez a multicelularidade, multiplicando a 
diversidade de formas e estratégias de vida dos primeiros animais surgidos algumas 
dezenas de milhões de anos antes. Os animais mais abundantes eram os 
invertebrados com esqueletos, como os moluscos e artrópodes. Seus fósseis são 
encontrados nas rochas formadas nos fundos dos mares, que cobriram as massas 
continentais da Pangeia por dezenas de milhões de anos. Fósseis de peixes, anfíbios 
e animais vertebrados terrestres são encontrados pela primeira vez em rochas 
paleozoicas. 
 Foi no período Ordoviciano (488 Ma - 444 Ma) que as primeiras plantas 
deixaram a vida aquática para colonizar a Terra, promovendo diversas 
transformações no ambiente, ampliando a espessura do solo, mudando a 
composição da atmosfera e tornando a porção emersa gradativamente 
habitável para os animais vertebrados que viviam no mar. No período 
Devoniano (416 Ma - 359 Ma) as primeiras florestas haviam se estabelecido 
e ofereciam aos animais alimento, sombra, umidade e proteção contra os 
raios ultravioleta. (FERREIRA, 2016, p. 259). 
 
 
28 
 
Os restos dessas imensas florestas são encontrados fossilizados em espessas 
camadas de carvão na América do Norte e até nas ilhas do oceano Ártico. O sequestro 
de CO2 (gás carbônico), incorporado no tecido das plantas e posteriormente 
fossilizado nas rochas, deu início a um efeito estufa inverso; com menos gás carbônico 
na atmosfera a Terra esfriou, causando uma das várias extinções em massa. No 
Carbonífero (359 Ma - 299 Ma) surgem os primeiros insetos. O final do Permiano é 
marcado por uma extinção em massa, que quase pôs fim à vida das florestas e da 
fauna terrestre e marinha. As causas dessa grande extinção ainda são motivo de 
debate, podendo estar ligada ao aumento de erupções vulcânicas, a problemas de 
circulação das correntes marinhas com consequentes alterações climáticas globais, 
ou mesmo ao impacto de um grande asteroide com a Terra. 
7.2 Era Mesozoica 
 
Fonte: multiplaescolha.com.br 
248 Ma a 65 Ma atrás; a vida teve de se recuperar da crise do final da era 
paleozoica. Nos poucos milhões de anos que se seguiram, a vida se diversificou e se 
multiplicou nos ambientes praticamente vazios e extensos do supercontinente 
Pangeia, que já estava então formado. Os fósseis mais antigos de dinossauros e 
pterossauros são encontrados em rochas que datam desta era. Além desses animais, 
os répteis aquáticos tornaram-se comuns; seus fósseis são abundantes em rochas 
desta era, como também os de peixes. São desta era, também, os primeiros 
 
 
29 
 
mamíferos e as plantas com sementes, mas ainda sem flores (gimnospermas), que 
se espalharam e dominaram a paisagem. 
Pouco antes do final da era mesozoica, as plantas com flores (angiospermas) 
já eram comuns nos trópicos. Embora o clima terrestre tenha sido favorável 
à vida durante o Mesozoico, duas grandes extinções aconteceram, afetando 
um grande número de espécies e exterminando para sempre alguns grupos 
de animais. (FERREIRA, 2016, p. 260). 
A mais importante delas ocorreu no fim do período Cretáceo e da era 
mesozoica, há 65 milhões de anos, causada por um grande impacto de um corpo 
celeste. É conhecido como o evento K/T, termo derivado das siglas adotadas nos 
mapas geológicos para os períodos Cretáceo (K) e terciário (T). Em 1991, geofísicos 
localizaram, em subsuperfície, o principal candidato para o local de impacto do bólido, 
uma cratera com 170km de diâmetro, com idade de65 Ma, na península de Yucatan 
(México). Esse impacto teria causado ondas de choque e calor, terremotos e 
vaporização de rochas, lançando poeira e fuligem na estratosfera, de modo que a luz 
solar não penetraria a superfície terrestre por semanas ou meses, entre outros efeitos 
catastróficos à vida de então. Esse evento acabou com o domínio dos répteis e 
permitiu a ascensão dos mamíferos. 
7.3 Era Cenozoica 
 
Fonte: conhecimentocientifico.r7.com 
 
 
30 
 
65 Ma atrás até o presente. Os continentes começaram a tomar uma forma 
muito parecida com a atual, com sete continentes, sendo três maiores. De forma geral, 
o clima da Terra esfriou gradualmente durante toda esta era, quando predominaram 
os mamíferos, os quais se diversificaram. Surgem as aves gigantes. Cabe notar que, 
durante o Mioceno (23 Ma - 5,3 Ma), ocorre o isolamento do continente antártico, 
dando início à formação de espessos mantos de gelo, que hoje garantem a 
temperatura média global em torno de 15°C. O gelo acumulado na Antártica e no mar 
à sua volta não apenas induz as correntes marinhas e atmosféricas, mas também 
reflete como um espelho a luz solar, ajudando a aliviar a quantidade de calor que a 
Terra absorve. A queda da temperatura causada pelo resfriamento antártico a partir 
do Mioceno causou o recuo das florestas, abrindo grandes áreas com vegetação de 
pequeno porte como as gramíneas. Os animais tornaram-se enormes. 
Em termos climáticos globais, durante a era Cenozoica, além da glaciação da 
Antártica, ocorreram também oito grandes glaciações durante o Pleistoceno, no último 
milhão de anos da escala do Tempo Geológico. Estes ciclos glaciais alteraram a face 
do nosso planeta e, em consequência, a evolução biológica. Durante um período 
glacial, maior quantidade de água fica retida no estado sólido, diminuindo a 
intensidade do ciclo da água e ocasionando a descida do nível do oceano. Ao 
contrário, durante um período interglacial, com o derretimento de parte dos mantos de 
gelo, o nível do mar sobe. Por exemplo, o talude continental (feição submersa) 
existente na atual configuração dos continentes é a posição pretérita do oceano 
durante a última grande glaciação, há 18.000 anos, quando o nível estava 130 metros 
abaixo do atual, ou seja, os continentes eram maiores do que são hoje (ver tópico 2). 
Finalmente, no Holoceno, por volta de seis milhões de anos atrás, aparece a 
linhagem que resultará no homem moderno: os primeiros hominídeos. O 
primeiro homem moderno, o Homo Sapiens surge há 200 mil anos e mais 
recentemente as espécies modernas. (FERREIRA, 2016, p. 261). 
Cabe notar que, durante todas essas etapas evolutivas da vida aqui 
sintetizadas, o planeta continuou a sua dinâmica, influenciando a evolução biológica, 
principalmente com o movimento das placas tectônicas, conforme ilustrado na figura 
11.13. Com formação do Gondwana e Laurásia há 300-260 pela quebra da Pangeia 
configuram-se novas fisiografias de grandes massas continentais emersas banhadas 
a oeste pelo colossal oceano Panthalassa. Esses supercontinentes, mais tarde, 
seriam também rompidos para dar forma à fisiografia atual da Terra. Nesse processo 
 
 
31 
 
de mudanças globais, ocorrem variações climáticas e alterações ambientais, gerando 
adaptações biológicas e novas linhagens nos animais e/ou extinção de espécies. 
Novas margens continentais são estabelecidas em função dos oceanos gerados; por 
isso, também, as grandes reservas de hidrocarbonetos se formaram durante o 
Fanerozoico. 
Figura 11.13: Ilustração da paleogeografia da Terra durante parte do 
Fanerozoico (fase de dispersão do supercontinente Gondwana). 
 
Figura 11.13. FERREIRA, 2016, p. 261. 
A figura 11.14 ilustra a diversificação das classes de animais vertebrados desde 
o Paleozoico até o presente. Em “a” a largura de cada domínio corresponde ao número 
estimado de espécies, e o topo deles representa o número de espécies atuais (em 
milhares). Em “b” no diagrama das relações da linhagem de organismos vertebrados 
 
 
32 
 
(cladograma), que representa a história da vida evolutiva, observa- -se claramente a 
diversificação da vida com o tempo geológico a partir de um organismo ancestral. 
 
Figura 11.14. FERREIRA, 2016, p. 261. 
A figura 11.14 Ilustra a diversificação dos organismos vertebrados no tempo 
geológico. a) A largura de cada domínio corresponde ao número estimado de 
espécies, e o topo deles representa o número de espécies atuais (em 
milhares de espécies). b) (figura inferior) cladograma, que mostra as relações 
da linhagem de organismos vertebrados durante a história evolutiva, que é 
pautada pela diversificação, ao longo do tempo geológico, a partir de um 
organismo ancestral. (FERREIRA, 2016, p. 261). 
Em síntese, o estabelecimento da escala do Tempo Geológico modificou 
definitivamente o nosso modo de pensar a natureza, sobre a idade da Terra e a 
duração e permanência da nossa espécie. Séculos de descobertas científicas e 
avanços na geologia, paleontologia e geocronologia e a tecnologia provaram que o 
 
 
33 
 
planeta tem uma história longa a contar, norteada pela tectônica de placas e o fluxo 
térmico interno, com implicações para a variação do clima global ao longo do tempo. 
Evidências geológicas de todo tipo comprovam que a geografia atual dos continentes 
e oceanos representa apenas o mais recente arranjo da crosta continental, crosta 
oceânica e nível do mar num planeta dinâmico. Nesse contexto, a evolução biológica 
promovida pela interação entre os seres vivos e o meio ambiente produziu milhões de 
espécies que viveram em momentos distintos da história da Terra, como testemunham 
os fósseis de bactérias, plantas e animais distribuídos por camadas sedimentares em 
todo o mundo. Estudando os fósseis, o homem aprendeu a estabelecer as idades 
relativas entre camadas, separando as rochas mais antigas das mais novas. A Terra 
atual é, em última análise, o produto de processos geológicos que operam em ciclos 
desde 4,6 bilhões de anos atrás, embora com intensidades variáveis e em diferentes 
espaços, onde a vida apareceu e se diversificou. 
 A recuperação desta história, na qual a metamorfose é uma constante, está 
simbolizada no livro da natureza que, embora fragmentado pelos processos 
geológicos, pode ser recuperado pela diversidade de fósseis, nas 
discordâncias geológicas, na correlação de camadas rochosas e em suas 
idades relativas em relação às outras rochas, contando com o apoio preciso 
de datações absolutas e das interpretações geológicas. (FERREIRA, 2016, 
p. 261). 
A visão concreta da paisagem fundamentada no amadurecimento da Geologia 
espelha uma ciência integradora e atual, que aborda o nosso planeta sob um contexto 
sistêmico. Com isso, sabe-se que a evolução acontece num período de tempo 
extraordinariamente vasto, modificando a parte externa da Terra, onde a biosfera, em 
constante mudança e interação com a atmosfera, hidrosfera e litosfera, desde que 
surgiu, o transformou, diferenciando-o de todos os outros planetas do sistema solar. 
Mesmo assim, os processos geológicos e seus produtos são passíveis de 
compreensão graças à nossa inteligência, tendo como alicerce o conhecimento 
advindo das Ciências da Terra. 
 
 
34 
 
8 CICLO DAS ROCHAS 
 
Fonte: todamateria.com.br 
A Terra é um corpo em constante mudança; as montanhas são erodidas, 
os mares avançam e recuam sobre os continentes; processos ocorrendo na superfície 
e nas profundidades da crosta e do manto estão constantemente mudando o planeta. 
Um aspecto dessa mudança contínua é que as rochas, também, estão sujeitas a 
mudanças. Não se tem um único exemplo de rocha que permaneceu imutável desde 
a formação da Terra, e muitas rochas modificaram-se muitas vezes. Rochas dos três 
maiores tipos - ígneas, sedimentares e metamórficas – podem ser transformadas em 
rochas de outro tipo ou em outra distinta rocha do mesmo tipo através de processos 
geológicos apropriados.Um arenito pode ser intemperizado até quebrar; seus 
fragmentos podem então ser transportados, redepositados, litificados para formar 
outra rocha sedimentar. 
Eles podem também serem carreados em profundidade, aquecidos e 
comprimidos, o que pode transformá-los em uma rocha metamórfica – 
quartzito; ou eles podem ser aquecidos até ser total ou parcialmente fundidos. 
Da mesma forma, um xisto pode ser quebrado em pequenos fragmentos, 
formando um sedimento que pode eventualmente se transformar em uma 
rocha sedimentar; um metamorfismo mais intenso pode transformá-lo em um 
gnaisse; ou, temperaturas extremamente altas podem fundi-lo para produzir 
um magma a partir do qual um granito pode cristalizar. (NASCIMENTO, 2013, 
p. 2). 
 
 
35 
 
8.1 Rochas Ígneas 
De acordo com Nascimento (2013), as rochas ígneas podem ser subdivididas 
com base nos minerais que as formam; e a composição química das rochas serve 
como um indicador da composição dos magmas a partir do qual as rochas 
solidificaram. Um dos primeiros critérios utilizados, no início dos estudos das rochas 
ígneas, foi a quantidade de sílica (SiO2) nas análises químicas. Durante o período 
pré-moderno da química, a sílica era considerada como sendo derivada do ácido 
silícico, e, portanto, quanto mais sílica houvesse na rocha, mais "ácida" ela seria. O 
Granito, rico em sílica, é a mais abundante das rochas ácidas. As rochas com baixas 
concentrações em sílica são chamadas básicas. O Gabro, pobre em sílica, é o oposto 
"básico" do granito. Nós sabemos agora, que o conteúdo em sílica não é uma medida 
da acidez como a palavra usada na química, mas o termo persiste até hoje. A 
quantidade de sílica não está necessariamente relacionada à quantidade de quartzo, 
uma boa parte da sílica pode estar combinada em outros silicatos. 
Na classificação baseada no conteúdo em sílica, as rochas ígneas com 
cristais grandes variam de granitos, no lado mais rico em sílica, passando de 
granodioritos e dioritos até gabros, no lado menos rico em sílica. O sistema 
moderno de classificação dos grupos mais importantes, baseado na 
composição química e mineralógica mostra uma enorme coincidência com o 
sistema baseado apenas no conteúdo em sílica. (NASCIMENTO, 2013, p. 3). 
Os dois termos mais comumente usados hoje em dia, se originaram numa 
divisão ampla entre minerais escuros e claros - e rochas, chamadas respectivamente 
de félsicas e máficas. Esses termos foram usados porque os minerais dominante no 
grupo dos claros são quartzo e feldspato, ambos ricos em sílica (portanto félsicos, 
fel(s) = feldspato, mais ic) e aqueles do grupo dos escuros são o piroxênio, anfibólio 
e olivina, todos eles ricos em magnésio e ferro (portanto máfico, de magnésio e ferroso 
de ferro, mais ic). 
8.2 Rochas Sedimentares 
A mineralogia e a textura são também úteis na subdivisão das rochas 
sedimentares. Elas são usadas em combinação para agrupar dois grupos principais, 
rochas detríticas e rochas químicas. Os sedimentos detríticos são aqueles que 
apresentam indícios de transporte mecânico e deposição de detritos a partir da erosão 
 
 
36 
 
através de correntes. Os componentes principais são fragmentos de rochas ou 
minerais quebrados e erodidos de rochas pré-existentes e, portanto, são chamadas 
de rochas clásticas (do grego clastos, quebrar). As rochas que compunham antigas 
montanhas que foram rebaixadas pela erosão podem ser reconstruídas através dos 
estudos desses minerais e fragmentos detríticos. O quartzo, o feldspato e os 
argilominerais são os constituintes principais. Os fragmentos tendem a desgastar e a 
abrasão, durante o transporte, arredonda as partículas. Durante a sedimentação, as 
correntes selecionam os minerais de acordo com o tamanho e densidade. Quanto 
mais forte for a corrente, maiores serão as partículas transportadas. 
O tamanho e a seleção dos sedimentos clásticos são característicos da 
natureza das correntes. Essas feições formam a base para a subdivisão dos 
sedimentos detríticos em: 
 1) grosseiramente granulados, cascalhos, seixos e seu equivalente litificado 
conglomerado; 
2) mediamente granulado, as areias e arenitos; 
3) finamente granulados, argila e lama e seu correspondente litificado, os 
folhelhos. O termo lamito (mudstone) é um termo genérico para rochas 
compostas de mais de 50% de argila e silte. Os folhelhos são caracterizados 
pela sua fissilidade (quebramento ao longo dos planos de laminação). As 
rochas sedimentares com granulação grossa, compostas por minerais e 
fragmentos de rochas normalmente angulosos são chamadas de brechas 
(breccias), que contrastam com os seixos arredondados dos conglomerados. 
(NASCIMENTO, 2013, p. 3). 
8.3 Rochas Metamórficas 
Em consonância com Nascimento (2013), como as rochas ígneas são divididas 
em intrusivas e extrusivas e os sedimentos em detríticos e químicos, da mesma forma, 
as rochas metamórficas são classificadas em duas grandes classes genéticas. Elas 
são o resultado do metamorfismo regional ou do metamorfismo de contato. O 
metamorfismo regional produz rochas pelo aquecimento e pressões que são 
produzidos sobre rochas pré-existentes, a grandes profundidades na crosta terrestre. 
O metamorfismo de contato é produzido pela alteração de rochas próximas a grandes 
intrusões ígneas, caracterizado principalmente por elevadas temperaturas e também 
pressões. As texturas características dão informações sobre estas duas formas de 
origem. As rochas metamórficas geradas pelo metamorfismo regional mostram uma 
foliação - estruturas planares ou onduladas formadas nas rochas devido o 
alinhamento de minerais, principalmente os placosos, como as micas. Algumas rochas 
 
 
37 
 
de metamorfismo de contato podem também ser foliadas, mas muitas tendem a ser 
granulares, como por exemplo o hornfels, que é muito fino. O tipo de foliação e o 
tamanho dos grãos são usados, em combinação, como base para subdividir as rochas 
metamórficas em: ardósia, xisto, gnaisse e granulito. 
Os xistos são caracterizados pela partição ao longo de planos bem definidos 
de minerais placosos mediamente granulados. As ardósias possuem partições 
planares mais perfeitas e são tão finas que os minerais não podem ser facilmente 
reconhecidos. Os gnaisses possuem granulação grossa e mostram uma foliação 
menos visível. Eles não quebram como os xistos e ardósias. 
Os planos de foliação das ardósias são chamados de clivagem ardosiana. Os 
granulitos, como o próprio nome diz, são rochas constituídas de um mosaico de 
cristais intercrescidos, semelhantes a rochas ígneas. Dentro desses grupos texturais, 
a assembleia mineralógica é a base para uma divisão posterior dessas rochas em 
grupos menores, ou associações nas chamadas fácies metamórficas. As fácies 
metamórficas se originam no mecanismo de formação das rochas metamórficas, 
através de assembleias de minerais neoformados sob essas novas condições de 
pressão e temperatura. 
9 AS CORRENTES DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO E O SURGIMENTO DA 
GEOGRAFIA COMO DISCIPLINA ESCOLAR 
 
Fonte: brasilescola.uol.com.br 
 
 
38 
 
Ensinar geografia significa compreender o mundo, suas transformações e 
representações sociais em suas múltiplas dimensões da realidade social. 
Conforme Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009), as abordagens do 
conhecimento geográfico mais recentes no Brasil, resultam de várias correntes de 
pensamento, desde a influência da Escola de Vidal de La Blache até as 
contemporâneas. Alguns pesquisadores orientam-se pelas correntes do 
neopositivismo, da fenomenologia, das humanísticas e psicológicas da geografia da 
percepção, do materialismo histórico e dialético. 
Conteúdos e métodos, embora diferentes entre si, não existem um sem o outro 
em educação. Na formação inicial ou continuada do professor, é preciso designar sua 
opção teórico-metodológica de modo coerente. A produção científica da Geografia se 
fez na história, desde os últimos 3 mil anos, com acúmulosde conhecimentos 
geográficos, tanto de origem empírica como científica, no qual se desenvolveram 
desde as primeiras cartas e descrições produzidas na China. Porém, o conhecimento 
geográfico foi ampliado com as grandes descobertas marítimas e a institucionalização 
da Geografia no mundo Ocidental. Isso aconteceu nas expedições científicas pela 
África, América e Ásia, através das associações geográficas e das academias 
europeias, que sistematizavam as informações coletadas pelos cientistas em suas 
viagens pelo mundo. 
Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009) explicam que, no final do século XVIII, 
a Geografia constituiu-se ciência e enfrentou dois problemas: primeiro, a sua ligação 
com a História que, na época, cumpria o papel de apenas fundamentar aspectos e 
fatos históricos e, segundo, as relações entre a natureza e o homem, no qual a 
Geografia aceitava a influência quase absoluta do meio biofísico sobre o homem. 
Mesmo com a existência da geografia humana, essa situação ainda persistiu e 
atravessou os séculos XIX e a primeira metade do século XX. 
Mas foi através dos estudos de Friedrich Ratzel, antropólogo e geógrafo 
alemão, em sua obra Antropogeografia: fundamentos da aplicação da 
Geografia à História, publicada em 1882, que divulgou as ideias 
deterministas, considerando a grande influência do meio natural sobre o 
homem. (COSTA, 2016, p.21). 
Segundo as autoras Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009), Ratzel definiu o 
objeto da Geografia como o estudo da influência que as condições naturais exercem 
sobre a humanidade. Ratzel afirmava que o território constituía as condições de 
 
 
39 
 
trabalho e de existência de uma sociedade e que o progresso só existiria com a 
ampliação territorial. Surgiu, então, a escola determinista de Geografia, onde existiu a 
compreensão de que o homem é um produto do meio. 
Os geógrafos seguidores de suas ideias preocupavam-se com alguns 
problemas, como: povo, raça, Estado e localização dos Estados e constituíram as 
bases da Geopolítica. 
 É importante ressaltar que, durante o século XIX, o centro de discussão da 
Geografia, na Europa, concentrou-se na Alemanha e, só no final do século, o 
pensamento geográfico francês encontrou seu espaço. As ideias dos mestres 
alemães chegaram ao Brasil, trazidas pelos geógrafos franceses, mas acrescidas de 
críticas embasadas na escola criada por Vidal de La Blache e seus discípulos. 
Nessa época, a economia baseada numa ordem existente, onde o capitalismo 
estava instaurado sob o domínio da burguesia francesa, ampliou-se o espaço de ação 
política. Com a derrota da França na Guerra Franco-Prussiana (1870-71), houve a 
necessidade de se pensar o espaço geográfico, de deslegitimar a reflexão geográfica 
alemã e fundamentar o expansionismo francês. E assim, a Geografia passou a 
desenvolver-se com o respaldo do Estado Francês, sendo introduzida como disciplina 
em todas as séries de ensino básico na reforma efetiva da Terceira República. 
Assim, foram criadas as Cátedras e institutos de Geografia, estimulando a 
formação de geógrafos e de professores da disciplina. 
As ideias de Vidal de La Blache e de seus seguidores são denominadas, 
atualmente, por muitos, de Geografia Tradicional e exerceram grande influência na 
formação das Universidades de São Paulo e do Rio de Janeiro e, aos poucos, em 
outras universidades de todo país. Os princípios da escola francesa nortearam as 
primeiras gerações de pesquisadores brasileiros e o trabalho pedagógico dos 
docentes (MORAES, 1987). 
No Brasil, as ideias vindas pela escola francesa chegaram aos bancos 
escolares por meio dos licenciados e, de posse desse saber científico desenvolvido 
na universidade e com auxílio dos livros didáticos, elaboravam suas aulas, produzindo 
saberes para diferentes níveis de ensino. Os livros de Aroldo de Azevedo foram 
hegemonicamente adotados nas escolas brasileiras, atravessando gerações, entre as 
décadas de 50 e 70 do século XX. 
 
 
40 
 
Mas foi nos anos 50, que apareceram questionamentos em várias partes do 
mundo e no Brasil quanto às tendências tradicionais da Geografia, que 
compreendiam o espaço geográfico por meio das relações do homem com a 
natureza. Surgem a busca de novos paradigmas e novas teorizações pelos 
geógrafos. (COSTA, 2016, p.23). 
Do ponto de vista teórico, é importante lembrar que a profunda influência 
europeia sobre o desenvolvimento dessa ciência no Brasil teve destaque para a 
presença francesa. Com o tempo, foram sendo criadas várias universidades em São 
Paulo e Rio de Janeiro. O bacharel e o professor licenciado em Geografia não existiam 
no Brasil. Existiam pessoas que vinham das mais diferentes formações, que 
lecionavam essa disciplina. Eram professores de Geografia, advogados, engenheiros, 
médicos e seminaristas. 
Assim, a Geografia, no antigo ginásio até a época da fundação da Faculdade 
de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL)/Universidade de São Paulo (USP), em 1934, 
nada mais era do que a dos livros didáticos escritos por não geógrafos e expressavam 
apenas o que foi a ciência até meados do século XIX, na Europa. Enumeravam nomes 
de rios, cidades, serras, montanhas, cabos, ilhas, capitais, totais demográficos de 
países, dentre outros, e a memorização era a capacidade principal para o bom 
resultado nas provas. 
A obra A metodologia do ensino geográfico, escrita por Delgado de Carvalho 
e publicada em 1925, foi constituída como o trabalho mais importante da 
Geografia no Brasil da primeira metade do século XX. Delgado de Carvalho 
produziu obras científicas, didáticas e metodológicas no campo das ciências 
sociais. (COSTA, 2016, p.23). 
 Daí em diante, Delgado de Carvalho defende a urgência da Geografia em 
tornar-se uma ciência e criticou a Geografia nomenclatural que exigia apenas a 
memorização e, também, a Geografia administrativa, que limitava o estudo às divisões 
políticas dos países, pois tais abordagens serviam de obstáculo a uma reflexão teórica 
sobre ciência geográfica do domínio didático. Esse geógrafo e professor foi contra o 
patriotismo ideológico transmitido pela Geografia. 
No Brasil, a formação de uma Geografia como ciência efetivou-se a partir de 
1930, ao serem criadas as primeiras faculdades de Filosofia, o Conselho Nacional de 
Geografia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Associação dos 
Geógrafos Brasileiros (AGB) (1934). 
 
 
41 
 
Surge o novo perfil profissional, o bacharel e o licenciado em Geografia e em 
História, a partir da criação da FFCL/USP. Esse novo perfil teve papel importante na 
transformação cultural e na sala de aula e, em 1957, passou a existir vestibular 
específico para os dois cursos. 
O IBGE teve grande importância na produção de artigos sobre pesquisas de 
caráter geográfico. No Brasil, o espaço geográfico, mundializado pelo capitalismo, 
tornou-se complexo e as metodologias propostas pelas várias tendências da 
Geografia Tradicional não eram capazes de apreender a complexidade. Nas décadas 
de 80 e 90, os programas de computador e as técnicas ligadas ao sensoriamento 
remoto passaram a ser usados. Porém, mais importante que as novas técnicas para 
análises espaciais foi a reflexão teórico-metodológica intensificada no Brasil, a partir 
dos anos 70. 
Apareceram críticas dos geógrafos teorético ao embasamento filosófico, 
centrado no positivismo clássico e no historicismo. 
Os teóricos de orientação marxista influenciaram a produção da Geografia no 
Brasil nas décadas de 80 e 90, sobrepondo-se aos teoréticos e hoje existem novas 
gerações de pesquisadores. 
A produção científica dos geógrafos brasileiros também encontra 
embasamento teórico na reflexão de pensadores não geógrafos que tomam o espaço 
como categoria central de análises. Merecem destaque, Manuel Castells e Henri 
Lefebvre, que em seus estudos, analisaram o espaço urbano, fazendo crítica às 
diferentes correntes filosóficas e às análises sociológicas

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