Buscar

Introdução à Geologia e História do Pensamento Geológico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Geologia 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Carlos Eduardo Martins 
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites 
Geologia atual e história do pensamento geológico
5
• O que é a Geologia?
• História do pensamento geológico
 · Esta unidade tem por objetivo discutir as várias etapas do pensamento geológico. 
Também debaterá como se deu as mudanças do pensamento diluvianista-
catastrofista-estabilista para uma visão mais dinâmica, que admite a mobilidade 
da superfície terrestre.
Nesta unidade, trataremos da Geologia atualmente e da história do pensamento geológico, 
você terá acesso a diversos recursos.
Veja o mapa mental, que sintetiza a estrutura do assunto tratado neste módulo.
Fique atento aos prazos das atividades que serão colocadas no ar.
Recorra sempre que possível às videoaulas e à apresentação narrada para tirar eventuais 
dúvidas sobre o conteúdo textual.
Participe do fórum de discussão proposto para o tema.
No seu tempo livre, procure pesquisar as fontes do material complementar.
Além disso, procure pesquisar o máximo que puder sobre o tema geologia atual e história 
do pensamento geológico. Há inúmeros conteúdos na internet que são bastante úteis para o 
seu estudo e para a sua formação profissional.
Bom estudo.
Geologia atual e história do pensamento 
geológico
6
Unidade: Geologia atual e história do pensamento geológico
Contextualização
Antes de iniciarmos esta unidade, veja esta tira do Calvin:
http://2.bp.blogspot.com/-X_xiF9q1cyI/UR-gemnX4ZI/AAAAAAAAB-o/RfsnJ9xj3LU/s1600/calvin+geologia.jpg
7
O que é a Geologia?
A Geologia é a parte do conhecimento humano que se dedica ao estudo da estrutura, 
da forma e da idade da Terra. Tal objetivo, aparentemente simples, esconde toda sorte de 
fenômenos e processos que se desencadeiam na natureza.
Podemos agrupar os objetos de estudo da Geologia em dois temas gerais:
Os recursos minerais. Grande parte das nossas matrizes energéticas, das matérias primas e 
dos bens industriais têm origem geológica. Além da pesquisa por novos recursos, a Geologia 
também deve se preocupar em criar as condições para o uso sustentável deles.
Por outro lado, o fato de a sociedade interagir com a natureza e, muitas vezes, essa inter-
relação ser marcada pelos grandes desastres naturais – como os tsunamis, terremotos e 
movimentos de massa em grande escala – não só aguça os nossos sentidos e a nossa razão 
para a Geologia, como também atrai novas levas de profissionais para as geociências.
Em tempos recentes, devido ao progresso nos meios de comunicação, a relação entre 
a sociedade e os fenômenos geológicos tem recebido enorme destaque nos veículos de 
comunicação. São tantas as manchetes de ocorrências de vulcões, maremotos, movimentos 
de massa, que muitos acreditam que vivemos uma fase de grande instabilidade dos processos 
naturais que regulam os fenômenos geológicos.
Essa crença, quase um tabu, deve-se ao fato de termos meios de comunicação cada vez 
mais ágeis, que mantêm relações com órgãos e instituições de pesquisa, resultando em incrível 
rapidez na veiculação e divulgação de um fenômeno natural de risco ou desastroso, antes ou 
depois de seu acontecimento.
Assim, nas próximas páginas faremos um pequeno resgate das ideias pioneiras e que 
forjaram o nosso atual conhecimento a respeito de Geologia. 
8
Unidade: Geologia atual e história do pensamento geológico
História do pensamento geológico
As origens do nosso pensamento sobre os fenômenos geológicos remontam ao período da 
história conhecido como Antiguidade Clássica, entre o século VIII a. C., com o surgimento da 
poesia grega de Homero, e o colapso do Império Romano no século V d. C., com a queda de 
Constantinopla.
No entanto, os gregos são vistos como os pioneiros na observação sistemática da natureza e 
os primeiros a fazer ciência natural propriamente dita, capaz de superar toda a carga mitológica 
e sobrenatural que alimentavam a mente humana primitiva na explicação das causalidades 
primeiras dos fenômenos naturais.
A Geologia presente nas culturas primitivas
As culturas primitivas são campos férteis para buscar os primeiros testemunhos do 
pensamento humano a cerca da Geologia. As sociedades primitivas atribuíam poderes aos 
fenômenos geológicos – algumas ainda o fazem, caso daquelas que, apesar dos progressos da 
ciência, mantiveram-se alheias ao escolherem conservar suas formas de existência independente 
do pensamento científico.
Costumamos acreditar que as sociedades primitivas vivem em “harmonia” com a natureza, 
ao contrário das sociedades modernas que a degradam. Claro que essa é mais uma controvérsia 
atribuída à análise da evolução linear do progresso humano e às suas atividades no decorrer 
desse, principalmente quanto aos resultados recentes da produção e do consumo de bens nas 
sociedades capitalistas.
Para as sociedades primitivas, a relação estabelecida com os fenômenos 
geológicos é mediada pela aquisição das necessidades vitais para a 
sobrevivência. Assim, os rios, as montanhas, o solo e as rochas são 
provedores temperamentais de recursos. E, por esse motivo, são 
adorados e temidos ao mesmo tempo.
O ato de coleta de um recurso, ou mesmo o momento que o antecede, é sempre precedido 
de rituais das mais variadas intensidades – alguns, inclusive, envolvendo sacrifícios de animais e 
de membros da própria sociedade. O amadurecimento dessa relação fez com que, na maioria 
dos casos, surgissem religiões feiticistas e animistas ligadas aos fenômenos geológicos.
A crença das comunidades andinas atribui às águas a origem do primeiro Inca, que teria 
brotado da terra graças ao ciclo que vai do oceano até o Lago Titicaca, permeando o solo ao 
longo desse trajeto. Essa divindade nos fazer associar a fertilidade do solo à circulação da água, 
que, ao mesmo tempo, deu origem a vida humana e a sustenta com víveres, é a pachamama.
Nas sociedades polinésias, o mana é o sagrado que a tudo permeia e que não é revelado 
aos seres humanos. É o eterno mistério da natureza que impregna a tudo.
9
A convicção sobre os poderes atribuídos aos fenômenos geológicos é comum a praticamente 
todas as sociedades primitivas, com algumas variações de umas para as outras.
O poder das águas está ligado à origem e à manutenção da vida em praticamente todas as 
origens das diferentes sociedades. 
A percepção das águas é tema antigo na história da humanidade e sua presença 
pode ser observada em diversos mitos de criação e divindades associadas às 
mais diferentes culturas como Namu/Engur (sul da Mesopotâmia), Poseidon 
(Grécia), Netuno (Roma), Iemanjá (África), Sedna (esquimós), wata-tsumi 
(Japão), Boannan (Irlanda), Mama cocha (Incas), Iara (índios do Brasil). Nos 
diversos mitos de origem, a água normalmente está associada ao surgimento 
do ser humano, o que nos revela a enorme carga simbólica que esse elemento 
possui n imaginário e no inconsciente dos povos ao longo dos tempos. É das 
águas que emerge a semente da vida e em que se dá a gênese da fartura. As 
projeções humanas sobre as paisagens, e as águas nelas incluídas, refletem 
nossa necessidade de dar significado à vida, por meio dos ciclos naturais, da 
morte e do renascimento, entre outros. S. Shama afirma que “ver um rio 
equivale a mergulhar numa grande corrente de mitos e lembranças, forte o 
bastante para nos levar ao primeiro elemento aquático de nossa existência 
intrauterina” (DOWBOR, 2005).
Os poderes plásticos atribuídos às rochas e aos minerais, que podem assumir todas as 
formas, incluindo as de animais e homens, é de grande relevância para a montagem da 
nossa concepção moderna dos fenômenos geológicos. Ainda que nos consideremos acima e 
à frente dessas culturas, nós também atribuímos nomes de animais, de deuses e demônios e 
até de artefatos humanos às formas de relevo – temos os picos dedo de Deus, do Elefante, do 
Papagaio, do Pão de Açúcar, do Diabo, da Canastra, entre outros.
As coleções de minerais e rochas, ou as pedras da sorte que carregamos no bolso,são sinais 
de visões primitivistas ou sobrenaturais herdadas dos nossos antepassados.
E assim são os poderes do vento, dos vegetais, dos animais, da chuva e de tantos outros 
elementos que combinados ou individualmente ajudaram a formar a moral, a ética e a própria 
história da nossa humanidade.
O pensamento antigo clássico sobre os fenômenos geológicos
Como já dissemos anteriormente, as origens da nossa visão científica sobre os fenômenos 
geológicos encontram-se inseridas no contexto do pensamento clássico grego.
Nessa fase do pensamento humano, buscou-se a superação do tratamento sobrenatural 
dos fenômenos naturais e a construção de explicações puramente materiais para a natureza. 
Infelizmente, temos apenas fragmentos escritos dos trabalhos desses pensadores. Trataremos 
de identificar alguns deles, os quais entendemos ser os mais importantes para nosso conteúdo.
10
Unidade: Geologia atual e história do pensamento geológico
Os pensadores da Antiguidade Clássica são divididos por escolas, umas mais empiristas e 
outras mais idealistas. O fato é que podemos identificar nelas os rudimentos do que chamamos 
hoje de ciência. Temos:
 · Escola Jônica (Ásia Menor): Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito de 
Éfeso, Diógenes de Apolônia;
 · Escola Pitagórica (Magna Grécia): Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona;
 · Escola Eleata (Magna Grécia): Parmênides de Eléia, Zenão de Eléia, Xenófanes de 
Colofon;
 · Escola Atomista (Trácia): Leucipo e Demócrito de Abdera;
 · Outros filósofos: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazomena.
O conflito entre os empiristas, que valorizam a experiência concreta, e os idealistas, que 
valorizam a razão, pode estar no fato de que na antiguidade há a divisão entre o trabalho 
intelectual, específico para a aristocracia e para os pensadores, e o trabalho físico, ou braçal, 
realizado pelos escravos, e indigno aos primeiros. Essa dicotomia cria uma clara divisão entre 
mente e corpo; princípio, aliás, muito veementemente defendido por Platão.
Um dos expoentes mais emblemáticos relacionados a essa discussão é Parmênides de Eleia 
(530 a. C. - 460 a. C.). Diferente da maioria dos pensadores de sua época, Parmênides 
assegurava a existência pura e simples das coisas. Afirmava que tudo é eterno, imutável e não 
há transitoriedade em nada, não há movimento em nada, ou seja, uma coisa não pode “ser” 
e “não ser” ao mesmo tempo.
Independentemente de toda a produção de pensamento da época convergir para a observação 
e busca das causas físicas, Parmênides rejeita completamente que os sentidos possam ser 
considerados como válidos para alcançar o conhecimento da verdade. Os sentidos são enganosos 
e produzem um conhecimento ilusório sobre as coisas. A verdade, para ele, deve advir apenas a 
partir da razão. Vejamos a quem Parmênides tentava intelectualmente atingir.
Tales de Mileto (640 - 550 a. C.) atribuía a origem das coisas à água, mas não necessariamente 
pelos seus poderes sobrenaturais, e sim pelo seu poder físico-químico. Tales era um exímio 
observador do papel erosivo e sedimentar das águas durante a época das chuvas. Por 
esse motivo, é creditada a ele a primeira descrição do processo que combina a erosão e a 
sedimentação.
Por sua vez, Anaximandro (610 - 547 a. C.) é considerado o primeiro a conceber a Terra 
fixa e centrada em um sistema que tem a Lua, o Sol e os outros planetas girando ao seu redor 
(Figura 1). O que quer dizer que ele é considerado o criador do sistema geocêntrico (Figura 2), 
válido até o início do século XVI.
11
Figura 1. Representação da Terra na antiguidade grega
Fonte: henry-davis.com
Píndaro de Tebas (518 - 446 a. C.), um persistente observador dos vulcões ao sul da Europa, 
admitia a existência de um canal ardente (typhone) que, em profundidade, ligava a região de 
Nápoles à Sicília, com ramificações subterrâneas, explicando assim as erupções alternadas do 
Etna, na Sicília, do Vesúvio, em Nápoles, e dos vulcões das ilhas Lípari.
Platão (429-347 a. C.), que entrou em rota de colisão com os empiristas pela sua posição 
contrária à prática da observação sensível, supôs um rio subterrâneo de lama fervente e lava, o 
Pirofiláceum, que serpenteava pelos subterrâneos da Terra e alimentava as bocas vulcânicas.
Anaximandro, discípulo de Tales (610 - 547 a. C.), atribui uma origem sólida e concentrada 
da matéria, além de acreditar também que a origem da vida era marinha.
Heráclito de Éfeso (535 - 475 a. C.) foi daqueles pensadores clássicos que são referência 
em diversos aspectos da ciência. Sua posição em considerar que a natureza é o “pólemos”, ou 
seja, a “guerra dos contrários”, a harmonia contrastante, pode ser considerada como a origem 
da nossa capacidade de perceber as causalidades dialéticas presentes nos fenômenos.
Da mesma forma, Heráclito é um dos primeiros a incorporar a noção de ciclo nos processos 
naturais, ao postular os seguintes aforismos: o fogo vive a morte da terra; o ar vive a morte 
do fogo; a água vive a morte do ar e a terra vive a morte da água. Ou seja, para ele, os 
quatro elementos estão permanentemente sujeitos a ciclos duplos: pela via descendente (ou 
condensação), temos fogo água gelo terra; e pela via ascendente (ou rarefação), 
temos: terra gelo água fogo (CASINI, 1987).
Figura 2. Ilustração original do Cosmographia de Petri Apiani (1553)
 
12
Unidade: Geologia atual e história do pensamento geológico
A ideia de que os corpos são formados por partes é um dos pilares das investigações 
especulativas dos pré-socráticos. Anaxágoras de Clazômenas (500 - 428 a. C.), por exemplo, 
afirmou que a natureza é formada por partículas invisíveis a olho nu. Essas partículas, que 
ele denomina germens, combinam-se em quantidades e qualidades distintas para formar a 
diversidade de coisas existentes.
Um dos pensadores mais relevantes entre os Pré-socráticos é Demócrito de Abdera (460 - 
370 a. C.), discípulo de Leucipo (? - 420 a. C.). É considerado um dos pioneiros do pensamento 
atomista da Antiguidade Clássica. Demócrito defende que todas as coisas são resultantes de 
infinidades de átomos eternos e imutáveis (indivisíveis). Para ele, a formação dos corpos se 
dá de acordo com cada combinação de átomos semelhantes, dentre os diversos existentes, 
inclusive alguns comporiam a própria alma.
Xenofonte de Cólofon (430... a. C.), ao observar os fósseis de conchas marítimas nos 
Bálcãs, desenvolveu a tese de que no passado o mar podia ter coberto a terra.
Aristóteles (384 a. C. - 322 a. C.), apesar de todo o seu esforço em corroborar com 
a proposta empirista dos Pré-socráticos, não conseguiu perceber a antiguidade dos fósseis, 
acreditando que eram marcas deixadas por “peixes terrestres”.
Plínio, o velho (23 d. C. - 79 d. C.), que teria morrido na explosão do Monte Vesúvio, foi 
um persistente observador desse monte, tendo descrito e denominado o basalto.
Lucius Anneus Sêneca (4 a. C. – 65 d. C.) foi provavelmente o pensador romano que 
mais tenha se dedicado a escrever sobre os fenômenos naturais na sua publicação Naturales 
Quaestiones, de 65 d. C.
No século II d. C., o geógrafo grego Pausânias de Lídia (115 - 180 d. C.) relatou na 
Descrição da Grécia as diversas paisagens gregas. Essa pode ser considerada uma das 
primeiras publicações da Geografia Regional que se conhece. Pausânias teve o seu trabalho 
facilitado graças à tradição de abrir estradas ou rotas que os romanos cultivaram ao longo da 
sua hegemonia imperial na Europa, no Norte da África (Líbia) e Oriente Médio (Ásia). 
O mesmo propósito da Geografia Regional foi escolhido por Estrabão (63 a. C. - 24 d. C.), 
entretanto, esse expandiu a escala descritiva para o plano intercontinental. Na Geographia, 
uma obra escrita em dezessete volumes, Estrabão relata as características paisagísticas das 
áreas dos três continentes conhecidos até então como ideia de mundo eurocêntrico.
O pensamento da Idade Média Europeia e a Geologia
Diferentemente da efervescência de pensamento que caracterizou a AntiguidadeClássica, 
na Idade Média europeia a ciência entrou em uma fase de obscurantismo, ficando restrita a 
imagens de natureza completamente vinculadas à ideia da Criação.
O crescimento do cristianismo provocou o declínio da sacralidade politeísta e pluralista 
grega e romana, colocando, aos poucos, em seu lugar, o monoteísmo atrelado a uma visão 
monista de natureza, que já havia sido proposto desde os pré-socráticos, mas que somente se 
tornaria hegemônico a partir do colapso do império romano e da ascensão do cristianismo 
sediado em Roma.
13
A combinação dos seguintes elementos caracteriza a justaposição monoteísmo-monismo 
emergente nesse contexto:
 · Onipresença, onipotência e onisciência de um só deus arquiteto;
 · A unidade da realidade como um todo, contrariamente ao dualismo ou ao pluralismo 
anterior;
 · A aceitação de uma única coisa, a substância, da qual tudo provêm.
Tal conjunto de princípios novos corroborou com a visão platônica e inventou uma ideia 
de mundo físico teleologicamente ordenado, como o aristotélico, criado por intermédio dessa 
inteligência superior, a fim de preencher o espaço entorno do homem e, assim, fora do 
domínio das suas faculdades.
A Geologia do Renascimento
Essa nova circunstância deu lugar a um conjunto de princípios que passou a orientar toda 
a noção a respeito das causas dos fenômenos geológicos em torno da trindade Diluvianismo/
Catastrofismo/Estabilismo, da qual passaremos a tratar.
Georgius Agricola, ou Georg Pawer (1494 - 1555), pode ser considerado o pioneiro 
da Geologia. Suas obras em vida, De ortu et causis Subterraneorum libri V (Gênese dos 
Materiais no Interior da Terra, cinco volumes) e De Natura Fossilium (Os Fósseis Naturais), 
e sua a obra póstuma, De Re Metallica (Da Natureza dos Metais), foram a confirmação da 
forte influência que recebeu do ambiente onde viveu, apesar da sua formação em medicina. 
René Descartes (1596 - 1650), no Philosophiae Principia (Princípio de Filosofia) de 
1644, elabora um esquema de mundo no qual a Terra é um modelo evolutivo baseado em 
círculos concêntricos mutantes (Figura 3).
Figura 3. Os estágios de evolução da Terra segundo Descartes (1644)
No esquema da Terra de Descartes, podemos identificar os 
seguintes elementos: 
M – camada compacta e opaca; 
I - fogo central;
1º quadrante: A – atmosfera;
2º quadrante: B – atmosfera e C – camada sólida, dura e 
opaca;
3º quadrante: B – atmosfera, D – camada líquida e C – 
camada sólida, dura e opaca;
4º quadrante: B – atmosfera, E – camada dura constituída 
por várias capas de matéria, semelhantes a películas, D – 
camada líquida, C – camada sólida, dura e opaca.
 Fonte: Adaptado de Descartes, 1997, p.189
14
Unidade: Geologia atual e história do pensamento geológico
Segundo Descartes, o mundo é formado por três tipos de partículas em movimento no 
espaço sem vácuo, ou seja, no éter. As partículas mais densas e mais quentes por atrito 
poderiam ocupar o núcleo de vórtices ou redemoinhos celestiais e formar as estrelas; porém, 
a superfície de alguns vórtices, por serem irregulares, poderia, a partir de certa altura, esfriar, 
gerando uma crosta sólida, mas mantendo o calor aprisionado dentro da esfera. 
De acordo com Descartes, a Terra teria sido no passado uma estrela. As evidências dessa 
dinâmica estão na existência do fogo central da Terra, expelido pelos vulcões. A legenda da 
Figura 3 representa o ordenamento desse processo evolutivo. Os quatro estágios descritos são 
correspondentes a uma volta no relógio, sendo que no primeiro quadrante a massa da Terra é 
composta apenas do elemento ar.
Nicolau Steno ou Niels Steensen (1631-1687) pode ser considerado um dos primeiros, 
ao lado de Robert Hooke e John Ray, a admitir e a explicar corretamente a origem dos 
fósseis. Asseverou que esses foram soterrados por processos de sedimentação e cimentação, 
impregnando, a partir daí, alguns estratos de rochas.
Sua afirmação foi baseada em um estudo de anatomia que realizou em uma cabeça de 
tubarão enviada a ele por pescadores dos arredores de Livorno, Itália. Ao dissecar o material, 
Steno percebeu que havia certa semelhança entre os dentes do tubarão e as glossopetrae ou 
“pedras língua” (Figura 4), muito colecionadas na época. 
Figura 4. Ilustração da cabeça de tubarão por Steno (1667)
As glossopetrae eram há muito 
tempo conhecidas na Europa. Plínio, 
o Velho, sugeriu que haviam caído do 
céu ou da Lua. Athanasius Kircher, 
contemporâneo de Steno, atribuiu aos 
fósseis uma “virtude lapidificante”. 
Steno, por seu turno, argumentou que 
as glossopetrae pareciam com dentes 
de tubarões, e teorizava que, apesar de 
quimicamente alterados, eram dentes de 
tubarões mortos e soterrados na lama 
que, posteriormente, virava terra seca.
Steno defendia que a Terra estivera completamente coberta por um oceano primordial 
e que, nas águas desse oceano global, teriam estado em suspensão e/ou solução todos os 
componentes que integram as rochas da crosta terrestre, indícios do pensamento da escola 
netunista.
Sua interpretação dos processos de erosão e de sedimentação (Figura 5) ainda são 
referenciais importantes dos estudos estratigráficos.
15
Figura 5. Formação das rochas e das paisagens como sugerido por Steno (1669), de acordo com os princípios de 
superposição, horizontalidade original e continuidade lateral.
Fonte: Adaptado de Decifrando a Terra/Teixeira, Toledo, Fairchild e Taioli
Também são creditados a ele os princípios ou leis de sobreposição, da horizontalidade 
original e da continuidade lateral dos remanescentes de sedimentos. Ferramentas teóricas para 
explicar os processos de deposição subaquática e de cimentação subaérea sazonais.
Princípio da Superposição
Para Steno, independentemente da situação, em qualquer sucessão de estratos sedimentares, 
desde que não tenham sofrido alguma deformação posterior, os planos mais antigos subjazem 
os mais recentes.
Princípio da Horizontalidade Original
Graças à ação gravitacional geral, os sedimentos são precipitados sempre na vertical e 
invariavelmente depositados em planos horizontais. Deformações posteriores podem alterar 
essa horizontalidade original.
Princípio da Continuidade Lateral
Os estratos têm a mesma idade em toda a sua extensão, continuidade e variação de 
espessura.
A sequência temporal imaginada por Steno conjetura que a Terra pode ter sido completamente 
coberta por um oceano primordial. Nas águas desse, todos os componentes que integram as 
rochas da crosta terrestre estavam em suspensão ou mesmo em solução. 
Na visão de Steno, os granitos, gnaisses, basaltos e xistos, dentre outras rochas, eram 
considerados como precipitados químicos, constituindo também a unidade primitiva. 
A unidade de transição iniciada com a descida do nível das águas desse oceano teria sido 
formada simultaneamente por precipitados químicos, como os calcários, e por deposição de 
materiais detríticos contendo fósseis, na maioria dos casos, marinhos. 
16
Unidade: Geologia atual e história do pensamento geológico
A diminuição do nível do oceano teria conduzido à deposição da espessa sequência de rochas 
sedimentares que representam as unidades que vão desde o Permiano até a era Cenozoica, 
incluindo alguns basaltos. 
Por fim, sucederam-se os depósitos aluvionares e, finalmente, as lavas e os tufos.
Giovanni Arduino (1714 - 1795) publicou duas obras dedicadas aos estudos de Geologia: 
Due Lettere sopra varie osservazioni naturali (Dois Textos sobre várias Observações Naturais) 
e Saggio Fisico-Mineralogico di Lythogonia e Orognosia (Ensaio Físico-Mineralógico de 
Litologonia e Orognosia). Nelas, elaborou uma classificação litoestratigráfica em quatro estágios 
de tempo geológico: primitivo (primário), secundário, terciário e vulcânico (quaternário).
Para Arduino, os processos que envolviam a origem das montanhas e dos sedimentos das 
áreas por ele estudadas tinham relação com fenômenos catastróficos vulcânicos ou diluvianos, 
alternados por processos de erosão e de sedimentação.
Podemosobservar até aqui que entre os autores mencionados há um conjunto de aspectos 
causais, todos eles vinculados a fenômenos catastróficos que têm os poderes da água e do fogo 
como elementos formadores dos relevos terrestres e, por outro lado, os fatores modeladores 
da superfície atuando no contrabalanceamento daqueles. 
De meados do século XVIII em diante, tem início um debate em torno desses princípios que 
combinam o netunismo ao catastrofismo, e que até o fim do século XIX avançou e retrocedeu 
em diversos aspectos. Vejamos algumas ideias a cerca desse debate.
O médico e naturalista Etiene Guettard (1715-1786), aproveitando o conhecimento 
doméstico que tinha de plantas, relacionou a distribuição da vegetação aos vários tipos de solo. 
Ao pesquisar sobre a diversidade dos minerais e das rochas, prognosticava o tipo de vegetal 
ajustado a cada local.
Guettard, além de ter sido autor dos primeiros mapas geológicos, localizando os afloramentos 
rochosos, pesquisou as diversas formas de erosão e sedimentação que se processavam no 
território francês e descobriu extintos derrames de lava vulcânica na região centro-meridional 
do país. 
Para Guettard, a causa dos derrames e das erupções se devia à existência de petróleo, 
carvão ou betume que, de algum modo, tinham se incinerado no subsolo.
Entretanto, quem mais se projetou nas críticas ao netunismo foi James Hutton (1726 - 
1797). Em sua obra Theory of the Earth (Teoria da Terra), de 1785, ele demonstrou a origem 
magmática profunda e quente não apenas do basalto, mas também do granito. Tal concepção 
também contrariava os princípios aristotélicos ainda vigentes e defendidos pela Igreja, segundo 
os quais o fogo era o quarto e o mais periférico dos elementos, que tinha a sequência: terra, 
água, ar e fogo.
Esse princípio formulado por Hutton instituiu a concepção da escola plutonista de Geologia, 
segundo a qual, mais do que a água, o fogo passava assim a figurar como elemento chave dos 
processos envolvidos na gênese dos basaltos, dos granitos e de outras litologias, a partir de 
então identificadas pelo termo igneous.
Hutton destacou também o fato de alguns granitos intrudirem outras rochas, sendo, nesses 
casos, mais jovens que elas. Com isso, estabelecia a diferenciação genética ente as rochas 
sedimentares e as ígneas, destronando, enfim, a visão netunista.
17
As frases: “não encontramos qualquer vestígio de um princípio, nem qualquer 
prenúncio de um fim”, “processos que estão em ação são os mesmos que surgiram no 
passado” e “o presente é a chave do passado” (HUTTON, 1785) são indicativas de sua 
crença em um modelo cíclico – que ficou conhecido como uniformitarista-atualista – para 
os processos geológicos. Nessa forma de ver os processos, os levantamentos de terrenos 
por ação do calor interno da Terra (periodicamente liberado nas erupções vulcânicas) era 
contrastado pela erosão.
Os materiais resultantes da erosão são transportados e acumulados em depressões do 
relevo, em sucessivas camadas de sedimentos (conglomerados, arenitos, grauvaca, argilitos, 
calcários, etc.). A partir daí, são posteriormente soerguidos e dobrados por novas ondas do 
calor interno da Terra, que trazem de volta à superfície as rochas sedimentadas anteriormente, 
consolidadas do fundo marinho, algumas delas recheadas de fósseis.
Hutton reconheceu que, com o soerguimento e o dobramento de rochas sedimentares e 
ígneas ao mesmo tempo, pode ocorrer a inversão do princípio da superposição de Steno, já 
que as camadas mais novas são sobrepostas pelas mais velhas. 
Paralelamente, as fissuras decorrentes da deformação podem conduzir derrames que se 
sobrepõem às rochas recém-expostas. Um período de calmaria permite a degradação por 
erosão e a consequente modelagem das rochas soerguidas, até que essas, de tão desgastadas, 
passem a ser recobertas por sedimentos oriundos de regiões soerguidas posteriormente. É o 
que mostra a Figura 6.
Figura 6. Inconformidade utilizada por Hutton, em Jedburgh, Escócia. Ilustração de John Clerk of Eldin (1787).
Fonte: Hutton (1785)
De forma claramente indutiva, a partir da observação empírica, Hutton estabeleceu a 
diferenciação entre as rochas ígneas intrusivas (esfriadas e cristalizadas a grandes profundidades) 
– como o granito e as extrusivas –, do fruto de derrames (esfriadas e cristalizadas sob ou sobre 
a superfície) – como o basalto. Ambas identificadas pelos netunistas como rochas sedimentares 
subaquáticas. 
18
Unidade: Geologia atual e história do pensamento geológico
Após essas considerações a respeito das teses de Hutton, que reforçam os princípios 
plutonistas, e que dão início aos princípios uniformitaristas, qualquer um de nós imaginaria 
que a derrota do netunismo-diluvianismo era uma questão de tempo, pois as evidências 
de falhas no discurso dessa escola geológica em relação aos fenômenos geológicos eram 
flagrantes. Entretanto, os netunistas-diluvianistas contavam com um reforço ideológico de 
grande relevância: os princípios aristotélicos, mais rígidos, adotados pelo cristianismo.
Abraham Gottlob Werner (1750 - 1817), contemporâneo de Hutton, foi professor de minas 
e mineralogia em Friburg-Alemanha, onde inaugurou a Geologia de Campo, levando seus 
alunos às minas e montanhas, o que lhe rendeu bastante prestígio e credibilidade acadêmica, 
atraindo inúmeros estudantes não só da própria Alemanha, mas da Europa e da América. 
Um desses estudantes foi José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como o “Patriarca da 
Independência”, devido à importância que teve no processo de independência do Brasil.
Werner, ao contrário de Hutton, corrobora com os princípios netunistas-diluvianistas, 
reafirmando que toda a superfície havia sido formada de água barrenta profunda. Na base desse 
oceano universal, diluviano, foram depositadas em sequência temporal as rochas da crosta.
Aos que lhe questionam a ausência de um ordenamento geral das rochas depositadas de 
uma só vez umas sobre as outras e a existência de deformidades nos estratos sedimentares, ele 
respondia que os depósitos não eram feitos de maneira ordenada, porque a superfície desse 
mar era “varrida por fortes ventos” catastróficos.
Essa perturbação das águas do oceano primordial resultou na formação dos relevos das 
montanhas e dos vales, gerados ainda debaixo d’água e só expostos quando o oceano refluiu 
e os depósitos secaram, transformando-se em terra firme. Uma visão bastante conveniente e 
segura de si, enquanto coincidente com o conhecimento admissível e vigente na época.
Para Werner, a classificação temporal das rochas vale para o mundo todo, tendo em vista 
que o dilúvio foi um fenômeno global. A ordem de antiguidade estabelecida por ele é a seguinte:
 · Rochas mais antigas, ou primitivas = primárias (granito);
 · Rochas de transição = originam-se do rebaixamento universal do nível dos oceanos até 
a origem da vida (poucos fósseis);
 · Rochas floetz (arenitos, calcários, carvão, basalto e obsidiana);
 · Rochas aluviais (lodo, marga, argila, areia e turfa), encontradas em terras baixas do 
globo.
Tal classificação recebeu inúmeras críticas e foi-lhe questionado sobre a formação e a 
posição dos basaltos. Em resposta, afirmava que os vulcões só entraram em atividade após o 
refluxo das águas, por conta de incêndios esporádicos nos filões de carvão.
Para ele, mais uma vez corroborando com Steno, tanto o granito quanto o basalto eram de 
origem deposicional aquática, por tanto, de rochas sedimentares.
Leopold von Buch (1774-1853), discípulo de Werner, em viagens ao Sul da 
Itália e da França, reconheceu a lava sobre granitos e conjeturou que a causa 
desse comportamento era o calor advindo de grandes profundidades. Com 
essa afirmação, Buch reascendeu o pensamento plutonista e deu início ao 
declínio do netunismo.
19
Esse período de grande efervescência para a Geologia carecia de procedimentos 
metodológicos, constituídos apenas a longo prazo. 
Foi Charles Lyell (1797 - 1875), em 1830, ao publicar Principles of Geology (Princípiosde Geologia), que contribuiu de forma mais decisiva para o enfraquecimento do netunismo 
– muito embora ele próprio carregasse alguns resquícios catastrofistas. Lyell descobriu que o 
calor ou a pressão produzida pelo vulcanismo pode transformar rochas sedimentares e/ou 
ígneas em rochas derivadas, que ele denominou metamórficas.
Todas essas referências analisadas estavam mergulhadas no debate netunismo x plutonismo 
e uniformitarismo x catastrofismo. Independentemente dessas controvérsias sobre a dinâmica 
na superfície terrestre, dos diversos fenômenos vulcânicos e sismológicos conhecidos desde 
a antiguidade e dos incontáveis casos de similaridade entre fósseis e amostras de rochas e 
minerais encontrados em diferentes continentes, o fato é que quase ninguém duvidava da 
estabilidade dos continentes.
O que não impediu que houvesse quem ousasse duvidar desse aspecto, como foi o caso de 
Abrahan Ortelius em Thesaurus Geographicus, de 1596, no qual afirma que as Américas 
“[...] foram rasgadas e afastadas da Europa e África por terremotos e inundações” (MANSUR, 
2013). Ideia apoiada por Francis Bacon no Novum Organum, de 1620, e retratada pelo 
geógrafo Antonio Snider-Pellegrini, em 1858 (Figura 7). 
Figura 7. Justaposição das margens africana e americana e do Oceano Atlântico, por Antonio Snider-Pellegrini (1858) 
*Esquerda: “antes da separação”; direita: depois da separação.
Aparentemente, faltavam a esses autores citados argumentos para debater a possibilidade, 
mesmo que remota, de haver alguma mobilidade na superfície terrestre. As justificativas para a 
estabilidade da superfície iam da pura incredulidade na possibilidade de haver força propulsora 
capaz de tirar os continentes dos seus lugares, a suposições extraordinariamente criativas.
Alguns defensores do estabilismo da superfície terrestre explicavam a coincidência de haver 
fósseis, rochas e minerais idênticos em diferentes continentes, devido à existência, já extinta, 
de “pontes naturais” ou “ilhas” (teoria de William Logan, 1842) ligando os continentes, 
ou mesmo, por conta de “viagens acidentais” em objetos flutuantes. Tais recursos, após 
permitirem o trânsito de animais e vegetais (Figura 8) – fim esse para o qual foram criados –, 
desapareceram sob as águas por causa de terremotos.
20
Unidade: Geologia atual e história do pensamento geológico
Figura 8. Justificativas imobilistas para a ocorrência de fósseis idênticos em diferentes continentes.
Fonte: gs.sysu.edu.cn Acessado em 12/10/2014
Edward Suess (1831 - 1914) foi responsável pelo resgate daqueles que, de forma isolada, 
defenderam a mobilidade da superfície da Terra. Em sua obra Das Antlitz der Erde (A face da 
Terra), afirmou que no passado não eram as “pontes naturais” que ligavam os continentes, 
mas esses estavam ligados em um único supercontinente, ao qual denominou de Gondwana, 
cercado por um oceano primordial que chamou de Tétis. 
Segundo Suess, no início da Era Mesozoica, o supercontinente Gondwana ou Gondwanaland 
(terra de Gondwana) fragmentou-se em placas que derivaram para formar a África, a Austrália, 
a América do Sul, a Índia e a Antártica.
A partir de Suess, tem início uma série de questionamentos a respeito da estabilidade da 
superfície da Terra. Os pesquisadores acadêmicos e amadores em Geologia passaram a buscar 
e relacionar as evidências, cada vez mais numerosas e consistentes, a respeito da mobilidade da 
superfície. Todavia, as ideias, conceitos e teorias sobre uma possível mobilidade da superfície 
só seriam estruturadas no início do século XX, quando diversas inovações tecnológicas serão 
aplicadas aos estudos geológicos.
21
Material Complementar
Artigos sobre as teorias das “pontes naturais” entre os continentes.
Leituras:
Culturas científicas no início do Século XX: um estudo sobre as pontes continentais de 
Hermann Von Ihering (1850-1930)
http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/palestrantes/palestrante%20MARIA%20MAGARET.pdf
Oceanos e continentes em debate
http://www.revistafenix.pro.br/PDF12/dossie.artigo.6-Maria.Margaret.Lopes.pdf
O Dilúvio de Noé e os primórdios da Geologia
http://www.ppegeo.igc.usp.br/pdf/rbg/v42n1/v42n1a08.pdf
22
Unidade: Geologia atual e história do pensamento geológico
Referências
DOWBOR, L.; TAGNIN, R. A. Administrando a água como se fosse Importante – Gestão 
Ambiental e Sustentabilidade. São Paulo: Editora SENAC, 2005.
PLACE, M. Nossa Terra: Geologia e Geólogos. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura, 
1963.
MANSUR, K. Teoria da Tectônica de Placas. Texto Digital disponível em: <http://www.
drm.rj.gov.br/>. DRM-RJ. 2013.
DESCARTES. Princípios da filosofia. Tradução João Gama. Lisboa: Edições 70, 1997.
23
Anotações

Continue navegando