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1 Apresentação do curso A filosofia tem se mostrado uma competência extremamente relevante no processo de formação do profissional do direito num contexto em que a tecnologia supre determinados conhecimentos. Nessa perspectiva, cada vez mais é exigido do profissional que a sua formação transcenda um mero conhecimento de lei, este indivíduo tem que pensar além da caverna. Hodiernamente, o direito é muito argumentativo. O intérprete que pode ser desde um advogado até um juiz é o responsável por elaborações e capacidades argumentativas que transcendam a mera aplicabilidade da lei – aplicação seca, ou dogmática -. Nesse prisma, a formação humanística se torna relevante. Conceito de Direito: É fato que a explicação sobre “O que é Direito” não tem uma resposta exata, e isso está ligado umbilicalmente ao desenvolvimento do pensamento jurídico, visto que este foi se modificando ao longo do tempo e a explicação sobre o que é direito também sofreu metamorfoses. O direito ele é plurívoco, porque não tem apenas um entendimento. As escolas que correspondem a esse universo são 1- Direito como justiça (jusnaturalismo): A primeira definição que o direito ocidental alcança (referencia para o estudo da filosofia do direito). Direito nesse momento é um direito justo, gerando uma confusão entre fato e o valor porque hoje para nós o direito é fato/norma e a partir disso discutimos se a norma é justa ou não. Conquanto, nesse contexto não, direito é direito justo. Isso não se perde ao longo do tempo, ou seja, não se deve dizer que o conceito de justiça desaparece da filosofia do direito. A definição de direito como justiça é que irá mudar ao longo do tempo. Obs:. Se eu digo que direito é justiça, eu necessariamente estou associando a definição de direito a um valor porque a justiça é um valor. Não há uniformidade de entendimento em torno daquilo que é justo ou injusto. O fato de ser um valor e demandar uma explicação – alguém precisa dizer o que é justo - acabou por representar uma forma de exercício de poder e atuação de sentidos de justiça ao longo da história. Em todos os períodos da história os juristas irão afirmar que direito é justo. Contudo, o sentido de justiça não esteve o mesmo ao longo desse tempo justamente porque justiça é um valor e a possibilidade de uma pessoa compreender de diferentes formas esse valor, resulta na possibilidade de diferentes definições de justiça. Linha Histórica: Na antiguidade a justiça estava associada a crenças mitológicas para se discutir o sentido de justo. Os deuses eram vistos como ponto primordial, e se caso eles dissessem que algo era errôneo era aplicado uma punição a pessoa dizendo que ela tinha desacatado a justiça divida. Posteriormente, na história o conceito de justiça associa-se ao divino cristão, a lei divina. Se aproximando da modernidade há uma aproximação para a ideia racionalista. O injusto é mais fácil de ser definido, sendo assim, se eu não consigo definir o que é justo, preciso ao menos falar o que é injusto porque dessa forma conseguiríamos excluir as situações onde não se pode 2 admitir um comportamento, facilitando a compreensão de justiça. Nesse cenário, passou-se a dizer que associar o direito com a justiça gera uma insegurança já que quem diz o que é justo são aqueles que detêm o poder. Isso ocasionaria incertezas as quais já não eram mais desejadas pelo direito. Com a ascensão do racionalismo e das escolas racionalistas do direito, procurou-se dar ao direito um caráter de ciência. Nas ciências humanas isso vem com muita força porque o que se entendia era que se nas ciências naturais era possível se pensar a partir de leis e formulas que induziam ao mesmo entendimento, as ciências humanas também tinham que buscar isso para que obtivessem o status de ciência. 2- Direito como norma (positivismo jur) O movimento de racionalização do direito culmina nas chamadas codificações (surgimento dos códigos do direito) que é o primeiro passo para o positivismo jurídico. Positivistas: buscam excluir a dimensão valorativa do direito porque acham que isso relativiza o direito. Nesse contexto também temos o surgimento do estado moderno, resultando no surgimento do PODER LEGISLATIVO: no momento em que este poder é identificado como o conformador da norma e o individuo passa a ter uma personificação de quem vai elaborar essa norma. Antes do poder legislativo havia vários poderes legislativos porque dentro do sistema feudal o senhor é quem fazia sua lei. Havia uma pluralidade de fontes do direito e com a formação do Estado Moderno há a eliminação dessa pluralidade e uma concentração das fontes do direito no Estado que tem entre os seus poderes, o PODER LEGISLATIVO. Com isso, nós passamos a ter o conceito de direito como norma – embora não seja o mesmo que lei. A lei é o formado pelo qual a norma pode ser veiculada, portanto, eu posso ter uma lei que não tenha nenhuma norma. Assim como é possível se ter uma lei com cem artigos e três normas, ou uma lei com dez artigos e apenas vinte normas. O FATO DE SER LEI OU DE TER UM DETERMINADO NÚMERO DE ARTIGOS NÃO SIGNIFICA QUE CADA UM DESSES ARTIGOS CORRESPONDE A UMA NORMA. PRECISAMOS LEMBRAR QUE NORMA É UMA PRESCRIÇÃO DE CONDUTA: se um artigo de lei não prescreve conduta não tem norma. Também se pode ter uma portaria/resolução que prescreva normas, ex:. Quem determina o que são substancias entorpecentes é o Ministério da Saúde. Essa portaria tem caráter normativo e é a partir dela que podemos definir quem pode ou não ser preso por tráfico de entorpecentes. Lei conceitual: lei que define apenas conceitos orçamentários e não normatiza uma conduta. 3- Direito como cultura:(culturalismo) Consoante aos culturalistas, não é possível pensar a norma jurídica apartada da realidade cultural. A norma jurídica é uma consequência prática da existência de uma cultura social. Para os culturalistas o direito é antes de tudo, um objeto cultural. Determinadas normas jurídicas só de justificam mediante a realidade cultural de uma sociedade. Os culturalistas farão essa associação entre direito e cultura se valendo de uma análise profunda da dimensão cultural, e irão recorrer a bases filosóficas que explicam o que é essa cultura para dizer que direito é cultura – baseada em valor -. A norma é consequência daquilo que a sociedade valora como certo ou errado. 4- Direito como linguagem (pós positivismo) A associação do direito e da linguagem, relacionado ao pós-positivismo, obtém como contexto o predomínio da concepção positivista. 3 Após o fim das duas grandes guerras, formou-se uma reflexão sobre o real papel do direito: se o direito consiste em seguir a norma, ou proteger o homem. O direito desloca-se da questão do pensamento normativo e passa a focar mais na defesa do homem e na medida em que o pós-positivismo agrega essa vertente de proteção ao ser humano, utiliza como princípio, a norma prescritiva de uma conduta, para justamente sancionar o homem. Hoje em dia, a partir de um discurso principiológico, já são possíveis exceções que visem proteger a dignidade do homem. Jusnaturalismo cosmológico: Platão, Aristóteles, Epicurismo, Estoicismo Ideia de existência de um direito natural que advém da natureza das coisas e é eminente à existência humana. Um exemplo é disso é o direito à vida. A proteção do direito à vida já é da própria natureza das coisas. Características: Defesa de um direito inato. Perenidade do direito, ou seja, permanência, imutabilidade. Se há um direito natural, ele permanece sempre. Noção de universalidade. O direito natural é universal, válido em qualquer lugar do mundo. Num contexto eurocêntrico, essa visão também era uma forma de dominação, à medida que oseuropeus estavam impondo suas ideias ao resto do mundo. Fundamento metafisico: a premissa é algo que não seja material e sim metafisico; Cosmos, Deus. Baseado em valores: a base do jusnaturalismo é uma justificativa valorativa que é a justiça. Fases do Jusnaturalismo Cosmológico: século IV a.c. – século V d.c. Leis eternas e imutáveis que regem o funcionamento do cosmos Teológico: Século V d.c. – século XV ou XVIII d.c. Período jusnaturalista em que a ideia de direito natural está associada ao Deus cristão. Costumeiramente associa-se que essa fase surge com a queda do império romano do ocidente. Há a identificação da igreja como centralização de poder na Europa. As populações que estavam regidas sobre o domínio do império romano, acabavam se acostumando frente a estabilidade que o império representava. O jusnaturalismo teológico é resultado dos desprocessos que ocorre na Europa. A igreja ainda representa uma potencia muito grande. Racionalista: século XV ou XVIII – Século XIX. Direito natural baseado na razão humana. Moderno: segunda metade do século XX. Objetivando evitar os acontecimentos de regimes totalitaristas. Não é algo que persevera. Continuação da fase Cosmológica Sócrates: Legado não escrito. É a eterna busca do conhecimento, e há uma dúvida com o método. Sócrates foi condenado uma ameaça ao governo e foi condenado a morte. Platão: Predestinado a exercer um cargo político em Atenas, após a morte considerada injusta de Sócrates, desiste da vida política e adapta-se a vida filosófica, de forma a distribuir o pensamento de Sócrates pelo mundo. Acreditava que a filosofia era algo necessário como a educação para a política. O idealismo platônico (mundo das idéias x mundo sensível): para Platão era preciso se desvincular das coisas terrenas, pare aproximar-se do inteligível, das coisas primeiras. 4 - a filosofia como educação para a política: A filosofia seria justamente o caminho, o exercício de desvinculação desse mundo, desse plano. O mito da caverna: Platão traz com essa alegoria que o rompimento com as sombras da caverna, você alcança a luz e consegue reconhecer a realidade como uma realidade de sobras que obtém como principal objetivo o alcance da luz. Platão utiliza dessa metáfora para exemplificar essa corrente com o mundo do sensível: apenas formas distorcidas. O objetivo de transcender as sombras lhe conduziria a luz. A idéia de retorno é a necessidade de reproduzir, contribuir para que outros também tenham a oportunidade de alcançar essa luz. “Só se pode ser racional na realidade prática mediante o domínio do outro”. Vivemos a época da alteridade. Estamos incluindo a vida do outro, esse exercício de ensinar o outro, incentivá-lo é uma forma de propagar a oportunidade de evoluir-se.. Sentido de Justiça para Platão Platão é idealista. Não há na leitura de Platão uma definição recortável sobre justiça, pois os conhecimentos estão misturados – Platão fala de educação, ética, justiça, dentre outros. Não existe um livro para cada uma dessas abordagens. Haveria justiça desde que houvesse bem estar/bem comum para a sociedade. Entretanto, isso está atrelado ao conceito de governo ideal, pois era preciso um estado que assegurasse a ação coletiva – ideia de não haver uma imposição de vontade - para que a partir disso se atingisse o bem comum. A noção de Platão de república ideal: primeiro um governo que assegure a unidade e os fins do Estado – Estado sem ruptura, pois um bom Governo tem metas a serem alcançadas -, proteção do Estado pelas leis e forças: ou seja, a legislação não era apenas um instrumento de ordenação do Estado mas também uma forma de proteção, e uso de recursos para a manutenção da unidade da pólis do Estado. Aristóteles Escreve sobre física, questões sobre a natureza, dentre outros temas. Foi discípulo de Platão e o único dos pensadores que não é Ateniense. Seu pensamento é diferente do de Platão, pois sua teoria é empirista, voltada para a prática. Bem ao contrário de Platão ele não estava preocupado com a dimensão ideal, e sim real, ou seja, aquilo que ocorre efetivamente na pólis. Ele tem a característica de definir conceitos – ao falar sobre um termo, ele define-o - para a partir disso desenvolver o seu pensamento. Para ele, o saber teorético são as formas de saber que independem da vontade humana, ex: eventos da natureza. O saber teorético: conhecimento que independe da vontade humana, a relação de causa e efeito não depende do homem, ex: fenômenos da natureza. O saber prático depende da vontade humana, formas de conhecimento que só existem porque o homem produz. Dentro do saber prático temos: Praxis- Tudo aquilo que é resultado da existência humana e do conhecimento humano e que uma vez produzido e exteriorizado não se separa do homem. Técnica- Tomemos como exemplo: o computador que você está utilizando não se sabe quem o criou, mas ele existe, por ter sido criado por alguém que se informou para isso. O pensamento ganhou vida prática. Política vs Ética Política diz respeito ao individuo com a sociedade em que ele está incluso. Enquanto a ética é a ação do sujeito dentro da perspectiva do próprio sujeito. EX:. 5 Fulano é muito ético – o adjetivo ético diz respeito ao indivíduo. Assim, o conceito de politica diz respeito sempre ao coletivo, e o da ética sempre ao individual. Para Aristóteles a existência humana é teleológica – voltada a fins, e uma vez que observados podemos identificar se o indivíduo é social ou não -. Durante muito tempo a sua ideia de que o fim do homem é viver em sociedade permanece e é constatada com Hobbes e dirá que só há como o individuo viver em sociedade se houver alguém para gerir essa sociedade (autoridade, regras e leis), pois contrário, haverá a luta do homem com o próprio homem. Para Aristóteles o que move o indivíduo é a felicidade – alcançada através da ação virtuosa -. Um homem virtuoso age de maneira equilibrada. Ele ainda mencionará a dialética da potencialidade: o indivíduo trás consigo potencialidades que poderão ou não ser desenvolvidas na vida em sociedade. Isso depende do ambiente que ele está inserido – se o ambiente é favorável ou não para ele desenvolver essas potencialidades. Alma vegetativa: apenas existem e não encontram condições para desenvolver as suas potencialidades. Sensível: existe e sente, consegue dar um passo adiante. Racional: existem, sentem e pensam. Obs: A felicidade é o que move a ação humana, e é a finalidade última. Vale ressaltar que o conceito de felicidade não está relacionado ao que entendemos hoje, mas sim à PLENITUDE. Para se alcançar essa felicidade era através da ação virtuosa. COM BASE NESSAS DEFINIÇÕES, PARA ARISTÓTELES NUMA SOCIEDADE NEM TODOS OS INDIVÍDUOS CONSEGUEM ALCANCAR O PROCESSO DE SOCIALIDADE. Para Aristóteles justiça é a maior virtude, pois simboliza equilíbrio. A justiça sintetiza a noção do justo meio. É difícil reconhecermos o conceito de justiça, pois é difícil vislumbrar esse equilíbrio. Para ele justiça é alteridade (capacidade de olhar o outro e a sua singularidade e perceber o diferente) + equidade (concretização da igualdade no sentido de equilíbrio é a capacidade na ausência da norma, aplicar a igualdade em caso concreto). Ele distingue a justiça entre: total ou geral – noção de justiça pensada para os indivíduos enquanto seres sociais e para com a sua comunidade, JUSTIÇA COMO ALGO QUE ALCANCA A TODOS. – e particular – pensada na relação de sujeito para sujeito -. Ele ainda diferencia a justiça particular entre justiça distributiva que é a noção de distribuir proporcionalmente a cada individuo aquilo que lhe cabe dentro de um contexto em durante o século você receberia na proporção do que você fazia. A justiçacorretiva é voltada ao restabelecimento de condições que foram quebradas, e que pode ser por ação involuntária – um dos particulares não gostaria de estar na relação, ex: crime - ou voluntária – as duas partes desejam estar na relação, ex: contrato de aluguel. Conquanto, se uma delas descumprir o acordo a justiça vem para corrigir. Epicurismo O principal pensador será epicuro que dirá que o que move o mundo é o prazer - O prazer como dimensão a pautar as ações humanas. O homem busca o prazer e evita a dor. Da dimensão individual de justiça a dimensão coletiva de justiça, assim, se o homem alcança esse prazer ele tende a refletir no outro. Estoicismo Antigo ou Ético: se encontra após o apogeu Ateniense, se dedica as questões do homem como um ser social, ético e político. 6 Médio ou eclético: Fase com filósofos mais ecléticos e menos rígidos, fase de maior diversidade. Novo ou religioso: Influencia da religião nos filósofos. Marco Túlio Cícero – Lei Universal ou reta razão – razão do homem voltado ao que é correto. Formulou conceitos como o de direito das gentes e direito civil. Jusnaturalismo Teológico Contribuição da moral cristã A Igreja foi muito importante para a formação do conhecimento A igreja passa a representar o maior poder determinando os governos das populações locais – a ideia de poder político estava associada à ideia de poder religioso -. A igreja estende esse poderio para o âmbito econômico – se não pertence a ninguém, pertence a Deus. Como a igreja era representante de Deus na terra, tudo que ela dissesse que queria, pertencia a ela. Não era possível contestar dogmas da igreja, e quando isso começa a acontecer, inicia-se as guerras. Nessa fase do jusnaturalismo teológico temos uma Igreja com grande influência que dizia que todas as pessoas eram iguais perante a Deus. A igreja dirá também que todos podiam, contanto que tivesse fé. Assim, não dependia mais do Estado, e sim do indivíduo. Igreja tinha muita importância, de forma que para alguém ter poder, por exemplo, virar rei, precisava do apoio da Igreja. A questão econômica começa a ser tratada de forma religiosa com o discurso de que “se não é de ninguém, é de Deus”. Igreja também tinha poder social, pois começou a determinar os costumes sociais, o que perdura até a atualidade. A noção de família é um exemplo disso. No campo da ciência, a Igreja também foi muito importante, à medida que as primeiras instituições de ensino eram da Igreja. Os centros de conhecimento da época eram as universidades, que eram da Igreja. Verticalização da justiça: Com o jusnaturalismo teológico a noção de justiça passa a ser vista entre o homem e Deus, pois é essa relação que definirá se sou ou não justa – a igreja tem o poder deter para si o poder de interpretar a justiça de Deus. Ao mesmo tempo em que a igreja diz que aos olhos de Deus somos todos iguais, ela também cria um instrumento de poder sobre os indivíduos. Na prática, o sentido de justiça era dito pela igreja e pelo papa. Os conceitos serão moralizados, pois a igreja com o jusnaturalismo teológico despolitizou os conceitos e moralizaos, ex: virtude – deixa de ser o modo que você age em sociedade e passa a ser a forma que você se comporta perante os mandamentos divinos, não pensamos em virtude como conceito político e sim como conceito moral. Outros conceitos Livre arbítrio: o indivíduo escolhe se vai agir ou não de acordo com as leis de Deus, havendo consequências. A igreja dirá que todos os homens são livres (livre arbítrio), mas você pode escolher pecar ou não, no momento que age em conformidade ou em contraposto a vontade divina. Hoje, no direito temos uma ideia semelhante quando falamos de responsabilidade civil ou penal – se sua liberdade trouxer consequências deletérias para o outro, você responde de alguma forma. Em ambos, há a ideia de que o excesso de uso de liberdade é coibida pelo direito: se atingir o património do outro ou provoque dano num bem material ou imaterial do outro. Na prática, nem sempre o direito consegue limitar essa liberdade, pois a dinâmica social é maior e ágil. O medo desses conceitos estão associados a culpa ou medo do julgamento Dever: cumprimento da lei de Deus. 7 Intenção: a Igreja levava em consideração o que era pensado. Por exemplo, mesmo que não se concretizasse os pensamentos “impuros” já eram recriminados. Essa noção também está presente no direito atual, como na noção de culposo e doloso. Essa noção de intenção também é capturada pelo direito, embora a intenção que a igreja trabalha não seja a mesma do direito. Hoje, há crime culposo e doloso – se tinha intenção ou se não tinha intenção e produziu resultado. Existiam dois movimentos filosóficos: a patrística e a escolástica. Patrística Apogeu do poder da Igreja. Foi um movimento formado por padres e um momento de afirmação dos dogmas da Igreja – pleno poder da igreja. Confusão entre Igreja e Estado. O chefe de Estado era representante da Igreja. Escolástica Cisma do Oriente: Igreja se divide entre apostólica romana e ortodoxa. Houve a fusão entre Fé + razão, pois, discurso do medo não estava funcionando, então precisou criar outra forma de controle. Reformas protestantes. Tribunal da Santa Inquisição: tribunal de julgamento para aqueles que desatendiam a fé. Na prática, este representou um instrumento de perseguição a todos aqueles que não eram católicos. JUS NATURALISMO TEOLÓGICO: SANTO TOMAS E SÃO TOMAS DE AQUINO Santo Agostinho Expoente da Patrística. Século VIII. Tinha uma vida profana, e entrou para vida religiosa tardiamente, aos 32 anos. Filósofo maniqueísta- observa o mundo a partir de contrários. Neoplatonismo- releitura da filosofia de Platão. Mundo das ideias e mundo sensível. Igreja resistente a aceitar filosofia. Santo Agostinho traz a filosofia de Platão para visão religiosa. O mundo sensível e o mundo inteligível viram Cidade de Deus X Cidade dos homens. Cidade de Deus é o reino dos céus, o paraíso, para onde as pessoas vão se forem boas. Cidade dos homens é o mundo pagão, a Terra. Traz a ideia de Platão quando fala em dois mundos, o ideal e o real, suscetível aos pecados. A novidade de Santo Agostinho é trazer a fé como meio para chegar à Cidade de Deus, agindo de acordo com a religião para alcançar o mundo ideal. O conceito de justiça vem do bem, das três virtudes da Igreja: caridade, fé e esperança. A justiça seria a caridade, o amor. Enxergar o outro como meu semelhante. Agir de acordo com a lei de Deus. Diferença entre lex aeterna X lex naturale Jusnaturalismo presente- não havia lei humana. Europa desestrutura por conta da queda do império romano, sendo a lei positivada quase inexistente. Lex aeterna (lei eterna) – lei de Deus que rege o universo. Deus criou o mundo, manifestação da vontade 8 divina na existência do universo. Própria existência do mundo. Lex naturale (lei natural) - manifestação da existência de Deus nos humanos. Nós somos imagem e semelhança de Deus. Pessoas é personificação da vontade divina. Humanos são expressão de Deus. Rei representante de Deus na terra é um exemplo, ele podia fazer tudo dizendo que era a vontade de Deus. São Tomás de Aquino Expoente da Escolástica. Século XIV. Filósofo mais estudado fora da Igreja. Neoaristotélico. Trazer Aristóteles era algo revolucionário, pois tinha sido proibida a leitura dele. Ele associa a fé e a razão. Traz o homem na sua dimensão de mundo. Visão empírica. Homem virtuoso é aquele que age de acordo com a fé (as três virtudes: caridade, fé e esperança). Essa visão se assemelha mais à atualidade. Classificação das leis em: eterna, divina, natural e humana. Lei eterna: mesma ideia de Santo Agostinho. Própria existência do mundocomo expressão de Deus. Lei divina: sagradas escrituras, ou seja, tradução acessível ao homem da lei eterna. Ex.: evangelho. Lei natural: mesmo de Santo Agostinho. Homem como imagem e semelhança de Deus. Lei humana: lei positivada. Torna-se a tese fundamental do jusnaturalismo: a lei humana tem que estar de acordo com a lei de Deus, a lei natural. Hierarquia entre as leis: leis de Deus > leis humanas. Uma forma de controle da Igreja. A Igreja reproduziu essa ideia até onde pôde. Ápice do pensamento da Igreja. Apogeu filosófico da Igreja. Igreja lida por quem não fazia parte dela. Posteriormente, a Escolástica de São Tomás de Aquino será chamada de “Primeira Escolástica”. O pensamento brasileiro até o século XIX é muito influenciado pela Segunda Escolástica. Jusnaturalismo teológico Jusnaturalismo teológico é o ápice do jusnaturalismo. Pontos positivos: parte doutrinária espiritual da Igreja. Todos iguais perante Deus, fraternidade e solidariedade. Questão da dignidade humana. Conceito de família, livre arbítrio, deveres, etc. Pontos negativos: marcas da violência. Principalmente, a Santa Inquisição, não só pelas mortes, mas também o sistema de provas e torturas como forma de fazer a pessoa confessar/delatar. O dogmatismo, ou seja, verdades inquestionáveis, também foi algo negativo, já que esses dogmas eram impostos à sociedade, de maneira violenta, não permitindo discordâncias ou questionamentos. Continação da fase racionalista René Descartes 9 Laicização do Estado – ele passa a ser laico. Há a secularização do direito e a divisão entre igreja e estado. Avanço das ciências humanas – homem volta a ser o centro = antropocentrismo. Contrato social = estado original fictício no qual os indivíduos estabelecem acordos sobre direitos e deveres. O conceito de contrato social pressupõe o consenso. Ressalta-se que esse consenso é temporário pois para que este ocorra é necessário a ausência de coerção/ Autores contratualistas Natureza Humana genuinamente social – Locke Natureza Humana individualista – Hobbes e Rossrau John Locke (1632-1704) Sua obra é voltada para uma classe dominante, com alto poder aquisitivo e que não fazia parte da monarquia. Seu pensamento terá repercussão para além do continente europeu, principalmente nos EUA, influenciando no seu processo de independência. O homem tinha natureza social e nessa natureza estava o poder político como expressão da vontade humana. O direito natural é inato, você não nasce com ele, mas o adquire, o assimila. Uma vez assimilado, você se torna proprietário desse direito natural, por isso a ideia de “cidadão proprietário”. Defesa do direito de resistência – por trás desse direito está o conceito de cidadão-proprietário, pois o cidadão é o primeiro detentor do direito, sendo assim, ele pode se opor ao Estado, ele pode resistir isso quando houver um abuso de poder por parte do Estado. Defesa do direito de propriedade – está relacionada a posse pelo resultado do trabalho, do esforço. Thomas Hobbes Rompimento com a herança, tradição aristotélica. Ele dizia que o homem não é um ser para viver em sociedade e que se fossemos largados a própria sorte e sem nenhum tipo de intervenção, a tendência seria o conflito, pois o homem é egoísta por natureza. Estado por convenção – O Estado surge para assegurar o bem comum, para que não haja o conflito. Justiça = fidelidade ao Estado Defesa do positivismo = defesa do monismo jurídico Defesa do soberanismo = defesa de um Estado absoluto. Rosseau A natureza humana é movida por sentimentos e não pela razão, o homem é movido por suas paixões. Cessão da liberdade para a formação do contrato social – devido à natureza movida por paixões, torna-se necessária a criação de um Estado. Dessa forma, isso gera uma liberdade proporcionada pela segurança do Estado (garantia das liberdades civis) – liberdades previstas pela lei e limitadas. Conceito de vontade geral = expressão do princípio da maioria, apesar de existirem formas para contemplar a minoria sempre prevalecia a vontade da maioria.
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