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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito 
da Tribunal do Júri de Porto Alegre, Rio 
Grande do Sul 
 
 
 
 
Autos do processo nº xxx.xxx.xxx 
 
 
 
Tulio, já qualificado nos autos em epígrafe, que lhe move o Ministério 
público, vem por intermédio de seu advogado constituido nos autos, 
inconformado com a r. decisão, que o pronunciou, vem, 
respeitosamente, dentro do prazo legal, perante Vossa Excelência, 
interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fulcro no art. 581, 
inciso IV, do CPP. 
Requer seja recebido e processado o presente recurso e, caso Vossa 
Excelência entenda que deva ser mantida a respeitável decisão, que seja 
encaminhado ao Egrégio Tribunal de Justiça com as inclusas razões. 
Requer também desde já que este juízo a quo se retrate ao receber o 
presente recurso, nos termos do artigo 589 do CPP. 
Nesses Termos, 
Pede Deferimento. 
Manhuaçu, 25 de junho de 2018. 
João Paulo Gama de Azevedo da Silva 
OAB/MG Nª xxx.xxx.xxx 
 
 
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
 
RECORRENTE: Tulio 
RECORRIDO: Ministério Público 
Autos do processo nº XXX.XXX.XXX 
Egrégio Tribunal de justiça do Rio Grande do Sul, 
Colenda Câmara, 
Douto Procurador de Justiça, 
Em que pese o indiscutível saber jurídico do MM. juiz "a quo", impõe-se 
a reforma de respeitável sentença que pronunciou o Recorrente, pelas 
seguintes razões de fato e fundamentos a seguir expostas: 
 
Dos Fatos 
 
O recorrente, nascido em 01/01/1996, primário, começou a namorar a 
suposta vítima, jovem que recém completou 15 anos. 
Logo após o início do namoro, ainda muito apaixonado, foi surpreendido 
pela informação de que sua namorada, suposta vítima, estaria grávida de 
seu ex-namorado, o adolescente João, com quem mantivera relações 
sexuais. 
Então a vítima preocupada com a reação de seus pais diante desta 
gravidez quando tão jovem e, em desespero, solicitou ajuda do 
recorrente para realizar o aborto. 
Diante disso, no dia 03/01/2014, em Porto Alegre, o recorrente 
supostamente conforme a denûncia teria adquirido remédio abortivo 
cuja venda era proibida sem prescrição médica e o entregou para a 
namorada, que, de imediato, passou a fazer uso dele. 
A vítima, então, expeliu algo não identificado pela vagina, que ela 
acreditava ser o feto. 
Os pais presenciaram os fatos e levaram a filha imediatamente ao 
hospital; em seguida, comparecem à Delegacia e narraram o ocorrido. 
Acaba que, no hospital, foi informado pelos médicos que, na verdade, 
Joaquina possuía um cisto, mas nunca estivera grávida, e o que fora 
expelido não era um feto. 
O Recorrente então foi denunciado pelo crime do Art. 126, caput, c/c. o 
Art. 14, inciso II, ambos do código penal, perante o juízo do Tribunal do 
Júri da Comarca de Porto Alegre/RS, por supostamente ter cometido o 
crime de aborto com consentimento da gestante em sua forma tentada 
em desfavor de sua namorada na época dos fatos, não sendo oferecido 
qualquer instituto despenalizador, apesar do reclamo defensivo. 
Sendo a inicial recebida em 22/01/2014 
Durante a instrução da primeira fase do procedimento especial, 
foram ouvidas as testemunhas e a suposta vítima, assim como 
interrogado o recorrente, todos confirmando o ocorrido. 
As partes apresentaram alegações finais orais, e o juiz determinou a 
conclusão do feito para decisão. 
Antes de ser proferida decisão, mas após manifestação das partes 
em alegações finais, foram juntados aos autos o boletim de 
atendimento médico da vítima, no qual consta a informação de que 
ela não estivera grávida no momento dos fatos, a Folha de 
Antecedentes Criminais do recorrente sem outras anotações e um 
exame de corpo de delito, que indicava que o remédio utilizado não 
causara lesões na adolescente. 
Com a juntada da documentação, de imediato, sem a adoção de 
qualquer medida, O MAGISTRADO proferiu decisão de 
PRONÚNCIA nos termos da denúncia, sendo publicada na mesma 
data, qual seja, 18 de junho de 2018, segunda-feira, ocasião em que 
as partes foram intimadas. 
 
 
 
DAS PRELIMINARES 
 
 
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE em razão da 
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA pela 
pena em abstrato. 
 
Isso porque os fatos ocorreram em 03/01/2014, quando o réu era menor 
de 21 anos. A denúncia foi recebida em 22/01/2014, funcionando como 
causa de interrupção do prazo prescricional, nos termos do Art. 117, 
inciso I, do CP. 
Durante a instrução passaram-se mais de 04 anos sem que houvesse 
suspensão do prazo prescricional ou nova causa de interrupção. 
Apenas em 18/06/2018 foi proferida e publicada decisão de pronúncia, 
que funciona como causa de interrupção, nos termos do Art. 117, inciso 
II, do CP. 
O crime imputado ao agente possui pena máxima de 04 anos, certo que, 
ainda que reduzido pela tentativa (mínimo previsto) o prazo 
prescricional, a princípio, seria de 08 anos, conforme Art. 109, inciso IV, 
do Código Penal. 
Ocorre que, o agente era menor de 21 anos na data dos fatos, logo o 
prazo deve ser computado pela metade (Art. 115 do CP), fazendo com 
que o prazo prescricional seja de 04 anos, período esse ultrapassado 
entre o recebimento da denúncia e a pronúncia. 
 
 
Da violação ao princípio da ampla defesa e do 
contraditório, já que a defesa não teve acesso a 
provas que foram acostadas ao procedimento 
 
 
Após as alegações finais das partes, foram juntados documentos aos 
autos relevantes para o julgamento da causa, tendo o magistrado, de 
imediato, sem dar vistas às partes, proferido decisão de pronúncia 
considerando a documentação apresentada. 
Diante disso, houve violação ao princípio da ampla defesa e do 
contraditório, já que a defesa não teve acesso a provas que foram 
acostadas ao procedimento. 
 
 
DO MÉRITO - ATIPICIDADE 
 
 Inicialmente deve-se ressaltar a necessidade de absolvição sumária, 
tendo em vista que o fato evidentemente não constitui crime, sendo sua 
conduta atípica. Isso porque estamos diante da hipótese de crime 
impossível, pois a conforme laudo médico a vítima não estava gravida e o 
remédio não causou nenhum prejuízo a mesma 
Prevê o Art. 17 do Código Penal que não se pune a tentativa quando por 
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto é 
impossível consumar o crime. 
O legislador brasileiro decidiu, então, valorizar, nesse momento, a efetiva 
violação/risco do/ao bem jurídico protegido, em detrimento do elemento 
subjetivo. 
Na hipótese apresentada, estamos diante de clara situação de 
impropriedade do objeto, tendo em vista que a intenção do agente era 
causar aborto em uma pessoa que não estava sequer grávida. 
Em que pese o recorrente acreditar estar praticando o delito e ter dolo de 
praticá-lo, no mundo fático não havia feto em risco e bem jurídico a ser 
protegido. 
Diante disso, ao entregar remédio abortivo para pessoa que não estava 
grávida, não sendo causada qualquer lesão, a conduta é atípica, devendo 
ser o agente absolvido de imediato, nos termos do Art. 415, inciso III, do 
CPP. 
 
DOS PEDIDOS 
 
Ante o exposto requer o recorrente o 
provimento do recurso para: 
 
1 ) ser reconhecida a prescrição da pretensão punitiva; 
2) anular da decisão de pronúncia; 
3) absolver sumáriamente pela atípicidade ou por quebrar a 
garantia do contraditório e ampla defesa, nos termos do Art. 
415, inciso III, do CPP. 
4) declarar a nulidade em razão do não oferecimento de 
proposta de suspensão condicional do processo (0,30), nos 
termos do Art. 89 da Lei 9.099 
 
Nestes termos, 
Pede e espera o deferimento 
Manhuaçu, 25 de junho de 2018. 
 
 JOÃO PAULO GAMA DE AZEVEDO DA SILVA 
 OAB/MG XXX.XXX.

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