Buscar

DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVEIS EM IDOSOS

Prévia do material em texto

DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVEIS EM IDOSOS
 Gerlane Eduarda Ribeiro Gomes1
 						 Matheus Figueiredo Nogueira2
INTRODUÇÃO
O envelhecimento na atualidade é um tema presente e discutido em todos os ambitos da sociedade. É um direito garantido pela legislação brasileira e a sua proteção, é um direito social. Segundo a lei federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, destinada a assegurar os direitos da pessoa idosa com idade cronológica igual ou superior a 60 anos, é dever do Estado, da família e sociedade a preservação da saúde dos idosos em toda a sua integralidade e complexidade como ser biopsicossocial, em condições de liberdade e dignidade (DORNELAS NETO et al., 2015). 
Estima-se que no Brasil atualmente a população é composta por cerca de 20 milhões de pessoas com idade acima de 60 anos, representando aproximadamente 10% da população em geral, com possível aumento para 30% em 2050. Esses dados são resultado do aumento da expectativa de vida, queda na taxa mortalidade da população, desenvolvimento tecnológico e novas políticas públicas ligadas à saúde. A esperança de vida ao nascer, que estava próxima de 74 anos em 2012, deve chegar a 81,29 anos em 2050 (DORNELAS NETO et al., 2015). 
Com a mudança de comportamento social e estilo de vida saudável, muitos idosos atingem idades avançadas em boas condições de saúde, que os permitem continuar sexualmente ativos. Segundo Laurentino et. al. (2006) o envelhecimento pode provocar modificações físicas e emocionais importantes nas pessoas, porém os sentimentos e as sensações não sofrem deterioração, podendo viver a sexualidade até o fim da vida. Os avanços na saúde e na qualidade de vida do idoso, os medicamentos que atuam no desempenho sexual, e as inovações na área de reposição hormonal aumentaram a freqüência das relações sexuais entre pessoas com mais de 60 anos. Isso tem contribuído para o aumento da incidência e prevalência das doenças sexualmente transmissíveis (DST) na terceira idade (CASTRO, 2009).
Grande parte da sociedade tenta negar a sexualidade do idoso. As pessoas acham "feio", negam-se a aceitar que o idoso possa querer namorar, esquecem que a sexualidade não é só genitalidade e que existe também uma afetividade que é essencial ao ser humano. Portanto, não reconhecer os idosos como população de risco, é um fator contribuinte para o aumento do número de casos de HIV entre as pessoas com 60 anos ou mais. O preconceito e a dificuldade para se estabelecerem medidas preventivas, especialmente no que se refere ao uso de preservativos, ainda são mais graves do que nos outros segmentos populacionais. Provavelmente por esta razão, são elaboradas poucas campanhas para esse público (MASHIO et al., 2011).
Varios estudos enfatizam sobre o acometimento das IST em jovens, mas nunca em idosos, talvez pelo fato de que falar sobre sexualidade relacionada às pessoas idosas seja considerado um grande tabu na sociedade devido aos preconseitos com a idade. Contudo, esse estudo tem por objetivo analisar na literatura científica as Infecçoes Sexualmente Transmissiveis (IST), que mais acometem os idosos e identificar as dificuldades que essas patologias acarretam na vida da pessoa idosa. 
METODOLOGIA
 Trata-se de um estudo de revisão narrativa, apropriada para discutir o estado da arte de um determinado assunto. É constituída por uma análise ampla da literatura, sem estabelecer uma metodologia rigorosa e replicável em nível de reprodução de dados e respostas quantitativas para questões específicas, como explicitam Vosgerau e Romanowsk (2014).
A busca pela bibliografia sobre o tema foi realizada durante o mês de maio de 2021, para isso, a pesquisa foi realizada pela analise de quatro artigos indexados na base de dados LILACS (Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), na biblioteca virtual SciELO (Scientific Electronic Library Online). Por meio dos seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “IST”, “Idosos”, e “Doenças Sexualmente Transmissiveis”, e através do operador booleano “AND”. Para complementar a discussão foram ultilizados sites da saúde, portal do idoso e trabalhos de pós-graduação. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para melhor explanação, os resultados foram catalogados, de acordo com as principais informações apontadas sobre a temática abordada, e a partir disso foram elaboradas duas categorias de análises, sendo: I- Infecções Sexualmente Transmissiveis que mais acometem os idosos e II- O cuidado a saúde do idoso acometido com Infecções Sexualmente Transmissíveis: Prevenção, riscos, tratamento e promoção à saúde. 
Categoria 1- Infecções Sexualmente Transmissiveis que mais acometem os idosos.
	A maior incidencia das DST na terceira idade acontece de acordo com o fato da vulnerabilidade do sistema imunologico, que são condições inerentes da velhice, com isso existe uma intensificação dos sintomas e complicaçoes em curto prazo. Uma situação que vale ressaltar é o fato deles ja possuirem doenças crônicas e consequentemente ultilizarem medicamentos para essas enfermidades, o que os torna mais debilitados para essas infecçoes. (GUADIÕES, 2018). A diminuição da imunidade celular e humoral em geral, com menor ativação de células T e produção de anticorpos, pode fazer com que os tecidos sejam mais suscetíveis ao HIV e outras DST. 
Consequentemente, as mulheres numa idade já avançada apresentam níveis mais baixos de estrogênio na perimenopausa, o que causa uma menor lubrificação e com isso, uma diminuição da mucosa vaginal, predispondo a microabrasões da parede durante relações sexuais e facilitando assim uma transmissão de DST e HIV. (DORNELAS NETO et al., 2015).
Existem algumas infecções sexualmente transmissíveis dadas como principais no contagio entre geriatras, e são elas: sífilis, hepatite B e C e AIDS. A sífilis acomete principalmente os órgãos genitais, mas também, pode atingir a circulação sistêmica e causar danos no sistema nervoso. Já as hepatites B e C são importantes causas de insuficiência hepática, podendo ocorrer o desenvolvimento de cirrose e câncer (principalmente com o vírus da hepatite C) sendo que muitos idosos podem necessitar de um transplante para resolver o problema.  Além disso, a disfunção hepática causa sobrecarga do rim e pode contribuir para o aparecimento de infecção urinaria. No entanto, ao longo dos estudos pode-se perceber um enfoque maior para a AIDS, uma doença que vem crescendo rapidamente nessa população de longevos e pode causar além da debilidade do sistema imunológico, perda mineral óssea, doenças cardiovasculares, declínio cognitivo e contribuir para o aparecimento da tuberculose como doença oportunista. (GUADIÕES, 2018).
Categoria 2- O cuidado a saúde do idoso acometido com Infecções Sexualmente Transmissíveis: Prevenção, riscos, tratamento e promoção à saúde. 
Inúmeras pesquisas que foram realizadas com longevos revelaram que os mesmos associam a AIDS com o processo de falecimento, mostraram interligar a doença com uma coisa maligna, grave e que não tem cura, mas, demostraram que o habito do uso do preservativo não predomina nessa população, colaborando, no entanto, para o aumento da quantidade de casos da doença na terceira idade. Ainda que, o uso da camisinha seja conhecido como um método de prevenção, não é utilizado com frequência por essa população, principalmente quando se tem relações sexuais com seus parceiros fixos, ou com alguém de sua confiança. E também pelo fato deles terem estigmatizado que o uso do preservativo só tem finalidade como método contraceptivo, e com isso, acabam deixando de lado por falta de conhecimento, fazendo com que seexponham e coloque sua saúde em risco (MASHIO et al., 2011).
 Por esta razão, faz-se necessário esclarecer a pessoa idosa a sua fragilidade com relação ao risco para contaminação dessas IST. No entanto, é de grande dificuldade poder diagnosticar pacientes soropositivos nesta faixa etária, justamente pelo fato de se tratar de pessoas que já são automaticamente expostas a um grupo de grandes variações de enfermidades, o que leva a associação dos sintomas a outras doenças, e tratamentos que não são necessários para tal momento, fazendo com que isso se reflita a diagnósticos e tratamentos tardios, onde a doença já esteja tão avançada que não se pode mais facilitar uma boa qualidade de vida durante o tratamento daquele paciente. (MASHIO et al., 2011). 
É importante frisar também sobre a falta de capacitação de muitos profissionais da área da saúde que acabam associando a velhice como o fim da vida, onde para eles não é comum que os idosos tenham algum tipo de relação sexual. Dessa forma, acabam excluindo os mesmos das campanhas de prevenção a essas IST, fazendo com que grande maioria desses longevos se sinta fora do grupo de risco das doenças sexualmente transmissíveis, e por falta de conhecimento ou achismo, acabe deixando de lado os métodos de prevenção, aumentando assim, o risco para contaminação e disseminação das IST nesse grupo etário. (GUERRA; BRASIL). 
Entretanto, mesmo com o diagnostico tardio da doença é importante que o tratamento se inicie imediatamente, e que os profissionais da saúde se deem uma atenção maior a essa situação, para que possam ser disponibilizados mais testes rápidos, como forma de detecção precoce desses indivíduos de acordo com estudos em relação ao HIV, em 1990 foi um momento de revolução com o aparecimento de um tratamento, chamado terapia antirretroviral, que consistia na junção de três medicamentos, e o objetivo era impedir a replicação do vírus em vários pontos do seu ciclo de vida. Todavia, antes do aparecimento desses tratamentos antirretrovirais a taxa de morbidade e mortalidade desses idosos testados soropositivos era bem mais alta que em jovens (DORNELAS NETO et al., 2015).
Não existe um tratamento específico para pacientes idosos, então o tratamento indicado é o mesmo para pacientes adultos, porém, os efeitos colaterais nos pacientes longevos eram mais frequentes, como por exemplo: hipertensão, com consequente predisposição a doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, osteopenia, osteoporose, perda muscular, esteatose hepática, pancreatite, neuropatia periférica, ginecomastia, acidose lática, hiperlactatemia, e muitos outros distúrbios (DORNELAS NETO et al., 2015).
Com o passar dos anos esse tratamento foi se aprimorando cada vez mais, e hoje, graças a ele, o número de morbidade e mortalidade tem diminuído bastante, sem falar que nos dias atuais é mais fácil de ter um diagnóstico precoce. Devido a esse tratamento as portas se abriram não só para os idosos, mas para as pessoas no geral que são testados soropositivos que atualmente possuem oportunidade de viver normalmente, inclusa no mercado de trabalho e na sociedade (DORNELAS NETO et al., 2015).
Contudo, mesmo com todos os avanços da atualidade, estudos foram capazes de mostrar, que um dos principais desafios das equipes de saúde para prevenção das IST nos idosos, é montar programas e estratégias que possam surtir efeito como forma de incentivo e aprendizagem para a população, geralmente essas estratégias são sempre focadas em um grupo de pessoas mais jovens. Todavia, é importante que essas estratégias sejam momentos simples, explicativo e transmitido com fácil entendimento e compreensão. O ideal é a elaboração de folhetos, cartazes educativos disponíveis nas unidades básicas de saúde; rodas de conversas e debates, que deixem a comunidade familiarizada com o assunto e abrir pauta para conversas, com intuito do acolhimento e quebra de pré-conceitos (DORNELAS NETO et al., 2015; MASHIO et al., 2011).
 É importante que os profissionais de saúde sejam devidamente capacitados para lhe dar com essa situação, saber chegar e orientar corretamente essa população longeva deve estar por dentro da situação e se for necessário fazer uma Territorialização e mapeamento para conhecer melhor sua área e assim ter mais certeza do que se busca, analisar quais idosos estão mais sujeitos a essas doenças, os que apresentam maior risco para tal infecção, e que abrange aquela comunidade, pois, é dever do profissional de saúde saber o que se passa na sua comunidade, conhecer sua população em massa, e desenvolver estratégias que possam estar surtindo efeitos positivos com relação a problemática abordada, e a população assistida (DORNELAS NETO et al., 2015; MASHIO et al., 2011).
CONCLUSÃO
O presente estudo mostra o quão importante é o desenvolvimento de programas de atenção à saúde pública e que tenha como público alvo, a população idosa, pois é visível a falta de conhecimento diante desse público, trazendo como consequência, a falta de prevenção das IST´s E HIV, e assim a propagação da mesma. Como mostrado anteriormente, é notório o aumento compulsivo de idosos acometidos não só com essas infecções, mas também com o vírus HIV, a falta de entendimento e informação os levam a pratica do sexo sem proteção. Colocando em risco não só a própria saúde, mas a do(a) seu parceiro(a) também. 
Porém, para isso é necessário a conscientização dos profissionais de saúde, dos serviços geriátricos, governos e da própria população idosa, acerca das mudanças de comportamento e perfil epidemiológico. É preciso desenvolver métodos que visem uma promoção e proteção à saúde desses longevos, é necessário alerta-los também para os riscos existentes, tanto para a vida deles, quanto para a de seus parceiros e familiares.
 Com isso, vê-se necessário um planejamento como forma de abranger toda essa população desassistida, implementando formas de tratamentos, que seja para a cura, ou apenas para o controle de disseminação da doença. É de extrema importância o discernimento e profissionalismo das pessoas da área da saúde, para saber tratar esse assunto com ética e cuidado, de forma que possa repassar com clareza a essa comunidade certos conhecimentos e maneiras de tratamento e prevenção, sem que os deixe receosos ao procurar um serviço de saúde. Garantindo que dessa forma irá diminuir esse déficit no conhecimento com relação a certos métodos, e ampliar o número de populações assistidas com alto teor de informações acerca do cuidado com sua própria saúde. 
REFERÊNCIAS
CASTRO, I. F. G. As doenças sexualmente transmissíveis (DST) na terceira idade. Monografia (Especialização em Saúde da Família) – Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, p. 24, 2010. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9KGMM7/1/monografia_ilda_fl_via.pdf.
GUARDIÕES. DST na terceira idade: entenda os fatores de incidência e prevenção. Guardiões de Vidas, 2018. Disponível em: https://guardioesdevidas.com/18/09/2018/dst-na-terceira-idade-entenda-os-fatores-de-incidencia-e-prevencao/
MASCHIO, M. B. M. et al. Sexualidade na terceira idade: medidas de prevenção para doenças sexualmente transmissíveis e AIDS. Rev. Gaúcha Enferm. (Online), Porto Alegre, v. 32, n. 3, p. 583-589, 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1983-14472011000300021
DORNELAS NETO, Jader et al. Doenças sexualmente transmissíveis em idosos: uma revisão sistemática. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 20, n. 12, p. 3853-3864, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1983-14472011000300021
GUERRA, A. Aids: Idade arriscada. A Tribuna, São Pulo, 13 out. 2005. Disponível em: http://www.portaldoenvelhecimento.net/artigos/artigo554.htm
BRASIL. Ministério da Saúde. AIDS se alastra em idosos. 2005. Disponível em: http://www.sistemas.aids.gov.br/imprensa/Noticias.asp?NOTCod=63978
MARTINELLI, J. E. Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e o Envelhecimento. Portal do Idoso, 2018. Disponível em: https://idosos.com.br/doencas-sexualmente-transmissiveis/.

Continue navegando