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Ano Litúrgico O ano litúrgico celebra o mistério pascal de Cristo no decorrer de um ano solar. Ao longo desse ano, acontecem todas as festas e ações sacramentais, dado que é uma espécie de estrutura que sustenta todo o mistério do culto cristão. O ciclo do ano litúrgico, organizado em seus tempos e em suas grandes festas, é o ritmo fundamental da vida de oração e de celebração da fé dos cristãos. Estudar o ano litúrgico consiste não simplesmente em conhecer um calendário, o qual é apenas sua expressão formal e prática, mas em entrar no mistério do tempo, atravessado pela obra de Deus, no qual a Igreja peregrina celebra suas ações salvíficas, em especial Jesus Cristo, centro da história e da esperança dos crentes. Segundo os atuais livros da liturgia romana, o ano litúrgico começa no 1º Domingo do Advento e se encerra na solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo. O ano litúrgico foi se desenvolvendo lentamente. O surgimento dos livros litúrgicos conduziu aos poucos à concepção do ano eclesiástico como um ciclo anual diferente do ano civil em seu início e em sua estrutura. O ano litúrgico deve ser considerado uma verdadeira liturgia, isto é, o conjunto dos momentos salvíficos, celebrados ritualmente pela Igreja, sobretudo por meio da Eucaristia, como memorial dos acontecimentos com os quais se realizou na história o mistério da salvação. O ano litúrgico é a celebração e atualização do mistério de Cristo no tempo. Portanto, ele não pode ser reduzido a um simples calendário de dias e meses aos quais estão ligadas as celebrações religiosas, sendo na verdade a presença em modo sacramental e ritual do mistério de Cristo no espaço humano. Ou seja, o ano litúrgico não é uma ideia, mas uma Pessoa, Jesus Cristo. A ESTRUTURA DO ANO LITÚRGICO O ano litúrgico encontra sua melhor representação na espiral ascendente: ela contém tanto o círculo, que representa o retorno anual dos mesmos tempos e festas, como a linha, que projeta o tempo litúrgico rumo à meta da Parusia (segunda vinda de Jesus Cristo). Trata-se de um circulo evolutivo, que jamais gira exatamente sobre si mesmo, mas que a cada volta encontra-se mais perto do encontro definitivo da Igreja com o Senhor. Todo ano repete-se e ao mesmo tempo se vive algo irrepetível. Nunca as pessoas nem as comunidades que celebram são as mesmas do ano anterior, nem o é o mundo em que a Igreja está inserida. A estrutura celebrativa, porém, é sempre a mesma, enquanto a Igreja não a mude: também ela está sujeita a permanente reforma a fim de melhor responder aos sinais dos tempos. O CALENDÁRIO LITÚRGICO É considerado calendário litúrgico a lista ordenada cronologicamente das celebrações da Igreja universal e de cada Igreja particular ao longo dos dias de um ano. Ele é um instrumento pastoral indispensável por trazer as datas celebrativas (solenidades, festas, memórias e dias feriais) de cada localidade. Nele encontra-se especialmente os marcos para a celebração eucarística e para a Liturgia das Horas, pois são as celebrações mais frequentes da Igreja. O calendário, hoje utilizado, foi profundamente revisado pelos peritos do Concílio Vaticano II, sendo aprovado em 14 de fevereiro de 1969. “Nos diversos tempos do ano litúrgico, segundo as práticas tradicionais, a Igreja instrui seus fiéis por meio de exercícios piedosos da alma e do corpo, da doutrina da oração e das obras de penitência e de misericórdia” (Introdução ao Calendário Romano, 1). O DOMINGO E A SEMANA O domingo, dia que se repete com regularidade exata a cada sete dias, constitui a estrutura portadora do tempo litúrgico e uma instituição tipicamente cristã. É o dia do Senhor, o oitavo dia, o dia da ressurreição de Cristo. Sobre a trama dos cinquenta e dois domingos do ano solar são tecidos os tempos celebrativos e as festas particulares. Os dias da semana se contam no ano litúrgico a partir do domingo, primeiro dia, seguindo com isso a indicação bíblica da ressurreição, ocorrida no “primeiro dia da semana” judaica, que culminava no dia de descanso (sábado). O ritmo da “páscoa semanal” é, como já indicado, a origem do ano litúrgico e o fundamento de sua regularidade. A semana é um tempo subordinado ao domingo, o qual tem a preeminência dentro dela. Os dias semanais chama-se férias na liturgia. Os domingos do tempo comum, com poucas exceções, celebram o mistério de Cristo em sua plenitude, sem concentrar-se em nenhum aspecto particular. O conteúdo é dado pela riqueza dos lecionários, distribuídos nos três anos A, B e C para a eucaristia dominical, e “par” e “ímpar” para a eucaristia ferial. O CICLO PASCAL Quaresma O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “a Igreja se une todos os anos, durante quarenta dias de quaresma, ao mistério de Jesus no deserto” (540). É o tempo de preparação para a maior festa dos cristãos. Tem seu início em um dia da semana, a Quarta-Feira de Cinzas, cuja data é móvel, dependendo da data de celebração da Páscoa, e termina na Quinta- Feira Santa, antes da missa da Ceia do Senhor. Possui seis domingos, sendo que o sexto nominamos de Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, e com ele começa a Semana Santa. A Quarta-Feira de Cinzas é, junto com a Sexta-Feira da Paixão, um dia de jejum, e a quaresma inteira, um tempo de conversão e penitência. Unir-se a Jesus em seus quarenta dias de deserto é, para a Igreja e cada cristão, uma oportunidade anual de entrar no íntimo do próprio coração para renovar-se na fé e no compromisso com o Evangelho. A cor roxa e o silêncio do “Aleluia” (louvação Pascal), são dois símbolos que acompanham esse tempo até seu término, na missa da Ceia do Senhor durante a Quinta-Feira Santa. Durante esse tempo, ganha importância especial a preparação final dos catecúmenos que recebem os sacramentos de iniciação na Vigília Pascal. O itinerário de leituras do ano A é batismal, exatamente para acompanhar a catequese pré-sacramental dos catecúmenos e introduzir todos os cristãos no clima das promessas batismais que se realizará dentro da Vigília Pascal. Na manhã da Quinta-Feira Santa, celebra-se a missa crismal na qual o bispo abençoa os óleos que serão utilizados nos sacramentos do batismo, da confirmação e da unção dos enfermos. É a última celebração do tempo quaresmal, antes de começar o tríduo pascal. Semana Santa e o Tríduo Pascal A Semana Santa sobrevém à quaresma, mas tem desde o Domingo de Ramos uma dinâmica própria que começa com a recordação da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém e segue, passo a passo, os acontecimentos de sua paixão e morte, até sua ressurreição. Liturgicamente, isso é expresso, sobretudo no lecionário das missas, que contemplam o relato completo da paixão, do Domingo de Ramos, da Sexta-Feira e de todos os demais acontecimentos dos últimos dias de Jesus. No Domingo de Ramos encontramos a benção dos ramos, a cor vermelha da liturgia, o realismo da recordação evangélica da entrada em Jerusalém e do relato da Paixão, muitas vezes lido por várias pessoas, tudo isso confere a essa liturgia um atrativo especial que a transforma em uma excelente ocasião de evangelização. É a semana mais importante do ano para a Igreja, e seu ápice são os dias do tríduo que começa com a Ceia do Senhor. Quinta-Feira Santa A missa da Ceia do Senhor é a recordação da instituição da eucaristia e inaugura o tríduo pascal. Para ela, usa-se a cor branca. Nela, há um lugar especial para a recordação do sacerdócio ministerial como serviço humilde e total, a exemplo de Jesus, que lavou os pés de seus discípulos. A presidência da eucaristia é um sinal dessa entrega da vida interia aos irmãos, é o sinal de um seguimento no ministério sacerdotal que busca a mesma radicalidade do Senhor. Esta celebração termina com o traslado do pão consagrado ao lugar da reserva, de onde será pego, no dia seguinte, para a comunhão. Sexta-Feira Santa Sugere-seque esta celebração aconteça às três horas da tarde, em sintonia com o evangelho (Mt 27,45-46) que nos apresenta como a hora da morte de Jesus. Desde os primórdios, na Sexta-Feira Santa não se celebra a eucaristia, mas uma liturgia com comunhão. Neste dia há o relato da Paixão, segundo São João e utiliza-se a cor vermelha. Trata-se de uma liturgia sóbria, dividida em três partes: liturgia da Palavra, adoração da cruz e comunhão. Vigília Pascal e o Domingo da Ressurreição A noite Santa da ressurreição do Senhor é considerada a “mãe de todas as vigílias”. Nela a Igreja espera vigilante a Ressurreição de Cristo e a celebra nos sacramentos. Por isso, deve ser celebrada durante a noite. É uma celebração repleta de símbolos: o fogo, o círio aceso no fogo novo e que é levado em procissão, o precônio pascal, a rica liturgia da Palavra, a celebração da iniciação cristã, a renovação das promessas batismais e aspersão com água benta e a eucaristia. Desde a Vigília até o término do tempo pascal celebra-se com a cor banca, simbolizando o resplendor da vida nova. O “Aleluia”, que havia sido calado durante a quaresma, volta a ser cantado com renovada alegria a partir da missa da Vigília. O domingo da ressurreição tem uma missa do dia, na qual encontramos a sequencia pascal. Tempo Pascal É formado pelos cinquenta dias que vão desde o domingo da ressurreição até a solenidade de Pentecostes. Dentro deste tempo tem especial importância: Os oito primeiros dias, chamado de “oitava de Páscoa”, que se celebram como solenidades do Senhor. Seis domingos depois da Páscoa A Ascensão do Senhor, que se celebra no quadragésimo dia depois da ressurreição O domingo de Pentecostes O CICLO NATALINO Advento Este período se inicia no primeiro domingo após a celebração da solenidade de Cristo Rei e vai até a Véspera do Natal. É um tempo ritmado por seus quatro domingos, destinados a preparar o povo cristão para a festa da encarnação do Verbo. É um tempo de espera e não de penitência. Há um caráter histórico e escatológico, pois prepara para o Natal, festa da primeira vinda de Cristo, e dirige o olhar para a segunda e definitiva vinda de Jesus. Natal O tempo do Natal começa com a Véspera da festa do Natal e termina com o domingo depois da Epifania, ou depois do dia 06 de janeiro. Dentro deste período temos várias festas subsequentes ao Natal: Memória de Santo Estevão (26/12), São João Evangelista (27/12) e dos santos Inocentes (28/12). A festa da Sagrada Família, que se celebra no domingo dentro da oitava de Natal. Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus (01/01) Epifania do Senhor (06/01) ou então, no domingo entre o dia 02 e 08 de janeiro. O Batismo do Senhor é a festa que encerra o tempo do Natal. É celebrada no domingo subsequente à Epifania. O Tempo Comum O restante do ano litúrgico se chama hoje de Tempo Comum e é composto por trinta e três ou trinta e quatro semanas. Está dividido em dois blocos: um entre o tempo do Natal e a quaresma, e o outro entre Pentecostes e o advento, sendo o período mais longo. No tempo comum não se celebra nenhum aspecto particular do mistério de Cristo; no entanto, esse mistério é vivido em toda a sua plenitude, particularmente nos domingos. As festas Além das celebrações que estão incluídas no ciclo da Páscoa e no do Natal, e estreitamente vinculadas a estes por seu conteúdo e sua mútua relação, existe uma série de outras festas, as quais caem no tempo comum. Essas memórias, sobretudo da Virgem Maria e dos santos, são festas cujo motivo da celebração não é primariamente a pessoa recordada; estas são lembradas justamente em razão de sua participação no mistério de Cristo, que é o único grande motivo de celebração no ano litúrgico, e que precisamente no tempo comum não é lembrado em nenhum aspecto particular, mas sim em geral.
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