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O que é Lógica? A lógica foi criada pelo filósofo Aristóteles e era chamada por ele de “razão”. A palavra lógica é originada do grego logos, que significa racional. A lógica é a análise das formas e leis do pensamento, mas não se preocupa com a produção do pensamento, ou seja, ela se preocupa com a forma é não com o conteúdo. Todos nós utilizamos as palavras lógica e lógico. Falamos, frequentemente, sobre comportamento “lógico” em contraste com comportamentos “ilógicos”, de procedimento “lógico” em oposição a um procedimento “ilógico”. Em cada um desses casos, estamos utilizando “lógica” ou “lógico” na mesma acepção de “razoável”. Na prática Decifre esta charada: Um homem estava olhado uma foto e alguém lhe perguntou: - “De quem é esta foto?”. Ao que ele respondeu: - “Não tenho irmãos nem irmãs, mas o pai deste homem é filho do meu pai”. De quem era a foto que o home estava olhando? Uma forma racional de resolver esta charada seria: • Identificar o problema: Neste caso, “De quem era a foto que o homem olhava?”. • Definir que são os envolvidos no problema: Chamemos de A a pessoa que fez a pergunta e B o homem que olhava a foto e X o homem da foto, que é a incógnita do problema. A personagem A é importante para a solução do problema? Não. Então, vamos ignorá- lo. Em relação a personagem B, temos as seguintes informações: • B não tem irmãos; • O pai de X é filho do pai de B. Essas informações, fundamentais para a solução da charada, podem ser analisadas graficamente: Portanto, X é filho de B. Portanto, o raciocínio é um gênero especial de pensamento no qual se realizam inferências ou se derivam conclusões a partir de premissas. Para o lógico, só interessa a correção do processo, uma vez completado. Sua interrogação é sempre esta: a conclusão a que se chegou deriva das premissas usadas ou pressupostas? Se as premissas fornecem bases ou boas provas a conclusão, se a afirmação da verdade das premissas garante a afirmação de que a conclusão também é verdadeira, então o raciocínio é correto, no contrário é incorreto. A distinção entre o raciocínio correto e o incorreto é o problema central tratado pela lógica. Argumentos Um argumento pode ser composto por uma ou várias premissas, as quais podem ser verdadeiras ou falsas e conduzem à conclusão, que também poderá ser verdadeira ou falsa. No argumento explicativo a seguir, temos em 1 e 2 as premissas e em 3 a conclusão. 1. Sandra é mais velha do que Ricardo. 2. Ricardo é mais velho do que Pedro. 3. Logo, Sandra é mais velha do que Pedro. Argumentos Indutivos Os argumentos podem ser dedutivos ou indutivos. Os argumentos indutivos são aqueles que, com base em dados, chega-se a uma resposta por meio de uma analogia, ou seja, pela comparação com algo parecido. Este tipo de raciocínio não oferece certeza que a resposta será de fato verdadeira. É preciso conhecer os fatos ou as situações para que se possa fazer a comparação. Na argumentação indutiva, os casos singulares são elevados ao universal. Exemplos: • Ontem não havia nuvens no céu e não choveu. • Hoje não há nuvens no céu, portanto hoje não vai chover. Argumentos Dedutivos São aqueles cuja conclusão é obtida como consequências das premissas, isto é, por meio da análise das situações ou fatos pode se obter a resposta. Ela é trabalhada na forma de sentenças, sem que haja a necessidade do conhecimento prévio das situações ou fatos, ou seja, a conclusão é obtida em decorrência das premissas. Exemplos: • Joana (A) é mulher (B). • As mulheres (B) são seres humanos (C). • Logo, Joana (A) é um ser humano (C). De um modo geral, podemos dizer que a dedução consiste no seguinte: • A é verdade de B. • B é verdade de C. • Logo, A é verdade de C. Proposições A inferência é o processo pelo qual se chega a uma proposição afirmada na base de uma ou outras proposições aceitas como ponto de partida. As proposições são verdadeiras ou falsas e nisto diferem das perguntas, ordens e exclamações. Somente as proposições podem ser afirmadas ou negadas. Uma pergunta pode ser respondida, uma ordem dada e uma exclamação proferida, mas nenhuma delas pode ser afirmada ou negada, nem e possível julgá-las como verdadeira ou falsa. Ou seja, nem toda sentença é uma proposição. Quais destas sentenças são proposições? • Os cachorros voam. • Como você se chama? • Que dia nublado! Somente a primeira é uma proposição, já que podemos classificá-la como verdadeira ou falsa. As demais, não faz sentido classificá-las dessa forma. Quando uma sentença é verdadeira, dizemos que seu valor lógico é verdadeiro (V), e quando é falsa, seu valor lógico é falso (F). Portanto, uma proposição é uma sentença declarativa que admite um e somente um dos valores lógicos: V ou F. Paradoxos São sentenças que não admitem um único valor lógico, apesar de serem declarativas. Segundo o dicionário Aurélio, paradoxo é um conceito que é ou que parece contraditório ao comum; contrassenso, absurdo ou disparate. Exemplo: Essa sentença é falsa. Esta frase é verdadeira ou falsa? Se a frase é verdadeira, a conclusão é de que ela é falsa, pois é isso que a sentença afirma. Se a frase for falsa, a conclusão é de ela é verdadeira, pois isso contraria a própria sentença. As conclusões são: • A frase é falsa se, e somente se, ela for verdadeira. • A frase é verdadeira se, e somente se, ela for falsa. Estamos diante de um paradoxo, pois a sentença não pode ser falsa e verdadeira simultaneamente. Negação A negação é uma proposição utilizada para alterar o seu valor lógico, dando ideia contrária. Assim se p é uma proposição verdadeira, a negação de p, indicada por ~p, é uma proposição falsa. Da mesma forma, se p é uma proposição falsa, ~p é uma proposição verdadeira. A tabela abaixo é conhecida como tabela-verdade. Ela relaciona uma proposição com a respectiva negação. p ~p V F F V Exemplos: • O Brasil é um país latino-americano. o Proposição p cujo valor lógico é V. • O Brasil não é um país latino-americano. o Proposição p cujo valor lógico é F. • É falso que o Brasil é um país latino-americano. o Proposição p cujo valor lógico é V. Observações A negação de uma proposição indica sempre uma ideia contrária, de modo que se uma é verdadeira, a outra é falsa e vice-versa. É importante entender que a negação não vai simplesmente indicar algo diferente. Por exemplo, na proposição: p: Paulo viaja nos fins de semana. Não é correto dizer que a negação dessa proposição seja: ~p: Paulo viaja em dias de semana, pois em nada se pode concluir se Paulo viaja ou não em dias de semana. A negação correta é: ~p: Paulo não viaja nos fins de semana. Considere a seguinte proposição: p: Está chovendo. A negação de p é ~p: Não está chovendo. Qual seria a negação da negação de p, ou seja, a negação da negação de p afirma o mesmo que p. • p: Está chovendo. • ~p: Não está chovendo. • ~(~p): Não é verdade que não está chovendo, o que equivale a “está chovendo”. Ou seja, ~(~p) é logicamente equivalente a p. Simbolicamente, escreve-se: ~(~p) ≡ p. p ~p ~(~p) V F V F V F Operadores Lógicos A conjunção E dá a ideia de conjunto. Exemplos: • A árvore tem folhas E eu vi um macaco na esquina. • A bola é redonda E o céu é azul. • Eu estudo IC E aprendo computação. A disjunção OU dá ideia de alternativa, podendo ser inclusiva ou exclusivas. Exemplos: • Inclusivas: o Vou ao cinema OU a feira. o Mariana é professora OU Pedro é jornalista. • Exclusivas: o OU vou ao cinema OU vou à feira. o OU Mariana é professora OU Pedro é jornalista. A condicional SE/ENTÃO, dado caminho de “ida”, não necessariamente será verdade o caminho da “volta”. Exemplos: • SE os alunos estudarem, ENTÃO passarão na disciplina. • SE o tempo está chuvoso, ENTÃO o galo fica azul. • SE o Papai Noel existe,ENTÃO hoje é feriado. A bicondicional SE/SOMENTE SE, dado um caminho de “ida”, necessariamente será verdade o caminho de volta. Exemplos: • A Seleção Brasileira vencerá o jogo SE E SOMENTE SE fizer mais gols que o adversário. • Barrichello SÓ vencerá o campeonato SE fizer mais pontos que Schumacher. • A árvore tem folhas, SE E SOMENTE SE eu vi um macaco na esquina. A negação NÃO. Exemplos: • A gente NÃO que só dinheiro. • Pedro Antunes NÃO está triste. • NÃO é verdade que Juca Bala ganhou a corrida. Simbologia Representação dos enunciados Podemos representar enunciados compostos usando letras associadas aos operadores lógicos: Exemplos Representações A árvore tem folhas e eu vi um macaco na esquina. • p . q A árvore tem folhas ou eu vi um macaco na esquina. • p v q Se a árvore tem folhas, então eu vi um macaco na esquina. • p → q Se, e somente se, a árvore tem folhas então eu vi um macaco na esquina. • p ←→ q Teoria das Proposições Utilização de letras ou símbolos para facilitar o entendimento da construção lógica. Exemplos Lê-se • p . q • P e Q • p v q • P ou Q • p → q • P então Q • p ←→ q • P se e somente se Q • ~p • NÃO para TIL p Exemplos O aborígene mentiroso Um avião caiu em uma área não coberta pelo radar. Apenas o piloto se salvou, conseguindo alcançar a praia de uma ilha. Nessa ilha morava um aborígene que mentia às terças, quartas e quintas-feiras, e falava a verdade nos outros dias da semana. Um dia o piloto encontrou o aborígene, que lhe disse: “Ontem foi um dos meus dias de mentir”. A partir da dedução correta da informação do aborígene, quais dias da semana poderiam ser? Como resolver o problema: Vamos imaginar, para cada dia da semana, se a afirmação é verdadeira ou falsa. Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo F F V V V F F Agora, verifique quando o aborígene deveria estar falando a verdade ou mentira para que o cenário acima ocorresse: • Verdade: quarta, quinta e sexta. • Mentira: segunda, terça, sábado e domingo. Portanto, os únicos dias possíveis são: terça e sexta-feira. O presente na caixa Na sua frente você tem três caixas e apenas uma delas tem um presente dentro. A única pista para descobrir onde está o presente são as instruções na frente das caixas. Porém, não se esqueça, apenas uma das inscrições é verdadeira. Onde está o presente? • Caixa 1: O presente está aqui. • Caixa 2: O presente não está aqui. • Caixa 3: O presente não está na caixa 1. Como resolver o problema: Vamos imaginas as três situações possíveis, cada uma delas com o presente em uma das caixas e verificar se as inscrições são verdadeiras. Presente na Caixa 1 Presente na Caixa 2 Presente na Caixa 3 Inscrição 1 (V) Inscrição 1 (F) Inscrição 1 (F) Inscrição 2 (V) Inscrição 2 (F) Inscrição 2 (V) Inscrição 3 (F) - Impossível, existe apenas uma verdadeira Inscrição 3 (V) Inscrição 3 (V) - Impossível, existe apenas uma verdadeira O paradoxo do Barbeiro Em uma cidade, um barbeiro corta o cabelo somente de todas as pessoas que não cortam o próprio cabelo. Esse barbeiro corta o próprio cabelo? Solução: O barbeiro corta o cabelo de todas as pessoas que não cortam seu próprio cabelo e somente delas. Assim, se ele corta seu próprio cabelo, então ele é uma pessoa que não corta seu próprio cabelo, então ele corta seu próprio cabelo. Estamos diante de um paradoxo. Não existe um barbeiro nessas condições.
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