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04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 1 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop RECURSOS SENSORIAIS COMO ESTRATÉGIA PARA O TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL ÉRICA COSTA BARBOSA ■ INTRODUÇÃO A paralisia cerebral (PC), causa mais comum de incapacidade na infância, afeta 2 a 3,5 a cada 1 mil nascidos vivos1 e consiste em uma condição permanente, de caráter não progressivo, que impacta na postura e no movimento do indivíduo. Suas características variam conforme as habilidades funcionais, o envolvimento topográfico das extremidades e os distúrbios motores (espasticidade, discinesia e ataxia) apresentados pela criança.1,2 Além das deficiências motoras, a criança com PC apresenta alterações das funções sensoriais, como registro pobre das informações em razão do comprometimento das percepções visual, tátil, proprioceptiva e vestibular, que levam a déficits nos ajustes posturais. Consequentemente, há limitação nas habilidades motoras grossas, como marcha, alcance e função oral, bem como restrição na participação em tarefas escolares e de autocuidado, recreação e atividades de lazer.2 A fisioterapia pode proporcionar às crianças com PC mais organização de suas sensações por meio de estímulos sensoriais específicos, propiciando a interação com o meio ambiente e seu próprio corpo. Dessa forma, pode contribuir para a melhora das habilidades funcionais, do desenvolvimento do controle postural, do esquema corporal e do sequenciamento de movimentos.3 A intervenção fisioterapêutica voltada a crianças com PC inclui diversos recursos de caráter sensorial, com o objetivo de conduzir maior quantidade de informações táteis, proprioceptivas, visuais, auditivas e vestibulares ao sistema nervoso central (SNC). O tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível, a fim de minimizar a instalação de padrões anormais, como compensações, contraturas ou deformidades, contribuindo para o melhor desempenho funcional.4 ■ OBJETIVOS Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de descrever as características sensório-motoras das crianças com PC; compreender a neurofisiologia do processamento sensorial e as repercussões dos distúrbios relacionados; identificar a interferência do ambiente no desenvolvimento da criança com PC; relacionar as alterações sensoriais da criança com PC com os comprometimentos motores; reconhecer a influência das disfunções sensoriais nas habilidades funcionais; perceber a importância do lúdico no contexto da reabilitação de crianças com PC; identificar as modalidades terapêuticas e os principais recursos utilizados para intervir nos sistemas sensoriais. ■ ESQUEMA CONCEITUAL + 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 2 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop ■ ASPECTOS SENSÓRIO-MOTORES DA PARALISIA CEREBRAL A PC, ou encefalopatia crônica não progressiva da infância, é um grupo de distúrbios permanentes da postura e do movimento que levam a limitações funcionais decorrentes de lesões não progressivas ocorridas no período de desenvolvimento cerebral.5 A PC foi definida inicialmente pelo cirurgião inglês Willian John Little, em 1843. Essa condição de saúde foi descrita com etiologia heterogênea.6 CLASSIFICAÇÃO 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 3 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop A criança com PC pode ser classificada com base no distúrbio motor e na distribuição topográfica (Quadro 1).3,5 Quadro 1 TIPOS DE PARALISIA CEREBRAL QUANTO AO DISTÚRBIO MOTOR E À DISTRIBUIÇÃO TOPOGRÁFICA Tipo de PC Características Distúrbio motor Espástico Presença de espasticidade Lesões do córtex cerebral e das vias corticoespinhais Discinético Presença de movimentos involuntários (atetose, coreia e/ou distonia) Lesões do sistema extrapiramidal Atáxico Diminuição do tônus e movimentos incoordenados Lesões do cerebelo e/ou de suas vias Misto Combinação de dois ou mais distúrbios Lesões concomitantes Distribuição topográfica Unilateral Acometimento de um ou mais membros de um dos lados do corpo (anteriormente classificado como hemiplegia e monoplegia) Bilateral Acometimento de um ou mais membros dos dois lados do corpo (anteriormente classificado como diplegia, triplegia, tetra/quadriplegia e dupla hemiplegia) PC: paralisia cerebral. Fonte: Adaptado de Moura e colaboradores (2009);3 Brasil (2014).5 As classificações da PC mais atualizadas não incluem o tipo hipotônico.3,5 Além das classificações da PC apresentadas no Quadro 1, é essencial considerar o Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (em inglês, Gross Motor Function Classification System [GMFCS]). Trata-se de um instrumento utilizado para descrever o potencial funcional de indivíduos com PC; para isso, fundamenta-se nas capacidades funcionais e na necessidade de dispositivos auxiliares (andador, muleta ou bengala) ou de cadeira de rodas para mobilidade (Quadro 2).7 Quadro 2 NÍVEIS DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA GROSSA Nível Características I Anda sem restrições, mas com limitações nas habilidades motoras grossas mais avançadas, como correr e pular. II Anda sem auxiliares para mobilidade, mas com limitações para andar em ambiente externo e na comunidade. III Anda com auxiliares para mobilidade, com limitações para andar em ambiente externo e na comunidade. IV Locomove-se em cadeira de rodas manual ou motorizada. V Possui limitação grave no controle cervical e de tronco, com necessidade de assistência extensa e assistência física. Fonte: Adaptado de Silva e colaboradores (2016).7 Para saber mais: O GMFCS está disponível em: https://canchild.ca/system/tenon/assets/attachments/000/000/075/original/GMFCS-ER_Translation-Portuguese 2.pdf.7 LEMBRAR https://canchild.ca/system/tenon/assets/attachments/000/000/075/original/GMFCS-ER_Translation-Portuguese2.pdf 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 4 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop CARACTERÍSTICAS As disfunções motoras da PC são comumente acompanhadas por convulsões e alterações4 sensoriais; perceptuais; cognitivas; de comunicação; de comportamento; musculoesqueléticas secundárias. As alterações sensório-motoras apresentadas por crianças com PC são caracterizadas pela falta de controle dos movimentos em relação às modificações adaptativas do comprometimento muscular. Do mesmo modo, essas alterações mudam o desenvolvimento e o mecanismo do controle postural típico.8 O comprometimento das estruturas e funções corporais pode afetar a interação com o meio e, portanto, influenciar o atraso das aquisições de noções perceptivomotoras, espaciais e visuais.9 A criança com PC apresenta dificuldades em todos os âmbitos da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), pois, além das alterações nas funções e estruturas do corpo, há repercussões nas atividades da vida diária (AVD) e na participação social. Com isso, ela tem pobres experiências sensório-motoras e, consequentemente, dificuldades com praxias (isto é, idealizar, planejar e/ou executar uma tarefa) e processamento sensorial.5,10 A sensação e o movimento se relacionam entre si; logo, as crianças com PC apresentam tanto deficiências motoras quanto sensoriais.11 ■ NEUROFISIOLOGIA DO PROCESSAMENTO SENSORIAL O processo de aprendizagem é baseado nas experiências sensório-motoras e depende da capacidade da criança para receber, processar e integrar as informações sensoriais decorrentes da interação com o meio. Além disso, depende do uso dessas informações para o planejamento e a organização de respostas adaptativas adequadas.12 A definição de resposta adaptativa está relacionada com uma resposta intencional, significativa e dirigida com objetivo referente a um tipo de experiência sensorial. Assim, a resposta adaptativa imprime um sentido funcional a um movimento, permitindo que a criança aprenda qual tipo de açãomotora deve ser realizada. Essa ação motora acontece em resposta a uma demanda do meio ambiente.12 Uma ação motora apropriada exige integração e uso sucessivo de diversas informações sensoriais, a fim de proporcionar o controle motor esperado. Dessa maneira, deve haver uma relação constante e estável entre os estímulos sensoriais e o ato motor.13 DESORDENS Quando há uma incapacidade ou dificuldade em transformar as informações sensoriais em respostas adaptativas, é possível que exista uma desordem do processamento sensorial. Com isso, a criança pode apresentar comprometimento quanto à aprendizagem, à coordenação motora e à linguagem.11 Primeiramente, as desordens do processamento sensorial foram descritas pela terapeuta ocupacional Anna Jean Ayres como distúrbios de modulação e problemas de discriminação. Posteriormente, uma nova classificação foi estabelecida, conforme apresentado a seguir e no Quadro 3:11,14 desordens de modulação sensorial — dificuldades na regulação e organização da intensidade e da natureza das respostas diante do estímulo sensorial; desordens de discriminação sensorial — dificuldades na interpretação da qualidade do estímulo sensorial e na diferenciação das características de cada estímulo; desordens motoras com base sensorial — dificuldades na estabilização corporal ou limitações para o planejamento motor, seja na ideação ou execução do movimento. Quadro 3 DESORDENS DO PROCESSAMENTO SENSORIAL LEMBRAR 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 5 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Desordens Descrição Modulação sensorial Hiper- responsividade O processo de inibição das informações é inadequado; logo, todas são vistas como relevantes. Hiporresponsividade Há lentificação das respostas em relação ao esperado. Busca sensorial A habituação ocorre de forma rápida, então o cérebro tende a procurar pelo estímulo. Discriminação sensorial* Visuais Incluem dificuldades para ler, aprender, mirar um alvo em uma brincadeira. Auditivas Envolvem dificuldades para reconhecer sons ou obedecer a comandos. Táteis Consistem em dificuldades para perceber o toque e a forma de objetos e texturas. Proprioceptivas Abrangem dificuldades para perceber informações sobre o próprio corpo e controlar movimentos. Vestibular Consiste na dificuldade de compreender informações sobre um movimento. Olfativa Refere-se à dificuldade de distinguir cheiros. Gustativa Diz respeito à dificuldade de reconhecer sabores. Motoras com base sensorial Dispraxia Consiste na inabilidade em planejar, sequenciar e/ou executar um movimento, levando a um desempenho motor pobre e descoordenado (motor fino, grosso e/ou oral). Postural É a limitação para estabilizar o próprio corpo em movimento ou em repouso, decorrente das demandas do ambiente ou de uma tarefa motora. *As dificuldades citadas decorrem da alteração na discriminação de cada modalidade sensorial. Fonte: Adaptado de Caminha (2017).14 Paralisia cerebral As crianças com PC podem apresentar distúrbios do processamento sensorial, como disfunções proprioceptivas, táteis e da percepção visual, que comprometem a consciência corporal e o planejamento motor.15 Em razão do atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, essas crianças também podem apresentar alterações na qualidade do movimento e na capacidade de captar estímulos ambientais, o que leva a possíveis distúrbios do processamento sensorial.13 É possível observar a associação entre distúrbios do processamento sensorial e desempenho motor em crianças com PC, uma vez que a disfunção sensorial influencia o controle postural, o equilíbrio e a graduação de força para realização de determinados movimentos, como preensão ou passada durante a marcha.11 Apesar de os déficits sensoriais serem tão limitantes para as crianças com PC quanto os déficits motores, na maioria das vezes, a avaliação e o tratamento ainda são direcionados apenas para os aspectos motores.13 ■ PAPEL DO AMBIENTE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL Um ambiente rico em informações sensoriais é importante para intensificar a plasticidade cerebral tanto em níveis estruturais quanto químicos, além de contribuir para o aprimoramento cognitivo, motor e sensorial.16 Os primeiros dois anos de vida da criança são de grande relevância para o desenvolvimento motor e cognitivo, visto que essa é a fase de maior plasticidade cerebral.16 Ao longo de seu desenvolvimento, as crianças são expostas a uma série de fatores ambientais, o que ocasiona uma integração com o ambiente e, assim, o estabelecimento de respostas adaptativas. Quando uma criança é submetida a pouco ou nenhum estímulo sensorial durante essa fase, suas respostas serão pobres e, consequentemente, ela terá risco de atraso em seu desenvolvimento neurossensório- motor.12 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 6 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Em decorrência das limitações motoras, a criança com PC apresenta diminuição da exploração ativa do ambiente. Em consequência, há reduzido repertório de experiências sensório-motoras, acarretando alterações nas áreas perceptual e cognitiva, bem como dificuldades na geração de padrões de movimento.4,15 É essencial ressaltar a função da família como facilitadora do processo de interação da criança com PC com o ambiente em que vive. Assim, os familiares devem receber orientações adequadas para que possam exercer seu papel e oferecer o lazer e a integração social de que a criança necessita.4 Um ambiente favorável, associado a uma atuação familiar acolhedora, é o diferencial para a aprendizagem e o desenvolvimento neurossensório-motor da criança.4 Um ambiente enriquecedor estimula o desenvolvimento de mudanças plásticas no cérebro. Intervenções que contemplem tais ambientes são grandes oportunidades para bebês com risco ou que já apresentam PC. A criança deve ser submetida a estímulos ambientais o mais precocemente possível, a fim de facilitar seu desenvolvimento funcional.17 1. Com relação aos aspectos sensório-motores da PC, assinale a alternativa correta. A) As alterações motoras das crianças com PC raramente são acompanhadas por comprometimentos cognitivos e sensoriais. B) O GMFCS é uma ferramenta utilizada para medir o potencial funcional de crianças com PC e consiste em três níveis. C) Os distúrbios de tônus e postura, bem como os comprometimentos funcionais, interferem na relação das crianças com PC com o meio e influenciam o atraso de aquisições perceptivomotoras. D) Os distúrbios neuromotores apresentados por crianças com PC não têm relação com as áreas cerebrais acometidas, mas com a característica do tônus. Confira aqui a resposta 2. De acordo com a distribuição topográfica, descreva os tipos de PC. Confira aqui a resposta 3. Assinale a alternativa que apresenta a relação correta do tipo de PC com a área cerebral acometida. A) Discinético — Lesões dos sistemas piramidais. B) Misto — Lesões do cerebelo e de suas vias, somente. C) Atáxico — Lesões do sistema extrapiramidal. D) Espástico — Lesões do córtex e das vias corticoespinhais. Confira aqui a resposta 4. Sobre os distúrbios do processamento sensorial, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) Na PC, eles não apresentam relação com o desempenho motor, uma vez que crianças com essa condição já possuem alterações de movimento e postura. ( ) Os distúrbios motores com base sensorial podem se manifestar pela dificuldade em realizar qualquer fase do planejamento motor. ( ) Os distúrbios de modulação sensorial envolvem dificuldades em organizar a intensidade das respostas, enquanto os de discriminação sensorial se caracterizam por dificuldades em interpretar a qualidade do estímulo sensorial. ( ) A dificuldade na consciência corporal e no planejamento motor é uma consequência desses distúrbios na criança com PC. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) F — V — V — V B) V — F — V — F C) V — F — F — V D) F — V— V — F ATIVIDADES 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 7 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Confira aqui a resposta 5. Observe as afirmativas sobre o papel do ambiente no desenvolvimento da criança com PC. I — Um ambiente rico em estímulos sensoriais favorece a plasticidade cerebral; logo, a criança sempre deve ser estimulada a explorar o meio em que vive o mais precocemente possível. II — Por causa da pobre exploração ativa do ambiente, a criança com PC tende a apresentar limitações motoras. III — Uma das funções da família é estimular a criança a explorar o ambiente em que vive, facilitando sua integração social. IV — Nos primeiros anos de vida, a criança deve ser exposta o mínimo possível aos estímulos ambientais, já que essa é uma fase muito delicada, que deixa a criança mais suscetível a possíveis lesões. Quais estão corretas? A) Apenas a I, a II e a III. B) Apenas a I e a III. C) Apenas a II, a III e a IV. D) Apenas a II e a IV. Confira aqui a resposta 6. Por que a criança com PC apresenta mais predisposição a disfunções sensoriais? Confira aqui a resposta ■ SISTEMAS SENSORIAIS Os sistemas sensoriais são formados por receptores sensoriais, responsáveis pela percepção de estímulos oriundos do meio ambiente e do próprio corpo. Esses receptores, localizados nos órgãos do sentido, são constituídos por células nervosas que transformam os estímulos em impulsos a serem processados e interpretados no SNC, produzindo, assim, variáveis respostas no organismo.11 Além dos sistemas sensoriais mais conhecidos (tátil, visual, auditivo, olfativo e gustativo), existem os sistemas proprioceptivo e vestibular, que, embora sejam mais desconhecidos, desempenham papel importante no processamento sensorial.14 TÁTIL O tato é um dos sentidos mais avançados no momento do nascimento, por isso tem função essencial na vida do bebê. Esse é o sentido que vai oferecer ao recém-nascido informações detalhadas do novo ambiente em que se encontra.14 Ao longo de seu desenvolvimento, o bebê aprimora sua sensibilidade tátil, melhorando, assim, suas habilidades motoras e sua interação com o mundo físico. Para isso, precisa experimentar o toque e ser tocado, já que as experiências táteis primárias são fundamentais para a qualidade do desenvolvimento cebrebral.14 O sistema tátil é responsável por oferecer à criança informações acerca do ambiente em que vive, bem como sobre a forma, o tamanho, o peso, a textura e a manipulação de objetos. Pode ser dividido em sistema discriminativo (relacionado com as sensações epicríticas, envolve aspectos finos do tato e permite perceber o toque) ou sistema protetor (sistema de alerta relacionado com as sensações protopáticas) (Quadro 4).3,18 Quadro 4 SENSAÇÕES EPICRÍTICAS VERSUS PROTOPÁTICAS Sensações Características Epicríticas Vibração Toque leve Topognosia (localização da posição do estímulo) 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 8 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Reconhecimento de texturas Discriminação entre dois pontos Estereognosia (reconhecimento de formas) Protopáticas Nocicepção (estímulo doloroso ou irritativo, como dor ou coceira) Sensação térmica (calor ou frio) Fonte: Adaptado de Moura e colaboradores (2009);3 Serrano (2016).18 Os estímulos táteis também podem ser classificados como:19 simples — toque e vibração; complexos — textura, acuidade, orientação espacial, tamanho e forma. Nas crianças com PC, são observadas, mais frequentemente, alterações na percepção e discriminação tátil e na estereognosia, que consiste no reconhecimento de formas.19 Estudos recentes têm demonstrado deficiências no registro e na percepção tátil de crianças com PC, com impacto no desempenho de suas funções manuais. Esses déficits táteis, como alterações na discriminação tátil espacial, na percepção da textura e no reconhecimento de objetos, foram identificados em crianças com distonia e espasticidade.20 A disfunção tátil interfere no controle antecipatório, uma vez que as informações sensoriais de determinada tarefa não chegam ao SNC da forma adequada. Considerando a função de segurar um objeto com uma mão com déficit tátil, as características do objeto (como textura, tamanho, peso e forma) não são bem percebidas. Logo, o comprometimento do controle antecipatório ocorre pela má representação das propriedades físicas do objeto, repercutindo, consequentemente, na habilidade motora.20 O toque, além de ser indispensável para o desenvolvimento sensório-motor, influencia o crescimento físico, o bem-estar emocional, a capacidade cognitiva e a saúde geral do bebê.14 PROPRIOCEPTIVO Propriocepção se refere à capacidade de o indivíduo perceber a posição espacial do seu corpo, bem como a orientação e a posição de cada parte dele em relação às outras, sem utilizar a visão.21 O sistema proprioceptivo também é responsável por informar a quantidade de contração muscular necessária para que o movimento ocorra. Para isso, utiliza informações oriundas dos tendões e músculos e das articulações por meio de receptores específicos que detectam mudanças nas respectivas regiões (Quadro 5).14 Quadro 5 RECEPTORES UTILIZADOS PELO SISTEMA PROPRIOCEPTIVO Receptores Definição/localização Características Tendinosos São órgãos tendinosos de Golgi e estão localizados nos tendões musculares, seriados às fibras musculares. São sensíveis à força de contração de um grupo de fibras musculares, acompanham a tensão desenvolvida em uma contração muscular e tracionam seus tendões. Musculares São fusos musculares e estão localizados paralelamente às fibras musculoesqueléticas. São sensíveis ao estiramento muscular e, por isso, são susceptíveis a perceber as variações de comprimento muscular. Articulares Estão localizados nas cápsulas articulares. São sensíveis aos movimentos das articulações, protegendo-as de possíveis lesões relacionadas ao movimento exacerbado ou ao desequilíbrio muscular. LEMBRAR 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 9 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Fonte: Adaptado de Caminha (2017).14 A propriocepção possibilita quantificar a força empregada nos membros inferiores (MMII) para subir escadas ou perceber que os membros superiores (MMSS) estão cruzados, por exemplo.14 Essa sensação auxilia na manutenção do equilíbrio, na coordenação e na fala, assim como na preensão e manipulação de objetos.21 O sistema proprioceptivo, em conjunto com os sistemas vestibular e visual, desempenha papel relevante nos controles postural, oculomotor e antecipatório.21 Nas crianças com PC, como a informação proprioceptiva está diminuída ou alterada, essas funções são prejudicadas.15 VISUAL A visão é um sentido ainda muito primitivo no momento do nascimento, provavelmente por não haver estimulação na vida uterina. Mesmo assim, a visão do recém-nascido é suficiente para o aprendizado de características essenciais do mundo, como rostos familiares e o seio da mãe. Conforme a criança cresce, o sistema visual vai amadurecendo e se aprimorando, de modo que passa a ser a principal fonte sensorial de experiências e aquisições motoras.14 O sistema visual é responsável por interpretar as informações oriundas do meio ambiente. Para isso, a luz deve atravessar a córnea, ser projetada na parte posterior do olho e, na sequência, ser convertida em sinais elétricos pela retina, que, em seguida, são enviados pelo nervo óptico para o encéfalo, onde serão processados quanto a fatores como:3 percepção; localização espacial; intensidade; forma; detecção de movimento; cores. Por meio do sistema visual, a criança conhece melhor o ambiente em que vive, o que assegura maior exploração desse meio, visto que proporciona o reconhecimento de formas, cores, letras, palavras e números. Além disso, esse sistema favorece maior interação social, orienta os movimentos e auxilia o equilíbrio.14 Os tipos de experiências visuais e visomotorasda primeira infância são extremamente importantes para o desenvolvimento neurossensório- motor.14 A criança com PC apresenta alterações em suas funções corporais que limitam esse repertório de experiências e, por consequência, influenciam diretamente o atraso de aquisições que exijam noção espacial, perceptivomotora e visual.9 Por causa dos déficits de percepção visual, a criança com PC, quando comparada a um indivíduo sem deficiência, demonstra desempenho inferior nos seguintes aspectos:9,15 funções sensoriais, motoras e cognitivas na escrita; destreza; coordenação bilateral; percepção visoespacial; organização visomotora. Ainda, é possível observar uma interferência de tais déficits na atuação escolar, no brincar e na participação social.9,15 O sistema visual, junto com o vestibular e o somatossensorial (tátil e proprioceptivo), fornece as informações sensoriais necessárias para o controle postural, por meio de interação com a ação motora. No entanto, a informação visual é dispensável para o equilíbrio postural, embora contribua para a estabilização da oscilação corporal em aproximadamente 50%.22 Crianças e adolescentes com PC necessitam da informação visual para manutenção da postura, visto que apresentam menor capacidade de adaptação sensório-motora e maior oscilação corporal, isto é, comprometimento do controle postural. Por outro lado, esses fatores podem estar relacionados com respostas de reações de equilíbrio lentificadas, atraso nas aquisições dos marcos motores e alteração da ativação da musculatura postural.22 LEMBRAR 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 10 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop VESTIBULAR O bebê nasce com o sistema vestibular bastante desenvolvido e, por isso, costuma gostar da sensação de movimento. Como esse sistema é um dos primeiros a amadurecer, desempenha importante papel nas primeiras experiências sensoriais, que, por sua vez, organizam as habilidades sensório-motoras, emocionais e cognitivas.14 O sistema vestibular apresenta função essencial na orientação da cabeça e do corpo na vertical. Ele percebe as informações relacionadas com a velocidade angular da cabeça, a aceleração linear e a orientação cefálica em relação à gravidade, possibilitando ajustes corporais necessários para manter o equilíbrio e o controle do movimento.14,18 As informações vestibulares são processadas junto com as proprioceptivas, com o objetivo de permitir que o movimento corporal seja realizado com precisão e controle. É o processamento dessas informações que possibilita que a criança se movimente no espaço, de modo que consiga desviar e não esbarrar no que há a sua volta.18 O aparelho vestibular, localizado na orelha interna, é composto por diferentes receptores:18 sáculo — ativados por movimentos na vertical; utrículo — ativados por movimentos na horizontal; canais semicirculares — ativados por movimentos de rotação. O sistema vestibular, por meio da integração com os sistemas visual e proprioceptivo, é particularmente importante para o controle postural e, consequentemente, para a manutenção do equilíbrio.23 Equilíbrio é o ato de manter, alcançar ou recuperar o centro de massa em relação à base de suporte.23 Os objetivos funcionais do sistema de equilíbrio são:23 manter o alinhamento postural, seja em sedestação ou ortostase; facilitar os movimentos voluntários, como transições posturais; restabelecer o equilíbrio após uma interferência externa, como ao escorregar ou ser empurrado. Crianças com PC enfrentam dificuldades relacionadas ao controle postural e à locomoção, o que leva a uma pobre exploração ambiental. Nesse sentido, o sistema vestibular se apresenta como um organizador primário da informação sensorial e colabora para o desenvolvimento físico, a percepção espacial e a segurança emocional. A integração dos estímulos vestibulares ainda contribui para melhor controle cervical e de tronco.9 Crianças com pobre integração do sistema vestibular podem apresentar medo de se movimentar, respondendo com resistência e/ou choro durante a terapia. A solução é oferecer estímulos vestibulares em diferentes oscilações, a fim de proporcionar integração da informação vestibular e, consequentemente, segurança gravitacional, que contribui para o bem-estar emocional da criança.9 AUDITIVO As estruturas neurais relacionadas com a audição são formadas no período uterino, por isso, ao nascer, o bebê já apresenta experiência auditiva que lhe permite discriminar os sons que mais gosta de ouvir. Os estímulos auditivos preferidos nessa fase costumam ser aqueles mais complexos, como música ou fala com entonação mais alta.14 Por meio do sistema auditivo, ocorre o aprendizado da fala; as habilidades auditivas são essenciais para o desenvolvimento da linguagem oral. O processo para a produção da fala deve acontecer dentro de um contexto linguístico significativo para a criança, ou seja, abordando situações do seu dia a dia. São fontes de estímulo auditivo:24 voz humana; sons do ambiente; brinquedos sonoros; música. LEMBRAR 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 11 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Quanto mais precocemente for submetida a estímulos auditivos significativos, mais chances de aprendizado a criança terá. Isso se deve à plasticidade funcional do SNC e à redução da privação sensorial.24 As experiências auditivas da criança interferem em seu desenvolvimento auditivo, uma vez que influenciam a formação de conexões cerebrais que irão atuar no processamento e na compreensão dos sons. Um exemplo disso se refere à experiência com a música e a fala, que auxilia a estruturar habilidades cognitivas como emoção e linguagem.14 As crianças com PC podem apresentar alterações nas funções corticais superiores, o que impacta diretamente em suas AVD. Além disso, esses indivíduos frequentemente apresentam atraso na aquisição da linguagem, com possíveis dificuldades quanto a articulação, fala, fluência e prosódia.24 Ao nascimento, o cérebro do bebê já está preparado para desenvolver respostas relacionadas com a fala. O fato de ouvir palavras repetidamente nos primeiros anos de vida influencia o refinamento das estruturas neurológicas responsáveis pela compreensão e produção da linguagem falada.24 OLFATIVO E GUSTATIVO Os sistemas olfativo e gustativo, que se desenvolvem precocemente, com início no período uterino, têm importantes funções no desenvolvimento da criança.18 Inicialmente, por ainda não ter os sistemas visual e auditivo desenvolvidos, a conexão da criança com o mundo acontece por meio do tato e do olfato.14 O sistema olfativo auxilia na procura do seio materno para alimentação, além de assumir função no desenvolvimento emocional do bebê, por meio da formação de vínculo com familiares. Existe uma relação direta entre os sistemas olfativo e gustativo, uma vez que o aparelho olfativo capta as informações pertinentes ao paladar. Dessa forma, o olfato exerce grande influência na escolha dos alimentos e na ação protetora. Embora cerca de 75% da percepção gustativa esteja relacionada com o olfato, o sistema gustativo é essencial para o bebê pelos seguintes motivos:14 possui importância nutricional; é fonte de experiências sensoriais; interfere no humor e no bem-estar emocional. Assim como ocorre nos demais sistemas, o pobre repertório sensorial da criança com PC pode interferir em suas funções olfativas e gustativas.14 7. Assinale a alternativa INCORRETA sobre o processamento sensorial. A) Os receptores sensoriais são capazes de perceber os estímulos que chegam do ambiente, transformando-os em impulsos que serão processados e interpretados no SNC. B) A definição de resposta adaptativa está relacionada a uma resposta significativa, referente a uma experiência sensorial que não recebe influência do ambiente. C) Uma ação motora adequada deve integrar as diferentes informações sensoriais, mantendo uma relação constante entre os sistemas sensoriais eo ato motor. D) A criança que possui distúrbios do processamento sensorial pode apresentar dificuldades de aprendizagem e linguagem. Confira aqui a resposta 8. Qual é a importância do sistema tátil para o desenvolvimento da criança? Confira aqui a resposta ATIVIDADES 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 12 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop 9. Qual é a repercussão dos déficits proprioceptivos na criança com PC? Confira aqui a resposta 10. Descreva a atuação dos sistemas visual, proprioceptivo e vestibular no controle postural da criança com PC. Confira aqui a resposta 11. Observe as afirmativas sobre a relação entre o sistema auditivo e o desenvolvimento da criança. I — Quando o bebê nasce, seus estímulos auditivos preferidos costumam ser aqueles mais complexos, como música ou fala com entonação mais alta. II — As chances de aprendizado da criança estão relacionadas com a qualidade dos estímulos auditivos a que ela é exposta, e não com a precocidade de sua introdução. III — Ao nascimento, o cérebro do bebê já está preparado para desenvolver respostas relacionadas com a fala. Quais estão corretas? A) Apenas a I e a II. B) Apenas a I e a III. C) Apenas a II e a III. D) A I, a II e a III. Confira aqui a resposta 12. Sobre as diferentes disfunções sensoriais na criança com PC, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) O sistema vestibular interfere no controle cervical e de tronco. ( ) O atraso na aquisição da linguagem e a dificuldade na fala estão relacionados com o acometimento de funções corticais superiores. ( ) Os sistemas gustativo e olfativo são os únicos que não apresentam alteração na criança com PC. ( ) A criança que apresenta disfunções no sistema vestibular costuma se arriscar mais, visto que não tem medo de se movimentar. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) F — F — V — V B) V — F — V — F C) V — V — F — F D) F — V — F — V Confira aqui a resposta ■ TERAPIA DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL A terapia de integração sensorial (TIS) consiste em uma abordagem de reabilitação, proposta inicialmente por Anna Jean Ayres na década de 1970, cujo objetivo é proporcionar experiências sensoriais à criança com distúrbios de processamento.25,26 Apesar da existência do método de intervenção de integração sensorial de Ayres, existem abordagens fundamentadas em integração sensorial que podem ser utilizadas por distintos profissionais e em diferentes ambientes.27 A integração sensorial é um processo inconsciente pelo qual o SNC organiza as sensações do próprio corpo e do ambiente para fornecer respostas adaptativas às demandas do meio.18 Dessa forma, é possível que a criança compreender o mundo, bem como modular, organizar e interpretar as informações que vêm dos órgãos dos sentidos.25 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 13 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop A TIS se caracteriza por ser uma terapia ativa, na qual a criança desempenha papel importante na escolha das atividades. Esse envolvimento ativo permite que o indivíduo procure estímulos que proporcionem experiências sensoriais benéficas, uma vez que é naturalmente atraído para atividades que exigem e promovem a organização cerebral das informações sensoriais.25,26 A participação ativa da criança deve permitir que ela se movimente, salte, balance e esbarre de forma segura. Além disso, ela é constantemente provocada a mover-se e realizar mudanças no ambiente, com a criação de desafios cada vez mais complexos, o que favorece sua integração perceptivomotora.18 Os princípios da TIS têm relação com os princípios da aprendizagem motora, das respostas adaptativas e das atividades significativas. A compreensão da neurofisiologia do processamento sensorial, aliada a uma boa avaliação dos sistemas sensoriais (isolados e combinados), permite que o terapeuta defina, em sua atuação, por qual sistema deve iniciar e como realizar a integração nas demais atividades.18 A TIS deve ser realizada em um local amplo, no qual seja possível proporcionar diversas modalidades de sensações, contemplando todos os sistemas sensoriais.18,25 RECURSOS UTILIZADOS A TIS costuma envolver o uso de recursos como:18,25 rolos grandes; bolas; trampolins; redes de balanço; materiais táteis (tapetes, espumas, esponjas, texturas); estímulos auditivos (brinquedos com som); estímulos visuais (luzes, objetos brilhantes); equipamentos suspensos. Durante a TIS, o terapeuta deve atentar para as interferências das informações sensoriais sobre o sistema de alerta da criança e sua capacidade de envolvimento nas atividades. Embora cada estímulo sensorial gere um efeito potencial, a resposta pode variar de acordo com cada indivíduo, por isso é fundamental observar atentamente seu comportamento e sua reação.18 O Quadro 6 apresenta alguns recursos sensoriais que diminuem ou aumentam o alerta da criança. Quadro 6 EFEITOS DOS RECURSOS SENSORIAIS NO ALERTA DA CRIANÇA Sistema Recursos que diminuem o alerta Recursos que aumentam o alerta Tátil Enrolamento suave Cobertor pesado Esfregação rítmica Toque leve Proprioceptivo Atividades resistidas e motoras rítmicas Atividades resistidas e motoras com mudanças Visual Cores suaves Cores vibrantes e brilhantes Objetos com luz Objetos em diferentes velocidades Vestibular Balanço lento Mudanças de velocidade e da posição da cabeça Atividades rotatórias Auditivo Música suave Fala ou canto com voz calma e ritmo lento Música alta Variação do ritmo da música Fonte: Adaptado de Serrano (2016).18 Quando todos os sistemas sensoriais da criança funcionam adequadamente e de forma integrada, o processo de aprendizagem é facilitado. A capacidade de relacionar um estímulo com determinada resposta exige a modulação do estímulo para a obtenção do equilíbrio e, assim, a 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 14 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop discriminação da informação sensorial. No entanto, por causa das limitações sensório-motoras, a criança com PC apresenta comprometimento desses aspectos.13,18 BENEFÍCIOS A abordagem da TIS fundamenta-se na facilitação do desenvolvimento típico e na melhora da capacidade de processamento e integração das informações sensoriais. Dessa forma, esse recurso pode ser considerado eficaz para o aprimoramento das habilidades motoras de crianças com PC , que frequentemente apresentam disfunções de integração sensorial.26 A TIS auxilia crianças com PC a obter um ótimo nível de funcionamento sensório-motor, além de melhorar a função motora grossa, o equilíbrio e o controle motor. Isso acontece porque a abordagem se fundamenta na preparação do movimento, possibilitando a aquisição de novas habilidades funcionais.25,26 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES A seguir, serão listados alguns aspectos relevantes sobre a TIS:18 o plano de intervenção deve se basear na família; a avaliação e o plano de tratamento devem ser realizados em conjunto com pessoas significativas para a criança; as atividades propostas devem ser ricas em sensações, principalmente vestibulares, proprioceptivas e táteis; além disso, devem permitir a integração com outras sensações, como visuais e auditivas; a intervenção deve proporcionar a regulação do afeto e do alerta, contribuindo para a aprendizagem; o desenvolvimento do controle postural, oculomotor, entre outros, e a coordenação de movimentos bilaterais e ajustes posturais devem ser incluídos nas atividades propostas; a complexidade das atividades deve ser aumentada gradativamente; a motivação deve estar presente em todos os atendimentos, por meio de atividades que proporcionem prazer à criança; nesse contexto, o brincar é uma ferramenta indispensável à intervenção. EFICÁCIA É possível encontrar na literatura alguns estudos que indicam a TIS como nível I de evidência. No entanto, a maioria aborda apenas as características da técnica, demonstrando os tipos de atividades quepodem ser utilizados, bem como sua influência quanto à funcionalidade, à participação social e aos fatores ambientais.27 Apesar de a TIS ser um método bastante disseminado e utilizado na prática clínica para o tratamento de crianças com PC e outras disfunções sensório-motoras, evidências científicas que comprovem sua eficácia ainda são inconclusivas. Isso decorre da heterogeneidade da população pediátrica com PC e da dificuldade de pesquisa com um grande número de participantes. No entanto, não se exclui a possibilidade de evidências clínicas sobre o benefício dessa abordagem.27 PAPEL DO FISIOTERAPEUTA O fisioterapeuta é um profissional responsável pela compreensão do comportamento motor. Assim, também é sua função entender como as informações sensoriais influenciam a elaboração, o planejamento e a execução do ato motor.27 Embora não gere diretamente o movimento, a informação sensorial é necessária para a formação de um melhor esquema corporal, para o controle do movimento e, consequentemente, para o aprendizado motor. Além disso, o sistema sensório-motor consiste em um sistema de percepção e ação que explora o ambiente de forma ativa e dinâmica, a fim de atingir objetivos fisioterapêuticos específicos.27 Não é possível buscar a recuperação funcional do movimento e o aprendizado motor sem utilizar recursos fisioterapêuticos que se baseiem na integração sensorial, essenciais na prática diária do fisioterapeuta.27 No Brasil, a formação completa em integração sensorial, com carga horária de 100 horas, é direcionada apenas a terapeutas ocupacionais. Apesar disso, há uma formação introdutória, com carga horária de 30 horas, que pode ser realizada também por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos e psicólogos.27 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 15 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop ■ IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA REABILITAÇÃO DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL O brincar é a principal atividade da criança, pois é a forma que ela tem de se movimentar e ser independente. Por meio da brincadeira, a criança28 desenvolve seus sentidos; adquire capacidades motoras, cognitivas e comportamentais; reconhece objetos e suas particularidades (formato, cor, textura, tamanho, som e temperatura). Além disso, o brincar propicia o contato com o ambiente no qual a criança se encontra e promove a interação social e o desenvolvimento de sua afetividade, tornando-a mais ativa e atenta em relação ao mundo.28 É imprescindível inserir a brincadeira no atendimento fisioterapêutico, a fim de tornar a sessão mais prazerosa, mais interativa em relação ao fisioterapeuta e mais eficiente do ponto de vista motivacional. No entanto, o recurso lúdico precisa estar relacionado com os objetivos propostos na terapia, contribuindo para os comportamentos motores esperados e auxiliando na aprendizagem motora.29 Associar o recurso lúdico ao tratamento fisioterapêutico é fator essencial ao atendimento pediátrico, visto que o brincar é um elemento intrínseco e relevante para o desenvolvimento infantil adequado.28 O Quadro 7 apresenta sugestões de brinquedos, brincadeiras e recursos de fisioterapia que podem ser utilizados de forma lúdica.28,30 Quadro 7 RECURSOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS QUE PODEM SER USADOS DE FORMA LÚDICA NO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO Recursos Brinquedos/brincadeiras Bola Rolo Espelho Plano inclinado Andador Prancha de equilíbrio Cama elástica Encaixe e/ou montagem Busca e/ou alcance brinquedos Manipulação de brinquedos Brinquedos com estímulos visuais, táteis e/ou sonoros Faz de conta Salto a cavalo Balanço e/ou movimento no ritmo de músicas apreciadas pela criança Fonte: Adaptado de Caricchio (2017);28 Oliveira e colaboradores (2013).30 A criança com PC vivencia poucas experiências necessárias para o desenvolvimento sensório-motor adequado; por isso, possivelmente apresentará alterações que comprometerão sua habilidade de brincar e seu aprendizado. Há um reforço de fatores ambientais e culturais que interferem ainda mais nessa dificuldade. Nesse contexto, a atividade lúdica se apresenta como recurso indispensável para auxiliar o processo de aprendizado e as aquisições cognitivas, físicas, sociais e psicomotoras das crianças, em especial daquelas com PC.30 Por apresentarem distúrbios sensório-motores que influenciam o controle do movimento, as crianças com PC normalmente enfrentam dificuldades de interação e comunicação; para elas, o brinquedo tem funções sociais e comportamentais. Quando brinca, a criança é capaz de construir e reconstruir conceitos simbólicos relacionados com a sua realidade. Assim, o terapeuta pode utilizar esse recurso em seu tratamento para atingir os objetivos traçados.30 13. O que é integração sensorial? Confira aqui a resposta 14. Qual é o principal objetivo da TIS? Confira aqui a resposta ATIVIDADES 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 16 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop 15. Qual deve ser o critério do terapeuta para escolha do primeiro sistema a ser utilizado na TIS? Confira aqui a resposta 16. Sobre os efeitos dos recursos sensoriais no sistema de alerta da criança, correlacione as colunas. (1) Diminui o alerta (2) Aumenta o alerta ( ) Toque leve. ( ) Música alta. ( ) Cores suaves. ( ) Objetos em diferentes velocidades. ( ) Balanço lento. ( ) Atividades resistidas e motoras rítmicas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) 2 — 2 — 1 — 2 — 1 — 1 B) 1 — 2 — 1 — 2 — 1 — 2 C) 1 — 1 — 2 — 1 — 2 — 2 D) 2 — 1 — 2 — 1 — 2 — 1 Confira aqui a resposta 17. Quais são os benefícios que a TIS proporciona às crianças com PC? Confira aqui a resposta 18. Observe as afirmativas sobre a utilização do lúdico como recurso terapêutico. I — A brincadeira deve sempre estar presente no tratamento de crianças como uma forma de distração. II — Questões ambientais e culturais podem comprometer a capacidade de brincar de crianças com PC. III — A brincadeira pode auxiliar o desenvolvimento de aspectos comportamentais e sociais de crianças com PC. IV — Por terem poucas experiências sensório-motoras ao longo de seu desenvolvimento, as crianças com PC sempre apresentarão limitações em sua capacidade de brincar. Quais estão corretas? A) Apenas a I, a II e a III. B) Apenas a II e a III. C) Apenas a II, a III e a IV. D) Apenas a I e a IV. Confira aqui a resposta ■ AVALIAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA A avaliação sensório-motora deve ser iniciada pela coleta de informações importantes, como queixa principal, histórico do desenvolvimento motor e sensorial e interação do indivíduo com o ambiente, que deve ser realizada com os principais responsáveis pela criança. Seu objetivo principal é identificar quais componentes sensoriais estão impactando nos desempenhos motor, social, emocional, cognitivo e, consequentemente, funcional do indivíduo.3 Alguns testes padronizados são capazes de investigar os principais sistemas sensoriais comprometidos.3 O perfil sensorial consiste em uma entrevista que abrange questões relacionadas com o processamento sensorial, a modulação e as respostas comportamentais e emocionais associadas às atividades do cotidiano da criança. Os pais ou responsáveis devem ser capazes de fornecer as informações necessárias para a 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 17 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop construção do perfil sensorial do indivíduo. Ao fim da entrevista, é possível constatar se a criança apresenta desempenho típico, diferença provável ou diferença clara para cada sistema sensorial.3,18 Para complementar as informações adquiridas com o perfil sensorial, é importante avaliar a criança com base no roteiro de observações clínicas. A avaliação consiste em detectar as desordens do processamento sensorial, principalmente táteis, proprioceptivas e vestibulares, em conjunto com o desempenho motor, enquanto a criança brinca em um ambiente que ofereçaexperiências sensório-motoras variadas. Nessa etapa, também é necessário observar as possíveis restrições biomecânicas e compreender as contribuições de cada sistema sensorial para os seguintes fatores: 3,18 alerta; autorregulação; atenção; capacidades motoras; organização das respostas comportamentais. Ao término da avaliação, deve-se informar à família sobre os principais aspectos identificados, como:18 diagnóstico provável; áreas fortes e fracas da criança (e como elas se relacionam com a integração sensorial); se (e por que) a intervenção é recomendada; plano de intervenção. Ao final da avaliação, é interessante apresentar uma dieta sensorial, ou seja, alterações ambientais no dia a dia da criança que contribuam para a modulação do processamento sensorial.3 ■ RECURSOS SENSORIAIS Os recursos sensoriais são elementos importantes para o tratamento de crianças com PC, visto que podem fornecer apoio postural ou auxiliar nas habilidades funcionais e na mobilidade, ressaltando, assim, os objetivos da terapia.30 O fisioterapeuta deve sempre inovar e criar oportunidades que contribuam para o aprendizado e estimulem habilidades motoras adequadas, tendo em vista o alcance dos objetivos propostos.31 Alguns recursos estimulam os sistemas proprioceptivo, tátil e vestibular, com o intuito de facilitar ajustes posturais, reações de equilíbrio e endireitamento (Figura 1A–C). Por sua vez, os sistemas visual e auditivo podem ser estimulados por meio do uso de materiais coloridos e sonoros.30 + 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 18 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Figura 1 — A) Atividade realizada na cama elástica com ênfase no equilíbrio da criança. B) Atividade lúdica realizada com bola na prancha de equilíbrio com ênfase nas reações de equilíbrio e endireitamento da criança. C) Atividade envolvendo a marcha em superfície instável associada ao recurso lúdico. Fonte: Arquivo de imagens da autora. Alguns elementos podem ser utilizados com o intuito de promover a integração entre estímulos sensoriais e motores, coordenação visomotora, além de favorecerem a qualidade da postura sentada, da postura de gato, do engatinhar e da marcha, visto que interferem no equilíbrio e na percepção do corpo no espaço por oferecer feedback sensorial (Figuras 2A–C e 3A e B).31 + 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 19 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Figura 2 — A) Utilização da malha como recurso para favorecer a percepção do corpo no espaço. B) Atividade com malha em forma de rede para favorecer respostas proprioceptivas e vestibulares e relaxamento muscular. C) Criança com insegurança gravitacional realizando troca de passos com o auxílio de recursos proprioceptivos (faixa elástica no tronco e peso de 500g nos MMII ). Fonte: Arquivo de imagens da autora. Figura 3 — O colete de neoprene e a faixa elástica nos MMSS podem ser utilizados como recursos para melhorar o alinhamento do tronco, favorecendo a qualidade da postura sentada: criança sem recursos (A) e com recursos (B). Fonte: Arquivo de imagens da autora. + 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 20 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Os recursos que estimulam o sistema tátil também podem ser utilizados com as seguintes finalidades (Figuras 4 e 5):31 favorecer a integração entre estímulos sensoriais e motores e a coordenação visomotora; melhorar a percepção tátil, a motricidade fina e as sensibilidades superficial e profunda; aprimorar a criatividade e desenvolver a atenção focal. Figura 4 — Utilização da espuma de barbear como recurso tátil associado à atividade simbólica de dar banho na boneca. Fonte: Arquivo de imagens da autora. + + 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 21 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Figura 5 — Brincadeira com massa de modelar e bolas coloridas com diferentes texturas associada à atividade de motricidade fina. Fonte: Arquivo de imagens da autora. A bola suíça é um recurso multissensorial que oferece uma superfície móvel, facilitando o controle e a preparação postural da criança. A direção do movimento da bola e a posição da criança nela podem variar, a fim de favorecer o movimento da cabeça e do tronco (Figura 6).30 + 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 22 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Figura 6 — Criança com insegurança gravitacional utilizando bola suíça como recurso para aprimorar o equilíbrio do tronco sentado. Fonte: Arquivo de imagens da autora. 19. Sobre a avaliação sensório-motora, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) Seu principal objetivo é identificar quais componentes sensoriais estão impactando nos desempenhos motor, social, emocional, cognitivo e funcional da criança. ( ) O perfil sensorial é realizado com base na observação do fisioterapeuta, sem interferência dos pais ou responsáveis pela criança. ( ) Na observação baseada no roteiro de observações clínicas, o fisioterapeuta deve observar possíveis restrições biomecânicas apresentadas pela criança. ( ) A dieta sensorial se refere a alterações ambientais no dia a dia da criança que contribuam para a modulação do processamento sensorial. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) V — V — V — F B) V — V — F — V C) V — F — V — V D) F — F — V — F Confira aqui a resposta 20. Assinale a alternativa que apresenta um recurso multissensorial que oferece uma superfície móvel, facilitando o controle e a preparação postural da criança. A) Prancha de equilíbrio. B) Cama elástica. C) Plataforma instável. D) Bola suíça. ATIVIDADES 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 23 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Confira aqui a resposta 21. Cite três opções de recursos sensoriais e seus respectivos benefícios para crianças com PC. Confira aqui a resposta ■ CASO CLÍNICO Criança, 5 anos de idade, com PC diparética espástica, nível III (GMFCS), foi encaminhada para tratamento fisioterapêutico. Como queixa principal, a mãe relatou a dificuldade da criança em permanecer sem apoio na postura sentada, em razão da insegurança gravitacional. Na avaliação do paciente, foram observados os seguintes aspectos: hipertonia muscular nos MMII, com predominância dos músculos adutores do quadril, isquiotibiais e tríceps sural; respostas auditivas adequadas (a criança respondeu e foi capaz de localizar ao ser chamada pelo nome); presença de estrabismo convergente (em uso de óculos). Ao exame, o fisioterapeuta identificou as seguintes capacidades e limitações funcionais da criança: consegue rolar para ambos os lados e se arrastar em prono, mas não engatinha; consegue passar de deitado para sentado com o apoio de seu membro superior (MS); apresenta cifose na região toracolombar e pelve em retroversão e consegue retirar apenas uma mão do apoio (na postura sentada) (Figura 7); permanece na postura com apoio e tende a flexionar mais o tronco, sugerindo insegurança (em ortostase); consegue trocar passos apenas com o auxílio do profissional, com padrão de adução dos MMII. Figura 7 — Criança liberando apenas uma mão do apoio para brincar. Fonte: Arquivo de imagens da autora. + 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 24 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Em determinada atividade, a criança conseguiu liberar as duas mãos do apoio para brincar, após uso de recursos sensoriais (Figura 8). Figura 8 — Criança liberando as duas mãos do apoio para brincar, após uso de recursos sensoriais. Fonte: Arquivo de imagens da autora. A bola suíça foi utilizada como recurso sensorial no tratamento do paciente (Figura 9A–C). Figura 9 — Utilização da bola suíça: criança sentada (A), realizando apoio nas mãos (B) e em prono(C). + + 04/05/2020 14(09epub-BR-PROFISIO-NEU-C6V4_Artigo4 Página 25 de 30https://www.portalsecad.com.br/_mostraEpub.php?a=8393&origem=desktop Fonte: Arquivo de imagens da autora. 22. Com base no quadro motor descrito e no GMFCS, assinale a alternativa correta quanto ao prognóstico de marcha esperado para o paciente do caso clínico. A) Marcha independente com limitação para obstáculos e longas distâncias. B) Locomoção apenas em cadeira de rodas, mas com independência para tocar a cadeira. C) Marcha com auxiliar de mobilidade, como um andador. D) Marcha independente sem limitações. Confira aqui a resposta 23. Quais são os principais sistemas sensoriais comprometidos no paciente do caso clínico? Confira aqui a resposta 24. Quais recursos sensoriais foram utilizados na Figura 8? Quais são os efeitos desses recursos na postura sentada? Confira aqui a resposta 25. Quais benefícios a bola suíça proporciona ao paciente do caso clínico? Confira aqui a resposta ■ CONCLUSÃO As crianças com PC costumam apresentar comprometimentos sensoriais e perceptuais associados às alterações motoras. Considerando o fato de que há uma relação direta entre sensação e movimento, é preciso atentar aos aspectos sensório-motores apresentados por essa população, uma vez que impactam em suas aquisições funcionais e participação social. As desordens do processamento sensorial ocorrem quando existe limitação em transformar estímulos sensoriais em respostas adaptativas. Por apresentarem atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, as crianças com PC estão mais suscetíveis a manifestar essas alterações, que acarretam problemas de aprendizagem e de planejamento motor. O ambiente desempenha papel essencial no desenvolvimento da criança com PC; quanto mais exposta a diferentes estímulos ambientais, mais experiências sensoriais ela adquire e, consequentemente, maior é o seu repertório de respostas adaptativas. Por causa de suas limitações físicas, a criança com PC tende a explorar menos o ambiente, de modo que a família tem função importante como facilitadora nesse processo. As disfunções dos sistemas sensoriais (tátil, proprioceptivo, visual, vestibular, auditivo, gustativo e olfativo) são frequentes em crianças com PC e podem ocasionar limitações em diferentes habilidades funcionais, repercutindo no aprendizado, na participação social e na funcionalidade da criança, como: função manual; equilíbrio; controle postural; planejamento motor; consciência corporal; desenvolvimento da fala; controle do movimento. ATIVIDADES ae208b6f7e926403635bba6be241e7a49070320f0bebe7c87a8b70aa9b7055c7.pdf
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