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Política e Ética em Platão e Aristóteles

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POLÍTICA E ÉTICA EM PLATÃO E ARISTÓTELES
	ÉTICA
	
	INTRODUÇÃO
	
	Podemos dizer, de maneira mais geral, que ética consiste no estudo de valores e princípios que nos orientam e estão presentes no mundo e na realidade a nossa volta. Na aula de hoje, portanto, trabalharemos esse conceito dentro das ideias, pensamentos e propostas, de Platão e Aristóteles.
	PLATÃO
	
	De acordo com Platão, existem duas dimensões: a física, que diz respeito à realidade mutável, que pode ser percebida pelos nossos sentidos; e a dimensão da essência das coisas, que só é percebida e entendida pelo uso da razão e das ideias. Dessa maneira, ele estabelece a existência de dois mundos: o mundo sensível, que é esse referente às coisas que estão em constante transformação, às coisas mutáveis e às percebidas pelos nossos sentidos e experiências; e o mundo inteligível, referente, portanto, à realidade para além do físico, para além dos sentidos, ou seja, referente às ideias, à razão, à essência e à imutabilidade. Podemos ver que Platão estabelece uma dualidade entre esses mundos, ou seja, estabelece uma diferença e uma oposição entre as nossas impressões e aparências das coisas X suas essências e ideias. 
	Platão tinha como objetivo alcançar um conhecimento que tirasse suas raízes e se afastasse das opiniões, das várias impressões individuais que cada um de nós estabelecemos sobre as diversas temáticas e conceitos existentes e que, também, se afastasse dessa noção restrita apenas às aparências. Sendo assim, seu intuito era alcançar um conhecimento verdadeiro sobre as coisas, as realidades e as questões que nos cercam e esse conhecimento verdadeiro só era possível por meio do exercício do pensamento e por meio do exercício da razão, fazendo, assim, com que chegássemos ao conhecimento do que aquilo ali, que estaria sendo objeto e alvo de estudo, realmente é. 
	O conhecimento verdadeiro estaria ligado, portanto, a: a imutabilidade; ao além da aparência, opinião e impressão individual; a ideia. 
	PLATÃO E A ALEGORIA DA CAVERNA
	
	Para que conseguisse explicar de forma mais clara e compreensível isso que aqui acabamos de ver, ou seja, sua visão e teoria do conhecimento, Platão utilizou de uma alegoria, fez o uso da caverna, para que pudéssemos entender melhor o que ele nos dizia.
	Vamos pensar em uma caverna. Lá dentro, haveria homens acorrentados e que sempre estiveram acorrentados e presos. Além deles, haveria uma fogueira dentro dessa caverna e essa fogueira seria a responsável por fazer com que fossem projetadas, nas paredes da caverna, sombras, sombras referentes ao mundo para além daquela caverna. Para aqueles homens que estavam aprisionados e acorrentados naquela caverna, a imagem dessas sombras era a realidade, eram as coisas em si, era a verdade. No entanto, em algum momento, um desses homens aprisionados vai ter o desejo de se libertar de suas correntes, vai nascer dentro dele uma certa inquietação e incômodo com aquilo que estava vivendo. Por causa disso, sairá da caverna, verá a luz do sol, e não mais a luz da fogueira, e vai perceber que a verdade, as coisas em si e a realidade é aquela que ele agora se depara e não aquelas sombras que estava acostumado a ver.
	Essa representação da caverna traduz para nós exatamente o que Platão pensa sobre o conhecimento: que é essa noção de sairmos das aparências, das imagens que temos das coisas (representadas, na alegoria, pelas sombras) e irmos em busca da verdade, do que isso, que estamos vendo,  realmente é (representado, na alegoria, pelo mundo fora da caverna). Ou seja, traduz esse alcance do conhecimento verdadeiro, iluminado pela sabedoria (representada, na alegoria, pela luz do sol); traduz a passagem das aparências e imagens para o conhecimento verdadeiro. 
	Vale ressaltar, também, que a Alegoria da Caverna pode fazer com que comecemos discussões extremamente importantes e necessárias, como por exemplo, discutir as fake news; discutir o anseio pelo conhecimento; o anseio por sair da zona de conforto; anseio por buscar uma nova forma de viver, ver e perceber o mundo; dentre muitas outras situações que podem fazer com que nos libertemos de falsas ideias, ou de ideias que não mais nos cabem e nos completam, e seguirmos em outra direção. 
 
	ARISTÓTELES
	
	Aristóteles, ao contrário de Platão, não propõe uma dualidade entre sensível e inteligível, entre aparência e essência; ele, por outro lado, afirma que observar e experimentar a realidade sensível é fundamental para que se conheça e estabeleça essa essência das coisas. Sendo assim, observamos que, para Aristóteles, obter conhecimento verdadeiro e essencial da realidade ao nosso redor, não está distante e nem separado dessa realidade a qual podemos perceber pelos nossos sentidos.
	Além disso, é extremamente importante pensarmos, dentro dessa noção de ética, que estamos abordando, que Aristóteles trabalha bastante com a noção de felicidade. 
	O ser humano e a sociedade como um todo devem agir visando alcançar um bem e, principalmente, visando alcançar a felicidade. Para alcançar essa felicidade, o ser humano deve ter um certo equilíbrio, equilíbrio esse que o pensador chama de virtude, de justa medida, ou seja, o ser humano deve achar um meio entre os excessos e a escassez. 
	No entanto, para que essa virtude fosse alcançada e, por consequência, a felicidade também fosse alcançada, o indivíduo deveria estar sempre praticando isso, até que se tornasse um hábito. Assim, a partir da prática, do aperfeiçoamento e dessa ação constante, a virtude se tornaria um hábito e uma parte da vida dos seres humanos. 
	POLÍTICA
	INTRODUÇÃO
	
	Uma das áreas de estudo da Filosofia é a filosofia política, que tem como objetivo a reflexão, o estudo e a discussão das formas de se governar, das formas de poder, das relações entre o ser humano e o poder. Portanto, é uma forma de se pensar como e qual seria a melhor forma de governo possível. 
	PLATÃO
	
	De acordo com Platão, o objetivo principal da política é alcançar a justiça e o bem comum da cidade. A forma de governo defendida por Platão seria a Sofocracia, que era um governo onde poucos governariam e esses poucos seriam filósofos, ou seja, seriam sábios e detentores do conhecimento. 
	Segundo ele, a pólis seria dividida em três partes: magistrados, que seriam os que governariam, seriam os detentores de conhecimento e da verdade; os guerreiros que cuidariam e protegeriam a cidade; e o povo, constituído por agricultores, comerciantes e artesãos, cuja função seria a de cuidar da sobrevivência da cidade.
	ARISTÓTELES
	
	Regime político, de acordo com Aristóteles, é o governo, ou seja, o elemento supremo em toda a cidade. Os regimes seriam divididos em regimes corretos e em regimes desviados, sendo regimes corretos aqueles que têm como objetivo atingir o interesse comum, enquanto os regimes desviados têm como proposta atender os interesses de quem governa. Sendo assim, os regimes políticos que não se atentarem aos interesses e necessidades da comunidade como um todo e que se atentarem apenas para o seu próprio benefício, seriam considerados regimes transviados. Além disso, para ele, cidadão é um membro de uma comunidade e, ainda que os cidadãos sejam desiguais, sua tarefa comum é a garantia da segurança da comunidade, ou seja, do regime político. O bom cidadão é aquele que pratica com excelência a sua função, ou seja, é aquele que sabe comandar e sabe, também, obedecer; é aquele que realiza suas funções, para que a cidade funcione e seja cada vez melhor. 
	Sendo assim, de maneira resumida, o que Aristóteles defende é a existência de uma forma política que tem como objetivo a felicidade e o bem estar comum de todos os seus cidadãos.

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