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Livro Texto - Unidade I - Estudos Disciplinares III - Unip Ead

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Cultura Brasileira 
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© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
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APRESENTAÇÃO
Olá, aluno! Bem-vindo à disciplina. 
Esta disciplina pretende apresentar a você um pouco do conhecimento da cultura brasileira a partir 
de conhecimentos elaborados pela Antropologia cultural (o estudo do homem enquanto um ser cultural) 
e Sociologia (o estudo da sociedade), levando a uma viagem a partir dos antecedentes históricos que 
resultaram na formação de nossa cultura e da identidade de nosso povo.
Assim, conforme for explicando o desenvolvimento da história da nossa sociedade, você poderá 
compreender como a sociedade contemporânea, foi sendo criada; poderá entender melhor nossa 
condição de seres humanos; analisar os efeitos da globalização, bem como compreender a diversidade 
da sociedade e da cultura brasileira.
Para que possa compreender melhor do que trataremos, apresento-lhe, agora os conteúdos os quais 
serão expostos aqui, para que tenha um panorama do estudo que realizará:
• Conceitos antropológicos básicos à compreensão da cultura brasileira, de sua diversidade cultural 
e a questão do etnocentrismo.
• Os principais antecedentes históricos da construção da sociedade brasileira e a relação com a 
formação cultural.
• As principais características da formação cultural brasileira.
• A influência de significativos movimentos culturais.
• As principais características das produções culturais nos séculos XX e XXI.
• A diversidade cultural contemporânea: as culturas brasileiras.
• A mundialização cultural, a cultura brasileira e a identidade cultural na pós-modernidade.
Esta disciplina pretende apresentar a você, aluno, um pouco da cultura brasileira, levando a uma viagem a 
partir dos antecedentes históricos que resultaram na formação de nossa cultura e da identidade de nosso povo.
A sociedade modo de produção capitalista é formada pela estrutura de classes sociais. Estas classes 
se relacionam a partir do momento da produção. Isto é, no momento em que o dono da empresa, 
chamado de capitalista, contrata o trabalhador, que a partir de agora chamaremos de proletário.
É justamente no momento da relação social entre as pessoas, as classes, que você vai usar o 
conhecimento adquirido em Ciências Sociais (sociologia, antropologia, ciências políticas) para uma 
visão das relações sociais orientada pelas várias perspectivas que o conhecimento lhe concede como 
formas de analisar o mesmo fenômeno. Isto é, a nossa sociedade, que é marcada pela desigualdade 
entre os seres humanos.
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Desta forma, esse conhecimento vai levá-lo a refletir sobre as desigualdades e as contradições 
existentes, levando-o a entender melhor as relações entre os seres humanos, principalmente a relação 
de poder (ALVES; BARROS, 2007). É nesse ponto que entra a Ciências Sociais, para ajudá-lo a entender 
a desigualdade social, a diversidade cultural e as relações de poder. A distinção entre os povos está 
presente na história da nossa sociedade desde o período colonial. As relações de trabalho na sociedade 
capitalista ultrapassaram o processo de obtenção de riqueza a partir da exploração do trabalhador, 
utilizando como elemento fundamental as outras relações sociais e culturais.
Em nosso país, a origem de uma pessoa sempre acompanhou a questão do trabalho, tornando-se 
um adjetivo do trabalhador. Assim, existe o trabalhador índio, negro, italiano, imigrante, denotando 
diferenciações entre eles e chegando ao ponto de os seres humanos serem classificados quanto superior 
e inferior, segundo suas características biológicas, geográficas, econômicas, culturais e sociais. 
Assim, conforme for explicando o desenvolvimento da história da nossa sociedade, você poderá 
compreender como a sociedade contemporânea (atual) foi sendo criada; poderá entender melhor nossa 
condição de seres humanos; analisar os efeitos da globalização, bem como compreender a diversidade 
da sociedade e da cultura brasileira, que é o contexto no qual exercerá sua profissão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, C. Alberto e outros (org.) A Cabeça do Brasileiro. Rio de Janeiro: Record, 2007.
PINSKI, Jaime (org.) O Brasil no Contexto – 1987-2007. São Paulo: Contexto, 2007.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro – A formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras – 
Edição de Bolso, 2006. (há um DVD – O Povo Brasileiro, sobre 10 programas de uma série baseada na 
obra do autor, transmitida pela TV Cultura e produzida pela Superfilmes, em 2002).
SCHWARCZ, Lilia e BOTELHO, André (org.) Agenda Brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
Bibliografia complementar
ALMEIDA, Candido J. de Menezes e outros (org). Cultura Brasileira ao Vivo – Cultura e Dicotomia. Rio 
de Janeiro: Imago Ed., 2001.
ALMEIDA, Maria Aparecida de. Universidade para todos: o PROUNI na visão dos bolsistas de uma 
instituição de ensino superior. 2009. Disponível em: < http://www.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.
br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=523>. Acesso em: 19 jun. 2017.
ALVES, Andréa Moraes; BARROS, Myriam Moraes Lins de. “Quando o pobre é o ‘outro’”. Artigo 
decorrente do recebimento do prêmio ABA/FORD projetos inovadores no ensino da Antropologia, 
edição II, 2006. Publicado em 2007.
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ALVES, Carla Maria Lobato. “A descrição densa e a Antropologia interpretativa de Clifford Geertz”. Out. 
2010. Disponível em: http://manguevirtual.blogspot.com/2010/10/descricao-densa-eantropologia.html. 
Acesso em: 26 jun. 2017.
ARAUJO, Ana Carvalho Ziller de. Cineastas indígenas: um outro olhar. Guia para professores e alunos. 
Olinda: Pernambuco: Vídeo nas Aldeias, 2010.
BELLO, José Luiz de Paiva. Educação no Brasil: a História das rupturas. 2001. Disponível em: <http://
www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb14.htm>. Acesso em: 16 jun. 2017.
BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Cia. das Letras, 1992, p. 308-345. Comentários de 
Ana Maria Lisboa de Mello (UFRGS).
___________ A Cultura Brasileira – temas e situações. 2 ed. São Paulo: Ática, 1992.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Uma história do povo Kalunga. 
Brasília, 2001.
________. Planalto Governo. Imprensa. Candidatos ao ProUni já podem fazer matrícula em segunda 
chamada. 23 Jul. 2012. Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/imprensa/noticias-de-governo/
candidatos-tem-prazo-ate-dia-26-para-matricula-em-segunda-chamada-do-prouni>. Acesso em: 19 
jun. 2017.
CALDAS, Waldenyr. Cultura. 5ª. ed. São Paulo: Global, 2008.
CABRAL, Ione Vilhena; PENA, Roberto Carlos Amanajas. A prática avaliativa empregada pelos docentes 
do ensino superior do curso de licenciatura plena em letras do instituto do ensino superior do Amapá 
– IESAP. 2010. Disponível em: <http://www.eumed.net/libros-gratis/ciencia/2012/2/indice.htm>. Acesso 
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COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à ciência da sociedade. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2005.
COSTA, Fernando Perillo da. Representações Simbólicas, as Leituras do Real e a Comunicação Social, in 
Bezzon, L.C. (org.) Comunicação, Política e Sociedade. Campinas, SP: Editora Alínea, 2005.
CURY, Carlos R. Jamil. Políticas inclusivas e compensatórias na educação básica. Programa de Pós-
Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica e Faculdade de Educação da Universidade 
Federal de Minas Gerais. Cadernos de Pesquisa, v. 35,n. 124, jan./abr. 2005.
DICIO. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/descobrir/>. Acesso em: 30 jun. 2017.
______. Significado de Empírico. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/empírico/>. Acesso em 23 
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DICIONARIO INFORMAL. Significado de Etnia. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/
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GARCIA, Sylvia Gemignani. “Folclore e sociologia em Florestan Fernandes”. Tempo Social, Rev. Sociol. 
USP, S. Paulo, 13(2), p. 143-167, nov. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ts/v13n2/
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GALEANO, Eduardo. “Os pecados do Haiti”. Disponível em: <http://www.cartamaior.com.br/templates/
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FOLHA SÃO PAULO. “População das cidades se iguala à rural no planeta”. Folha de São Paulo, 28 de 
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FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia. São Paulo: Atlas, 2001.
FONSECA, Leando de Campos. Antropologia Social. Universidade Paulista. SEPI/SEI. Graduação em 
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HALL, Stuart. Identidade cultural na pós-modernidade. 7ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
IANNI, Octavio. Dialética das Relações Raciais. Disponível em: <http://www.antropologia.com.br/arti/
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_______________. O preconceito racial no Brasil. Estudos Avançados. 2004. Disponível em: <http://
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KEMP, Kênia. “Identidade cultural”. In: GUERREIRO, Silas. Antrophos e psique: o outro e sua 
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LAUERHASS JR, Ludwig e NAVA, Carmen (org.) Brasil – uma identidade em construção. São Paulo: 
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LARAIA, R. B. Cultura: um convite antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
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LESSA, Ricardo. Brasil e Estados Unidos: o que fez a diferença. Editora Record. 2008. Disponível em: 
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LIMA, Márcia. Desigualdades raciais e políticas públicas: ações afirmativas no governo Lula. Novos 
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LOMBARDI, José Claudinei, SAVIANI, Dermeval, NASCIMENTO, Maria Isabel Moura (org.). Navegando 
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LUCIANO, Gersem dos Santos. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no 
Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e 
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LUCIANA, Ana. Analfabetos X Sociedade letrada. 2007. Disponível em: <http://anaeluciana.wordpress.
com/2007/07/16/analfabetos-x-sociedade-letrada/>. Acesso em: 16 jun. 2017.
MANDELLI, Mariana. Desempenho de cotistas fica acima da média. O Estado de São Paulo. 17 jun. 
2017. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,desempenho-de-cotistas-fica-
acima-da-media,582324,0.htm>. Acesso em: 19 jun. 2017.
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma introdução. 4ª ed. São 
Paulo: Atlas, 1998.
MARQUES, Eugenia Portela de S.; MAIA, Suzanir Fernanda. Ações afirmativas e a política de 
cotas: uma análise do Programa Universidade para Todos – PROUNI – a inserção de negros na 
universidade. Série Estudos – Periódicos do Mestrado em Educação da UCDB. Campo Grande: MS, nº 
22, p. 47-59, jul./dez. 2006.
MARX K; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1998.
MESQUITA, Marcos Ribeiro. Movimento estudantil brasileiro: práticas militantes na ótica dos Novos 
Movimentos Sociais. Revista Crítica de Ciências Sociais, 66, Outubro de 2003. P.117-149. Disponível 
em: <www.ces.uc.pt/rccs/includes/download.php?id=831>. Acesso em: 19 jun. 2017.
MOTA, Lourenço Dantas (org.). Introdução ao Brasil – um banquete no Trópico. Vol 1, 4 ed. São Paulo: 
Ed Senac, 2004.
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MOTA, R. Bandeira de Alairá: a festa de Xangô-São João e os problemas do sincretismo afro-brasileiro.
Ciência & Trópico, América do Norte, 3, mai. 2011. Disponível em: <http://periodicos.fundaj.gov.br/
index.php/CIT/article/view/64/36>. Acesso em: 20 jun. 2017.
OBGLOBO. Censo 2010: população do Brasil deixa de ser predominantemente branca. 2011. 
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/politica/censo-2010-populacao-do-brasil-deixa-de-ser-
predominantemente-branca2789597#ixzz2DocVyz7L>. Acesso em: 30 jun. 2017.
OLIVEN, Ruben George. Cultura Brasileira e Identidade Nacional (O Eterno retorno), in MICELLI, Sérgio 
(org.). O que ler na ciência social brasileira. São Paulo: ANPOCS e Ed. Sumaré, 2002.
ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira & Identidade Nacional. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 2000.
OLIVEIRA, Alessandro José de. DANÇAS POPULARES BRASILEIRAS ENTRE A TRADIÇÃO E A TRADUÇÃO: 
UM OLHAR SOBRE O GRUPO URUCUNGOS, PUÍTAS E QUIJÊNGUES. Dissertação de Mestrado. 
UNICAMP: Instituto de Artes, 2003.
OTRANTO, Célia Regina. A reforma da educação superior do Governo Lula: da inspiração à implantação. 
Grupo de Trabalho: Política da educação Superior nº 11: ANPED, 2006. Disponível em: http://www.
anped11.uerj.br/. Acesso em: 27 jun. 2017
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CULTURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Unidade I
MÓDULO 1
TEXTO I – Conceito de cultura
Vamos começar entendo o conceito de cultura!
De maneira geral e resumida, cultura pode ser entendida como o conjunto da produção simbólica de 
qualquer grupo e sociedade (e a relação com sua respectiva produção material). Cultura é uma dimensão do 
processo social, que diz respeito a tudo que caracteriza uma população humana, a todos os aspectos de uma 
determinada realidade social, ao conjunto dos conhecimentos, ideias, crenças e como eles se manifestam 
na vida concreta, em suas mais diversas formas de manifestação, incluindo todos os aspectos materiais e 
não materiais. Cultura é o conceito considerado o ponto de partida para essa análise. Evidentemente que 
essa produção cultural não pode ser desvinculada dos demais aspectos estruturais da sociedade, ou seja, 
da íntima relação que possui com o mundo econômico e político da mesma.
Falarei um pouco da Antropologia, porque essa é a ciência que estuda o homem (antropos = homem; 
logia = estudo) e ela que nos leva a entendermos o conceito de cultura, já que essa é seu objeto de 
estudo, tanto na perspectiva etnocêntrica como na relativista.
A Antropologia não consiste simplesmente em levantar sistematicamente os aspectos da cultura de 
uma sociedade. Esta ciência se preocupa em apresentar como esses aspectos estão relacionados entre 
si, demonstrando a especificidade, a particularidade desta sociedade, isto é, a sua totalidade, o que nem 
sempre é colocado no papel. São coisas como os menoresgestos, as trocas simbólicas e os menores 
comportamentos e atitudes de um grupo, de um povo.
Assim, na busca de interpretar as diferenças entre os grupos humanos, a cultura exerce papel 
fundamental para o olhar antropológico, já que esta passa a ser compreendida como prática significante 
que distingue o homem da natureza, o homem do animal, além de ser responsável pelas diversas formas 
de visões de mundo. A cultura é apreendida por meio das experiências que os seres humanos realizam 
como membros da sociedade. Nesse primeiro momento, entenda cultura como nossa maneira de pensar, 
sentir, agir e todas nossas produções, materiais, intelectuais, espirituais, em sociedade.
Trata-se de uma ciência que estuda a composição das sociedades, isto é, a formação de todas 
as culturas que compõem a humanidade em sua diversidade histórica. Assim sendo, como ciência, a 
Antropologia ocupa-se da análise das diferenças culturais.
Para os cientistas do passado, era comum buscar explicações sobre as diferenças de comportamento 
entre os homens, usando como referência as variações dos ambientes físicos e dos aspectos biológicos.
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Unidade I
Com o decorrer do tempo, esses estudiosos chegaram à conclusão que as diferenças de comportamento 
entre os homens não poderiam ser explicadas a partir das diversidades geográficas ou biológicas, visto 
que o comportamento dos indivíduos depende muito mais de um aprendizado que se adquire durante 
o convívio social. Este processo foi chamado de “endoculturação”, ou seja, um menino e uma menina 
agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas por causa de uma educação diferenciada 
que recebem em sua sociedade (LARAIA, 2004).
Por essa concepção, o homem é o resultado do meio cultural em que é socializado. Ele é um 
herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquirida pelas 
numerosas gerações que o antecederam.
Mas, nem sempre foi entendido assim, no período do Renascimento, com a exploração de locais 
até então desconhecidos, como o Novo Mundo, a América, a grande questão que se colocou a partir 
do confronto visual com a alteridade (as características do outro), com os que eram diferentes dos 
europeus, foi justamente se os seres encontrados pertenciam à humanidade.
As diferenças culturais das sociedades nem sempre apareceram como um fato. Na maioria das vezes 
eram vistas como aberrações, necessitando de justificativa.
Laplantine (1991) nos lembra de que, na antiguidade grega, os homens de cultura diferente eram 
chamados de bárbaros, já que não faziam parte da helenidade (da sociedade deles). No Renascimento 
(séculos XVII e XVIII), os homens que não eram pertencentes à cultura europeia eram chamados de 
selvagens, os seres da floresta, apresentando-se como oposição à humanidade. Porém, no século XIX, o 
termo que será utilizado é o primitivo, que, no século XX, será substituído pelo subdesenvolvido, muito 
utilizado ainda hoje.
O mesmo autor (1991, p. 37-38) afirma que, no período do Renascimento, o critério que atribuía o 
estatuto de humano era o religioso, isto é: “O selvagem tem uma alma?”.
Essa forma de agir, de expulsar da cultura, isto é, para a natureza aquele que não participa da 
nossa humanidade é, segundo Lévi-Strauss, o que mais caracteriza os verdadeiros “selvagens” (apud 
LAPLANTINE, 1991, p. 40).
Assim, a partir do século XIV, os europeus vão utilizar critérios para conceder aos índios o estatuto 
de humanos. Além do critério religioso, isto é, que consistia no questionamento sobre “se o índio tinha 
alma” – e naquele momento a resposta foi negativa –, os mesmos foram colocados como “sem religião” 
e ainda como “diabos”. Além deste, ainda utilizaram os seguintes critérios para a figura do mau selvagem 
(LAPLANTINE, 1991, p. 41): “a aparência física: eles estão nus ou ‘vestidos de peles de animais’; os 
comportamentos alimentares: eles ‘comem carne crua’, e é todo o imaginário do canibalismo que irá 
aqui se elaborar; a inteligência tal como pode ser apreendida a partir da linguagem: eles falam ‘uma 
língua ininteligível’”.
Desta forma, por não acreditarem em Deus, não ter alma, não falar a linguagem dos europeus, tendo 
uma aparência diferente deles e por apresentarem-se alimentando como animais serão chamados de 
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CULTURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
selvagem. Serão vistos como os demais animais e não como seres humanos já que eram seres “sem 
moral, sem religião, sem lei, sem escrita, sem Estado, sem consciência, sem razão, sem objetivo, sem arte, 
sem passado, sem futuro” (LAPLANTINE, 1991, p. 41).
Na segunda metade do século XIX, na Europa, a Antropologia, como também a Sociologia (socio = 
sociedade; logia = estudo, ou seja, o estudo da sociedade) começam a dar seus primeiros passos. As duas 
começam em um mesmo contexto histórico e em uma mesma região, devido às várias mudanças sociais, 
econômicas e políticas trazidas pela Revolução Industrial, ou seja, pelas transformações que esta trouxe 
e que deu origem ao modo de produção capitalista, mais conhecido por sociedade capitalista.
O modo de produção capitalista não se manteve apenas na Inglaterra e no continente europeu. No 
século XIX houve a expansão colonialista, que estava em curso desde o mercantilismo do século XV 
(quando o Brasil foi colonizado).
Essa nova expansão das colônias, do século XIX, é chamada de neocolonialismo (novo colonialismo) 
ou imperialismo, já que é o momento em que a Inglaterra, a França, a Alemanha, a Bélgica, a Itália e os 
Estados Unidos, grandes potências industriais vão formar grandes impérios econômicos conquistando 
e influenciando novos continentes. Dirigiram-se para os continentes da África, da Ásia, da América e da 
Oceania dominando e explorando esses povos.
Os Estados Unidos, no século XIX também estava industrializado, já é capitalista, porém sua expansão 
territorial não se dava para fora, mas internamente, já que “fazia um movimento do leste para o oeste, 
provocando o contato dos colonos com diferentes sociedades indígenas nativas”. (SANTOS, 2005, p. 21)
Lembre-se dos filmes onde os soldados norte-americanos protegiam os colonos brancos que 
desbravavam o território americano com suas carroças e avançavam adentrando o território dos 
peles-vermelhas.
É partir destes aspectos econômicos e políticos que serão refletidas as noções e teorias da Antropologia 
que estava surgindo. Assim, a ciência resultante deste contexto é chamada de “antropologia de gabinete”, 
já que os antropólogos ficavam em suas salas elaborando as teorias a partir dos relatos dos viajantes, 
comerciantes, religiosos, militares, exploradores, administradores da colônia etc. Assim, sua produção 
estava centrada nas descrições dos locais e dos povos que as habitavam, mostrando o quanto esses eram 
diferentes dos europeus.
Na busca de interpretar as diferenças entre os grupos humanos, a cultura exerce papel fundamental, 
esta passa a ser compreendida como a que distingue o homem da natureza, o homem do animal.
O conceito antropológico de cultura é assim construído pelas questões da unidade biológica e 
a grande diversidade cultural da espécie humana. Para os cientistas do passado, era comum buscar 
explicações sobre as diferenças de comportamento entre os homens, usando como referência as 
variações dos ambientes físicos e no seu aparato biológico.
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Unidade I
De acordo com Laraia (2004), a primeira definição de cultura que foi formulada do ponto 
de vista antropológico pertence a Edward Tylor, em seu livro Primitive Culture (1871). Tylor 
demonstrou que a cultura pode ser o objeto de um estudo sistemático, isto é, cientifico, pois se 
trata de um fenômeno natural que possuicausas e regularidades permitindo um estudo objetivo 
e uma análise capaz de proporcionar a formulação de leis sobre o processo cultural e a evolução 
da sociedade.
Para entender a evolução social, primeiro precisamos entender o evolucionismo biológico. Darwin é 
o teórico mais conhecido quando se fala em evolução das espécies. No evolucionismo a ideia central é 
a de que os seres vivos evoluem dos “mais simples” para os “mais complexos”, como pode ser visto na 
explicação de Guerriero (2004, p. 12-13):
[...] Hoje sabemos que os primeiros animais viveram nas águas dos 
oceanos há 700 milhões de anos. Depois de 300 milhões, alguns tornaram 
anfíbios e depois conquistaram as terras. Por volta de 200 milhões de 
anos atrás, surgiram entre os vertebrados os animais de sangue quente 
que alimentavam seus filhotes a partir de glândulas mamárias. A extinção 
dos dinossauros (há aproximadamente 65 milhões de anos) permitiu a 
rápida evolução dos mamíferos. De animais diminutos e ameaçados por 
seus predadores, passaram a dominar os territórios. Dentre os mamíferos 
surgiram, há 70 milhões de anos, os primatas, também chamados 
de prossímios. Estes desenvolveram habilidades de saltar entre as 
árvores, possuindo para isso uma visão aguçada e tridimensional, com 
os olhos próximos e na fronte. Os primatas logo evoluíram. Algumas 
características então existentes entre os prossímios seriam determinantes 
posteriormente. Suas mãos e pés permitiam-lhes agarrar as árvores por 
onde pulavam. Desenvolveram, para isso, unhas e dedos polegares em 
posições opostas aos demais, e habilidade para permanecerem eretos por 
alguns instantes para procurarem a presença de inimigos. Os primatas 
primitivos são os ancestrais de uma ampla ordem de animais que vai 
dos lêmures aos grandes antropoides, passando pelos micos e macacos. 
A separação entre os primatas e os antropoides ocorreu há 35 milhões 
de anos. Nesse período, as placas tectônicas se separaram por completo, 
fazendo com que a evolução dos primatas no novo e velho continentes 
fosse completamente distinta.
Observação: Para saber mais sobre esse assunto, assista ao filme – Criação. Direção: Jon Amiel. 
Inglaterra, 2009. Duração: 108 min. A história de vida de Charles Darwin e o contexto no qual elabora 
o seu livro “A origem das espécies”. Assista o documentário: Xingu. Direção: Washington Novaes. Brasil, 
1985. Duração: 120 min. Leia: CASTRO, Celso (org.). Evolucionismo cultural: textos de Morgan, Taylor e 
Frazer. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
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O evolucionismo foi revolucionário para sua época, porque representou outra explicação sobre a 
origem do homem frente às explicações religiosas utilizadas até então, as teorias da criação chamadas 
de Criacionismo, que diz que o homem surge de Deus.
Perceba que a teoria da evolução das espécies, foi transposta para estudo do homem (antropologia) 
e da sociedade (sociologia), por cientistas dessas ciências, chamando essa forma de pensar como 
evolucionismo social ou darwinismo social.
Nessa linha de pesquisa as sociedades evoluem, passando pelas mesmas etapas, um processo linear. 
Desta forma, vão considerar não civilizadas as sociedades que não vivem em um modelo industrial como 
o nosso. Desta forma a cultura serve para classificar os seres humanos.
Essa forma de pesquisa é problemática e preconceituosa, para o início da Antropologia Cultural, uma 
das áreas da Antropologia. Criando escalas e classificando os seres humanos.
O antropólogo norte-americano Henry Lewis Morgan (1818-1881) construiu uma escala para o 
desenvolvimento da humanidade com três estágios: “selvageria, barbárie e civilização”. (SANTOS, 2005, 
p. 23). Na Inglaterra, o escocês James Frazer (1854-1941) cria uma escala da evolução do pensamento 
com três fases: magia, religião e ciência. Tanto em um como no outro, a escala vai do mais simples para 
o mais complexo.
Assim, inicialmente o conceito de cultura esteve vinculado à ideia de evolução e progresso. Edward 
Tylor, em 1871, define cultura como o comportamento que o homem aprende em sociedade. Deste 
modo, cultura é “um conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o 
direito, os costumes e as outras capacidades ou os hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro 
da sociedade”. (LARAIA, 2004, p. 25).
A principal característica da teoria evolucionista foi considerar as sociedades primitivas como 
sociedades em estágio inferior ao desenvolvimento alcançado pelas sociedades ditas civilizadas. Para 
os defensores desta teoria, as condições materiais e culturais das sociedades humanas passariam, 
necessariamente, das etapas primitivas à civilização.
Nesse sentido, o evolucionismo social, conduz à concepção etnocêntrica do mundo, isto é, parte-se 
da ideia de que as diferenças entre grupos e sociedades possuem uma escala evolutiva, considerando o 
mundo europeu como modelo único de sociedade. Santos (2005) explica que a sociedade europeia se 
considerava “civilizada” e “complexa” por ter conseguido a industrialização, a ciência, a tecnologia etc. 
No entanto, as demais culturas – as das colônias – eram as “primitivas” e “atrasadas”, por não possuir 
tecnologia como eles.
As ideias e posturas consideradas etnocêntricas podem ser identificadas em afirmações do tipo 
“povos e grupos sem cultura”. O pior é que, no senso comum, na sociedade em geral, esse tipo de ideia 
é bastante usual, mesmo no século XXI.
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Unidade I
Para que você possa entender melhor o que é ser etnocêntrico, leia o autor Everardo Rocha 
(2006, p. 10-11):
Ao receber a missão de ir pregar junto aos selvagens um pastor se preparou 
durante dias para vir ao Brasil e iniciar no Xingu seu trabalho de evangelização 
e catequese. Muito generoso, comprou, para os selvagens, contas, espelhos, 
pentes, etc.; modesto, comprou para si próprio apenas um moderníssimo 
relógio digital capaz de acender luzes, alarmes, fazer contas, marcar segundo, 
cronometrar e até dizer a hora sempre absolutamente certa, infalível. Ao 
chegar, venceu as burocracias inevitáveis e, após alguns meses, encontrava-
se em meio às sociedades tribais do Xingu distribuindo seus presentes e sua 
doutrinação. Tempos depois, fez-se amigo de um índio muito jovem que o 
acompanhava a todos os lugares de sua pregação e mostrava-se admirado 
de muitas coisas, especialmente, do barulhento, colorido e estranho objeto 
que o pastor trazia no pulso e consultava frequentemente. Um dia, por fim, 
vencido por insistentes pedidos, o pastor perdeu seu relógio, dando-o meio 
sem jeito e a contragosto, ao jovem índio. A surpresa maior estava, porém, 
por vir. Dias depois, o índio chamou-o apressadamente para mostra-lhe, 
muito feliz, seu trabalho. Apontando seguidamente o galho superior de 
uma árvore altíssima nas cercanias da aldeia, o índio fez o pastor divisar, 
não sem dificuldade, um belo ornamento de penas e contas multicolores 
tendo no centro o relógio. O índio queria que o pastor compartilhasse a 
alegria da beleza transmitida por aquele novo e interessante objeto. Quase 
indistinguível em meio às penas e contas e, ainda por cima, pendurado a 
vários metros de altura, o relógio, agora mínimo e sem nenhuma função, 
contemplava o sorriso inevitavelmente amarelo no rosto do pastor. Fora-
se o relógio. Passados mais alguns meses o pastor também se foi de volta 
para casa. Sua tarefa seguinte era entregar aos superiores seus relatórios e, 
naquela manhã, dar uma última revisada na comunicação que iria fazer em 
seguida aos seus colegas em congresso sobre evangelização. Seu tema: “A 
catequese e os selvagens”. Levantou-se, deu uma olhada no relógio novo, 
quinze para as dez. Era hora de ir. Como que buscando uma inspiração de 
última hora examinou detalhadamente as paredes do seuescritório. Nelas, 
arcos, flechas, tacapes, bordunas, cocares, e até uma flauta formavam uma 
bela decoração. Rústica e sóbria ao mesmo tempo traziam-lhe estranhas 
lembranças. Com o pé na porta ainda pensou e sorriu para si mesmo. 
Engraçado o que aquele índio foi fazer com o meu relógio.
Perceba que o texto acima apresenta pontos essenciais sobre o etnocentrismo.
Em primeiro lugar, leva-nos a perceber que, neste choque cultural, os personagens de diferentes 
culturas fizeram o mesmo: utilizaram o objeto da outra cultura como ornamento, sendo que esses objetos 
em suas culturas tinham funções técnicas. Para o pastor, o uso do relógio pelo índio causou tanto espanto 
quanto o que causaria ao jovem índio conhecer o uso que o pastor deu a seu arco e flecha.
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O etnocentrismo está justamente nesse julgamento do valor da cultura do “outro” nos termos da 
cultura do grupo do “eu”.
Em segundo lugar, o choque cultural contado acima foi cordial. Mas, na maioria das vezes, o 
etnocentrismo leva à ação violenta, como o etnocídio (por exemplo, a matança de índios). Como bem 
coloca Laraia (2004, p. 13) o exemplo abaixo:
[...] Um famoso cientista do início do século, Hermann Von Ihering, diretor 
do Museu Paulista, justificava o extermínio dos índios Caingangue por ser 
um empecilho ao desenvolvimento e à colonização das regiões do sertão 
que eles habitavam.
Pode se perceber pela história que a relação entre a chamada “civilização ocidental” e as sociedades 
tribais foi de extermínio. Henry L. Morgan destacou-se como um importante evolucionista do século 
XIX, influenciando muitos pensadores. Entre eles, seu aluno Franz Boas.
Franz Boas, no entanto, transforma-se em um dos maiores críticos do evolucionismo afirmando que 
as sociedades e os grupos possuem uma história particular, diversa, e é essa diversidade que constitui a 
riqueza da vida social humana.
Os primeiros pesquisadores considerados antropólogos não vão a campo, não vão até esses países 
longínquos para conhecer a cultura desses povos, eles formulam teorias fundamentando-se “em relatos 
feitos por leigos: missionários, viajantes, negociantes”. (COSTA, 2005, p. 90).
É justamente neste momento que serão utilizadas as teorias preconceituosas, como a do determinismo 
biológico e a do determinismo geográfico. 
O determinismo biológico (LARAIA, 2004) é a teoria que afirma que o comportamento cultural é 
resultado da genética e da hereditariedade dos indivíduos. Assim sendo, consideravam que os grupos 
humanos eram diferentes uns dos outros devido a traços psicologicamente inatos, como a inteligência 
ou temperamento.
Essa forma de pensar, de hierarquizar as sociedades utilizando, para isso, a raça e o nível de 
desenvolvimento alcançado pelo grupo fica mais claro quando falamos das populações negras (ou 
afrodescendentes) que eram consideradas, até pouco tempo, portadoras de uma cultura inferior. Por 
exemplo, Hitler na Alemanha, que fundamentou o extermínio de outras populações por acreditar que o 
povo alemão era superior aos outros.
Observação: Assista ao filme: Arquitetura da destruição. Direção: Peter Cohen. Suécia, 1992. Duração: 
121 min. Documentário sobre a trajetória de Hitler e a sua relação com a arte.
Podemos notar o determinismo biológico nos exemplos apresentados no texto de Eduardo Galeano 
(2010) utilizado para demonstrar o pensamento dos europeus sobre os negros do Haiti:
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No Espírito das leis, Montesquieu havia explicado sem papas na língua: 
“O açúcar seria demasiado caro se os escravos não trabalhassem na sua 
produção. Os referidos escravos são negros desde os pés até à cabeça e 
tem o nariz tão achatado que é quase impossível deles ter pena. Torna-se 
impensável que Deus, que é um ser muito sábio, tenha posto uma alma e, 
sobretudo uma alma boa, num corpo inteiramente negro”.
Nós sabemos que não, mas para os europeus, naquele momento, sim. Desta forma, o outro era 
colocado como o selvagem e o europeu como o civilizado. Pensando assim, podiam utilizar esse território 
e esse povo em detrimento do desenvolvimento econômico europeu.
Como se isso não fosse o bastante a utilização da teoria preconceituosa do determinismo biológico, 
há também a do determinismo geográfico, isto é, teoria que afirma que o comportamento cultural dos 
povos é resultante do ambiente físico em que vivem (LARAIA, 2004).
Como pode ser notado pela citação utilizada por Laplantine (1991, p. 43) da obra de Cornelius de 
Pauw, publicado em 1774, que falava sobre a influência negativa da natureza e do clima úmido sobre 
os índios da América do Norte:
Deve existir, na organização dos americanos, uma causa qualquer que 
embrutece sua sensibilidade e seu espírito. A qualidade do clima, a 
grosseria de seus humores, o vício radical do sangue, a constituição de seu 
temperamento excessivamente fleumático pode ter diminuído o tom e o 
saracoteio dos nervos desses homens embrutecidos. [...] temperamento tão 
úmido quanto o ar e a terra onde vegetam.
Assim, essas ideias apresentadas no século XVIII são retomadas e expressas por Hegel em 1830, em 
sua Introdução à Filosofia da História demonstrando seu horror frente aos que vivem em estado de 
natureza, pois esses povos jamais ascenderão à “história” (LAPLANTINE, 1991). Desta forma, a América 
do Sul é tratada como tão estúpida como a do Norte. A Ásia, da mesma forma. Porém, é a África que, 
para este filósofo, possui os seres de forma mais inferior entre todos que se apresentam nessa infra-
humanidade. Hegel chega ao ponto de considerá-los como “coisas”, sendo impossível transformá-los, a 
partir da colonização, em seres humanos.
Perceba como os povos que se declaravam civilizados viam aqueles que eram diferentes deles 
como: selvagens, primitivos e coisas. Demonstram claramente a desvalorização de povos que por serem 
diferentes não mereciam serem respeitados.
Tendo sua origem no período da expansão do mundo colonial, período em que o mundo europeu 
se confronta com outros povos e culturas, na América, na Ásia e na África, esta ciência surge para 
compreender as diversas formas do ser, do sentir e do pensar humano.
Desta forma, não só a figura do mau selvagem será elaborada pelo pensamento do europeu, como 
também a do bom selvagem será formulada sistematicamente em XVIII. Porém, a ideia já se fazia presente 
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desde os primeiros viajantes à América, como a descrição de Cristóvão Colombo que, ao aportar no 
Caribe, descreve: “Eles são muito mansos e ignorantes do que é o mau, eles não sabem se matar uns 
aos outros [...] Eu não penso que haja no mundo homens melhores, como também não há terra melhor”. 
(apud LAPLANTINE, 1991, p. 47).
Ora a repulsa, ora o fascínio, sendo que a alteridade não tem relação com a realidade. Na verdade, 
este imaginário vai ser utilizado como pretexto para a exploração colonial do século XVI e XVII.
Essas teorias do determinismo biológico e geográfico são negadas historicamente no século XX, 
como bem mostra Laraia (2004):
Em 1950, quando o mundo se refazia da catástrofe e do terror do racismo 
nazista, antropólogos físicos e culturais, geneticistas, biólogos e outros 
especialistas, reunidos em Paris sob os auspícios da UNESCO, redigiram uma 
declaração da qual extraímos dois parágrafos:
a) Os dados científicos de que dispomos atualmente não confirmam a 
teoria segundo a qual as diferenças genéticas hereditárias constituiriam 
um fator de importância primordial entre as causas das diferenças que 
se manifestam entre as culturas e as obras das civilizações dos diversos 
povos ou grupos étnicos. Eles nos informam, pelo contrário, que essasdiferenças se explicam, antes de tudo, pela história cultural de cada 
grupo. Os fatores que tiveram um papel preponderante na evolução 
do homem são a sua faculdade de aprender e a sua plasticidade. Esta 
dupla aptidão é o apanágio de todos os seres humanos. Ela constitui, 
de fato, uma das características específicas do Homo Sapiens.
b) No estado atual de nossos conhecimentos, não foi ainda provada a 
validade da tese segundo a qual os grupos humanos diferem uns dos 
outros pelos traços psicologicamente inatos, quer se trate de inteligência 
ou temperamento. As pesquisas científicas revelam que o nível das 
aptidões mentais é quase o mesmo em todos os grupos étnicos.
Ao procurar identificar de forma precisa o não europeu, o antropólogo do século XIX tinha por base 
uma falsa imagem da cultura europeia, compreendida como uma sociedade homogênea e integrada. 
Não compreendia que havia tantas diferenças e conflitos entre pessoas de nações diferentes.
Por isso, a Antropologia foi sempre considerada a ciência da alteridade, isto é, a ciência que busca 
investigar o outro, aquele que é essencialmente diferente de mim. Assim, para Santos (2005, p. 22), os 
primeiros antropólogos vão sofrer forte influência das correntes de pensamento, como o evolucionismo, 
e os determinismos geográficos e biológicos sobre as ideias que elaboraram sobre as culturas dos povos 
distantes e também pela ausência dos estudiosos em campo, já que sua análise era feita por meio de 
relatos e não de sua presença in loco (no próprio local), em que estava pesquisando a cultura estudada.
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Observação: A teoria do determinismo biológico é falsa, porque a nossa genética não determina o 
nosso comportamento em sociedade. Assim como o determinismo geográfico também é falso, já que as 
características do ambiente geográfico não determinam a minha forma de me comportar em sociedade. 
É sabido que apreendemos o nosso comportamento cultural pelo processo de endoculturação, isto é, 
aprendemos com o nosso grupo a cultura de nossa sociedade.
Bronislaw Malinowski foi o antropólogo que trouxe a grande mudança para a Antropologia, que 
também é chamada de etnografia (mapeamento de etnias) o método da observação participante, um 
método de pesquisa que no lugar de análise de relatos, o pesquisador passa a conhecer os povos, 
penetrar em sua cultura, desvendar seus significados, guiado por essas informações (COSTA, 2005). 
Essa mudança levará a compreensão da complexidade das sociedades que antes eram chamadas de 
primitivas, bárbaras e atrasadas, como Malinowski (apud SANTOS, 2005, p.38) demonstra:
A ideia geral que se faz é que os nativos vivem no seio da natureza, fazendo 
mais ou menos aquilo que podem e querem, mas presos a crenças e apreensões 
irregulares e fantasmagóricas. A ciência moderna, porém, nos mostra que 
as sociedades nativas têm uma organização bem definida, são governadas 
por leis, autoridades e ordem em suas relações públicas e particulares, e 
que estão, além de tudo, sob o controle de laços extremamente complexas 
de raça e parentesco. [...] As suas crenças e costumes são coerentes, e o 
conhecimento que os nativos têm do mundo exterior lhes é suficiente para 
guiá-los em suas diversas atividades e empreendimentos. Suas produções 
artísticas são cheias de sentido e beleza.
Essa teoria chamada de funcionalista surgiu no século XX como sucessora do evolucionismo 
respondendo em parte às críticas que surgiam em relação ao etnocentrismo. De acordo com a 
concepção funcionalista, cada sociedade deve ser estudada como um organismo constituído por partes 
interdependentes e complementares, cuja função é satisfazer as necessidades essenciais dos seus 
integrantes (COSTA, 2005).
Radcliffe-Brown é outro funcionalista (COSTA, 2005) que se destacou como defensor desta teoria e 
dos estudos das sociedades não europeias. Considerava essas sociedades como totalidades integradas 
de instituições que têm a função de satisfazer necessidades básicas de alimento, segurança, entre 
outros. Assim, os estudos funcionalistas permitiram que sociedades não europeias passassem a ser 
compreendidas dentro de suas especificidades. As sociedades tribais africanas, australianas e asiáticas 
passaram a ser entendidas a partir de sua função social.
Os funcionalistas utilizavam o conceito de aculturação, isto é, o encontro de povos, de 
culturas diferentes ao se relacionar construía uma nova cultura. Por exemplo: povo de cultura 
portuguesa conhecendo o povo de cultura indígena e o de cultura africana resultou em uma 
nova cultura – a brasileira.
A crítica a esses pensadores era devido ao fato de deixarem de revelar as desigualdades que existem 
nesse contato, principalmente quando resultam de uma política colonialista. Porém, não podemos deixar 
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de lembrar que os mesmos são os responsáveis pelo que ficou conhecido como relativismo cultural, ou 
seja, postura de tolerância e respeito em relação aos costumes e traços culturais diferentes (SANTOS, 2005).
TEXTO II – Ser relativista
Vamos entender o que é relativizar?
Para relativizar, é necessário deixar de lado todos os meus valores e procurar conhecer o outro, da 
maneira como ele expressa e experimenta sua vida. Eu não posso falar de como o outro se comporta, pensa 
e sente. É necessário saber como o outro pensa e sente o seu mundo por meio de seus valores e de seu 
conhecimento. Não podemos explicar o outro pelo nosso mundo, nossos valores e nossos conhecimentos.
A primeira atitude para relativizar é abandonar as certezas etnocêntricas e começar a duvidar 
e questionar, de forma que, partindo destes questionamentos, encontra novos sentidos para 
compreender o outro.
Segundo Rocha (1996), o relativismo aceita a diferença cultural e este é um pensamento revolucionário. 
No entanto, será mais complicado entender as culturas, os povos, já que agora não se tem mais um tipo 
de explicação, uma só cultura, mas diversas, o que contraria o pensamento evolucionista, escapando do 
etnocentrismo e partindo para uma análise relativista.
No início do século XX substituiu-se a visão de que as diferenças biológicas determinariam as 
diferenças culturais. Ao fazer críticas à ideia da evolução cultural, os estudiosos passaram a defender 
que cada sociedade teria sua própria história e seu valor particular. Nesse sentido, a cultura e a história, 
e não mais a “raça”, seriam a causa das diferenças entre as populações (ROCHA, 2006).
Assim, a cultura passa ser um componente aprendido e transmitido pelo grupo aos seus componentes, 
processo de endoculturação. E não mais como resultado do biológico.
No início do século XX, o belga Claude Lévi-Strauss, um dos grandes antropólogos vai entender a 
cultura como a simbologia de um povo. Sua forma de análise será chamada de estruturalismo, um novo 
método de investigação e interpretação, que parte do princípio de que se faz necessário uma análise 
da estrutura, isto é, uma elaboração teórica capaz de dar sentido aos dados da realidade. Assim sendo, 
define cultura como o conjunto de hábitos, atitudes e comportamentos, isto é, as maneiras de pensar, 
sentir e agir de um povo. Veja o exemplo a seguir:
A palavra “pai”, por exemplo, pode pôr em evidência uma série de elementos 
ligados à estrutura de parentesco, como sexo, idade, poder, atribuições, 
deveres e relações com outros membros do grupo. Isso porque as palavras 
não constituem uma nomenclatura qualquer, mas são meios de pensar 
a realidade e se referem a situações reais que envolvem obrigações, 
comportamentos e sentimentos como respeito, familiaridade, dever, direito, 
afeição ou hostilidade. A esse conjunto de obrigações e sentimentos, Lévi-
Strauss dá o nome de “complexos de atitudes”. (COSTA, 2005, p. 103)
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Desta forma aceitavam a existência de diferentes sociedades, das mais simples ou tradicionais até 
as mais complexas, mas afirmavam que essa diferença só poderia ser explicada em função da própria 
história e da sua relação com o meio natural e social.
Segundo Rocha (1996), mesmo sem querer acabar com o valor da história como instrumento de 
análise, pergunta: De que histórias estão falando? Da nossa para entender o “outro”? E a história do dia 
a dia, da nossa produção?
A forma como o humano entende a sua história, a história da sua sociedade depende do conceito que 
ele mesmo tem sobre o que é história, sobre o tempo e o processo que entrelaçam os acontecimentos.
É bom lembrar que o “outro”, para a Antropologia, é sempre coletivo: grupo, classe social, tribo. E a 
antropologia busca justamente o significado da sociedade deste “outro”, a sua simbolização.
Em algumas práticas tribais, o “xamã” (ou “feiticeiro”) utiliza um objeto de uma pessoa ausente 
(o arco de um guerreiro, um adorno corporal de uma jovem) para lançar sortilégios que atinjam o 
dono do objeto. Nesse caso, o objeto da pessoa simboliza a pessoa. [...] Pensemos agora em algo que 
nos é bastante familiar: a propaganda. Em um anúncio de automóvel, por exemplo, apresentam-se ao 
consumidor situações de “felicidade”, “prazer”, “poder”, “status” ou “sedução”. [...]. Conclusão: somos 
todos “tribais”. Isso sem mencionar o fato de que religiões praticadas nos centros urbanos do Brasil, 
como a Umbanda e o Candomblé, utilizam recursos semelhantes para fins literalmente mágicos, o que 
significa que isso não se restringe a culturas “exóticas” e distantes. (SANTOS, 2005, p. 54).
Claude Lévi-Strauss vai buscar a relação entre natureza e cultura a partir do “totemismo”. Totemismo 
é uma associação mental entre algo que existe e o significado que damos a ele socialmente, é uma 
classificação da natureza a partir da cultura. Por exemplo, quando um determinado grupo cria seus 
rituais em torno de uma pedra, a pedra passa a representar outra coisa para o grupo, tornando-se 
diferente das outras pedras. 
De acordo com Santos (2005), em nossa sociedade o totemismo acontece quando transformamos 
objetos não humanos em objetos culturais: por exemplo, a geladeira (não humano) simboliza 
conforto (sentido cultural). Os objetos produzidos e vendidos ganham significados humanos, como a 
publicidade faz.
Segundo Carla Maria Lobato Alves (2010), Geertz, antropólogo da linha interpretativa, sustenta que 
o conceito de cultura é semiótico, isto é, o homem vive em um emaranhado de significados que ele 
mesmo criou. Desta forma, a análise do emaranhado deve ser interpretativa, já que busca os significados 
e identificar como as pessoas de determinada cultura se definem, analisando as formas simbólicas pelas 
quais se expressam (palavras, rituais, costumes, comportamentos etc.).
Outro conceito importante para aprendermos para melhor compreender a formação cultural de uma 
sociedade, é o de representações simbólicas de uma cultura.
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Em toda cultura há o denominado sistema de representações simbólicas que deve ser entendido 
conforme é citado pelo professor Fernando Perillo da Costa (2005), em seu capítulo Representações 
Simbólicas, as Leituras do real e a Comunicação Social, que faz parte do livro Comunicação, Política e 
Sociedade, ao afirmar que, as representações simbólicas de uma sociedade são os produtos simbólicos 
da cultura, dentre eles temos as explicações do senso comum, magias, crenças populares, vinculadas a 
mitos, as expressões folclóricas e artísticas, bem como, em produções literárias, comentários científicos 
e religiosos, de maneira geral, em todo conhecimento. Já que, o sistema simbólico é formado pelas 
diversas maneiras de se reconstruir a realidade como um todo, natural, social e psicológica, pois buscam 
explicar, resolver e fundamentar as situações resultantes das relações do homem com a natureza, com 
a sociedade e o resultante deste em seu plano emocional e psicológico. Assim, como é possível explicar 
a realidade por meio de variadas linguagens, e formas de interpretar a realidade (religião, ciência, arte, 
filosofia, senso comum) também há diferentes lógicas nessas explicações.
Deve ser destacado que as representações simbólicas não são mais o real em si, mas a sua leitura, sua 
interpretação, sua leitura e sua apreensão, ideologicamente contaminada.
É fundamental, portanto, que ao analisarmos o processo de formação da cultura brasileira devamos 
entender os valores e a lógica básica de cada importante momento histórico, ou seja, quais os princípios 
mais significativos que caracterizam o nexo explicativo de cada época histórica, principalmente num 
país portador de características bem específicas e de um passado ainda muito presente, como o Brasil.
A espécie humana é única, mas há ao lado dos diferentes grupos étnicos e denominada sua 
representação simbólica, diversidade cultural.
A diversidade cultural começa na diferença étnica e cultural e se manifesta entre as diferentes etnias, 
entre as culturas nacionais, entre as produções culturais regionais, como é o caso brasileiro. Entre os 
diferentes gêneros, entre as diferentes gerações de uma sociedade, entre as diferentes práticas de opção 
sexual, entre as diferentes religiões, práticas de ações ideológicas políticas, nas diferentes manifestações 
artísticas e entre as denominadas “tribos” urbanas.
De um modo geral, as diversidades culturais refletem as diferentes respostas e soluções que os 
mais variados grupos (e sociedades) apresentam para os problemas surgidos em sua concreta realidade. 
Portanto, refletem a produção cultural dos grupos sociais e comunidades diversas relacionadas às suas 
específicas e reais condições objetivas de vida.
A análise da cultura brasileira depende sobremaneira da compreensão dos principais aspectos que 
caracterizam a constante presença das diferentes formas que se manifesta a nossa diversidade cultural, 
principalmente a partir da nossa formação populacional, com as contribuições provenientes das três 
grandes fontes étnicas: a do nosso colonizador português, branco e cristão; as influências advindas dos 
diferentes grupos étnicos tribais dos nossos indígenas e as influências decorrentes dos diferentes grupos 
étnicos negros africanos. Essa característica é básica para iniciarmos o estudo, análise e compreensão 
da formação cultural brasileira.
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De acordo com o prof. Darcy Ribeiro (1995), um dos mais importantes antropólogos brasileiros, 
conforme ele coloca em seu livro O Povo Brasileiro, três características são fundamentais e marcam o 
Brasil ao longo de sua história: o processo de formação de sua enorme diversidade cultural, a formação 
de sua específica miscigenação, gerando uma população basicamente mestiça e também o processo 
de constituição de um específico sincretismo cultural, principalmente, a partir da fusão de elementos 
culturais religiosos, místicos e relacionados a diversas formas de magias e crenças populares.
Então, a partir de agora, podemos falar e entender a cultura como o conjunto simbólico de um grupo 
ou uma sociedade. Tudo que caracteriza um povo, como seu conhecimento, ideias, crenças e como 
manifestam esses em sua vida concreta, tanto em aspecto material quanto não material, não deixando 
de relacioná-la com o mundo econômico e político, já que a produção cultural faz parte da estrutura 
de uma sociedade. Agora você tem fundamentos para entender a cultura brasileira e compreendê-la 
na atualidade. Essa visão geral das teorias, essa explanação, foi para inseri-lo no mundo da cultura e 
demonstrar a você queé possível analisá-la de várias formas.
Exercício resolvido:
Aquilo que, de fato, caracteriza a unidade do homem, de que a antropologia, [...], faz tanta questão, é sua 
aptidão praticamente infinita para inventar modos de vida e formas de organização social extremamente 
diverso. E, a meu ver, apenas a nossa disciplina permite notar, com a maior proximidade possível, que 
essas formas de comportamento e de vida em sociedade que tomávamos todos espontaneamente por 
inatas (nossas maneiras de andar, dormir, nos encontrar, nos emocionar, comemorar os eventos de nossa 
existência...) são, na realidade, o produto de escolhas culturais [...]. (LAPLANTINE, François. O Campo e a 
Abordagem Antropológicos IN: Aprender Antropologia. 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 22).
Com base na citação acima, escolha a alternativa que corresponde a este pensamento.
a) A cultura é dada por questões inatas.
b) A cultura é resultado do processo de endoculturação.
c) A cultura é resultado de nossas experiências de vida.
d) A cultura é determinada por nossa genética.
e) As letras b e c estão correta.
Justificativa: O conceito trabalhado no texto se refere ao processo de endoculturação, que é o 
processo de apreendermos nossa cultura por meio de nossas experiências de vida com o nosso grupo 
cultural. Por isso, as alternativas “b” e “c” estão corretas, conforme diz a “e”.
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MÓDULO 2
TEXTO I – A colonização brasileira
Depois de apresentarmos as várias formas de entender a cultura, como fundamento a análise 
etnocêntrica e relativista cultural, vamos agora, tratar do processo histórico para formação da 
sociedade brasileira.
A história do Brasil e do povo brasileiro coloca sempre os portugueses como a matriz de nossa etnia 
(grupo de pessoas, grupo social que compartilham cultura, origem e história). Porém, como falado, os 
europeus em especial, neste caso, os portugueses, vinham para os novos continentes para descobrir as 
características culturais dos povos que ali habitavam com fins de exploração, de colonização. Assim, os 
europeus elaboraram versões da história, de suas colonizações segundo seu olhar etnocêntrico.
Porém, o objetivo desse trabalho é mostrar esse processo, de constituição do povo brasileiro, de 
outra perspectiva, buscando a partir de autores brasileiros como eles analisaram a nossa origem, como 
se forma nossa identidade nacional já que a identidade não vem pronta: pelo contrário, é resultado 
de uma construção contínua. Existem interesses de “legitimação do próprio grupo, ou interesses em 
retirar a legitimidade do outro” (KEMP, 2003, p. 83). Existe uma relação de poder, e o mesmo precisa ser 
analisado para entendermos a cultura brasileira.
Ainda se aprende nas escolas e ouvimos muitos nos contarem como ocorreu o “descobrimento” do 
Brasil. Sem muita fundamentação nos contam que a Europa estava em crise comercial e os países estavam 
procurando novas rotas até as Índias, com o objetivo de acabar com o monopólio dos italianos que eram 
quem traziam e vendiam os produtos do Oriente na Europa. Os portugueses já estavam organizados 
num Estado, tinham grande conhecimento sobre navegação. Assim, possuíam condições políticas para 
sua expansão e com espírito aventureiro, descobriram terras novas, gente nova, um mundo novo.
O Brasil foi descoberto?
Pois bem, essa é a história contada pelos europeus. Mas, nós somos da América, somos sul-americanos, 
e podemos contar a história a partir da perspectiva do povo brasileiro.
Descobrimento é o ato de descobrir, que significa “encontrar o que era desconhecido, que estava 
escondido; achar” (DICIO, 2012). Então o Brasil não foi descoberto pelos portugueses, pois os índios 
viviam aqui. Era desconhecido pelos portugueses. Na verdade, o que aconteceu aqui foi uma invasão. A 
invasão das terras ocupadas pelos povos indígenas e a destruição dos seus costumes e implantando o 
modo de produção semicapitalista português, buscando lucro no comércio internacional.
Isso é importante para se pensar a formação da identidade do brasileiro, pois essa se dará a partir 
da relação entre três matrizes étnicas: a indígena, a portuguesa e a africana, resultando desse sistema 
econômico uma sociedade absurdamente desigual. 
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Unidade I
Os portugueses foram os primeiros a formar um Estado centralizado entre 1383 e 1385. Este fato, 
conjuntamente com a sua localização estratégica próxima ao oceano, permitiu um grande investimento 
em tecnologia de navegação (FONSECA, 2008). Foi a partir disso tudo, que os portugueses, em busca de 
aventura e enriquecimento, lançaram-se às navegações, a fim de explorar o Oceano Atlântico, levando-
os ao desenvolvimento de instrumentos necessários as mudanças culturais, econômicas e mundiais, 
iniciadas pelo pioneirismo português.
De suas navegações entre 1415 e 1499 (FONSECA, 2008), por onde passaram na costa ocidental 
africana, os portugueses fizeram feitorias, criando empresas para produzir gêneros tropicais e 
escravizavam africanos para servirem de mão de obra nestas feitorias. Quando Vasco da Gama retorna ao 
país, traz um mundo novo a Portugal, com imensa lucratividade. Pedro Álvares Cabral dá continuidade, 
com a mudança de rotas de comércio, com o objetivo de ocupar terras garantindo conquista, domínios 
sobre territórios em busca de riquezas.
Os portugueses (HOLANDA, 1995) tinham grande conhecimento sobre navegação e, a partir da 
iniciativa política e econômica, chegaram a essas terras, as quais, de início, não deram muito valor. A 
colonização de um povo era uma iniciativa bastante grande e com alto custo. Desta forma, a coroa 
portuguesa não estava interessada em investir na colonização das terras brasileiras, já que estava 
envolvido com a expansão e o mercado de especiarias no oriente. Em um primeiro momento, averiguou 
e colocou alguns representantes na terra, a partir de várias expedições exploratórias com o objetivo de 
mapear e trazer informações para a metrópole. Porém, com a crise do comércio na Europa da época, 
Portugal volta-se para a colônia em busca de pedras preciosas e outras fontes de lucro.
Nos trinta primeiros anos, Portugal dedicou-se à exploração das riquezas, com o ideal de 
enriquecimento rápido, acompanhado pela ausência de um concreto ideal de fixação, de povoamento e 
de investimentos na colônia, canalizando suas riquezas aqui geradas para a metrópole portuguesa, com 
a formação de uma mentalidade de exploração predatória e muito descompromisso para com a terra, 
ou seja, uma ausência de uma consciência construtiva e de sentimento de brasilidade.
Precisamos ter claro que a colonização portuguesa no Brasil é um exemplo clássico de colônia de 
exploração, enquanto os Estados Unidos da América, que foi colônia dos ingleses, é um exemplo clássico 
de colônia de povoamento.
TEXTO II – Colônia de exploração ou de povoamento? 
Vamos ver a diferença?
Segundo Ricardo Lessa (2008) as diferenças já são visíveis no início de nossa colonização, pois “Cabral 
passou por aqui, largou dois degredados, rezou uma missa e foi-se embora para a Índia – que era o que 
lhe interessava. Lá bombardeou e tomou o porto de Calicute, assaltou a cidade e voltou para Portugal 
com as caravelas cheias de especiarias, joias, roupas e outros produtos do saque”.
Para os 101 ingleses que em 1620 fundaram os Estados Unidos, que num primeiro momento 
chamaram de Nova Inglaterra, não havia a menor intenção de retornar à Inglaterra, nem de retirar de lá 
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riquezas. Eles eram religiosos, crentes que haviam brigado com a Igreja Anglicana (conduzida pelo rei da 
Inglaterra) e buscavam um lugar para viver, progredire rezar da forma que bem quisesse. Começaram 
o novo país por meio de núcleo homogêneo de famílias inglês e puritano, a colônia de Cape Cod, 
no estado hoje chamado de Massachusetts. Depois desse tiveram outros, com a mesma disposição de 
formar um país, para ficar longe da exploração dos nobres ingleses e para rezar segundo suas normas 
rígidas, sem o luxo dos católicos e anglicanos. Esses núcleos se multiplicaram tomando toda a parte 
nordeste. Ao sul, as colônias, ligadas à coroa e profundamente escravista. Na Guerra de Sucessão, 1861-
65, o norte vence o sul. A ideia dos peregrinos era de que essa terra era ideal para o povo de Deus, para 
poder criar uma sociedade pura, sem corrupção e vícios. Acreditavam que “pertenciam a uma nova raça 
eleita e a América era a virgem Maria que daria à luz uma nova nação para louvar a Deus e iluminar o 
restante do mundo, como diziam autores do início do século XVII. Para eles, naquela época, Deus era 
inglês” (LESSA, 2008).
Agora vamos ver como se deu a colonização brasileira?
Colônia de exploração
Em 1500, Portugal era o país do mercantilismo, senhor nos mares. Essa prática mercantil vai estar 
impregnada na formação do nosso país, pois o que importava era conseguir mercadorias para trocá-las 
e ter altos rendimentos para o Estado português monopolista.
A expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza é o marco inicial dos primeiros colonos para 
as Terras de Santa Cruz (como era chamado nosso país nesse momento). Os irmãos Pêro Lopes de Souza 
e Martim Afonso de Souza, eram de alta linhagem portuguesa, pois havia atuado como conselheiro do 
rei D. Manuel. A colonização seria desenvolvida por meio das capitanias hereditárias, tendo destaque, a 
de Pernambuco, doada a Duarte Coelho, em 1534 (SILVA, 2006). As capitanias hereditárias foram uma 
forma de administração da colônia, criada pelo rei D. João III, de Portugal, em 1534. Consistia em dividir 
o território em grandes faixas de passar a administração para nobres da coroa portuguesa.
Os primeiros colonos buscavam enriquecer rapidamente e viver como estavam acostumados em 
Portugal. Desta forma, não estavam acostumados a trabalhar na terra, seu único vínculo com ela era 
a de posse. Em sua terra natal, viviam apenas de rendimentos usufruindo dos lucros agrícolas. “Assim 
sendo, mesmo com toda fertilidade da terra, condições climáticas favoráveis e grandemente louvadas, 
a determinação dos colonos em adquirir fortuna rapidamente e retornar ao Reino, tornava a vida mais 
dificultosa na colônia” (SILVA, 2006, p. 8).
Quando os colonos chegaram, com sua cultura portuguesa, já sabiam o modo de produção que 
fariam: lavouras de cana, que por meio de seus engenhos, teriam o açúcar, a partir de trabalho escravo. 
Os donatários das capitanias tornaram-se os senhores do engenho. Assim, o trabalho era designado para 
os escravos, primeiro os indígenas e posteriormente os africanos.
Ser o senhor de engenho não era atividade simples a qualquer pessoa, porém, os colonos sonhavam 
em se tornar um. Assim, para ser um senhor de engenho era preciso ter “cabedal”, isto é: “posse 
materiais, recursos financeiros, bens, riquezas e haveres. Mas, por extensão de sentido figurado, pode-se 
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chegar também a: conhecimento, talento, competência, habilidade que se adquirem com a experiência, 
a educação, o estudo e a ética” (SILVA, 2006, p. 8). O engenho era formado pelos canaviais, as plantações 
para alimentação, a casa grande, a senzala, a capela, a escola, as moradias dos trabalhadores livres 
(feitor, mestre do açúcar) e a fábrica de produzir o açúcar – com a moenda, a casa das caldeiras e casa 
de purgar.
A coroa portuguesa decidiu que só faria doações de capitanias para pessoas que pudessem com 
seu próprio patrimônio, desenvolve-las e povoa-las. Assim, selecionou os donatários de capitania, 
segundo o serviço prestado ao Reino nas conquistas da Índia e África ou que realizaram serviços 
administrativos. Muitos queriam conseguir aqui o título de nobre, porém, a coroa regulava essa 
concessão. Mas, mesmo não conseguindo o título, os senhores de engenho, não abriam mão de viver 
aqui como um, possuíam poder dentro de suas terras e foram desenvolvendo uma trama de relações 
reforçava ainda mais sua influência e poder. A milícia, para manter a segurança, era a maneira mais 
ostensiva de manter prestígio e poder. Além dessa, havia a política de casamentos, beneficiando os 
interesses das famílias. Assim, aos poucos os senhores foram dominando a vida social e administrativa 
da colônia. Quando não conseguiam as negociações por meio da política, os colonos luso-brasileiros, 
recorriam aos meios informais, até mesmo o suborno, exercendo constante pressão nos funcionários 
da administração da coroa. (SILVA, 2006)
Perceba que as estratégias criadas como o casamento arranjado, compadrio e atração de pessoas 
ligadas à administração da coroa para os círculos das famílias coloniais, representa uma prática da 
cultura portuguesa, chamadas de “poderes informais” (SILVA, 2006).
A relação dos portugueses com os outros povos, principalmente, com os africanos, já era de senhor e 
escravo desde Portugal, pois os africanos eram responsáveis pelo trabalho em sua terra natal, sendo que 
muitos donatários já chegaram com seus escravos. Por mais que os africanos trabalhassem, o tratamento 
concedido a ele era duro.
Em 1549, a coroa muda à administração da colônia com a criação dos Governos Gerais, sendo 
Tomé de Souza o primeiro governo geral do Brasil. Com ele, vem também a primeira ordem religiosa, a 
Companhia de Jesus, sendo o superior, Manoel da Nóbrega. O primeiro feito da Cia de Jesus foi à criação 
do Colégio da Bahia, com processo educacional sistemático e formal.
Durante os três primeiros séculos da colonização houve um fluxo intenso de portugueses 
para o Brasil. Vieram portugueses de todas as classes, desde o pobre ao nobre (FONSECA, 2008). 
Instalaram-se no litoral e lentamente foram para o interior, a partir do ciclo das especiarias e pau-
brasil, passando a plantação de cana-de-açúcar, criação de gado e a mineração, com a busca de 
pedras preciosas, ouro e prata.
Até o século XVII, a economia da colônia era açucareira, porém quando o açúcar brasileiro sofre 
forte concorrência com o das Antilhas, a colônia passa a descobrir metais. Os paulistas, que conheciam 
bem o sertão, vão abrir caminho até Minas. Ao descobrir ouro em Minas Gerais, teremos aqui a chegada 
milhares de aventureiros buscando o enriquecimento.
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A mineração levou a articulação econômica da colônia, integrando São Paulo, Rio, Bahia e por meio 
de São Paulo a região Sul. A atividade de mineração conta com especialidades, de modo que a mercadoria 
necessária para seu consumo vinha de fora. Assim, junto com os mineradores, vieram artesãos e comerciantes. 
Logo os agrupamentos de mineradores acabaram se tornando cidades, como: Ouro Preto, Sabará etc.
A busca pela riqueza trouxe sérias consequências para a terra do Brasil, já que foi castigada pelos 
vastos campos latifundiários (grandes porções de terras) de monocultura (a plantação de uma única 
espécie) e pastagens de animais. A monocultura aconteceu porque muitos produtos que não eram 
produzidos na Europa passaram a ser produzidos aqui, devido ao clima quente e por estarem em alta 
no mercado europeu. A Europa não estava industrializada na época dos descobrimentos e produzia os 
bens agrários para o próprio consumo. Essa colonização será marcada pela escravidão, em um primeiro 
momento os indígenas, em um segundo, os africanos. (HOLANDA, 1995)
Exercício resolvido:
Os portugueses quando chegaram às terras brasileiras não deram muito valor em colonizá-la. Analise 
as afirmativas abaixo:
I) A colonização de um povo erauma iniciativa bastante grande e com alto custo.
II) A coroa portuguesa não estava interessada em investir na colonização das terras brasileiras, já que 
estava envolvida com a expansão e o mercado de especiarias no Ocidente.
III) Em um primeiro momento, averiguou e colocou alguns representantes na terra, a partir de várias 
expedições exploratórias com o objetivo de mapear e trazer informações para a metrópole.
IV) Porém, com a crise do comércio na Europa da época, Portugal volta-se para a colônia em busca 
de pedras preciosas e outras fontes de lucro.
Escolha a alternativa que apresenta a afirmativa incorreta:
a) I
b) II
c) III
d) IV
e) I e IV
Resposta correta: B
Justificativa: A única afirmativa incorreta é a II, já que a coroa portuguesa estava envolvida com a 
expansão e o mercado de especiarias no oriente.
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MÓDULO 3
TEXTO I – Nossa matriz indígena
Os índios viviam aqui muito antes de os portugueses desembarcarem no Brasil. Eles tinham sua 
organização social e uma cultura com vários elementos simbólicos e que foram deixados de lado, 
negligenciados pelo colonizador. A partir da invasão das terras brasileiras, durante o período colonial, 
milhares de indígenas foram dizimados.
Em 1500 havia entre 1 e 5 milhões pessoas em nosso território, sendo a costa atlântica habitada 
apenas por muitos povos diferentes (LUCIANO, 2006). Havia 5 milhões de índios e atualmente a população 
é de 817.963 (IBGE, 2010), porque muita tragédia ocorreu na vida destes com a colonização: escravidão, 
guerras, doenças e massacres.
Segundo Darcy Ribeiro (apud MARCONI; PRESOTTO, 1998), em 1900 havia 230 grupos tribais que 
foram reduzidos em 1957 a apenas 43. Desapareceram 187 grupos indígenas do nosso território.
Vamos entender como isso ocorreu?
Primeiro, os portugueses chegaram aqui e não tinham conhecimento sobre esse povo. Não havia 
diálogo, além de uma ignorância total sobre esses povos. Os portugueses só estavam interessados no 
enriquecimento por meio do aquecimento do mercado mundial.
Os índios tinham um corpo biológico preparado para o ambiente em que viviam, com a vinda dos 
portugueses conjuntamente vieram suas doenças, bactérias que levaram a uma guerra biológica. Os 
índios indefesos frente às doenças trazidas acabaram morrendo.
Nesse processo de extermínio, além da colonização dos portugueses, a Igreja teve papel 
importantíssimo, pois em busca de ampliar seus domínios enviou várias missões para catequizar os 
índios, sendo estas também responsáveis pela morte de muitos deles, por meio da transmissão de 
doenças e contaminação das águas (FONSECA, 2008).
Muitos desses habitantes eram nômades, isto é, eram pessoas que não ficavam em um lugar por 
muito tempo. Mudavam em busca de alimento. Além disso, viviam de caça, da pesca e coletavam 
alimentos da floresta e, por isso mesmo, havia uma grande disputa por território entre eles, em busca 
de abundância de recursos.
Os índios que falavam a língua tupi eram considerados dominadores e bons guerreiros e instalaram-
se pelo território brasileiro. Eles eram mais corajosos e diversificados em sua cultura que os demais.
Desenvolveram muitos nomes para as coisas, objetos, animais e plantas. O que os diferenciava era o 
fato de serem os primeiros a realizar a produção agrícola, isto é, domesticaram plantas e raízes, “como 
a mandioca, o milho, a batata-doce, o feijão, o amendoim, o tabaco, a abóbora, o urucu, o algodão, o 
carauá, cuias e cabaças, as pimentas, o abacaxi, o mamão, a erva-mate, o guaraná, entre muitas outras 
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plantas” (RIBEIRO, 1995, p. 28), permitindo-lhes deixar de ser nômades, podendo se estabelecer em 
determinado território e formar as aldeias.
A agricultura é um fator importante para instalação e manutenção da existência desses povos em 
fixação territorial. Por exemplo, o cultivo da mandioca, representa uma das grandes façanhas desses povos 
(FONSECA, 2008): “Uma planta venenosa que, além do cultivo, precisava de uma forma de tratamento 
que pudesse torna-la própria para o consumo. Eles precisavam encontrar uma forma de retirar o ácido 
cianídrico da planta, que era venenoso”. Além disso, é uma fonte de alimento extraordinária, já que 
não precisava ser colhida e estocada, mantendo-se viva na terra durante meses. Além dessa, fizeram 
o cultivo de outros alimentos, como: milho, batata-doce, cará, feijão, pimenta, abacaxi, mamão, erva-
mate, guaraná etc. (RIBEIRO, 1995).
Segundo Ribeiro (1995), a autoridade dentro de um grupo indígena é exercida pelo chefe, geralmente 
o representante mais velho da tribo, ligada mais diretamente às tradições da cultura e a experiência do 
povo. Ele é uma espécie de mediador. Dentro das sociedades indígenas existem instituições e organizações 
culturais que se prestam à manutenção da tradição e que funcionam à base do exercício de poder.
Alguns ritos de passagem envolvem mortificações e experiências extremamente dolorosas e 
marcantes. Há ritos de passagem, rituais religiosos e papéis sociais bem definidos. A força da estrutura 
e poder das regras sociais são tão fortes que, em alguns grupos, as mulheres chegam a passar a vida 
inteira sem entrar em determinado lugar da aldeia, reservado aos homens, sem nem saber o que se 
passa lá dentro.
É importante perceber que a organização da sociedade indígena era marcada por características 
próprias, que fizeram parte do seu processo particular cultural. A divisão social é dada por meio do 
gênero, isto e, as tarefas são determinadas segundo o sexo. As mulheres se ocupam dos filhos, da 
coleta e da preparação do alimento, por exemplo, a mandioca, possibilitando que mantivessem contato 
entre si. Os homens praticavam a caça, pesca, abriam a clareira para plantação, construíam o abrigo e 
faziam a guerra. Por exemplo, as técnicas de caça utilizadas pelo povo tupi são até hoje surpreendentes. 
Habilidosos guerreiros atingiam o olho de um pássaro em voo. Além disso, conseguiam percorrer longas 
distâncias para guerrearem e atacar seus inimigos por mar (RIBEIRO, 1995). Dessa forma, foram se 
constituindo espaços sociais ligados a esta divisão de tarefas, que não se resumia apenas a agricultura. Os 
objetivos do grupo, os elementos culturais e tradicionais, os símbolos, fazem parte e são representantes 
de complexas redes de significado de um povo, caracterizando cada povo como único.
Todos os povos indígenas participaram da formação do povo brasileiro, alguns eram preferidos 
para escravidão por serem mais “dóceis”. Outros eram considerados inimigos e não aproveitáveis como 
escravos, como os Bororo, os Xavante, os Kayapo, os Kaingang etc.
Quando os colonizadores chegaram às terras brasileiras, muitas referências haviam sido deixadas 
pelos tupis. Perceba que a cultura brasileira e formada não só pela língua portuguesa, mas também 
pelas variadas línguas indígenas, veja alguns exemplos: abacaxi, açaí, acará, aguapé, aipim, amendoim, 
babaçu, biboca, caatinga, caba, cabiúna, caboclo, caburé, caeté, caiçara, caipora, cajá, caju, capoeira.
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Unidade I
Os índios eram povos praticamente autossuficientes. Um índio sabia produzir tudo o que precisaria 
ao longo da sua vida. Suas ferramentas, suas armas, sua casa, sua roça, o plantio e a colheita, seus 
instrumentos de trabalho, sua canoa, esteira, rede onde dormia, além de identificar os elementos do seu 
ambiente que poderiam servir para alimentação ou como medicamento. O conceito utilizado aqui e o de 
etnia, isto é, grupo com as mesmas características biológicas, físicas e culturais, valores, instituições etc.
TEXTO II – A exploração
A partir da colonização do nosso país, segundo Cristina Costa (2005),

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