Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO HUMANO E APRENDIZAGEM MOTORA Juliano Vieira da Silva Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir o desenvolvimento cognitivo e suas características. � Enumerar as fases e as características específicas do desenvolvimento cognitivo. � Avaliar o estágio de desenvolvimento cognitivo a partir de estudos de caso. Introdução Desde sua concepção, no período embrionário, o ser humano está se desenvolvendo e, até o envelhecimento, ele passa por inúmeras fases nesse processo, que pode ser um desenvolvimento físico, motor, social ou cognitivo. O desenvolvimento cognitivo apresenta características inerentes ao ser humano e, para desenvolvê-lo, algumas características são essenciais, como a memória, a percepção, a atenção e o raciocínio. Um dos pensa- dores importantes nessa área é Jean Piaget, que traz conceitos como a acomodação e a assimilação, bem como as fases de cada criança nesse desenvolvimento. Neste capítulo, você compreenderá os conceitos e as características do desenvolvimento cognitivo, bem como suas fases e seu estágio a partir de estudos de caso. Desenvolvimento cognitivo — conceitos e características O processo do aprender sempre causou grandes dúvidas e inquietações no ser humano. Há algum tempo tanto os profissionais da educação como da psico- logia se desdobram na tentativa de explicá-lo, sendo que, atualmente, diversas teorias falam como acontece a aprendizagem e suas variadas formas. O que se sabe é que esse processo envolve inúmeros aspectos como o biológico, o social, o psíquico e o cognitivo. No entanto, antes de abordar o desenvolvimento cognitivo, considere que o processo de aprendizagem acontece desde o período uterino até o estágio final da vida, sendo contínuo, permanente e cumulativo. Para o professor atingir seu objetivo ao ensinar, se faz necessário compreender tanto as características do seu aluno como do funcionamento desse processo de ensino-aprendizagem. Del Prette (2012) aponta que ela pode ser não reflexiva (que exige pouca atividade intelectual de parte de quem aprende) e reflexiva (quando requer uma capacidade cognitiva maior). Segundo Linhares (2017), o desenvolvimento cognitivo ocorre por meio de processos relativos à aquisição de conhecimento, os quais são a percepção (reconhecer determinada situação), a atenção (estar centrado nela), a memória (lembrar-se dela) e o raciocínio (resolver ou pensar nela). Veja a seguir o que significa cada um desses processos, segundo a autora. � Percepção: conjunto de processos psicológicos pelos quais as pessoas reconhecem, organizam, sintetizam e atribuem significado (no cére- bro) às sensações recebidas dos estímulos ambientais (nos órgãos dos sentidos). � Atenção: relação cognitiva entre a quantidade limitada de informação, que é realmente manipulada mentalmente, e a enorme quantidade de in- formação disponível por meio dos sentidos e das memórias armazenadas. � Memória: meios pelos quais as pessoas recorrem ao conhecimento passado, a fim de utilizá-lo no presente. Servem para codificar, arma- zenar e recuperar uma informação. � Raciocínio: processo cognitivo pelo qual uma pessoa pode inferir uma conclusão a partir de um grupo de evidências ou de declarações de princípios. Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos2 Os autores que seguem esta corrente enfatizam uma linha chamada de teorias cognitivas. Cavalcanti e Ostermann (2011, p. 31) apontam que ela “preocupa-se com o processo de compreensão, transformação, armazenamento e uso da informação envolvido na cognição e procura regularidades nesse processo mental”. Entre seus autores, se destacam Jerome Bruner, David Ausubel e, sobretudo, Jean Piaget. Jean Piaget (1896-1980), psicólogo e biólogo francês, é considerado um dos mais importantes pensadores relacionados à educação e aprendizagem. Ele desenvolveu conceitos usados até hoje, como a acomodação, a assimilação e, ainda, a teoria das fases de desenvolvimento. Você pode vê-lo na Figura 1. Figura 1. Busto de Jean Piaget, em Genebra, na Suíça. Fonte: EQRoy/Shutterstock.com. Piaget é o principal autor da linha construtivista, a qual não aceita uma visão imutável e tradicional de educação, em que o conhecimento está pronto e acabado. O construtivismo se baseia em mudanças de ordem qualitativa 3Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos que ocorrem no decorrer do desenvolvimento (LINHARES, 2017), no qual o conhecimento parte da interação dos seres humanos com os outros, com o meio ambiente e os objetos, e a aprendizagem somente acontece com a desordem e ordem daquilo que já existe dentro de cada sujeito (PIAGET, 1973). Esse processo de conhecimento baseado na interação se chama de assi- milação e acomodação. Segundo o Piaget (1973, p. 13), assimilação é: [...] uma integração a estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação. Linhares (2017) sublinha que ela é a incorporação de dados sobre os objetos, acontecimentos ou conceitos aos esquemas existentes. Por exemplo, ao ter um esquema de cachorro na mente, a criança pode chamar qualquer animal de quatro patas de cachorro. Já a acomodação é toda mudança de comportamento e alteração do sujeito, que acontece apenas quando este se transforma, amplia ou muda os seus es- quemas (NEVES, 2018). Linhares (2017) afirma que ela se trata de qualquer modificação de um esquema ou uma estrutura pelos elementos assimilados e leva à construção de novos esquemas de assimilação, promovendo, dessa forma, o desenvolvimento cognitivo (CAVALCANTI; OSTERMANN, 2011). Para Piaget (1973), somente há aprendizagem quando o esquema de assimila- ção sofre acomodação. Por exemplo, ao acomodar o esquema do cachorro, a criança sabe que não se aplica a um gato, apesar de ambos terem quatro patas. Acesse o link ou o código a seguir para assistir a um vídeo sobre o funcionamento dos processos de assimilação e acomodação. https://goo.gl/SrY2Du Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos4 Outro elemento importante na aprendizagem para Piaget é o processo de equilibração: A mente, sendo uma estrutura para Piaget, tende a funcionar em equilíbrio. No entanto, quando esse equilíbrio é rompido por experiências não assimiláveis, a mente sofre acomodação a fim de construir novos esquemas de assimilação e atingir novo equilíbrio. Esse processo de reequilíbrio é chamado de equili- bração majorante e é o responsável pelo desenvolvimento mental do indivíduo. Portanto, na abordagem piagetiana, ensinar significa provocar o desequilíbrio na mente da criança para que ela, procurando o reequilíbrio, se reestruture cognitivamente e aprenda (CAVALCANTI; OSTERMANN, 2011, p. 33). Há também outro elemento essencial na aprendizagem, o erro. La Taille, Oliveira e Dantas (1997, p. 25) citam que a teoria piagetiana da inteligência humana reorganizou o enfoque sobre esse aspecto, porque, para Piaget, se uma pessoa segue errando, três situações podem ocorrer. Na primeira, a pessoa não tem estrutura suficiente para compreender o conhecimento desejado e, para isso, deve-se criar um ambiente melhor de clima, diálogo ou trabalho para atingir tais estruturas. Já na segunda situação, ela pode estar com estruturas em formação e, portanto, trabalha-se com a ideia de que o erro é constitutivo e o professor deve fazer a mediação colaborando, assim, para que o aluno supere suas dificuldades. Na última, ela possui as estruturas formadas e não aprende, com isso, os procedimentos estão errados. Piaget aponta, ainda, que as respostas erradas são geralmente associadas à imprecisão ou à faltade conhecimento do aluno, porém, afirma que elas sublinham o estágio do pensamento da criança. Assim, o autor sugere que o professor, antes de tudo, observe a criança frente à tarefa dada para saber de qual ajuda ela necessita. Nesta seção, você viu os conceitos e as características do desenvolvimento cognitivo baseado nas ideias de Jean Piaget, assim como os conceitos de assimilação, acomodação e equilibração. No próximo tópico, serão abordadas suas fases, bem como suas características e diferenciações. Fases do desenvolvimento cognitivo Entre as análises dos modos de aprendizagem e conhecimento do ser hu- mano, Jean Piaget caracterizou, em quatro períodos, o estágio de desenvol- vimento cognitivo: sensório-motor, pré-operacional, operacional-concreto e operacional-formal. 5Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos Sensório-motor Abrange, aproximadamente, dos 0 aos 2 anos e está dividida em seis subestá- gios. Piaget (1973) aponta as seis características principais dessa fase. 1. Reflexo: no qual ela não se diferencia do mundo exterior, servindo como um conector entre o bebê e seu ambiente. Os bebês têm a capacidade de diferenciar objetos (como quando aprendem que alguns podem ser sugados, e outros não); quanto à integração, característica que permite uma coordenação com as duas mãos, por exemplo, quando seguram um brinquedo com uma mão, e o braço da mãe com a outra (COLE, M.; COLE, S. R., 2003). 2. Primeiras diferenciações: nelas, existe uma coordenação entre mão e boca, bem como uma diferenciação entre pegar e sugar, surgem os primeiros sentimentos como a alegria, a tristeza, o prazer e desprazer, que estão ligados à ação. Meneses (2012) aponta que, nessa etapa, os bebês também começam a se atentar aos sons, demonstrando capacidade de coordenar diferentes tipos de informações sensoriais, como visão e audição, e seu universo visual com o tátil. 3. Reprodução de eventos interessantes: nela, surge os primeiros sons da fala, e os bebês começam a entender que os objetos são mais que extensões de suas próprias ações, no entanto, não possuem noção de espaço a sua volta (COLE, M.; COLE, S. R., 2003). 4. Coordenação de esquemas: nela, começa-se a usar um esquema em outras coisas para ver se obtém o mesmo resultado, por exemplo, a criança balança um chocalho e vê que aquilo faz barulho, ao pegar outro objeto, ela vai balançar para ver se também fará barulho. 5. Experimentação: nela, há a invenção de novos meios, a criança passa a criar novos comportamentos, ações a partir da tentativa e do erro, bem como consegue a inteligência ao solucionar problemas. Meneses (2012) cita que ela realiza imagens mentais, a capacidade de representar de modo simbólico uma realidade mentalmente. 6. Representação: nela, começa-se a ter um sentimento de escolha, o que quer ou não fazer. A criança passa a escolher objetos, brinquedos de que mais gosta, preterindo os demais. Piaget aponta que, até os 8 meses, há uma total ausência de noção, em que, se um objeto é ocultado da frente da criança, ela age como se ele não existisse mais, como a brincadeira em que os pais cobrem o rosto, sendo que, para ela, Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos6 eles não estão mais ali. A partir dessa idade, existe o desenvolvimento, a noção de que algo segue a existir mesmo que não esteja em sua frente (LINHARES, 2017). Depois dos 18 meses, a criança passa a ter um pensamento representa- tivo, a representar o que não está ausente, usando, assim, as imagens mentais para realizar ações. Pré-operacional Abrange, aproximadamente, dos 2 aos 6 anos e chama-se de fase pré-escolar, na qual surge a inteligência simbólica, como uso de imagens e da linguagem (Figura 2). Neves (2018, documento on-line) aponta algumas das principais características dessa fase: Primeira – a imitação diferida ou imitação de objetos distantes; segunda – jogo simbólico é também imitativo, a criança não se preocupa se o outro irá entendê-la, ela se preocupa com o seu entendimento, é uma forma de se auto expressar; terceira – desenho, é a sua forma de deixar uma marca, ela desenha o que quer, sendo ou não real; quarta – imagem mental, as imagens são estáticas, são imagens que representa o interno, algo que já foi passado; quinta – linguagem falada, a criança começa a falar uma palavra como se fosse uma frase, aos pouco ela vai aumentando o seu repertório vocábulo. Figura 2. Criança na fase pré-operacional. Fonte: Sunny studio/Shutterstock.com. 7Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos Nesta fase, o pensamento se caracteriza por ser egocêntrico, intuitivo e mágico. O egocentrismo ocorre por volta dos 4 aos 5 anos, no qual a criança imagina que todos pensam como ela. Linhares (2017) aponta que o pensamento pré-operacional é marcado por irreversibilidade e uma certa confusão entre a aparência e a realidade. A irreversibilidade se caracteriza por pensamentos como um machucado ou uma lesão ser incurável. Já na confusão entre aparência e realidade, pode-se pensar que um monstro ou um vilão de um desenho vai atacá-lo. Operacional-concreto Abrange, aproximadamente, dos 7 aos 11 anos e se caracteriza como a fase escolar, em que a criança desenvolve os pensamentos lógicos e começa a apresentar argumentos mais elaborados para suas questões, como aponta Neves (2018, documento on-line): A criança descentra suas percepções e acompanha as transformações, ela também começa a ser mais social saindo da sua fase egocêntrica ao fazer o uso da linguagem, a fala é usada com a intenção de se comunicar, ela percebe que as pessoas podem pensar e chegar a diferentes conclusões, sendo elas diferentes das suas, ela interage mais com as pessoas, quando aparece um conflito ela usa o raciocínio para resolver. Linhares (2017) diz que o pensamento nesse período é reversível com coordenações mentais e esquemas conceituais, em que se passa a compreender noções lógico-matemáticas de conservação de massa, volume e classificação. Já o egocentrismo diminui, surgindo a ideia de equipe e cooperação. Operacional-formal Esta fase, adolescente, ocorre após os 12 anos, aproximadamente, em que surge o pensamento hipotético-dedutivo e se começa a levantar hipóteses e deduzir conclusões. Piaget (1973) aponta que o adolescente usa esquemas aprendidos Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos8 dos estágios anteriores para fortalecer as hipóteses deste estágio, assim ele vai aprimorando cada vez mais os estágios anteriores. Deste estágio em diante o que ocorre é o aperfeiçoamento dos estágios passados. Esse período é marcado por inteligência abstrata (operações formais), pensamento igualmente abstrato, reflexão de conceitos não concretos reais ou observáveis e experiência. O egocentrismo tende a desaparecer, tendo o aumento significativo do processo de socialização e a construção da autonomia. Neste tópico, foram apresentadas as fases do desenvolvimento cognitivo segundo a teoria piagetiana. Na sequência, você acompanhará estudos de caso conforme os estágios citados. Desenvolvimento cognitivo a partir de estudos de caso Neste tópico, serão abordados estudos de caso com crianças para que se possa avaliar seu desenvolvimento cognitivo, os quais investigam casos ou indivíduos específicos, resultando em minuciosa observação e, logo após, interpretação do avaliado. Para realizar um estudo de caso, o professor pode utilizar as provas ope- ratórias criadas por Jean Piaget: Por meio da aplicação das provas operatórias, teremos condições de conhecer o funcionamento e o desenvolvimento das funções lógicas do sujeito. Sua aplicação nos permite investigar o nível cognitivo em que a criança se encon- tra e se há defasagem em relação à idade cronológica, ou seja, um obstáculo epistêmico (SAMPAIO, 2010, p. 41). As provas operatórias avaliarão o estágio de desenvolvimento por meio da noção de tempo, número, causalidade,conservação, etc. Sua forma de organização é pelo diálogo com perguntas e respostas nas quais se busca o entendimento do pensamento da criança. 9Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos Veja a seguir a análise de dois estudos de caso referentes ao desenvolvi- mento cognitivo. Estudo de caso 1 Atividades propostas: Foram espalhadas diferentes bolas (de tamanhos e cores variadas) e solicitado ao aluno para que ele as organizasse na seguinte sequência: por tamanho, por cores e das menores para as maiores. Idade do aluno: 5 anos. Ações da criança: � separou corretamente a bola por cores; � separou corretamente a bola por tamanho, porém, mostrou-se surpresa com eles; � mostrou-se dispersa para realizar a tarefa; � teve o pensamento focado em si mesma. Após a tarefa, os resultados foram estes: � classifica as cores; � reconhece a diferença de tamanhos; � é imatura no princípio da conservação; � possui pensamento reversível; � é egocêntrica; � tem pouca concentração. No estudo de caso relatado, a criança apresenta um desenvolvimento cog- nitivo de acordo com sua idade, pois possui características inerentes à sua fase, ao período pré-operatório. O pensamento tem características reversas e egocêntricas, e os reconhecimentos e as classificações estão dentro do período adequado. Apesar de estar de acordo com sua idade, o professor pode estimular o aluno no que ele ainda apresenta uma maior dificuldade. A busca pela socialização nessa fase também é um fator importante. Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos10 Estudo de caso 2 Atividades propostas: Espalhar fichas coloridas (cartolinas) e pedir ao aluno que faça, com elas, o maior número de combinações de cores possíveis. Pedir que faça todas as duplas possíveis sem repetir. É valido fazer a combinação visual com um par. Cores das fichas: azul, vermelho, verde, amarelo, laranja e preto. Idade do aluno: 11 anos. Ações da criança: � não conseguiu fazer muitas combinações; � não estabeleceu critérios entre as cores; � apresentou dificuldades de interação com o avaliador; � teve o pensamento focado em si mesma; � ficou dispersa na realização da tarefa. Dados do aluno: � realiza apenas atividades concretas; � possui dificuldade para usar as diversas formas de linguagem; � tem problemas de interação; � possui pensamento egocêntrico; � tem média concentração; � apresenta-se pouco cooperativa. Neste caso, tem-se um adolescente que ainda não desenvolveu cognitiva- mente as fases do pensamento operacional-formal, o qual corresponde à sua idade. A criança ainda apresenta características dos períodos anteriores (pré- -operatório e operacional-concreto) como a realização de atividades concretas e a dificuldade para usar as formas de linguagem. Aqui, o aluno já não tende a ter o pensamento egocêntrico, o qual passa a ser hipotético-dedutivo com as linguagens desenvolvidas. O professor precisa explorar as diversas formas de linguagem para esti- mular o aluno para que, por meio dela, possa obter resultados nas atividades. A cooperação e a integração também devem ser desenvolvidas para fortalecer o desenvolvimento cognitivo. 11Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos Estudo de caso 3 Atividades propostas: Mostrar duas fitas, uma larga e outra estreita, e perguntar ao aluno: se na estrada A vai se caminhar a mesma coisa que na estrada B? A estrada A é menos comprida, mais comprida ou a mesma coisa que a estrada B? Depois, as fitas são deformadas, e se pergunta se a formiguinha vai caminhar a mesma coisa nessas duas estradas? Em seguida, faz-se o mesmo com curvas. Idade do aluno: 6 anos. Ações da criança: � não conservou o tamanho quando a fita foi transformada; � não conseguiu justificar o porquê de suas respostas; � fez apenas apontamentos. Dados do aluno: � realiza apenas atividades concretas; � possui dificuldade para usar as diversas formas de linguagem; � tem média concentração. Neste estudo de caso, a criança apresenta um desenvolvimento cognitivo de acordo com sua idade, pois possui características inerentes à sua fase, ao período pré-operatório, em que ainda não consegue conservar o princípio do tamanho, nem justificar o porquê de suas escolhas. Nesse caso, é importante que o professor busque ajudar nas dificuldades dos alunos, o estimulando. Neste capítulo, você estudou o desenvolvimento característico, os con- ceitos e as características baseados na teoria de Piaget, como a assimilação, a acomodação, a equilibração e a importância do erro para a aprendizagem. Retomando as ideias de Linhares (2017), assimilação se trata da incor- poração de dados sobre objetos, acontecimentos ou conceitos aos esquemas existentes; e acomodação, qualquer modificação de esquema ou estrutura pelos elementos assimilados. Já a equilibração é um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. Piaget cita a importância do erro ao aprender, pois este sublinha o estágio do pensamento da criança, e propõe as fases de desenvolvimento (sensório-motor, pré-operatório, operacional-concreto e operacional-formal. Por fim, você viu as características de três crianças para análise de estudo de caso. Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos12 CAVALCANTI, C. J. H.; OSTERMANN, F. Teorias de Aprendizagem. Porto Alegre: Evangraf; UFRGS, 2011. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/sead/servicos-ead/publicacoes-1/ pdf/Teorias_de_Aprendizagem.pdf>. Acesso em: 7 ju. 2018 COLE M.; COLE, S R. O desenvolvimento da criança e do adolescente. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões? In: GUZZO, R. S. L. (Org.). Psicologia escolar: LDB e educação hoje. 4. ed. Campinas, SP: Alínea, 2012, p. 11-34. LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: perspectivas psico- genéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1997. LINHARES, M. B. Desenvolvimento cognitivo. 2017. Disponível em: <https://edisciplinas. usp.br/pluginfile.php/3197594/mod_resource/content/1/Desenvolvimento%20Cogni- tivo%20e%20Plasticidade%20Neural.pdf>. Acesso em: 7 jul. 2018. MENESES, H. S. O período sensório-motor de Piaget. 2012. Disponível em: <https:// pt.slideshare.net/rosellematos/o-perodo-sensrio>. Acesso em: 7 jul. 2018. NEVES, R. S. O desenvolvimento cognitivo. Disponível em: ?<https://meuartigo.brasiles- cola.uol.com.br/educacao/o-desenvolvimento-cognitivo.htm>. Acesso em: 7 jul. 2018. PIAGET, J. A psicologia. 2. ed. Lisboa: Bertrand, 1973. SAMPAIO, S. Manual do diagnóstico psicopedagógico clínico. Rio de Janeiro: WaK, 2010. 13Desenvolvimento cognitivo: fases, características e comportamentos
Compartilhar