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Resenha - Pego de surpresa: improvisação na dança e na mente (2020)

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Faculdade Paulista de Artes
Improvisação - Prof.ª Ms. Luciana Hoppe
Ana Caroline Cabral Assuncion Recalde - 6º semestre
Resenha “Pego de surpresa: improvisação na dança e na mente” de Susan
Leigh Foster
A abordagem do texto de Susan Leigh Foster (2003), dividido em manifestos,
passa por diversos aspectos da improvisação em dança, com diversas reflexões
sobre corporeidade, dança e questões político-filosóficas.
No manifesto fenomenológico, Foster (2003) traz um grande ponto de partida
para o entendimento da improvisação: a relação entre conhecido e desconhecido.
Foster (2003) aponta as referências estruturais e a predisposição corporal adquirida
pela rotina do indivíduo, como meios de colaboração à performance, em conexão
com o desconhecido que, pela improvisação, pressiona o corpo a testar limites
através do que não foi previsto. Levando à questão de que até as ações
pré-determinada possuem uma certa hesitação, dando um toque suspense no
momento de sua execução, no contato com o aqui/agora. Contudo, Foster (2003)
entra no aspecto histórico lembrando que este está atrelado ao conhecido, focando
padrões de comportamento e documenta resíduos que deixaram efeitos. A partir
disso, ela tece um questionamento sobre o fato do historiador interagir com
documentações na tentativa de decifrar a mudança ao longo do tempo e
negligenciando a possibilidade da relação conhecido/desconhecido, que, de acordo
com ela, criam outros efeitos também.
Ao dizer que a ação corporal da improvisação é um gênero de discurso,
Foster (2003) traz a reflexão sobre a não fragmentação de mente e corpo, ao
levantar que cada esforço é preenchido por pensamento, não há separação. Na
improvisação existe a consciência do que está para acontecer, o que está
acontecendo e o que já aconteceu. Foster (2003) ainda aponta a precipitação ao se
pensar que improvisação não demanda técnica, quando, na verdade, o corpo só
estabelece relações entre conhecido e desconhecido a partir de suas práticas
intensivas, onde estes encontrarão expressão, além do fato do performer ter a
necessidade de possuir consciência lúcida sobre princípios de composição. Nesta
parte, em particular, penso na observação da professora ms. Lícia Maria Morais
Sánchez no livro “A dramaturgia da memória no teatro dança”, ao apontar sobre a
maneira de criação de Pina Baush e em seu discurso onde dizia que as
improvisações nos processos de criação não deveriam ser movimentos
negligenciados e que o material produzido deveria estar na consciência dos
bailarinos (SÁNCHEZ, 2010).
Foster (2003) também analisa as ações que não são nem passiva nem
ativas, refletindo sobre um corpo que não só executa ou comanda, mas que
move-se com, seja lá o que o estiver acompanhando, deixando cair conceitos de
iniciativas individuais que acabam em relações de poder. Ela aponta que este corpo
cria uma voz média, onde a consciência transita entre pontos de vista.
Foster (2003) esclarece os fins abertos de seus manifestos como um convite
para novos diálogos e estabelece uma relação entre os discursos falado e dançado.
Referências
FOSTER, Susan Leigh. Taken by surprise: Improvisation in Dance and Mind. In:
ALBRIGHT, Ann Cooper & GERE, David (orgs.). Taken by surprise: A Dance
Improvisation Reader. Middletown: Wesleyan University Press, 2003, p. 3-10.
SÁNCHEZ, Licia Maria Morais. A dramaturgia da memória no teatro-dança. São
Paulo: Perspectiva, 2010.

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