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Faculdade Paulista de Artes Improvisação - Prof.ª Ms. Luciana Hoppe Ana Caroline Cabral Assuncion Recalde - 6º semestre Resenha “Pego de surpresa: improvisação na dança e na mente” de Susan Leigh Foster A abordagem do texto de Susan Leigh Foster (2003), dividido em manifestos, passa por diversos aspectos da improvisação em dança, com diversas reflexões sobre corporeidade, dança e questões político-filosóficas. No manifesto fenomenológico, Foster (2003) traz um grande ponto de partida para o entendimento da improvisação: a relação entre conhecido e desconhecido. Foster (2003) aponta as referências estruturais e a predisposição corporal adquirida pela rotina do indivíduo, como meios de colaboração à performance, em conexão com o desconhecido que, pela improvisação, pressiona o corpo a testar limites através do que não foi previsto. Levando à questão de que até as ações pré-determinada possuem uma certa hesitação, dando um toque suspense no momento de sua execução, no contato com o aqui/agora. Contudo, Foster (2003) entra no aspecto histórico lembrando que este está atrelado ao conhecido, focando padrões de comportamento e documenta resíduos que deixaram efeitos. A partir disso, ela tece um questionamento sobre o fato do historiador interagir com documentações na tentativa de decifrar a mudança ao longo do tempo e negligenciando a possibilidade da relação conhecido/desconhecido, que, de acordo com ela, criam outros efeitos também. Ao dizer que a ação corporal da improvisação é um gênero de discurso, Foster (2003) traz a reflexão sobre a não fragmentação de mente e corpo, ao levantar que cada esforço é preenchido por pensamento, não há separação. Na improvisação existe a consciência do que está para acontecer, o que está acontecendo e o que já aconteceu. Foster (2003) ainda aponta a precipitação ao se pensar que improvisação não demanda técnica, quando, na verdade, o corpo só estabelece relações entre conhecido e desconhecido a partir de suas práticas intensivas, onde estes encontrarão expressão, além do fato do performer ter a necessidade de possuir consciência lúcida sobre princípios de composição. Nesta parte, em particular, penso na observação da professora ms. Lícia Maria Morais Sánchez no livro “A dramaturgia da memória no teatro dança”, ao apontar sobre a maneira de criação de Pina Baush e em seu discurso onde dizia que as improvisações nos processos de criação não deveriam ser movimentos negligenciados e que o material produzido deveria estar na consciência dos bailarinos (SÁNCHEZ, 2010). Foster (2003) também analisa as ações que não são nem passiva nem ativas, refletindo sobre um corpo que não só executa ou comanda, mas que move-se com, seja lá o que o estiver acompanhando, deixando cair conceitos de iniciativas individuais que acabam em relações de poder. Ela aponta que este corpo cria uma voz média, onde a consciência transita entre pontos de vista. Foster (2003) esclarece os fins abertos de seus manifestos como um convite para novos diálogos e estabelece uma relação entre os discursos falado e dançado. Referências FOSTER, Susan Leigh. Taken by surprise: Improvisation in Dance and Mind. In: ALBRIGHT, Ann Cooper & GERE, David (orgs.). Taken by surprise: A Dance Improvisation Reader. Middletown: Wesleyan University Press, 2003, p. 3-10. SÁNCHEZ, Licia Maria Morais. A dramaturgia da memória no teatro-dança. São Paulo: Perspectiva, 2010.
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