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Copyright © 2016 by Paco Editorial Direitos desta edição reservados à Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. Revisão: Taine Fernanda Barriviera Capa: Matheus de Alexandro Diagramação: Matheus de Alexandro Edição em Versão Impressa: 2016 Edição em Versão Digital: 2016 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) F5862 Fiuza, Patricia Jantsch; Lemos, Robson Rodrigues. Tecnologias Interativas Mídia e Conhecimento na Educação/Patricia Jantsch Fiuza; Robson Rodrigues Lemos (orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2016. Recurso Digital Formato: ePub Requisitos do Sistema: Multiplataforma ISBN: 978-85-4620-257-7 1. Tecnologias Interativas 2. Educação 3. Educação a distância 4. Cultura digital. I. Fiuza, Patricia Jantsch. II. Lemos, Robson Rodrigues. CDD: 371 Conselho Editorial Profa. Dra. Andrea Domingues (UNIVAS/MG) (Lattes) Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi (FATEC-SP) (Lattes) Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna (UNESP/ASSIS/SP) (Lattes) http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4771296D1 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=S219507 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=N133032 Prof. Dr. Carlos Bauer (UNINOVE/SP) (Lattes) Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha (UFRGS/RS) (Lattes) Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa (FURG/RS) (Lattes) Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes (UNISO/SP) (Lattes) Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira (UNICAMP/SP) (Lattes) Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins (UNICENTRO-PR) (Lattes) Prof. Dr. Romualdo Dias (UNESP/RIO CLARO/SP) (Lattes) Profa. Dra. Thelma Lessa (UFSCAR/SP) (Lattes) Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt (UNIPAMPA/RS) (Lattes) Prof. Dr. Eraldo Leme Batista (UNIOESTE-PR) (Lattes) Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani (UNIMEP-Piracicaba-SP) (Lattes) Paco Editorial Av. Carlos Salles Bloch, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 Telefones: 55 11 4521.6315 | 2449-0740 (fax) | 3446-6516 atendimento@editorialpaco.com.br www.pacoeditorial.com.br http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4784829U9 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4703614A6 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4700965H9 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=P468677 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4707925D1 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4704828P6 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4780765Z3 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4763549E2 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4737948P1 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4759425A1 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4730996E0 mailto:atendimento@editorialpaco.com.br%0D?subject=Livro%20Teoria%20da%20Hist%C3%B3ria%20-%20Paco%20Editorial http://www.editorialpaco.com.br Sumário Folha de Rosto Apresentação Prefácio Capítulo 1 — Tecnologias de educação a distância como promotores do diálogo interdisciplinar Capítulo 2 — Inovação tecnológica e inclusão social Capítulo 3 — Tecnologias na educação: novos paradigmas de interação e construção de conhecimento Capítulo 4 — Educação multimídia, construindo uma cultura digital Capítulo 5 — Tecnologias interativas para educação utilizando multimídia, computação gráfica e medicina virtual Capítulo 6 — Educação superior a distância no Brasil Capítulo 7 — Educação a distância: referenciando as ações participativas e as mudanças no ensino superior Capítulo 8 — A audiodescrição como uma ferramenta indispensável para o acesso da pessoa cega na educação a distância Capítulo 9 — Educação híbrida e a distância no Canadá Capítulo 10 — Distribuição de vídeo com escalabilidade espacial em um serviço webtv: desenvolvimento e perspectivas em mídia-educação Autores Página Final APRESENTAÇÃO Este livro reúne um conjunto de trabalhos produzidos para integrar o I Seminário de Mídia e Conhecimento (MIDCON) do Grupo de Pesquisa em Mídia e Conhecimento da UFSC/CNPq no campus de Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O MIDCON foi promovido pela Instituição em 2014, com o apoio da FAPESC – Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina e se propôs a criar espaços para o debate das temáticas relacionadas à Mídia e Conhecimento, Educação, Tecnologias e Cultura Digital de maneira democrática e universal. O evento se caracterizou pela participação de palestrantes nacionais, com o uso intenso das tecnologias de informação e comunicação, bem como pela difusão e discussão entre os membros da comunidade interna e externa desta que é uma importante área de conhecimento e estudo da atualidade. O MIDCON conta com o apoio do Grupo de Pesquisa em Mídia e Conhecimento da UFSC/CNPq (GPM&C) bem como do Laboratório de Mídia e Conhecimento (LabMídia). Não é preciso ressaltar que a temática das mídias aplicadas à educação, bem como o desenvolvimento e disseminação de novos conhecimentos são essenciais à instituição universidade. Os trabalhos aqui reunidos contribuem para o fortalecimento destas áreas e fomentam o debate e a reflexão sobre a inserção das tecnologias e inovações no contexto educacional. Assim, o livro está composto por dez artigos que são apresentados a seguir. O primeiro capítulo, intitulado “Tecnologias de Educação a Distância como Promotores do Diálogo Interdisciplinar”, trata do tema da interdisciplinaridade que perpassa pelo uso das tecnologias na educação. No capítulo dois, “Inovação Tecnológica e Inclusão Social”, os autores sustentam que inovações tecnológicas devam contribuir não somente para o desenvolvimento econômico, mas também para a inclusão social. O trabalho “Tecnologias na Educação: novos paradigmas de interação e construção de conhecimento” apresenta conceitos relacionados ao uso das tecnologias na educação, às tecnologias como meios de inclusão e o M- learning, no capítulo três. As atividades de pesquisa e extensão do GPM&C e LabMídia são apresentados no capítulo quatro: “Educação Multimídia, construindo uma Cultura Digital”. A experiência do uso de multimídia e computação gráfica em aplicações para o desenvolvimento de ferramentas computacionais interativas para educação, ensino e treinamento para anatomia muscular e cirurgias laparoscópicas são apresentados no capítulo cinco com o tema: “Tecnologias Interativas para Educação utilizando Multimídia, Computação Gráfica e Medicina Virtual”. O ensino superior e a educação a distância são discutidos nos capítulos seis, sete e oito. Inicialmente, apresenta-se e discute-se o cenário da EaD na educação superior brasileira em “Educação Superior a Distância no Brasil”, as mudanças nas IES em decorrência dos processos de avaliação externa de cursos a distância pelo MEC são discutidas em “Educação a Distância: Referenciando as Ações Participativas e as Mudanças no Ensino Superior”. A acessibilidade ao Moodle, relativa à Tecnologia Assistiva com foco na audiodescrição, é descrita no capítulo “A Audiodescrição como uma Ferramenta Indispensável para o Acesso da Pessoa Cega na Educação a Distância”. No capítulo nove apresenta-se uma visão ampla de como dispositivos tecnológicos, educação online, métodos de ensino e aprendizagem baseados em tecnologia são utilizados no contexto de educação híbrida e a distância no Canadá, um país com os melhores níveis de educação do mundo. O capítulo dez, “Distribuição de Vídeo com Escalabilidade Espacial em um Serviço Webtv: Desenvolvimento e Perspectivas em Mídia-Educação”, descreve o estudo e o desenvolvimento de uma arquitetura de serviço de WebTV para fins educacionais, no âmbito das pesquisas do Grupo de Pesquisa Informática Aplicada – Kiron – e pelo Grupo de Pesquisa Interdisciplinarem Educação e Cultura Digital, ambos certificados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no Brasil. Aproveitamos para agradecer às agências financiadoras, à UFSC e à FAPESC, sensíveis ao desenvolvimento da pesquisa científica, que por meio de bolsas de iniciação científica e fomento deram apoio para o Grupo de Pesquisa em Mídia e Conhecimento da UFSC/CNPq (GPM&C) no desenvolvimento do MIDCON que deu origem a este livro. De nossa parte esperamos que esta obra contribua com a sensibilização, reflexões e novas práticas com e para o uso das tecnologias àqueles que fazem educação e possam cada vez mais incorporar as mídias e o conhecimento na educação com qualidade e inovação. Desejamos também que a leitura desta obra estimule e divulgue as pesquisas e o uso dos recursos tecnológicos na educação. Patricia Jantsch Fiuza Robson Rodrigues Lemos Organizadores PREFÁCIO Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? (Drummond) Nada mais apropriado para dizer de um prefácio que os versos de Drummond. O prefácio pode ser o introdutório ao assunto que direciona a leitura, mas pode ser também o prelúdio da sinfonia, que prepara os sentidos para todos os sons da orquestra. As notas escolhidas cativam e emocionam. Muitas vezes parece ensaio, passagem de som, mas, na verdade, é tom, e o tom define a sinfonia. Ao ler as diversas falas neste compêndio, foi assim que percebi o desafio de acompanhar a maestria dos organizadores no sentido de orquestrar as vozes, inquietas, curiosas, alvissareiras, descrentes, alertas, atentas, apaixonadas dos autores. Prospectar a fenda, redigir a partitura, alvissarar o leitor é o propósito deste pequeno trecho. Um livro, seja ele escrito por um ou dois ou dezessete autores, não diz da multidão que, no silêncio, ressoa. Esse contempla a inquietação, a motivação, o desejo de se dizer, de se tesser e de se encontrar, no dilúvio das informações que gravitam, o termo Tecnologias – Tecnologia de Informação e Comunicação – Novas Tecnologias – Tecnologias de Educação a Distância – Tecnologias Híbridas – Tecnologias Digitais – Tecnologias Interativas – Tecnologias de Educação – Tecnologia Inovadora – Tecnologia Inclusiva – Tecnologia Exclusiva, Tecnologia em si (por nossa conta). Os capítulos são vozes de professores e estudantes que buscam evidenciar suas percepções e experimentações nos diversos processos de interação com a Tecnologia. Roubando Bradbury, a escrita, seja literária ou cientifica é a história de cada história e deve então parecer como o noticiário da previsão do tempo: quente hoje, fresco amanhã, à tarde, incendiante. Importa que exploda, esmigalhe, desintegre as certezas e espalhe a água fria da crítica sobre as brasas incandescentes e apaixonadas. O exercício da ciência mora na incerteza, na dúvida, na busca constante. Esta obra leva o pensamento de um ponto ao outro e, de recorrente, só as interrogações. O seu propósito provocativo instiga a leitura na busca de seus links. Não é um tema desenhado e concluído, são diversos temas abertos, expostos, tecidos no espírito do ensaio, da discussão, remete à complementação. Bem apropriado ao movimento fluídico da construção hipertextual, interdisciplinar. Parece assim um rizoma fértil que prenuncia, em linhas, entrelinhas, sublinhas, o entendimento da profusão que emerge no contexto transmidiático da comunicação digital. Chegue mais perto, insira, de seu olhar, a chave. Araci Hack Catapan Florianópolis, agosto 2015 CAPÍTULO 1 TECNOLOGIAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COMO PROMOTORES DO DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR Patricia de Sá Freire Fernando José Spanhol Tarcísio Vanzin Introdução A preocupação com a competitividade tem sido o foco das políticas de desenvolvimento socioeconômico de países como Estados Unidos, França, Canadá, Coreia do Sul e China. Esses países vêm investindo em grande escala em setores da economia que fortalecem a competitividade não somente de uma empresa ou setor, mas que impactam na economia do país como um todo. Essa visão determinou que a Comunidade Europeia consagrasse o ano de 2009 como o “Ano da Criatividade e Inovação”1 dando-lhe permissão para focar investimentos para o desenvolvimento de áreas ligadas à Inovação Tecnológica. No Brasil, não tem sido diferente. No tripé de inovação (universidade- empresa-governo) o governo brasileiro vem fazendo sua parte ao atuar na direção da inovação tecnológica incorporando a inovação às políticas públicas; primeiro, com os fundos setoriais, depois, com a política de desenvolvimento produtivo e com planos de ação em ciência e tecnologia. Destacam-se a Política de Desenvolvimento Produtivo e o Plano 2007-2010 – Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional, nos quais considerou-se a Inovação como um dos fatores centrais para o fortalecimento sustentável da posição brasileira no ambiente internacional (ABDI – Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial, 2009). O estudo que deu causa ao documento “Conhecimento e Inovação para a Competitividade” (Banco Mundial, 2008), identificou que a falta de inovação era o ponto mais recorrente no Brasil e, como consequência, quando comparado aos outros países em crescente desenvolvimento, no caso a China e a Índia, o Brasil apresenta forte lentidão em seu processo de crescimento. Foram indicadas três causas para explicar esse fenômeno. A primeira é a fraca oferta de serviços educacionais de qualidade acessível a todos os brasileiros. A segunda causa indicou que o Brasil tem buscado a inovação de ponta (intensiva em capital que produz avanços tecnológicos em nível mundial) e ignora as inovações incrementais dos processos de produção, que tendem a render os maiores resultados econômicos, principalmente para pequenas e médias empresas. A terceira causa apontada pelo estudo é a alta dependência do país em promover a inovação por meio de incentivos governamentais, desprezando o caminho mais eficiente para organizações e menos oneroso para o país, que seriam as parcerias no setor privado e entre universidades e empresa, que normalmente se espalha mais rapidamente por toda a economia. Esse cenário, porém, só poderá ser remodelado por um complexo conjunto de variáveis interdependentes, dentre as quais se encontra a demanda por profissionais capacitados a articular os seus conhecimentos com os conhecimentos tecnológicos, de maneira sustentável, considerando sistemicamente as variáveis ambientais, políticas e sociais. Nas palavras de John Briscoe (Banco Mundial, 2008), esta economia global conhecida como a “Economia do Conhecimento” necessita de trabalhadores inovadores e com boa escolaridade (e não matérias-primas e capacidade de produção industrial), são a chave da competitividade. Ou seja, para se integrar ao mundo competitivo, o Brasil precisa de empresas tecnologicamente preparadas, capazes de competir globalmente agregando conhecimento à matriz industrial. Isso se dá por meio da integração universidade-empresa-governo, através de bons cursos, boa capacidade de pesquisa e profissionais capazes de integrar esses setores. Também, as novas condições socioeconômicas redesenham outros processos de formação e qualificação profissional, pressionando as instituições de ensino superior a se remodelarem continuamente, uma vez que o ensino e a pesquisa devem ser indissociáveis nas universidades, e se não forem, estes ficarão defasados no que se refere a atender às novas necessidades, as demandas da sociedade, e aos avanços no conhecimento científico (Magna Charta Universitatum, 1988, p. 2). Neste caminho, coerente com as iniciativas para fortalecer a imagem do Brasil Inovador, desativando obstáculos até o momento ativos, foi lançado o Programa de Apoio à Reestruturação e Expansão das Universidades Federais Brasileiras – Reuni – para aumentar a oferta de educação superior de qualidade. Nas diretrizes do Reunihá a prescrição para o aumento da quantidade de vagas para novos alunos – ingressos –, especialmente para o período noturno, com vistas a otimizar a infraestrutura física dos campos universitários do país. À preocupação quanto ao número de vagas oferecidas pelas universidades públicas, soma-se a identificação da elevada taxa de evasão e migração entre os cursos, seja por imaturidade de escolha dos ingressos, seja pela própria descoberta de outras competências e interesses ou pelas mudanças ocorridas no mercado de trabalho. Surge então, a proposição de cursos universitários fortemente apoiados em tecnologias de educação a distância como mecanismos de reaproveitamento interno dos alunos evadidos, ampliando a perspectiva de redução das vagas ociosas por promover uma melhor utilização da estrutura acadêmica. Inclusive, as tecnologias da educação ajudam a diversificar as modalidades de cursos existentes ao articular a educação superior com a educação básica, profissional e tecnológica, facilitando, ainda, o caminho pela formação verticalizada. Neste contexto nasce o objetivo deste estudo, de analisar o papel das tecnologias de educação a distância para o desenvolvimento do Brasil competitivo. 1. Sentido de urgência da Inovação Tecnológica A Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) é uma proposição e um estímulo à participação do Governo Federal para que seja instalada a Iniciativa Nacional pela Inovação (INI), consolidando a parceria público- privada a exemplo do já bem-sucedido Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP). As dimensões de atuação propostas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) são as que seguem: · Fazer da inovação uma prioridade estratégica das empresas, independentemente do porte e do setor de atividade. · Estimular e fomentar o movimento de inovação no Brasil, mediante o apoio público. · Aperfeiçoar a política de fomento à inovação, com participação do setor privado. · Aprimorar o modelo educacional para criar uma cultura inovadora e empreendedora. · Considerar em todas as dimensões os imperativos das questões socioambientais e tornar inalienável o compromisso com a sustentabilidade. · Modernizar a gestão pública para estimular um contexto mais propício à inovação no conjunto do país. Em 2009, a CNI buscou firmar um entendimento com a base produtiva na direção da formalização de um compromisso com mudanças no posicionamento competitivo internacional. Para dar conta desse entendimento, a CNI propôs uma nova agenda para fazer frente aos obstáculos, que iniciam pelas deficiências estruturais que tolhem a competitividade, gargalos na infraestrutura, sistema tributário, concorrência desleal e, principalmente, a educação deficiente. Sobre esse último item, a CNI propôs uma agenda de formação de competências para a atuação em novos setores da tecnologia e sustentabilidade. Nessa direção, a CNI concebeu a MEI com a mensagem clara de que a inovação é prioritária para a indústria. A MEI é uma conclamação à indústria brasileira para colocar a inovação tecnológica no plano estratégico das empresas. Uma ênfase da inovação pressupõe forte entrosamento entre governo e setor privado, com reconhecimento da importância estratégica no investimento em inovação. A necessidade de desenvolvimento dá um sentido de urgência à inovação tecnológica. O movimento de internacionalização e globalização dos negócios traz a crescente exigência de aumento de níveis de competitividade, além de inserir a tecnologia como elemento chave no processo. Mas este movimento não acontece ao acaso, é um fenômeno complexo, com sistemáticas de criação, aplicação e disseminação de conhecimento técnico e científico. Em 2004, logo após o lançamento da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), criou-se um quadro de iniciativas voltadas à promoção do desenvolvimento produtivo em bases sustentáveis e de tecnologias, suportado ainda com a edificação do moderno marco legal, formado pela Lei de Inovação (Lei 10.973/2004), pela Lei do Bem (Lei 11.196/2005), pela Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005) e pela Política de Desenvolvimento da Biotecnologia (Decreto 6.041/2007). Com a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) de 2008, a elevação da capacidade de inovação das empresas ganhou em incentivos. A partir destas iniciativas, a Inovação tecnológica passou a ser reconhecida como um dos fatores decisivos para o desenvolvimento econômico e social do país. Nesse cenário, aponta-se o importante papel das universidades brasileiras, como formadoras de novos profissionais com perfil que fuja do protótipo da mão de obra fortalecedora dos paradigmas existentes, e venham a atuar ativamente nos processos de desconstrução de posturas bloqueadoras da inovação no País e de construção de novas possibilidades para um Brasil Inovador. As discussões acadêmicas já levaram à conclusão de que Inovação não é a resultante de um saber disciplinar, mas um processo sistêmico construído a partir da interdependência de diferentes agentes multidisciplinares, relacionados em rede (Rothwell, 1992; OECD, 1997; 1999; Freeman, 1987; Lundvall, 1992; Pacheco; Tosta; Freire, 2010). 2. Inovação tecnológica resultante do diálogo interdisciplinar A Inovação Tecnológica é uma atividade intensiva em conhecimento, e como tal não acontece ao acaso, mas resulta de um processo interdisciplinar composto de elementos interdependentes e interrelacionados, dotados de dinâmica própria. Isto é, a Inovação não surge simplesmente do avanço científico em pesquisas de laboratórios, nem pelo vislumbre do potencial dessa invenção no mercado, mas pela efetiva transformação dessa experiência em produto final, agregando a ele os conhecimentos construídos durante todo o processo de pesquisa. Essa é uma atividade complexa de diálogo constante entre pesquisadores e profissionais que atuam em campos específicos disciplinares, mas que, em parceria, articulam competências de forma objetiva e interdisciplinar, formando “sistemas de conhecimento”, para obter resultados econômicos de curto prazo e se apoderar de valores competitivos diferenciados. Este diálogo precisa ser inclusivo, interativo e integrativo. Partindo da certeza de que “o que se designa por interdisciplinaridade é uma atitude epistemológica que ultrapassa os hábitos intelectuais estabelecidos ou mesmo os programas de ensino” (Gusdorf, 1977 apud Fazenda, 2002), definem-se um princípio lógico epistemológico principal, gerador da interdisciplinaridade: A aproximação entre disciplinas provoca uma tensão criativa que desperta a investigação da lógica intrínseca as certezas paradigmáticas disciplinares e, como uma forma de “defesa” paradoxalmente busca-se as diferenças para encontrar as semelhanças não se perdendo e nem se anulando no outro. Inclusive, ao se buscar o núcleo duro que comporta uma unidade fundamental entre as diversas disciplinas, encontra-se o corte diferenciador que apontam a multiplicidade dos níveis e graus de conhecimento. (Paviani, 2008, p. 41) A interdisciplinaridade não pode ser vista como um fim em si mesmo, como “uma meta ou solução absoluta e autônoma” (Paviani, 2008, p. 7). Deve-se compreendê-la como ações transversais, construídas e implantadas por todos, em que as disciplinas, atividades e tarefas se interrelacionem, sendo, como aponta Fazenda (2002, p. 29), a interdisciplinaridade um “princípio de unificação e não de unidade acabada”. Vale destacar que “ser interdisciplinar” é olhar o entre, buscando o comum entre as partes para retroalimentá-las com o novo integrado. Bem diferente de ser multidisciplinar, que é apenas estar junto, coordenando as completudes, segundo Paviani (2008, p. 21-23). A interdisciplinaridade aproxima as disciplinas provocando a troca lógica-epistemológica, metodológica e socioinstitucional pela importância de buscar soluções para os problemas complexos da atualidade. A metodologia interdisciplinar parte de uma liberdade científica, alicerça-se no diálogo e na colaboração, funda-se no desejo de inovar, de criar,de ir além e exercita-se na arte de pesquisa (Krausz, 2008). Exatamente por isso, o desenvolvimento de inovação tecnológica exige o conhecimento interdisciplinar para além do simples monólogo de especialistas ou do diálogo paralelo entre disciplinas vizinhas, mas no caminho que atenda às necessidades sociais vigentes de um mundo em constante transformação. Para tal, tanto se respeita os conhecimentos prévios trazidos pelos alunos como o seu perfil e o seu tempo de maturação de postura participativa. Fazenda (2002, p. 64) afirma que a atitude interdisciplinar nos programas pedagógicos não está na junção de conteúdos, disciplinas e métodos e, nem da “criação de novos conteúdos produtos destas junções”, mas sim nas “pessoas que pensam o projeto educativo”. Dessa forma, para ser verdadeiramente interdisciplinar, o projeto educativo será resultado de uma construção coletiva “gradual, cuidadosa, lenta e se inicia com um reequilibrar-se para poder perceber como os outros poderão se equilibrar”, consolidando uma atitude nova, o diálogo interdisciplinar (Fazenda, 2002, p. 64). Mas deve-se respeitar os paradigmas de cada unidade disciplinar necessária à constituição do novo, assumindo que, em contato e colaboração, os saberes advindos de disciplinas diversas e, somados às experiências profissionais e pessoais dos agentes envolvidos, será construída uma nova visão de mundo que retroalimentará os paradigmas unitários, fortalecendo não somente o espaço onde elas conversam, mas principalmente permitindo evoluir a partir das suas próprias certezas paradigmáticas. Juntos, os agentes inovadores, em um ambiente de inovação, criarão novos conhecimentos, se fortalecerão ao se permitir questionar os limites de suas origens, pois “o pensar interdisciplinar parte da premissa de que nenhuma forma de conhecimento é em si mesma exaustiva. Tenta, pois, o diálogo com outras fontes do saber, deixando-se irrigar por elas” (Fazenda, 2002, p. 15). Assim, as inovações tecnológicas surgem quando se respondem duas grandes questões propostas por Japiassu (2006, p. 20): o que podemos fazer quando reconhecemos que nossos conhecimentos revelam uma tremenda incapacidade de pensar o mundo globalmente e em suas partes? Ou quando, diante de sua extraordinária complexidade, constatamos que nosso pensamento se encontra bastante preso às cegueiras e miopias que caracterizam nossas atitudes diante dos saberes fragmentados e nos sentimos incapazes de reformar nossas organizações divididas em departamentos sem portas nem janelas e sem uma verdadeira comunicação e diálogo entre seus componentes? 3. Tecnologias de educação a distância como Inovação Tecnológica Nas últimas décadas, cresceu a consciência da sociedade sobre a necessidade de que o processo de formação universitária resulte em profissionais com visão sistêmica, empreendedora e que valorizem os relacionamentos humanos e o trabalho em equipe. Profissionais com essa formação buscam, ao longo de suas vidas, sempre aprender novos conhecimentos aplicáveis que propiciam benefícios individuais e, sobretudo, coletivos. Sob o ponto de vista pedagógico não é necessariamente uma novidade, já que Paulo Freire já apontara a necessidade de se educar para transformar o mundo. Estudos como o projeto “Nova Universidade”2, que estabelece espaço de reflexão sobre o paradigma convencional das grades curriculares atuais dos cursos de graduação, já apontam na direção de uma mudança que vise facilitar a formação desse novo profissional. É também o caso dos projetos de reformulação curricular da União Europeia e Canadá, que têm em comum o compromisso com a multi e a interdisciplinaridade. No Brasil, uma constatação desse cenário está na própria recomendação do Ministério da Educação com diretrizes que indicam a reconstrução da visão de grades curriculares. Além disso, pesquisas recentes do Inep/MEC indicam alto grau de evasão dos alunos de graduação no País. Uma das razões apontadas é a obrigação que o sistema atual impõe ao jovem quanto à opção profissional em idade prematura. Também se aponta o desinteresse do aluno por disciplinas e por métodos pedagógicos dissociados da realidade e de suas necessidades profissionais. Quando as tecnologias da educação a distância são utilizadas como canais para o diálogo, acabam por propiciar uma vivência interdisciplinar ao oportunizar a inclusão de diferentes participantes; respeitar a interatividade entre os envolvidos e promover a integração de seus conhecimentos sem anular as partes, pelo contrário, permitindo a existência da essência disciplinar com a qual entra em contato. O olhar próprio de cada elemento continua existindo, pois dele são buscadas as forças que darão unidade e coerência à visão de cada indivíduo sobre o novo conhecimento em construção. Mas este novo, por sua vez, alimentará mudanças nos paradigmas disciplinares, ajudando-a a também se desenvolver. As inovações tecnológicas aplicadas à educação atuam não somente no aumento de vagas alcançando os alunos antes ignorados pela universidade, como também, provocadoras do diálogo interdisciplinar, acabam por gerar inovações na prática do ensino. Segundo Fazenda (2002, p. 31), a multidisciplinaridade se propõe a justapor “conteúdos de disciplinas heterogêneas” ou a interação de conteúdos numa mesma disciplina, sendo estas apenas uma etapa para se alcançar com competência a interdisciplinaridade. A utilização das novas tecnologias, de educação a distância se caracteriza pela intensidade das trocas entre todos os agentes envolvidos, do especialista ao docente e discente, superando o grau de integração das disciplinas, no interior do processo de planejamento do curso e de cada disciplina, alcançando a colaboração em sala de aula, seja ela virtual ou real, e os processos de avaliação. Nesse sentido, dentre as poucas possibilidades que objetivam atender esta questão, o modelo híbrido de ensino (presencial, semipresencial e a distância) encontra-se como uma das opções consideradas a melhor pelas universidades, pois este não contempla somente aulas presenciais e a distância, mas também espaços interativos, de pesquisas e de experiências práticas que vão ao encontro das necessidades acima expostas. Esta abordagem deve nortear as ações estabelecidas desde o planejamento dos cursos, a sua concepção até o seu fechamento, destacando os seguintes pressupostos básicos: · A aprendizagem é um processo de construção individual contínuo, mediado nas interações sociais. No caso das disciplinas semipresenciais, são vários os agentes em constante interação: alunos, professores, monitores e uma equipe multidisciplinar associados às instituições envolvidas. · Todos os envolvidos são peças-chave no processo, por vezes trocando seus papéis de facilitadores e aprendizes, ou seja, todos aprendem e facilitam o processo de aprendizagem nesta proposta pedagógica. · Teoria e Prática são construções conjuntas. Busca-se, então, a mediatização dos conteúdos por meio da relação com as experiências dos alunos, das atividades, cases, exemplos, situações problemas e no próprio enfoque do conteúdo. · A avaliação de aprendizagem é formativa e diagnóstica. Entende-se que ela não tem um fim em si mesma, mas se desenvolve durante todo o processo do curso, contribuindo para a aprendizagem e melhoria permanente das ações de educação a distância. · A preparação e acompanhamento ao facilitador e ao aluno são fundamentais para que possam atuar como agentes compartilhadores do conhecimento. Ensinar e aprender a distância requerem características diferentes do ensino presencial, tanto do aluno quanto do professor. Para tanto, a preparação e o acompanhamento são fundamentais para construir uma nova cultura de educação. · No caso das disciplinas semipresenciais, como na educação a distância, estas são conduzidas por alguém que está afastado do aluno no espaço e, na maioria das vezes, no tempo. Portanto, os materiais de aprendizagem constituem-se no meio pelo qual se mediatizam os conhecimentos e o desenvolvimento de hábitose atitudes de estudo, sem a presença física do professor. Por esse motivo, o material deve oferecer ao aluno todas as condições para cumprir as funções pedagógicas de cada um, atendendo suas características inerentes. Ressalta-se ainda que a incorporação de disciplinas semipresenciais segue rigorosamente o Art. 80 da Lei n° 9.394/96 (LDB), o Decreto n° 5.622/2005 e a Portaria 4.059/MEC/2004, que sustentam a Resolução 002/CUn/2007 da Universidade Federal de Santa Catarina, por exemplo. Esta Resolução, em seu Artigo 3°, Parágrafo Único, Inciso 1°, determina a regularidade de disciplinas semipresenciais, oferecidas em cursos presenciais. O Capítulo IV da referida Resolução, em seu Art. 16, ainda coloca que a Universidade poderá introduzir, na organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores presenciais, a oferta de disciplinas integrantes do currículo que utilizem a modalidade semipresencial. (UFSC, 2007, p. 4) Desde que a oferta não ultrapasse 20% da carga horária total do curso. No que refere ao modelo pedagógico, as tecnologias de educação a distância colaboram com o atendimento do Regulamento da Universidade Federal, em seu Parágrafo 18, conforme disposto: A oferta de disciplinas semipresenciais deverá incluir métodos e práticas de ensino-aprendizagem que incorporem o uso integrado de tecnologias de informação e comunicação para a realização dos objetivos pedagógicos, bem como prever encontros presenciais e atividades de tutoria. (UFSC, 2007, p. 5) A abordagem educacional a ser adotada em um curso que pretende formar egressos inovadores, prontos a enfrentarem o mundo competitivo, deve concretizar os fundamentos psicológicos, pedagógicos e andragógicos mediatizados por tecnologias da informação e comunicação, com o objetivo de garantir a eficiência e eficácia do processo ensino-aprendizagem. Um modelo de ensino que utiliza as tecnologias de educação a distância, por buscar o diálogo interdisciplinar, investe na interatividade a partir de atividades complexas como comprometimento, reflexão, questionamento crítico, argumentação, resolução de problemas, busca de caminhos e respostas próprias, construção de proposições, elaboração e posicionamentos pessoais, estabelecimento de associações, comparações, análise, discussões e o incentivo ao desenvolvimento da criatividade nos alunos. As disciplinas semipresenciais adotam uma concepção integrada, interacionista, centrada no aluno e nas quais se procura tirá-lo da dependência do professor, aumentando a sua responsabilidade, encorajando-o ao autodirecionamento e ao controle do seu aprendizado, uma vez que, para que a aprendizagem ocorra, é necessário que o estudante internalize e processe o conteúdo e, para isso, deve haver uma reflexão que lhe permita integrar as novas experiências com as já existentes e organizá-las de acordo com um significado pessoal. As disciplinas semipresenciais devem contar com um suporte pedagógico e administrativo, além da equipe de acompanhamento. De forma a atingir os objetivos propostos, o acompanhamento funcionará por meio de agentes. A cada um destes cabem tarefas específicas para garantir a melhor qualidade no atendimento ao aluno: · Professor: é responsável pela elaboração das aulas e do conteúdo, bem como responde pelo assessoramento ao tutor para questões complexas de conteúdo. · Tutor: responsável por todas as dúvidas de conteúdo e operacionais sobre o curso. Também acompanhará e orientadará na evolução da aprendizagem dos alunos. · Suporte técnico: acompanha o curso para atender sobre questões técnicas relacionadas ao uso do ambiente virtual. O objetivo deste Sistema de Acompanhamento ao Aluno é permitir uma maior diversidade de oportunidades de interação entre os professores/alunos, tutores/alunos, alunos/alunos e alunos/suporte técnico, para garantir um aprendizado acompanhado e orientado. É clara, para esta abordagem, a importância da interação nas ações a distância. Assim, a utilização das mídias e dos agentes é feita de forma integrada, em conjunto com o sistema de acompanhamento e tem como objetivo primordial garantir um elevado grau de interatividade no processo ensino-aprendizagem. Como na modelagem das disciplinas semipresenciais, o foco do modelo de ensino é a interatividade, ela pode ser prevista de diferentes formas: entre aluno/tutor; aluno/com suas próprias experiências e conhecimentos anteriores; aluno/aluno; aluno/conteúdo; e aluno/meio, utilizando-se os mais diversos recursos tecnológicos e de comunicação. O tutor tem como atribuições: incentivar a aprendizagem; responder às dúvidas dos alunos; acompanhar a evolução dos alunos. Ainda, o tutor tem acesso a um ambiente exclusivo para observar o nível de desempenho dos alunos, às demandas e oportunidades de interação com os alunos e, finalmente, quais questões precisam ser respondidas. O desenho instrucional das disciplinas semipresenciais leva em conta os conhecimentos que precisam ser passados aos alunos e suas estratégias cognitivas que permitam gerar o melhor aproveitamento de todo o arsenal teórico e tecnológico à disposição, de maneira a facilitar a aprendizagem e a envolver o aluno de forma integral, considerando seus interesses, sentimentos, atitudes e emoções. Alcança-se a efetividade do processo ensino-aprendizagem quando as tecnologias de educação a distância se estruturam com base nos quatro pilares essenciais de educação universitária que respeite a construção interdisciplinar do conhecimento – o aprender a conhecer, aprender a viver juntos, aprender a fazer e aprender a ser. Em crescente construção para promover a melhoria contínua, os paradigmas interpretativista da gestão, funcionalista da computação e cognitivista das tecnologias da educação e comunicação, se encontram quando o aprender para conhecer e fazer, supõe aprender a aprender, práticas nas quais se exercita a atenção, a memória e o pensamento interpretativo (Delours, 1999). Considerações finais Como a interdisciplinaridade é um fenômeno heterogêneo, as tecnologias da educação a distância buscam as diferenças dos conhecimentos compartilhados para permitir a autogestão de sua própria construção. Como existem níveis e tipos diferentes de interdisciplinaridade (Paviani, 2008, p. 49), as tecnologias buscam as trocas de conceitos e conhecimentos entre diferentes áreas que as transpassam pelo intercâmbio teórico e metodológico e, inclusive, pela interdisciplinaridade determinada pelo próprio objeto analisado. Mas, por todos os diferentes caminhos que levam uma tecnologia a ser resultado de constituir interdisciplinar, precisa-se avançar em questões lógica-epistemológica e metodológica. Pelas questões metodológicas as tecnologias da educação a distância se definem como interdisciplinares pelo nível de colaboração que promovem entre os envolvidos na construção do conhecimento; pelo nível de colaboração existente entre as diversas disciplinas que o compõem; pelo direito de romper barreiras metodológicas disciplinares; pelo nível de reciprocidade nos intercâmbios internos e externos à academia, de tal forma que, no final do processo interativo, todos os agentes saiam enriquecidos. Basicamente, o pressuposto interdisciplinar que rege as tecnologias de educação a distância como inovação tecnológica é a permissão de questionar e experenciar novas técnicas e procedimentos, ousando além da visão de mundo das disciplinas de origem, mesmo que respeitando os valores intrínsecos aos diferentes métodos e instrumentos de cada disciplina que vem lhe constituindo. Valoriza-se o diálogo real e construtivo, integrando as disciplinas num mesmo entendimento, aplicando o conhecimento de uma disciplina em outra, inter-relacionando conteúdos, levando o aluno a estabelecer relações em sua aprendizagem (Krausz, 2008; Morin, 2006; Pombo, 2003; Jupiassú, 2006; Gusdorf, 1967; Fazenda, 2002). Os pressupostos lógico-epistemológicos e metodológicos interdisciplinares das tecnologias de educação a distância como inovação tecnológica se refletem nas definições desuas práticas pedagógicas, levando- as a estarem em processo de contínua construção a partir das múltiplas interfaces de aprendizagem existentes: professor-aluno, professor-professor, aluno-aluno, artefato-aluno, artefato-professor, professor-artefato-aluno. As tecnologias de educação a distância enquanto ambientes interdisciplinares e de integração levam à valorização do diálogo livre e franco entre os diferentes agentes do processo ensino-aprendizagem. No caminho interdisciplinar, não se permite meio-termo. Todos os envolvidos são chamados à participação ativa, pois o conhecimento pretendido só poderá ser construído de forma dialogada. Nesse caminho, um curso universitário que abraça as tecnologias de educação a distância será capaz de atender ao objetivo de formar um novo perfil de profissional capacitado a dialogar e tomar decisões baseadas no contexto organizacional complexo, em ambiente de competição mundial, que exige visão de mundo aberta à interdisciplinaridade, para entender a Inovação como processo e não simplesmente resultado, ou seja, promover a inovação tecnológica. Referências FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: Um projeto em parceria. São Paulo: Edições Loyola, 2002. FREEMAN, C. Technology policy and economic performance: lessons from Japan. London: Pinter Publishers, 1987. JUPIASSU, H. O Sonho Transdisciplinar e as Razões da filosofia. Rio de Janeiro: Imago, 2006. ______. O Espírito Interdisciplinar. Cadernos EBAPE.BR3, v. IV, n. 3, out. 2006. Disponível em: <http://www.portugaliza.net/num06/Hilton_Jupiassu_O_espirito_interdisciplinar.pdf>.Acesso em: 3 jul. 2009. KRAUSZ, M. Onde as disciplinas se encontram. Revista Educação: Ensino Interdisciplinar, Ed. 132, abr. 2008. Disponível em: <http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=12397>. Acesso em: 27 mar. 2009. LUNDVALL, B. A. National systems of innovation: Towards a theory of innovation and interactive learning. London and New York: Pinter Publishers, 1992. MEC/CNE/CES. Parecer N° 8 de 2007, a Resolução Nº 2, de 18 de junho de 2007. Disponível em: <http://www.confea.org.br/publique/media/res2cargahoraria.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2010. MORIN, E. Introdução ao Pensamento Complexo. Porto Alegre: Meridional/Sulina, 2006. OECD (Organization for Economic Co-operation and Development). National innovation systems. Paris: OECD Publishing, 1997. 48 p. ______. Managing national innovation systems. Paris: Organization for Economic Co-operation and Development, 1999. 112 p. PACHECO, R. C. S.; FREIRE, P. S.; TOSTA, K. C. B. T. Pós Graduação Interdisciplinar: A experiência do EGC/UFSC. In: PHILIPPI JR., A.; SILVA NETO, A. (Orgs.). Interdisciplinaridade na pesquisa e no ensino. São Paulo: Manole, 2010. ______. Interdisciplinaridade vista como um processo complexo de construção do conhecimento: uma análise do Programa de Pós-Graduação EGC/UFSC. R B P G, Brasília, v. 7, n. 12, p. 136-159, jul. 2010. PAVIANI, J. Interdisciplinaridade: Conceitos e Distinções. Caxias do Sul: EDUCS, 2008. POMBO, O. Epistemologia da interdisciplinaridade. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINARIDADE, HUMANISMO, UNIVERSIDADE, 2003, Porto. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2003. Disponível em: <http://www.humanismolatino.online.pt/v1/pdf/C002_11.pdf>. Acesso em: 06 maio 2010. ROTHWELL, R. Developments towards the Fifth Generation Model of Innovation. Technological Analysis & Strategic Management, v. 1, n. 4, 1992. Notas 1. Como apresentado no site oficial: <http://create2009.europa.eu/about_the_year.html>. 2. Projeto de “Reestruturação da Arquitetura Acadêmica do Ensino Superior no Brasil” de autoria de Naomar de Almeida Filho, apresentado em outubro de 2006 na 85ª reunião extraordinária do Conselho Pleno da Andifes, em Brasília. CAPÍTULO 2 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E INCLUSÃO SOCIAL Giovani Mendonça Lunardi Márcio Vieira de Souza Introdução Neste capítulo, consideramos que o avanço e o desenvolvimento de novas tecnologias devam contribuir, também, para a inclusão social; ou seja, toda a população, principalmente aquela excluída do processo econômico e social, deve receber também os benefícios gerados pela Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Nesse contexto, tornam-se necessárias pesquisas sobre todas as formas de novas tecnologias que permitam a inclusão social em suas mais variadas dimensões e, consequentemente, a execução de projetos de ensino e extensão que possibilitem o conhecimento, a educação e o acesso às mesmas. Esta orientação não é novidade, como pode ser constatado, por exemplo, pela criação no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Secretaria de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social (Secis). Ou seja, o desenvolvimento científico e tecnológico deve ser ao mesmo tempo um instrumento de políticas públicas para a inclusão social. A inovação tecnológica é, assim, inovação social1 para realizar transformações necessárias ao combate às desigualdades sociais. Da mesma forma, em seu documento – “Década das Nações Unidades da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005 – 2014)” – a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sugere que os países membros devam criar e implementar medidas para promover a educação que possa prover os valores, as atitudes, as capacidades e os comportamentos essenciais para responder aos crescentes desafios para a sustentabilidade Planetária. Nesse programa são indicadas as áreas, os atores, as estratégias, e os espaços de aprendizagem para a implantação da educação para o desenvolvimento sustentável. Neste contexto, a universidade, considerando suas funções voltadas para o ensino e aprendizado, pesquisa, extensão e inovação, é um ator com papel de liderança no sentido de formar profissionais e multiplicadores que sejam capazes de intervir a favor da educação e sustentabilidade. Entre as estratégias apontadas pelo programa das Nações Unidas (ONU) incluem-se: parcerias e redes, capacitação e treinamento, pesquisa e inovação, uso de tecnologia de informação e comunicação, monitoramento e avaliação. No documento da Unesco, as tecnologias de informação e comunicação (TICs), que formam a base da economia do conhecimento, ganham um papel de destaque e são apontadas como um caminho que pode fomentar desenvolvimento de habilidades importantes para a sustentabilidade Planetária, como, por exemplo, aquelas relacionadas à capacidade de trabalhar em projetos multidisciplinares, colaborativos e cooperativos. Neste sentido, o Campus Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina desde a sua criação, procura desenvolver com excelência além, de projetos de inovação tecnológica, também atividades prioritárias do uso de tecnologias para a inclusão social. Para apresentar estes resultados, destacamos neste capítulo: as teses Schumpeterianas sobre inovação tecnológica; em seguida, a clivagem entre tecnologias convencionais e sociais e, por fim, como estudo de caso, as atividades de utilização de tecnologias para a inclusão social realizadas pelo LabMídia – Laboratório de Mídia e Conhecimento do Campus Araranguá –, mais especificamente, nas ações do Observatório de Tecnologias Inclusivas vinculado ao mesmo. 1. Schumpeter: tecnologia, inovação e o sistema capitalista A relação entre economia e inovação tecnológica no século XX foram explicitadas nas teses de Joseph Schumpeter sobre o desenvolvimento e a evolução do sistema capitalista. Schumpeter é uma das figuras mais destacadas da teoria econômica moderna, sendo influenciado pelo pensamento marxista, o qual considera que crises econômicas conjunturais não obedecem apenas a fatores externos, mas estavam igualmente relacionadas com a atividade empresarial, com o sistema de créditos e com a tecnologia que, em sua opinião, eram causas diretas do desenvolvimento econômico. A teoria Schumpeteriana das inovações atesta a importância das inovações na concorrência e na dinâmica capitalista. Seu argumento principal é que o desenvolvimento econômico é conduzidopela inovação por meio de um processo dinâmico em que as novas tecnologias substituem as antigas, um processo por ele denominado “destruição criadora” (OCDE, 2005, p. 36). Da mesma forma, também relações de trabalho passam a ser mediadas pelas inovações tecnológicas. Foi de Schumpeter a observação de que longas ondas dos ciclos do desenvolvimento no capitalismo resultam da conjugação ou da combinação de inovações, que criam um setor líder na economia, ou um novo paradigma que passa a impulsionar o crescimento rápido dessa economia. Segundo ele, os investimentos nas novas combinações de produtos e processos produtivos de uma empresa repercutem diretamente em seu desempenho financeiro, de modo que o moderno empresário capitalista deve ocupar ao mesmo tempo um papel de liderança econômica e tecnológica. O comportamento empreendedor, com a introdução e a ampliação de inovações tecnológicas e organizacionais nas empresas, constitui um fator essencial para as transformações na esfera econômica e seu desenvolvimento a longo prazo. Schumpeter definiu inovação como sendo uma invenção já criada que está sendo usada para alterar as formas existentes de produzir, possibilitando alterações e crescimentos no sistema econômico vigente (Freitas Vian, 2007, p. 3, 4). O conceito de inovação é conhecido desde Adam Smith no século XVIII, que estudava a relação entre acumulação de capital e a tecnologia de manufatura, estudando conceitos relacionados à mudança tecnológica, divisão do trabalho e competição. Na continuação, segundo Bastos Tigre, “Schumpeter foi provavelmente o economista que mais desenvolveu as propostas seminais de Marx a respeito do papel da tecnologia no funcionamento da economia capitalista” (2006, p. 43). De acordo com Habermas, só a partir do momento em que o modo de produção capitalista dotou o sistema econômico de um mecanismo de regras para o crescimento da produtividade do trabalho, crescimento que, embora sujeito a crises, revela-se contínuo a longo prazo, é que a introdução de novas tecnologias e de novas estratégias, a inovação como tal, foi institucionalizada. Como já haviam sugerido Marx e Schumpeter, cada um à sua maneira, o modo de produção capitalista pode ser concebido como um mecanismo que garante uma propagação permanente dos subsistemas do agir racional-com-respeito-a-fins e, com isso, abala a “supremacia” tradicionalista do quadro institucional diante das forças produtivas. (1983, p. 324) A ciência e a técnica moderna são concebidas por Habermas tendo como pano de fundo o modelo econômico capitalista, no qual é possível identificar uma pressão institucional para intensificar a produtividade do trabalho através da introdução de novas técnicas. Para o autor em questão, a ciência, a técnica, a investigação industrial e a revalorização do capital fazem parte de um único e grande sistema. Segundo essa abordagem, a ciência e a técnica passam a ser compreendidas como uma primeira força produtiva (Szczepanik, 2014). De acordo com Schumpeter, muitos autores elaboraram teorias do desenvolvimento econômico, entre eles Mill e Ricardo. Estes autores consideram as causas do desenvolvimento exógeno à economia, ou seja, o desenvolvimento advém de mudanças em variáveis externas ao sistema econômico, tais como o percentual de crescimento populacional e do capital, além de mudanças nos gostos dos consumidores dando menos ênfase às mudanças na técnica e no processo produtivo, as quais requerem análise especial e causam algo diferente de perturbações no sentido teórico. (Freitas Vian, 2007, p. 3) De forma contrária, para Schumpeter o “fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” é a utilização de novas combinações de recursos produtivos, tais como: novos produtos, novos processos de produção, novos mercados, novas fontes de oferta de matéria-prima e novas formas de organização industrial, ou seja, “fazer coisas de forma diferente”, incorporando novas técnicas produtivas e de gestão à produção de bens (1982, p. 112). Schumpeter denomina este processo de inovação tecnológica. As inovações são diferentes das invenções (Freitas Vian, 2007, p. 4): - As invenções podem não ser usadas e não ocasionar mudanças na economia. - Uma inovação é uma invenção que está sendo usada para alterar as formas existentes de produzir. As inovações geram o desenvolvimento capitalista a partir de dentro, sendo um fenômeno endógeno ao sistema capitalista, gerando um processo de mutação industrial[...] que incessantemente revoluciona a estrutura econômica desde o seu interior, destruindo incessantemente a antiga, criando incessantemente uma nova. Esse processo de destruição criadora é o fato essencial a respeito do capitalismo. (Schumpeter, 1982, p. 112) Diante do exposto, podemos comprovar que a teoria Schumpeteriana destaca aquilo que é fundamental para o desenvolvimento econômico na contemporaneidade: a inovação tecnológica. Ou seja, a inovação é fator fundamental para o processo de geração de lucro no sistema capitalista. Este fator coloca a busca pela inovação como meta de sobrevivência para empresas e países inseridos na dinâmica capitalista. Neste viés, a partir de 1960 a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) elaborou o Manual Frascati que consolidou conceitos e definições sobre atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e permitiu a criação de sistemas de indicadores de inovação tecnológica para empresas e países (Bastos Tigre, 2006, p. 71). Em seguida, a OCDE, com uma abrangência muito maior, lançou o Manual de Oslo (1992; 1997; 2005), já em sua terceira versão, que colocam o monitoramento das inovações tecnológicas como ponto crucial para o desenvolvimento econômico da sociedade ocidental. A inovação torna-se um valor tangível mensurável que determina o grau de evolução tecnológica de uma empresa ou país do ponto de vista econômico. Conforme Dagnino (2004, p. 34-35), Merecem destaque as condições em que, no Primeiro Mundo, o conceito de inovação foi cunhado e passa a ter como objetivo primordial a competitividade dos países. Lá é onde surge o novo paradigma tecnoeconômico baseado na eletroeletrônica, onde um Estado de bem- estar garante um nível razoável de desenvolvimento social, onde o término da Guerra Fria acirra a concorrência intercapitalista e onde o crescimento depende das oportunidades de exportação e, portanto, da competitividade (sempre entendida em relação ao exterior). [...] O conceito de “sistema nacional de inovação” foi cunhado nesses países como um modelo descritivo de um arranjo societal típico do capitalismo avançado – arranjo no qual uma teia de atores densa e completa gera, no interior de um ambiente sistêmico propício proporcionado pelo Estado, sinais de relevância que levam ao estabelecimento de relações virtuosas entre pesquisa e produção, à inovação nas empresas e à competitividade do país. Posteriormente se transforma num modelo normativo para que esses países, ao mesmo tempo semelhantes no plano socioinstitucional e complementares no econômico, orientem seus governos e grandes empresas em busca da competitividade. Hoje a busca pela “inovação”, torna-se a pedra filosofal a ser descoberta pelos gestores de empresas e instituições. Todas as empresas e instituições possuem hoje o seu “departamento de inovação”. Multiplicam-se os cursos e livros dos “gurus” da inovação que ensinam o caminho da criatividade. A inovação é no século XXI o mantra invocado para garantir o sucesso profissional e empresarial nesta sociedade em rede como definida por Castells. Esta busca também ocorreu e ocorre nos países periféricos como o Brasil, onde se tenta emular a criação de “sistemas nacionais (e locais) de inovação” em busca da competitividade, mas com enormes dificuldades, pois as condições e arranjo societal são diferentes (Dagnino; Thomas, 2001). 2. Tecnologias Convencionais versus Tecnologias Sociais No entanto, o problema é que – e esta é uma das hipóteses deste trabalho – simplesmente o investimento em inovação tecnológica não é suficientepara garantir as necessidades sociais para a população em geral, além do desenvolvimento econômico. Rutkowski (2005, p. 190) faz a seguinte afirmação: A dinâmica econômica (contemporânea) baseia-se em intenso processo de inovação tecnológica, o qual reduz cada vez mais os ciclos de vida e aumenta a diversidade dos produtos e, ao mesmo tempo, reduz as oportunidades de inserção de grupos sociais, cujas características socio- econômicas e culturais não correspondam às condições sociais exigidas por esses novos padrões de produção e de consumo. Tal complexidade tecnológica transforma, assim, a tecnologia em vetor de exclusão social. Ao mesmo tempo, pesquisas recentes mostram que não há uma evidência empírica de que a produtividade de um país esteja vinculada diretamente à relação burocrática entre inovação tecnológica (patentes) e o sistema capitalista. Neste mesmo sentido, o pesquisador francês Thomas Piketty em seu livro O Capital no Século XXI – mostra que o sistema capitalista permite mais concentração de renda e desigualdade social do que crescimento econômico. Ou seja, o incentivo à inovação tecnológica para incremento do sistema capitalista apenas produz mais desigualdade social. Piketty sugere que para redução da desigualdade inerente ao capitalismo, além da tributação da riqueza, o incentivo à difusão do conhecimento sem barreiras e investimentos em educação. Para ele, “no longo prazo, a força que de fato impulsiona o aumento da igualdade é a difusão do conhecimento e a disseminação da educação de qualidade” (2014, p. 29). Desde 1840 os críticos do capitalismo já apontavam o seguinte questionamento: De que serve o desenvolvimento industrial, de que servem todas as inovações tecnológicas, todo esse esforço, todos esses deslocamentos populacionais, se ao cabo de meio século de crescimento da indústria, a situação das massas continua tão miserável quanto antes [...]. (Piketty, 2014, p. 16) A alternativa que podemos considerar enquanto política pública é que a inovação tecnológica, em essência, é um processo de difusão e partilha de conhecimento e deve ser tratado como um bem público e não somente como mecanismo de mercado (Piketty, 2014, p. 28). O ponto-chave é que investir em inovação tecnológica apenas para garantir crescimento econômico, como mostra Piketty, é insuficiente para “satisfazer as esperanças democráticas e meritocráticas, que devem se apoiar em instituições específicas, e não apenas nas forças do progresso tecnológico e do mercado” (2014, p. 100). Neste mesmo sentido, estudos mostram que para o futuro, ondas de inovação amparadas principalmente nas tecnologias da informação e comunicação, possuem um potencial de crescimento sensivelmente inferior (comparadas com as mudanças provocadas, por exemplo, desde as máquinas a vapor e o advento da eletricidade), alteram os modos de produção de forma menos radical e trazem melhorias menos significativas para a produtividade do conjunto da economia (Piketty, 2014, p. 98). Da mesma forma, considerando reflexões oriundas da filosofia da tecnologia2, destacamos contribuições de David Dicson em seu livro – Tecnologia Alternativa (1978) – que apresenta críticas à visão determinista e neutra da tecnologia: A partir da Revolução Industrial, e particularmente durante os últimos cinquenta anos, passou a ser geralmente aceito o fato de que uma tecnologia em contínuo desenvolvimento é a única que oferece possibilidades realistas de progresso humano. O desenvolvimento tecnológico inicialmente consistiu na melhora das técnicas artesanais tradicionais e posteriormente se estendeu à aplicação do conhecimento abstrato aos problemas sociais, prometeu conduzir a sociedade pelo caminho que leva a um próspero e brilhante futuro. As revoluções tecnológicas reorganizaram de forma significativa o sistema econômico na contemporaneidade. O desenvolvimento da tecnologia tem servido inclusive como indicador do progresso geral do desenvolvimento social, fazendo com que se tenda a julgar as sociedades como avançadas ou atrasadas segundo seu nível de sofisticação tecnológica. (Dicson apud FBB, 2004, p. 26) O modelo implícito de evolução social é baseado frequentemente no conceito de determinismo tecnológico, isto é, a ideia de que o desenvolvimento social se encontra determinado quase inteiramente pelo tipo de tecnologia que uma sociedade inventa, desenvolve, ou que nela é introduzido. O determinismo tecnológico tem origem no pensamento de que o desenvolvimento tecnológico é sempre positivo para a sociedade, é linear, inexorável, inevitável e segue uma lógica autônoma, regida pela eficácia e pela eficiência (Feenberg, 2010). Com esta visão crítica surgem propostas alternativas para constituição de estudos e pesquisas voltados para a inovação tecnológica não somente para o crescimento econômico, mas também ao desenvolvimento social. Tal visão insere-se no marco analítico-conceitual do que, nas palavras de Lopez Cerezo (2000, p. 1), denomina-se de: estudos sobre ciência, tecnologia e sociedade (CTS), que constituem hoje um vigoroso campo de trabalho em que se trata de entender o fenômeno científico-tecnológico no contexto social, tanto em relação com seus condicionantes sociais como no que se refere a suas consequências sociais e ambientais. O enfoque geral é de caráter crítico, com respeito à clássica visão essencialista e triunfalista da ciência e da tecnologia, e também de caráter interdisciplinar, concorrendo disciplinas como a filosofia e a história da ciência e da tecnologia, a sociologia do conhecimento científico, a teoria da educação e a economia da permuta técnica. A CTS se originou há três décadas a partir de novas correntes de investigação empírica em filosofia e sociologia, e de um incremento da sensibilidade social e institucional sobre a necessidade de uma regulação pública de permuta científico-tecnológica. A CTS define hoje um campo de trabalho bem consolidado institucionalmente em universidades, administrações públicas e centros educativos de diversos países industrializados. Podemos destacar como utilização do uso de tecnologias para a inclusão social a proposta inicial de Gandhi. A Índia do final do século XIX é reconhecida como o berço do que veio a se chamar no Ocidente de Tecnologia Apropriada (TA) ou, como hoje é conhecida, Tecnologia Social (TS). Conforme Costa (2013, p. 21), o conceito de tecnologia social insere-se no debate sobre alternativas tecnológicas. Parte da concepção de que a tecnologia não é neutra e analisa seu uso no contexto político, pois em diversos episódios históricos foi objeto de resistência e de dominação, principalmente em países de colonização europeia. O pensamento dos reformadores daquela sociedade estava voltado para a reabilitação e o desenvolvimento das tecnologias tradicionais, praticadas em suas aldeias, como estratégia de luta contra o domínio britânico. De acordo com Dagnino (2004, p. 19), entre 1924 e 1927, Gandhi dedicou-se a construir programas, visando à popularização da fiação manual realizada em uma roca de fiar reconhecida como o primeiro equipamento tecnologicamente apropriado, a Charkha, como forma de lutar contra a injustiça social e o sistema de castas que a perpetuava na Índia. Segundo Amílcar Herrera, o conceito de desenvolvimento de Gandhi incluía uma política científica e tecnológica explícita, que era essencial para sua implementação. A insistência de Gandhi na proteção dos artesanatos das aldeias não significava uma conservação estática das tecnologias tradicionais. Ao contrário, implicava o melhoramento das técnicas locais, a adaptação da tecnologia moderna ao meio ambiente e às condições da Índia, e o fomento da pesquisa científica e tecnológica, para identificar e resolver os problemas importantes imediatos. Seu objetivo final era a transformação da sociedade hindu, através de um processo de crescimento orgânico, feito a partir de dentro, e não através de uma imposição externa. Na doutrina social de Gandhi o conceito de tecnologia apropriada está claramente definido, apesarde ele nunca ter usado esse termo. (apud FBB, 2004, p. 19) As ideias de Gandhi foram aplicadas em vários países e influenciaram vários pesquisadores dos países avançados preocupados com as relações entre a tecnologia e a sociedade que já haviam percebido o fato de que a TC, aquela tecnologia que a empresa privada desenvolve e utiliza, não é adequada à realidade dos países periféricos. Conforme Dagnino (1976), o movimento da TA ao incorporar aspectos culturais, sociais e políticos à discussão e propor uma mudança no estilo de desenvolvimento avançou numa direção que nos interessa discutir. Durante as décadas de 1970 e 1980, houve grande proliferação de grupos de pesquisadores partidários da ideia da TA nos países avançados e significativa produção de artefatos tecnológicos baseados nessa perspectiva. Embora o objetivo central da maioria desses grupos fosse minimizar a pobreza nos países do Terceiro Mundo, a preocupação com as questões ambientais e com as fontes alternativas de energia, de forma genérica e, também, referida aos países avançados, era relativamente frequente. As expressões que foram sendo formuladas tinham como característica comum o fato de serem geradas por diferenciação à TC, em função da percepção de que esta não tem conseguido resolver, podendo mesmo agravar os problemas sociais e ambientais. Cada uma delas refletia os ambientes nos quais emergia a preocupação com a inadequação da TC. Algumas indicavam a necessidade de minorar essa inadequação para solucionar problemas conjunturais e localizados, até que as regiões ou populações envolvidas pudessem ser incorporadas a uma rota de desenvolvimento tida como desejável. Embutidas nessas concepções de tecnologia foram estabelecidas características como: a participação comunitária no processo decisório de escolha tecnológica, o baixo custo dos produtos ou serviços finais e do investimento necessário para produzi-los, a pequena ou média escala, a simplicidade, os efeitos positivos que sua utilização traria para a geração de renda, saúde, emprego, produção de alimentos, nutrição, habitação, relações sociais e para o meio ambiente (com a utilização de recursos renováveis). Passou-se, enfim, a identificar a TA a “um conjunto de técnicas de produção que utiliza de maneira ótima os recursos disponíveis de certa sociedade maximizando, assim, seu bem-estar” (Dagnino, 1976, p. 86). Em função de suas características de maior intensidade de mão de obra, uso intensivo de insumos naturais, simplicidade de implantação e manutenção, respeito à cultura e à capacitação locais etc., a TA seria capaz de evitar os prejuízos sociais (e ambientais) derivados da adoção das TCs e, adicionalmente, diminuir a dependência em relação aos fornecedores usuais de tecnologia para os países periféricos. A partir desta visão crítica podemos estabelecer a seguinte distinção: a) Tecnologias Convencionais (TC): compreendem projetos que favoreçam o aperfeiçoamento ou a inovação de produtos, processos e serviços de empreendimentos individuais, microempresas e empresas de pequeno porte visando ao lucro. b) Tecnologias Sociais (TS): compreende técnicas ou metodologias desenvolvidas na interação com a comunidade que possam ser reaplicadas em diferentes contextos para propiciar oportunidades de inclusão produtiva e social. A Tecnologia Convencional (TC) gira em torno unicamente das empresas privadas, que dentro do sistema capitalismo detêm a produção de bens e serviços. O governo, principalmente dos países considerados de Primeiro Mundo juntamente com suas empresas, são os responsáveis pelo patamar elevado dessa tecnologia fazendo com que, até mesmo, seja vista como a única. Ainda segundo Dagnino (2004), a Tecnologia Convencional que as empresas utilizam não é apropriada para a Inclusão Social, já que existem elementos nessa tecnologia que visa sempre o faturamento dos lucros que impede o desenvolvimento da Inclusão Social nesse ambiente. Além do mais, não se pode esperar que empresas façam inclusão social gerando trabalho proporcional à sua carga necessária de produção, uma vez que o intuito é manter o máximo de lucro possível e para isso muitas vezes é necessário cortar gastos com mão de obra para manter sua margem de custos a menor possível. Nota-se que as instituições públicas não estão integralmente capacitadas para aprimorar ferramentas para proporcionar a Inclusão Social para tornar as empresas autossustentáveis. As tecnologias convencionais podem ser divididas conforme o tipo de artefato produzido, junto com a classe de informação científica utilizada: tecnologias físicas (diversos ramos da engenharia: civil, mecânica, elétrica, nuclear, arquitetura, urbanismo, etc.), tecnologias químicas, tecnologias biológicas, tecnologias da informação e comunicação, tecnologias psíquicas, tecnologias da saúde e tecnologias sociais (administração, economia, direito, etc.). No presente caso, estas tecnologias sociais são tecnologias convencionais porque visam ao lucro e não à inclusão social (Cupani, 2011, p. 102). Por sua vez, falar em tecnologias sociais é abordar processos que, ao mesmo tempo, se inserem na mais moderna agenda do conhecimento e na mais antiga das intenções – a superação da pobreza. É falar do resultado concreto e inovador do trabalho de pessoas que resolveram problemas inspiradas pela sabedoria popular e com o auxílio de pesquisadores. É também falar de produtos de organizações da economia solidária que se inserem num circuito econômico cada vez mais significativo. Diante do exposto, pode-se definir Tecnologias Sociais como tecnologias que de alguma forma, tentam, em sua origem, diferenciar-se daquelas tecnologias consideradas de uso intensivo de capital e poupadoras de mão de obra, objetando-se ao processo de transferência massiva de tecnologia de grande escala, característico dos países desenvolvidos, para os países em desenvolvimento, que podem criar mais problemas do que resolvê-los (Brandão, 2001, p. 13). Conforme Costa (2013, p. 5-7), tecnologias sociais pressupõem a participação efetiva da comunidade em seu processo de construção e/ou apropriação. A atual política governamental do Brasil de apoio incondicional à inclusão social permite, com segurança, a implementação de políticas públicas visando à disseminação de tecnologias sociais. O País está presenciando um importante processo de transformação social, construindo uma dinâmica diferente, na qual os problemas sociais não são resolvidos apenas por meio de políticas isoladas, mas ganham como aliado o protagonismo social no processo de desenvolvimento de nossa sociedade. Medidas do governo federal foram reforçadas por iniciativas que emergiram da própria sociedade. A maior dimensão destes investimentos sociais foi potencializada em 2004, com a criação da Rede de Tecnologia Social (RTS)3. A RTS possui hoje mais de 800 instituições filiadas, que adotaram o tema das tecnologias sociais como linha de atuação. É neste contexto que se amplia, com a atuação destas instituições e, principalmente, frente à grande dimensão dos problemas sociais que ainda enfrentamos, o entendimento de que as tecnologias sociais podem se constituir em alternativas de efetivas políticas públicas. As tecnologias sociais passam a ser mais conhecidas na medida em que se apresentam como alternativas modernas, simples e de baixo custo para a solução de problemas estruturais das camadas mais excluídas da sociedade. Nelas podemos encontrar soluções efetivas para temas como a educação, meio ambiente, energia, alimentação, habitação, água, trabalho e renda, saúde, entre outros. As tecnologias sociais alicerçam-se em duas premissas fundamentais para sua propagação: a participação das pessoas das comunidades que as desenvolvem e a sustentabilidade nas soluções apresentadas. Na visão de Costa (2013, p. 18), Tecnologia social implica participação, empoderamento e autogestão de seus usuários – princípios base do conceito utilizado nesta pesquisa. No entanto, dada a realidade da América Latina, tem seu potencial conceitualdebatido e expandido para estratégias concretas de inclusão social. Com este mesmo sentido, o Instituto de Tecnologias Sociais (ITS) caracteriza as TS como: novos produtos, equipamentos, dispositivos, processos, técnicas, metodologias, serviços, inovações sociais e organizacionais de gestão voltadas prioritariamente para a inclusão social. Com estas contribuições teóricas podemos ainda discriminar outras formas de inovação que oferecem possibilidades de alternativas para o uso de tecnologias para a inclusão social e inserindo o papel determinante das tecnologias da informação e comunicação. Temos hoje uma hegemonia nas inovações capitalizada pelas tecnologias da informação e comunicação. Desta forma, destacamos a seguir possibilidades de tecnologias inclusivas com estas novas contribuições. De acordo com Bastos Tigre (2006, p. 54-55, grifo nosso), as chamadas Tecnologias da Informação e Comunicação abriram [...] oportunidades para inovações secundárias que vêm revolucionando a indústria e a organização do sistema produtivo global. [...] A possibilidade de integrar cadeias globais de suprimentos, aproximar fornecedores e usuários e acessar informações em tempo real em multimídia, onde quer que elas se encontrem armazenadas, alimenta o desenvolvimento de uma nova infra-estrutura, de novos modelos de negócios e viabiliza inovações organizacionais que seriam impensáveis sem a informação e comunicação digitais. [...] As TIC têm um papel central nesse processo, pois constituem não apenas uma nova indústria, mas o núcleo dinâmico de uma revolução tecnológica. Segundo Castells (2006), não é a tecnologia que muda a sociedade e sim a sociedade que transforma a tecnologia de acordo com as necessidades da população. A tecnologia é o encargo necessário mas não predominante para um novo conceito de estrutura social baseada em redes de comunicação digital. Isso veio em virtude ao avanço da eletricidade que impulsionou na propagação de maneiras organizacionais de uma sociedade mediante as tecnologias geradas a partir da eletricidade. As redes digitais vão além dos limites históricos, permitindo a comunicação de forma descentralizada, podendo tomar decisões além do alcance físico. A comunicação em rede é global, com isso sua estrutura chega a lugares diversos do planeta espalhando-se a diversas culturas, tecnologias, economias. Entretanto, essa grande rede não chega a determinadas regiões, excluindo parte da população mundial mas que são afetadas, mesmo que indiretamente, por essa estrutura. Como solução, A questão é reconhecer os contornos do nosso novo terreno histórico, ou seja, o mundo em que vivemos. Só então será possível identificar os meios através dos quais, sociedades específicas em contextos específicos, podem atingir os seus objetivos e realizar os seus valores, fazendo uso das novas oportunidades geradas pela mais extraordinária revolução tecnológica da humanidade, que é capaz de transformar as nossas capacidades de comunicação, que permite a alteração dos nossos códigos de vida, que nos fornece as ferramentas para realmente controlarmos as nossas próprias condições, com todo o seu potencial destrutivo e todas as implicações da sua capacidade criativa. (Castells, 2006, p. 19) Tendo explicitado a fundamentação teórica que orienta o presente trabalho, direcionamos os nossos esforços para uma atuação prática, conforme a seguir. 3. Tecnologias Inclusivas e Inovação Social no LabMídia A partir destas discussões sobre tecnologias convencionais e sociais, percebeu-se a necessidade de aprofundar esta pesquisa crítica sobre a distinção entre tecnologias convencionais e sociais e avançar na discussão sobre o uso das tecnologias para a inclusão. Esta linha de pesquisa estrutura- se no Laboratório de Mídia e Conhecimento (LabMídia) do Campus Araranguá da UFSC. O Campus Araranguá da UFSC surge em 2009 como resultado do Reuni – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. O Reuni é uma das ações integrantes Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) em reconhecimento ao papel estratégico das universidades federais para o desenvolvimento econômico e social e tem a finalidade imediata de aumentar o número de vagas de ingresso e a redução das taxas de evasão nos cursos presenciais de graduação. O Reuni, além de permitir a expansão democrática do acesso ao ensino superior, aumentando expressivamente o contingente de estudantes de camadas sociais de menor renda na universidade pública também possibilitou a expansão e interiorização das instituições federais de educação superior. A criação dos novos Campi da UFSC busca duas metas propostas pela atual administração federal: a) Interiorização da educação pública, preenchendo lacunas geográficas e ocupando espaços em regiões nas quais as carências impedem o acesso das populações menos favorecidas ao ensino superior e, consequentemente, ao desenvolvimento; b) Aumentar o percentual de estudantes matriculados no ensino superior público com relação ao total dos estudantes matriculados no País. O Campus de Araranguá tem como um dos objetivos o de atender o extremo sul do estado de Santa Catarina. A região onde se situa o Campus de Araranguá, conhecida como Mesorregião Sul Catarinense, formada pelas Microregiões Araranguá, Criciúma e Tubarão, abriga em torno de 902.478 habitantes distribuídos em 44 municípios. A região apresenta estrutura produtiva altamente diversificada e tem sua base econômica na agricultura, indústrias metalúrgicas, moveleira, cerâmica, confecção e construção civil, porém, também se pode considerar os serviços e o turismo como fatores econômicos representativos para a microrregião de Araranguá. Principalmente na microrregião Criciúma, podem ser identificados agrupamentos de indústrias de artigos plásticos, química, metal- mecânico e cerâmica de revestimento, sendo que o setor metal-mecânico é formado especialmente por empresas de micro e pequeno porte voltadas desde as atividades elementares, como as de metalurgia básica, até a produção de máquinas e equipamentos para a indústria ceramista. Já a estrutura produtiva do setor químico é composta por empresas de médio porte especializadas na produção de coloríficos químicos para a produção de cerâmicas de revestimento. O campus Araranguá, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) possui quatro cursos de graduação (Bacharelado em Tecnologias da Informação e Comunicação, Engenharia de Computação, Engenharia de Energia e Fisioterapia). O Curso de “Bacharelado em Tecnologias da Informação e Comunicação”, objetiva formar profissionais capazes de solucionar problemas que envolvem a utilização de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) em organizações. Ou seja, a instalação do Campus Araranguá insere-se justamente na proposta de uma educação com foco no uso das tecnologias para a inclusão social. Aliado a esta proposta surge o Laboratório de Mídia e Conhecimento (LabMídia), do Campus Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina que de acordo, com Ogliari e Souza (2015), foi estruturado com o intuito de promover ações relacionadas à produção de mídias necessárias para o aprimoramento das atividades acadêmicas daquele Campus buscando a utilização e aplicação de ferramentas de EaD ao laborar no sentido de formar acadêmicos capazes. O LabMídia, entre outras atividades, apoia a melhoria dos recursos pedagógicos das disciplinas de EaD presentes no currículo dos cursos de graduação do Campus e o resultado da implementação pode ser considerado alentador por permitir que se vislumbre uma cada vez maior interação entre as comunidades acadêmica e local, promovendo a solidificação da base estrutural fundamentada pela UFSC quando da instalação do Campus na região. O LabMídia executa vários projetos de ensino, pesquisa, extensão e inovação na utilização de redes, mídias e tecnologias digitais para inclusão social dos quais destacamos: Web Rádio. Posteriormente, vincula-se ao LabMídia o Observatório de Tecnologias Inclusivas, cujo objetivo
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