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Estudos sobre a Surdez e a LIBRAS em Brasília

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Prévia do material em texto

Brasília - DF.
Libras
Autores
Maria Esther de ARAÚJO
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e 
Editoração
Sumario
Organização do caderno de estudos e pesquisa ..................................................................................................... 4
Introdução ............................................................................................................................................................................. 6
Aula 1
Sobre a Surdez .............................................................................................................................................................. 7
Aula 2
A Cultura Surda ............................................................................................................................................................17
Aula 3
Aspectos políticos da inclusão ...............................................................................................................................25
Aula 4
Acessibilidade, Inclusão Social e Educação .......................................................................................................30
Aula 5
Língua e Linguagem e a LIBRAS ...........................................................................................................................39
Aula 6
Estrutura Gramatical da LIBRAS ............................................................................................................................49
Referências ..........................................................................................................................................................................56
4
Organização do caderno de 
estudos e pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, 
de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com 
questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais 
agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos 
com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa 
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. 
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de 
fortalecer o processo de aprendizagem do aluno.
5
Organização do caderno de estudos e pesquisa
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
6
Introdução
XX
Objetivos
 » XXXX
7
Apresentação
Diversos fatores interferem na audição diminuindo a capacidade auditiva. Conhecer a anatomia 
auditiva favorece a compreensão do tipo de perda, a interferência na comunicação e no processo 
ensino-aprendizagem. Os fatores causais estão diretamente relacionados ao tipo de perda e à 
capacidade de socialização, interação e comunicação; portanto, compreender quais são os fatores 
que levam a uma baixa auditiva é fundamental para uma boa interação com o sujeito surdo.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 » Reconhecer a anatomia auditiva e suas funções.
 » Compreender o tipo de perda e sua relação com a comunicação oral.
 » Entender a interferência da surdez no processo ensino aprendizagem.
1AulASOBRE A SuRdEz 
8
AulA 1 • SOBRE A SuRdEz
Sobre a surdez e o surdo
A Linguagem e Surdez
A linguagem é o sistema pelo qual o indivíduo expressa suas ideias, pensamento, opiniões 
e sentimentos. É a linguagem que permite ao homem organizar seu pensamento, traduzir o 
que sente, registrar o que conhece e comunicar-se com outros indivíduos. É a linguagem que 
marca o ingresso do indivíduo na cultura, construindo-se como sujeito, definido sua identidade 
colocando-se como parte de uma comunidade.
A linguagem tem sido objeto de pesquisa e discussões referentes à aptidão linguística, tendo em 
vista a discussão sobre falhas decorrentes de distúrbios sensoriais, como a surdez. 
Chomsky (1994), em seus estudos, afirma que as crianças não seriam capazes de aprender 
a língua materna caso não fizessem determinadas suposições iniciais sobre como o código 
deve ou não operar. Nesse sentido, a palavra possibilita que o indivíduo desenvolva atividades 
mentais fundamentais para a formação da consciência, assegurando o processo de abstração e 
generalização, além de ser veículo de transmissão do saber.
Os indivíduos ouvintes utilizam os dois processos da linguagem: o verbal e o não verbal. Nos 
indivíduos que apresentam surdez congênita e pré-verbal, o desenvolvimento da linguagem 
verbal, de forma natural é bloqueada, mas isso não impede o desenvolvimento dos processos 
não verbais.
A fase de zero a cinco anos de idade é decisiva para a formação psíquica do ser humano, já 
que é nesse período que ocorre a ativação das estruturas inatas genético-constitucionais da 
personalidade do sujeito. Os processos de desenvolvimento do pensamento e da linguagem 
incluem o conjunto de interações entre a criança e o ambiente. Os estímulos presentes em um 
ambiente linguístico são essenciais para que essas estruturas sejam ativadas, ou seja, a criança 
ouve e aprende a língua oral (LURIA, 1986).
Nos casos de crianças surdas, os estímulos auditivos não são percebidos, gerando transtornos 
na aquisição da linguagem oral. Isso não significa que esta criança não possui a capacidade de 
se comunicar, já que o ser humano possui dois sistemas para a produção e reconhecimento da 
linguagem: O sistema sensorial, que utiliza da anatomia visual/auditiva e vocal (línguas orais) e o 
sistema motor, que utiliza a anatomia visual e da anatomia da mão e do braço (línguas de sinais).
SISTEMA ANATOMIA lÍNGuA
Sistema Sensorial utiliza a anatomia visual/auditiva e vocal. Línguas orais.
Sistema motor utiliza a anatomia visual e da anatomia 
da mão e do braço.
Línguas de sinais.
9
SOBRE A SuRdEz • AulA 1
Um dos grandes desafios dos profissionais que estudam e atuam com os surdos é o de superar 
a barreira da aprendizagem e uso da língua oral. Essa dificuldade está proporcionalmente 
relacionada ao tempo de privação da audição, ou seja, quanto maior o tempo de privação 
sonora, maior a dificuldade em da aprendizagem e uso da lingual oral. Considerando os surdos 
congênitos (nascidos surdos) maiores serão suas dificuldades educacionais, caso não receba 
atendimento adequado.
A capacidade de comunicação linguística no processo de desenvolvimento da criança surda é 
um dos principais condutores no desenvolvimento da potencialidade do surdo. Sua capacidade 
de se comunicar permitirá que desempenhe seu papel social, integrando-se verdadeiramente 
na sociedade. Para que isso aconteça é necessário desenvolver alternativas que possibilitem aos 
surdos o desenvolvimento desse potencial linguístico.Alternativas que não tenham como ênfase 
a aprendizagem da língua portuguesa oral sobre a cognição do surdo. Essas alternativas devem 
considerar a substituição do canal auditivo por outros, em destaque o visual, o motor e o tátil. 
Deve-se atentar, também, para aproveitar os resíduos auditivos do surdo, ou seja, os estímulos 
auditivos que podem ser percebidos, com ou sem o uso de aparelhos de amplificação auditiva 
– as próteses auditivas.
De fato, a audição é um sentido de valor inestimável. Por meio da captação das informações 
sonoras, a audição nos coloca dentro do mundo e da comunicação humana, sendo imprescindível 
para o preestabelecimento da linguagem. Para que haja a aquisição e o desenvolvimento normal 
da linguagem, é necessária a integridade anátomo-fisiológica do sistema auditivo e adequada 
estimulação, viabilizando a experiência acústica necessária ao aprendizado linguístico. Esse é o 
processo natural e, quando há alguma interferência na captação, condução ou transformação 
dessa energia, ocorre o que chamamos de surdez (FROTA, 2006). 
Ainda assim, observa-se que a pessoa com surdez tem as mesmas possibilidades de desenvolvimento 
que a pessoa ouvinte, precisando somente que tenha suas necessidades especiais supridas, visto 
que o natural do homem é a linguagem.
Surdez
O termo “surdez” é o mais utilizado para indicar a dificuldade ou impossibilidade de ouvir. É 
considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum e parcialmente 
surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.
Deficiência auditiva é “a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, comprovada por 
audiograma nas frequências de 500 hertz, e 2.000 hertz”.
Lei no 5.296/2004
10
AulA 1 • SOBRE A SuRdEz
A surdez apresenta classificações e graus diferenciados, de acordo com a sua origem ou causa. 
Para melhor compreender esse processo, vamos conhecer um pouco na anatomia da orelha e 
das perdas auditivas (DOUGLAS, 2006).
“Surdo-mudo” é uma denominação arcaica e incorreta para se referir ao surdo. Este termo não é utilizado pelo grupo que 
pertence à comunidade surda, pois MUDEZ é a impossibilidade de falar ou problema relacionado à emissão da voz.
Entre os profissionais da educação e saúde, o termo comumente utilizado é “Deficiência auditiva”. 
É o termo técnico utilizado para indicar perda de audição ou diminuição na capacidade de escutar 
os sons. Qualquer problema que ocorra em algumas das partes do sistema auditivo pode levar 
a uma deficiência na audição. Geralmente, este termo não é utilizado pelo grupo que pertence 
à comunidade surda.
De forma simplificada, a surdez pode ser dividida em dois grupos: parcialmente surdos e surdos.
 » Parcialmente surdos – São aqueles que possuem surdez leve, moderada e acentuada.
 » Surdos – São aqueles que possuem surdez severa, profunda e anacusia.
Anatomia da orelha
A orelha é o órgão responsável pela audição e pelo equilíbrio. Sua maior parte fica localizada no 
osso temporal, sendo dividida em três partes: 
Orelha Externa: responsável pela captação da energia sonora.
É composta pelo pavilhão auditivo, o canal auditivo externo ou meato auditivo e a membrana 
timpânica. É a região visível do sistema auditivo e tem como função captar e canalizar sons que 
serão conduzidos à orelha média. 
Orelha Média: responsável pela condução da energia sonora.
Dentro da cavidade do osso temporal, é composta pela tuba auditiva, que faz a ligação entre a 
orelha média e a nasofaringe, equilibrando a pressão e drenando secreções, e por três ossículos, 
chamados martelo, bigorna e estribo, afixados por ligamentos à parede da orelha. As vibrações 
da membrana timpânica são transmitidas a estes ossinhos, que conduzem a energia sonora 
para a orelha interna.
11
SOBRE A SuRdEz • AulA 1
Orelha Interna: responsável pela transformação da energia sonora 
em energia elétrica, bem como pelo equilíbrio.
Consiste em escavações no osso temporal, que se comunica com a orelha média. A orelha interna 
possui duas regiões, uma com função de equilíbrio, denominada labirinto ou canais semicirculares 
e outra com função auditiva, denominada cóclea. Ao receber o estímulo conduzido pela orelha 
média, a cóclea se encarrega em desencadear o processo de transformar o estímulo mecânico 
em estímulo elétrico, percebido e decodificado pelo sistema nervoso central, completando o 
ciclo da audição.
Figura 1 – Sistema Auditivo Periférico
Fonte: Anatomia (2011)
Categorias ou classificações das perdas auditivas
As perdas auditivas podem ser classificadas em relação ao local da lesão, ou seja, em que parte 
anatômica do sistema auditivo ela acontece (tipo de perda) ou em relação à quantidade de 
estímulo/energia sonora que se perde (grau da perda) (FROTA, 2006).
Classificação da perda auditiva de acordo com o local da 
lesão – tipo
TIPO OCORRÊNCIA / DEFINIÇÃO
Deficiência Auditiva Condutiva » Causada por um problema localizado na orelha externa e/ou média. 
 » Esta deficiência, em muitos casos, é reversível e geralmente não precisa de 
tratamento com aparelho auditivo, apenas cuidados médicos. 
12
AulA 1 • SOBRE A SuRdEz
Deficiência Auditiva 
Neurossensorial
 » decorrente de lesão na orelha interna. 
 » Nesse caso há uma diminuição na capacidade de receber os sons, provocada por um 
problema no mecanismo de percepção do som desde o ouvido interno até o cérebro.
Deficiência Auditiva Mista » Ocorre quando há uma alteração de origem condutiva somada a sensório-neural, a 
associação dos dois tipos de perda. Ou seja, quando o problema está localizado em 
ambos os mecanismos numa mesma pessoa.
Deficiência Auditiva Central » Ocorre quando há alterações nos mecanismos de processamento da informação 
sonoro, no sistema nervoso central. 
 » Não é, necessariamente, acompanhada de diminuição da sensitividade, ou seja, da 
percepção da presença do som.
Classificação da perda auditiva de acordo com o a energia sonora 
perdida – grau, de acordo com Northern e dows (1984)
Esta é outra classificação que pode ser dada às perdas auditivas, para crianças até 7 anos. Quanto 
maior o grau da perda, maior o comprometimento auditivo.
Na tabela a seguir é possível compreender o que o indivíduo com deficiência auditiva consegue 
ouvir sem o recurso do amplificador sonoro – a prótese auditiva:
Denominação Nível O que consegue ouvir sem amplificação
Audição normal Até 15 dB Consegue ouvir, sem amplificação, todos os sons da fala.
Perda auditiva discreta ou mínima 16 a 25 dB As vogais são ouvidas claramente, mas pode apresentar 
discreta dificuldade com consoantes surdas.
Perda auditiva leve 26 a 40 dB Ouves somente alguns dos sons da fala; os fonemas 
sonoros mais fortes.
Perda auditiva moderada 41 a 65 dB Perda a maior parte dos sons da fala em um nível de 
conversação normal.
Perda auditiva severa. 66 a 95 dB Não ouve os sons da fala de uma conversação normal.
Perda auditiva de grau profundo Acima de 95 dB Não ouve fala ou outros sons.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) utiliza outra classificação para deficiência auditiva, 
apresentada na tabela a seguir:
Grau Perda Auditiva em dB
Audição Normal Até 25
Deficiência auditiva leve 26 a 40
Deficiência auditiva moderada 41 a 60
Deficiência auditiva grave 61 a 80
Deficiência auditiva muito grave incluindo surdez 81 ou mais
13
SOBRE A SuRdEz • AulA 1
Comportamento auditivo
 » Parcialmente Surdos:
 › Surdez leve: 
No caso de surdez de grau leve, o indivíduo pode ser considerado desatento, já 
que normalmente solicita que o interlocutor repita o que lhe falou. Nesses casos, a 
deficiência não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá causar algum 
problema de articulação, produzindo troca de fonemas na fala ou dificuldade na 
leitura e escrita. 
 › Surdez moderada: 
Observa-se uma dificuldade em perceber, com clareza, o que se fala pelo telefone e 
mesmo em uma conversação direta, o que leva a muitas trocas nas palavras ouvidas 
por outrafoneticamente semelhante (pato/rato). Nesse caso é frequente o atraso da 
linguagem.
Normalmente, é necessário um apoio visual para facilitar a compreensão do que foi 
dito. O indivíduo, com uma surdez de grau acentuado, apresenta atraso de linguagem 
e alterações articulatórias, ocasionando maiores problemas linguísticos.
 » Surdo
 › Surdez severa: 
A compreensão verbal vai depender da habilidade em se fazer a leitura labial. Crianças 
com surdez severa costumam atingir os 4 ou 5 anos de idade sem ter aprendido a 
falar, e necessitam de um atendimento especializado para adquirir a linguagem oral. 
 › Surdez profunda: 
A perda auditiva é acima de 91 dB, e o indivíduo não percebe nem identifica a voz 
humana, o que acaba por impedir a aquisição da linguagem oral. Os sons percebidos 
são os graves que transmitem vibração (trovão, helicóptero). Esta perda é considerada 
muito grave, o que leva à necessidade de um atendimento especializado desde a mais 
tenra idade para que se adquira a linguagem oral. 
O termo “anacusia” é utilizado para a falta total de audição e, nesses casos, o surdo deve ser trabalhado e estimulado o mais 
precocemente possível, tendo como conduta pedagógica o mesmo da surdez profunda.
14
AulA 1 • SOBRE A SuRdEz
Causas das perdas auditivas
São vários os fatores que podem causar uma deficiência auditiva. Tanto a identificação do fator 
causal quanto o momento em que a lesão ocorre são fundamentais para traçar um bom trabalho 
com o indivíduo surdo ou ensurdecido. 
Podemos classificar a deficiência auditiva quanto ao momento em que ocorre a lesão (FROTA, 
2006):
Pré-natal (durante a gestação)
São perdas auditivas que podem ser causadas por desordens genéticas, consanguinidade, doenças 
infectocontagiosas (como a toxoplasmose, a sífilis e a rubéola), uso de drogas e álcool pela 
mãe, desnutrição ou carência alimentar materna, hipertensão ou diabetes durante a gestação 
e exposição à radiação. São as perdas congênitas (nascidas com a perda) e não apresentam boa 
resposta medicamentosa ou cirúrgica.
Perinatal (durante o nascimento)
São as perdas adquiridas no momento do nascimento. Podem ter como causa a anoxia (falta de 
oxigenação), prematuridade, traumas do parto, estrangulamento de cordão umbilical, icterícia 
grave no recém-nascido e infecção hospitalar. Não apresentam boa resposta medicamentosa 
ou cirúrgica.
Pós-natal (depois do nascimento)
São as perdas adquiridas após o nascimento. Podem ser causadas por infecções (como meningite, 
sarampo, caxumba), o uso de remédios ototóxicos em excesso e sem orientação médica, a exposição 
excessiva a ruídos e a sons muito altos e o traumatismo craniano. Esses casos, normalmente, 
não apresentam boa resposta medicamentosa ou cirúrgica. 
Também podem ser causadas por processos alérgicos ou viroses que originam gripes e resfriados. 
Nesse caso, a resposta medicamentosa ou cirúrgica é satisfatória, podendo chegar a uma 
recuperação total.
Sinais indicadores de surdez:
 » não se assustar com portas que batem ou outros ruídos fortes;
 » não acordar com música alta ou barulho repentino;
 » não atenderem quando são chamadas;
 » serem distraídas, desatentas, desligadas, apáticas, não se concentrarem;
15
SOBRE A SuRdEz • AulA 1
 » não falar, após os dois anos de idade;
 » parecer ter atraso no desenvolvimento neurológico ou motor.
diagnóstico
É primordial que a perda auditiva seja percebida nos 
primeiros meses de vida. Para isso, é necessário o 
empenho de profissionais qualificados na identificação 
da perda, no seu diagnóstico e na intervenção 
educacional, possibilitando um desenvolvimento mais 
qualitativo e melhor interação social.
Um dos desafios da saúde pública é a obtenção desse diagnóstico o mais precocemente possível. 
Infelizmente, na maioria dos casos, a surdez só é percebida tardiamente. Por esse motivo, deu-se a 
criação da Lei no 12303, de 2 de agosto de 2010, que define como obrigatório o “Teste da Orelhinha”. 
Trata-se de um procedimento realizado através de Emissões Otoacústicas Evocadas (OEA). 
De acordo com o Joint Committee on Infant Hearing e o Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas 
na Infância, é fundamental que a triagem auditiva neonatal chegue a todas as crianças com até 
90 dias de nascidas; se for detectada alguma alteração, que se façam os procedimentos cabíveis 
até 180 dias após o nascimento da criança, isso com o exame de emissões otoacústicas. 
O Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas na Infância 
(CBPAI) e Triagem Auditiva Universal (TANU) também 
apoiam esse parâmetro. O exame não tem qualquer 
contraindicação, não acorda nem incomoda o bebê, 
não exige uso de agulhas ou qualquer outro objeto 
perfurante e é absolutamente inócuo, dura de 5 a 10 
minutos, o recém-nascido não sente nada e é de simples compreensão.
O diagnóstico precoce das perdas auditivas é essencial para o bom desenvolvimento da criança. 
É preciso que as alterações nas vias auditivas sejam diagnosticadas logo no início e que os fatores 
causadores da perda auditiva sejam identificados e, se possível, sanados, minimizando ou evitando 
prejuízos futuros. Embora o diagnóstico seja essencial, não basta saber que a perda auditiva 
existe. É necessário que haja estrutura para readaptação dessas crianças (FERNANDES, 2003).
Cerca de 50% das perdas auditivas teriam os danos minimizados se tivessem sido diagnosticados precocemente ou 
eliminados os fatores de risco.
(PEREIRA, 2004).
Sugestão de estudo
Uma boa dica de leitura são as revistas 
disponíveis no site http://www.crfa1.org.br/
Saiba mais
Quer saber mais sobre a surdez e como prevenir? 
Consulte os manuais disponíveis no site 
http://www.fonoaudiologia.org.br/
16
AulA 1 • SOBRE A SuRdEz
Resumo
Vimos até agora:
 » O conceito de surdez, a relação da surdez com a linguagem e comunicação, bem como 
alguns mitos e verdade sobre o surdo.
 » A anatomia das orelhas externa, média e interna e a relação com o tipo e classificações 
da perda auditiva.
 » Os fatores causais, tipo e grau da perda e a relação com a linguagem e comunicação.
 » A importância do diagnóstico precoce e do diagnóstico diferencial para o processo de 
socialização do surdo.
17
Apresentação
A origem da língua de sinais deixa a necessidade de uma maior compreensão da riqueza que 
existe nessa forma de se comunicar, entendendo a língua de sinais como legítima e eficaz. 
Historicamente, os conflitos sociais, quanto à sua eficácia e legitimidade, demonstram o quanto 
à sociedade precisa quebrar a barreira do preconceito e entender o que o surdo e a Língua de 
Sinais é capaz de fazer.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 » Entender a origem da língua de sinais.
 » Refletir sobra às diferenças culturais surdas na história.
 » Refletir sobre os aspectos históricos e sociais na educação e socialização do sujeito surdo.
 » Compreender como se forma a cultura e identidade surda.
 » Refletir sobre as relações sociais que envolvem a comunidade surda.
A Cultura Surda
A comunicação por Língua de Sinais não é exclusividade brasileira. Na maioria do mundo há, pelo 
menos, uma Língua de Sinais (LS) usada pela comunidade surda de cada país e as comunidades 
surdas estão espalhadas pelo mundo, sendo grande e diversifica.
Para refletirmos sobre os fundamentos políticos da inclusão social do surdo, é necessário um 
conhecimento básico da história de surdos. Conhecer a história de surdos nos possibilita mais 
do que a aquisição de conhecimentos, mas também bases para reflexão e questionamentos 
diversos relacionados à educação e inclusão social do surdo na atualidade. 
2AulAA CuLtuRA SuRdA
18
AulA 2 • A CuLtuRA SuRdA
Aspectos históricos e educacionais.
Os contextos históricos em que os povos surdos 
estão inseridos possibilita uma visão dos 
diferentes “olhares” sobre sua aceitabilidade e as 
diversas tentativas de inclusão social. Os registros 
não são ricos, mas é possível notar os esforços 
de tornar os sujeitos surdos o maispróximo do modelo ouvinte, adotando estratégias, em sua 
maioria, excludentes, buscando adaptar o surdo a sociedade ouvinte, entendendo ser a surdez 
uma deficiência, em muito caos incapacitante. (SILVA, 2009).
O povo surdo é grupo de sujeitos surdos que tem costumes, história, tradições em comuns e pertencentes às mesmas 
peculiaridades, ou seja, constrói sua concepção de mundo através da visão.
É na Lei Hebraica que encontramos as primeiras referências aos surdos. Em diversos versículos 
bíblicos encontramos referências associando o divino a deficiências físicas como surdez e 
cegueira, entre outras.
Êxodo - 4:11
E disse-lhe o SENHOR: Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o 
SENHOR?
Levítico - 19:14
Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR.
Os egípcios acreditavam que os surdos eram seres divinos, capazes de se comunicarem com os 
deuses. Sendo assim, serviam de intermediários entre os faraós e as divindades, eram temidos 
e respeitados.
Na Grécia, os surdos eram tratados como seres incompetentes, acreditando-se que por não 
possuírem uma linguagem, não eram capazes de raciocinar. Por serem considerados incapazes, 
não tinham direitos, eram marginalizados e muitas vezes condenados à morte. 
A história dos surdos começa mudar graças às discussões em torno das condições semi-humana 
delegada aos surdos. Alguns filósofos da época pensavam que os símbolos tinham que ser falados, 
já Sócrates possuía o seguinte pensamento. 
“Se não tivéssemos voz nem língua e ainda assim quiséssemos expressar coisas uns aos outros, não deveríamos, como 
aqueles que ora são mudos, esforçar-nos para transmitir o que desejássemos dizer com as mãos, a cabeça e outras partes do 
corpo?”. 
Relatos históricos de Sócrates
Para refletir
Por que nos dias atuais, mesmo com uma política de 
inclusão, o sujeito surdo continua excluído?
19
A CuLtuRA SuRdA • AulA 2
Influenciados pelos Gregos, os Romanos acreditavam que os surdos eram seres imperfeitos, 
excluindo-os da sociedade. Posteriormente defendeu-se a ideia de que os filhos surdos eram 
consequência de algum pecado cometido por seus pais, ou seja, filhos surdos pagavam pelo 
pecado de seus pais. 
Nesse período histórico, os surdos não tinham direitos a heranças, não frequentavam o meio 
social e eram proibidos de se casarem. 
Foi nesse período que os surdos começaram a despertar a atenção da igreja, preocupada com a 
impossibilidade do surdo se confessar e com o aumento do número de surdos nascidos em famílias 
nobres. Era comum o casamento consanguíneo na nobreza. Para que a herança fosse mantida 
na família era aceito casamento entre primos, sobrinhas e até irmãos, produzindo um aumento 
significativo de indivíduos com anomalias genéticas, incluído a surdez. Foi Santo Agostinho que 
defendeu a ideia que os surdos podiam comunicar por meio de gestos, que, em substituição à 
fala, eram aceitos para a salvação da alma. Dessa forma, é no século XII que encontramos os 
primeiros relatos sobre a educação dos surdos.
O primeiro registro da utilização de uma técnica ou estratégia de ensino com surdo relata de 
700 d.C. John Beverley foi o primeiro a ensinar uma pessoa surda a falar, sendo considerado por 
muitos como o primeiro educador de surdos. Ainda assim, os créditos de primeiro professor de 
surdo foi para o monge beneditino espanhol Pedro Ponce de León que desenvolveu um alfabeto 
manual que ajudava os surdos a soletrar as palavras. Dando continuidade ao seu trabalho, Juan 
Pablo Bonet, padre espanhol, ensinou os surdos a lerem e a falarem, utilizando outra metodologia, 
o método oral. 
Foi John Bulwer, médico britânico, que defendendo o uso de gestos entre os surdos. Seguindo 
seus passos, John Wallis (1616 a 1703) desiste de ensinar os surdos à oralidade, dedicando-se a 
ensiná-los a escrever usando gestos (WIDELL, 1992).
Sobre os Métodos...
Língua de Sinais e Escola para Surdos.
As discussões sobre os surdos geraram inquietações que acabaram por conduzir ao surgimento 
da língua de sinais bem como sua utilização no processo educacional. O abade Charles Michel 
de L´Epée foi um dos grandes responsáveis por esse avanço. No século XVII, L’Epée, movido por 
questões religiosas reuniu os surdos dos arredores de Paris, criando a primeira escola pública 
para surdos. (MOURA. 1997)
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AulA 2 • A CuLtuRA SuRdA
Os surdos não tinham acesso aos ensinamentos do catolicismo e não tinham direito a confissão 
de pecados. L´Epée aprendeu os sinais e iniciou a educação de surdos na França e, além dos 
ensinamentos religiosos, ensinou conhecimentos a nível escolar. 
“[...] E então, associando sinais a figuras e palavras escritas, o abade ensinou-os 
a ler; e com isso, de um golpe, deu-lhes o acesso aos conhecimentos e à cultura 
do mundo”. 
Sacks (2002, p.30)
Outro aspecto relevante em sua metodologia foi à presença de um intérprete da língua de sinais, 
que auxiliava no processo de ensino aprendizagem. Esse pode ter sido o fator mais importante 
que justifica seu sucesso com a educação de surdos foi.
O sistema metódico de L´Epée – uma combinação da língua de sinais nativa com 
gramática francesa traduzida em sinais – permitia aos alunos surdos escrever o 
que era dito por meio de um intérprete que se comunicava por sinais, um método 
tão bem sucedido que, pela primeira vez, permitiu que alunos surdos comuns 
lessem e escrevessem em francês e, assim, adquirissem educação. 
Sacks (2002, p.30)
Embora a metodologia tenha apresentado resultados positivos, seu desenvolvimento foi abafado 
pela crença de que o surdo não possuía a mesma capacidade de aprendizagem que o ouvinte. 
Isso levou os surdos uniram-se cada vez mais em prol de uma comunidade, de uma cultura e 
de uma língua.
O Oralismo
Em 1880, tendo como base as discussões geradas no Congresso de Milão, defini-se uma nova 
corrente na educação dos surdos: a oralista. Trata-se de um método que considera a voz como 
o único meio de comunicação e de educação para os surdos, que passou a ser adotado como 
metodologia única, sendo excluídas todas as possibilidades de uso das línguas de sinais na 
educação dos surdos. 
O sistema metódico de L´Epée – uma combinação da língua de sinais nativa com 
gramática francesa traduzida em sinais – permitia aos alunos surdos escrever o 
que era dito por meio de um intérprete que se comunicava por sinais, um método 
tão bem sucedido que, pela primeira vez, permitiu que alunos surdos comuns 
lessem e escrevessem em francês e, assim, adquirissem educação. 
Sacks (2002, p.30)
A linguagem de sinais foi proibida, o domínio da língua oral passou a ser uma condição para 
aceitação da pessoa com surdez dentro de uma comunidade majoritária. Nesse momento 
histórico, a proposta oralista ganha força com defensores como Ferreri, líder dos educadores de 
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A CuLtuRA SuRdA • AulA 2
surdos na Itália, que via a língua de sinais algo rudimentar, constrangedor e primitivo. Para ele 
a língua de sinais era uma mímica violenta e espasmódica. (MOURA, 2000). 
O oralismo foi uma proposta que não trouxe benefícios para os surdos já que, em sua maioria, 
os surdos não eram bem-sucedidos com a leitura labial e em uma emissão sonora que fosse 
compreensível aos ouvintes. Isso levava ao sentimento de incapacidade. Além disso, o oralismo 
simplesmente desconsiderava as questões relacionadas à cultura e sociedade surda.
Foi após o Congresso Mundial de Surdos, realizado em 1971, em Paris, que o chamado “Império 
Oralista” declina e a língua de sinais retoma força. Nesse mesmo Congresso foram também discutidos 
resultados de pesquisas realizadas nos EUA sobre a chamada “Filosofia da Comunicação Total”.
A Comunicação total
Por volta de 1960, Dorothy Shifflet, professora e mãe de uma menina surda, descontente com os 
métodos oralistas, utilizou um método que combinava sinais, fala, leitura labial e treino auditivo, 
denominando seu trabalho de Total Approach – (Abordagem ouComunicação Total)
Comunicação Total respeita as características da pessoa com surdez utilizando todo e qualquer 
recurso possível para a comunicação, a fim de potencializar as interações sociais, considerando 
as áreas cognitivas, linguísticas e afetivas dos alunos. A ideia é usar o que for possível para se 
processar uma comunicação eficiente. Esta filosofia recomenda o tanto de códigos manuais 
como da língua oral.
Diferente do que é defendido pelo oralismo, a Comunicação Total acredita que somente o 
aprendizado da língua oral não assegura pleno desenvolvimento do surdo. A proposta filosófica 
da Comunicação Total valoriza a comunicação e a interação, e não apenas a língua. Outro 
aspecto relevante é o respeito e valorização da família e seu papel na hora de compartilhar 
valores e significados.
Esta filosofia defende a ideia que o deficiente auditivo deve ser aceito de forma que não haja 
discriminação pelo fato da criança surda não dominar a oralidade. Ainda assim há ainda resistência 
quanto a essa proposta, já que a oralidade continua a ser o objetivo principal de trabalho em 
muitas sessões de terapia, tanto por imposição de algumas famílias como pela visão de muitos 
profissionais.
Apesar das políticas públicas investirem no estabelecimento de modelos que valorizem o surdo 
na sua totalidade, os ganhos ainda são pequenos. O certo é que a Comunicação Total possibilitou 
o contato com sinais anteriormente proibidos pelo oralismo. Esse contato propiciou aos surdos 
à aprendizagem das línguas de sinais que, no uso da Comunicação Total, era frequentemente 
utilizado entre os alunos, enquanto na relação com o professor era usada uma mistura de língua 
de sinais com a língua oral. 
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AulA 2 • A CuLtuRA SuRdA
O Bilinguismo
O Bilinguismo é o uso de mais de uma língua, dentro de uma mesma comunidade linguística ou 
pela mesma pessoa. Essa posposta filosófica e metodológica visa capacitar a pessoa com surdez 
para a utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social: a Língua de Sinais (que 
no Brasil é a LIBRAS), e a língua da comunidade ouvinte (Português).
O bilinguismo surge como uma proposta de intervenção educacional com a finalidade de atender 
as especificidades linguísticas dos alunos surdos. Considera-se que a língua de sinais é uma língua 
natural adquirida de forma espontânea pela pessoa surda em contato com as pessoas que usam 
essa língua. A língua escrita, por sua vez, é adquirida de uma forma sistematizada. 
A filosofia do bilinguismo defende que as línguas (falada e de sinais) podem conviver, mas não 
simultaneamente. Para o Surdo a 1ª Língua (Língua Materna) deve ser a LIBRAS e a 2ª a Língua 
Portuguesa. Os resultados têm indicado que esta proposta, quando bem executada, apresenta 
resultados satisfatórios no ensino de crianças surdas, tendo como foco à língua de sinais como 
parte de um pressuposto para o ensino da língua escrita.
“No Bilinguísmo o surdo precisa compreender e sinalizar fluentemente sua língua 
de sinais e ler e escrever fluentemente no idioma do país.” 
CAPOVILLA (2000).
Um aspecto que deve ser considerado é que a Língua de Sinais são sistemas de sinais independentes 
das línguas faladas. Não existe uma língua de sinais utilizada e compreendida universalmente, pois 
uma se diferencia da outra. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) tem sua origem na Língua de 
Sinais Francesa – origem, e não reprodução. A LIBRAS é diferente da Língua de Sinais Americana 
(ASL), que é diferente da Língua de Sinais Britânica (BSL), que difere, por sua vez, da Língua de 
Sinais Francesa (LSF). Mesmo no Brasil, a LIBRAS possui variações linguísticas regionais, ou seja, 
diferenças de sinais por região. Isso comprova a rica expressividade presente na comunicação 
com a Língua de Sinais (SKLIAR, 1999).
Língua de Sinais e Escola para Surdos.
A Lei no 10.436/2002 considera a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como língua oficial da 
comunidade surda e defende a educação bilíngue para os surdos, reconhecendo a existência 
da cultura surda. 
“Por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de 
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua 
Brasileira de Sinais (LIBRAS)”.
Definição de sujeito surdo - Decreto Federal no 5.626/2005
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A CuLtuRA SuRdA • AulA 2
A partir do Decreto no 5.626/2005, que regulamentou a Lei de Libras, as propostas educacionais 
do Bilinguismo começaram a se estruturar. O Decreto prevê a organização de turmas bilíngues, 
constituídas por alunos surdos e ouvintes onde as duas línguas (LIBRAS e Língua Portuguesa) 
são utilizadas no mesmo espaço educacional, definindo para os alunos surdos LIBRAS como 
primeira língua é a Língua Portuguesa na modalidade escrita, como segunda. O decreto orienta 
ainda quanto à formação inicial e continuada de professores e formação de intérpretes para a 
tradução e interpretação da LIBRAS e da Língua Portuguesa.
Na perspectiva bilíngue, a Língua de Sinais é caracterizada como língua natural para o surdo e, portanto, sua primeira língua 
(L1). A Língua Portuguesa, língua oficial do país, na modalidade escrita, deve ser aprendida como segunda língua (L2).
Nesse sentido, o processo de alfabetização de uma criança surda deve ser entender que a Língua 
Portuguesa (L2), possibilita uma “leitura do mundo”, mas é por meio da Língua de Sinais (L1) que 
a criança conseguirá fazer uma “leitura de mundo”, ou seja, é por meio da língua de sinais que as 
crianças pensam e discutem sobre o mundo estabelecendo noções e organizando pensamentos, 
com base na descoberta da própria língua. (QUADROS, 2004).
Identidade, Cultura e Comunidade Surda
Em oposição ao discurso do “corpo danificado” os surdos lutam pelo reconhecimento da surdez 
como “uma, entre outras tantas, formas de estar no mundo”. Em diversas comunidades surdas, 
a luta é pelo reconhecimento da surdez como diferença. Nesse sentido a surdez vai além da 
deficiência e questões biomédicas, ocupando seu espaço nos estudos sociais, linguísticos, 
educacionais e antropológicos. Essas novas compreensões solidificam o “Ser Surdo” como uma 
forma de existir, desdobrando-se em uma série de expressões identitárias.
Se anteriormente eram identificados como “portador” de uma enfermidade ou doença; como 
“deficiente” no sentido no sentido pejorativo, hoje os surdos envolvem-se nas lutas políticas e 
movimentação popular, reivindicando e reafirmando seus direitos. Esses movimentos caminham 
em prol da afirmação das identidades surdas.
“Identidade é o processo de construção do significado com base num atributo 
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais inter-relacionados, o(s) 
qual(is) prevalece(m) sobre outras formas de significado” 
(CASTELLS, 2001, p. 3)
A identidade torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada 
continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados 
nos sistemas culturais que nos rodeiam (HALL, 1987). É definida historicamente, e não 
biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, 
identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente 
(HALL, 2006, p. 13).
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AulA 2 • A CuLtuRA SuRdA
Perlin (2005) cita algumas das várias identidades comuns entre o povo surdo, que podem ser 
definidas como:
 » Identidade Flutuante: o surdo vive e se manifesta de acordo com o mundo ouvinte, se 
espelhando na representação hegemonia do ouvinte.
 » Identidade Inconformada: o surdo se sente numa identidade subalterna, não conseguindo 
captar a representação da identidade ouvinte.
 » Identidade de Transição: o surdo passa por um conflito cultural, nos casos em que 
seu contato com a comunidade surda acontece tardiamente, fazendo a passagem da 
comunicação visual-oral (na maioria das vezes truncada) para a comunicação visual 
sinalizada.
 » Identidade Híbrida: o surdo nasce ouvinte e ensurdece depois de ter acesso à língua 
oral, tendo presente às duas línguas numa dependência dos sinais e do pensamento 
nalíngua oral.
 » Identidade Surda: o surdo vive no mundo visual e desenvolver sua experiência na Língua 
de Sinais. Os surdos que assumem a identidade surda são representados por discursos 
que os veem capazes como sujeitos culturais, uma formação de identidade que só ocorre 
entre espaços culturais surdos.
O certo é que em nenhum outro momento histórico se falou tanto, e com tanta frequência, 
sobre identidade, comunidade e culturas surdas. Inúmeras produções culturais são partilhadas 
entre as comunidades surdas, novas organizações e movimento se consolidam, novos símbolos 
e significados são difundidos (LOPES, 2004).
Resumo
Vimos até agora:
 » As bases históricas da educação e socialização do surdo.
 » Os aspectos sociais e legais que levam à inclusão do surdo.
 » As propostas filosóficas, políticas e educacionais utilizadas na comunicação e inclusão 
do surdo.
 » A importância da comunicação e do desenvolvimento da linguagem de sinais para o 
surdo.
 » Os conceitos e as definições sobre a cultura, identidade e comunidade surdo.
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Apresentação
Entende-se por políticas sociais as ações governamentais desenvolvidas em conjunto por meio 
de programas que proporcionam a garantia de direitos e condições dignas de vida ao cidadão de 
forma equânime e justa. Entender quais são esses fatores e os aspectos políticos que envolvem a 
inclusão do surdo na educação e mercado de trabalho é essencial para que sejamos coparticipantes 
na inclusão social do surdo.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 » Entender os mecanismos que envolvem o processo de comunicação.
 » Ter ciência das políticas e respaldo legal que fundamentam a inclusão social do surdo.
 » Compreender a relação do processor como mediador no processo de inclusão do surdo 
e sua aprendizagem.
 » Entender a importância de uma adaptação curricular e recursos que devem ser utilizados 
na aprendizagem do surdo.
 » Perceber o potencial do surdo e o que é necessário para sua inserção no mercado de 
trabalho.
Aspectos políticos da inclusão
Atualmente o mundo vive um momento em que propostas de inclusão são apresentadas e 
discutidas. Pessoas consideradas diferentes, quer sejam por necessidades especiais ou por 
pertencerem a culturas diferentes tendem a serem excluídas, justificando o surgimento de 
legislações que contemplem as condições necessárias e essa minoria. A finalidade é dar condições 
de igualdade, atendendo as necessidades e demanda provenientes destes grupos.
3AulAASPECtOS POLítICOS dA INCLuSãO
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AulA 3 • ASPECtOS POLítICOS dA INCLuSãO
A exclusão é uma prática constante em nossa sociedade e incluir é um tema desafiador. Incluir 
é “permitir” ao diferente que compartilhe os espaços comuns, mas, também significa mudar, 
flexibilizar, preparar para receber, tornar possível. 
No Brasil e no mundo a inclusão dos indivíduos com algum tipo de deficiência ou necessidades 
especiais tem sido um desafio. Neste grupo encontram-se os sujeitos surdos que se comunicam 
pela Língua de Sinais. Discutir sobre a socialização dos surdos aponta para a realidade das suas 
necessidades que por muito tempo foi negligenciada.
Incluir os surdos requer o reconhecimento de sua diferença e não deficiência. Essa diferença é 
fruto de uma cultura e língua diferente, que se não for compreendida e aceita conduz à segregação; 
à exclusão.
No Brasil, a política de segregação da pessoa deficiente evidenciou-se com a criação de escolas 
especiais, em que indivíduos que apresentavam certo tipo de incapacidade ou limitação, eram 
segregados a escolas separadas dos indivíduos ditos “normais”. Postos à margem das questões 
sociais, culturais e educacionais os surdos são vistos pela sociedade por suas limitações e não 
por suas potencialidades. São definidos como deficientes e, equivocadamente considerados 
incapaz ou inferior aos ouvintes.
Embora esse panorama venha se modificando, com as políticas e conscientização geral sobre os 
direitos do exercício da cidadania, os avanços ainda são lentos. É preciso que se auxiliem as famílias 
das pessoas surdas a se perceberem como partícipes na implementação de procedimentos que 
conduzam a uma real inclusão do surdo na sociedade ouvinte, quer seja no ensino regular ou 
no mercado de trabalho. É preciso que sejam efetivas as políticas sociais de inclusão do sujeito 
surdo em uma sociedade produtiva e igualitária.
O Paradigma da Educação Inclusiva
Ações pautadas nos direitos humanos são propostas que respeitam as diferenças e promovem 
equidade a todas as pessoas independentemente de condições e diferenças.
Como já foi dito, a inserção da educação inclusiva tem como propósito resgatar a humanização 
dos que anteriormente eram segregados. Nessa perspectiva, a legislação educacional vigente - Lei 
de Diretrizes e Bases (LDB) no 9394/1996, cuja máxima é educação para todos em seu capitulo 
V sugere a inclusão de alunos com necessidades especiais preferencialmente no ensino regular, 
considerando políticas internacionais que comungam o desejo de minimizar ações excludentes. 
Esses tem sido elementos norteadores para as novas práticas na educação bem como em outros 
segmentos sociais.
27
ASPECtOS POLítICOS dA INCLuSãO • AulA 3
O Brasil fez opção pela construção de um sistema educacional inclusivo ao concordar com 
a Declaração Mundial de Educação para Todos e ao mostrar consonância com os postulados 
produzidos em Salamanca (Espanha).
A Declaração de Salamanca afirma que:
 » A tendência da política social é de fomentar a integração e a participação e de lutar 
contra a exclusão. 
 » As necessidades educativas especiais incorporam os princípios já comprovados de uma 
pedagogia equilibrada que beneficia todas as crianças.
 » As políticas educativas deverão levar em conta as diferenças individuais e as diversas 
situações.
Nesse sentido, deve ser levada em consideração, por exemplo, a importância da língua dos sinais 
como meio de comunicação para os surdos, e ser assegurado a todos os surdos acesso ao ensino 
da língua de sinais de seu país.
Com base nesses dispositivos políticos-filosóficos e nos dispositivos da legislação brasileira, o 
CNE aprovou a Resolução no 2/2001 que institui as Diretrizes nacionais para educação especial na 
educação básica. Essas Diretrizes incluem os alunos surdos no grupo daqueles com dificuldades 
de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, e que demanda a utilização de 
linguagens e códigos aplicáveis. 
Deve ser assegurada, no processo educativo de alunos que apresentam dificuldades 
de sinalização diferenciadas dos demais educandos, a acessibilidade aos conteúdos 
curriculares mediante a utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como 
o sistema braile e a língua de sinais, sem prejuízo do aprendizado da língua 
portuguesa, facultando-lhes e às suas famílias a opção pela abordagem pedagógica 
que julgarem adequada, ouvidos os profissionais especializados em cada caso
Parágrafo 2o do art. 12
O inciso IV do art. 8o dessa mesma Resolução aponta os diferentes serviços de apoio pedagógico 
especializado que deverão ser previstos e providos pelas escolas: 
a. Atuação colaborativa de professor especializado em educação especial.
b. Atuação de professores-intérpretes das linguagens e códigos aplicáveis.
c. Atuação de professores e outros profissionais itinerantes intra e interinstitucionalmente.
d. Disponibilização de outros apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à 
comunicação.
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AulA 3 • ASPECtOS POLítICOS dA INCLuSãO
Prevê ainda a utilização de salas de recursos e, extraordinariamente, classes e escolas especiais 
como forma de cooperar para a inclusão de alunos no sistema educacional brasileiro.
Na escola, inclusão significa responsabilidade governamental (secretários de educação, diretores 
de escola, professores), bem como significa reestruturação da escola que hoje existe, de forma 
que ela se torne apta a dar respostas às necessidades educacionais especiais de todos seusalunos, 
inclusive dos surdos. 
Nenhuma escola pode excluir um aluno alegando não saber com ele atuar ou não ter professores 
capacitados. 
Toda escola (regular ou especial) deve organizar-se para oferecer educação de qualidade para 
todos.
A construção de uma educação inclusiva requer uma mudança de paradigma na perceção do 
que é educação.
Fundamentos legais da língua
O Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005, regulamentou a Lei no 10.436/2002, também 
denominada Lei de LIBRAS, tratando dos aspectos relativos à inclusão de LIBRAS nos cursos 
superiores, à formação de professores para o ensino de LIBRAS, à formação de tradutores e 
intérpretes de LIBRAS, à atuação do Serviço Único de Saúde (SUS), à capacitação de servidores 
públicos para o uso da Libras ou sua interpretação e à dotação orçamentária para garantir as 
ações previstas no Decreto no 5.626/2005.
A LIBRAS, como 1ª língua, e a Língua Portuguesa, como 2ª língua, constituem complementação 
curricular específica a ser desenvolvida nas mesmas escolas em que o aluno com surdez está 
matriculado. A partir de 2006, os sistemas de ensino devem organizar classes ou escolas bilíngues, 
abertas a surdos e ouvintes. Isso também inclui viabilizar cursos de qualificação profissional dos 
professores; organizar serviços de tradutor e intérprete de LIBRAS para atuação nas classes que 
têm surdos nos anos finais do ensino fundamental, no ensino médio, educação profissional e 
educação superior.
De acordo com a Lei no 10.098 de 19 de dezembro de 2000, no capítulo VII, art. 18. O Poder Público 
implementará a formação de profissionais intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais 
e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa portadora de 
deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação.
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ASPECtOS POLítICOS dA INCLuSãO • AulA 3
Simbolo internacional da surdez
A Lei no 8.160 de 8 de janeiro de 1991 tornou obrigatória a colocação do “Símbolo Internacional 
da Surdez”, de forma vizível, em todos os locais que possibilitam acesso, circulação e utilização 
por pessoas portadoras de deficiência auditiva, e em todos os serviços que forem postos à sua 
disposição ou que possibilitem o seu uso.
Resumo
Vimos até agora:
 » Os fundamentos indispensáveis para compreender os aspectos políticos da inclusão 
do surdo.
 » A Declaração de Salamanca de sua influência na inclusão do surdo no Brasil.
 » O paradigma da educação inclusiva e o que diz o CNE.
 » As leis que fundamentam a inclusão do surdo no ensino regular e na sociedade.
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Apresentação
A inclusão é um direito de todos e, como profissionais e cidadãos, é o nosso dever estarmos 
conscientes das possibilidades e recursos que podem ser utilizados para que isso aconteça, 
reconhecendo a aplicando técnicas e estratégias facilitadoras para a real inclusão do surdo.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 » Refletir sobre questões relevantes sobre acessibilidade e inclusão social.
 » Compreender a importância da comunicação e seus mecanismos.
 » Compreender a importância do professor como mediador na aprendizagem do surdo.
 » Entender como o suro lê o mundo, sua forma de aprendizagem e escrita.
 » Refletir sobre questões pertinentes para inclusão do surdo no mercado de trabalho.
Comunicação
É certo que, independentemente de quem seja ou do que se tenha, todos necessitam 
comunicar-se. Uma vez identificada à perda auditiva em uma pessoa, a ela não pode ser negado 
o direito de uma língua e uma forma de comunicação. 
Chaveiro e Barbosa, 2005, sustentam a ideia que “a linguagem é um instrumento de poder.” Diante 
de uma sociedade ouvinte, na qual a comunicação oral pode ser um símbolo de autonomia, 
o surdo também não pode deixar de vivenciar novas experiências; experiências essas que são 
vividas pela sociedade ouvinte, como o direito de uma língua, o direito à educação, ao lazer 
e ao trabalho. Infelizmente, há um longo caminho a ser percorrido em relação à aceitação e 
convivência com o sujeito surdo. 
4
AulA
ACESSIBILIdAdE, INCLuSãO 
SOCIAL E EduCAçãO
31
ACESSIBILIdAdE, INCLuSãO SOCIAL E EduCAçãO • AulA 4
A comunicação do indivíduo pode apresentar dificuldade quando ele nasce em um ambiente 
diferente de sua língua materna. O surdo, ao ser incluindo no ensino regular ou mercado de 
trabalho, tende a encontrar obstáculos para se comunicar que devem ser vencidos, ou ao menos 
minimizados, com o uso de alguns recursos e estratégias.
Para entendermos sobre os recursos facilitadores na comunicação com o sujeito surdo, é 
importante falarmos sobre mensagem, código e canal de comunicação. A figura a seguir apresenta 
uma relação simplificada entre emissor e receptor, que nos auxiliará na compreensão de como 
a mensagem é percebida:
Elementos da comunicação
Comunicar é um ato importante para o convívio social, possibilitando o acesso à informação, 
o convívio e a socialização. É nessas tentativas de adquirir aprendizado e troca de informações 
que o homem começa a constituir o que é a chamada comunicação (INSTITUTO DE 
TECNOLOGIA ORT, on-line).
A comunicação, por sua vez, é uma das formas mais importantes que o indivíduo usa como 
recurso de socialização. É através dela que há troca de informações, possibilitando aprendizado 
e convívio social entre as pessoas de uma sociedade (PIMENTA, 2006). Diante disto, pressupõe-se 
que a comunicação tem um importante papel na constituição da pessoa como sujeito, 
partindo da tese que o indivíduo que não se comunica ou não tem uma comunicação eficaz 
e/ou satisfatória para o convívio social tende a se isolar tanto da sociedade quanto dos meios 
de comunicação de massa que também são fontes de conhecimento e comunicação.
O indivíduo pode apresentar falhas no processo de comunicação quando nasce em um 
ambiente diferente de sua língua materna. Isso acontece com o surdo que, ao ser incluindo 
no ensino regular ou mercado de trabalho, tende a encontrar obstáculos no processo de 
comunicação, normalmente relacionadas ao canal de comunicação, ou seja, pela maneira 
que a mensagem é transmitida. 
Para entendermos sobre os recursos facilitadores na comunicação com o sujeito surdo, é 
importante falarmos sobre mensagem, código e canal de comunicação. A figura a seguir 
apresenta uma relação simplificada entre emissor e receptor, que nos auxiliará na compreensão 
de como a mensagem é percebida:
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AulA 4 • ACESSIBILIdAdE, INCLuSãO SOCIAL E EduCAçãO
Elementos do Processo de Comunicação Interpessoal
Lacerda (2006, p. 177) afirma que a forma de expressão de uma pessoa surda é diferente da 
sociedade ouvinte, uma vez que faz uso de uma língua própria. “Ele é um estrangeiro que tem 
acesso aos conhecimentos de um modo diverso dos demais e se mantém isolado do grupo.” 
A Língua de Sinais é a língua natural para a pessoa surda e funciona como suporte do pensamento. 
Ela é o seu meio de comunicação e por meio dela ele pode pensar planejar, sentir e aprender outras 
línguas. Na comunicação entre o ouvinte e o surdo, o entrave ocorre no canal de comunicação, 
ou seja, na maneira como a mensagem é passada, já o ouvinte se comunica de forma oral e o 
surdo por sinais. Isso dificulta a compreensão da mensagem.
A Inclusão Social
A inclusão social deve ser baseada no respeito e na justiça em relação às diferenças apresentadas 
pelo ser humano, em que o foco de cada um é saber conviver com a diferença e sustentando o 
fato de que todos são diferentes, isso os torna iguais.
As dificuldades desta inclusão são imensas em relação ao sujeito surdo, até mesmo em relação ao 
seu processo de socialização, no qual a sociedade ouvinte sempre teve uma visão de que a pessoa 
com alguma deficiência não é digna de usufruir dos benefícios de uma vida social, limitando-a 
e impedindo-a de adquirir um olhar mais seguro e menos inferior da vida.
Macêdo (2002) faz-se valer de que o direito à inclusão social é de todos, e também dos deficientesauditivos que, em decorrência de suas limitações, na maioria das vezes são ignorados por uma 
cultura que segue a comunicação verbal como norma.
A inclusão acaba sendo, então, um direito de quem apresenta limitações que fogem do padrão 
de normalidade da maioria e um dever da sociedade, que exclui pelo simples fato de ver essas 
pessoas como deficientes, contribuindo para uma “autoexclusão” do surdo, já que o olhar da 
sociedade o faz pensar que ele é incapaz de progredir.
33
ACESSIBILIdAdE, INCLuSãO SOCIAL E EduCAçãO • AulA 4
É preciso integrar o indivíduo surdo à sociedade. A integração baseia-se no princípio de 
“normalização”, que significa “oferecer aos portadores de necessidades especiais modos e 
condições de vida diária o mais semelhante possível às formas e condições de vida do resto da 
sociedade” (Política Nacional de Educação Especial, MEC, 1994).
As pessoas surdas têm direito a participar da vida familiar, de uma escola comum, da comunidade 
e de ser inserido em um mercado de trabalho, mesmo que em cada um desses momentos 
mereçam uma atenção diferenciada às suas necessidades especiais. Claro que isso depende, 
entre outros fatores, de uma comunidade que esteja preparada para conviver e aceitar aqueles 
que são diferentes. 
Esse processo ocorre nos seguintes contextos relacionais: 
 » Na família: os pais e demais membros da família incluem sua criança, surda ou não, 
nas atividades cotidianas do lar desde o seu nascimento.
 » Na escola: os colegas devem ser orientados quanto à importância da Língua de Sinais 
com o objetivo de uma interação mais efetiva com a criança surda.
 » Na sociedade: a integração social do surdo é o resultado de todo o processo que teve 
início com a estimulação precoce. O processo de integração social é contínuo e torna-se 
mensurável à medida que o surdo conscientiza-se de seu papel de cidadão com pleno 
direito à escolha de vida pública e privada. 
Na Família
A surdez é uma deficiência invisível aos olhos. Ao receber a comprovação da gravidez, pais e 
família se preparam para o nascimento de um bebê saudável, recebem e se relacionam com 
essa criança como um ouvinte, sem perceber, em muitos casos, suas restrições. Interagem com 
seu filho, falando e brincando até receberem o diagnóstico de surdez. A partir desse momento, 
deixam de lado essa interação, sem perceber que é nesse exato momento que ela deveria ser 
intensificada, já que a criança pequena, surda ou ouvinte, se orienta pelo “sentir”, sendo capaz 
de perceber sua aceitação ou não e a criança que sofre uma mudança brusca no relacionamento 
com os pais pode ficar afetada emocionalmente, trazendo repercussões no futuro.
Quando há uma divergência entre o que a criança é e a expectativa da família, é provável que haja 
também dificuldades no desenvolvimento emocional, social e intelectual. Isso acaba por acarretar 
uma dificuldade nas relações, dificultando sua socialização futura, já que o desenvolvimento 
sócio emocional depende diretamente do relacionamento dos pais entre si, e destes com a 
criança, destacando-se o primeiro ano de vida. Neste período, torna-se o rosto humano o foco 
da atenção da criança. A impossibilidade de ouvir a voz materna é a primeira perda sofrida pela 
criança que nasce surda ou perde a audição nos primeiros meses de vida. Para o bebê surdo, o 
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AulA 4 • ACESSIBILIdAdE, INCLuSãO SOCIAL E EduCAçãO
conjunto de sinais visuais, como a expressão dos olhos, da testa, da face e o sorriso é equivalente 
à voz humana.
Quando nos referimos à educação, consideramos que a família é o principal elo entre o sujeito e 
a sociedade. Quando se trata do surdo, a família ganha um destaque maior por ser por ser nela 
que se encontra argumentos em formas de subsídio para introduzir o surdo no meio social. 
Os modelos educativos são assimilados culturalmente por gerações e é nesse modelo que os 
pais de uma criança surda têm sua base, ainda que inadequados à educação da criança surda, 
desencadeando frustrações e tensões em todos os envolvidos no processo. (STELLING, 1996). 
A Declaração de Salamanca, em seu art. 60, relata que “Os pais são os principais associados no 
tocante às necessidades educativas especiais de seus filhos, e a eles deveria competir, na medida 
do possível, a escolha do tipo de educação que desejam seja dada a seus filhos”. Sendo assim, 
a família torna-se participante ativa na educação do surdo, como ressalta a mesma declaração.
Deverão ser estreitadas as relações de cooperação e apoio entre administradores 
das escolas, professores e pais, fazendo que estes últimos participem na tomada 
de decisões, em atividades educativas no lar e na escola (onde poderiam assistir 
a demonstrações técnicas eficazes e receber instruções sobre como organizar 
atividades extra-escolares) e na supervisão e no apoio da aprendizagem de 
seus filhos. 
(Declaração de Salamanca, art. 61).
Sendo a dificuldade de comunicação o principal entrave no relacionamento de pais ouvintes e filhos 
surdos, o aprendizado da Libras pela família é de extrema importância para o desenvolvimento 
pleno da criança surda, permitindo, que todas as manifestações entre os envolvidos sejam 
compreendidas (QUADROS, 2002).
Na Escola
Muito se especula sobre propostas de políticas públicas educacionais no Brasil e, com o atraso 
escolar que o surdo apresenta em relação ao ouvinte, faz-se necessário que estas propostas sejam 
ainda mais eficazes, pois é preciso uma estruturação mais específica para auxiliar de forma 
satisfatória o ensino dos surdos (LEBEDEFF, 2006).
A educação dos surdos já foi vista como uma educação inferior em relação à educação dos 
ouvintes, já que acreditava-se que o surdo era de menor inteligência, o que contribuiria para 
uma aprendizagem menos eficaz (MOURA 2000).
O atraso no desenvolvimento escolar do surdo em relação ao ouvinte é significativo, uma vez 
que a língua utilizada para o aprendizado é a língua oral e o surdo possui, como estrutura 
linguística, uma estrutura visual-motora. Esta dificuldade em aprender através de outra língua 
contribui para que um número elevado de alunos surdos mantenha-se fora do meio escolar, pois 
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ACESSIBILIdAdE, INCLuSãO SOCIAL E EduCAçãO • AulA 4
a dificuldade de acesso ao conhecimento através da língua torna-se um fator determinante para 
esse afastamento (LEBEDEFF, 2006). 
Em relação a esta educação para o público surdo, há boas propostas para uma eficaz educação 
destes indivíduos, no que se refere a formas qualitativas de ensino e de inclusão escolar. O Brasil 
optou por uma política com um sistema de educação inclusiva em conformidade ao proposto 
pela Declaração Mundial de Educação para Todos, bem como com a Declaração de Salamanca 
(PORTAL DO MEC, on-line).
Um perfil de escola inclusiva é aquele que se caracteriza por adequar-se, não somente com uma 
estrutura física apropriada para todo e qualquer deficiente, seja esta deficiência física, sensorial 
ou mental, mas também com propostas de ensino que visam sanar as necessidades daqueles 
que a procuram, respeitando as limitações de cada um em sua diferença e incorporando formas 
de aprendizado específico a esses alunos (GOÉS; LAPLANE, 2004).
MEC, Resolução no 2/2001
De acordo com a Resolução no 2/2001 - MEC, todas as pessoas que apresentam algum tipo de 
perda auditiva têm direito a uma educação com um ensino regular, igual a uma pessoa que não 
apresenta perda auditiva, buscando a inclusão e a implantação de novas propostas a fim de 
melhorar a qualidade de vida dos surdos.
Art. 1o A presente Resolução institui as Diretrizes Nacionais para a educação 
de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, na Educação 
Básica, em todas as suas etapas e modalidades.
Parágrafo único. O atendimento escolar desses alunos terá início na educação 
infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de educação 
especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família 
e a comunidade, a necessidade de atendimento educacionalespecializado.
Segundo Gesueli (2006), “A utilização da Língua de Sinais vem sendo reconhecida como um 
caminho necessário para a efetiva mudança nas condições oferecidas pela escola no atendimento 
educacional de alunos surdos.” Desta forma, é correto afirmar que a LIBRAS vem contribuindo 
para uma eficácia no ensino dos indivíduos surdos, uma vez que proporciona embasamento 
teórico em relação à estrutura linguística da língua de sinais.
Existem alguns modelos educacionais cujo objetivo é facilitar o desenvolvimento escolar dos 
alunos surdos. A opção de um ensino bilíngue é um destes modelos e fundamental para os 
surdos que se disponibilizam a estudar e sentem a necessidade de se comunicar com o ouvinte. 
Nesse sentido, a LIBRAS é a primeira língua, utilizada pelo surdo na aquisição de conhecimento 
e comunicação, e o português ou a língua oral é a língua secundária, um recurso maior para a 
interação com os colegas e ganho maior na aprendizagem (GESUELI, 2006).
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AulA 4 • ACESSIBILIdAdE, INCLuSãO SOCIAL E EduCAçãO
As dificuldades de comunicação entre o professor ouvinte e o aluno surdo são evidenciadas 
diariamente. Isso ocorre pelo fato do despreparo do professor em receber e interagir com este 
aluno, até mesmo desconhecendo a existência de sua língua materna, a LIBRAS. Nestes casos, se 
o aluno surdo não domina a língua oral, não consegue ter êxito em seu ensino. Esta desarmonia 
desfavorece uma comunicação suficiente para a aprendizagem eficaz do aluno surdo, bem como 
de socialização com os demais colegas de classe (GESUELI, 2006).
A utilização da LIBRAS possibilita o desenvolvimento do surdo em todos os seus aspectos – 
cognitivos, socioafetivo-emocional e linguístico.
A utilização de tecnologias, tais como o uso da internet e celulares, também têm sido importantes 
recursos de ensino para os surdos, aumentando a capacidade “cognitiva, afetiva e social” dos 
mesmos, o que permite avanços não só na área educacional, como também na comunicação 
com o outro e nas relações emotivas (SOUZA, 2003, p. 1).
Outro aspecto facilitador essencial para que o processo ensino aprendizagem aconteça de forma 
satisfatória é a adequação curricular para o aluno deficiência auditivo, também identificado como 
D.A. Para esses alunos, o currículo deve ser adaptado de forma que se torne o mais concreto 
possível, utilizando-se dos canais sensoriais íntegros como facilitar na aprendizagem.
No processo ensino aprendizagem, o professor deve ser o mediador e educador, ou seja. O 
professor deve ser ver como o interlocutor entre o texto/conteúdo e a aprendizagem. Para isso 
ele precisa ser qualificado de forma a entender como ocorre o processo de aprendizagem no 
sujeito surdo, sua forma de se comunicar e sua escrita, levando-o a uma alfabetização satisfatória 
na escrita da Língua Portuguesa. 
O aprendizado da leitura e escrita para os surdos será diferente das pessoas ouvintes. Sua leitura 
de mundo é feita por meio de experiências visuais e concretizadas em sua língua natural. Por isso 
é importante que haja adaptação do currículo a ser trabalhado como o surdo. No aprendizado 
da leitura e escrita é necessário ir do mundo para o texto, dos conhecimentos concretizados na 
língua de sinais e que deverão ser traduzidos para o português.
Para o surdo, a aquisição da modalidade escrita representa a alfabetização em outra língua com 
diferenças sintáticas, morfológicas e fonéticas. Por isso, as irregularidades morfossintáticas 
identificadas na escrita dos indivíduos surdos coincidem com construções próprias da Língua 
de Sinais.
No Mercado de trabalho
Deve-se considerar que a comunicação é o principal canal de socialização do ser humano, pois 
é através dela que o indivíduo consegue aprender e ensinar, em virtude da troca de informações, 
possibilitando o convívio social. Porém, as formas de comunicação do ouvinte e do surdo são 
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ACESSIBILIdAdE, INCLuSãO SOCIAL E EduCAçãO • AulA 4
distintas, uma vez que existem choques culturais em relação à língua de ambos, em que uma é 
oral e a outra gestual. Isto acaba implicando, entre outros, a inserção dos indivíduos surdos no 
mercado de trabalho, em uma sociedade essencialmente ouvinte, onde há uma necessidade de 
pessoas comunicativas e com uma boa oratória.
As dificuldades em manter um diálogo com o outro levam o indivíduo a se excluir e/ou ser 
excluído do convívio social, principalmente quando “barreiras de linguagem e cultura” estão 
associadas a dificuldades de comunicação.
A aceitação do surdo no convívio do ouvinte, bem como no mercado de trabalho, ainda passa 
por um processo de transformação que exige bom senso e humanização, de um para com o 
outro, pois os surdos são o foco de muitos preconceitos em decorrência de sua condição e 
das consequências que esta pode trazer nos aspectos da vida emocional e profissional destes 
indivíduos (DAMÁZIO, 2005).
O ato de trabalhar permite ao ser humano se sentir útil, capaz e realizado, contribuindo 
favoravelmente nos aspectos de “comportamento, rotina e relações afetivas”. Em relação aos 
indivíduos surdos, a admissão no mercado de trabalho faz com que o mesmo deixe de se sentir 
excluído da sociedade e de se autoexcluir por “medo” do que esta pode pensar dele 
Inserir-se no mercado de trabalho exige uma grande habilidade comunicativa; pois, neste campo 
de tamanha competição, as pessoas precisam ter uma boa expressividade oral para satisfazer 
as necessidades do contratante e dos respectivos clientes. Este fator comunicativo, por sua vez, 
torna-se determinante na vida dos surdos no aspecto de empregabilidade, uma vez que é usuário 
de uma língua diferente da língua que o mercado exige. Isso acaba por levar o surdo a renunciar 
a uma inserção nesse mercado, restringindo-o ao convívio com sua comunidade, onde são bem 
aceitos por pessoas que se apresentam “iguais”.
“A linguagem deve ser vista como resultado da interação entre sujeitos, lugar de 
encontro de vários discursos e do embate de experiências.” 
Citelli (2011)
O desconhecimento das possibilidades profissionais das pessoas que apresentam alguma 
deficiência tem dificultado seu acesso ao mercado de trabalho. O conhecimento se produz por 
meio do que é gerado pelo sujeito nas interações sociais. Sendo assim, é preciso haver interação 
para que as dúvidas e tabus sejam esclarecidos.
A primeira barreira que o indivíduo surdo encontra é a comunicação, que configura uma situação 
de restrição que pode desencadear conflitos no contato social.
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AulA 4 • ACESSIBILIdAdE, INCLuSãO SOCIAL E EduCAçãO
“O processo de identificação e aceitação da própria limitação, propiciado pela 
afinidade com a pessoa portadora de deficiência, pode possibilitar relações mais 
afetivas no ambiente do trabalho e contaminar positivamente outras relações”.
(BATISTA, 2004)
A inclusão no mercado de trabalho proporciona ao surdo sua valorização como cidadão, leva à 
efetivação dos seus direitos garantidos em lei, e possibilita a convivência no ambiente de trabalho 
com trabalhadores ouvintes e, consequentemente, maior sociabilidade. 
A inclusão da pessoa surda no mercado de trabalho não deve se restringir à aplicação de leis 
e de projetos de responsabilidade social por parte das empresas. É preciso que a pessoa com 
deficiência seja, antes de tudo, capacitada para atuar de forma eficaz no mercado de trabalho 
e que este processo deve se iniciar no ambiente escolar e estender-se ao desenvolvimento de 
projetos de profissionalização.
Não basta que se criem leis para a inclusão e integração das pessoas com deficiência no mercado 
de trabalho, mas sim, que se desenvolvam políticas públicas eficazes para que se traga ao 
conhecimento de todos a capacidade do surdo e que esse reconhecimento promova a aceitação 
e efetiva contratação desse público, de forma plena e natural.
É preciso adaptar-se a novas culturas, a novas regras, a pessoas diferentes de variadas origens, 
crenças e valores, para que a diversidade humana venha enriquecer nossos conhecimentos e 
ofereçauma visão ampla e sem preconceitos da sociedade em que vivemos. 
Resumo
Vimos até agora:
 » Questões pertinentes sobre acessibilidade e inclusão social.
 » A comunicação e seus mecanismos.
 » O papel do professor como mediador na interação do surdo no ensino regular.
 » A aprendizagem do surdo e sua forma de leitura de mundo.
 » A inclusão do surdo no mercado de trabalho.
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Apresentação
A origem da Língua de Sinais deixa a necessidade de uma maior compreensão da riqueza que 
existe nessa forma de se comunicar, entendendo a Língua de Sinais como legítima e eficaz. 
Considerando que somente no ano de 2002 a Língua Brasileira de Sinais foi oficialmente 
reconhecida e aceita como segunda língua oficial brasileira, por meio da Lei no 10.436, de 24 de 
abril de 2002, é possível perceber o quanto a sociedade precisa quebrar a barreira do preconceito 
e entender o que o surdo e a Linguagem de Sinais é capaz de fazer.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 » Compreender o conceito de linguagem e língua.
 » Reconhecer os diversos tipos de linguagem e sua relação com a comunicação. 
 » Identificar as características da língua e Libras como língua.
LIBRAS
As Línguas de Sinais não são simples mímicas e gestos soltos, são línguas com estruturas 
gramaticais próprias, compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático 
e o semântico. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas é 
denominado sinais nas línguas de sinais. 
A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é utilizada por deficientes auditivos para a comunicação 
entre eles e entre surdos e ouvintes e é a sua modalidade que a diferencia das demais línguas.
Uma língua de sinais utiliza-se de gestos, sinais e expressões faciais e corporais, em vez de sons ou 
escrita na sua comunicação, ou seja, as línguas de sinais são de aquisição visual e produção espacial 
5AulALíNGuA E LINGuAGEM E A LIBRAS
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AulA 5 • LíNGuA E LINGuAGEM E A LIBRAS
e motora. Podemos definir que LIBRAS é uma língua de modalidade (modo de comunicação) 
visual-espacial e motora. 
Sendo assim, uma pessoa que entra em contato com uma Língua de Sinais irá aprender outra 
língua, e seus usuários terão capacidade instrumental para discutir questões complexas como 
filosofia e política ou produzir poemas e peças teatrais.
Para melhor nos inteirarmos dessa realidade é interessante que essa linguagem se faça conhecer, 
e que haja uma procura por ela com o interesse de aprendê-la.
Linguagem
Podemos definir Linguagem como o sistema pelo qual o homem comunica suas ideias e 
sentimentos, seja por meio da fala, da escrita ou de outros signos convencionais e Linguística é 
o nome da ciência que se dedica ao estudo da linguagem. 
Linguagem é qualquer meio de comunicação, como a linguagem corporal, as 
expressões faciais, a maneira de nos vestirmos, as reações de nosso organismo 
(tanto aos estímulos do meio, como de nosso pensamento ou , mesmo, dos 
aspectos fisiológicos) ou a linguagem de outros animais, os sinais de trânsito, 
a música, a pintura, enfim, todos os meios de comunicação, sejam cognitivos 
(internos), socioculturais (relativos ao meio) ou de natureza, como um todo. 
Fernandes (2003, p.16).
Linguagem - substantivo feminino
1. Ling qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, 
gestuais etc. “l. humana”
2. p. ext. qualquer sistema de símbolos ou sinais ou objetos instituídos como signos; código. “l. da dança”
Desenvolver uma linguagem é desenvolver a capacidade de expressar pensamentos, ideias, 
opiniões e sentimentos e está diretamente relacionada a fenômenos comunicativos, sendo 
inúmeras as formas de se comunicar e inúmeros os tipos de linguagens.
No cotidiano, nos deparamos fazemos uso da linguagem verbal e não verbal para nos comunicarmos. 
A linguagem verbal integra a fala e a escrita (diálogo, informações no rádio, televisão ou imprensa, 
e outras). Todos os outros recursos de comunicação como imagens, desenhos, símbolos, músicas, 
gestos, até mesmo o tom de voz, fazem parte da linguagem não verbal.
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LíNGuA E LINGuAGEM E A LIBRAS • AulA 5
Linguagem Verbal: é aquela que faz uso das palavras para comunicar algo, seja oral ou escrita.
Linguagem Não Verbal: é aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras
De uma forma mais geral, a Linguagem pode ser definida como qualquer sistema de sinais que 
possibilite aos indivíduos uma comunicação eficaz e plena.
Alguns exemplos de linguagem...
A linguagem corporal: é um tipo de linguagem não verbal, em que os movimentos corporais 
transmitem mensagens e intenções. A linguagem gestual está nessa categoria, utilizando-se 
de um sistema de gestos e movimentos cujo significado se fixa por convenção, e é usada na 
comunicação de pessoas com deficiências na fala e/ou audição.
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AulA 5 • LíNGuA E LINGuAGEM E A LIBRAS
A linguagem mista: é o uso simultâneo da linguagem verbal e não-verbal. Um exemplo perfeito 
é uma história em quadrinhos, que integra ao mesmo tempo, imagens, símbolos e diálogos.
As linguagens artificiais: normalmente criadas para servirem a um fim específico, como lógica 
matemática ou a informática. Também são denominadas por linguagens formais. A linguagem 
de programação de computadores é uma linguagem formal que consiste na criação de códigos 
e regras específicas que processam instruções para computadores.
Língua
Embora associados, linguagem e língua diferenciam-se em seu conceito, sendo a linguagem 
abstrata, relacionada à capacidade inerente ao homem de se comunicar e língua a concretização 
dessa capacidade.
Língua é um tipo de linguagem e define-se como sistema abstrato de regras 
gramaticais. Isto quer dizer que o conceito de língua está ligado a um conjunto 
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LíNGuA E LINGuAGEM E A LIBRAS • AulA 5
de regras gramaticais que identificam sua estrutura nos seus diversos planos dos 
sons, da estrutura, da formação e das classes de palavras, das estruturas frasais, 
da semântica, da contextualização do uso. 
Fernandes (2003)
A língua é o conjunto de sinais ou palavras e expressões usadas por um povo e nação. A língua é 
normativa, segue regras e possui uma estrutura e gramática. Pode ser considerado um instrumento 
na comunicação, que segue regras gramaticais, permitindo a comunicação e compreensão de 
grupos ou pessoas.
As línguas podem ser orais-auditivas ou espaço-visuais. As línguas são denominadas 
orais-auditiva quando a forma de recepção não grafada (não escrita) é a audição 
e a forma de reprodução (não escrita) é a oralização; as línguas espaço-visual são 
naturalmente reproduzidas por sinais manuais e sua recepção é visual.
A língua consiste em um conjunto específico de códigos e palavras, com regras e leis de combinação 
que permite que a mensagem seja passada de maneira compreensível. Sem essas regras, é provável 
que o a mensagem não seja compreendida, seria como escrever uma frase onde as palavras estão 
fora de ordem e esperar que a outra pessoa entenda a mensagem.
As línguas são uma forma de organizar o mundo, desempenhando as funções imediatas da 
comunicação. É por elas que exercemos a habilidade exprimem pensamentos e emoções. 
Trata-se de um sistema de signos estabelecido socialmente.
Por se tratar de uma expressão particular, utilizadas por povos variados, as línguas são depositárias 
de culturas que são armazenadas e passadas de geração em geração.
A língua possui um caráter social, ou seja, pertence a um conjunto de pessoas, em que cada 
membro da comunidade pode optar por uma ou outra forma de expressão. 
Ex.: Hoje eu estou muito feliz.
 Hoje eu estou felicíssima.
A língua é considerada natural ou materna quando desenvolvida naturalmente, ou seja, de 
forma não premeditada, resultante da capacidade inata do ser humano. Trata-se do primeiro 
idioma que se aprende, normalmente é a língua que se fala num país, e que é relativa aos 
naturais/nativos

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