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Anomia de Merton

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ANOMIA DE MERTON
Roteiro
Biografia do autor
Robert King Merton (1910-2003) Foi considerado o pioneiro na sociologia da ciência,
explorando o modo como os cientistas se comportam e o que os motiva: a recompensa e a
intimidação. Ele nasceu na Filadélfia, nos Estados Unidos, no dia 4 de julho de 1910. Filho
de imigrantes de origem judaica, estudou na South Philadelphia High School e era
frequentador assíduo da biblioteca Andrew Carnegie, da Biblioteca Central e do Museu de
Artes.
Em 1927, com uma bolsa de estudos, ingressou na Temple University, sendo tutorado
pelo sociólogo George E. Simpson. Em 1936, após a conclusão de sua dissertação “Ciência,
Tecnologia e Sociedade na Inglaterra do século 17”, lecionou em Harvard até 1939. Em
seguida passou a lecionar e chefiar o departamento de sociologia da Universidade de Tulane.
Em 1957 foi eleito Presidente da Associação Americana de Sociólogos. A carreira acadêmica
de Robert Merton acompanhou a evolução e aceitação da sociologia como disciplina
acadêmica. O sociólogo desenvolveu diversas teorias, entre elas a “Teoria Geral da Anomia”,
que foi transformada em sua obra clássica.
Na época da tese de doutorado, Merton, de 26 anos, com boa formação em latim, já sabia
ler em alemão, francês e italiano, línguas que lhe permitiram aproximar-se das grandes
correntes da sociologia europeia. Era claro para ele que a nova ciência e seus problemas
vieram do Velho Mundo, de Comte, Marx, Le Play e Spencer, mas especialmente Durkheim,
Weber e Simmel, as figuras que afirmaram definitivamente os conceitos, os métodos e
quadros de referência para o estudo da sociedade. Com essa ênfase, ele coletou a herança de
seus professores.
Merton assimilou esse legado, voltou o olhar em questões de relevância teórica e empírica
que levaram ao desenvolvimento de campos específicos da análise social derivados da
tradição sociológica européia e norte-americana. Dessas incursões surgiram suas
investigações sobre a teoria da anomia, de grande influência nos estudos criminológicos, que
aludem à quebra das normas e valores que regem a conduta dos indivíduos de uma sociedade
ou grupo, e seus escritos sobre a burocracia. estrutura e as consequências inesperadas da ação
social. Para isso, foi adicionado por suas incursões na sociologia do conhecimento e no
estudo das relações da ciência com a ordem social, um assunto que anunciava o alvorecer de
uma nova especialidade: a sociologia da ciência.
Metodologia do autor
A teoria geral da anomia de Merton investiga os motivos sociais e psicológicos, que fazem
alguns indivíduos ou até mesmo toda a sociedade não obedecer às leis, apresentando um
comportamento contrário ao direito. Nesse sentido, Merton estuda os padrões de condutas
sociais instituídos pelo direito e como os indivíduos reagem diante desses padrões, e como
essas normas postas são observadas e cumpridas pela sociedade.
O estudo da anomia, verificará a ineficácia de uma lei pelo não reconhecimento da
sociedade em relação ao seu conteúdo e necessidade.
Destarte, Merton estudará o desvio de conduta do indivíduo buscando explicar o que o
leva a ter um comportamento anômico independente da sociedade a qual o indivíduo
encontra-se inserido, visto que, as anemias estão presentes em sociedades bem estruturadas
em suas normas sociais - morais ou jurídicas.
Ao realizar seus estudos sobre o comportamento social,Merton parte da ideia de que a
causa da anomia deve-se a imposição social de determinadas metas culturais e parte da
sociedade não conseguir atingir essas metas pelos meios institucionalizados, visto que a
sociedade não fornece condições para que os indivíduos atinjam as metas impostas. nesse
sentido, é possível verificar que o comportamento anômico não se relaciona ao próprio
indivíduo nem as pessoas e seu meio social mas as circunstâncias e a própria estrutura
cultural e sócio-econômica presente nas sociedades capitalistas.
Robert Merton, é adepto da teoria funcionalista, o que é uma perspectiva teórico-
sociológica, e objetiva explicar os fenômenos sócio-culturais por meio de funções,
pressupostos e relações estruturantes presentes na sociedade e nas instituições sociais.
Merton Tenta explicar como um fenômeno social se desenvolve e funciona no todo do
sistema social. Para tal, estuda o comportamento humano em sociedade, deixando de lado a
perspectiva biológica e fofocando nos aspectos psicológicos e sócio-comportamentais.
Ao realizar esse estudo,Merton sustenta que o funcionamento imperfeito inadequado das
estruturas sociais não apresenta a causa na deficiência do controle social sobre o impulso
biológico do ser humano, contudo a frequência de comportamentos anômicos é variável no
interior de estruturas sociais diferentes, Tendo as anemias diferentes formas e moldes em
estruturas distintas, que para M Deve ser considerado como uma reação normal e esperada,
devido as contradições presentes nas estruturas sociais, que exercem sobre os membros da
sociedade uma forte pressão para que adotem condutas anômicas, com o objetivo de atingir
determinadas metas culturais.
Merton identificou 5 tipos de comportamentos: o conformista, inovacionismo, ou
ritualista, o de rebelião e o evasivo.
As Anomias
A sociologia examina o comportamento humano no âmbito social, a partir de modelos de
comportamento que são o resultado de um processo de construção social da realidade e acabam padronizando
as relações que se estabelecem entre os indivíduos. O estudo das relações sociais e da interação entre pessoas
requer a análise das regras de organização social, dos conflitos e mudanças sociais. Isso porque a imposição de
uma ordem social não se realiza sem que surjam conflitos relativos às regras sociais. É onde a sociologia
encontra-se com o direito, o qual tem por objetivo principal estabelecer regras explícitas e coerentes, que visam
a regular o comportamento social.
A sociologia jurídica, portanto, ocupar-se-á dos fenômenos do conflito, da integração e da mudança
social, bem como de sua expressão por meio do sistema jurídico. A verdade é que a utilização de conceitos
sociológicos no campo da chamada Ciência do Direito pode ser de bastante utilidade ao pensamento jurídico. E
o conceito de anomia, em particular, está entre aqueles que mais revelações podem trazer para a exata
compreensão dos fenômenos da normatividade jurídica, haja vista que as regras de Direito são realmente
editadas para fazer frente aos comportamentos de desvio das normas sociais anteriores, sejam jurídicas ou
costumeiras. Esses comportamentos que rejeitam as regras de conduta socialmente aprovadas são o que a
doutrina tem denominado de “conduta anômica”.
A palavra anomia tem origem grega. Deriva de anomos, onde a representa ausência, inexistência,
privação de; e nomos significa lei, norma. Analisando seu significado estritamente etimológico, anomia será,
portanto, uma situação de falta de lei, ou falta de norma de conduta. Um dos sociólogos que tiveram grande
reconhecimento ao utilizar esse termo foi Émile Durkheim em seu livro “A divisão do trabalho social”,
promulgando uma teoria que posteriormente fora melhorada por Robert Merton.
Na visão de Durkheim, a anomia seria, então, o estado de desregramento, no qual a sociedade não
consegue se orientar e limitar a atividade individual. Nesse sentido: quando se criam na sociedade “espaços
anômicos” (perda de referências normativas por um indivíduo ou um grupo), a solidariedade social enfraquece,
destruindo o equilíbrio entre as necessidades e os meios para a sua satisfação. O resultado é que a vida se
desregra e o indivíduo, sentindo-se “livre” de vínculos sociais, sofre porque perde suas referências, vivendo um
“vazio” e sendo levado à autodestruição.
Merton escreveu seu primeiro ensaio sobre anomia em 1936, como parte de seu trabalho de doutorado
em Harvard e posteriormente publicou no American Journal of Sociology em 1938.
O sociólogo apontou que a teoria funcional tenta determinar como a estrutura social e cultural gera
uma pressão para comportamentos socialmentedivergentes em indivíduos situados em posições diferentes
nessa estrutura. Ele entendia que havia uma forte tendência nas teorias psicológicas e sociológicas, do final do
século XIX, a afirmar que o funcionamento defeituoso das estruturas sociais era causado pelas deficiências do
controle social sobre os impulsos biológicos do ser humano. Na sua opinião, contudo, essa hipótese é
contraditada pelo fato de que qualquer que seja o papel dos impulsos biológicos, ainda permanece de pé a
questão de se saber por que a frequência do comportamento desviado varia dentro de estruturas sociais
diferentes, e por que sucede que os desvios têm diferentes forma e moldes em estruturas diferentes.
Merton aponta dois elementos de grande importância para o seu estudo, os quais ele chama de fases.
O primeiro elemento é constituído pelas metas, pelos propósitos e pelos interesses culturalmente
definidos. São objetivos do indivíduo pelos quais vale a pena lutar, como, por exemplo, ser rico, ser poderoso,
ser culto, etc. As pessoas que alcançam esses objetivos tendem a ter grande prestígio social.
É destacado que essas metas não são determinadas pelos próprios indivíduos, e sim, por algo externo
à eles: a sociedade, apesar de estarem relacionados com seus direcionamentos originais.
O segundo elemento apontado por Merton são as regras, as estruturas e as formas socialmente
aceitáveis dispostas para que o indivíduo alcance essas metas. Essas regras são impostas através de formas
concretas nas instituições que regulam o comportamento social, sendo o número de escolhas para ficar rico,
por exemplo, limitado pelas normas institucionais.
Essas normas regulatórias e imperativos morais não coincidem necessariamente com normas
técnicas e de eficiência. Muitos procedimentos que do ponto de vista de determinados indivíduos
seriam mais eficientes em assegurar valores desejados, como esquemas de estocagem ilegal de
petróleo, roubo, fraude, estão excluídos da área institucional de conduta permitida. A escolha de
oportunidades é limitada por normas institucionais. citação merton
Segundo essa teoria, existe um equilíbrio entre essas duas fases, mantido enquanto a
satisfação aumenta para indivíduos que se conformam a ambas. As condutas desviantes são, então,
vistas como um sintoma de dissociação entre as metas culturalmente definidas e os meios
socialmente estruturados para alcançá-las.
Merton também destaca que, ao observarmos como essas duas fases se equilibram, devemos
dar maior atenção em como a primeira fase é vista pelo indivíduo. Ou seja, como as metas são
entendidas e vistas. Nesse sentido, em um jogo de futebol, por exemplo, a máxima esperada é que
ele tenha como meta “vencer o jogo dentro das regras”; entretanto, se sua aspiração for apenas
“vencer o jogo”, há grandes chances de que ele se desvie das regras estabelecidas e cometa muitas
faltas. Isso acontece porque a questão mais relevante se torna “Qual o meio mais eficiente para
ganhar o jogo?”. Dessa forma, o procedimento mais viável, mais fácil, legítimo ou não, é preferido
em detrimento da conduta institucionalmente prescrita.
Uma pessoa pode querer ficar rica. Mas se ela dar maior ênfase apenas em “ficar rica”, e não
em “ficar rica através do trabalho”, por exemplo, ela pode ter a tendência em cometer atos não
aceitos pela lei e pelo Direito.
A ênfase na meta diminui a satisfação em cumprir a meta de forma honesta de modo que a
satisfação resume-se a um resultado vitorioso. citação merton
O que Merton chama de anomia social, portanto, surge quando a aspiração ganha mais importância do
que os valores que definem as normas de conduta.
Analisando a estrutura social, Merton identifica cinco tipos possíveis de ajuste de indivíduos dentro
do grupo ou sociedade.
Elas são esquematicamente apresentadas na tabela, de modo que (+) significa “aceitação”, (-) significa
eliminação e (+_) significa rejeição e substituição de novas metas e padrões.
adaptação Metas culturais Meios institucionalizados
I conformidade (+) (+)
II inovação (+) (-)
III ritualismo (-) (+)
IV Isolamento (-) (-)
V rebelião (+-) (+-)
A adaptação 1 é a mais comum e a mais valorizada. É o alcance das metas pelos meios
socialmente aceitáveis e devidamente institucionalizados. Observe que há um equilíbrio entre o fim e
os meios. É a forma que define a estabilidade da sociedade. Esse é o caso dos trabalhadores, que
enriquecem por meios legítimos, por exemplo. Nessa adaptação, o indivíduo entra em simbiose tanto
com as metas quanto com os meios institucionalizados de chegar até ela.
Pode-se citar como exemplo a busca pelo prestígio social através dos estudos. Existe a
possibilidade legítima e socialmente aceitável, que o ingresso em uma universidade. Mas também
existe um caminho alternativo, que é a compra de diplomas. Caso o indivíduo tome a segunda
decisão, ele começa a se encaixar no segundo tipo de adaptação explicada por Merton: a inovação.
A segunda adaptação, assim como a III e a V, é possível nas situações em que existe uma
frustração derivada da inacessibilidade dos meios institucionais efetivos de buscar metas. O
resultado dessa frustração é determinado pela personalidade particular do indivíduo em consonância
com sua base cultural.
São diversas as possibilidades:
● uma socialização inadequada pode resultar na renúncia dos meios institucionais e na
manutenção das aspirações
● uma assimilação muito forte da institucionalidade poderá levar ao ritualismo, no qual
a meta é deixada de lado como fora do alcance do indivíduo
● a emancipação dos padrões regentes causa a rebelião, e há a tentativa de construir
uma nova ordem social devido às frustrações causadas pelo sistema
Logo, diante de uma frustração, o indivíduo busca meios não institucionalizados para
alcançar suas metas. No exemplo utilizado, esse meio seria a compra de diplomas.
Um outro exemplo de inovação seria o desvio do cidadão do mundo de trabalho para o
mundo dos furtos e dos roubos.
A terceira adaptação, de ritualismo, é a mais curiosa. Corresponde ao respeito somente formal
aos meios institucionais, sem persecução dos fins culturais. Neste caso, o indivíduo não concorda
com as metas sociais, mas também não rompe com elas. Por exemplo, o indivíduo que não
concorda com os padrões da sociedade capitalista não quer sucesso, dinheiro, nem carro na
garagem, mas também não descumpre as leis e sai todos os dias de casa para trabalhar, mesmo
discordando de todos esses modelos e padrões sociais.
Já a adaptação IV é a menos comum. Abrange as pessoas que estão na sociedade, mas não
fazem parte dela de modo efetivo. Não têm metas socialmente determinadas e muito menos se
preocupam com os meios institucionalizados para alcançá-las. Nessa categoria, estão psicóticos,
psiconeuróticos, autistas crônicos, párias, exilados, vagabundos, andarilhos, mendigos, ébrios
crônicos e viciados.
Nesses casos, resulta um conflito mental ambíguo na medida em que a obrigação moral de
adotar os meios institucionais entra em conflito com a pressão de recorrer a meios ilegítimos (que
podem ser eficazes para atingir as metas) enquanto o indivíduo é afastado dos meios legítimos e
efetivos. Nesse sentido, para fugir desse dilema, o indivíduo elimina tanto as metas quanto os meios.
A última adaptação de Merton corresponde não à simples negação dos fins e dos meios
institucionais, mas à armação substitutiva de fins alternativos. O individuo discorda das metas e dos
meios sociais, mas o faz querendo construir novas metas e meios, um novo modelo de sociedade.
Existem vários exemplos desse tipo de anomia na história da humanidade. Como a Revolução
Francesa, os movimentos feministas, os movimentos revolucionários na Inglaterra, os movimentos
trabalhistas.
No Brasil, um dos mais famosos casos é o referente aos movimentos contra o Regime Militar.
Os indivíduos não concordavam com o sistema institucional nem com o sistema de metas, e queriam
derrubar aquele tipo de governo para implementar uma democracia.

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