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Relações Jurídicas x Situações Jurídicas (DOUTRINA_ FRANCISCO AMARAL)

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RELAÇÕES JURÍDICAS
As relações jurídicas são os vínculos que o Direito reconhece entre pessoas ou grupos,
atribuindo-lhes poderes e deveres, estabelecidos pelo ordenamento jurídico, representando a
situação jurídica de bilateralidade que se estabelece entre sujeitos. Ser sujeito de uma relação
jurídica, e consequentemente de direitos e deveres, é sinônimo de titularidade, isto é, união da
pessoa com seu direito. São apresentadas como elementos centrais do sistema de direito civil,
numa perspectiva interindividual, constituindo-se em categoria básica para a explicação do
fenômeno jurídico e base sobre a qual se constroem os institutos jurídicos.
Historicamente, esse conceito surgiu a partir da pandectística alemã, e sua evolução
históricodoutrinária nos leva a duas concepções teóricas acerca da natureza de seu conceito: a
personalista (relação jurídica como vínculo entre as pessoas) e normativista (relação jurídica
como vínculo entre sujeitos e ordenamento jurídico, ou entre pessoas e coisas, pessoas e
lugares).
Vale ressaltar que, pelo menos na concepção personalista, o fundamento utilizado para a
formulação do conceito de relação jurídica foi, assim, o individualismo. Além disso, pode-se
dizer que os seus fundamentos axiológicos são a moral kantiana e a doutrina
liberal-democrática, e seu campo de incidência é a experiência jurídica privada.
Estruturalmente, a relação jurídica apresenta requisitos de ordem material e de ordem formal,
sendo aqueles referentes às relações sociais e estes referentes ao reconhecimento dado pela
ordem jurídica, que confere a relação social o caráter de juridicidade.
Qualquer relação jurídica representa uma situação em que duas ou mais pessoas (titulares de
direitos e deveres) se encontram a respeito de uns bens ou interesses jurídicos (aquilo sobre o
que incidem os poderes contidos na relação), ou seja, é composta por um elemento subjetivo e
um objetivo. Os sujeitos relacionados podem ser classificados em ativo ou passivo, sendo o
ativo detentor dos direitos e o passivo detentor dos deveres decorrentes da relação. O poder
jurídico do sujeito ativo existe quando o direito atribui a uma pessoa a possibilidade de ela
exigir, por um ato de sua vontade, determinado comportamento de outra ou de outras pessoas,
ou a de impor certas consequências. Por suas peculiaridades, esse poder pode apresentar-se
como direito subjetivo, pretensão, direito potestativo e faculdade jurídica. O conjunto desses
elementos com o vínculo intersubjetivo constitui a estrutura da relação jurídica.
Além disso, o conteúdo da relação jurídica diz respeito ao conjunto de poderes e deveres
configurados nela e representa o comportamento jurídico das pessoas que intervêm na relação.
Com relação à sua espécie, a relação jurídica pode ser classificada de diversas formas, de
acordo com suas características.
Algumas dessas classificações são entre pública ou privada, absoluta ou relativa, real ou
obrigacional, simples ou complexa e principal ou acessória, referindo-se à hierarquia entre os
sujeitos, à eficácia, ao objeto, ao número e à natureza da relação, respectivamente. A relação
jurídica e os direitos nela contidos nascem, modificam-se e extinguem-se como consequência
de certos acontecimentos considerados importantes pelo direito. Essa consideração lhes dão
eficácia jurídica e os classificam como fatos jurídicos. Podem constituir-se em simples
eventos da natureza ou em manifestação da vontade humana. Entretanto, devido à
multiplicidade de relações sociais, existem relações materiais cujo nascimento não decorre de
nenhum fato jurídico, mas sim de fatos socialmente relevantes. São as chamadas relações de
fato.
Entre as relações de fato mais destacadas encontram-se a união estável, a sociedade de fato, a
separação de fato e a filiação de fato.
SITUAÇÕES JURÍDICAS
As relações jurídicas são, portanto, precedidas de acontecimentos que independem da ação
humana, os quais denominamos fatos jurídicos. Dentro desse espectro, entramos na discussão
sobre a eficácia jurídica, que é a consequência de um fato relevante para o direito,
transformando assim a relação social em relação jurídica. O fato jurídico é, portanto, causa de
criação e transformação dos direitos.
Assim, as situações jurídicas nada mais são do que situações legitimadas pelo direito. Essas
situações jurídicas surgem como efeito de fatos ou atos jurídicos, e se realizam como
possibilidade de ser, pretender ou fazer algo, de maneira garantida, nos limites das regras do
próprio direito. Versando sobre o tema o jurista Paul Roubier discorreu: “a situação jurídica é
um conjunto de direitos e deveres, prerrogativas e obrigações, que se cria em torno de um
fato, uma situação ou um ato, capaz de gerar efeitos jurídicos”.
Dentro da doutrina podemos distinguir várias situações jurídicas. Entre elas, as principais
seriam as objetivas, quando resultantes da própria norma que as determina, subjetivas, quando
manifestadas da vontade particular, adaptadas aos interesses do agente.
Há também as situações ativas, quando o sujeito tem posição de supremacia (direitos
potestativos, faculdades jurídicas, etc.), e as situações passivas, as quais os sujeitos têm
posição de subordinação (deveres jurídicos, relativos aos direitos subjetivos). Direito
subjetivo é o poder que a ordem jurídica concede a alguém de agir ou de exigir de outro
determinado comportamento. Dá-se o nome de subjetivo por ser exclusivo do titular e
constitui-se em um poder de atuação jurídico reconhecido e limitado pelo direito objetivo. Em
contraponto ao direito subjetivo, há o dever jurídico, que é a necessidade se observar certo
comportamento, positivo ou negativo, a que tem direito o titular do direito subjetivo.
Quando numa situação vem a ser descumprido ele sujeita o infrator às sanções
preestabelecidas. Dentro das situações jurídicas há sempre a preocupação do abuso do direito.
Esse ocorre quando o titular exerce seus direitos fora dos limites intrínsecos, próprios das
finalidades sociais econômicas originais. O direito individual, segundo Cornil, deixa de ser
permitido quando se opõe à moral social, e quando útil para o titular do direito e danoso para
outras pessoas.
O ordenamento jurídico, também, possui mecanismos de proteção ao direito subjetivo.
Podemos classificá-las, quanto ao conteúdo, em preventivas e repressivas, e, quanto à forma
de se realizar, em judiciais e extrajudiciais. Tais mecanismos asseguram o exercício do direito
e a consolidação das relações e situações jurídicas.

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