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LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior Professora | Tânia Regina Corredato Periotto Sumário UNIDADE 1 – PRODUÇÃO TEXTUAL: PROCESSO E ELEMENTOS TEXTUAIS E DA COMUNICAÇÃO INTRODUÇÃO ................................................................8 1. Conceituando texto e textualidade ...............................8 1.1 Tipos de linguagem e formas de comunicação ............9 1.1.1 Tipos de texto ........................................................11 2. Elementos constitutivos da comunicação ....................16 2.1 O esquema da comunicação ....................................17 2.1.1 Classificação quanto ao tipo de mensagem ............19 3. Elementos textuais ....................................................22 3.1 Coesão e coerência .................................................23 3.1.1 Tipos de coerência ................................................25 CONCLUSÃO ...............................................................26 ELEMENTOS COMPLEMENTARES ...................................27 REFERÊNCIAS ................................................................27 UNIDADE 2 – TEXTOS E SEUS REQUISITOS INTRODUÇÃO ..............................................................29 1. Comunicação efetiva ...............................................29 1.1 Organização do texto ..............................................29 1.1.1 Estrutura textual: suas intenções e funções ...............30 2. Para escrever bem ....................................................34 2.1 Requisitos ................................................................34 2.1.1 Ferramentas para elaboração de textos ...................41 3. Estrutura e tipologia textual .......................................44 3.1 Estrutura textual .......................................................44 3.1.1 Tipologia textual ....................................................44 CONCLUSÃO ...............................................................51 ELEMENTOS COMPLEMENTARES ...................................51 REFERÊNCIAS ................................................................51 UNIDADE 3 – ASPECTOS GRAMATICAIS: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS INTRODUÇÃO ..............................................................53 1. Recursos de pontuação ............................................53 1.1 Contextualização histórica dos sinais de pontuação ....53 1.1.1 Utilização da pontuação em um texto ....................54 2 Aspectos gramaticais para produção textual: concordância verbal .................................................62 2.1 A concordância verbal como suporte para leitura e interpretação do texto ............................................62 2.1.1 Aprendendo um pouco mais sobre a concordância verbal e o sujeito .....................................................64 3. Diretrizes para leitura, análise e interpretação textual ..72 3.1 Entendendo a diferença entre Compreensão e Interpretação do texto ............................................73 3.1.1 Interpretação do texto ............................................74 CONCLUSÃO ...............................................................77 ELEMENTOS COMPLEMENTARES ...................................77 REFERÊNCIAS ................................................................78 UNIDADE 4 – PRODUÇÃO DE TEXTOS E SUA LINGUAGEM ACADÊMICA INTRODUÇÃO ..............................................................80 1. Desenvolvendo a leitura e escrita ..............................80 1.1 Estratégias de leitura e escrita ...................................80 1.1.1 Conhecimentos que envolvem a leitura e escrita ......81 2. Organizando e registrando a leitura ..........................88 2.1 Formas de registro e organização da informação .......88 2.1.1 Resumindo a informação: tipos de resumo ..............92 3. O texto acadêmico ..................................................93 3.1 Conceituando texto acadêmico .................................93 3.1.1 Estruturação de texto acadêmico ............................93 CONCLUSÃO ...............................................................97 ELEMENTOS COMPLEMENTARES ...................................98 REFERÊNCIAS ................................................................98 Unidade 1 Objetivos de aprendizagem da unidade • Conhecer o conceito de texto e textualidade considerando os processos e elementos textuais da comunicação • Identificar e compreender os elementos constitutivos da comunicação a fim de conhecer a forma adequada de empregá-los • Conhecer elementos textuais, coesão e coerência e como identificá-los em textos e não-textos Professora Doutora Tânia Regina Corredato Periotto PRODUÇÃO TEXTUAL: PROCESSO E ELEMENTOS TEXTUAIS Unidade 1Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 8 INTRODUÇÃO Olá, aluno(a)! Esta unidade nos dará a oportunidade de aprender um pouco mais sobre produção textual e os elementos textuais da comunicação, com o objetivo de conhecer e empregar de forma adequada os elementos constitutivos da comunicação e para produção textual. Abordaremos o conceito de texto e textualidade considerando os processos e elementos textuais da comunicação. Estudaremos também sobre os elementos constitutivos da comunicação a fim de conhecer a forma adequada de empregá-los, bem como os elementos textuais, coesão e coerência e como identificá-los em textos e não-textos. Em cada um dos assuntos, será possível encontrar exemplos práticos e que se aproximam do nosso cotidiano, pois entende-se que isso motiva e facilita o aprendizado. Nossa expectativa é de que o assunto tratado nesta unidade possa contribuir para o aprimoramento do conhecimento de cada um, principalmente no que se refere à produção textual e aos elementos textuais e da comunicação. Sabemos da relevância desse assunto e que ele não se limita apenas a esse momento de estudo, mas se estende às futuras construções textuais e de comunicação, seja no âmbito acadêmico, profissional ou das interações sociais. Afinal, escrever textos com qualidade e saber interpretá-los é um grande diferencial! Vamos aproveitar as informações, dicas e exemplos que estão neste material e ampliar nossos conhecimentos. Vamos estudar! 1. CONCEITUANDO TEXTO E TEXTUALIDADE Ao buscar a definição de texto, podemos observar que os autores apresentam um conjunto de elementos para apresentar o seu significado. Kleiman e Moraes (1999, p. 62) dizem que: [...] texto (do latim textus, tecido) é toda construção cultural que adquire um significado devido a um sistema de códigos e convenções: um romance, um poema, uma carta, uma palestra, um quadro, uma foto, uma tabela, uma música são atualizações desses sistemas de significados, podendo ser interpretados como textos. Já Koch (2001) complementa incluindo o envolvimento sociocultural e a ativação das estratégias cognitivas. [...] uma manifestação verbal, constituída de elementos linguísticos intencionalmente selecionados e ordenados em sequência, durante a atividade verbal, de modo a permitir aos parceiros, na interação, não apenas a depreensão de conteúdos semânticos, em decorrência da ativaçãode processos e estratégias de ordem cognitiva, como também a interação (ou atuação) de acordo com práticas socioculturais. (KOCH, 2001, p. 454). Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 9 Unidade 1 Fonte: Pixabay Cartas A textualidade reúne características essenciais tais como organização, sequência lógica, clareza de ideais e objetividade, e se ocupa da intenção da mensagem que se pretende apresentar. Texto e textualidade caminham juntos. Caso contrário, eles não alcançam seu propósito. Organizar um texto e se fazer entender é coisa séria! Vamos então começar a aprender um pouco mais para que, ao final dos nossos estudos, possamos dominar os conhecimentos necessários para a interpretação e a construção de textos de qualidade. 1.1 Tipos de linguagem e formas de comunicação Agora que já conhecemos o conceito de texto e textualidade, vamos avançar mais e entender o que é linguagem verbal, não-verbal e mista. A linguagem verbal é a forma de comunicação que acontece através da escrita ou da fala usada para manifestação de ideias e sentimentos, e pode se dar oralmente ou de forma escrita. A linguagem verbal é utilizada quando há diálogo entre as pessoas e na elaboração de jornais, revistas, entrevistas, cartas, livros, filmes e outros. Diálogo ao telefone Fonte: Pixabay. Como exemplo de uso da linguagem verbal, destaca-se o “Soneto do Amor Demais” de Vinicius de Moraes (1993). De forma harmoniosa e bem elaborada, o poeta construiu um soneto que fala sobre a intensidade do sentimento de amar. Unidade 1Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 10 Soneto do amor demais Não, já não amo mais os passarinhos A quem, triste, contei tanto segredo Nem amo as flores despertadas cedo Pelo vento orvalhado dos caminhos. Não amo mais as sombras do arvoredo Em seu suave entardecer de ninhos Nem amo receber outros carinhos E até de amar a vida tenho medo. Tenho medo de amar o que de cada Coisa que der resulte empobrecida A paixão do que se der à coisa amada E que não sofra por desmerecida Aquela que me deu tudo na vida E que de mim só quer amor - mais nada. Vinicius de Moraes A linguagem não-verbal não utiliza palavras para se comunicar. Ela se faz representar através de imagens, sinais, sons, logotipos, placas, cores, gestos, expressões faciais, etc. Semáforo Fonte: Pixabay. Árbitro Fonte: Pixabay. Ao apresentar a sequência de cores, um semáforo comunica de forma simbólica o significado e as possíveis ocorrências. Na cor vermelha, a ação informada é de “pare o fluxo”, pois há perigo para circulação de pessoas ou automóveis naquele sentido; amarelo é “atenção” e o verde é para que o fluxo prossiga. Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 11 Unidade 1 Fonte: Pixabay. Agora que você já sabe o que é linguagem verbal, não-verbal e mista, será fácil identificá-la em um texto. Quer aprofundar seus estudos ainda mais a respeito do que é um texto? Leia o artigo “A caracterização de categorias de texto”, do autor Luiz Carlos Travaglia, disponível no seguinte endereço: <http://www.faculdadefar.edu.br/artigo-cronica/detalhe/ id/21> Fonte: Castro, 2013. 1.1.1 Tipos de texto De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, texto pode ser entendido como: [...] o produto da atividade discursiva oral ou escrita que forma um todo significativo e acabado, qualquer que seja sua extensão. É uma sequência verbal constituída por um conjunto de relações que se estabelecem a partir da coesão e da coerência. Esse conjunto de relações tem sido chamado de textualidade. Dessa forma, um texto só é um texto quando pode ser compreendido como unidade significativa global, quando possui textualidade. Caso contrário, não passa de um amontoado aleatório de enunciados. (BRASIL, 1997, p. 23). Um texto pode apresentar diferentes sentidos e formas de expressão, classificado como literário e não-literário. Um texto literário apresenta linguagem poética e subjetiva, adotada pelo autor para disseminar suas ideias pessoais e atrair o leitor. Não há necessidade de que essas informações estejam escritas ou anunciadas verbalmente. O uso do semáforo e sua simbologia é uma convenção adotada para a comunicação onde há trânsito. Além da linguagem verbal e não-verbal, há a linguagem mista, que mistura o uso de palavras e ilustrações. Vamos analisar o exemplo a seguir. Placa sinalizadora Unidade 1Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 12 Texto literário Fonte: https://nuhtaradahab.wordpress.com/category/mensagens-poeticas/page/95/ São exemplos de textos literários textos sagrados, contos, novelas, romances, poesias, etc. Poesia (Guimarães Rosa) Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria... Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos... Essa... a alegria que ele quer. Fonte: https://www.pensador.com/poemas_de_guimaraes_rosa/ A Galinha Ruiva Era uma vez uma galinha ruiva, que morava com seus pintinhos numa fazenda. Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto para ser colhido e virar um bom alimento. A galinha ruiva teve a ideia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar! Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo. Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé? Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho? Fonte: Conto (Ingrid Biesemeyer Bellinghausen). Disponível em: <http://www.qdivertido. com.br/verconto.php?codigo=22> Já o texto não-literário é organizado de forma objetiva e concisa, com base em fatos que comprovem a ideia ou a mensagem que se deseja expor. Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 13 Unidade 1 Texto não-literário Fonte: https://br.sputniknews.com/mundo_insolito/201605054445761-manchete-faltar-vacina/ A linguagem do texto não-literário é clara para que o leitor possa compreender com facilidade. São exemplos de textos não-literários os livros didáticos, documentos, manuais de instrução, receitas, revistas científicas, notícias, etc. Documento - Passaporte Fonte: Pixabay. Jornal de notícias Fonte: Pixabay. Um texto, quando elaborado para ser reconhecido como tal, precisa contar com textualidade. A ideia central é clara e objetiva, além de ser organizada de forma lógica. Unidade 1Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 14 Assistindo ao vídeo sobre “Texto literário e não-literário”, você poderá aprender mais sobre como se comunicar de forma clara e entender qual a diferença entre eles. O vídeo está disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=EYvgS0AXgYs>. Você vai gostar! Elementos norteadores e detalhamento para a textualidade Elementos norteadores Detalhamento Organização Estruturação e clareza sobre o propósito do texto. Organização do texto e uso de palavras que favoreçam o alcance do objetivo proposto Clareza Linguagem adequada e clara para o entendimento do leitor. Vocabulário adequado ao assunto e público de destino. Originalidade Originalidade na forma de expressão para não se desviar do assunto central do texto. Sem uso de gírias ou termos inadequados. Expressividade Linguagem clara com vocabulário variado. Não há uso de chavões ou modismos. Fonte: Adaptado de Garcez (2012) pela autora. De acordo com Costa Val (2016), um texto bem organizado consegue alcançar seus objetivos e possui ideias articuladas, deixando evidente que os elementosnecessários para a textualidade foram preservados. Para facilitar o entendimento sobre textualidade, tem-se como exemplo a fábula de Jean de La Fontaine “O Lobo e o Cordeiro”. O lobo e o Cordeiro Um cordeiro estava bebendo água num riacho. O terreno era inclinado e por isso havia uma correnteza forte. Quando ele levantou a cabeça, avistou um lobo, também bebendo da água. - Como é que você tem a coragem de sujar a água que eu bebo - disse o lobo, que estava alguns dias sem comer e procurava algum animal apetitoso para matar a fome. - Senhor - respondeu o cordeiro - não precisa ficar com raiva porque eu não estou sujando nada. Bebo aqui, uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer o que o senhor está falando. - Você agita a água - continuou o lobo ameaçador - e sei que você andou falando mal de mim no ano passado. - Não pode - respondeu o cordeiro - no ano passado eu ainda não tinha nascido. O lobo pensou um pouco e disse: - Se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo. - Eu não tenho irmão - disse o cordeiro - sou filho único. - Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho, e é preciso que eu me vingue. Então ali, dentro do riacho, no fundo da floresta, o lobo saltou sobre o cordeiro, agarrou-o com os dentes e o levou para comer num lugar mais sossegado. MORAL: A razão do mais forte é sempre a melhor Fonte: https://www.pensador.com/frase/ODEwMzk1/ Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 15 Unidade 1 Para a interpretação de um texto, é necessário identificar o seu tipo. No caso deste exemplo, trata-se de uma fábula. Fábula Fonte: http://www.sitededicas.com.br/fabula-o-lobo-e-o-filhote-de-ovelha.htm Em uma fábula, é comum que os animais assumam características humanas tais como falar. - Senhor - respondeu o cordeiro - não precisa ficar com raiva porque eu não estou sujando nada. Bebo aqui, uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer o que o senhor está falando. - Você agita a água - continuou o lobo ameaçador - e sei que você andou falando mal de mim no ano passado. Tipo de texto: Fábula A respeito da estrutura do texto, é possível identificar: • Personagens – O lobo e o cordeiro Personagens da fábula Fonte: https://i.ytimg.com/vi/sNsin2erOnk/maxresdefault.jpg • Ações: O cordeiro bebia água e quando levantou a cabeça, avistou o lobo. Um cordeiro estava bebendo água num riacho. O terreno era inclinado e por isso havia uma correnteza forte. Quando ele levantou a cabeça, avistou um lobo, também bebendo da água. Unidade 1Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 16 • Local onde aconteceu: Em um riacho. Local da ação Fonte: http://oficinadaslinguas-clubedeleitura.blogspot. com.br/2008/01/o-lobo-e-o-cordeiro.html • Tempo: Quando o cordeiro bebia água Nesta fábula, ficam evidentes as características da textualidade e os cuidados que o autor teve ao escrever o texto. A construção tem sequência lógica, sendo possível entender seu objetivo, quais são os personagens, onde e em que tempo aconteceu. Isso destaca a característica da textualidade e atinge o seu objetivo de apresentar a mensagem. - Não pode - respondeu o cordeiro - no ano passado eu ainda não tinha nascido. O lobo pensou um pouco e disse: - Se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo. - Eu não tenho irmão - disse o cordeiro - sou filho único. - Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho, e é preciso que eu me vingue. Então ali, dentro do riacho, no fundo da floresta, o lobo saltou sobre o cordeiro, agarrou-o com os dentes e o levou para comer num lugar mais sossegado. MORAL: A razão do mais forte é sempre a melhor 2. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA COMUNICAÇÃO Antes de iniciar este tópico, que discorrerá sobre os elementos constitutivos da comunicação, é oportuno entender o que significa linguagem humana e para que serve. Conforme Almeida (2005), a linguagem humana é toda forma ou recurso utilizado para que os indivíduos se comuniquem. Ela ocorre em: MULTINíVEIS SIMULTâNEOS POR MEIO DE MULTICANAIS Consciente/voluntária Inconsciente/involuntária VerbalNão-verbal Fonte: Elaborado pela autora. Fonte: http://oficinadaslinguas-clubedeleitura.blogspot. com.br/2008/01/o-lobo-e-o-cordeiro.html Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 17 Unidade 1 Podem ser percebidos de forma visual, auditiva, tátil, olfativa e demais órgãos do sentido. A linguagem também pode ser constituída por diferentes elementos como gestos, som, sinais, símbolos ou palavras, utilizados para a comunicação de um pensamento, ideia ou conceito. 2.1 O esquema da comunicação O objetivo da comunicação é a transmissão de uma mensagem, e isso envolve um grupo de seis elementos que podem ser observados no esquema proposto por Jakobson (2001). Elementos da comunicação Fonte: Adaptado de Jakobson (2001, p.123) pela autora. Neste esquema, são apresentados os elementos que constituem a comunicação, em que “[...] cada um desses seis fatores determina uma diferente função da linguagem” (JAKOBSON, 2010, p. 157). São eles: emissor, receptor, mensagem, código, canal de comunicação e contexto. O emissor é aquele que se pronuncia na emissão da mensagem; aquele que a envia. Pode acontecer de forma individual ou em grupo. Exemplo: Um grupo de professores compareceu à reunião do conselho para discutir o grande número de falta dos alunos do período da manhã na escola municipal Padre José. Reunião de professores na escola Fonte: Pixabay. Unidade 1Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 18 Neste exemplo, o emissor é o grupo de professores, e o receptor são os membros do conselho que estavam presentes. O receptor ou destinatário: é a quem se destina ou recebe a mensagem. Pode ser individual ou em grupo; um animal ou uma máquina. Destaca-se que a comunicação se realizará somente se for possível observar alguma reação no comportamento de quem recebeu a mensagem e se ela foi compreendida. Impressora Fonte: Pixabay. Exemplo: Paulo precisa imprimir um documento que acabou de elaborar usando seu computador. Na empresa em que ele trabalha há duas impressoras. Uma que fica no setor de vendas utilizada para emissão de notas fiscais, e outra no setor administrativo onde Paulo trabalha. Para que o documento seja impresso, ele precisa escolher a opção indicada para o tipo de resultado desejado. Essa escolha da impressora pode ser entendida com uma mensagem enviada. Se o resultado for a impressão do documento no equipamento do setor administrativo, a mensagem foi recebida e compreendida. Biju é uma linda cachorrinha da raça poodle que, ao ouvir o interfone tocar, correu para subir no sofá e olhar pela janela. Ao visualizar a figura de um senhor que está no portão, começa a latir sem parar. Gabriela, dona de Biju, atende o interfone, mas não consegue ouvir o que o senhor diz devido aos latidos. - Quieta, Biju, já para a casinha! – diz Gabriela com voz firme. Muito sem graça, Biju para de latir. De cabeça baixa, desce do sofá e segue para a casinha. Telefone Fonte: Pixabay. Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 19 Unidade 1 Telefone Fonte: Pixabay. Nestecaso, Gabriela emitiu a mensagem, recebida e compreendida por Biju. Cabe aqui ressaltar que o animal agiu por instinto à manifestação de Gabriela. Falar com voz firme foi o código recebido por Biju. Mensagem: é a função básica da comunicação, ou seja, seu objeto e finalidade. É composta pelo conteúdo das informações transmitidas, que se classificam quanto ao seu tipo: 2.1.1 Classificação quanto ao tipo de mensagem Mensagens sonoras: • palavras • sons diversos • musica Megafone Fonte: Pixabay. Mensagens táteis: • trepidações • choque • pressões Choque elétrico Fonte: Pixabay Mensagens olfativas: • odor • cheiro de perfume, de comida, etc Cheiro de rosa Fonte: Pixabay. Mensagens gustativas: • paladar • tempero • doce ou salgado • temperatura: frio, quente. Limão azedo Fonte: Pixabay. Unidade 1Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 20 Código: é o conjunto de regras e signos que se combinam e são utilizados para a transmissão de uma mensagem. A comunicação acontecerá de fato se quem receber a mensagem souber interpretá-la. Exemplo: Ao engatinhar, um bebê de sete meses começa a explorar os espaços da casa e tudo que encontra pela frente. A mãe conversa com o bebê na intenção de orientá-lo a não colocar na boca os objetos encontrados pelo chão. Aos sete meses, um bebê sabe interpretar se um objeto está sujo ou não; se pode colocar na boca ou não? Ele ainda não aprendeu a língua portuguesa (código), e a mensagem pode não ter sido totalmente transmitida, ou seja, o bebê não entendeu as palavras da mãe. Bebê engatinhando Fonte: Pixabay. Pedro tem 12 anos e estuda no período matutino da escola estadual. Ele está no 7º ano do ensino fundamental e sabe ler e escrever. Sua mãe precisou sair antes que ele chegasse da escola e para não o preocupar, deixou o seguinte bilhete: PEDRO O BEBê DA SUA TIA NASCEU. VOU ATÉ O HOSPITAL. BEIJOS MAMãE- 26/11/2017 Bilhete Fonte: Pixabay. Ao ler a mensagem e a forma como estava organizada, Pedro pode identificar onde estava a mãe, porque ela saiu e que ele acabara de ganhar um(a) primo(a). Ele conhece os códigos, ou seja, sabe ler e escrever, conhece o significado de um bilhete e também o grau de parentesco com a tia e o bebê. O guarda de trânsito, ao observar um motociclista que está em alta em velocidade, acena para que ele pare. Esse gesto de acenar é o código adotado pelo guarda e que é entendido pelo motociclista. Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 21 Unidade 1 Guarda de trânsito Fonte: Pixabay. Canal de comunicação: é o recurso utilizado para que a mensagem circule e chegue ao seu destinatário. Esses recursos podem ser meios sonoros como a voz, ouvido, ondas sonoras, etc., ou meios visuais como sinais refletivos de luz, percepção da retina, etc., usados pelo receptor para ler palavras (revistas, jornais, internet), ver imagens (filmes, fotos), etc. Leia os exemplos: A filha conversa com a mãe ao telefone e avisa que irá levar uma amiga para almoçar em casa. Nesta situação, o canal de comunicação utilizado foi o telefone (ondas sonoras) e a mensagem se classifica como sonora (palavras). O setor de Recursos Humanos da empresa onde Juliano trabalha solicitou via e-mail uma declaração que comprove seu vínculo com a instituição de ensino onde ele faz o curso de Pedagogia. Juliano está tentando conseguir ajuda de custo para pagamento das mensalidades. Ao fazer contato, através do suporte on-line, com o funcionário da secretaria da instituição de ensino, ele é orientado a elaborar um e-mail justificando a necessidade da declaração. O canal de comunicação utilizado por todos os envolvidos foi o e-mail. Contexto da comunicação Fonte: https://www.qconcursos.com/questoes-militares/questoes/search?migalha=true&order=id+ asc&page=2&per_page=5&product_id=5&prova=43527&url_solr=master&user_id=0 Unidade 1Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 22 Em uma rodovia de movimento intenso, ouve-se o som de uma sirene que fica cada vez mais próxima, porém, ainda não está visível. Os veículos diminuem a velocidade e se deslocam para as laterais, abrindo espaço no centro da rodovia. A reação dos motoristas em diminuir a velocidade e se deslocarem para as laterais, foi resultado da interpretação da mensagem sonora provocada por uma ambulância, carro do corpo de bombeiros ou viatura da polícia. Já o Contexto é relacionado com a situação em que a mensagem acontece considerando local, tempo e fatos. Se você está em um contexto profissional, a comunicação precisa ser adequada ao ambiente técnico e o vocabulário ajustado a ele. Outro exemplo de contexto e interpretação pode ser observado na tirinha: a palavra “vida” foi utilizada em qual contexto? Contexto da comunicação Fonte: http://www2.uol.com.br/laerte/tiras/index-gatos.html A comunicação favorece a partilha e a aquisição dos conhecimentos, e isso é essencial em uma sociedade. O uso das modalidades de linguagem verbal ou não-verbal permite explorar diversas situações comunicativas tanto na condição de emissor como receptor. 3. ELEMENTOS TEXTUAIS A elaboração de um texto requer habilidade e competência do autor na organização e clareza do que se pretende expor. É preciso planejar e selecionar as palavras que irão articular a ideias, e as frases devem ser construídas em períodos curtos e adequadas à modalidade de texto considerando a intencionalidade e contexto. Coesão e coerência são elementos textuais importantes na organização de um texto. A respeito da coesão, Koch (1989, p. 19) diz que são “[...] todos os processos de sequencialização que asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual”. Exerce o papel de ligação entre as frases e parágrafos de forma que as ideias não se percam. O autor Possenti (1981, p. 48-53), a esse respeito, afirma que “[...] dependendo da imagem que o locutor faz do interlocutor no momento da produção do discurso, que ele utiliza um ou outro mecanismo coesivo. [...] Indiretamente é a imagem do interlocutor que comanda a decisão.” Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 23 Unidade 1 Abreu (1990, p. 12), sobre coesão, destaca que: [...] um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento semântico delas, criando, assim, uma trama semântica a que damos o nome de textualidade. O encadeamento semântico que produz a textualidade se chama “coesão”. Já a coerência, envolve a relação lógica entre as ideias apresentadas e “[...] se estabelece na interação, na interlocução, numa situação comunicativa entre dois usuários” (KOCH; TRAVAGLIA, 1995, p. 11). 3.1 Coesão e Coerência A coesão se apresenta através de mecanismos gramaticais e lexicais que serão apresentados a seguir. Mecanismos gramaticais: a produção de textos coesos conta com recursos gramaticais para a conexão das ideias com os pronomes, advérbios, conjunções, tempos verbais, pontuação, concordância, etc. Exemplo de coesão: Ana se recuperou e já saiu do hospital! Oramos por ela. Este pequeno texto é composto por duas partes e apresenta uma conexão: “ela” refere-se a Ana. 1ª – Ana se recuperou e já saiu do hospital! 2ª – Oramos por ela. João tomou um copo de suco. Eu também quero um. 1ª – João tomou um copo de suco. 2ª – Eu também quero um. Conexão: “um” – refere-se ao copo de suco. O diretor acha que todos gostaram da cor do muro da escola. Eu não penso assim. 1ª – O diretor acha que todos gostaram da cor do muro da escola. 2ª – Eu não penso assim. Conexão: “assim” – como o diretor. Exemplo de falta de coesão: Levantou, tomou café, saiu com o carro. Não se despediu. 1ª – Levantou, tomou café, saiu com ocarro. 2ª – Não se despediu. Ausência de elementos explícitos de conexão. O texto não deixa claro se quem levantou é a mesma que tomou café, sai de carro e não se despediu. Mecanismos lexicais: ocorre no formato de reiteração com a substituição e expansão lexical, uso de sinônimo e hiperônimo e nomes genéricos. Além do formato de reiteração, tem-se ainda o formato de colocação, que é o uso de termos pertencentes ao mesmo campo significativo. Reiteração Papai saiu para o trabalho. Papai levou sua pasta com os materiais. 1ª – Papai saiu para o trabalho. 2ª – Papai levou sua pasta com os materiais. Unidade 1Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 24 Repetição – “Papai” – mesmo item lexical Uma jovem me pediu informações a respeito de um endereço. A moça parecia perdida. 1ª – Uma jovem me pediu informações a respeito de um endereço. 2ª – A moça parecia perdida. Sinônimo – “jovem” – “moça” Ricardo ouviu o som de água pingando. Quando olhou para a banheiro, a coisa estava feia. 1ª – Ricardo ouviu o som de água pingando 2ª – Quando olhou para a banheiro a coisa estava feia. Hiperônimo (nomes genéricos) – “coisa” Colocação Houve uma grande concentração na praça. Os estudantes defendiam a suspensão da greve e clamavam pela qualidade da educação. 1ª – Houve uma grande concentração na praça. 2ª – Os estudantes defendiam a suspensão da greve e clamavam pela qualidade da educação. Hiperônimo - “concentração” –” estudantes” – “clamavam” Coerência: o significado lógico do texto e a relação entre as ideias que se complementam é que dão coerência ao texto. Ao elaborar um texto, toma-se o cuidado de estabelecer alguns padrões mentais que selecionam o que é coerente, o que faz sentido, pensando no leitor e na mensagem que se deseja transmitir. Sobre esse assunto e a sequência lógica do raciocínio ao qual damos o nome de coerência, você pode se aprofundar acessando o material “Coerência e coesão textual” que está disponível em: <http://profserafina.weebly.com/uploads/1/6/6/2/1662499/ coerencia_coesao.pdfFonte: Roque, 2017. Isso se aplica também a ilustrações ou qualquer forma de comunicação, conforme mostra o exemplo da charge: Charge Fonte:http://soumaisenem.com.br/portugues/coesao-e-coerencia/coerencia-textual Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 25 Unidade 1 Para que haja coerência, são essenciais alguns fatores como conhecimento e domínio dos elementos linguísticos e contextualização, sem os quais seria impossível entender a mensagem da charge. O leitor, neste caso da charge, precisa de conhecimentos a respeito de questões políticas, realidade do contexto e que a afirmação apresentada no diálogo é coerente porque é 1º de abril – “Dia da Mentira”. A intencionalidade é satirizar as promessas políticas. Nos cartazes apresentados a seguir, pode-se observar a ausência de domínio dos elementos linguísticos que implicam na compreensão da mensagem. Ausência do domínio de elementos linguísticos Fonte: https://br.pinterest.com/pin/604960162415666347/?l- p=true Fonte: http://culturadetravesseiro.blogspot.com.br/2010/12/o- -portuges-do-brasil.html Qual é a alternativa para o cliente que deseja contratar o trabalho? Há coerência na mensagem que se deseja passar? 3.1.1 Tipos de Coerência Coerência Narrativa Em um texto, é preciso haver uma lógica entre os acontecimentos e os personagens dentro de um tempo, sem contradição, para que seja possível entender o que cada personagem faz e em qual tempo dentro de uma lógica temporal. Ana telefonou para a mãe depois da prova para acalmá-la. Debruçada na cama sem arrumar, se acomodou entre as almofadas. Chamou de mamãezinha querida e pediu desculpas por não ter ligado antes. Contou sobre como foi a semana na faculdade. O papo deu fome. Ana se levantou e foi até a geladeira beber o que sobrara de refrigerante. A mãe terminou de tomar uma xícara de chá que havia se servido quando a filha se desculpava por não ter ligado antes. Coerência Argumentativa Quando se apresenta uma sequência lógica de acontecimentos seguida de exemplos e dados para que os argumentos se sustentem. Unidade 1Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 26 O aumento do número de acidentes de trânsito por imprudência do motorista embriagado é um problema que envolve toda a sociedade. Fiscalizar e coibir esse tipo de abuso é papel de todos; o Governo, contudo, é o responsável por administrar e conduzir essa situação até minimizá-la ao extremo. Cabe à população se organizar e exigir que o Governo se posicione e cumpra o seu papel. Somente com a união do Governo e da população é que o resultado será satisfatório. Coerência Descritiva O texto retrata detalhes e particularidades das pessoas, objetos, tempo e dos lugares onde o fato ou ação acontece. Exemplo: Já estava na hora do almoço e as pessoas andavam rápido para suas casas. O vento trazia o delicioso aroma de temperos o que sugeria uma saborosa refeição. Mesmo assim, não pude fazer como todos e provar a comida que o restaurante ao lado da empresa costuma servir. Tinha muito serviço acumulado. Este vídeo apresenta de forma didática e simples o conceito de coesão e coerência. Vale à pena assistir e fixar ainda mais o conteúdo. Acesse agora e confira! <https://www.youtube.com/watch?v=4qEa3Up2LYI> CONCLUSÃO Nesta unidade, aprendemos sobre textualidade e como podemos usar várias formas para nos comunicarmos, seja através de ilustrações, símbolos, sons, gestos ou expressões. Entretanto, a comunicação somente se efetiva se ela for entendida por quem a recebeu. Os elementos constitutivos da comunicação sincronizam a mensagem para que seja recebia e compreendida. A forma correta de empregá-los favorece a comunicação e a transmissão da mensagem. Além dos elementos constitutivos da comunicação, também temos os elementos linguísticos que precisam ser dominados e aplicados de forma adequada com coerência e coesão. Através dos exemplos aqui apresentados, ficou claro que um texto bem elaborado, cuja estrutura esteja apoiada nos mecanismos gramaticais, terá sua mensagem entendida, independentemente de seu formato. Produção textual: processo e elementos textuais e da comunicação 27 Unidade 1 ELEMENTOS COMPLEMENTARES #LIVRO# Título: Redação e textualidade Autor: Bruno Maria da Graça Val Costa Editora: Martins Fontes Ano: 2016. Sinopse: Este livro aborda questões relacionadas à produção de texto. Sua leitura é fácil e atualizada. Poderá servir como recurso de suporte para possíveis dúvidas relacionadas com a elaboração de texto e a textualidade, o que resultará em construções textuais de qualidade. #WEB# O vídeo “Coerência textual” traz exemplos comentados sobre a forma adequada de se elaborar textos. O autor apresenta um comparativo da forma inadequada e discute aquilo que não está correto. Vale a pena assistir. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=u3m_TUjwKGE> REFERÊNCIAS ABREU, A. S. Curso de Redação. 2. ed. São Paulo: Ática, 1990. ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva, 2005. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/ Brasília: MEC/SEF, 1997. 106 p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2017. COSTA VAL, M. G. Redação e textualidade. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2016. GARCEZ, L.H.C. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012. JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 22.ed. Tradução de Izidoro Blikstein; José Paulo Paes. São Paulo: Cultrix, 2001. KLEIMAN, A. B.; MORAES, S. E. Leitura e interdisciplinaridade: tecendo redes nos projetos da escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 1999. KOCH, I. G. V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1989. KOCH, I. G. V.; TRAVAGLIA, L. C.Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1995. ______; ______. A coerência textual. 12. ed. São Paulo: Contexto, 2001. MORAES, Vinícius de. Jardim Noturno. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. POSSENTI, S. Sobre discurso e texto: imagens e/de constituição. In: Sobre a estrutura do discurso. IEL/Unicamp, 1981. TRAVAGLIA, L. C. A caracterização de categorias de texto: tipos, gêneros e espécies. São Paulo: Alfa, 2007. Disponível em http://seer.fclar.unesp.br/alfa/article/viewFile/1426/1127. Acesso em: 09 dez. 2017. Unidade 2 Objetivos de aprendizagem da unidade • Compreender as diferentes formas de organizar textos e os requisitos necessários para que tenham qualidade • Conhecer sobre estrutura textual e suas intenções e funções Professora Doutora Tânia Regina Corredato Periotto TexTOs e seus RequisiTOs Textos e seus requisitos 29 Unidade 2 inTRODuçãO Olá, Aluno(a)! Nossos estudos agora têm como tema central a organização de textos. O objetivo é a compreensão das diferentes formas de organizar textos e os requisitos necessários para que eles tenham qualidade. Vamos aprender sobre estrutura textual e suas intenções e funções. Há vários exemplos ilustrativos para facilitar o estudo. Para a construção de um texto, precisamos ficar atentos aos requisitos de clareza, linguagem formal, concisão, objetividade e correção gramatical. Esses requisitos são empregados conforme a tipologia textual, assunto que também será explorado neste tópico. Com esse volume de conhecimento a ser explorado, a forma como você constrói ou interpreta textos será cada vez melhor! Vamos prosseguir! 1. COMuniCAçãO eFeTiVA Como aprendemos na unidade anterior, um texto tem a função de apresentar ou comunicar um assunto, mas a comunicação somente será efetiva se quem a recebeu realmente a compreendeu perfeitamente. Um exemplo de que há falhas na comunicação pode ser observado na ilustração. Mesmo lendo o texto com a mensagem no caixa eletrônico, as senhoras entenderam o que era para fazer. Título: Falha na comunicação Fonte: https://pt.linkedin.com/pulse/falha-na-comunica%C3%A7%C3%A3o-e-seus- impactos-nas-rela%C3%A7%C3%B5es-luciana-pasin 1.1 Organização do Texto Antes de iniciar um texto, o primeiro passo é ter claro em mente qual assunto será abordado, ou seja, a delimitação do tema. Um texto organizado possui introdução, desenvolvimento e conclusão. Logo, ao construí-lo, não se pode esquecer a coesão e coerência entre as ideias. Unidade 2Textos e seus requisitos 30 As orientações neste tópico a respeito da estrutura de um texto serão retomadas na Unidade 4, com informações específicas para elaborar textos acadêmicos. O aprendizado acumulado até o final deste livro nos auxiliará a organizar materiais com qualidade e nas conformidades de sua aplicação. 1.1.1 estrutura textual: suas intenções e funções Todo texto segue uma estrutura e durante sua elaboração as intenções do autor são apresentadas. Vamos agora aprender um pouco mais sobre isso. Tema e título: O tema está relacionado ao assunto do texto, e o título é o nome que se dá ao texto. No texto de Fernando Pessoa, o tema é solidão, e o título é “Estar Sozinho”. Tema Fonte: http://www.citador.pt/textos/estar-sozinho-fernando-pessoa Introdução: A introdução é o momento inicial, em que a ideia central é apresentada de forma direta em um texto não muito longo. É nesta etapa que o leitor irá se situar a respeito do assunto a ser tratado, identificar o objetivo do texto e como ele está estruturado. Vamos conferir esse exemplo de introdução de um capítulo de livro. Textos e seus requisitos 31 Unidade 2 Introdução de capítulo de livro Fonte: https://danieleluna.files.wordpress.com/2010/09/cap01.pdf Neste outro exemplo, os dois primeiros parágrafos do texto se encarregam de apresentar o assunto que é anunciado a partir do título. A condução das ideias já estabelece parâmetros que norteiam o leitor sobre o contexto, os envolvidos, a motivação e o objetivo. Introdução de matéria de jornal Na Escola Municipal de Educação Infantil Dona Leopoldina, os pequenos alunos têm voz ativa Uma pista de triciclos e bicicletas – com direito a pequenos guardas para controlar o trânsito – circunda uma grande horta. De um lado, um gramado com árvores e brinquedos. Do outro, pista de carrinhos e parquinho sonoro. Ao fundo, uma quadra de futebol, com assentos feitos de tocos de árvores para que torcedores acompanhem as partidas completa a área de lazer. Parece um parque, mas não é. É neste ambiente em que os 234 alunos da Escola Municipal de Educação Infantil Dona Leopoldina, na Zona Oeste de São Paulo, brincam, aprendem e se desenvolvem. Tudo feito com a colaboração direta dos alunos de 4 e 5 anos. Fonte: http://jornaldeboasnoticias.com.br/na-escola-municipal-de-educacao-infantil-dona-leopoldina- os-pequenos-alunos-tem-voz-ativa/ Unidade 2Textos e seus requisitos 32 Desenvolvimento: É no desenvolvimento do texto que acontece todo o desenrolar do assunto e também se estabelece a ligação entre a introdução e as conclusões. Ao planejar um texto, o autor precisa ter claro onde deseja chegar e como irá finalizar. Cada parte de um texto tem sua função específica. O desenvolvimento, por exemplo, não pode se confundir com a introdução. Eles estão ligados, mas com propósitos diferentes. Para saber mais, leia o texto “Como fazer um desenvolvimento para a redação” que está disponível no seguinte endereço: <http://comofazerumaboaredacao. com/como-fazer-um-desenvolvimento/> Fonte: http://comofazerumaboaredacao.com/ Os parágrafos precisam estar conectados, e as ideias apresentadas de forma clara e dentro de uma lógica. O vocabulário deve ser rico e variado, evitando-se repetições. Não há regra para o tamanho de um parágrafo. O que se espera é o bom senso do autor em construí-lo dentro de uma lógica de raciocínio, partindo de uma ideia central acompanhada de ideias secundárias mais a conclusão. Vejamos o exemplo no texto “A infância do Meu Pai”. Os parágrafos não são extensos e apresentam a ideia núcleo, as secundárias e a conclusão. Parágrafos Fonte: https://brainly.com.br/tarefa/1681041 Conclusão: Não deve ser longa, pois se trata da finalização do assunto apresentado no texto. É tão importante quanto a introdução e está ligada ao todo. Textos e seus requisitos 33 Unidade 2 Objetivo não alcançado Fonte: http://blogdasotomes.blogspot.com.br/2011/08/tirinhas.html Pode-se dizer que é o fechamento das ideias, informando se o objetivo apresentado na introdução foi alcançado e quais são os resultados. Tomando como exemplo parte da conclusão de um trabalho de final de curso, é possível conferir essas características: Objetivo alcançado Fonte: http://www.ufjf.br/ep/files/2014/07/2006_3_Diogo-Cortes.pdf Se houver necessidade de alongar a conclusão para ainda explicar algum fato ou dado, fica evidente que as etapas anteriores deixaram falhas. Unidade 2Textos e seus requisitos 34 Falha nas etapas Fonte: https://pt.memedroid.com/memes/detail/1865522 Na Unidade 4, teremos oportunidade de retomar o assunto com o foco para estrutura de textos acadêmicos. Como você já terá os conhecimentos preliminares discutidos aqui, será muito tranquilo falar sobre trabalho de conclusão de curso, o que tira o sono de muita gente. Vamos avançar para o próximo tópico! 2. PARA esCReVeR BeM Além do que já vimos até aqui a respeito de como elaborar um texto, ainda precisamos aprender sobre os requisitos para se escrever bem, que são: clareza, linguagem formal, concisão, objetividade e correção gramatical. Souza (2002, p. 88) defende que: [...] toda palavra realmente pronunciada [...] é a expressão e o produto da interação social de três participantes: o locutor [...], o ouvinte [...] e istodo que se fala. Para o qual o sentido da palavra é totalmente determinado por seu contexto e [...] há tantas significações possíveis quanto contextos possíveis. A forma como vamos nos expressar e o recurso utilizado dependem de nossas vivências e interações sociais. Falar bem e saber interpretar o que se ouve, considerando as interações sociais do outro, é uma habilidade possível de ser construída, além de ser um diferencial em qualquer situação. 2.1 Requisitos Clareza: A produção textual de qualidade precisa ter clareza. A mensagem transmitida deve ser objetiva e organizada, seguindo uma lógica de raciocínio com coesão e coerência, uso de vocabulário adequado e que demonstre conhecimento do assunto, frases curtas e pontuação. Textos e seus requisitos 35 Unidade 2 Falta de clareza Fonte: https://laynnecris.wordpress.com/2015/12/28/post-aula-09-qualidades-e-defeitos-de-um-texto/ O exemplo a seguir apresenta o bilhete encaminhado por uma escola com o objetivo de comunicar aos pais ou responsáveis como seria desenvolvido o projeto de leitura. Observe que há vários equívocos relacionados a clareza e outros requisitos. Falta de sequência Fonte: http://www.kidsindoors.com.br/2015/04/dia-internacional-do-livro-infantil.html Unidade 2Textos e seus requisitos 36 Além de ter frases longas, a pontuação não está adequada. Não há sequência na exposição das ideias nem padrão no uso de terminologias. Observe que na segunda frase há uma referência para indicar quais são as turmas que participarão do projeto: 1º ao 5º ano. Na penúltima frase a indicação é para todos os alunos e professores do Segmento 2. • Quem participará do projeto? • Somente os alunos do 1º ao 5º ano? • Alunos e professores do Segmento 2? • O que é Segmento 2? Esse é um termo comum ou específico para profissionais da educação? Em meio a tanta explicação, o autor se perdeu na organização das ideias. Observe a tirinha e responda se faltou clareza na fala da Helga. Organização das ideias Fonte: http://biologiaextrasaladeaula.blogspot.com.br/2012/04/proxima-aula-de-redacaopreparatorio.html Linguagem formal: utilizada com base nas normas gramaticais, também conhecida como “linguagem culta”. Seu emprego acontece quando a mensagem é direcionada a autoridades, órgãos públicos ou pessoas em alguma posição de destaque. Linguagem formal escrita Fonte: https://pt.slideshare.net/ACTEBA/oficio-circular-06-2012 Textos e seus requisitos 37 Unidade 2 Linguagem formal falada Fonte: http://www.laifi.com/laifi.php?id_laifi=10395&idC=105184# Já a linguagem informal é aquela usada no cotidiano. Linguagem informal regional Fonte: http://profnatcabral.blogspot.com.br/2015/08/atividades-sobre-linguagem-formal-e.html Linguagem coloquial Fonte: http://sorisomail.com/partilha/127667.html Unidade 2Textos e seus requisitos 38 Concisão: Um texto com ideias claras, preciso e breve, sem que a mensagem seja prejudicada por excessos desnecessários, é entendido como conciso. Vamos observar a forma como o texto foi elaborado: o primeiro texto apresenta a mensagem, mas é redundante quando informa “todos os alunos” e “cada aluno, individualmente, receberá o convite”. A Escola Municipal Fernão Dias, por meio de um comunicado, decidiu convidar a todos os alunos para a festa de encerramento do ano letivo. Cada aluno, individualmente, receberá o convite. A forma concisa para este mesmo texto é: Todos os alunos da Escola Fernão Dias estão convidados a participar do baile de encerramento do ano letivo. Se todos os alunos da escola estão convidados, não há necessidade de acrescentar que “Cada aluno, individualmente, receberá o convite”. Ser direto e objetivo em um texto é muito importante, pois evita que o leitor se confunda e desista de prosseguir com a leitura. Para saber mais sobre texto claro e conciso, leia “Ouço muito: um bom texto deve ser claro e conciso”, que está disponível no seguinte endereço: http://redeglobo.globo. com/sp/tvtribuna/camera-educacao/platb/2013/03/06/uma- boa-redacao-a-concisao-por-sergio-nogueira/ Objetividade: Organizar um texto com objetividade é deixar evidente a sua finalidade, aonde se quer chegar e o conteúdo da mensagem. Para isso, é importante evitar excessos e reduzir formas verbais duplas (verbo de ligação + gerúndio) como: Estamos enviando o material para o endereço... O correto é: Enviamos o material para o endereço... Escrever na ordem direta, evitando ambiguidade: sujeito + verbo + objeto + complemento. Convidou a família a comunidade para a apresentação dos resultados. Nesta frase, quem convidou? O correto é: A família convidou a comunidade para a apresentação... Ou A comunidade convidou a família para a apresentação... Objetividade masculina Para descontrair Fonte: http://mulher30.com.br/2012/06/objetividade-masculina.html Também é importante considerar o tipo de público que terá acesso ao texto ou mensagem que se deseja transmitir. Ao observarmos a ilustração, entende-se que o termo “agilidade” na frase: “A palavra de ordem é agilidade” não condiz com a realidade dos envolvidos. Mensagem Fonte: http://www.perito.med.br/2013/01/charges-peritomed-reuniao-inssana-no.html Correção gramatical: Se refere ao uso das normas gramaticais, linguagem adequada, ortografia, pontuação, colocação pronominal, regência verbal e domínio da expressão escrita padrão. Um importante recurso para evitar erros é o uso do dicionário e de livros de gramática. Desejo que todos os seus sonhos se realizem! Textos e seus requisitos 39 Unidade 2 Objetividade masculina Para descontrair Fonte: http://mulher30.com.br/2012/06/objetividade-masculina.html Também é importante considerar o tipo de público que terá acesso ao texto ou mensagem que se deseja transmitir. Ao observarmos a ilustração, entende-se que o termo “agilidade” na frase: “A palavra de ordem é agilidade” não condiz com a realidade dos envolvidos. Mensagem Fonte: http://www.perito.med.br/2013/01/charges-peritomed-reuniao-inssana-no.html Correção gramatical: Se refere ao uso das normas gramaticais, linguagem adequada, ortografia, pontuação, colocação pronominal, regência verbal e domínio da expressão escrita padrão. Um importante recurso para evitar erros é o uso do dicionário e de livros de gramática. Desejo que todos os seus sonhos se realizem! Unidade 2Textos e seus requisitos 40 Gerúndio Fonte: http://armazemdetexto.blogspot.com.br/2017/04/gerundio-e-gerundismo-veja-diferenca.html Exemplos • Fazem 50 anos Nesta frase, não há indicação de uma pessoa. Aqui o verbo “fazer” é impessoal Verbo Fazer + indicação de tempo (50 anos). A forma correta da frase é: • Faz 50 anos • Ir no banheiro No ou ao banheiro? Fonte: https://humordemulher.files.wordpress.com/2011/12/esmaltirinha.jpg Se você vai, com certeza irá a algum lugar. O correto é: • Ir ao banheiro • Foi assistir o jogo. Assistir, neste caso tem sentido de ver. O verbo assistir é transitivo indireto e rege a preposição “a”, que não aparece no texto. A forma correta da frase é: Textos e seus requisitos 41 Unidade 2 • Foi assistir ao jogo • Comprei ele agora Ele é um pronome do caso reto e não pode atuar como complemento verbal O correto é usar um pronome oblíquo, e a forma correta da frase é: Comprei-o agora Usando pronome Fonte: http://souvestibulando.com/provas/exercicio.php?ida=93&ide=337&idp=7 Falar corretamente é indispensável em qualquer situação. Isso contribui para que a comunicação ocorra. A coloquialidade também é importante – desde que se toma cuidado com os padrões e as convenções. Para se aprofundar no assunto e não correr orisco de errar, acesse o texto “Falando certo a nossa língua portuguesa”, disponível em: http://www. falandocerto.com.br/wordpress/tag/correcao-gramatical/ 2.1.1. Ferramentas para elaboração de texto Para a elaboração ou a interpretação de textos, além do domínio dos requisitos já apresentados aqui, também se pode fazer uso de algumas ferramentas tais como a metáfora, comparações metafóricas e analogias. Essas ferramentas dão ritmo ao texto e descomplicam o seu desenrolar quando necessário. Vamos atender um pouco mais sobre elas. Metáfora: é uma figura de linguagem muito usada em nosso cotidiano. Ela substitui um termo ou expressão por outra, mas que atende ao mesmo sentido. • O suco está um mel • Paulinho é um gato! • Manoel é um pau d’água Unidade 2Textos e seus requisitos 42 Pneu Fonte: http://blogdamarlizinha.blogspot.com.br/2010/04/charge-mosquito-da-dengue-assinale.html Comparação Metafórica: é muito parecida com a metáfora, pois ambas utilizam figuras de linguagem. A diferença está no uso de conexões de comparação. Vejamos os exemplos: • Esse biscoito está duro como um pau. • Joana é igual a uma palhaça quando se encontra com as crianças. • A toalha ficou fofa como algodão. Comparação metafórica Fonte: www.cibelesantos.com.br Nesta tirinha, a comparação metafórica utilizada pela moça para explicar para Armando sobre como cultivar o amor foram os cuidados com uma flor: “Você não sabe que o amor é como uma flor?”. Ao perceber que mesmo assim ele não entendeu, utilizou-se de outra forma figurada ou ilustrativa que foi os cuidados com um automóvel. “O amor é como o motor do carro”. A conexão utilizada foi a palavra “como”. Pela reação de Armando, ao comparar o amor com os cuidados necessários com um carro, a moça se fez entender. Analogia: é a relação de semelhança entre situações diferentes. Vamos observar os exemplos: Textos e seus requisitos 43 Unidade 2 Analogia Fonte: www.cibelesantos.com.br Neste quadrinho, uma amiga comenta com a outra a forma despreocupada e desrespeitosa que foi tratada pela prestadora de serviços de TV quando suspenderam a transmissão ou acesso. Por analogia, a outra amiga compara ao comportamento de seus ex-namorados quando terminam o relacionamento, ou seja, rompem sem dar satisfação. Agora, veja um exemplo de analogia na literatura: “Da ponta de cada galho, como um enorme figo púrpura, um futuro maravilhoso acenava e cintilava. Um desses figos era um lar feliz com marido e filhos, outro era uma poeta famosa, outro, uma professora brilhante, outro era Ê Gê, a fantástica editora, outro era feito de viagens à Europa, África e América do Sul, outro era Constantin e Sócrates e Átila e um monte de amantes com nomes estranhos e profissões excêntricas, outro era uma campeã olímpica de remo, e acima desses figos havia muitos outros que eu não conseguia enxergar. Me vi sentada embaixo da árvore, morrendo de fome, simplesmente porque não conseguia decidir com qual figo eu ficaria. Eu queria todos eles, mas escolher um significava perder todo o resto, e enquanto eu ficava ali sentada, incapaz de tomar uma decisão, os figos começaram a encolher e ficar pretos e, um por um, desabaram no chão aos meus pés.” O trecho acima é de “A Redoma de Vidro”, obra da escritora americana Sylvia Plath, e faz uma analogia, ou seja, uma comparação entre uma figueira cheia de frutos e a grande quantidade de escolhas que uma pessoa pode fazer na vida. “Um desses figos era um lar feliz com marido e filhos” não quer dizer que a fruta era literalmente um casamento, mas uma analogia que compara escolher um dos frutos da figueira com escolher casar e ter filhos, além das outras opções que a autora cita (ser poeta ou ser professora, viajar pelo mundo ou ser campeã de remo, etc.). Unidade 2Textos e seus requisitos 44 3. esTRuTuRA e TiPOLOGiA TexTuAL Vamos entender melhor como a estrutura e a tipologia de um texto se relacionam e porque são importantes. 3.1 estrutura textual Sabemos que, no texto, a coerência é uma característica fundamental que está relacionada com a macro e microestrutura. De acordo com Sautchuk (2003), a macroestrutura alinha os elementos que dão sentido ao texto e estabelece uma sequência nas ideias envolvendo o conteúdo global, além de envolver a criatividade, a organização das ideias e a criticidade. A microestrutura se refere a aspectos linguísticos do texto tais como ortografia e coesão. Depende da habilidade e conhecimento de quem escreve na organização do texto de forma que faça sentido. 3.1.1 Tipologia textual A tipologia textual está relacionada à estrutura, regras gramaticais e tipo de texto. Há cinco tipos de texto: narração, dissertação, descrição, injunção e exposição. Narração: Em nosso cotidiano, é comum relatarmos um fato ou situação por meio da oralidade ou registro. Não é algo recente, mas que vem desde o tempo das cavernas quando o homem já tinha necessidade de registrar os acontecimentos. A ilustração exemplifica a fase evoluída da escrita que passou do pictograma para a cuneiforme. A escrita cuneiforme, criada em 3.500 a.C, adota símbolos e desenhos para narrar acontecimentos daquele período e que até hoje contribuem para a construção da história da civilização. Escrita cuneiforme Fonte: http://descobertadaescrita.blogspot.com.br/2012/11/a-descoberta-da-escrita.html Textos e seus requisitos 45 Unidade 2 Um texto do tipo narração tem em sua estrutura o espaço, o tempo e o enredo. É apresentado geralmente na forma de livro de história e está relacionado a personagens e aos acontecimentos. Vamos conferir os exemplos: Porquinho da índia e Pneumo-tórax, de Manuel Bandeira. Porquinho-da-índia Fonte: http://www.candido.bpp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1159 Em “Porquinho-da-índia”, é possível identificar que os fatos ocorreram no período da infância: “Quando eu tinha seis anos” situa os espaços da casa e a relação de afeto estabelecida. O poema “Pneumo-tórax” também é um exemplo de narrativa que, pelos detalhes fornecidos no texto, nos parece ser a casa do paciente que a vida toda teve a saúde debilitada. Os sintomas são apresentados, assim como o diálogo entre o paciente e o médico. Ao examiná-lo e apresentar o diagnóstico, o médico anuncia o desfecho da história ao responder o questionamento do paciente. Unidade 2Textos e seus requisitos 46 Pneumo-tórax Fonte: https://www.pinterest.co.uk/explore/poemas-manuel-bandeira/ A estrutura de um texto narrativo tem apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho. Podemos confirmar isso com a história do Pinóquio: Pinóquio Fonte: https://bebeatual.com/historias-pinoquio_102 Textos e seus requisitos 47 Unidade 2 Descrição: a descrição pode ser encontrada em qualquer tipo e gênero textual. Através dela é possível descrever um lugar, um fato ou um personagem de forma a provocar a imaginação do leitor no processo de compreensão do texto. A estrutura de um texto descritivo é composta de introdução, desenvolvimento e conclusão, e se utilizam três classes gramaticais: substantivo, adjetivo e locução adjetiva. “Motivo”, de Cecília Meireles, é um exemplo de texto descritivo. Motivo Fonte: https://br.pinterest.com/pin/574631233689417009/ Em sua estrutura há introdução, desenvolvimento e a conclusão. Os adjetivos são variados e as classes gramaticais exploradas. Dissertação: A dissertação tem como objetivo apresentar e debater de forma clara opiniões e argumentos sob o ponto de vista de quem o escreve. Para o desenvolvimento de um texto dissertativo, é necessário conhecer bem o assunto. A estrutura é composta de introdução, desenvolvimento e conclusão. A letra da música “Que pais é este?”, do cantor e compositor Renato Russo, é um exemplo de texto dissertativo. Unidade2Textos e seus requisitos 48 Que país é este? Fonte: https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/46973/ Exposição: O texto é totalmente neutro e não apresenta opinião, e tem como objetivo expor e explicar o assunto. Esse formato é comumente encontrado em jornais. A matéria do Jornal do Brasil a respeito do número de passageiros que usam transporte público é um exemplo de texto expositivo. Textos e seus requisitos 49 Unidade 2 Exposição Fonte: http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/08/12/numero-de-passageiros-que-usam-onibus-como- transporte-publico-cai-9/ Injunção: A tipologia textual da injunção tem o propósito de orientar o leitor para a execução de uma tarefa. A injunção é encontrada em textos de dois tipos: instrução ou prescrição. Um manual de instruções ou uma bula de remédio são exemplos da tipologia textual da injunção prescritiva, pois a intenção é orientar, guiar, instruir o leitor em uma ação. Bula de remédio Fonte: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp? pNuTransacao= 6909012013&pIdAnexo=1750446 Unidade 2Textos e seus requisitos 50 A tipologia textual da injunção instrutiva apresenta apenas sugestões de como realizar, não é uma ordem ou regra. Outro exemplo muito comum é a receita de bolo. Receita de bolo Fonte: https://br.pinterest.com/pin/537406168016944749/?lp=true Nesta receita, há uma orientação a respeito da medida, ou seja, usar um copo de requeijão como parâmetro. Isso pode ser entendido como uma injunção, porém, não quer dizer que para confeccionar esse bolo seja necessariamente preciso usar um copo de requeijão. O texto recheado de desejos para alguém encontrado nos cartões também se caracterizam como do tipo injunção. Cartão de aniversário Fonte: Adaptado pela autora. <https://pixabay.com/pt/dom-fabricado-surpresa-loop-natal-548296/> Textos e seus requisitos 51 Unidade 2 A mensagem é a orientação de quem enviou: “Desejo que todos os seus sonhos...” COnCLusãO Nesta unidade, aprendemos como organizar textos e os requisitos necessários para que ele tenha qualidade. Além dos requisitos como clareza, linguagem formal concisão, objetividade e correção, um texto também mostra sua intenção e função conforme a estrutura na qual se apresenta. Quando nos comunicamos, precisamos ficar atentos a mensagem que desejamos transmitir e a quem nos dirigimos. O cuidado com a organização de um texto também se limita a sua tipologia, podendo ele ser uma narrativa, dissertação, exposição ou injunção. Com o conteúdo que trabalhamos aqui, entendemos que já acumulamos uma razoável bagagem de conhecimentos que servem de pré-requisitos para a construção de texto de qualidade. eLeMenTOs COMPLeMenTARes #LIVRO# Título: Comunicação nos textos: leitura, produção e exercícios Autora: Norma Discini Editora: Contexto, São Paulo: 2017. Sinopse: “Comunicação nos textos”, da autora Norma Discini, é um ótimo recurso para quem deseja aprimorar seus conhecimentos e avançar nos estudos. O livro traz exemplos de textos e faz apontamentos detalhados e de fácil entendimento a respeito dos tipos de texto e a mensagem que eles transmitem. ReFeRÊnCiAs PLATH, Sylvia. A redoma de vidro. Tradução de Chico Mattoso. São Paulo: Globo, 2014. SAUTCHUK, I. A produção dialógica do texto escrito: um diálogo entre escritor e leitor interno. São Paulo: Martins, 2003. SOUZA, G. T. Introdução à teoria do enunciado concreto do círculo Bakhtin/Velochino/Medvedv. São Paulo: Humaitas, 2002. Unidade 3 Objetivos de aprendizagem da unidade • Entender como o emprego correto dos aspectos gramaticais favorece a leitura e a interpretação • Identificar quando utilizar os recursos da pontuação como suporte para leitura, interpretação de textos e concordância verbal • Refletir sobre as diretrizes para análise e interpretação textual Professora Doutora Tânia Regina Corredato Periotto AsPECTOs gRAmATICAIs: lEITuRA E InTERPRETAçãO DE TExTOs Aspectos gramaticais: leitura e interpretação de textos 53 Unidade 3 InTRODuçãO Olá, Aluno(a)! Quem não deseja empregar corretamente os aspectos gramaticais e interpretar com facilidade um texto? Com certeza todos nós! Pois bem, nesta unidade, o foco são aspectos gramáticas da leitura e interpretação de textos. Vamos entender melhor como o emprego correto dos aspectos gramaticais favorece a leitura e a interpretação que, por sua vez, são aplicados seguindo diretrizes específicas para cada situação. Vamos saber também quando utilizar os recursos da pontuação como suporte para leitura, interpretação de textos e concordância verbal. Por fim, estudaremos as diretrizes para análise e interpretação textual. Esse volume de assuntos nos permitirá construir textos de forma correta, sem ferir a gramática. Ótimo estudo! 1. RECuRsOs DE POnTuAçãO A pontuação é composta por sinais gráficos utilizados nos registros escritos com o objetivo de representar características tais como pausa, dúvida, interrogação, exclamação, intenção, ritmo e emoções de forma geral, entre outras necessidades. São também utilizados para estabelecer limites sintáticos e unidades de sentido que favorecem a coerência e coesão. A utilização da pontuação obedece a regras básicas para que a mensagem que se pretende transmitir, bem como sua estrutura, não fique comprometida. 1.1 Contextualização histórica dos sinais de pontuação Os sinais de pontuação também trazem uma história de longa data. Eles têm início nos séculos XIV e XVII na Europa e surgiram para facilitar a leitura. Nessa época, o hábito de ler não era algo comum a todos. Os materiais eram escassos e somente privilegiados como os monges, tidos como sábios, dominavam a leitura, a escrita e a propagação da impressão tipográfica. De acordo com Felisbino (2013, p. 67), “os primeiros textos escritos surgiram em meados do século XIII. Nesse período, não havia sistematização da grafia dos vocábulos, e o som e a letra apresentavam uma estreita relação”. Voltando um pouco mais no tempo, o uso da pontuação já era empregado no Antigo Egito para o ensinamento de crianças e jovens. A partir de textos poéticos, a pontuação era empregada para orientar a leitura com relação ao ritmo e a sequência das frases. À medida que a leitura era dominada, os pontos eram removidos. Na idade Média, o ponto final, diferentemente do que temos hoje, era utilizado antes do nome de alguma personalidade com a função de lhe dar destaque. Unidade 3Aspectos gramaticais: leitura e interpretação de textos 54 1.1.1 utilização da pontuação Ponto final: Usado para indicar a finalização de um período ou paradas em um texto. • A menina cai. • A carta foi entregue. Notícia Fonte: http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2017/12/03/a-periferia-por-ela-mesma/ Vírgula: Para o emprego da vírgula, é necessário seguir algumas regras: 1ª- Para separar termos e listas específicas • No almoço comemos arroz, feijão, bife, salada. • Os meninos trouxeram bola, dominó, baralho. • Na cidade podemos encontrar ruas largas, estreitas, calmas, movimentadas. 2ª- Na separação de orações independentes • Cheguei em casa, guardei o material no armário e descansei no sofá da sala. • Fui ao centro da cidade, encontrei o endereço do escritório e entreguei o documento assinado. • Terminei o projeto da casa, agendei a reunião com o novo cliente e telefonei para minha mãe. • Álvaro foi até o hospital acompanhado do médico, do estagiário, do enfermeiro. Aspectos gramaticais: leitura e interpretação de textos 55 Unidade 3 Neste último exemplo acima, é possível observar a presença de três pessoas além de Álvaro: médico + estagiário + enfermeiro Se eliminarmos ou deixarmos de inserir a vírgula em uma daspartes da oração, ela terá seu sentido alterado: Agora temos apenas duas pessoas além de Álvaro, e o sentido da frase foi alterado. MÉDICO DO ESTAGIÁRIO + ENFERMEIRO 3ª – Antes de conjunções adversativas e conclusivas Conjunções adversativas Mas, Porém, Contudo, Todavia, No entanto, Senão, Não obstante, Ainda assim, Apesar disso, Mesmo assim, De outra sorte, Ao passo que O uso da vírgula é para separar a oração de um período mostrando que há uma sequência. Exemplo: • O doce que comi estava delicioso, mas prefiro salgados. • Ela tem dinheiro para pagar a conta, porém pediu emprestado para Miguel. • O aluno entregou o trabalho hoje, senão teria reprovado. Conjunções conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto... • Marcos trabalhou a noite toda, então terminou o trabalho • Ana Maria estudou muito para prova, portanto consegui aprovação. • Julia brincou a tarde toda na piscina, por isso dormiu cedo. OBSERVAÇÃO O uso da conjunção POIS, exige um tratamento diferenciado. Ao elaborar uma frase, é preciso observar seu sentido. Se ela tiver sentido conclusivo, deve ficar entre vírgulas. • Ele treinou muito, foi, pois, vitorioso na competição. Unidade 3Aspectos gramaticais: leitura e interpretação de textos 56 Se tiver sentido explicativo ou de causa a vírgula vem antes. • Foi vitorioso na competição, pois treinou muito. Neste texto, que é um trecho da notícia publicada em 03 de dezembro de 2017 na página do G1, é possível observar o uso da vírgula para separar os períodos. Matéria de jornal Fonte: https://g1.globo.com/ro/ariquemes-e-vale-do-jamari/noticia/casal-de-agricultores-colhe-cerca-de- 500-kg-de-castanhas-por-ano-e-doa-parte-para-producao-de-mudas-em-ro.ghtml Dois pontos: aparece antes de uma citação, fala do personagem ou enumeração. Sugere também uma pausa. Vejamos o exemplo na fábula “O cavalo e o burro”, de Monteiro Lobato. Fábula de Monteiro Lobato Fonte: https://peregrinacultural.wordpress.com/2009/06/25/o-cavalo-e-o-burro-fabula-texto-de-monteiro-lobato/ O emprego dos dois pontos se deu no momento em que o narrador anunciou a fala do personagem, o burro. Aspectos gramaticais: leitura e interpretação de textos 57 Unidade 3 • Em certo ponto, o burro parou e disse: Outro exemplo da aplicação dos dois pontos é quando acontece uma pausa para se dar início a listagem das cidades. No caso a seguir, trata-se de uma notícia sobre o estado de Goiás, que aderiu ao feriado em comemoração ao Dia da Consciência Negra. Notícia da cidade Fonte:https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:w5TnwH8uKwoJ:https://www.terra.com. br/noticias/brasil/cidades/confira-lista-de-municipios-que-aderiram-ao-feriado-de-20-de-novembro,- 587fa2e3158f4e83da99849151448e71y6tme92q.html+&cd=10&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br Ponto e vírgula: utilizada na separação de orações coordenadas, sinalizando a necessidade de uma pausa, mas não o término da frase, pois sinaliza que haverá continuidade. Como exemplo, podemos observar a lista de objetivos gerais utilizados no desenvolvimento de atividades para educação física infantil. Ao final de cada um, há um ponto e vírgula, indicando uma sequencia de ações. Objetivos gerais Fonte: https://www.cpt.com.br/cursos-educacao-infantil/artigos/educacao-fisica-infantil-objetivos-gerais-e -objetivos-especificos Utilizado também para separar os itens de uma lei, decreto, etc., como mostra o exemplo referente à Constituição brasileira. Unidade 3Aspectos gramaticais: leitura e interpretação de textos 58 Constituição Brasileira Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm Ponto de exclamação: aplicado quando o objetivo é indicar surpresa, exaltação ou uma condição emocional. Família Fonte: http://www.lpm-blog.com.br/?p=10034 O ponto de exclamação é utilizado para indicar: • Entusiasmo: Uau! • Admiração: Que lindo! • Surpresa: Nossa! • Um pedido: Preste atenção agora! • Uma ameaça: Se não fizer silêncio, já sabe! • Uma ordem: Feche essa porta! Em parte do poema “Minha vida”, de Mario Quintana, pode-se observar o emprego do ponto de exclamação com a intenção de transmitir emoção e sentimento. Minha vida Fonte: https://www.mensagenscomamor.com/frases-de-surpresa Aspectos gramaticais: leitura e interpretação de textos 59 Unidade 3 Ponto de interrogação: Utilizado com a finalidade de indicar um questionamento. Mudança? Fonte: http://www.diogosalles.com.br/charges.asp • Qual é o seu endereço? • Onde você mora? • Quantas horas ainda teremos que viajar para chegar ao destino? Reticências: Sugere uma pausa, que a frase não está completa e algo mais poderia ser acrescentado. Serve também para provocar a imaginação do leitor após a suspensão do pensamento no texto. Exemplos: • Depois que ouvimos o barulho no telhado ficamos pensando que... • Após tanto esforço, imaginei que pudéssemos... • Ele assumiu a culpa, mas... você já entendeu. Para indicar uma dúvida ou embaraço. Exemplos: • Pensei em irmos ao restaurante do centro, mas... eu só pensei... • Ela pegou... acho que pegou... pegou sim... bem, não posso afirmar. • Eu vou com você, mas... pensando bem... Quando se utiliza trechos suprimidos em outro texto: [...] um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos [...] (ZABALA,1998 p.18). Unidade 3Aspectos gramaticais: leitura e interpretação de textos 60 [...] um local de fácil acesso para encontrar com as crianças organizadas em grupos de pares. (BORBA, 2005, p. 82). Travessão: Indica a fala dos personagens em um diálogo. A raposa e as uvas Fonte: https://br.pinterest.com/pin/590745676092660499/ Utilizado também para separar as falas dos personagens e do narrador. Dramatização Fonte: http://mundinhodacrianca10.blogspot.com.br/2012/11/historia-dona-baratinha-roteiro-para.html Aspectos gramaticais: leitura e interpretação de textos 61 Unidade 3 Aspas: É utilizado quando há necessidade de se introduzir uma palavra no texto ou indicar uma citação retirada de um trecho de livros ou documento. Uso das aspas Fonte: (RIBEIRO, 2009) “Não há razão para se envergonhar por desconhecer algo, testemunhar a abertura dos outros, a disponibilidade curiosa à vida, a seus desafios, são saberes necessários à prática educativa” (FREIRE, 1996, p. 153). “Cuidado” Fonte: https://img.buzzfeed.com/buzzfeed-static/static/2015-07/27/10/enhanced/webdr06/enhanced-bu- zz-30543-1438007399-24.jpg?downsize=715:*&output-format=auto&output-quality=auto Parênteses: Marca uma informação adicional que foi acrescentada ao texto, podendo ser para uma explicação, comentário ou detalhe. • Sobre a reunião: (sem chances) não chegarei a tempo. • José (ao se levantar da cama) reconheceu a esposa e o filho. • Os alunos(as) do ensino médio já estão de férias. • Ana Paula, minha irmã (a caçula da família), foi aprovada no concurso. • O feriado de 7 de Setembro (Proclamação da Independência do Brasil) foi movimentado na capital paulista. Unidade 3Aspectos gramaticais: leitura e interpretação de textos 62 2. AsPECTOs gRAmATICAIs PARA PRODuçãO TExTuAl: COnCORDÂnCIA VERBAl A função da gramática é, através de regras, nortear o uso correto e culto da língua. A língua sofre influência de usos e costumes de uma cultura ou região, mas nem por isso pode-se deixar de aplicar as normas. Tavaglia (2005, p. 24) traz a seguinte definição: A gramática é concebida como um manual, como regra de bom uso da língua a serem seguidas por aqueles que querem se expressar adequadamente. Observando essa conceituação, percebemos que, para se expressar adequadamente, é necessário