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Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) 1 Prefeitura Municipal de Ananindeua/PA Professor do Ensino Fundamental (1º ao 5º Ano) ÍNDICE CONHECIMENTOS BÁSICOS LÍNGUA PORTUGUESA 1. Interpretação e análise de textos .................................................................................................................................................................. 01 2. Os vários modos de organização discursiva: elementos do texto descritivo, narrativo e dissertativo (exposição ou argumentação) ......... 01 3. Estruturas linguísticas e aspectos funcionais morfológicos e sintáticos do uso da língua: 3.1. Emprego das classes de palavras no texto; Categorias gramaticais; Estrutura das palavras; Formação de palavras ................................................................................................ 29 3.2. Elementos estruturais do texto: frase; oração e período; Funções Oracionais; Coordenação e Subordinação; Concordância; Regência; Colocação; Emprego do sinal indicativo de crase; Coesão textual: anafóricos e articuladores; Coerência textual; Intertextualidade ................................................................................................................................................................................................ 47 4. Elementos semânticos do texto; Significação das palavras; Denotação e Conotação Emprego de vocabulário; Adequação e precisão vocabular; Variação linguística; Alterações semânticas: homonímia; sinonímia; antonímia; paronímia; polissemia e ambiguidade ...................................................................................................................................................................................................... 52 5. Funções da linguagem no texto; níveis de linguagem no texto .................................................................................................................... 54 6. Pontuação gráfica ......................................................................................................................................................................................... 25 7. Acentuação gráfica ....................................................................................................................................................................................... 24 8. Uso da Crase ................................................................................................................................................................................................ 52 CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS 1. Educação como direito social público; 2. O contexto educacional e histórico da escola pública; 3. Política educacional brasileira; 4. Organização e gestão democrática da Educação Básica no Brasil ............................................................................................................. 01 5. Planejamento e avaliação escolar em uma perspectiva construtiva – práticas avaliativas e instrumentos de avaliação; 6. O Projeto Político-pedagógico: concepções, funções, características, estratégias de construção; 7. Concepções de currículo e interdisciplinaridade .......................................................................................................................................................................................... 30 8. Projetos de ensino e de aprendizagem; Função social da escola: Relação escola e sociedade ................................................................. 01 9. Concepções teórico-metodológicas de aprendizagem e desenvolvimento humano .................................................................................... 30 10. A afetividade como elemento mediador da aprendizagem ......................................................................................................................... 01 Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda) Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) 2 11. Componentes do processo de ensino: objetivos; conteúdos; métodos; técnicas, meios e avaliação ........................................................ 01 12. Educação e diversidade .............................................................................................................................................................................. 36 13. Educação e inclusão – a integração de alunos com necessidades educacionais especiais em classes regulares dos sistemas de ensino ................................................................................................................................................................................................................ 41 14. Direito à Educação, acesso, permanência e sucesso escolar .................................................................................................................... 01 15. Educação, direitos humanos e cotidiano escolar ........................................................................................................................................ 52 16. Plano de desenvolvimento da educação: Razões, princípios e programas ............................................................................................... 56 17. Avaliações da Educação Básica: Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB) e Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANERSC – Provinha Brasil e Prova Brasil) ..................................................................................................................................................... 65 LEGISLAÇÃO 1. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Diretrizes e Bases da Educação Nacional .............................................................................. 01 2. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 - Política Nacional de Educação Ambiental ........................................................................................ 11 3. Resolução 3/2005, da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação – Normas Nacionais para ampliação do Ensino Fundamental para nove anos ............................................................................................................................................................... 12 4. Lei n° 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA .................................................................................................................... 13 5. Resolução n° 4, de 13/07/2010 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica .................................................................... 38 6. Resolução n° 7, de 14/12/2010 – Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos................................... 44 7. Lei nº 2.177, de 07 de dezembro de 2005 .................................................................................................................................................... 50 8. Lei n.º 2.176, de 07 de dezembro de 2005 ................................................................................................................................................... 66 9. Lei n.º 2.355, de 16 de janeiro de 2009 ........................................................................................................................................................ 81 NOÇÕES DE INFORMÁTICA 1. Noções de informática – hardware, software e periféricos ........................................................................................................................... 01 2. Organização, gerenciamento e armazenamento de arquivos ...................................................................................................................... 01 3. Software livre: filosofia de uso ......................................................................................................................................................................74 4. Pressupostos psicopedagógicos das TIC na educação – instrucionismo e construcionismo ...................................................................... 77 5. A utilização de editores de texto, planilhas eletrônicas, softwares de apresentação e jogos no processo educativo ................................. 32 6. Internet e intranet; 7. Navegadores e Correio Eletrônico; 8. As contribuições da internet na atividade de pesquisa – recursos e sites de busca; 9. A internet como espaço de autoria; 10. Redes sociais e escola; 11. Segurança na rede: vírus e sites inadequados para crianças e adolescentes ........................................................................................................................................................................... 41 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 1. Paradigma construtivista do processo ensino-aprendizagem ...................................................................................................................... 01 2. Alfabetização e letramento ............................................................................................................................................................................ 04 Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda) Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) 3 3. Alfabetização de jovens e adultos ................................................................................................................................................................. 04 4. Andragogia e o aluno adulto ......................................................................................................................................................................... 14 5. A pedagogia de Paulo Freire ........................................................................................................................................................................ 14 6. Psicogênese da língua escrita ...................................................................................................................................................................... 20 7. A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de 9 (nove) anos................................................................................... 24 8. Os Parâmetros Curriculares Nacionais das séries iniciais do Ensino Fundamental, seus conteúdos de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte, Educação Física, temas transversais e tratamento da informação ....................... 30 9. Fundamentos da utilização de recursos didáticos no ensino-aprendizagem – livro didático, Material Dourado, ábaco, quadro valor de lugar, tabuada de Pitágoras, Tangran, barras de Cuisinaire, geoplano, blocos lógicos, sólidos geométricos, mapas, alfabeto móvel, tecnologias de informação e comunicação – escrita, radiofônica, televisiva e computacional......................................................................... 47 10. Prova Brasil – matriz de referência de Língua Portuguesa– tópicos e descritores para o 5º ano (ou 4ª série) do Ensino Fundamental; 11. Prova Brasil – matriz de referência de Matemática– temas e descritores para o 5º ano (ou 4ª série) do Ensino Fundamental ......................................................................................................................................................................................... 49 Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda) APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos A Opção Certa Para a Sua Realização A PRESENTE APOSTILA NÃO ESTÁ VINCULADA A EMPRESA ORGANIZADORA DO CONCURSO PÚBLICO A QUE SE DESTINA, ASSIM COMO SUA AQUISIÇÃO NÃO GARANTE A INSCRIÇÃO DO CANDIDATO OU MESMO O SEU INGRESSO NA CARREIRA PÚBLICA. O CONTEÚDO DESTA APOSTILA ALMEJA ENGLOBAR AS EXIGENCIAS DO EDITAL, PORÉM, ISSO NÃO IMPEDE QUE SE UTILIZE O MANUSEIO DE LIVROS, SITES, JORNAIS, REVISTAS, ENTRE OUTROS MEIOS QUE AMPLIEM OS CONHECIMENTOS DO CANDIDATO, PARA SUA MELHOR PREPARAÇÃO. ATUALIZAÇÕES LEGISLATIVAS, QUE NÃO TENHAM SIDO COLOCADAS À DISPOSIÇÃO ATÉ A DATA DA ELABORAÇÃO DA APOSTILA, PODERÃO SER ENCONTRADAS GRATUITAMENTE NO SITE DA APOSTILAS OPÇÃO, OU NOS SITES GOVERNAMENTAIS. INFORMAMOS QUE NÃO SÃO DE NOSSA RESPONSABILIDADE AS ALTERAÇÕES E RETIFICAÇÕES NOS EDITAIS DOS CONCURSOS, ASSIM COMO A DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DO MATERIAL RETIFICADO, NA VERSÃO IMPRESSA, TENDO EM VISTA QUE NOSSAS APOSTILAS SÃO ELABORADAS DE ACORDO COM O EDITAL INICIAL. QUANDO ISSO OCORRER, INSERIMOS EM NOSSO SITE, www.apostilasopcao.com.br, NO LINK “ERRATAS”, A MATÉRIA ALTERADA, E DISPONIBILIZAMOS GRATUITAMENTE O CONTEÚDO ALTERADO NA VERSÃO VIRTUAL PARA NOSSOS CLIENTES. CASO HAJA ALGUMA DÚVIDA QUANTO AO CONTEÚDO DESTA APOSTILA, O ADQUIRENTE DESTA DEVE ACESSAR O SITE www.apostilasopcao.com.br, E ENVIAR SUA DÚVIDA, A QUAL SERÁ RESPONDIDA O MAIS BREVE POSSÍVEL, ASSIM COMO PARA CONSULTAR ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS E POSSÍVEIS ERRATAS. TAMBÉM FICAM À DISPOSIÇÃO DO ADQUIRENTE DESTA APOSTILA O TELEFONE (11) 2856-6066, DENTRO DO HORÁRIO COMERCIAL, PARA EVENTUAIS CONSULTAS. EVENTUAIS RECLAMAÇÕES DEVERÃO SER ENCAMINHADAS POR ESCRITO, RESPEITANDO OS PRAZOS ESTITUÍDOS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTA APOSTILA, DE ACORDO COM O ARTIGO 184 DO CÓDIGO PENAL. APOSTILAS OPÇÃO Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda) APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos Língua Portuguesa A Opção Certa Para a Sua Realização 1 1. INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE TEXTOS; 2. OS VÁRIOS MODOS DE ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA: ELEMENTOS DO TEXTO DESCRITIVO, NARRATIVO E DISSERTATIVO (EXPOSIÇÃO OU ARGUMENTAÇÃO); A linguagem escrita tem identidade própria e não pretende ser mera reprodução da linguagem oral. Ao redigir, o indivíduo conta unicamente com o significado e a sonoridade das palavras para transmitir conteúdos complexos, estimular a imaginação do leitor, promover associação de ideias e ativar registros lógicos, sensoriais e emocionais da memória. Redação é o ato de exprimir ideias, por escrito, de forma clara e orga- nizada. O ponto de partida para redigir bem é o conhecimento da gramática do idioma e do tema sobre o qual se escreve. Um bom roteiro de redação deve contemplar os seguintes passos: escolha da forma que se pretende dar à composição, organização das ideias sobre o tema, escolha do voca- bulário adequado e concatenação das ideias segundo as regras linguísticas e gramaticais. Para adquirir um estilo próprio e eficaz é conveniente ler e estudar os grandes mestres do idioma, clássicos e contemporâneos; redigir frequen- temente, para familiarizar-se com o processo e adquirir facilidade de ex- pressão; e ser escrupuloso na correção da composição, retificando o que não saiu bem na primeira tentativa. É importante também realizar um exame atento da realidade a ser retratada e dos eventos a que o texto se refere, sejam eles concretos, emocionais ou filosóficos. O romancista, o cientista, o burocrata, o legislador, o educador, o jornalista, o biógrafo, todos pretendem comunicar por escrito, a um público real, um conteúdo que quase sempre demanda pesquisa, leitura e observação minuciosa de fatos empíricos. A capacidade de observar os dados e apresentá-los de maneira própria e individual determina o grau de criatividade do escritor. Para que haja eficácia na transmissão da mensagem,é preciso ter em mente o perfil do leitor a quem o texto se dirige, quanto a faixa etária, nível cultural e escolar e interesse específico pelo assunto. Assim, um mesmo tema deverá ser apresentado diferentemente ao público infantil, juvenil ou adulto; com formação universitária ou de nível técnico; leigo ou especializa- do. As diferenças hão de determinar o vocabulário empregado, a extensão do texto, o nível de complexidade das informações, o enfoque e a condução do tema principal a assuntos correlatos. Organização das ideias. O texto artístico é em geral construído a partir de regras e técnicas particulares, definidas de acordo com o gosto e a habilidade do autor. Já o texto objetivo, que pretende antes de mais nada transmitir informação, deve fazê-lo o mais claramente possível, evitando palavras e construções de sentido ambíguo. Para escrever bem, é preciso ter ideias e saber concatená-las. Entre- vistas com especialistas ou a leitura de textos a respeito do tema abordado são bons recursos para obter informações e formar juízos a respeito do assunto sobre o qual se pretende escrever. A observação dos fatos, a experiência e a reflexão sobre seu conteúdo podem produzir conhecimento suficiente para a formação de ideias e valores a respeito do mundo circun- dante. É importante evitar, no entanto, que a massa de informações se dis- perse, o que esvaziaria de conteúdo a redação. Para solucionar esse problema, pode-se fazer um roteiro de itens com o que se pretende escre- ver sobre o tema, tomando nota livremente das ideias que ele suscita. O passo seguinte consiste em organizar essas ideias e encadeá-las segundo a relação que se estabelece entre elas. Vocabulário e estilo. Embora quase todas as palavras tenham sinôni- mos, dois termos quase nunca têm exatamente o mesmo significado. Há sutilezas que recomendam o emprego de uma ou outra palavra, de acordo com o que se pretende comunicar. Quanto maior o vocabulário que o indivíduo domina para redigir um texto, mais fácil será a tarefa de comuni- car a vasta gama de sentimentos e percepções que determinado tema ou objeto lhe sugere. Como regras gerais, consagradas pelo uso, deve-se evitar arcaísmos e neologismos e dar preferência ao vocabulário corrente, além de evitar cacofonias (junção de vocábulos que produz sentido estranho à ideia original, como em "boca dela") e rimas involuntárias (como na frase, "a audição e a compreensão são fatores indissociáveis na educação infantil"). O uso repetitivo de palavras e expressões empobrece a escrita e, para evitá-lo, devem ser escolhidos termos equivalentes. A obediência ao padrão culto da língua, regido por normas gramaticais, linguísticas e de grafia, garante a eficácia da comunicação. Uma frase gramaticalmente incorreta, sintaticamente mal estruturada e grafada com erros é, antes de tudo, uma mensagem ininteligível, que não atinge o objetivo de transmitir as opiniões e ideias de seu autor. Tipos de redação. Todas as formas de expressão escrita podem ser classificadas em formas literárias -- como as descrições e narrações, e nelas o poema, a fábula, o conto e o romance, entre outros -- e não- literárias, como as dissertações e redações técnicas. Narração A narração está vinculada à nossa vida, pois sempre temos algo a con- tar. Narrar é relatar fatos e acontecimentos, reais ou fictícios, vividos por indivíduos, envolvendo ação e movimento. A narrativa impõe certas normas: a) o fato: que deve ter sequência ordenada; a sucessão de tais se- quências recebe o nome de enredo, trama ou ação; b) a personagem; c) o ambiente: o lugar onde ocorreu o fato; d) o momento: o tempo da ação O relato de um episódio implica interferência dos seguintes elementos: fato - o quê? personagem - quem? ambiente - onde? momento - quando? Em qualquer narrativa estarão sempre presentes o fato e a persona- gem, sem os quais não há narração. Na composição narrativa, o enredo gira em torno de um fato aconteci- do. Toda história tem um cenário onde se desenvolve. Desta forma, ao enfocarmos a trama, o enredo, teremos, obrigatoriamente, de fazer descri- ções para caracterizar tal cenário. Assim, acrescentamos: narração também envolve descrição. Narração na 1ª Pessoa A narração na 1ª pessoa ocorre quando o fato é contado por um parti- cipante, isto é; alguém que se envolva nos acontecimentos ao mesmo tempo em que conta o caso. A narração na 1ª pessoa torna o texto muito comunicativo porque o próprio narrador conta o fato e assim o texto ganha o tom de conversa amiga. Além disso, esse tipo de narração é muito comum na conversa diária, quando o sujeito conta um fato do qual ele também é participante. Narração na 3ª Pessoa O narrador conta a ação do ponto de vista de quem vê o fato acontecer na sua frente. Entretanto o contador do caso não participa da ação. Obser- var: "Era uma vez um boiadeiro lá no sertão, que tinha cara de bobo e fumaças de esperto. Um dia veio a Curitiba gastar os cobres de uma boia- da". Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda) APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos Língua Portuguesa A Opção Certa Para a Sua Realização 2 Você percebeu que os verbos estão na 3ª pessoa (era, veio) e que o narrador conta o caso sem dele participar. O narrador sabe de tudo o que acontece na estória e por isso recebe o nome de narrado onisciente. Ob- serve: "No hotel pediu um quarto, onde se fechou para contar o dinheiro.Só encontrou aquela nota de cem reais. O resto era papel e jornal..." Você percebeu que o boiadeiro está só, fechado no quarto. Mas o narrador é onisciente e conto o que a personagem está fazendo. Paulo Sergio Ro- drigues Descrição Descrever é: I. fazer viver os pormenores, situações ou pessoas; II. evocar o que se vê, sente; III. criar o que não se vê, mas se percebe ou imagina IV. não copiar friamente, mas deixar rica, uma imagem V. não enumerar muitos pormenores, mas transmitir sensações for- tes. Na descrição o ser e o ambiente são importantes. Assim, o substan- tivo e o adjetivo devem ser explorados para traduzirem com ênfase um impressão. Como descrever? a) Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. EX: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol. b) Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, concre- tas. EX: As criaturas humanas transpareciam um céu sereno, uma pu- reza de cristal. c) As sensações de movimento e cor embelezam o poder da natureza e a figura do homem. EX: Era um verde transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um. d) A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto. EX: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito crente. A descrição de um objeto será única e nunca será totalmente verdadei- ra. Motivos: 1º o ângulo de percepção do objeto varia de observador para obser- vador; 2º a análise do objeto levará à seleção de aspectos mais importantes, a critério do observador; 3º o resultado do trabalho corresponderá a uma solução possível. A descrição pode ser apresentada sob duas formas: Descrição objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem são apresentadas como realmente são, concretamente. EX: "Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70 Kg. Aparência atlética, ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos". Descrição subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou se- ja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são transfigurados pela emoção de quem escreve. EX: "Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anúncio; os gestos,calmos, soberanos, calmos, eram de um rei..." ("O Ateneu", Raul Pompeia). Descrição de uma objeto Deve-se levar em conta: 1. A escolha do ângulo de percepção: a) a perspectiva espacial b) a relação observador X objeto. 2. Análise do objeto: forma, cor, dimensões, peso, textura, material, utilidade. etc. 3. A seleção de aspectos: a critério do observador. Exemplo: "Um cilindro de madeira, de cor preta, medindo aproximadamente 17,5cm. de comprimento por 0,7cm. de diâmetro, envolve um cilindro menor, de grafite, de mesmo comprimento, porém de 0,15cm. de diâmetro.” De uma das extremidades, foi retirada madeira, formando-se um cone, cujo ápice é uma fina ponta de grafite". Descrição de uma paisagem Deve-se levar em conta: 1. Ângulo de percepção. 2. Análise: rural ou urbana, habitações, personagens, solo, vegetação, clima, localização geográfica. 3. Escolha de aspectos: a critério do observador. Exemplo: "Abriu as venezianas e ficou a olhar para fora. Na frente alargava-se a praça, com o edifício vermelho da Prefeitura, ao centro. Do lado direito ficava o quiosque, quase oculto nas sombras do denso arvoredo; ao redor do chafariz, onde a samaritana deitava um filete d'água no tanque circular, arregimentavam-se geometricamente os canteiros de rosas vermelhas e brancas, de cravos, de azáleas, de girassóis e violetas". ("Um Rio Imita O Reno", - Vianna Moog). Descrição de uma pessoa Deve-se levar em conta: 1. Ângulo de percepção. 2. Análise: a) aspectos físicos: sexo, idade, peso, cor de pele, cabelos, olhos, estatura, etc. b) aspectos psicológicos: às vezes, a descrição de um aspecto físi- co do indivíduo poderá revelar um traço psicológico; c) resultado. Exemplo: "O gaúcho do sul, ao encontrá-los nesse instante sobreolhá-la-ia comi- serado. O vaqueiro do norte é a sua antítese. Na postura, no gesto na palavra, na índole e nos hábitos, não há que equipará-los. O primeiro, filho dos plainos sem fins, afeito às correrias fáceis nos pampas e adaptado a uma natureza carinhosa que o encanta, tem, certo, feição mais cavalheirosa e atraente. A luta pela vida não lhe assume o caráter selvagem da dos ser- tões do norte. Não conhece os horrores da seca e os combates cruentos a terra árida e escaldada. ........................................................................................... e passa pela vida, aventureiro, jovial, disserto, valente e fanfarrão, des- preocupado, tendo o trabalho com um diversão que lhe permite as dispara- das, domando distâncias, nas pastagens planas, tendo os ombros, palpi- tando aos ventos, o pala inseparável como uma flâmulos festivamente desdobrada. ("Os Sertões", Euclides da. Cunha) Dissertação A todo instante nos deparamos com situações que exigem a exposição de ideias, argumentos e pontos de vista, muitas vezes precisamos expor aquilo que pensamos sobre determinado assunto. Em muitas situações somos induzidos a organizar nossos pensamen- tos e ideias e utilizar a linguagem para dissertar. Mas o que é dissertar? Dissertar é, através da organização de palavras, frases e textos, apre- sentar ideias, desenvolver raciocínio, analisar contextos, dados e fatos. Neste momento temos a oportunidade de discutir, argumentar e defender o que pensamos através da fundamentação, justificação, explicação, persua- são e de provas. A elaboração de textos dissertativos requer domínio da modalidade es- crita da língua, desde a questão ortográfica ao uso de um vocabulário preciso e de construções sintáticas organizadas, além de conhecimento do assunto que se vai abordar e posição crítica (pessoal) diante desse assun- to. A atividade dissertadora desenvolve o gosto de pensar e escrever o que pensa, de questionar o mundo, de procurar entender e transformar a realidade. Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda) APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos Língua Portuguesa A Opção Certa Para a Sua Realização 3 Passos para escrever o texto dissertativo O texto deve ser produzido de forma a satisfazer os objetivos que o es- critor se propôs a alcançar. Há uma estrutura consagrada para a organização desse tipo de texto. Consiste em organizar o material obtido em três partes: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. - Introdução: A introdução deve apresentar de maneira clara o as- sunto que será tratado e delimitar as questões, referentes ao as- sunto, que serão abordadas. Neste momento pode-se formular uma tese, que deverá ser discu- tida e provada no texto, propor uma pergunta, cuja resposta deverá constar no desenvolvimento e explicitada na conclusão. - Desenvolvimento: É a parte do texto em que as ideias, pontos de vista, conceitos, informações de que dispõe serão desenvolvidas; desenroladas e avaliadas progressivamente. - Conclusão: É o momento final do texto, este deverá apresentar um resumo forte de tudo o que já foi dito. A conclusão deve expor uma avaliação final do assunto discutido. Cada uma dessa partes se relaciona umas com as outras, seja prepa- rando-as ou retomando-as, portanto, não são isoladas. A produção de textos dissertativos está ligada à capacidade argumen- tativa daquele que se dispõe a essa construção. É importante destacar que a obtenção de informações, referentes aos diversos assuntos seja através da leitura, de conversas, de viagens, de experiências do dia-a-dia e dos mais variados veículos de informação podem sanar a carência de informações e consequentemente darem supor- te ao produzir um texto. Marina Cabral Texto jornalístico e publicitário. O texto jornalístico apresenta a peculia- ridade de poder transitar por todos os tipos de linguagem, da mais formal, empregada, por exemplo, nos periódicos especializados sobre ciência e política, até aquela extremamente coloquial, utilizada em publicações voltadas para o público juvenil. Apesar dessa aparente liberdade de estilo, o redator deve obedecer ao propósito específico da publicação para a qual escreve e seguir regras que costumam ser bastante rígidas e definidas, tanto quanto à extensão do texto como em relação à escolha do assunto, ao tratamento que lhe é dado e ao vocabulário empregado. O texto publicitário é produzido em condições análogas a essas e ainda mais estritas, pois sua intenção, mais do que informar, é convencer o público a consumir determinado produto ou apoiar determinada ideia. Para isso, a resposta desse mesmo público é periodicamente analisada, com o intuito de avaliar a eficácia do texto. Redação técnica. Há diversos tipos de redação não-literária, como os textos de manuais, relatórios administrativos, de experiências, artigos científicos, teses, monografias, cartas comerciais e muitos outros exemplos de redação técnica e científica. Embora se deva reger pelos mesmos princípios de objetividade, coe- rência e clareza que pautam qualquer outro tipo de composição, a redação técnica apresenta estrutura e estilo próprios, com forte predominância da linguagem denotativa. Essa distinção é basicamente produzida pelo objeti- vo que a redação técnica persegue: o de esclarecer e não o de impressio- nar. As dissertações científicas, elaboradas segundo métodos rigorosos e fundamentadas geralmente em extensa bibliografia, obedecem a padrões de estruturação do texto criados e divulgados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A apresentação dos trabalhos científicos deve incluir, nessa ordem: capa; folha de rosto; agradecimentos, se houver; sumário; sinopse ou resumo; listas (de ilustrações, tabelas, gráficos etc.); o texto do trabalho propriamente dito, dividido em introdução, método, resul- tados, discussão e conclusão; apêndices e anexos; bibliografia; eíndice. A preparação dos originais também obedece a algumas normas defini- das pela ABNT e pelo Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) para garantia de uniformidade. Essas normas dizem respeito às dimensões do papel, ao tamanho das margens, ao número de linhas por página e de caracteres ou espaços por linha, à entrelinha e à numeração das páginas, entre outras características. 1. ADEQUAÇÃO CONCEITUAL Ao produzirmos um texto, estamos exercitando dois planos importantes no processo de produção textual: o plano conceitual e o plano linguístico (c.f. VAL 1990). Tais planos garantem ao texto uma melhor compreensão do que foi dito, como também se responsabilizam pela tessitura textual. Assim, podemos dizer que o plano linguístico e o conceitual estabelecem a coesão e a coerência textuais. Produzir um texto é realizar um processo de seleção que consiste na organização de palavras que se juntam e formam as orações. Essas se interrelacionam em blocos para formar uma cadeia linguística superior: o texto. Se um texto é um processo de seleção, cabe ao autor, organizar, sis- tematizar e adequar as ideias à modalidade de texto que pretende produzir. Por isso, a seleção vocabular e o uso de nexos linguísticos deve haver, de forma coerente, para que o texto não fique desprovido de sentido, ambíguo, prolixo ou, até mesmo, incoerente. Neste sentido, selecionaremos textos escritos e usados na comunica- ção diária, nos quais analisaremos os processos sintáticos, como também os desvios sintático - semânticos e sua implicação nos processos de produ- ção e compreensão. OS PROCESSOS SINTÁTICOS Tradicionalmente, há dois processos sintáticos: a parataxe - coordena- ção e a hipotaxe - a subordinação. Na produção textual, devemos analisar a coordenação não levando em conta o termo oração independente (c.f. gramática tradicional), e sim consideramos um processo de interdependên- cia semântica. Já que no texto, há uma subordinação de ideias, observa- mos que, nas orações coordenadas, há uma dependência semântica que estabelece entre elas um elo de subordinação. Numa visão mais simplificada, assim dizemos: na coordenação, junta- mos orações independentes do ponto de vista sintático, mas que se relaci- onam pelo sentido. É o que Garcia (1980) chama de “falsa coordenação”. Há, portanto, a coordenação gramatical e a subordinação psicológica. Na subordinação, há um processo de encaixamento de oração, ou se- ja, uma oração está encaixada na outra, ocorrendo uma dependência, tanto do ponto de vista da sintaxe como da semântica. A relação entre as ora- ções é mais intima, uma vez que entre elas há uma dependência sintático - semântica. Já que entre as orações subordinadas, a relação entre elas é mais complexa, o autor do texto deve ficar atento aos parágrafos, ao uso dos conectivos, a junção de orações para que, por falta de lógica entre elas, o texto não fique incoerente. Considerando os processos sintáticos na elaboração do texto, ficam al- gumas reflexões, segundo Decat (1997:111): 1. Qual o papel de cada oração no discurso maior em que se insere? 2. Há insuficiência ou inadequação de análises tradicionais para ex- plicar tais fatos e seus comportamentos na língua? 3. Estudar sentenças isoladas é suficiente para compreender o texto? 4. Devemos falar em subordinação como estrutura do discurso ou como duas orações interligadas no binômio: principal e subordina- da? (grifo meu). Quando falamos em processos sintáticos, logo nos reportamos à coor- denação e à subordinação. Mas, em se tratando de produção textual, especialmente na sintaxe do texto, reportamo-nos aos mecanismos linguís- ticos, índices formais na estrutura da sequência linguística e superficial do texto, que são responsáveis pela tessitura textual (c.f. Travaglia, 1994). OS ELEMENTOS COESIVOS Falar em sintaxe implica falar em coesão textual, uma vez que é a atra- vés da coesão que se articulam as ideias de um texto. A coesão textual não está apenas no âmbito das orações por si só. Está imbricada nos conecti- Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda) APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos Língua Portuguesa A Opção Certa Para a Sua Realização 4 vos, pois, através deles, podemos efetuar as relações de encadeamento no texto. É necessário que o uso destes elementos linguísticos (pronomes, advérbios, conjunções, numerais e outros elementos linguísticos), seja coerente, para que não constitua, com o mau uso, uma incoerência local (cf. Travaglia, op. cit). Entendemos por coerência local, as partes do texto, das frases ou das sequências de frases dentro de uma cadeia linguística superior, o texto. A SEMÂNTICA A semântica é responsável pelo sentido do texto. Não devemos pensar que o significado de uma mensagem se dê apenas no uso das palavras e na sintaxe. Depende também do sentido que o uso de determinada palavra pode estabelecer no texto. Nesse sentido, o uso devido de determinadas expressões e palavras garante ao texto uma melhor compreensão, pois a escolha das palavras deve ocorrer não apenas nas relações sintáticas que ela exercerá na tessitura, mas nas relações de sentido que ela pode exer- cer na superfície textual. Tadeu Luciano Siqueira Andrade. 2. PERTINÊNCIA, RELEVÂNCIA E ARTICULAÇÃO DOS ARGU- MENTOS. Um Texto Argumentativo tem como objetivo persuadir alguém das nossas ideias. Deve ser claro e ter riqueza lexical, podendo tratar qualquer tema ou assunto. É constituído por um primeiro parágrafo curto, que deixe a ideia no ar, depois o desenvolvimento deve referir a opinião da pessoa que o escreve, com argumentos convincentes e verdadeiros, e com exemplos claros. Deve também conter contra-argumentos, de forma a não permitir a meio da leitura o leitor os faça. Por fim, deve ser concluído com um parágrafo que responda ao primeiro parágrafo, ou simplesmente com a ideia chave da opinião. O texto dissertativo-argumentativo geralmente apresenta uma estrutura organizada em três partes : a introdução, na qual é apresentada a ideia principal ou tese ; o desenvolvimento , que fundamenta ou desenvolve a ideia principal ; e a conclusão. Os argumentos utilizados para fundamentar a tese podem ser de diferentes tipos : exemplos, comparação, dados históricos, dados estatístico, pesquisas, causas socioeconômicas ou culturais , depoimentos - enfim tudo o que possa demonstrar o ponto de vista defendido pelo autor tem consistência. A conclusão pode apresentar uma possível solução/proposta ou uma síntese. Deve utilizar título e utilizar variedade padrão de língua. A linguagem normalmente é impessoal e objetiva. Pertinência "Ler criticamente (...) é reconhecer a pertinência dos conteúdos apre- sentados". E é essa pertinência que "permite estabelecer-se uma hierarquia entre a ideia mais abrangente e as que subsidiam". O TEXTO ARGUMENTATIVO A linguagem é capaz de criar e representar realidades, sendo caracte- rizada pela identificação de um elemento de constituição de sentidos. Os discursos verbais podem ser formados de várias maneiras, para dissertar ou argumentar, descrever ou narrar, colocamos em práticas um conjunto de referências codificadas há muito tempo e dadas como estruturadoras do tipo de texto solicitado. Para se persuadir através de muitos recursos da língua, o que é ne- cessário é que um texto possua um caráter argumentativo/descritivo. A construção de um ponto de vista de alguma pessoa sobre algo, varia de acordo com a sua análise e esta se dar-se-á a partir do momento em que a compreensão do conteúdo, ou daquilo que fora tratado seja concretado. A formação discursiva é responsável pelo emassamento do conteúdo que se deseja transmitir, ou persuadir, e nele teremos a formação do pontode vista do sujeito, suas análises das coisas e suas opiniões. Nelas, as opiniões o que fazemos é soltar concepções que tendem a ser orientadas no meio em que o indivíduo viva. Vemos que o sujeito, lança suas opiniões com o simples e decisivo intuito de persuadir e fazer suas explanações renderem o convencimento do ponto de vista de algo/alguém. Na escrita, o que fazemos é buscar intenções de sermos entendidos e desejamos estabelecer um contato verbal com os ouvintes e leitores, e todas as frases ou palavras articuladas produzem significações dotadas de intencionalidade, criando assim unidades textuais ou discursivas. Dentro deste contexto da escrita, temos que levar em conta que a coerência é de relevada importância para a produção textual, pois nela, se dará uma sequência das ideias, e da progressão de argumentos a serem explanadas. Sendo a argumentação o procedimento que tornará a tese aceitável, a apresentação de argumentos atingirá os seus interlocutores em seus objeti- vos; isto se dará através do convencimento da persuasão. Os mecanismos da coesão e da coerência serão então responsáveis pela unidade da for- mação textual. Dentro dos mecanismos coesivos, podem realizar-se em contextos verbais mais amplos, como por jogos de elipses, por força semântica, por recorrências lexicais, por estratégias de substituição de enunciados. Um mecanismo mais fácil de fazer a comunicação entre as pessoas é a linguagem, quando ela é em forma da escrita e após a leitura, (o que ocorre agora), podemos dizer que há de ter alguém que transmita algo, e outro que o receba. Nesta brincadeira é que entra a formação de argumentos com o intuito de persuadir para se qualificar a comunicação; nisto, estes argumentos explanados serão o germe de futuras tentativas da comunica- ção ser objetiva e dotada de intencionalidade, (ver Linguagem e Persua- são). Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e escrever; não tem em sua unidade a mono característica da dominação do idioma/língua, e sim o propósito de executar a interação do meio e cultura de cada indivíduo. As relações intertextuais são de grande valia para fazer de um texto uma alusão à outros textos, isto proporciona que a imersão que os argu- mentos dão tornem esta produção altamente evocativa. A paráfrase é também outro recurso bastante utilizado para trazer a um texto um aspecto dinâmico e com intento. Juntamente com a paródia, a paráfrase utiliza-se de textos já escritos, por alguém, e que tornam-se algo espetacularmente incrível. A diferença é que muitas vezes, é que a paráfra- se não possui a necessidade de persuadir as pessoas com a repetição de argumentos, e sim de esquematizar novas formas de textos, sendo estes diferentes. A criação de um texto requer bem mais do que simplesmente a junção de palavras a uma frase, requer algo mais que isto. É necessário ter na escolha das palavras e do vocabulário o cuidado de se requisitá-las, bem como para se adotá-las. Um texto não é totalmente auto-explicativo, daí vem a necessidade de que o leitor tenha um emassado em seu histórico uma relação interdiscursiva e intertextual. As metáforas, metonímias, onomatopeias ou figuras de linguagem, en- tram em ação inseridos num texto como um conjunto de estratégias capa- zes de contribuir para os efeitos persuasivos dele. A ironia também é muito utilizada para causar este efeito, umas de suas características salientes, é que a ironia dá ênfase à gozação, além de desvalorizar ideias, valores da oposição, tudo isto em forma de piada. Uma das últimas, porém não menos importantes, formas de persuadir através de argumentos, é a Alusão ("Ler não é apenas reconhecer o dito, mais também o não-dito"). Nela, o escritor trabalha com valores, ideias ou conceitos pré estabelecidos, sem porém com objetivos de forma clara e concisa. O que acontece é a formação de um ambiente poético e sugerível, capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma sensação... Texto Base: CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo” São Paulo SP, Editora ..Scipione, 1994 - 6ª edição. QUALIDADES E DEFEITOS DE UM TEXTO ARGUMENTATIVO Luci Mary A argumentação visa persuadir o leitor acerca de uma posição. Quanto mais polêmico for o assunto em questão, mais dará margem à abordagem argumentativa. Pode ocorrer desde o início quando se defende uma tese ou também apresentar os aspectos favoráveis e desfavoráveis posicionando- se apenas na conclusão. Agostinho dias Carneiro afirma que “argumentar é um processo que apresenta dois aspectos: o primeiro ligado à razão, supõe ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las; o segundo, referente à paixão, busca capturar o ouvinte, seduzi-lo e persuadi-lo”. Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda) APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos Língua Portuguesa A Opção Certa Para a Sua Realização 5 Os argumentos devem promover credibilidade. Com a busca de argu- mentos por autoridade e provas concretas o texto começa a caminhar para uma direção coerente, precisa e persuasiva. Somente o fato pode fortalecer o texto argumentativo. Não podemos confundir fato e opinião. O fato é único e a opinião é variável. Por isso, quando ocorre generalização dizemos que houve um “erro de percurso”. Como bem ministra Othon M. Garcia “na argumentação, além de dis- sertar, procuramos formar a opinião do leitor ou a do ouvinte, tentando convencê-lo de que a razão está conosco”, isto é, a verdade. Argumentar é, em última análise, convencer ou tentar convencer mediante a apresentação de razões em face da evidência das provas e à luz de um raciocínio lógico e consistente. Em muitas situações como discussões na imprensa, nas assembleias ou em conversas cotidianas a argumentação passa a ser um “bate-papo”. “Às vezes ocorrem insultos ou sarcasmos. Tudo isso não contribui para uma verdadeira argumentação. Pelo contrário parece que faltou conhecimento de mundo que consiga defender o ponto de vista”. Cabe ainda comentar que preconceitos e superstições também não co- laboram com o texto argumentativo. Uma argumentação legítima precisa ser construtiva e crítica. Por isso que Othon M. Garcia baseia-se nos ele- mentos da consistência do pensamento e da evidência dos fatos. Descartes considera a evidência como o critério da verdade. Porém, a argumentação informal só será considerada uma evidência se houver comprovação. Às vezes, conversas são apenas exposições narrativas e descritivas sem nenhuma preocupação com o real. Mesmo assim nos encontros informais há de qualquer forma uma pessoa tentando convencer outra. Dependendo do ponto de vista, isso pode ser uma argumentação mesmo sendo falacio- sa. Para que possamos focalizar os defeitos e as qualidades do texto ar- gumentativo começaremos pelas qualidades passando em seguida para os defeitos. Partindo da premissa de que todo texto deve ter unidade, coerên- cia e ênfase, analisaremos cada um desses recursos. Contudo, percebe- mos que não são os únicos, mas talvez os que possam representar a parte fundamental para que haja comunicação. A unidade consiste em dizer uma coisa de cada vez. Todas as ideias cumprem seu papel desenvolvendo a ideia núcleo, permitindo a compreensão. As ideias principais e as secundá- rias mantêm relações. Nesse momento surge a coerência com o intuito de organizar o sentido de cada ideia apresentada. Para Othon M. Garcia a coerência é a alma do texto. Como se pode ter sentido se a coerência não assumiu o seu papel? No livro Comunicação em Prosa Moderna Othon M. Garcia comenta que “ênfase é a ideia predominante não apenas que aparece sob a forma de oração principal, mas também se coloca em posição de relevo, por estar no fim ou próximo do fim do período-parágrafo. Com isso, ele comprovaque é indispensável dar ênfase à ideia-núcleo, quer pelo encadeamento dos termos na oração e das frases no texto, quer pela expressividade. Além desses recursos meliorativos não podemos deixar de fazer comentários sobre alguns vícios considerados condenáveis. Para muitos profissionais de redação erros grosseiros podem invalidar um texto argumentativo. Obser- vemos o texto abaixo extraído de um vídeo exibido na Casa de Detenção de São Paulo, para ensinar aos detentos formas de prevenção contra a aids: Aqui é bandido: Plínio Marcos. Atenção, malandrage! Eu num vô pedir nada, vô te dá um alô! Te liga aí: Aids é uma praga que rói até os mais fortes, e rói devagarinho. Deixa o corpo sem defesa contra a doença. Quem pegá essa praga está ralado de verde e amarelo, de primeiro ao quinto, e sem vaselina. Num tem dotô que dê jeito, nem reza brava, nem choro, nem vela, nem ai, Jesus. Pegou Aids, foi pro brejo! Agora sente o aroma da perpétua: Aids pega pelo esperma e pelo sangue, entendeu? pelo esperma e pelo sangue! (Pausa) Eu num tô te dando esse alô pra te assombrá, então se toca! Não é porque tu ta na tranca que virou anjo. Muito pelo contrário, cana dura deixa o cara ruim! Mas é preciso que cada um se cuide, ninguém pode valê pra ninguém nesse negócio de aids. Então, já viu: transá, só de acordo com o parceiro, e de camisinha! ( Pausa) Agora, tu aí que é metido a esculachá os outros, metido a ganhá o companheiro na força bruta, na congesta! Pára com isso, tu vai acabá empesteado! Aids num toma conhecimento de macheza, pega pra lá, pega pra cá, pega em home, pega em bicha, pega em mulhé, pega em roçadeira! Pra essa peste num tem bom! Quem bobeia fica premiado. E fica um tem- pão sem sabê. Daí, o mais malandro, no dia da visita, recebe mamão com açúcar da família e manda para casa o Aids! E num é isto que tu qué, né, vago mestre? Então te cuida. Sexo, só com camisinha.(Pausa) Quem descobre que pegô a doença se sente no prejuízo e quer ir à for- ra, passando pros outros. (Pausa) sexo só com camisinha! Num tem esco- lha, transá, só com camisinha. Quanto a tu, mais chegado ao pico, eu to sabendo que ninguém corta o vício só por ordem da chefia. Mas escuta bem, vago mestre, num qué nem sabê que, às vezes, a seringa vem até com um pingo de sangue, e tu mete ela direto em ti. Às vezes, ela aparece que vem limpona, e vem com a praga. E tu, na afobação, mete ela direto na veia. Aí tu dança. Tu, que se diz mais tu, mas que diz que num pode aguentá a tranca sem pico, se cuida. Quem gosta de tu é tu mesmo. (Pausa) E a farinha que tu cheira, e a erva que tu barrufa enfraquece o corpo e deixa tu chué da cabeça e dos peitos. E aí tu fica moleza pro Aids! Mas o pico é o canal direto pra essa praga que está aí. Então, malandro, se cobre. Quem gosta de tu é tu mes- mo. A saúde é como a liberdade. Agente dá valor pra ela quando já era! A partir do texto, podemos provar o que é argumentação. O texto dá in- formação sobre o vírus da Aids. O ator Plínio Marcos apresenta-se como sendo um deles. Utiliza a linguagem que eles estão habituados. “Comunicar não é apenas fazer saber, mas também um fazer crer”. A persuasão é o ato de levar o outro a acreditar no que foi dito. Para Platão e Fiorin “todo texto é argumentativo porque todos são de certa maneira persuasivos”. Vale a pena ressaltar que a concisão no qual o pensamento precisa ser expresso com o mínimo de palavras demonstra que algumas ideias são desnecessárias não fazendo nenhuma falta na hora da comunicação argu- mentativa. Longas explicações só tornam o texto cansativo para o leitor. Algumas pessoas se iludem ao escrever muito pensando que estão argu- mentando. Outro aspecto é a clareza. Não escrevemos somente para nós mesmos. Escrevemos para um leitor crítico que não deve precisar ler duas vezes para entender o que está escrito. Períodos longos e ambiguidade são grandes inimigos da clareza. Há também um folclore em torno da precisão. Usar um vocabulário pro- lixo só tende a prejudicar o texto. O léxico deve ser valorizado pela sua expressividade e não por clichês que tornam a argumentação confusa e insignificante. Conhecer o significado de cada vocábulo faz parte de um autor maturo e que tem domínio pelo assunto que pretende abordar. Agos- tinho Dias Carneiro em seu livro Redação em Construção enumera exem- plos importantes para uma argumentação. Para ele falácias, generalizações excessivas, deduções falsas, estatísticas tendenciosas e argumentos autoritários só enfraquecem o texto. Com certeza, somente a verdade seja um argumento concreto. Padre Antônio Vieira aborda que a qualidade unidade é um dos recur- sos mais importantes na argumentação, já que, um texto dispersivo cheio de informações desencontradas não é compreendido por ninguém. Ele também faz um comentário da importância de citações de outros textos que chama de argumento de autoridade. Platão e Fiorin também comenta em seu livro Lições de Texto: leitura e redação sobre alguns recursos linguísti- cos usados com a finalidade de convencer. Um deles é o argumento de autoridade já citado. Trata-se da comprovação de que o autor ou o falante conhece bem o assunto que está sendo abordado. Outros recursos ou qualidades como argumentos baseados em provas concretas e raciocínio lógico não devem ser ignorados. Podemos observar tais qualidades em editoriais e redações escolares. Afinal, bem sabemos que todo texto apre- senta intertextualidade.A reescritura faz parte de tentar buscar o melhor no texto argumentativo. A argumentação é a exposição de recursos com o objetivo de fazer o texto ser ou parecer verdadeiro. Para finalizar essas qualidades não pode- mos esquecer que Ingedore Villaça diz “que a coerência teria a ver com a boa formação do texto. Portanto, a coerência é algo que se estabelece na interação, na interlocução numa situação comunicativa entre dois usuários”. Paralelamente ao conceito de coerência encontramos a coesão. “A coesão é explicitamente revelada através de marcas linguísticas”. Manifesta-se na Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda) APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos Língua Portuguesa A Opção Certa Para a Sua Realização 6 organização da sequência do texto argumentativo. É a relação entre um elemento do texto e um outro elemento. Isso é fundamental para uma interpretação. Depende desses articuladores ou conectores como chamam alguns estudiosos a compreensão do qual o texto pretende atingir. Sempre que se pensa em coerência logo se pensa em coesão. Para Marcuschi (1983), “a coesão é a estrutura da sequência de um texto, como uma organização linear”. Diante das qualidades nos situamos de forma não pejorativa em comentar alguns defeitos do texto argumentativo. Pensando no que já foi abordado seria muito simples dizer que os de- feitos são o contrário das qualidades mencionadas. Em alguns momentos isso ocorreu. Só que pretendemos destacar outros que possam ser evita- dos em qualquer texto argumentativo. O primeiro seria voltado para os períodos longos. Não é que seja um “erro”. O erro está em ser longo e confuso. Um texto com frases desconexas, com repetições de palavras que comprometam a falta de vocabulário e expressões vulgares interferem na hora de persuadir o leitor. Os defeitos só surgem na hora de escrever. Muitos professores alegam que a contradição seja um defeito “gritante”. Outros preferem textos com pontos positivos e negativos porque aponta para duas visões. O texto argumentativo vive em todas situações possíveis. O que não podemos permitir é que a argumentação deixe de ser um ato de pensar. Os que pensam que comunicar é apenas transmitir informações, precisam pensar mais. Argumentar é fazer crer e a aceitação depende de vários fatores. Argumentarcujo sentido primeiro significa iluminar. É disso que precisamos. Iluminar para convencer. Esse trabalho visou despertar em alunos de letras e professores de língua portuguesa uma viagem ao mundo da argumentação. Criticamos tanto os textos que lemos. Será que há uma explicação? Lendo o texto abaixo poderemos refletir antes de criar fórmulas de qualidades ou de defeitos: ... A moléstia é real, os sintomas são claros, a síndrome está completa: o homem continua cada vez mais incomunicável (porque deturpou o termo comunicação), incompreendido e/ou incompreensível, porque voltou-se pra dentro e se autoanalisa continuamente, mas não troca com os outros estas experiências individuais; está “desaprendendo” a falar, usando somente o linguajar básico, essencial e os gestos. Não lê, não se enriquece, não se transmite. Quem não lê, não escreve. Assim, o homem do século XX, bicho de concha, criatura intransitiva, se enfurna dentro de si próprio, ilhando-se cada vez mais, minado pelas duas doenças do nosso tempo: individualismo e solidão. (Ely Vieitez Lanes. Laboratório de literatura) 3. SELEÇÃO VOCABULAR Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a cha- ve? Carlos Drummond de Andrade Todo usuário da língua possui a chave que lhe dá acesso ao mundo das palavras. A capacidade da linguagem humana é essa chave. Quando criança, o falante, de modo bastante natural, principia a utilizar o valioso instrumento da linguagem. Enquanto tímido aprendiz de palavras, reproduz muito e cria pouco. Porém, seguindo um caminho irretornável, não mais necessita de que lhe digam o que falar, como falar. Já se sente perfeita- mente capaz de seguir sozinho. Sente-se seguro do conhecimento que possui, do acervo vocabular de que dispõe. O uso que fazemos desse acervo vocabular é determinado pelas situações que vivenciamos. Dessa forma, em um dado contexto, a seleção vocabular da qual lança- remos mão para produzir um texto deverá estar de acordo com o sentido que queremos dar à nossa mensagem. Então, não nos causa espanto que o nosso aluno/usuário da língua queira manter-se fiel ao seu texto, reprodu- zindo na escrita aquilo que pensou e disse. Mesmo que esse texto passe a ser “condenado” por não se ajustar aos padrões impostos pelas gramáticas normativas. Parece-lhe que, ao mexerem no seu texto, estão retirando o seu direito de ser autêntico. O pessoal fizeram muita bagunça na sala, professora! A gente gostamos de aula vaga. É perfeitamente compreensível que tais construções sejam usadas pe- lo falante/escritor, uma vez que ele não quer deixar dúvidas de que está referindo-se a um grupo de várias pessoas. No seu entender, o verbo no singular soa de forma estranha, não condiz com a verdade que ele quer expressar. Sobre o papel do sentido nas relações entre as palavras, afirma Gui- raud (1972, p. 26-27): O sentido, tal como nos é comunicado no discurso, depende das rela- ções da palavra com as outras palavras do contexto, e tais relações são determinadas pela estrutura do sistema linguístico. À estrutura do sistema linguístico chamamos gramática internalizada por cada indivíduo, o mesmo que conhecimento implícito da língua, confor- me Perini (2000, p. 12.). Por saber empregá-la, o falante faz as relações que deseja com as palavras escolhidas de seu léxico, de forma que molda seu texto para este atenda às suas intenções. A disposição em que coloca as palavras valoriza o significado delas. Wittgenstein (apud Rector, 1980, p. 53.) corrobora esta ideia ao “constatar que as palavras só significam na medida em que estão num contexto interativo, isto é, como se seu valor variasse em função de sua disposição face às demais”. A interação da palavra com o contexto revela-se no discurso, pois é ne- le “que se manifestam estas relações da linguagem, visto que o discurso é o lugar de encontro do significante e do significado e o lugar das distorções da comunicação que ocorrem devido à liberdade da comunicação.” (Rector, 1980, p. 130.) O falante não deseja perder a liberdade de comunicar-se, de colocar no ato de comunicação do qual faz parte sua marca pessoal. Atentemos aqui para a questão do estilo próprio. Uma entonação diferente, uma determina- da flexão de grau, uma intencional ausência de flexão de número são exemplos de marcas pessoais que ocorrem na fala e que naturalmente se concretizam na escrita. AMIGO 1: - Comprei um estojo ‘manero’. Custou só dois ‘real’! AMIGO 2: - Também, você é filhote de loja de um e noventa e nove! Há tendência, por parte do falante de língua portuguesa, a reduzir di- tongos em simples vogais, conforme atesta Coutinho em sua “Gramática Histórica (COUTINHO, p. 108.). Assim, para o usuário da língua, é perfei- tamente correto falar “manero” em vez de “maneiro”. Tal tendência acaba por ser explicitada na escrita por influência da oralidade. Se ninguém prati- camente fala “manteiga”, consequentemente estaremos diante da palavra “mantega” nas redações de nossos alunos. Quanto à questão da ausência de flexão de número da palavra “real”, temos aqui duas colocações. Por um lado, poderíamos considerar a ex- pressão “dois real” apenas um caso de erro de concordância; por outro lado, estaríamos diante de uma seleção vocabular empregada para expres- sar, por exemplo, esperteza de quem compra um bom produto por um pequeno preço. Em nossa literatura, há muitos exemplos em que a seleção vocabular aliada à linguagem oral, só para determo-nos em assuntos objetos de nosso estudo, produzem obras originalíssimas. Citemos, para ilustrar, Mário de Andrade com “Macunaíma” (texto em prosa) e Oswald de Andrade com o texto em verso que vai transcrito a seguir: brasil O Zé Pereira chegou de caravela E preguntou pro guarani da mata virgem - Sois cristão? - Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte Teterê tetê Quizá Quizá Quecê! Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu! O negro zonzo saído da fornalha Tomou a palavra e respondeu - Sim pela graça de Deus Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! E fizeram o Carnaval. (Andrade apud Cereja & Magalhães, 1995, p. 312.) Para o falante/usuário da língua o que conta é a praticidade. Se na lin- guagem oral, ele dispõe de tanta liberdade para comunicar-se, por que não fazer uso dessa liberdade também na escrita? Não queremos dizer com Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda) APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos Língua Portuguesa A Opção Certa Para a Sua Realização 7 isso que devemos abolir, no ensino da língua, as regras que estruturam nosso sistema linguístico, mas que precisamos adaptá-las à realidade do falante. Por que não acompanhar na escrita a dinamicidade da língua? Concluindo, o ensino da língua pode contribuir para que o nosso aluno (falante competente da língua materna) aproprie-se de conhecimentos que permitam que ele não apenas chegue perto e contemple as palavras, mas que faça bom uso da chave que possui para que não dê respostas pobres ou terríveis às perguntas que lhe forem feitas. Julia Pereira Marques da Silva. ANÁLISE SEMÂNTICO-ARGUMENTATIVA DE UMA CRÔNICA DE JOSÉ SIMÃO: A RELEVÂNCIA DO FATOR TEXTUAL COERÊNCIA E DA ESTRATÉGIA DA SELEÇÃO LEXICAL CORRÊA, Julio César Portela - UEL (PG) Introdução Nosso trabalho tem por objetivo principal analisar, com base nas teori- as da linguística textual e da semântica argumentativa, uma crônica humo- rística de autoria do jornalista José Simão, publicada em outubro de 2006, no jornal Folha de S. Paulo. O autor estudado possui um estilo próprio e bastante despojado de es- crever seus textos. Com sutis (eàs vezes, nem tanto) toques de humor, comenta e critica atitudes e acontecimentos do cotidiano no Brasil e no mundo, em diversas áreas. Seus textos abrangem assuntos desde a eco- nomia e a política, até esportes e entretenimento. Embora utilize uma linguagem informal e objetiva, nem sempre parece fácil compreender o seu texto completamente. Esta aparente dificuldade será o principal enfoque do presente trabalho. Ao longo do artigo, procuramos examinar os diversos mecanismos tex- tuais utilizados pelo autor, dentre eles a evidente e cuidadosa seleção lexical – e a importância dos fatores de coerência para completa compre- ensão e interpretação de sua crônica. Referencial teórico A base teórica escolhida para este trabalho engloba aspectos da Se- mântica Argumentativa ou Semântica da Enunciação, desenvolvida por Anscombre e Ducrot (1976) e da Linguística textual, cujos precursores foram Dressler (1974) e Beaugrande (1980). A Semântica Argumentativa traz a máxima de que a argumentação es- tá na própria língua e que não é somente a estrutura do enunciado o bas- tante para demonstrar todos os seus sentidos. A Argumentação tem origem remota, possuindo na Retórica, arte considerada suprema nos últimos cinco séculos antes de Cristo, sua descendência. Nesse período, a Retórica já possuía divisões de uso, as quais deram origem aos três gêneros de dis- curso: forense, político e epidítico ou cerimonial. A argumentação compre- ende uma série de estratégias das quais lança mão o enunciador – incluí- se aí a estratégia da escolha lexical, em que se estabelecem as oposições, os jogos de palavras, as metáforas etc. – com a principal finalidade de persuadir seu interlocutor. Ao considerar a linguagem como um ato de persuasão, é possível deduzir que não há discurso neutro e um papel muito importante nesse jogo comunicativo é desempenhado pelo interlocutor, responsável pelas deduções (chamadas pela Linguística Textual de Infe- rências) e interpretações do discurso. Nesse ponto há o encontro do que postula a Linguística Textual ao afirmar que a coerência, fator importantíssimo para a compreensão do texto/discurso, decorre de fatores dos mais variados: linguísticos, discursi- vos, cognitivos, culturais, interacionais etc. Dentre esses fatores, os que observamos estar intimamente ligados com a leitura do texto em questão são os elencados por Koch e Travaglia (1995): a) conhecimento linguístico; b) conhecimento de mundo; c) conhe- cimento partilhado; d) inferências; e) intertextualidade; f) intencionalidade e aceitabilidade; Ao decorrer da análise, é possível que haja alguns pontos de interse- ção entre as duas teorias, visto que possuem algumas semelhanças, espe- cialmente no que diz respeito às intenções do autor no momento de produ- zir seu texto. Análise Logo no título “Buemba! O Lula pegou uma barbada!”, notamos as pis- tas que o autor fornece do que será o seu texto. Apenas com esse fragmen- to já é possível verificar o uso do recurso da Seleção Lexical. A expressão Buemba!, assim como outras tantas que veremos no decorrer do texto, são comuns e recorrentes em suas crônicas. Assim notamos que, ao selecionar repetir este termo para iniciar a crônica, o autor tem a intenção de chamar o leitor para a leitura. Desse modo, além de trazer algo familiar, demonstra que o texto que segue é de sua autoria, como uma marca registrada já utilizada em outros textos. Em seguida, o autor conta com o conhecimento de mundo do seu leitor, que acaba por ser também conhecimento partilha- do entre autor e leitor, sem o qual é e será, em inúmeras outras partes do texto, impossível de se estabelecer a coerência, essencial para seu enten- dimento. O autor espera que o leitor possua algumas informações prévias tais quais: O Lula citado, refere-se ao atual presidente da república e então candidato à reeleição (como já foi dito na introdução, a crônica foi publicada em outubro de 2006, época de eleições presidenciais), a expressão pegar uma barbada vem do Turfe e refere-se ao cavalo de um páreo que é consi- derado favorito por sua comprovada superioridade em relação aos demais e por extensão, na linguagem coloquial, é também considerada qualquer competição fácil de ser vencida. Dessa forma, apenas com o título, o leitor já poderá inferir do que o texto irá tratar: política – especialmente a corrida presidencial e o possível favoritismo do candidato Lula. Como são característicos das crônicas deste autor, seus parágrafos possuem orações curtas, com muitas informações e pontuação bastante exclamativa. Isso, por si só, já demonstra uma necessidade de se escrever muito em pouco espaço (físico ou temporal) e, assim, sua escolhas, tanto lexicais como de argumentos e até mesmo de pontuação, devem ser as mais precisas possíveis, porém sem quase nenhuma oportunidade de auto- explicação. O primeiro parágrafo inicia-se com uma espécie de auto-apresentação satírica: Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País do Pleito Caído!. Destacamos aí a escolha lexical, o jogo de palavras com o termo Pleito que, ao aproximar com o termo caído, torna aparente a homofonia entre pleito e peito, tornando a comparação cômica. Isso também ocorre com o pseudo-cargo criado pelo autor esculhambador-geral, que faz alusão a outros, de fato, existentes como, por exemplo, Procurador-Geral. Em seguida temos: Debate no SBesTeira! Num guento mais debate. Prefiro debater uma banana com Neston! E o Lulalelé só repete: 'o adversário só sabe vender, não sabe comprar'. Só o Lula sabe comprar: deputado, dossiê e avião! Rarará. Neste trecho, há vários jogos de palavras, deixando clara a escolha da linguagem coloquial e oral, percebida pelo uso de termos como guento e rarará. Há inclusive a paródia da sigla SBT, transformada em SbesTeira, explicitando a posição ideológica do autor em relação à emissora de TV. Além disso, o autor conta com o conhecimento de mundo do leitor para que o trecho tenha o sentido de humor pretendido, entre eles os fatos recentes da políti- ca no país, envolvendo compra de deputados e de um dossiê por colegas de partido do candidato Lula, contra políticos de oposição ao seu partido e da aquisição de um novo avião, por parte do governo federal, apelidado de “Aerolula”. No segundo parágrafo temos: E por que o Geraldo Picolé de Chuchu só repete: 'Você, que está em casa! Você, que está em casa'. E quem tá no motel? Tem tara pra tudo! 'Meu bem, vamos assistir o debate no motel?'. E o Lula fala tanto em fute- bol que ele vai lançar um novo regime político: a TORCIDOCRACIA! Rara- rá! Neste parágrafo, ficam evidentes duas críticas do autor: a primeira em relação à fala repetitiva do candidato Geraldo Alckmin e a crítica às recor- rentes metáforas futebolísticas utilizadas pelo candidato Lula. No trecho, ainda é possível notar a despreocupação com a norma culta da língua portuguesa. O autor utiliza assistir o debate, embora a regência gramatical do verbo assistir, com o sentido de ver, observar, apreciar exige a preposi- ção a, no caso, assistir ao debate. Ainda notamos que, por meio da seleção lexical utilizada pelo autor na atribuição da alcunha Picolé de Chuchu ao Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda) APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos Língua Portuguesa A Opção Certa Para a Sua Realização 8 candidato Geraldo, é possível inferir seu conceito de pouca estima em relação ao candidato. No terceiro parágrafo, notamos: E já tem gente cantando a vitória do Lula, pegou uma barbada! Barbu- do pega uma barbada! E, se dependesse do público masculino, a Ana Paula Padrão teria levado no primeiro turno. E eu tenho uma sugestão pro Geraldo derrubar o Lula. Tem um cavalo que corre no JockeyClub de Buenos Aires chamado El Seka Lula. Compra o cavalo, importa o cavalo. Cavalo argentino derruba o Lula. Rarará! Neste parágrafo, o autor retoma o título do texto, acrescentando-lhe mais um jogo com as palavras barbada e barbudo, contando mais uma vez com o conhecimento prévio do leitor em relação às características físicas de Lula. Além de fazer uma observação cômica e um pouco machista em relação à mediadora do debate realizado entre os presidenciáveis, Ana Paula Padrão, o autor utiliza, também com humor, a polissemia do verbo derrubar. No quarto parágrafo, o texto deixa um pouco de lado a política para tra- tar de assuntos ligados ao mundo do entretenimento, vejamos: E a Madonna? A Madonna quer adotar um menino malauiano. Tá mais fácil adotar um goiano! E eu queria ser filho da Madonna. Primeiro pra chamar a Madonna de mamãe. E segundo que, se eu fosse filho da Ma- donna, ia mamar até os 15. Rarará! E eu já disse que a grande sensação do Salão do Automóvel é a minivan chinesa: a Chana! E aí um leitor me perguntou: e se um Picasso der uma porrada na Chana é acidente de trânsito ou estupro? Rarará. E diz que a Clodoveia, ops o Clodovil, assim que entrar no Congresso vai gritar: 'Quero todos os membros em pé!'. E nem precisa cantar o Hino Nacional! Rarará. E na Mostra vai ter mulher pelada? Porque eu só vou em Mostra que mostra tudo. É mole? É mole, mas sobe. Ou, como diz aquele outro: é mole, mas chacoalha pra ver o que acontece! Novamente o autor conta com o conhecimento partilhado entre autor e leitor para se fazer compreender. Primeiro o leitor necessita saber que Madonna é uma famosa cantora norte-americana, considerada por diversas vezes símbolo sexual e que, em visita à África, interessou-se, como dito, em adotar uma criança que se encontrava em situações precárias. A partir desse mote, o autor aproveita para fazer uma piada com conotações sexu- ais. Em seguida, ao comentar sobre um automóvel denominado Chana, aproveita a homofonia do termo com outra palavra que na linguagem popu- lar denomina o órgão reprodutor feminino, considerada tabuísmo. Assim, utiliza mais uma vez a polissemia do nome próprio para fazer piada com outro modelo de automóvel Picasso. O autor segue abusando da seleção lexical, por meio da polissemia e do conhecimento de mundo por parte do leitor para fazer piada com o estilista, homossexual assumido e deputado federal eleito, Clodovil Fernandes e com uma Mostra, sobre a qual não dá detalhes. Ao final do parágrafo, encerra com uma expressão popular É mole? A qual é utilizada como pretexto para satirizar, mais uma vez, com possíveis conotações sexuais. No penúltimo parágrafo do texto, o autor conta com mais um fator de coerência, o intertexto dos termos reloaded e a missão, que se relacionam a sequências de obras cinematográficas e, assim as utiliza para dar o mesmo sentido de continuação à sua campanha, vejamos: Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha vulcânica e mesopotâmica campanha 'Morte ao Tucanês'. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Recife tem uma rua chamada Beco da Facada. Uau. Parece Dias Gomes. Viva o antitucanês. Viva o Brasil! O tucanês aqui pode ser entendido como um discurso mais formal e rebuscado utilizada por políticos filiados a um partido cujo símbolo é o tucano. Além disso, ocorre mais um intertexto: ao considerar Beco da Facada, um exemplo de antitucanês, acrescenta a opinião de que parece Dias Gomes. No caso, a comparação é em relação à linguagem direta e clara do dramaturgo. Sem esses conhecimentos e informações extralinguís- ticas, o trecho tornar-se-ia bastante incoerente para o leitor. O lulês, ao contrário do tucanês, é considerado pelo leitor uma língua mais fácil, assim tem o exemplo do último parágrafo: E atenção. Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. 'Repe- tente': companheiro que vai votar de novo no PT. Rarará. O lulês é mais fácil que o inglês. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno. Chega de pleito! Queremos blunda! Mais uma vez o autor é bastante criativo ao fazer um jogo de palavras com o termo repetente. E, novamente, o conhecimento partilhado com o leitor é imprescindível para produzir os efeitos de sentido necessários. Ao final, utiliza, nessa crônica, expressões já bastante conhecidas por seus leitores, devido ao fato de sempre repeti-las ao final de seus textos e encer- ra mais uma vez com um jogo de palavras, com a palavra pleito (o mesmo que disputa) e neologismo, blunda. Tudo para manter o tom cômico e bem- humorado, presente em todo o texto. Conclusão Diante dessa análise, é possível concluir que, de fato a seleção lexical exerceu um relevante e decisivo papel na produção da crônica. O cuidado com a escolha dos termos fez com que ocorressem os efeitos de humor, sátira e crítica pretendidos. No entanto, a aparente facilidade de leitura, em virtude de ser um texto curto, em linguagem direta, traz, na verdade, uma certa dificuldade e exige um leitor altamente qualificado. Ou seja, para ser compreendido em todos os seus possíveis sentidos, o texto necessita de um leitor que possua conhecimentos abrangentes de atualidades em diversas áreas e assuntos, sem os quais o texto não atingiria sequer o objetivo de ser cômico. Assim, a preocupação do autor em persuadir o leitor fica evidente, em- bora na mesma proporção, se faz necessária um amplo conhecimento extralinguístico por parte do leitor para fazer inferências e, no jogo discursi- vo, compreender, acatar ou discordar das posições ideológicas do autor. TIPOLOGIA TEXTUAL TEXTOS LITERÁRIOS São textos que privilegiam a mensagem pela própria mensagem. Ne- les, interessa primordialmente como se combinam de acordo com padrões estéticos, os diferentes elementos da língua, para dar uma impressão de beleza. No processo de construção dos textos literários, o verbo "escrever", tal como expressou Barthes, converte-se em verbo intransitivo: o escritor detém-se na própria escrita, joga com os recursos linguísticos, transgredin- do, com frequência, as regras da linguagem para liberar sua imaginação e fantasia na criação de mundos fictícios. Diferentemente dos textos informativos, nos quais o referen te é transparente, os textos literários são textos opacos, não explícitos, com muitos vazios ou espaços em branco, indeterminados. Os leitores, então, devem unir todas as peças em jogo: a trama, as personagens e a linguagem; têm de preencher a informação que falta para construir o sentido, fazendo interpretações congruentes com o texto e com seus conhecimentos prévios do mundo. Os textos literários exigem que o leitor compartilhe do jogo da imaginação para captar o sentido de coisas não ditas, de ações inexplicáveis, de sentimentos não expressos. Embora todos os textos tenham um "repertório", um território que nos é familiar, porque envolvem realidades extratextuais (lugar e tempo das ações; normas e valores representados; alusões ou referências a pessoas, lugares e coisas que existem fora do texto; elementos e tradições literárias, etc.), não basta conhecer estas realidades para compreender o texto literá- rio: é necessário fundamentalmente extrair as múltiplas perspectivas e os múltiplos níveis de associação que o texto nos oferece. O texto literário, que permite o desenvolvimento de todas as virtualida- des da linguagem e, portanto, que é o espaço de liberdade da linguagem, sem as restrições das normas, permite-nos ler "para nada", para não fazer nada depois da leitura; somente nos leva pela imaginação; porém, também pode permitir-nos analisar os mecanismos empregados pelo autor para produzir beleza, tentar recriar estes mecanismos em novas criações, de- sentranhar os símbolos que estruturam a mensagem, brincar com a musi- calidade das palavras liberadas de sua função designativa, etc. Apostila Digital Licenciada
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