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Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) 1
 
Prefeitura Municipal de 
Ananindeua/PA 
Professor do Ensino Fundamental 
(1º ao 5º Ano) 
 
ÍNDICE 
 
CONHECIMENTOS BÁSICOS 
LÍNGUA PORTUGUESA 
1. Interpretação e análise de textos .................................................................................................................................................................. 01 
2. Os vários modos de organização discursiva: elementos do texto descritivo, narrativo e dissertativo (exposição ou argumentação) ......... 01 
3. Estruturas linguísticas e aspectos funcionais morfológicos e sintáticos do uso da língua: 3.1. Emprego das classes de palavras no 
texto; Categorias gramaticais; Estrutura das palavras; Formação de palavras ................................................................................................ 29 
3.2. Elementos estruturais do texto: frase; oração e período; Funções Oracionais; Coordenação e Subordinação; Concordância; 
Regência; Colocação; Emprego do sinal indicativo de crase; Coesão textual: anafóricos e articuladores; Coerência textual; 
Intertextualidade ................................................................................................................................................................................................ 47 
4. Elementos semânticos do texto; Significação das palavras; Denotação e Conotação Emprego de vocabulário; Adequação e 
precisão vocabular; Variação linguística; Alterações semânticas: homonímia; sinonímia; antonímia; paronímia; polissemia e 
ambiguidade ...................................................................................................................................................................................................... 52 
5. Funções da linguagem no texto; níveis de linguagem no texto .................................................................................................................... 54 
6. Pontuação gráfica ......................................................................................................................................................................................... 25 
7. Acentuação gráfica ....................................................................................................................................................................................... 24 
8. Uso da Crase ................................................................................................................................................................................................ 52 
 
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS 
1. Educação como direito social público; 2. O contexto educacional e histórico da escola pública; 3. Política educacional brasileira; 
4. Organização e gestão democrática da Educação Básica no Brasil ............................................................................................................. 01 
5. Planejamento e avaliação escolar em uma perspectiva construtiva – práticas avaliativas e instrumentos de avaliação; 6. O Projeto 
Político-pedagógico: concepções, funções, características, estratégias de construção; 7. Concepções de currículo e 
interdisciplinaridade .......................................................................................................................................................................................... 30 
8. Projetos de ensino e de aprendizagem; Função social da escola: Relação escola e sociedade ................................................................. 01 
9. Concepções teórico-metodológicas de aprendizagem e desenvolvimento humano .................................................................................... 30 
10. A afetividade como elemento mediador da aprendizagem ......................................................................................................................... 01 
Apostila Digital Licenciada para sirlane de jesus damasceno ramos - sirlanny.ramos@gmail.com (Proibida a Revenda)
Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) 2
11. Componentes do processo de ensino: objetivos; conteúdos; métodos; técnicas, meios e avaliação ........................................................ 01 
12. Educação e diversidade .............................................................................................................................................................................. 36 
13. Educação e inclusão – a integração de alunos com necessidades educacionais especiais em classes regulares dos sistemas de 
ensino ................................................................................................................................................................................................................ 41 
14. Direito à Educação, acesso, permanência e sucesso escolar .................................................................................................................... 01 
15. Educação, direitos humanos e cotidiano escolar ........................................................................................................................................ 52 
16. Plano de desenvolvimento da educação: Razões, princípios e programas ............................................................................................... 56 
17. Avaliações da Educação Básica: Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), Sistema de 
Avaliação da Educação Básica (SAEB), Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB) e Avaliação Nacional do Rendimento Escolar 
(ANERSC – Provinha Brasil e Prova Brasil) ..................................................................................................................................................... 65 
 
LEGISLAÇÃO 
1. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Diretrizes e Bases da Educação Nacional .............................................................................. 01 
2. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 - Política Nacional de Educação Ambiental ........................................................................................ 11 
3. Resolução 3/2005, da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação – Normas Nacionais para ampliação do 
Ensino Fundamental para nove anos ............................................................................................................................................................... 12 
4. Lei n° 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA .................................................................................................................... 13 
5. Resolução n° 4, de 13/07/2010 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica .................................................................... 38 
6. Resolução n° 7, de 14/12/2010 – Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos................................... 44 
7. Lei nº 2.177, de 07 de dezembro de 2005 .................................................................................................................................................... 50 
8. Lei n.º 2.176, de 07 de dezembro de 2005 ................................................................................................................................................... 66 
9. Lei n.º 2.355, de 16 de janeiro de 2009 ........................................................................................................................................................ 81 
 
NOÇÕES DE INFORMÁTICA 
1. Noções de informática – hardware, software e periféricos ........................................................................................................................... 01 
2. Organização, gerenciamento e armazenamento de arquivos ...................................................................................................................... 01 
3. Software livre: filosofia de uso ......................................................................................................................................................................74 
4. Pressupostos psicopedagógicos das TIC na educação – instrucionismo e construcionismo ...................................................................... 77 
5. A utilização de editores de texto, planilhas eletrônicas, softwares de apresentação e jogos no processo educativo ................................. 32 
6. Internet e intranet; 7. Navegadores e Correio Eletrônico; 8. As contribuições da internet na atividade de pesquisa – recursos e 
sites de busca; 9. A internet como espaço de autoria; 10. Redes sociais e escola; 11. Segurança na rede: vírus e sites inadequados 
para crianças e adolescentes ........................................................................................................................................................................... 41 
 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
1. Paradigma construtivista do processo ensino-aprendizagem ...................................................................................................................... 01 
2. Alfabetização e letramento ............................................................................................................................................................................ 04 
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Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) 3
3. Alfabetização de jovens e adultos ................................................................................................................................................................. 04 
4. Andragogia e o aluno adulto ......................................................................................................................................................................... 14 
5. A pedagogia de Paulo Freire ........................................................................................................................................................................ 14 
6. Psicogênese da língua escrita ...................................................................................................................................................................... 20 
7. A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de 9 (nove) anos................................................................................... 24 
8. Os Parâmetros Curriculares Nacionais das séries iniciais do Ensino Fundamental, seus conteúdos de Língua Portuguesa, 
Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte, Educação Física, temas transversais e tratamento da informação ....................... 30 
9. Fundamentos da utilização de recursos didáticos no ensino-aprendizagem – livro didático, Material Dourado, ábaco, quadro valor de 
lugar, tabuada de Pitágoras, Tangran, barras de Cuisinaire, geoplano, blocos lógicos, sólidos geométricos, mapas, alfabeto móvel, 
tecnologias de informação e comunicação – escrita, radiofônica, televisiva e computacional......................................................................... 47 
10. Prova Brasil – matriz de referência de Língua Portuguesa– tópicos e descritores para o 5º ano (ou 4ª série) do Ensino 
Fundamental; 11. Prova Brasil – matriz de referência de Matemática– temas e descritores para o 5º ano (ou 4ª série) do 
Ensino Fundamental ......................................................................................................................................................................................... 49 
 
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CANDIDATO OU MESMO O SEU INGRESSO NA CARREIRA PÚBLICA. 
 
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MEIOS QUE AMPLIEM OS CONHECIMENTOS DO CANDIDATO, PARA SUA MELHOR PREPARAÇÃO. 
 
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DATA DA ELABORAÇÃO DA APOSTILA, PODERÃO SER ENCONTRADAS GRATUITAMENTE NO SITE DA 
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1. INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE TEXTOS; 
2. OS VÁRIOS MODOS DE ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA: 
ELEMENTOS DO TEXTO DESCRITIVO, NARRATIVO E 
DISSERTATIVO (EXPOSIÇÃO OU ARGUMENTAÇÃO); 
 
A linguagem escrita tem identidade própria e não pretende ser mera 
reprodução da linguagem oral. Ao redigir, o indivíduo conta unicamente 
com o significado e a sonoridade das palavras para transmitir conteúdos 
complexos, estimular a imaginação do leitor, promover associação de ideias 
e ativar registros lógicos, sensoriais e emocionais da memória. 
 
Redação é o ato de exprimir ideias, por escrito, de forma clara e orga-
nizada. O ponto de partida para redigir bem é o conhecimento da gramática 
do idioma e do tema sobre o qual se escreve. Um bom roteiro de redação 
deve contemplar os seguintes passos: escolha da forma que se pretende 
dar à composição, organização das ideias sobre o tema, escolha do voca-
bulário adequado e concatenação das ideias segundo as regras linguísticas 
e gramaticais. 
 
Para adquirir um estilo próprio e eficaz é conveniente ler e estudar os 
grandes mestres do idioma, clássicos e contemporâneos; redigir frequen-
temente, para familiarizar-se com o processo e adquirir facilidade de ex-
pressão; e ser escrupuloso na correção da composição, retificando o que 
não saiu bem na primeira tentativa. É importante também realizar um 
exame atento da realidade a ser retratada e dos eventos a que o texto se 
refere, sejam eles concretos, emocionais ou filosóficos. O romancista, o 
cientista, o burocrata, o legislador, o educador, o jornalista, o biógrafo, 
todos pretendem comunicar por escrito, a um público real, um conteúdo que 
quase sempre demanda pesquisa, leitura e observação minuciosa de fatos 
empíricos. A capacidade de observar os dados e apresentá-los de maneira 
própria e individual determina o grau de criatividade do escritor. 
 
Para que haja eficácia na transmissão da mensagem,é preciso ter em 
mente o perfil do leitor a quem o texto se dirige, quanto a faixa etária, nível 
cultural e escolar e interesse específico pelo assunto. Assim, um mesmo 
tema deverá ser apresentado diferentemente ao público infantil, juvenil ou 
adulto; com formação universitária ou de nível técnico; leigo ou especializa-
do. As diferenças hão de determinar o vocabulário empregado, a extensão 
do texto, o nível de complexidade das informações, o enfoque e a condução 
do tema principal a assuntos correlatos. 
 
Organização das ideias. O texto artístico é em geral construído a partir 
de regras e técnicas particulares, definidas de acordo com o gosto e a 
habilidade do autor. Já o texto objetivo, que pretende antes de mais nada 
transmitir informação, deve fazê-lo o mais claramente possível, evitando 
palavras e construções de sentido ambíguo. 
 
Para escrever bem, é preciso ter ideias e saber concatená-las. Entre-
vistas com especialistas ou a leitura de textos a respeito do tema abordado 
são bons recursos para obter informações e formar juízos a respeito do 
assunto sobre o qual se pretende escrever. A observação dos fatos, a 
experiência e a reflexão sobre seu conteúdo podem produzir conhecimento 
suficiente para a formação de ideias e valores a respeito do mundo circun-
dante. 
 
É importante evitar, no entanto, que a massa de informações se dis-
perse, o que esvaziaria de conteúdo a redação. Para solucionar esse 
problema, pode-se fazer um roteiro de itens com o que se pretende escre-
ver sobre o tema, tomando nota livremente das ideias que ele suscita. O 
passo seguinte consiste em organizar essas ideias e encadeá-las segundo 
a relação que se estabelece entre elas. 
 
Vocabulário e estilo. Embora quase todas as palavras tenham sinôni-
mos, dois termos quase nunca têm exatamente o mesmo significado. Há 
sutilezas que recomendam o emprego de uma ou outra palavra, de acordo 
com o que se pretende comunicar. Quanto maior o vocabulário que o 
indivíduo domina para redigir um texto, mais fácil será a tarefa de comuni-
car a vasta gama de sentimentos e percepções que determinado tema ou 
objeto lhe sugere. 
 
Como regras gerais, consagradas pelo uso, deve-se evitar arcaísmos e 
neologismos e dar preferência ao vocabulário corrente, além de evitar 
cacofonias (junção de vocábulos que produz sentido estranho à ideia 
original, como em "boca dela") e rimas involuntárias (como na frase, "a 
audição e a compreensão são fatores indissociáveis na educação infantil"). 
O uso repetitivo de palavras e expressões empobrece a escrita e, para 
evitá-lo, devem ser escolhidos termos equivalentes. 
 
A obediência ao padrão culto da língua, regido por normas gramaticais, 
linguísticas e de grafia, garante a eficácia da comunicação. Uma frase 
gramaticalmente incorreta, sintaticamente mal estruturada e grafada com 
erros é, antes de tudo, uma mensagem ininteligível, que não atinge o 
objetivo de transmitir as opiniões e ideias de seu autor. 
 
Tipos de redação. Todas as formas de expressão escrita podem ser 
classificadas em formas literárias -- como as descrições e narrações, e 
nelas o poema, a fábula, o conto e o romance, entre outros -- e não-
literárias, como as dissertações e redações técnicas. 
 
Narração 
A narração está vinculada à nossa vida, pois sempre temos algo a con-
tar. 
Narrar é relatar fatos e acontecimentos, reais ou fictícios, vividos por 
indivíduos, envolvendo ação e movimento. 
A narrativa impõe certas normas: 
a) o fato: que deve ter sequência ordenada; a sucessão de tais se-
quências recebe o nome de enredo, trama ou ação; 
b) a personagem; 
c) o ambiente: o lugar onde ocorreu o fato; 
d) o momento: o tempo da ação 
 
O relato de um episódio implica interferência dos seguintes elementos: 
fato - o quê? 
personagem - quem? 
ambiente - onde? 
momento - quando? 
 
Em qualquer narrativa estarão sempre presentes o fato e a persona-
gem, sem os quais não há narração. 
 
Na composição narrativa, o enredo gira em torno de um fato aconteci-
do. Toda história tem um cenário onde se desenvolve. Desta forma, ao 
enfocarmos a trama, o enredo, teremos, obrigatoriamente, de fazer descri-
ções para caracterizar tal cenário. Assim, acrescentamos: narração também 
envolve descrição. 
 
Narração na 1ª Pessoa 
A narração na 1ª pessoa ocorre quando o fato é contado por um parti-
cipante, isto é; alguém que se envolva nos acontecimentos ao mesmo 
tempo em que conta o caso. 
 
A narração na 1ª pessoa torna o texto muito comunicativo porque o 
próprio narrador conta o fato e assim o texto ganha o tom de conversa 
amiga. 
 
Além disso, esse tipo de narração é muito comum na conversa diária, 
quando o sujeito conta um fato do qual ele também é participante. 
 
Narração na 3ª Pessoa 
O narrador conta a ação do ponto de vista de quem vê o fato acontecer 
na sua frente. Entretanto o contador do caso não participa da ação. Obser-
var: "Era uma vez um boiadeiro lá no sertão, que tinha cara de bobo e 
fumaças de esperto. Um dia veio a Curitiba gastar os cobres de uma boia-
da". 
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Você percebeu que os verbos estão na 3ª pessoa (era, veio) e que o 
narrador conta o caso sem dele participar. O narrador sabe de tudo o que 
acontece na estória e por isso recebe o nome de narrado onisciente. Ob-
serve: "No hotel pediu um quarto, onde se fechou para contar o dinheiro.Só 
encontrou aquela nota de cem reais. O resto era papel e jornal..." 
Você percebeu que o boiadeiro está só, fechado no quarto. Mas o narrador 
é onisciente e conto o que a personagem está fazendo. Paulo Sergio Ro-
drigues 
 
Descrição 
Descrever é: 
I. fazer viver os pormenores, situações ou pessoas; 
II. evocar o que se vê, sente; 
III. criar o que não se vê, mas se percebe ou imagina 
IV. não copiar friamente, mas deixar rica, uma imagem 
V. não enumerar muitos pormenores, mas transmitir sensações for-
tes. 
 
Na descrição o ser e o ambiente são importantes. Assim, o substan-
tivo e o adjetivo devem ser explorados para traduzirem com ênfase um 
impressão. 
 
Como descrever? 
a) Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. 
 EX: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol. 
b) Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, concre-
tas. 
 EX: As criaturas humanas transpareciam um céu sereno, uma pu-
reza de cristal. 
c) As sensações de movimento e cor embelezam o poder da natureza 
e a figura do homem. 
 EX: Era um verde transparente que deslumbrava e enlouquecia 
qualquer um. 
d) A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto. 
 EX: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito 
crente. 
 
A descrição de um objeto será única e nunca será totalmente verdadei-
ra. Motivos: 
1º o ângulo de percepção do objeto varia de observador para obser-
vador; 
2º a análise do objeto levará à seleção de aspectos mais importantes, 
a critério do observador; 
3º o resultado do trabalho corresponderá a uma solução possível. 
 
A descrição pode ser apresentada sob duas formas: 
Descrição objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem são 
apresentadas como realmente são, concretamente. 
EX: "Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70 Kg. Aparência atlética, ombros 
largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos". 
 
Descrição subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou se-
ja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são transfigurados pela 
emoção de quem escreve. 
EX: "Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao homem. 
Não só as condecorações gritavam-lhe no peito como uma couraça de 
grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anúncio; os gestos,calmos, 
soberanos, calmos, eram de um rei..." ("O Ateneu", Raul Pompeia). 
 
Descrição de uma objeto 
Deve-se levar em conta: 
1. A escolha do ângulo de percepção: 
a) a perspectiva espacial 
b) a relação observador X objeto. 
2. Análise do objeto: forma, cor, dimensões, peso, textura, material, 
utilidade. etc. 
3. A seleção de aspectos: a critério do observador. 
 
Exemplo: 
"Um cilindro de madeira, de cor preta, medindo aproximadamente 
17,5cm. de comprimento por 0,7cm. de diâmetro, envolve um cilindro 
menor, de grafite, de mesmo comprimento, porém de 0,15cm. de diâmetro.” 
De uma das extremidades, foi retirada madeira, formando-se um cone, 
cujo ápice é uma fina ponta de grafite". 
 
Descrição de uma paisagem 
Deve-se levar em conta: 
1. Ângulo de percepção. 
2. Análise: rural ou urbana, habitações, personagens, solo, vegetação, 
clima, localização geográfica. 
3. Escolha de aspectos: a critério do observador. 
 
Exemplo: 
"Abriu as venezianas e ficou a olhar para fora. Na frente alargava-se a 
praça, com o edifício vermelho da Prefeitura, ao centro. Do lado direito 
ficava o quiosque, quase oculto nas sombras do denso arvoredo; ao redor 
do chafariz, onde a samaritana deitava um filete d'água no tanque circular, 
arregimentavam-se geometricamente os canteiros de rosas vermelhas e 
brancas, de cravos, de azáleas, de girassóis e violetas". ("Um Rio Imita O 
Reno", - Vianna Moog). 
 
Descrição de uma pessoa 
Deve-se levar em conta: 
1. Ângulo de percepção. 
2. Análise: 
a) aspectos físicos: sexo, idade, peso, cor de pele, cabelos, olhos, 
estatura, etc. 
b) aspectos psicológicos: às vezes, a descrição de um aspecto físi-
co do indivíduo poderá revelar um traço psicológico; 
c) resultado. 
 
Exemplo: 
"O gaúcho do sul, ao encontrá-los nesse instante sobreolhá-la-ia comi-
serado. 
 
O vaqueiro do norte é a sua antítese. Na postura, no gesto na palavra, 
na índole e nos hábitos, não há que equipará-los. O primeiro, filho dos 
plainos sem fins, afeito às correrias fáceis nos pampas e adaptado a uma 
natureza carinhosa que o encanta, tem, certo, feição mais cavalheirosa e 
atraente. A luta pela vida não lhe assume o caráter selvagem da dos ser-
tões do norte. Não conhece os horrores da seca e os combates cruentos a 
terra árida e escaldada. 
........................................................................................... 
 
e passa pela vida, aventureiro, jovial, disserto, valente e fanfarrão, des-
preocupado, tendo o trabalho com um diversão que lhe permite as dispara-
das, domando distâncias, nas pastagens planas, tendo os ombros, palpi-
tando aos ventos, o pala inseparável como uma flâmulos festivamente 
desdobrada. ("Os Sertões", Euclides da. Cunha) 
 
Dissertação 
A todo instante nos deparamos com situações que exigem a exposição 
de ideias, argumentos e pontos de vista, muitas vezes precisamos expor 
aquilo que pensamos sobre determinado assunto. 
 
Em muitas situações somos induzidos a organizar nossos pensamen-
tos e ideias e utilizar a linguagem para dissertar. 
 
Mas o que é dissertar? 
Dissertar é, através da organização de palavras, frases e textos, apre-
sentar ideias, desenvolver raciocínio, analisar contextos, dados e fatos. 
Neste momento temos a oportunidade de discutir, argumentar e defender o 
que pensamos através da fundamentação, justificação, explicação, persua-
são e de provas. 
 
A elaboração de textos dissertativos requer domínio da modalidade es-
crita da língua, desde a questão ortográfica ao uso de um vocabulário 
preciso e de construções sintáticas organizadas, além de conhecimento do 
assunto que se vai abordar e posição crítica (pessoal) diante desse assun-
to. 
 
A atividade dissertadora desenvolve o gosto de pensar e escrever o 
que pensa, de questionar o mundo, de procurar entender e transformar a 
realidade. 
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Passos para escrever o texto dissertativo 
O texto deve ser produzido de forma a satisfazer os objetivos que o es-
critor se propôs a alcançar. 
 
Há uma estrutura consagrada para a organização desse tipo de texto. 
 
Consiste em organizar o material obtido em três partes: a introdução, o 
desenvolvimento e a conclusão. 
- Introdução: A introdução deve apresentar de maneira clara o as-
sunto que será tratado e delimitar as questões, referentes ao as-
sunto, que serão abordadas. 
 Neste momento pode-se formular uma tese, que deverá ser discu-
tida e provada no texto, propor uma pergunta, cuja resposta deverá 
constar no desenvolvimento e explicitada na conclusão. 
- Desenvolvimento: É a parte do texto em que as ideias, pontos de 
vista, conceitos, informações de que dispõe serão desenvolvidas; 
desenroladas e avaliadas progressivamente. 
- Conclusão: É o momento final do texto, este deverá apresentar 
um resumo forte de tudo o que já foi dito. A conclusão deve expor 
uma avaliação final do assunto discutido. 
 
Cada uma dessa partes se relaciona umas com as outras, seja prepa-
rando-as ou retomando-as, portanto, não são isoladas. 
 
A produção de textos dissertativos está ligada à capacidade argumen-
tativa daquele que se dispõe a essa construção. 
 
É importante destacar que a obtenção de informações, referentes aos 
diversos assuntos seja através da leitura, de conversas, de viagens, de 
experiências do dia-a-dia e dos mais variados veículos de informação 
podem sanar a carência de informações e consequentemente darem supor-
te ao produzir um texto. Marina Cabral 
 
Texto jornalístico e publicitário. O texto jornalístico apresenta a peculia-
ridade de poder transitar por todos os tipos de linguagem, da mais formal, 
empregada, por exemplo, nos periódicos especializados sobre ciência e 
política, até aquela extremamente coloquial, utilizada em publicações 
voltadas para o público juvenil. Apesar dessa aparente liberdade de estilo, o 
redator deve obedecer ao propósito específico da publicação para a qual 
escreve e seguir regras que costumam ser bastante rígidas e definidas, 
tanto quanto à extensão do texto como em relação à escolha do assunto, 
ao tratamento que lhe é dado e ao vocabulário empregado. 
 
O texto publicitário é produzido em condições análogas a essas e ainda 
mais estritas, pois sua intenção, mais do que informar, é convencer o 
público a consumir determinado produto ou apoiar determinada ideia. Para 
isso, a resposta desse mesmo público é periodicamente analisada, com o 
intuito de avaliar a eficácia do texto. 
 
Redação técnica. Há diversos tipos de redação não-literária, como os 
textos de manuais, relatórios administrativos, de experiências, artigos 
científicos, teses, monografias, cartas comerciais e muitos outros exemplos 
de redação técnica e científica. 
 
Embora se deva reger pelos mesmos princípios de objetividade, coe-
rência e clareza que pautam qualquer outro tipo de composição, a redação 
técnica apresenta estrutura e estilo próprios, com forte predominância da 
linguagem denotativa. Essa distinção é basicamente produzida pelo objeti-
vo que a redação técnica persegue: o de esclarecer e não o de impressio-
nar. 
 
As dissertações científicas, elaboradas segundo métodos rigorosos e 
fundamentadas geralmente em extensa bibliografia, obedecem a padrões 
de estruturação do texto criados e divulgados pela Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT). A apresentação dos trabalhos científicos deve 
incluir, nessa ordem: capa; folha de rosto; agradecimentos, se houver; 
sumário; sinopse ou resumo; listas (de ilustrações, tabelas, gráficos etc.); o 
texto do trabalho propriamente dito, dividido em introdução, método, resul-
tados, discussão e conclusão; apêndices e anexos; bibliografia; eíndice. 
 
A preparação dos originais também obedece a algumas normas defini-
das pela ABNT e pelo Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação 
(IBBD) para garantia de uniformidade. Essas normas dizem respeito às 
dimensões do papel, ao tamanho das margens, ao número de linhas por 
página e de caracteres ou espaços por linha, à entrelinha e à numeração 
das páginas, entre outras características. 
 
1. ADEQUAÇÃO CONCEITUAL 
Ao produzirmos um texto, estamos exercitando dois planos importantes 
no processo de produção textual: o plano conceitual e o plano linguístico 
(c.f. VAL 1990). Tais planos garantem ao texto uma melhor compreensão 
do que foi dito, como também se responsabilizam pela tessitura textual. 
Assim, podemos dizer que o plano linguístico e o conceitual estabelecem a 
coesão e a coerência textuais. 
 
Produzir um texto é realizar um processo de seleção que consiste na 
organização de palavras que se juntam e formam as orações. Essas se 
interrelacionam em blocos para formar uma cadeia linguística superior: o 
texto. 
 
Se um texto é um processo de seleção, cabe ao autor, organizar, sis-
tematizar e adequar as ideias à modalidade de texto que pretende produzir. 
Por isso, a seleção vocabular e o uso de nexos linguísticos deve haver, de 
forma coerente, para que o texto não fique desprovido de sentido, ambíguo, 
prolixo ou, até mesmo, incoerente. 
 
Neste sentido, selecionaremos textos escritos e usados na comunica-
ção diária, nos quais analisaremos os processos sintáticos, como também 
os desvios sintático - semânticos e sua implicação nos processos de produ-
ção e compreensão. 
 
OS PROCESSOS SINTÁTICOS 
Tradicionalmente, há dois processos sintáticos: a parataxe - coordena-
ção e a hipotaxe - a subordinação. Na produção textual, devemos analisar a 
coordenação não levando em conta o termo oração independente (c.f. 
gramática tradicional), e sim consideramos um processo de interdependên-
cia semântica. Já que no texto, há uma subordinação de ideias, observa-
mos que, nas orações coordenadas, há uma dependência semântica que 
estabelece entre elas um elo de subordinação. 
 
Numa visão mais simplificada, assim dizemos: na coordenação, junta-
mos orações independentes do ponto de vista sintático, mas que se relaci-
onam pelo sentido. É o que Garcia (1980) chama de “falsa coordenação”. 
Há, portanto, a coordenação gramatical e a subordinação psicológica. 
 
Na subordinação, há um processo de encaixamento de oração, ou se-
ja, uma oração está encaixada na outra, ocorrendo uma dependência, tanto 
do ponto de vista da sintaxe como da semântica. A relação entre as ora-
ções é mais intima, uma vez que entre elas há uma dependência sintático - 
semântica. Já que entre as orações subordinadas, a relação entre elas é 
mais complexa, o autor do texto deve ficar atento aos parágrafos, ao uso 
dos conectivos, a junção de orações para que, por falta de lógica entre elas, 
o texto não fique incoerente. 
 
Considerando os processos sintáticos na elaboração do texto, ficam al-
gumas reflexões, segundo Decat (1997:111): 
1. Qual o papel de cada oração no discurso maior em que se insere? 
2. Há insuficiência ou inadequação de análises tradicionais para ex-
plicar tais fatos e seus comportamentos na língua? 
3. Estudar sentenças isoladas é suficiente para compreender o texto? 
4. Devemos falar em subordinação como estrutura do discurso ou 
como duas orações interligadas no binômio: principal e subordina-
da? (grifo meu). 
 
Quando falamos em processos sintáticos, logo nos reportamos à coor-
denação e à subordinação. Mas, em se tratando de produção textual, 
especialmente na sintaxe do texto, reportamo-nos aos mecanismos linguís-
ticos, índices formais na estrutura da sequência linguística e superficial do 
texto, que são responsáveis pela tessitura textual (c.f. Travaglia, 1994). 
 
OS ELEMENTOS COESIVOS 
Falar em sintaxe implica falar em coesão textual, uma vez que é a atra-
vés da coesão que se articulam as ideias de um texto. A coesão textual não 
está apenas no âmbito das orações por si só. Está imbricada nos conecti-
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Língua Portuguesa A Opção Certa Para a Sua Realização 4
vos, pois, através deles, podemos efetuar as relações de encadeamento no 
texto. É necessário que o uso destes elementos linguísticos (pronomes, 
advérbios, conjunções, numerais e outros elementos linguísticos), seja 
coerente, para que não constitua, com o mau uso, uma incoerência local 
(cf. Travaglia, op. cit). Entendemos por coerência local, as partes do texto, 
das frases ou das sequências de frases dentro de uma cadeia linguística 
superior, o texto. 
 
A SEMÂNTICA 
A semântica é responsável pelo sentido do texto. Não devemos pensar 
que o significado de uma mensagem se dê apenas no uso das palavras e 
na sintaxe. Depende também do sentido que o uso de determinada palavra 
pode estabelecer no texto. Nesse sentido, o uso devido de determinadas 
expressões e palavras garante ao texto uma melhor compreensão, pois a 
escolha das palavras deve ocorrer não apenas nas relações sintáticas que 
ela exercerá na tessitura, mas nas relações de sentido que ela pode exer-
cer na superfície textual. Tadeu Luciano Siqueira Andrade. 
 
2. PERTINÊNCIA, RELEVÂNCIA E ARTICULAÇÃO DOS ARGU-
MENTOS. 
Um Texto Argumentativo tem como objetivo persuadir alguém das 
nossas ideias. Deve ser claro e ter riqueza lexical, podendo tratar qualquer 
tema ou assunto. É constituído por um primeiro parágrafo curto, que deixe a 
ideia no ar, depois o desenvolvimento deve referir a opinião da pessoa que 
o escreve, com argumentos convincentes e verdadeiros, e com exemplos 
claros. Deve também conter contra-argumentos, de forma a não permitir a 
meio da leitura o leitor os faça. Por fim, deve ser concluído com um 
parágrafo que responda ao primeiro parágrafo, ou simplesmente com a 
ideia chave da opinião. 
 
O texto dissertativo-argumentativo geralmente apresenta uma estrutura 
organizada em três partes : a introdução, na qual é apresentada a ideia 
principal ou tese ; o desenvolvimento , que fundamenta ou desenvolve a 
ideia principal ; e a conclusão. Os argumentos utilizados para fundamentar 
a tese podem ser de diferentes tipos : exemplos, comparação, dados 
históricos, dados estatístico, pesquisas, causas socioeconômicas ou 
culturais , depoimentos - enfim tudo o que possa demonstrar o ponto de 
vista defendido pelo autor tem consistência. A conclusão pode apresentar 
uma possível solução/proposta ou uma síntese. Deve utilizar título e utilizar 
variedade padrão de língua. 
 
A linguagem normalmente é impessoal e objetiva. 
 
Pertinência 
"Ler criticamente (...) é reconhecer a pertinência dos conteúdos apre-
sentados". E é essa pertinência que "permite estabelecer-se uma hierarquia 
entre a ideia mais abrangente e as que subsidiam". 
 
O TEXTO ARGUMENTATIVO 
A linguagem é capaz de criar e representar realidades, sendo caracte-
rizada pela identificação de um elemento de constituição de sentidos. Os 
discursos verbais podem ser formados de várias maneiras, para dissertar 
ou argumentar, descrever ou narrar, colocamos em práticas um conjunto de 
referências codificadas há muito tempo e dadas como estruturadoras do 
tipo de texto solicitado. 
 
Para se persuadir através de muitos recursos da língua, o que é ne-
cessário é que um texto possua um caráter argumentativo/descritivo. A 
construção de um ponto de vista de alguma pessoa sobre algo, varia de 
acordo com a sua análise e esta se dar-se-á a partir do momento em que a 
compreensão do conteúdo, ou daquilo que fora tratado seja concretado. A 
formação discursiva é responsável pelo emassamento do conteúdo que se 
deseja transmitir, ou persuadir, e nele teremos a formação do pontode vista 
do sujeito, suas análises das coisas e suas opiniões. Nelas, as opiniões o 
que fazemos é soltar concepções que tendem a ser orientadas no meio em 
que o indivíduo viva. Vemos que o sujeito, lança suas opiniões com o 
simples e decisivo intuito de persuadir e fazer suas explanações renderem 
o convencimento do ponto de vista de algo/alguém. 
 
Na escrita, o que fazemos é buscar intenções de sermos entendidos e 
desejamos estabelecer um contato verbal com os ouvintes e leitores, e 
todas as frases ou palavras articuladas produzem significações dotadas de 
intencionalidade, criando assim unidades textuais ou discursivas. Dentro 
deste contexto da escrita, temos que levar em conta que a coerência é de 
relevada importância para a produção textual, pois nela, se dará uma 
sequência das ideias, e da progressão de argumentos a serem explanadas. 
Sendo a argumentação o procedimento que tornará a tese aceitável, a 
apresentação de argumentos atingirá os seus interlocutores em seus objeti-
vos; isto se dará através do convencimento da persuasão. Os mecanismos 
da coesão e da coerência serão então responsáveis pela unidade da for-
mação textual. 
 
Dentro dos mecanismos coesivos, podem realizar-se em contextos 
verbais mais amplos, como por jogos de elipses, por força semântica, por 
recorrências lexicais, por estratégias de substituição de enunciados. 
 
Um mecanismo mais fácil de fazer a comunicação entre as pessoas é a 
linguagem, quando ela é em forma da escrita e após a leitura, (o que ocorre 
agora), podemos dizer que há de ter alguém que transmita algo, e outro 
que o receba. Nesta brincadeira é que entra a formação de argumentos 
com o intuito de persuadir para se qualificar a comunicação; nisto, estes 
argumentos explanados serão o germe de futuras tentativas da comunica-
ção ser objetiva e dotada de intencionalidade, (ver Linguagem e Persua-
são). 
 
Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e escrever; não tem em sua 
unidade a mono característica da dominação do idioma/língua, e sim o 
propósito de executar a interação do meio e cultura de cada indivíduo. 
 
As relações intertextuais são de grande valia para fazer de um texto 
uma alusão à outros textos, isto proporciona que a imersão que os argu-
mentos dão tornem esta produção altamente evocativa. 
 
A paráfrase é também outro recurso bastante utilizado para trazer a um 
texto um aspecto dinâmico e com intento. Juntamente com a paródia, a 
paráfrase utiliza-se de textos já escritos, por alguém, e que tornam-se algo 
espetacularmente incrível. A diferença é que muitas vezes, é que a paráfra-
se não possui a necessidade de persuadir as pessoas com a repetição de 
argumentos, e sim de esquematizar novas formas de textos, sendo estes 
diferentes. A criação de um texto requer bem mais do que simplesmente a 
junção de palavras a uma frase, requer algo mais que isto. É necessário ter 
na escolha das palavras e do vocabulário o cuidado de se requisitá-las, 
bem como para se adotá-las. Um texto não é totalmente auto-explicativo, 
daí vem a necessidade de que o leitor tenha um emassado em seu histórico 
uma relação interdiscursiva e intertextual. 
 
As metáforas, metonímias, onomatopeias ou figuras de linguagem, en-
tram em ação inseridos num texto como um conjunto de estratégias capa-
zes de contribuir para os efeitos persuasivos dele. A ironia também é muito 
utilizada para causar este efeito, umas de suas características salientes, é 
que a ironia dá ênfase à gozação, além de desvalorizar ideias, valores da 
oposição, tudo isto em forma de piada. 
 
Uma das últimas, porém não menos importantes, formas de persuadir 
através de argumentos, é a Alusão ("Ler não é apenas reconhecer o dito, 
mais também o não-dito"). Nela, o escritor trabalha com valores, ideias ou 
conceitos pré estabelecidos, sem porém com objetivos de forma clara e 
concisa. O que acontece é a formação de um ambiente poético e sugerível, 
capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma sensação... 
 
Texto Base: CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo” São Paulo SP, 
Editora ..Scipione, 1994 - 6ª edição. 
 
 QUALIDADES E DEFEITOS DE UM TEXTO ARGUMENTATIVO 
Luci Mary 
A argumentação visa persuadir o leitor acerca de uma posição. Quanto 
mais polêmico for o assunto em questão, mais dará margem à abordagem 
argumentativa. Pode ocorrer desde o início quando se defende uma tese ou 
também apresentar os aspectos favoráveis e desfavoráveis posicionando-
se apenas na conclusão. Agostinho dias Carneiro afirma que “argumentar é 
um processo que apresenta dois aspectos: o primeiro ligado à razão, supõe 
ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las; o segundo, referente à paixão, 
busca capturar o ouvinte, seduzi-lo e persuadi-lo”. 
 
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Os argumentos devem promover credibilidade. Com a busca de argu-
mentos por autoridade e provas concretas o texto começa a caminhar para 
uma direção coerente, precisa e persuasiva. Somente o fato pode fortalecer 
o texto argumentativo. Não podemos confundir fato e opinião. O fato é 
único e a opinião é variável. Por isso, quando ocorre generalização dizemos 
que houve um “erro de percurso”. 
 
Como bem ministra Othon M. Garcia “na argumentação, além de dis-
sertar, procuramos formar a opinião do leitor ou a do ouvinte, tentando 
convencê-lo de que a razão está conosco”, isto é, a verdade. Argumentar é, 
em última análise, convencer ou tentar convencer mediante a apresentação 
de razões em face da evidência das provas e à luz de um raciocínio lógico 
e consistente. Em muitas situações como discussões na imprensa, nas 
assembleias ou em conversas cotidianas a argumentação passa a ser um 
“bate-papo”. “Às vezes ocorrem insultos ou sarcasmos. Tudo isso não 
contribui para uma verdadeira argumentação. Pelo contrário parece que 
faltou conhecimento de mundo que consiga defender o ponto de vista”. 
 
Cabe ainda comentar que preconceitos e superstições também não co-
laboram com o texto argumentativo. Uma argumentação legítima precisa 
ser construtiva e crítica. Por isso que Othon M. Garcia baseia-se nos ele-
mentos da consistência do pensamento e da evidência dos fatos. Descartes 
considera a evidência como o critério da verdade. Porém, a argumentação 
informal só será considerada uma evidência se houver comprovação. Às 
vezes, conversas são apenas exposições narrativas e descritivas sem 
nenhuma preocupação com o real. Mesmo assim nos encontros informais 
há de qualquer forma uma pessoa tentando convencer outra. Dependendo 
do ponto de vista, isso pode ser uma argumentação mesmo sendo falacio-
sa. 
 
Para que possamos focalizar os defeitos e as qualidades do texto ar-
gumentativo começaremos pelas qualidades passando em seguida para os 
defeitos. Partindo da premissa de que todo texto deve ter unidade, coerên-
cia e ênfase, analisaremos cada um desses recursos. Contudo, percebe-
mos que não são os únicos, mas talvez os que possam representar a parte 
fundamental para que haja comunicação. A unidade consiste em dizer uma 
coisa de cada vez. Todas as ideias cumprem seu papel desenvolvendo a 
ideia núcleo, permitindo a compreensão. As ideias principais e as secundá-
rias mantêm relações. Nesse momento surge a coerência com o intuito de 
organizar o sentido de cada ideia apresentada. Para Othon M. Garcia a 
coerência é a alma do texto. Como se pode ter sentido se a coerência não 
assumiu o seu papel? 
 
No livro Comunicação em Prosa Moderna Othon M. Garcia comenta 
que “ênfase é a ideia predominante não apenas que aparece sob a forma 
de oração principal, mas também se coloca em posição de relevo, por estar 
no fim ou próximo do fim do período-parágrafo. Com isso, ele comprovaque é indispensável dar ênfase à ideia-núcleo, quer pelo encadeamento 
dos termos na oração e das frases no texto, quer pela expressividade. Além 
desses recursos meliorativos não podemos deixar de fazer comentários 
sobre alguns vícios considerados condenáveis. Para muitos profissionais de 
redação erros grosseiros podem invalidar um texto argumentativo. Obser-
vemos o texto abaixo extraído de um vídeo exibido na Casa de Detenção 
de São Paulo, para ensinar aos detentos formas de prevenção contra a 
aids: 
 
Aqui é bandido: Plínio Marcos. Atenção, malandrage! Eu num vô pedir 
nada, vô te dá um alô! Te liga aí: Aids é uma praga que rói até os mais 
fortes, e rói devagarinho. Deixa o corpo sem defesa contra a doença. Quem 
pegá essa praga está ralado de verde e amarelo, de primeiro ao quinto, e 
sem vaselina. Num tem dotô que dê jeito, nem reza brava, nem choro, nem 
vela, nem ai, Jesus. Pegou Aids, foi pro brejo! Agora sente o aroma da 
perpétua: Aids pega pelo esperma e pelo sangue, entendeu? pelo esperma 
e pelo sangue! (Pausa) 
 
Eu num tô te dando esse alô pra te assombrá, então se toca! Não é 
porque tu ta na tranca que virou anjo. Muito pelo contrário, cana dura deixa 
o cara ruim! Mas é preciso que cada um se cuide, ninguém pode valê pra 
ninguém nesse negócio de aids. Então, já viu: transá, só de acordo com o 
parceiro, e de camisinha! ( Pausa) 
 
Agora, tu aí que é metido a esculachá os outros, metido a ganhá o 
companheiro na força bruta, na congesta! Pára com isso, tu vai acabá 
empesteado! Aids num toma conhecimento de macheza, pega pra lá, pega 
pra cá, pega em home, pega em bicha, pega em mulhé, pega em roçadeira! 
Pra essa peste num tem bom! Quem bobeia fica premiado. E fica um tem-
pão sem sabê. Daí, o mais malandro, no dia da visita, recebe mamão com 
açúcar da família e manda para casa o Aids! E num é isto que tu qué, né, 
vago mestre? Então te cuida. Sexo, só com camisinha.(Pausa) 
 
Quem descobre que pegô a doença se sente no prejuízo e quer ir à for-
ra, passando pros outros. (Pausa) sexo só com camisinha! Num tem esco-
lha, transá, só com camisinha. 
Quanto a tu, mais chegado ao pico, eu to sabendo que ninguém corta o 
vício só por ordem da chefia. Mas escuta bem, vago mestre, num qué nem 
sabê que, às vezes, a seringa vem até com um pingo de sangue, e tu mete 
ela direto em ti. Às vezes, ela aparece que vem limpona, e vem com a 
praga. E tu, na afobação, mete ela direto na veia. Aí tu dança. Tu, que se 
diz mais tu, mas que diz que num pode aguentá a tranca sem pico, se 
cuida. Quem gosta de tu é tu mesmo. (Pausa) E a farinha que tu cheira, e a 
erva que tu barrufa enfraquece o corpo e deixa tu chué da cabeça e dos 
peitos. E aí tu fica moleza pro Aids! Mas o pico é o canal direto pra essa 
praga que está aí. Então, malandro, se cobre. Quem gosta de tu é tu mes-
mo. A saúde é como a liberdade. Agente dá valor pra ela quando já era! 
 
A partir do texto, podemos provar o que é argumentação. O texto dá in-
formação sobre o vírus da Aids. O ator Plínio Marcos apresenta-se como 
sendo um deles. Utiliza a linguagem que eles estão habituados. “Comunicar 
não é apenas fazer saber, mas também um fazer crer”. A persuasão é o ato 
de levar o outro a acreditar no que foi dito. Para Platão e Fiorin “todo texto é 
argumentativo porque todos são de certa maneira persuasivos”. 
 
Vale a pena ressaltar que a concisão no qual o pensamento precisa ser 
expresso com o mínimo de palavras demonstra que algumas ideias são 
desnecessárias não fazendo nenhuma falta na hora da comunicação argu-
mentativa. Longas explicações só tornam o texto cansativo para o leitor. 
Algumas pessoas se iludem ao escrever muito pensando que estão argu-
mentando. Outro aspecto é a clareza. Não escrevemos somente para nós 
mesmos. Escrevemos para um leitor crítico que não deve precisar ler duas 
vezes para entender o que está escrito. Períodos longos e ambiguidade são 
grandes inimigos da clareza. 
 
Há também um folclore em torno da precisão. Usar um vocabulário pro-
lixo só tende a prejudicar o texto. O léxico deve ser valorizado pela sua 
expressividade e não por clichês que tornam a argumentação confusa e 
insignificante. Conhecer o significado de cada vocábulo faz parte de um 
autor maturo e que tem domínio pelo assunto que pretende abordar. Agos-
tinho Dias Carneiro em seu livro Redação em Construção enumera exem-
plos importantes para uma argumentação. Para ele falácias, generalizações 
excessivas, deduções falsas, estatísticas tendenciosas e argumentos 
autoritários só enfraquecem o texto. Com certeza, somente a verdade seja 
um argumento concreto. 
 
Padre Antônio Vieira aborda que a qualidade unidade é um dos recur-
sos mais importantes na argumentação, já que, um texto dispersivo cheio 
de informações desencontradas não é compreendido por ninguém. Ele 
também faz um comentário da importância de citações de outros textos que 
chama de argumento de autoridade. Platão e Fiorin também comenta em 
seu livro Lições de Texto: leitura e redação sobre alguns recursos linguísti-
cos usados com a finalidade de convencer. Um deles é o argumento de 
autoridade já citado. Trata-se da comprovação de que o autor ou o falante 
conhece bem o assunto que está sendo abordado. Outros recursos ou 
qualidades como argumentos baseados em provas concretas e raciocínio 
lógico não devem ser ignorados. Podemos observar tais qualidades em 
editoriais e redações escolares. Afinal, bem sabemos que todo texto apre-
senta intertextualidade.A reescritura faz parte de tentar buscar o melhor no 
texto argumentativo. 
 
A argumentação é a exposição de recursos com o objetivo de fazer o 
texto ser ou parecer verdadeiro. Para finalizar essas qualidades não pode-
mos esquecer que Ingedore Villaça diz “que a coerência teria a ver com a 
boa formação do texto. Portanto, a coerência é algo que se estabelece na 
interação, na interlocução numa situação comunicativa entre dois usuários”. 
Paralelamente ao conceito de coerência encontramos a coesão. “A coesão 
é explicitamente revelada através de marcas linguísticas”. Manifesta-se na 
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Língua Portuguesa A Opção Certa Para a Sua Realização 6
organização da sequência do texto argumentativo. É a relação entre um 
elemento do texto e um outro elemento. Isso é fundamental para uma 
interpretação. Depende desses articuladores ou conectores como chamam 
alguns estudiosos a compreensão do qual o texto pretende atingir. Sempre 
que se pensa em coerência logo se pensa em coesão. Para Marcuschi 
(1983), “a coesão é a estrutura da sequência de um texto, como uma 
organização linear”. Diante das qualidades nos situamos de forma não 
pejorativa em comentar alguns defeitos do texto argumentativo. 
 
Pensando no que já foi abordado seria muito simples dizer que os de-
feitos são o contrário das qualidades mencionadas. Em alguns momentos 
isso ocorreu. Só que pretendemos destacar outros que possam ser evita-
dos em qualquer texto argumentativo. O primeiro seria voltado para os 
períodos longos. Não é que seja um “erro”. O erro está em ser longo e 
confuso. Um texto com frases desconexas, com repetições de palavras que 
comprometam a falta de vocabulário e expressões vulgares interferem na 
hora de persuadir o leitor. Os defeitos só surgem na hora de escrever. 
Muitos professores alegam que a contradição seja um defeito “gritante”. 
Outros preferem textos com pontos positivos e negativos porque aponta 
para duas visões. O texto argumentativo vive em todas situações possíveis. 
O que não podemos permitir é que a argumentação deixe de ser um ato de 
pensar. Os que pensam que comunicar é apenas transmitir informações, 
precisam pensar mais. Argumentar é fazer crer e a aceitação depende de 
vários fatores. Argumentarcujo sentido primeiro significa iluminar. É disso 
que precisamos. Iluminar para convencer. Esse trabalho visou despertar em 
alunos de letras e professores de língua portuguesa uma viagem ao mundo 
da argumentação. Criticamos tanto os textos que lemos. Será que há uma 
explicação? Lendo o texto abaixo poderemos refletir antes de criar fórmulas 
de qualidades ou de defeitos: 
... A moléstia é real, os sintomas são claros, a síndrome está completa: 
o homem continua cada vez mais incomunicável (porque deturpou o termo 
comunicação), incompreendido e/ou incompreensível, porque voltou-se pra 
dentro e se autoanalisa continuamente, mas não troca com os outros estas 
experiências individuais; está “desaprendendo” a falar, usando somente o 
linguajar básico, essencial e os gestos. Não lê, não se enriquece, não se 
transmite. Quem não lê, não escreve. Assim, o homem do século XX, bicho 
de concha, criatura intransitiva, se enfurna dentro de si próprio, ilhando-se 
cada vez mais, minado pelas duas doenças do nosso tempo: individualismo 
e solidão. 
(Ely Vieitez Lanes. Laboratório de literatura) 
 
3. SELEÇÃO VOCABULAR 
Chega mais perto e contempla as palavras. 
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem 
interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a cha-
ve? 
Carlos Drummond de Andrade 
 
Todo usuário da língua possui a chave que lhe dá acesso ao mundo 
das palavras. A capacidade da linguagem humana é essa chave. Quando 
criança, o falante, de modo bastante natural, principia a utilizar o valioso 
instrumento da linguagem. Enquanto tímido aprendiz de palavras, reproduz 
muito e cria pouco. Porém, seguindo um caminho irretornável, não mais 
necessita de que lhe digam o que falar, como falar. Já se sente perfeita-
mente capaz de seguir sozinho. Sente-se seguro do conhecimento que 
possui, do acervo vocabular de que dispõe. O uso que fazemos desse 
acervo vocabular é determinado pelas situações que vivenciamos. 
Dessa forma, em um dado contexto, a seleção vocabular da qual lança-
remos mão para produzir um texto deverá estar de acordo com o sentido 
que queremos dar à nossa mensagem. Então, não nos causa espanto que 
o nosso aluno/usuário da língua queira manter-se fiel ao seu texto, reprodu-
zindo na escrita aquilo que pensou e disse. Mesmo que esse texto passe a 
ser “condenado” por não se ajustar aos padrões impostos pelas gramáticas 
normativas. Parece-lhe que, ao mexerem no seu texto, estão retirando o 
seu direito de ser autêntico. 
 
O pessoal fizeram muita bagunça na sala, professora! 
A gente gostamos de aula vaga. 
 
É perfeitamente compreensível que tais construções sejam usadas pe-
lo falante/escritor, uma vez que ele não quer deixar dúvidas de que está 
referindo-se a um grupo de várias pessoas. No seu entender, o verbo no 
singular soa de forma estranha, não condiz com a verdade que ele quer 
expressar. 
 
Sobre o papel do sentido nas relações entre as palavras, afirma Gui-
raud (1972, p. 26-27): 
O sentido, tal como nos é comunicado no discurso, depende das rela-
ções da palavra com as outras palavras do contexto, e tais relações são 
determinadas pela estrutura do sistema linguístico. 
 
À estrutura do sistema linguístico chamamos gramática internalizada 
por cada indivíduo, o mesmo que conhecimento implícito da língua, confor-
me Perini (2000, p. 12.). Por saber empregá-la, o falante faz as relações 
que deseja com as palavras escolhidas de seu léxico, de forma que molda 
seu texto para este atenda às suas intenções. A disposição em que coloca 
as palavras valoriza o significado delas. Wittgenstein (apud Rector, 1980, p. 
53.) corrobora esta ideia ao “constatar que as palavras só significam na 
medida em que estão num contexto interativo, isto é, como se seu valor 
variasse em função de sua disposição face às demais”. 
 
A interação da palavra com o contexto revela-se no discurso, pois é ne-
le “que se manifestam estas relações da linguagem, visto que o discurso é 
o lugar de encontro do significante e do significado e o lugar das distorções 
da comunicação que ocorrem devido à liberdade da comunicação.” (Rector, 
1980, p. 130.) 
 
O falante não deseja perder a liberdade de comunicar-se, de colocar no 
ato de comunicação do qual faz parte sua marca pessoal. Atentemos aqui 
para a questão do estilo próprio. Uma entonação diferente, uma determina-
da flexão de grau, uma intencional ausência de flexão de número são 
exemplos de marcas pessoais que ocorrem na fala e que naturalmente se 
concretizam na escrita. 
 
AMIGO 1: - Comprei um estojo ‘manero’. Custou só dois ‘real’! 
AMIGO 2: - Também, você é filhote de loja de um e noventa e nove! 
 
Há tendência, por parte do falante de língua portuguesa, a reduzir di-
tongos em simples vogais, conforme atesta Coutinho em sua “Gramática 
Histórica (COUTINHO, p. 108.). Assim, para o usuário da língua, é perfei-
tamente correto falar “manero” em vez de “maneiro”. Tal tendência acaba 
por ser explicitada na escrita por influência da oralidade. Se ninguém prati-
camente fala “manteiga”, consequentemente estaremos diante da palavra 
“mantega” nas redações de nossos alunos. 
 
Quanto à questão da ausência de flexão de número da palavra “real”, 
temos aqui duas colocações. Por um lado, poderíamos considerar a ex-
pressão “dois real” apenas um caso de erro de concordância; por outro 
lado, estaríamos diante de uma seleção vocabular empregada para expres-
sar, por exemplo, esperteza de quem compra um bom produto por um 
pequeno preço. 
 
Em nossa literatura, há muitos exemplos em que a seleção vocabular 
aliada à linguagem oral, só para determo-nos em assuntos objetos de 
nosso estudo, produzem obras originalíssimas. Citemos, para ilustrar, Mário 
de Andrade com “Macunaíma” (texto em prosa) e Oswald de Andrade com 
o texto em verso que vai transcrito a seguir: 
brasil 
O Zé Pereira chegou de caravela 
E preguntou pro guarani da mata virgem 
- Sois cristão? 
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte 
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê! 
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu! 
O negro zonzo saído da fornalha 
Tomou a palavra e respondeu 
- Sim pela graça de Deus 
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! 
E fizeram o Carnaval. 
(Andrade apud Cereja & Magalhães, 1995, p. 312.) 
 
Para o falante/usuário da língua o que conta é a praticidade. Se na lin-
guagem oral, ele dispõe de tanta liberdade para comunicar-se, por que não 
fazer uso dessa liberdade também na escrita? Não queremos dizer com 
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Língua Portuguesa A Opção Certa Para a Sua Realização 7
isso que devemos abolir, no ensino da língua, as regras que estruturam 
nosso sistema linguístico, mas que precisamos adaptá-las à realidade do 
falante. Por que não acompanhar na escrita a dinamicidade da língua? 
 
Concluindo, o ensino da língua pode contribuir para que o nosso aluno 
(falante competente da língua materna) aproprie-se de conhecimentos que 
permitam que ele não apenas chegue perto e contemple as palavras, mas 
que faça bom uso da chave que possui para que não dê respostas pobres 
ou terríveis às perguntas que lhe forem feitas. Julia Pereira Marques da 
Silva. 
 
ANÁLISE SEMÂNTICO-ARGUMENTATIVA DE UMA CRÔNICA DE JOSÉ 
SIMÃO: A RELEVÂNCIA DO FATOR TEXTUAL COERÊNCIA E DA 
ESTRATÉGIA DA SELEÇÃO LEXICAL 
 
CORRÊA, Julio César Portela - UEL (PG) 
 
Introdução 
Nosso trabalho tem por objetivo principal analisar, com base nas teori-
as da linguística textual e da semântica argumentativa, uma crônica humo-
rística de autoria do jornalista José Simão, publicada em outubro de 2006, 
no jornal Folha de S. Paulo. 
 
O autor estudado possui um estilo próprio e bastante despojado de es-
crever seus textos. Com sutis (eàs vezes, nem tanto) toques de humor, 
comenta e critica atitudes e acontecimentos do cotidiano no Brasil e no 
mundo, em diversas áreas. Seus textos abrangem assuntos desde a eco-
nomia e a política, até esportes e entretenimento. Embora utilize uma 
linguagem informal e objetiva, nem sempre parece fácil compreender o seu 
texto completamente. Esta aparente dificuldade será o principal enfoque do 
presente trabalho. 
 
Ao longo do artigo, procuramos examinar os diversos mecanismos tex-
tuais utilizados pelo autor, dentre eles a evidente e cuidadosa seleção 
lexical – e a importância dos fatores de coerência para completa compre-
ensão e interpretação de sua crônica. 
 
Referencial teórico 
A base teórica escolhida para este trabalho engloba aspectos da Se-
mântica Argumentativa ou Semântica da Enunciação, desenvolvida por 
Anscombre e Ducrot (1976) e da Linguística textual, cujos precursores 
foram Dressler (1974) e Beaugrande (1980). 
 
A Semântica Argumentativa traz a máxima de que a argumentação es-
tá na própria língua e que não é somente a estrutura do enunciado o bas-
tante para demonstrar todos os seus sentidos. A Argumentação tem origem 
remota, possuindo na Retórica, arte considerada suprema nos últimos cinco 
séculos antes de Cristo, sua descendência. Nesse período, a Retórica já 
possuía divisões de uso, as quais deram origem aos três gêneros de dis-
curso: forense, político e epidítico ou cerimonial. A argumentação compre-
ende uma série de estratégias das quais lança mão o enunciador – incluí-
se aí a estratégia da escolha lexical, em que se estabelecem as oposições, 
os jogos de palavras, as metáforas etc. – com a principal finalidade de 
persuadir seu interlocutor. Ao considerar a linguagem como um ato de 
persuasão, é possível deduzir que não há discurso neutro e um papel muito 
importante nesse jogo comunicativo é desempenhado pelo interlocutor, 
responsável pelas deduções (chamadas pela Linguística Textual de Infe-
rências) e interpretações do discurso. 
 
Nesse ponto há o encontro do que postula a Linguística Textual ao 
afirmar que a coerência, fator importantíssimo para a compreensão do 
texto/discurso, decorre de fatores dos mais variados: linguísticos, discursi-
vos, cognitivos, culturais, interacionais etc. 
 
Dentre esses fatores, os que observamos estar intimamente ligados 
com a leitura do texto em questão são os elencados por Koch e Travaglia 
(1995): a) conhecimento linguístico; b) conhecimento de mundo; c) conhe-
cimento partilhado; d) inferências; e) intertextualidade; f) intencionalidade e 
aceitabilidade; 
 
Ao decorrer da análise, é possível que haja alguns pontos de interse-
ção entre as duas teorias, visto que possuem algumas semelhanças, espe-
cialmente no que diz respeito às intenções do autor no momento de produ-
zir seu texto. 
 
Análise 
Logo no título “Buemba! O Lula pegou uma barbada!”, notamos as pis-
tas que o autor fornece do que será o seu texto. Apenas com esse fragmen-
to já é possível verificar o uso do recurso da Seleção Lexical. A expressão 
Buemba!, assim como outras tantas que veremos no decorrer do texto, são 
comuns e recorrentes em suas crônicas. Assim notamos que, ao selecionar 
repetir este termo para iniciar a crônica, o autor tem a intenção de chamar o 
leitor para a leitura. Desse modo, além de trazer algo familiar, demonstra 
que o texto que segue é de sua autoria, como uma marca registrada já 
utilizada em outros textos. Em seguida, o autor conta com o conhecimento 
de mundo do seu leitor, que acaba por ser também conhecimento partilha-
do entre autor e leitor, sem o qual é e será, em inúmeras outras partes do 
texto, impossível de se estabelecer a coerência, essencial para seu enten-
dimento. O autor espera que o leitor possua algumas informações prévias 
tais quais: O Lula citado, refere-se ao atual presidente da república e então 
candidato à reeleição (como já foi dito na introdução, a crônica foi publicada 
em outubro de 2006, época de eleições presidenciais), a expressão pegar 
uma barbada vem do Turfe e refere-se ao cavalo de um páreo que é consi-
derado favorito por sua comprovada superioridade em relação aos demais 
e por extensão, na linguagem coloquial, é também considerada qualquer 
competição fácil de ser vencida. Dessa forma, apenas com o título, o leitor 
já poderá inferir do que o texto irá tratar: política – especialmente a corrida 
presidencial e o possível favoritismo do candidato Lula. 
 
Como são característicos das crônicas deste autor, seus parágrafos 
possuem orações curtas, com muitas informações e pontuação bastante 
exclamativa. Isso, por si só, já demonstra uma necessidade de se escrever 
muito em pouco espaço (físico ou temporal) e, assim, sua escolhas, tanto 
lexicais como de argumentos e até mesmo de pontuação, devem ser as 
mais precisas possíveis, porém sem quase nenhuma oportunidade de auto-
explicação. 
 
O primeiro parágrafo inicia-se com uma espécie de auto-apresentação 
satírica: Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral 
da República! Direto do País do Pleito Caído!. Destacamos aí a escolha 
lexical, o jogo de palavras com o termo Pleito que, ao aproximar com o 
termo caído, torna aparente a homofonia entre pleito e peito, tornando a 
comparação cômica. Isso também ocorre com o pseudo-cargo criado pelo 
autor esculhambador-geral, que faz alusão a outros, de fato, existentes 
como, por exemplo, Procurador-Geral. Em seguida temos: Debate no 
SBesTeira! Num guento mais debate. Prefiro debater uma banana com 
Neston! E o Lulalelé só repete: 'o adversário só sabe vender, não sabe 
comprar'. Só o Lula sabe comprar: deputado, dossiê e avião! Rarará. Neste 
trecho, há vários jogos de palavras, deixando clara a escolha da linguagem 
coloquial e oral, percebida pelo uso de termos como guento e rarará. Há 
inclusive a paródia da sigla SBT, transformada em SbesTeira, explicitando 
a posição ideológica do autor em relação à emissora de TV. Além disso, o 
autor conta com o conhecimento de mundo do leitor para que o trecho 
tenha o sentido de humor pretendido, entre eles os fatos recentes da políti-
ca no país, envolvendo compra de deputados e de um dossiê por colegas 
de partido do candidato Lula, contra políticos de oposição ao seu partido e 
da aquisição de um novo avião, por parte do governo federal, apelidado de 
“Aerolula”. 
 
No segundo parágrafo temos: 
E por que o Geraldo Picolé de Chuchu só repete: 'Você, que está em 
casa! Você, que está em casa'. E quem tá no motel? Tem tara pra tudo! 
'Meu bem, vamos assistir o debate no motel?'. E o Lula fala tanto em fute-
bol que ele vai lançar um novo regime político: a TORCIDOCRACIA! Rara-
rá! 
 
Neste parágrafo, ficam evidentes duas críticas do autor: a primeira em 
relação à fala repetitiva do candidato Geraldo Alckmin e a crítica às recor-
rentes metáforas futebolísticas utilizadas pelo candidato Lula. No trecho, 
ainda é possível notar a despreocupação com a norma culta da língua 
portuguesa. O autor utiliza assistir o debate, embora a regência gramatical 
do verbo assistir, com o sentido de ver, observar, apreciar exige a preposi-
ção a, no caso, assistir ao debate. Ainda notamos que, por meio da seleção 
lexical utilizada pelo autor na atribuição da alcunha Picolé de Chuchu ao 
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candidato Geraldo, é possível inferir seu conceito de pouca estima em 
relação ao candidato. 
 
No terceiro parágrafo, notamos: 
E já tem gente cantando a vitória do Lula, pegou uma barbada! Barbu-
do pega uma barbada! E, se dependesse do público masculino, a Ana 
Paula Padrão teria levado no primeiro turno. E eu tenho uma sugestão pro 
Geraldo derrubar o Lula. Tem um cavalo que corre no JockeyClub de 
Buenos Aires chamado El Seka Lula. Compra o cavalo, importa o cavalo. 
Cavalo argentino derruba o Lula. Rarará! 
 
Neste parágrafo, o autor retoma o título do texto, acrescentando-lhe 
mais um jogo com as palavras barbada e barbudo, contando mais uma vez 
com o conhecimento prévio do leitor em relação às características físicas 
de Lula. Além de fazer uma observação cômica e um pouco machista em 
relação à mediadora do debate realizado entre os presidenciáveis, Ana 
Paula Padrão, o autor utiliza, também com humor, a polissemia do verbo 
derrubar. 
 
No quarto parágrafo, o texto deixa um pouco de lado a política para tra-
tar de assuntos ligados ao mundo do entretenimento, vejamos: 
E a Madonna? A Madonna quer adotar um menino malauiano. Tá mais 
fácil adotar um goiano! E eu queria ser filho da Madonna. Primeiro pra 
chamar a Madonna de mamãe. E segundo que, se eu fosse filho da Ma-
donna, ia mamar até os 15. Rarará! E eu já disse que a grande sensação 
do Salão do Automóvel é a minivan chinesa: a Chana! E aí um leitor me 
perguntou: e se um Picasso der uma porrada na Chana é acidente de 
trânsito ou estupro? Rarará. E diz que a Clodoveia, ops o Clodovil, assim 
que entrar no Congresso vai gritar: 'Quero todos os membros em pé!'. E 
nem precisa cantar o Hino Nacional! Rarará. E na Mostra vai ter mulher 
pelada? Porque eu só vou em Mostra que mostra tudo. É mole? É mole, 
mas sobe. Ou, como diz aquele outro: é mole, mas chacoalha pra ver o que 
acontece! 
 
Novamente o autor conta com o conhecimento partilhado entre autor e 
leitor para se fazer compreender. Primeiro o leitor necessita saber que 
Madonna é uma famosa cantora norte-americana, considerada por diversas 
vezes símbolo sexual e que, em visita à África, interessou-se, como dito, 
em adotar uma criança que se encontrava em situações precárias. A partir 
desse mote, o autor aproveita para fazer uma piada com conotações sexu-
ais. Em seguida, ao comentar sobre um automóvel denominado Chana, 
aproveita a homofonia do termo com outra palavra que na linguagem popu-
lar denomina o órgão reprodutor feminino, considerada tabuísmo. Assim, 
utiliza mais uma vez a polissemia do nome próprio para fazer piada com 
outro modelo de automóvel Picasso. O autor segue abusando da seleção 
lexical, por meio da polissemia e do conhecimento de mundo por parte do 
leitor para fazer piada com o estilista, homossexual assumido e deputado 
federal eleito, Clodovil Fernandes e com uma Mostra, sobre a qual não dá 
detalhes. Ao final do parágrafo, encerra com uma expressão popular É 
mole? A qual é utilizada como pretexto para satirizar, mais uma vez, com 
possíveis conotações sexuais. 
 
No penúltimo parágrafo do texto, o autor conta com mais um fator de 
coerência, o intertexto dos termos reloaded e a missão, que se relacionam 
a sequências de obras cinematográficas e, assim as utiliza para dar o 
mesmo sentido de continuação à sua campanha, vejamos: 
 Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha vulcânica e 
mesopotâmica campanha 'Morte ao Tucanês'. Acabo de receber mais um 
exemplo irado de antitucanês. É que em Recife tem uma rua chamada 
Beco da Facada. Uau. Parece Dias Gomes. Viva o antitucanês. Viva o 
Brasil! 
 
O tucanês aqui pode ser entendido como um discurso mais formal e 
rebuscado utilizada por políticos filiados a um partido cujo símbolo é o 
tucano. Além disso, ocorre mais um intertexto: ao considerar Beco da 
Facada, um exemplo de antitucanês, acrescenta a opinião de que parece 
Dias Gomes. No caso, a comparação é em relação à linguagem direta e 
clara do dramaturgo. Sem esses conhecimentos e informações extralinguís-
ticas, o trecho tornar-se-ia bastante incoerente para o leitor. 
 
O lulês, ao contrário do tucanês, é considerado pelo leitor uma língua 
mais fácil, assim tem o exemplo do último parágrafo: 
 E atenção. Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. 'Repe-
tente': companheiro que vai votar de novo no PT. Rarará. O lulês é mais 
fácil que o inglês. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou 
pingar o meu colírio alucinógeno. Chega de pleito! Queremos blunda! 
 
Mais uma vez o autor é bastante criativo ao fazer um jogo de palavras 
com o termo repetente. E, novamente, o conhecimento partilhado com o 
leitor é imprescindível para produzir os efeitos de sentido necessários. Ao 
final, utiliza, nessa crônica, expressões já bastante conhecidas por seus 
leitores, devido ao fato de sempre repeti-las ao final de seus textos e encer-
ra mais uma vez com um jogo de palavras, com a palavra pleito (o mesmo 
que disputa) e neologismo, blunda. Tudo para manter o tom cômico e bem-
humorado, presente em todo o texto. 
 
Conclusão 
Diante dessa análise, é possível concluir que, de fato a seleção lexical 
exerceu um relevante e decisivo papel na produção da crônica. O cuidado 
com a escolha dos termos fez com que ocorressem os efeitos de humor, 
sátira e crítica pretendidos. 
 
No entanto, a aparente facilidade de leitura, em virtude de ser um texto 
curto, em linguagem direta, traz, na verdade, uma certa dificuldade e exige 
um leitor altamente qualificado. Ou seja, para ser compreendido em todos 
os seus possíveis sentidos, o texto necessita de um leitor que possua 
conhecimentos abrangentes de atualidades em diversas áreas e assuntos, 
sem os quais o texto não atingiria sequer o objetivo de ser cômico. 
 
Assim, a preocupação do autor em persuadir o leitor fica evidente, em-
bora na mesma proporção, se faz necessária um amplo conhecimento 
extralinguístico por parte do leitor para fazer inferências e, no jogo discursi-
vo, compreender, acatar ou discordar das posições ideológicas do autor. 
 
 
TIPOLOGIA TEXTUAL 
 
TEXTOS LITERÁRIOS 
São textos que privilegiam a mensagem pela própria mensagem. Ne-
les, interessa primordialmente como se combinam de acordo com padrões 
estéticos, os diferentes elementos da língua, para dar uma impressão de 
beleza. No processo de construção dos textos literários, o verbo "escrever", 
tal como expressou Barthes, converte-se em verbo intransitivo: o escritor 
detém-se na própria escrita, joga com os recursos linguísticos, transgredin-
do, com frequência, as regras da linguagem para liberar sua imaginação e 
fantasia na criação de mundos fictícios. 
 
Diferentemente dos textos informativos, nos quais o referen te é 
transparente, os textos literários são textos opacos, não explícitos, com 
muitos vazios ou espaços em branco, indeterminados. Os leitores, então, 
devem unir todas as peças em jogo: a trama, as personagens e a 
linguagem; têm de preencher a informação que falta para construir o 
sentido, fazendo interpretações congruentes com o texto e com seus 
conhecimentos prévios do mundo. Os textos literários exigem que o leitor 
compartilhe do jogo da imaginação para captar o sentido de coisas não 
ditas, de ações inexplicáveis, de sentimentos não expressos. 
 
Embora todos os textos tenham um "repertório", um território que nos é 
familiar, porque envolvem realidades extratextuais (lugar e tempo das 
ações; normas e valores representados; alusões ou referências a pessoas, 
lugares e coisas que existem fora do texto; elementos e tradições literárias, 
etc.), não basta conhecer estas realidades para compreender o texto literá-
rio: é necessário fundamentalmente extrair as múltiplas perspectivas e os 
múltiplos níveis de associação que o texto nos oferece. 
 
O texto literário, que permite o desenvolvimento de todas as virtualida-
des da linguagem e, portanto, que é o espaço de liberdade da linguagem, 
sem as restrições das normas, permite-nos ler "para nada", para não fazer 
nada depois da leitura; somente nos leva pela imaginação; porém, também 
pode permitir-nos analisar os mecanismos empregados pelo autor para 
produzir beleza, tentar recriar estes mecanismos em novas criações, de-
sentranhar os símbolos que estruturam a mensagem, brincar com a musi-
calidade das palavras liberadas de sua função designativa, etc. 
 
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