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Aula 12. Normas gerais em matéria tributária Questões: 1. Precisar o sentido da expressão “normas gerais de direito tributário”, a partir da análise do termo “gerais”. R. Normas gerais são todas aquelas estabelecidas pelo poder legislativo nacional (Congresso Nacional legislando em nome da República e não da União Federal), aplicável a todos os entes tributantes, ou apenas a alguns deles, mas sempre por mandamento constitucional. Estas normas gerais têm por função estabelecer regras de tributação e maneira isonômica em todo o território nacional, limitando o exercício independente da competência legislativa dos entes tributantes, mas, uma limitação prevista pelo legislador constituinte originário, que é absoluto e soberano. 2. Diferençar lei complementar nacional de lei complementar federal. R. As leis complementares expedidas pelo Congresso Nacional, quanto à sua veiculação, podem ser nacionais ou federais. Leis nacionais são as que alcançam a União, os Estados e os Municípios e são “voltadas para todos os brasileiros” (ATALIBA, 1980, p. 62). A lei federal é a referente à União e dirigida aos seus administrados. É exemplo de lei complementar nacional a que trata de normas gerais sobre Direito Financeiro e Tributário (ATALIBA, 1980, p. 61). Lei complementar sobre empréstimo compulsório é exemplo de lei federal, pois somente a União pode instituir esse tributo (ALVES, 1991, p. 303). 3. Explicar as diferenças entre as correntes dicotômica e tricotômica na aplicação das normas gerais de direito tributário, posicionando-se perante a questão. R. Para a corrente tricotômica, baseada em uma interpretação sistemática, buscando conteúdo para cada um dos incisos do art. 146 da Constituição Federal, a lei complementar desempenha as três funções acima enumeradas, todas elas independentes entre si. Para a corrente dicotômica, baseada em uma interpretação também sistemática, a lei complementar somente teria uma única função, a de estabelecer normas gerias em direito tributário. Essas normas gerais poderiam tratas apenas sobre duas matérias especificas, a disposição sobre conflitos de competência e a regulação de limitações ao poder tributar. Visto isso, acredito que a corrente dicotômica estaria ultrapassada, pois a lei complementar pode, sem ferir qualquer princípio constitucional já limitado, estabelecer regras aplicáveis aos outros entes. 4. O art. 3° da LC 116/03 prescreve que, para fins de incidência do ISS, considera-se local da prestação do serviço o estabelecimento prestador, preceitua, porém uma série de exceções. Pergunta-se: a. A norma veiculada pelo artigo 3° é geral (art. 146, III da CF) ou dirime conflito de competência (art. 146, I da CF)? R. É norma geral. b. A legislação ordinária municipal deve observar tal mandamento? R. Sim, o local do estabelecimento prestador é eleito pelo art. 3º da Lei Complementar nº 116/2003 como um dos aspectos espaciais do fato gerador do ISS que define o local de pagamento do imposto, isto é, define o Município competente para tributar. c. Pode a lei complementar em caráter geral ampliar ou limitar a competência impositiva dos municípios estabelecida na CF? R. Sim, pois as lei complementares quando nacionais alcançam a União, os Estados e os Municípios, podendo limitar a competência destes. 5. A LC 70/91 estabeleceu isenção da COFINS para as sociedades civis de prestação de serviços profissionais, que foi revogada pelo art. 56 da Lei 9.430/96. Pergunta-se: a. Que posição ocupa, no sistema jurídico, norma inserida por lei complementar que dispõe sobre matéria de lei ordinária? R. A lei complementar é espécie normativa superior à lei ordinária, independentemente da matéria que regula. Todas as leis, complementares ou não, têm a mesma eficácia jurídica, e umas e outras se interpretam segundo as mesmas regras destinadas a resolver conflitos de leis no tempo. b. Pode lei ordinária revogar norma introduzida por lei complementar? Neste caso, há que se falar que a isenção da COFINS para as sociedades civis de prestação de serviços profissionais está revogada? R. A lei ordinária não pode revogar uma Lei Complementar, tendo em vista o respeito ao princípio da hierarquia das normas e consequentemente, ao princípio do devido processo legal, inscrito no inciso LIV do art. 5º da CF, aplicável integralmente ao processo legislativo. A referida alteração foi questionada junto do Poder Judiciário sob o argumento de que uma Lei Ordinária não poderia alterar um benefício concedido através de uma Lei Complementar (princípio da hierarquia das Leis). O Superior Tribunal de Justiça em 03/03/1998 ao julgar o primeiro processo a respeito da matéria decidiu no sentido de que as Sociedades Civis eram isentas do pagamento da COFINS, não prevalecendo a alteração contida no artigo 56 da Lei nº 9.430/96. No ano de 1999 ocorreram mais 2 (dois) julgados, em 2000 mais 3 (três) julgados, em 2001 mais 4 (quatro), todos dentro da mesma linha de raciocínio, isentando da COFINS as Sociedades Civis. A partir de 2002, houveram diversas ações versando sobre o mesmo tema, e então firmou-se a jurisprudência em ambas as Turmas de Direito Público no sentido de que realmente a Lei Ordinária n.º 9.430/96 não poderia alterar o benefício concedido pela Lei Complementar n.º 70/91. Até que em 2003 após reiteradas decisões e julgados, mais de 60 (sessenta), todos favoráveis aos contribuintes, o STJ editou a Súmula n.º 276, com o seguinte enunciado: "Súmula n.º 276 – As sociedades civis de prestação de serviços profissionais são isentas da Cofins, irrelevante o regime tributário adotado." Em 08.10.2003, após o pedido de uma nova análise a respeito da Súmula, por 6 votos a 2 o Superior Tribunal de Justiça decidiu colocar uma pedra sobre o assunto mantendo o texto da referida súmula, ou seja, prevalece a isenção contida na Lei Complementar n.º 70/91, sendo isentas da COFINS as Sociedades Civis. Entretanto, o assunto foi parar no Superior Tribunal Federal - STF, dada a insistência do governo federal em receber os valores da COFINS sobre tais sociedades. Lamentavelmente, o STF tem se posicionado favoravelmente ao Executivo, revertendo clara e nítida tendência jurisprudencial que o STJ havia firmado (como exemplo: RE-AgR 574052 / SP). Ou seja: a Receita Federal autuará as S/C que não tenham recolhido a COFINS, e a tendência jurisprudencial do STF é que este lançamento seja mantido.
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