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Vacinação: conceitos, importância e histórico. A vacina é uma preparação biológica que, ao ser aplicada, estimula o organismo a produzir anticorpos e/ou células de defesa que protegem a pessoa vacinada contra doenças infecciosas, em geral causadas por vírus ou por bactérias. Sabe-se que existem numerosas vacinas que são adotadas mundialmente para a prevenção de uma série de doenças (imunopreveníveis), ou melhor, essas doenças que podem ser evitadas por um processo de resposta imune induzido pela vacinação. No geral, a produção das vacinas envolve a preparação de uma solução, por base o agente causador da doença que pode ser um vírus ou bactéria, que se quer evitar. Esse patógeno pode estra inativo, atenuado ou modificado em laboratório. Outras técnicas de biologia molecular permitem ainda, o uso de informações genéticas para simular o patógeno. Com isso, a vacina administrada desperta no organismo uma resposta imunológica por meio da produção de anticorpos específicos e/ou de estímulo a células de defesa. No caso de contato futuro com o patógeno, essas células de defesa serão capazes de reconhecê-lo e contê-lo, impedindo o desenvolvimento da doença. Existem vacinas que protegem contra uma doença única, como a vacina contra a poliomielite, e vacinas combinadas, que protegem contra mais de uma doença, como é o caso da vacina tríplice viral e da pentavalente. Qual a importância das vacinas Reduzir a incidência de doenças imunopreveníveis. Evitar/reduzir a morbimortalidade. Reduzir casos graves e óbitos. Promover a proteção coletiva. Além de sua importância para a proteção da saúde das pessoas que são vacinadas, as vacinas também são relevantes por gerarem uma proteção coletiva. Quando aplicadas em larga escala, em uma grande parte da população, ou seja, quando se consegue alcançar uma alta cobertura vacinal da população que precisa ser imunizada, as vacinas permitem conter a transmissão de doenças infecciosas, impactando positivamente na saúde de daqueles que não serão vacinados, uma vez que passam a estar protegidos indiretamente. Cobertura vacinal é a proporção da população alvo vacinada com determinada vacina em relação ao total da população alvo que deveria ser vacinada em determinado local e tempo. Um pouco de história As vacinas têm uma história que começou no final do século 18. E a partir do final do século 19, as vacinas puderam ser desenvolvidas em laboratórios. No entanto, no século 20, tornou-se possível desenvolver vacinas baseadas em marcadores imunológicos. No século 21, a biologia molecular permite o desenvolvimento de vacinas que antes não eram possíveis. Um dos capítulos mais brilhantes da história da ciência é o impacto das vacinas na longevidade e na saúde humana. A Organização Mundial de Saúde destaca as vacinas como uma das intervenções de saúde pública mais efetivas, em termos de vidas salvas e benefícios econômicos. Era no século XVII a varíola matava cerca de 400 mil pessoas por ano. Em 1789, o médico inglês Edward Jenner (1749-1824) começou a observar que as pessoas que ordenhavam vacas não contraíam a varíola, desde que tivessem adquirido forma animal da doença. Em 1796, Jenner extraiu o pus da mão de uma ordenhadora que havia contraído a varíola bovina e o inoculou em um menino saudável. Ele, então, expôs repetidamente o menino à varíola. Sua teoria era que seu jovem ficaria imune à varíola após a inoculação. Foi um procedimento radical e arriscado, improvável de ser aprovado nos comitês de ética em pesquisas atuais - e que poderia ter matado o menino. Mas funcionou! Essa pequena vitória encorajou o médico a colocar em prática seus estudos, o que resultou em um relatório que provou que sua vacina era segura em crianças e adultos. Estabelecido e comprovado o princípio da vacinação, seu estudo continuou, agora seria a aplicação desse novo método a outras doenças. Jenner, o pai fundador da imunização, abriu um novo ramo da ciência, mas caberia a uma nova geração de pensadores inovadores impulsionar a vacinação. Observações empíricas subsequentes no século 19 observaram que patógenos com virulência reduzida e até bactérias patogênicas mortas também agiam como vacinas. Essa descoberta permitiu o desenvolvimento de vacinas de patógenos totais atenuadas e inativadas, iniciadas pelo trabalho de Louis Pasteur e Robert Koch. Após a descoberta de Jenner, foi Louis Pasteur que avançou na imunização. Em 1879, ele produziu a primeira vacina desenvolvida em laboratório como parte de seus esforços para imunizar contra o cólera das galinhas. Com todos esses avanços, a vacinação ganhou atenção e tornou-se uma questão de prestígio, com as leis de vacinação obrigatória implementadas no final do século XIX, ao redor do mundo. Durante o século 20, várias vacinas bem sucedidas foram introduzidas (contra difteria, sarampo, caxumba e rubéola), mas o grande destaque resultou do desenvolvimento da vacina contra a poliomielite (década de 1950) e da erradicação da varíola (1960 - 1970). O desenvolvimento de novas vacinas caminhou lado a lado com os ciclos de inovação na ciência. Foram as novas descobertas científicas e tecnologias das últimas décadas que levaram a um avanço mais rápido na biologia molecular, virologia e vacinologia. A realização de campanhas de vacinação em massa fez com que, dois séculos depois da descoberta, a varíola fosse a primeira doença erradicada do mundo por causa de uma vacina. O último caso de varíola notificado no Brasil foi em 1971 e, no mundo, em 1977 na Somália. O anúncio da erradicação da varíola foi realizado na Assembleia Mundial da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 8 de maio de 1979. Capa da edição da Revista da OMS, em maio de 1980 Fonte: Agência Fiocruz História das Vacinas no Brasil As vacinas transformaram a saúde pública, principalmente após o estabelecimento de programas nacionais de imunização na década de 1960. Ao lado da água potável, as vacinas são a maior conquista de saúde pública mundial. O Brasil tem uma longa experiência no enfrentamento de doenças infecciosas por meio de imunização. As primeiras tentativas reportadas remetem ao século XIX, nos períodos Colonial e Imperial, quando houve iniciativas pontuais de vacinação contra a varíola, porém sob grande resistência. No início do século XX, são bem documentadas as campanhas de vacinação promovidas por Oswaldo Cruz, principalmente para o controle da varíola e da febre amarela. A Fundação Oswaldo Cruz (instituição federal vinculada ao Ministério da Saúde, que completou 120 anos em 2020) e o Instituto Butantan (instituição centenária ligada ao governo do estado de São Paulo) foram fundamentais para o desenvolvimento da capacidade nacional de produção de vacinas no país. Isso foi fundamental para viabilizar a disponibilidade de vacinas para a população brasileira ao longo das décadas, favorecendo o controle de numerosas doenças infecciosas, com redução de incidência e mortalidade. História da vacina no Brasil - Febre Amarela Clementino Fraga com integrantes da Brigada de combate a epidemia de Febre Amarela (1928). Em 1973 foi formulado o Programa Nacional de Imunizações - PNI, por determinação do Ministério da Saúde, com o objetivo de coordenar as ações de imunizações que se caracterizavam, até então, pela descontinuidade, pelo caráter episódico e pela reduzida área de cobertura. Programa Nacional de Imunizações – PNI: trajetória, conquistas e desafios Nos anos 1970, em consonância com o movimento internacional, o Brasil logrou erradicar a varíola no país, após ter vacinado mais de 80 milhões de pessoas, tendo sido o último caso da doença reportado no país em 1971. Esse sucesso favoreceu a criação nopaís em 1973 do Programa Nacional de Imunizações (PNI), com o propósito de coordenar ações de vacinação e ampliar sua cobertura no território brasileiro. Assim, o PNI, que inicialmente oferecia cinco vacinas (BCG (tuberculose), DTP (difteria, tétano coqueluche), sarampo, poliomielite e antivariólica), ao longo das décadas seguintes logrou expandir a cobertura vacinal no país e incorporar novas vacinas, ganhando importante reconhecimento nacional e internacional. Na década de 80, além da vacinação rotineira em unidades de saúde, a instituição realizava os “dias nacionais de vacinação”. Essas campanhas contribuíram para impulsionar o Programa. O PNI oferecia pela rede pública de então a BCG oral, BCG-ID, oral contra poliomielite, contra sarampo monovalente, DTP, toxoide tetânico e antivariólica. O PNI tem como objetivo coordenar as ações de imunizações no país e reduzir a morbimortalidade por doenças imunopreveníveis, a partir do fortalecimento de ações integradas de vigilância para promoção, proteção e prevenção em saúde da população brasileira, desenvolvendo e aperfeiçoando ferramentas para possibilitar a melhor instrumentalização e qualificação das atividades de vacinação em todo o território nacional”. Na esfera federal, o PNI integrar a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, desde 2003, sob responsabilidade da Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI). Evolução do Zé Gotinha, que nasceu como símbolo da campanha de vacinação pela erradicação da pólio, em 1986. Fonte: Ministério da Saúde Ao longo das décadas seguintes logrou expandir a cobertura vacinal no país e incorporar novas vacinas, ganhando importante reconhecimento nacional e internacional. Na década de 80, além da vacinação rotineira em unidades de saúde, a instituição realizava os “dias nacionais de vacinação”. Essas campanhas contribuíram para impulsionar o Programa. Uma conquista importante foi a eliminação da poliomielite no país, reconhecida pela OMS em 1994, cinco anos após o último caso ter sido reportado no Brasil (1989). Atualmente, a doença está presente em poucos países do mundo e em número reduzido de casos. Outra conquista relevante foi a eliminação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita. Sarampo volta ao mapa Leia sobre a volta do sarampo em 2018 na página da Fiocruz Sarampo de volta ao mapa (fiocruz.br) A eliminação do sarampo esteve relacionada a um esforço no plano global, com uma participação importante de especialistas brasileiros. Infelizmente a doença persistiu em outros países e foi reintroduzida no Brasil em 2018, se espalhando no território nacional. http://www.blog.saude.gov.br/index.php/servicos/32941-zegotinha-conheca-a-historia-do-simbolo-da-vacinacao-no-brasil https://portal.fiocruz.br/noticia/sarampo-de-volta-ao-mapa A trajetória virtuosa do PNI também impulsionou outros avanços na vigilância em saúde no país, como a organização de sistemas de informações sobre as doenças de notificação compulsória e a organização dos laboratórios de saúde pública e a da vigilância no âmbito dos serviços de saúde. Fonte: SI-PNI O Sistema de Informações do programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) oferece agilidade no registro das informações sobre os imunobiológicos administrados no país. Por meio do PNI, o Brasil conta com calendários de vacinação criteriosos, que contemplam todas as fases da vida, associados a campanhas de vacinação periódicas. Essas ações também foram fundamentais para a eliminação da poliomielite infantil e para a redução da morbimortalidade, da frequência ou da gravidade associada a uma série de doenças, como sarampo, rubéola, caxumba, difteria, tétano, coqueluche, meningites e pneumonias, entre outras. Calendário Nacional de Vacinação O Calendário Nacional de Vacinação compreende 19 vacinas, com recomendações relativas a diferentes grupos: crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas. Você pode acessar o Calendário de Vacinação do Programa Nacional de Imunizações no aplicativo ConecteSUS. (ConecteSUS (saude.gov.br)) O site do Ministério da Saúde tem uma página exclusiva sobre o Calendário. Acesse para saber mais (Calendário Nacional de Vacinação — Português (Brasil) (www.gov.br)) Parte expressiva das vacinas que integram o Calendário Nacional de Vacinação são produzidas por instituições brasileiras, com destaque para Bio- Manguinhos/Fiocruz e Instituto Butantan. O Brasil é um dos países que oferece o maior número de vacinas à população, disponibilizando um calendário de vacinação que atende todas as fases da vida. Atualmente, existem mais de 38 mil salas de vacinação, 52 Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE) e são distribuídas mais de 300 milhões de doses anuais, entre 46 imunobiológicos, incluindo vacinas, soros e imunoglobulinas. Referências: Links: Curso de atualização para o trabalhador da sala de vacinação : manual do aluno [recurso eletrônico] (saude.gov.br); RedeFrio_Livro 1_v04.indb (scielo.org); Livro Vacinas no Brasil-1.pdf (fiocruz.br) Calendário Nacional de Vacinação — Português (Brasil) (www.gov.br); Perfil | Passei Direto Lista> Vacinação.. http://sipni-gestao.datasus.gov.br/si-pni-web/faces/inicio.jsf https://conectesus.saude.gov.br/home https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z-1/c/calendario-de-vacinacao https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z-1/c/calendario-de-vacinacao https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z-1/c/calendario-de-vacinacao https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z-1/c/calendario-de-vacinacao http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/curso_atualizacao_sala_vacinacao_aluno_3edicao.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/curso_atualizacao_sala_vacinacao_aluno_3edicao.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/curso_atualizacao_sala_vacinacao_aluno_3edicao.pdf http://books.scielo.org/id/m4kn3/pdf/silva-9786557080917.pdf https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/45003/2/Livro%20Vacinas%20no%20Brasil-1.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z-1/c/calendario-de-vacinacao https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z-1/c/calendario-de-vacinacao https://www.passeidireto.com/perfil/5323749/
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