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1. O que é uma vacina, qual seu mecanismo de ação no corpo e quais seus tipos? Princípios e efeitos da vacinação O desenvolvimento de vacinas com base no modelo da vacina da varíola é a aplicação mais importante da imunologia. Hoje, sabemos que as inoculações de Jenner funcionaram porque o vírus da varíola bovina, que não é um patógeno grave, está intimamente relacionado ao vírus da varíola humana. A inoculação, feita por raspagem da pele, provocava uma resposta imune primária nos receptores, ocasionando a formação de anticorpos e células de memória de vida longa. Mais tarde, quando o receptor se deparava com o vírus da varíola, as células de memória eram estimuladas, produzindo uma resposta imune secundária rápida e intensa (ver Figura 17.17, p. 486). Essa resposta mimetiza aquela obtida na recuperação da doença. Em pouco tempo, a vacina da varíola bovina foi substituída por uma vacina contendo o vírus vaccínia. O vírus vaccínia também confere imunidade à varíola, embora, estranhamente, pouco se saiba, com certeza, sobre a origem desse importante vírus. Ele é geneticamente distinto do vírus da varíola bovina e pode ser um híbrido de uma mistura acidental dos vírus da varíola bovina e da varíola humana, ou talvez tenha sido, em algum momento, a causa de uma doença já extinta, a varíola equina. Tipos de vacinas e suas características Existem diversos tipos básicos de vacinas. Algumas das vacinas mais modernas tiram vantagem do conhecimento e das tecnologias desenvolvidos nos últimos anos. -Vacinas vivas atenuadas O enfraquecimento deliberado, chamado de atenuação, pode conduzir à produção de vacinas vivas atenuadas. Quando começou a se utilizar a prática do uso das culturas de células para a produção de vírus, percebeu-se que o cultivo de células por um longo período era, em si, uma maneira de atenuar vírus patogênicos. Essa descoberta expandiu o número de doenças passíveis de prevenção, sobretudo para seres humanos. As vacinas vivas mimetizam fielmente uma infecção real. À medida que o patógeno se multiplica no interior das células do hospedeiro, a imunidade celular, bem como a humoral, geralmente são induzidas. A imunidade vitalícia, em especial no caso dos vírus, costuma ser alcançada sem imunizações de reforço, e uma taxa de 95% de eficácia não é incomum. Essa eficácia de longa duração ocorre provavelmente porque os vírus atenuados se replicam no organismo, aumentando a dose original e agindo como uma série de imunizações secundárias (reforços). -Vacinas mortas inativadas As vacinas mortas inativadas utilizam micróbios mortos geralmente pela formalina ou pelo fenol. As vacinas de vírus inativados utilizadas em seres humanos incluem a da raiva, gripe (influenza) (Figura 18.1) e pólio (a vacina Salk). De modo geral, essas vacinas são consideradas mais seguras do que as vacinas vivas. As vacinas de bactérias inativadas incluem aquelas contra a pneumonia pneumocócica e cólera. Comparadas às vacinas vivas atenuadas, as vacinas inativadas geralmente requerem doses repetidas de reforço. Elas também induzem principalmente uma imunidade humoral de anticorpos, o que as torna menos efetivas do que as vacinas atenuadas na indução de uma imunidade celular -Vacinas de subunidades As vacinas de subunidades utilizam apenas fragmentos antigênicos de um microrganismo que melhor estimulam uma resposta imune. Isso evita os perigos associados ao uso de organismos patogênicos vivos ou mortos. As vacinas de subunidades que são produzidas por técnicas de engenharia genética – ou seja, outros micróbios são programados para produzir a fração antigênica de interesse – são chamadas de vacinas recombinantes. Por exemplo, a vacina contra o vírus da hepatite B consiste em uma porção da proteína do capsídeo viral que é produzida por uma levedura geneticamente modificada As vacinas de partículas semelhantes a vírus (VLP, de virus-like particle) assemelham-se a vírus intactos, mas não apresentam nenhum material genético viral. As vacinas contra o papilomavírus humano (HPV, de human papillomavirus), responsável por muitos tipos de câncer cervical e verrugas genitais, também são vacinas de VLP. Os toxoides, que são toxinas inativadas, são vacinas dirigidas contra as toxinas produzidas por um patógeno. Por muito tempo, os toxoides do tétano e da difteria têm sido parte do programa padrão de imunização infantil. O indivíduo necessita de uma série de imunizações para adquirir imunidade completa, seguida por reforços a cada 10 anos -Vacinas conjugadas As vacinas conjugadas foram desenvolvidas nos últimos anos para resolver o problema da resposta imune reduzida de crianças a vacinas com base em cápsulas polissacarídicas. Os polissacarídeos são antígenos T-independentes, e o sistema imune infantil não responde muito bem a esses antígenos até os 15 a 24 meses de idade (ver Figura 17.7, p. 477). Os polissacarídeos são combinados a proteínas, como o toxoide diftérico ou tetânico; essa abordagem permitiu a produção da vacina bem-sucedida contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib), que fornece proteção significativa até mesmo aos 2 meses. -Vacinas de ácido nucleico (DNA) As vacinas de ácido nucleico (DNA) induzem o recipiente a produzir a proteína antigênica.
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