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As cartas de São Paulo aos Coríntios

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As cartas de São Paulo aos 
CORÍNTIOS 
CADERNOS DE ESTUDO BÍBLICO 
As cartas de São Paulo aos 
CORÍNTIOS 
Com introdução, comentários e notas de 
Scott Hahn e Curtis Mitch 
e questões para estudo de 
Dennis Walters 
Tradução de Alessandra Lass 
ECCLESIAE 
As cartas de São Paulo aos coríntios - Cadernos de estudo bíblico 
Scott Hahn e Curtis Mitch 
l" edição - janeiro de 2017 - CEDET 
Título original: The First and Second Letters of Saint Paul to the Corinthians (Catholic Study Bible) - © 
Ignatius Press. 
Os direitos desta edição pertencem ao 
CEDET - Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico 
Rua Ângelo Vicentin, 70 • CEP: 13084-060 - Campinas - SP 
Telefone: 19-3249-0580 
e-mail: livros@cedet.com.br 
Editor: 
Diogo Chiuso 
Editor-assistente: 
Thomaz Perroni 
Tradução: 
Alessandra Lass 
Revisão: 
Gabriel Corrêa 
Editoração: 
Virgínia Morais 
Capa 
J. Ontivero 
Conselho Editorial: 
Adelice Godoy 
César Kyn d'Avila 
Diogo Chiuso 
Silvio Grimaldo de Camargo 
Thomaz Perroni 
� ECCLESIAE - www.ecclesiae.com.br 
Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer 
meio ou forma, seja ela eletrônica ou mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer meio. 
SUMÁRIO 
I N T RODUÇÃO A E S T E E S TUDO • 7 
Insp iração e inerrân cia bíblica • 8 
Auto ridade bíblica • 9 
Os sentidos da Sagrada Escritu ra • 1 o 
Critérios para a interp retação da bíblia • 1 3 
Usando este estudo • 1 5 
Colocando tudo em perspectiva • 1 7 
Uma nota final • 1 7 
I N TRODUÇÃO À PRIMEIRA CA RTA DE SÃO PAULO A O S C O RÍN T I O S • 19 
A uto ria e data • 1 9 
Destinatários • 19 
Propósito • 20 
Temática e ca racterísticas • 20 
E S QUEMA DA PRIMEIRA CA RTA DE S ÃO PAULO A O S C O RÍN T I O S • 23 
A PRIMEIRA CA RTA DE SÃO PAULO AO S C O RÍN T I O S • 2 5 
Estudo da palavra: Sabedoria ( 1 Cor 1 , 20) • 28 
Estudo da palavra: Perderá ( 1 Cor 3, 1 5) • 34 
Estudo da palavra: Santificados ( 1 Cor 6, 1 1 ) • 42 
Ensaio so bre um tóp ico: Fugi da devassidão, fugi da idolatria • 42 
Ensaio so bre u m tóp ico: Paulo, comida aos ídolos e o Concílio de 
Jerusalém • 5 1 
I N T RODUÇÃO À SEGUNDA CARTA DE S ÃO PAULO A O S C O RÍN T I O S • 8 3 
A utoria e data • 8 3 
Destinatários • 8 3 
Propósito • 84 
Temática e características • 84 
E S QUEMA DA SEGUNDA CA RTA DE SÃO PAULO A O S C O RÍN T I O S • 87 
A SEGUNDA CA RTA DE SÃO PAULO A O S C O RÍN T I O S • 89 
Estudo da palavra: Amém ( 2 C o r 1 , 20 ) • 92 
Estudo da palavra: Nos faz sempre triunfar (2 Cor 2, 4) • 9 5 
Ensaio so b re um tóp ico: Não é obra de mãos humanas • I 04 
Estudo da palavra: Inábil (2 Cor 1 1 , 6) • II 9 
Estudo da palavra: Paraíso (2 Cor 1 2, 3) • I 2 I 
QUE S TÕES PA RA E S TUDO • I 2 5 
INTRODUÇÃO A ESTE ESTUDO 
Você está se aproximando da "palavra de Deus". Esse é o título mais freqüente­
mente atribuído à Bíblia pelos cristãos e é uma expressão rica em significado. Esse é 
também o título atribuído à segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Deus Filho 
- Jesus Cristo, que se encarnou para a nossa salvação "e é chamado pelo nome de 
Palavra de Deus" (Ap 19, 13; cf. Jo 1, 14).' 
A palavra de Deus é a Sagrada Escritura. A Palavra de Deus é Jesus. Essa associa­
ção sutil entre a palavra escrita de Deus e sua Palavra eterna é intencional e presente 
na tradição da Igreja desde a primeira geração de cristãos. "Toda a Escritura divina 
é um único livro, e este livro é Cristo, 'já que toda Escritura divina fala de Cristo, 
e toda Escritura divina se cumpre em Cristo'2" (CIC 134). Isto não significa que a 
Escritura é divina da mesma maneira que Jesus é divino. Ela é, antes, divinamente 
inspirada e, como tal, é única na história da literatura universal, assim como a En­
carnação da Palavra eterna é única na história da humanidade. 
Podemos dizer ainda que a palavra inspirada assemelha-se à Palavra encarnada 
em muitos e importantes aspectos . Jesus Cristo é a Palavra de Deus encarnada; em 
sua humanidade, Ele é como nós em todas as coisas, exceto no pecado. A Bíblia, 
enquanto obra escrita pelo homem, é como qualquer outro livro, exceto pelo fato 
de não conter erros. Tanto Cristo quanto a Sagrada Escritura nos são dados "para 
nossa salvação",3 diz o Concílio Vaticano II, e ambos nos fornecem a revelação defi­
nitiva de Deus. Portanto, nós não podemos conceber um sem o outro - a Bíblia sem 
Jesus, ou Jesus sem a Bíblia. Um é a chave interpretativa do outro. É por que Cristo 
é o sujeito e o assunto de toda a Escritura que São Jerônimo afirma que "ignorar as 
Escrituras é ignorar a Cristo"4 (CIC 133). 
Ao aproximarmo-nos da Bíblia, então, nós nos aproximamos de Jesus, a Palavra 
de Deus; e para que o encontremos de fato, devemos abordá-lo através de um estudo 
devoto e piedoso da palavra inspirada de Deus, a Sagrada Escritura. 
Jo 1, 14: "E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, 
cheio de amor e fidelidade". A tradução brasileira dos textos bíblicos utilizada ao longo de todo este estudo é a da Bíblia 
da CNBB-NE. 
2 Cf. Hugo de São Vítor, De arca Noe, 2, 8: PL 176, 642; cf. ibid., 2, 9: PL 176, 642-643. 
3 Cf. Dei Verbum, 11. 
4 Dei Verbum, 25; cf. S. Jerônimo, Commentarii in !saiam, Prologus: CCL 73, 1 (PL 24, 17). 
7 
Cadernos de estudo bíblico 
INSPIRAÇÃO E INERRÂNCIA BÍBLICA5 
A Igreja Católica faz afirmações admiráveis em relação à Bíblia. É essencial para 
nós, se quisermos ler a Escritura e aplicá-la à nossa vida do modo como a Igreja pre­
tende que o façamos, que reconheçamos essas afirmações e as admitamos. Não basta 
que simplesmente concordemos, acenando positivamente com a cabeça, quando 
lemos as palavras "inspiradà', "únicà' ou "inerrante" . É preciso que saibamos o que 
a Igreja quer dizer com esses termos e, depois, nos é necessário tornar pessoal essa 
compreensão. Afinal de contas, a forma como cremos na Bíblia influenciará inevita­
velmente o modo como vamos lê-la. E o modo como lemos a Bíblia, por sua vez, é 
o que determina o que nós "tiramos" de suas páginas sagradas . 
Esses princípios são válidos independentemente do que estamos lendo - uma 
reportagem de jornal, um aviso de "procura-se'', uma propaganda, um cheque, uma 
prescrição médica, uma nota de despejo ... O modo como lemos essas coisas (ou até, 
se as lemos ou não) depende muito de nossas noções pré-conceituadas a respeito 
da autoridade e confiabilidade de suas fontes - e também do potencial que têm de 
afetar diretamente nossa vida. Em alguns casos, a má interpretação da autoridade 
de um documento pode levar a conseqüências terríveis; noutros casos, pode nos im­
pedir de desfrutar certas recompensas das quais temos o direito. No caso da Bíblia, 
tanto as conseqüências quanto as recompensas envolvidas têm valor definitivo. 
O que quer dizer a Igreja, então, ao endossar as palavras de São Paulo - "Toda 
Escritura é inspirada por Deus" (2Tm 3, 1 6) ? Uma vez que, nessa passagem, o termo 
"inspiradà' pode ser entendido como "soprada por Deus", segue-se então que Deus 
soprou sua palavra na Escritura assim como você e eu sopramos ar quando falamos. 
5 Na linguagem cotidiana, o termo "errante" costuma significar "a ndar a esmo", "a ndar sem rumo " ou "vaguear "; "iner­
rante", nesse sentido, se diria de algo que "anda com propósito", "com desti no certo". No entanto, o termo é empregado 
aqui no sentido estrito de "sem erros", mesmo. Poder-se ia dizer "infalível", porém o autor faz uma clara disti nçáo entre 
esses dois termos - "inerrante" e "infalível " - quando diz, mais à frente, que "o mistério da i nerrância bíblica é de âmbito 
ainda mais abrangente que o de sua infalibilidade". A disti nçáo esclarece que o autor está se referindo à escrita da Bíblia 
como inerrante, enqua nto que se refere à interpretação do que foi escrito como infalível - dois adjeti vos disti ntos para 
duas etapas disti ntas da relaçáo com o texto sagrado: a escrita e a i nterpretaçáo da escrita. Ambass áo feitas pelo próprio 
Espírito Santo e , portanto, náo podem falsear. 
Na Carta Encíclica Divino Ajflante Spiritu, de setembro de 1 943, o Papa Pio XII diz da doutri na da inerrância bíblica: 
"O primeiro e maior cuidado de Leão XIII foi expor a doutrina relativa à verdade dos Livros Sagrados e defendê-la dos ataques 
contrários. Por isso em graves termos declarou que não há erro absolutamente nenhum quando o hagiógrafo, falando de coisas 
físicas, 'se atém ao que aparece aos sentidos; como escreveu o Angélico [Sto . Tomás de Aquino], exprimindo-se 'ou de modo 
metafórico, ou segundo o modo comum de falar usado naqueles tempos e usado ainda hoje em muitos casos na conversação 
ordinária mesmo pelos maiores sábios'. De fato, 'não era intenção dos escritores sagrados, ou melhor, do Espírito Santo que por 
eles falava - são palavras de Sto. Agostinho -, eminar aos homem essas coisas - isto é, a íntima constituição do mundo visível 
- que nada importam para a salvação'. [ . . . ] Nem pode ser acusado de erro o escritor sagrado, 'se aos copistas escaparam algumas 
inexatidões na tramcrição dos códices' ou 'se é incerto o verdadeiro sentido de algum passo'. Enfim, é absolutamente vedado 
'coarctar a impiração unicamente a algumas partes da Sagrada Escritura ou conceder que o próprio escritor sagrado errou; pois 
que a divina impiração 'de sua natureza não só exclui todo erro, mas exclui-o e repele-o com a mesma necessidade com que 
Deus, suma verdade, não pode ser autor de nenhum erro. Esta é a fé antiga e comtante da Igreja" - NE. 
8 
As cartas de São Paulo aos coríntios 
Isso significa que Deus é o autor primordial da Bíblia. Certamente Ele se serviu tam­
bém de autores humanos para essa tarefa, mas não é que Ele simplesmente os assistiu 
enquanto escreviam, ou então aprovou posteriormente aquilo que tinham escrito. 
Deus Espírito Santo é essencialmente o autor da Escritura, enquanto que os escritores 
humanos o são instrumentalmente. Esses autores humanos escreveram francamente 
tudo aquilo - e somente aquilo - que Deus queria: é a palavra de Deus nas exatas 
palavras de Deus. Esse milagre da dupla-autoria se estende a toda a Escritura e a 
cada uma de suas partes, de modo que tudo o que os seus autores humanos afirmam, 
Deus também afirma através de suas palavras . 
O princípio da inerrância bíblica decorre logicamente do princípio de sua divina 
autoria. Afinal de contas, Deus não mente, e nem erra. Sendo a Bíblia divinamente 
inspirada, nela não pode haver erro algum quanto àquilo que seus autores, tanto o 
divino quanto os humanos, afirmam ser verdadeiro. Isso quer dizer que o mistério da 
inerrância bíblica é de âmbito ainda mais abrangente que o de sua infalibilidade - a 
saber, o de que é garantido que a Igreja sempre nos ensinará a verdade em tudo aquilo 
que disser respeito à fé e à moral. É claro que o manto da inerrância sempre cobrirá 
também o campo das questões de fé e moral, mas ele se estende para mais longe ain­
da, no sentido de nos assegurar de que todos os fatos e eventos da história de nossa 
salvação estão apresentados de modo exato na Escritura. A inerrância bíblica é a nossa 
garantia de que as palavras e os feitos de Deus narrados na Bíblia são verdadeiros e lá 
estão unificados, declarando numa só voz as maravilhas de seu amor salvífico. 
A garantia da inerrância bíblica não quer dizer, no entanto, que a Bíblia é uma 
enciclopédia universal, que serve a todos os propósitos e cobre todos os campos de 
estudo. A Bíblia não é, por exemplo, um compêndio das ciências empíricas - e não 
deve ser tratada como tal. Quando os autores bíblicos relatam fatos de ordem natural, 
podemos ter a certeza de que estão falando de modo puramente descritivo e "fenome­
nológico", de acordo com a maneira como as coisas se apresentaram aos seus sentidos. 
AUTORIDADE BÍBLICA 
Implícito nessas doutrinas6 está o desejo de Deus de se fazer conhecido por todo 
o mundo e de estabelecer uma relação de amor com cada homem, mulher e criança 
que Ele criou. Deus nos deu a Escritura não apenas para nos informar ou nos moti­
var; mais do que tudo, Ele quer nos salvar. É este o principal propósito que perpassa 
cada página da Bíblia - e cada palavra sua, na verdade. 
No intuito de se revelar, Deus usa aquilo que os teólogos chamam de "acomoda­
ção" . Às vezes Ele se inclina para se comunicar conosco por "condescendência" - ou 
6 fu d outri nas da i nspira ção, da i nerrância e da dupla-autoria da Bíblia - NE. 
9 
Cadernos de estudo bíblico 
seja, Ele fala à maneira dos homens, como se Ele tivesse as mesmas paixões e fraque­
zas que nós temos (por exemplo, quando Deus diz que "se arrependeu" de ter feito 
o homem sobre a Terra, em Gn 6, 6). Noutras vezes, Ele se comunica conosco por 
"elevação" - ou seja, dotando as palavras humanas de um poder divino (por exem­
plo, através dos profetas) . Os inúmeros exemplos de acomodação divina na Bíblia 
são a expressão do modo sábio e paternal de proceder de Deus. Com efeito, um pai 
sensitivo fala com seus filhos tanto por condescendência, usando um palavreado in­
fantil, ou por elevação, trazendo o entendimento do filho a um nível mais maduro. 
A palavra de Deus é, portanto, salvífica, paternal e pessoal. Justamente porque 
fala diretamente conosco, nós nunca devemos ser indiferentes ao seu conteúdo; afi­
nal de contas, a palavra de Deus é, ao mesmo tempo, objeto, causa e sustento da 
nossa fé. Ela é, na verdade, um teste para a nossa fé, uma vez que nós só vemos na 
Escritura aquilo que nossa fé nos faz ver. Se nosso modo de crer é o mesmo da Igreja, 
vemos na Escritura a revelação salvífica e inerrante de Deus, feita por Ele mesmo. Se 
cremos de modo distinto, vemos um livro totalmente distinto. 
Esse teste é válido e aplicável não só aos fiéis leigos, como também aos teólogos da 
Igreja e até aos seus membros da mais alta hierarquia - inclusive para o seu Magisté­
rio. Recentemente, o Concílio Vaticano II enfatizou que a Escritura deve ser "como 
que a alma da sagrada teologia".7 O Papa Emérito Bento XVI, ainda enquanto Car­
deal Ratzinger, ecoou esse ensinamento com as próprias palavras, insistindo que "os 
teólogos normativos são os autores da Sagrada Escritura" (grifo nosso) . Ele nos lembra 
que a Escritura e o ensinamento dogmático da Igreja estão entrelaçados de forma tão 
firme ao ponto de serem inseparáveis: "O dogma é, por definição, nada mais que a 
interpretação da Escritura". Os dogmas já definidos de nossa fé, portanto, guardam 
em si a interpretação infalível da Igreja daquilo que está na Escritura, e a teologia é 
uma reflexão posterior sobre eles. 
OS SENTIDOS DA SAGRADA ESCRITURA 
Como a Bíblia é, ao mesmo tempo, de autoria divina e humana, é necessário, 
para lê-la coerentemente, que dominemos um tipo de leitura distinto daquele ao 
qual estamos acostumados. Primeiramente, temos que lê-la de acordo com seu sen­
tido literal, ou seja, do mesmo modo como lemos qualquer outro escrito humano. 
Neste estágio inicial, devemos nos empenhar na descoberta do significado originário 
que tinham as palavras e expressões usadas pelos escritores bíblicos à época em que 
primeiramente foram escritas e recebidas por seus contemporâneos. Isso quer dizer, 
entre outras coisas, que não devemos interpretar tudo que lemos "literalmente'' , 
como se a Escritura nunca falasse de forma figurada ou simbólica (porque freqüen-
7 Cf. Dei Verbum, 24. 
IO 
As cartas de São Paulo aos coríntios 
temente fala!) . Pelo contrário: a lemos de acordo com as regras de escrita que go­
vernam seus diferentes gêneros literários, que variam dependendo do que estamos 
lendo - se é uma narrativa, um poema, uma carta, uma parábola ou uma visão 
apocalíptica. A Igreja nos exorta a ler os livros sagrados dessa maneira a fim de nos 
fazer compreender, com segurança, o que os autores bíblicos estavam se esforçando 
para explicar ao povo de Deus a cada texto. 
O sentido literal, no entanto, não é o único da Escritura; nós interpretamos suas 
sagradas páginas tambémde acordo com seus sentidos espirituais. Dessa forma, bus­
camos compreender o que o Espírito Santo está tentando nos dizer para além daquilo 
que afirmaram conscientemente os escritores humanos. Enquanto que o sentido literal 
da Escritura descreve realidades históricas - fatos, ensinamentos, eventos-, os sentidos 
espirituais desvelam os profundos mistérios abrigados através das realidades históricas. 
Os sentidos espirituais são para o literal o que a alma é a para o corpo. Você é capaz de 
distingui-los; porém, se tentar separá-los, a conseqüência imediata é fatal. São Paulo 
foi o primeiro a insistir nisso e já alertava para as conseqüências: "Deus [ ... ] nos tornou 
capazes de sermos ministros de uma aliança nova, não aliança da letra, mas do espírito; 
pois a letra mata, e o Espírito é que dá a vida'' (2 Cor 3, 5-6). 
A tradição católica reconhece três sentidos espirituais que se erguem sobre o ali­
cerce do sentido literal da Escritura (cf. CIC 1 1 5): 
Alegórico. O primeiro é o alegórico, que revela o significado espiritual e profético da 
história da Bíblia. As interpretações alegóricas expõem como as personagens, os eventos 
e as leis da Escritura podem apontar para além deles mesmos, em direção ou a grandes 
mistérios ainda por vir (como no caso do Antigo Testamento) , ou aos frutos de mistérios 
já revelados (como no Novo Testamento) . Os cristãos freqüentemente lêem o Antigo 
Testamento dessa forma para descobrir de que modo o mistério da Nova Aliança do 
Cristo já estava contido no da Antiga - e também de que modo a Antiga Aliança foi 
manifestada plena e finalmente na Nova. A compreensão alegórica é também latente no 
Novo Testamento, especialmente no relato da vida e da obra de Jesus nos evangelhos . 
Sendo Cristo a cabeça da Igreja e a fonte de sua vida espiritual, tudo aquilo que foi reali­
zado por Ele enquanto viveu no mundo antecipa aquilo que Ele continua realizando em 
seus membros através da Graça. O sentido alegórico fortalece a virtude da fé. 
Moral. O segundo sentido espiritual da Escritura é o moral, ou tropológico , que revela 
como as ações do povo de Deus, no Antigo Testamento , e a vida de Jesus , no Novo, nos 
incitam a criar hábitos virtuosos em nossa própria vida. Nesse sentido, da Escritura se 
tiram alertas contra vícios e pecados, assim como nela se encontra a inspiração para se 
perseguir a pureza e a santidade. O sentido moral fortalece a virtude da caridade. 
Anagógico. O terceiro sentido espiritual é o anagógico, que nos ascende à glória celeste: 
mostra-nos como um incontável número de eventos contidos na Bíblia prefigura nos-
I I 
Cadernos de estudo bíblico 
sa união final com Deus na eternidade; revela-nos como as coisas visíveis na Terra são 
imagens das coisas invisíveis do Céu. O sentido anagógico leva-nos a contemplar nosso 
destino e, portanto, é próprio para o fortalecimento da virtude da esperança. 
Junto do sentido literal, esses sentidos espirituais extraem a totalidade daquilo 
que Deus quer nos dizer através de sua Palavra e, portanto, abarcam o que a antiga 
tradição chamava de "sentido total" da Sagrada Escritura. 
Tudo isso significa que os feitos e eventos narrados na Bíblia são dotados de um 
sentido que vai além do que é imediatamente aparente ao leitor. Em essência, esse 
sentido é Jesus Cristo e a salvação que, morrendo, Ele nos concedeu. Isso é correto 
sobretudo nos livros do Novo Testamento, que explicitamente proclamam Jesus; 
porém é também verdadeiro para o Antigo Testamento, que fala de Jesus de um 
modo mais camuflado e simbólico. Os autores humanos do Antigo Testamento nos 
revelaram tudo que lhes era possível revelar, mas eles não podiam, à distância em 
que estavam, ver claramente que forma tomariam os eventos futuros. Só o Espírito 
Santo, autor divino da Bíblia, podia predizer a obra salvífica do Cristo (e assim o 
fez) , da primeira página do livro do Gênesis adiante. 
O Novo Testamento, portanto, não aboliu o Antigo. Ao contrário, o Novo cum­
priu o Antigo e, assim o fazendo, levantou o véu que mantinha escondida a face da 
noiva do Senhor. Uma vez removido o véu, vemos de súbito o mundo da Antiga 
Aliança cheio de esplendor. Água, fogo, nuvens, jardins, árvores, montanhas, pom­
bas, cordeiros - todas essas coisas são detalhes memoráveis na história e na poesia 
do povo de Israel. Mas agora, vistas à luz de Jesus Cristo, são muito mais que isso. 
Para o cristão que sabe ver, a água simboliza o poder salvífico do batismo; o fogo é 
o Espírito Santo; o cordeiro imaculado, o próprio Cristo crucificado; Jerusalém, a 
cidade da glória celestial. 
Essa leitura espiritual da Escritura não é novidade alguma. De fato, logo os pri­
meiros cristãos já liam a Bíblia dessa maneira. São Paulo descreve Adão como sendo 
um "tipo" que prefigurava Jesus Cristo (Rm 5, 1 4) .8 Um "tipo" é algo, ou alguém, ou 
um lugar ou um evento - reais - do Antigo Testamento que prenuncia algo maior 
do Novo Testamento. É desse termo que vem a palavra "tipologia", referente ao es­
tudo de como o Antigo Testamento prefigura Cristo (CIC 1 28- 1 30) . Em outro tre­
cho, São Paulo retira significados mais profundos da história dos filhos de Abraão, 
declarando: " Isto foi dito em alegorià' (Gl 4, 24) .9 Ele não está sugerindo que esses 
8 Rm 5, 14: "Ora, a morte reinou de Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não haviam pecado, cometendo uma 
transgres são igual à de Adão, o qual é figura daquele que devia vir" (grifo adicionado). As traduções deste trecho (não só as 
brasileiras) preferem o termo figura à palavra tipo, que aparece em algumas traduções inglesas. O termo latino encontrado 
na Vulgata é forma. Aqui, mantém-se o termo tipo pela associação imediata que se faz com o co nceito de tipologia - NE. 
9 Gl 4, 24: "Simbolicamente isso quer dizer o seguinte: as duas mul heres representam as duas alianças [ . . . ]" (grifo adiciona-
12 
As cartas de São Paulo aos coríntios 
eventos distantes nunca aconteceram de fato; ele está dizendo que os eventos não só 
aconteceram mesmo como também significam algo maior ainda por vir. 
O Novo Testamento, depois, descreve o Tabernáculo da antiga Israel como sendo 
a " imitação e sombra das realidades celestes" (Hb 8, 5) e a Lei Mosaica como "uma 
sombra dos bens futuros" (Hb 1 0, 1 ) . São Pedro, por sua vez, nota que Noé e sua 
família foram "salvos por meio da água" que, de certo modo, "representavà' o sacra­
mento do Batismo, "que agora salva vocês" (lPd 3, 20- 1 0) . É interessante saber que 
a palavra grega que aí foi traduzida para "representavà' é originalmente um termo 
que denota o cumprimento ou contrapartida de um antigo "tipo" . 
Não é preciso, no entanto, que busquemos j ustificar a leitura espiritual da 
Bíblia considerando apenas os discípulos. Afinal de contas, o próprio Jesus lia o 
Antigo Testamento assim. Ele se referia a Jonas (Mt 1 2, 39) , a Salomão (Mt 1 2, 
42) , ao Templo (Jo 2, 1 9) e à serpente de bronze (Jo 3, 1 4) como "sinais" que 
apontavam para ele mesmo. Vemos no evangelho de Lucas, quando Cristo con­
versa com os discípulos no caminho para Emaús, que "começando por Moisés 
e continuando por todos os Profetas, Jesus explicava para os discípulos todas as 
passagens da Escritura que falavam a respeito dele" (Lc 24, 27) . Foi precisamente 
essa interpretação espiritual do Antigo Testamento que causou um profundo im­
pacto nesses viajantes, antes tão desencorajados, e deixou seus corações "ardendo" 
dentro deles (Lc 24, 32). 
CRITÉRIOS PARA A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA 
Nós também devemos aprender a discernir o "sentido total" da Escritura e o 
modo como nele estão incluídos o sentido literal e os espirituais . Contudo, isso não 
significa que devemos "exagerar na interpretação", buscando significados na Bíblia 
que não estão de fato nela. A exegese espiritual não é um vôo irrestrito da imagina­
ção. Pelo contrário, é uma ciência sagrada que procede de acordo com certos prin­
cípios e permanece sob a responsabilidade da sagrada tradição, o Magistério, eda 
ampla comunidade de intérpretes bíblicos (tanto os vivos quanto os mortos). 
Na busca do sentido total de um texto, sempre devemos evitar a forte tendência 
de "espiritualizá-lo demais", de modo que a verdade literal da Bíblia seja minimizada 
ou até negada. Santo Tomás de Aquino, muito ciente desse problema, asseverou: 
"Todos os sentidos da Sagrada Escritura devem estar fundados no literal" (cf. CIC 
1 1 6) . 1 0 Por 
1�utro lado, jamais devemos confinar o significado de um texto em seu 
do). Novamente há di vergências termi nológi cas : as traduções ora utili zam o termo simbolicamente, ora o term o alegoria. 
O termo latino encontrado na Vulgata é allegoriam. A tradução brasileira aqui e scolhida, especi ficamente p ara e s te caso, 
é a da Bíb l ia de Jerusalém, São Paul o: Paulus, 2002; assim, m antém -se o termo alegoria no sentido de concordar com a 
uniformidade terminológica do res tante da introdução - NE. 
10 Cf. S to. Tom ás de Aquino, Summa Theologiae I, 1 , 10, ad 1. 
13 
Cadernos de estudo bíblico 
sentido literal, indicado pelo seu autor humano, como se o divino Autor não inten­
cionasse que aquela passagem fosse lida à luz da vinda do Cristo. 
Felizmente, a Igreja nos deu diretrizes de estudo da Sagrada Escritura. O caráter 
único e a autoria divina da Bíblia nos clamam a lê-la "com o espírito"." O Concílio 
Vaticano II delineou de forma prática esse conselho direcionando-nos a ler a Escri­
tura de acordo com três critérios específicos: 
1 . Devemos "prestar muita atenção 'ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira'" (CIC 
1 1 2) ; 
2. Devemos "ler a Escritura dentro 'da Tradição viva da Igreja inteira' " (CIC 1 1 3) ; 
3 . Devemos "estar atento [s] 'à analogia da fé"' (CIC 1 1 4; cf. Rm 1 2 , 6) . 
Esses critérios nos protegem de muitos perigos que iludem alguns leitores da 
Bíblia, do mais novo estudante ao mais prestigiado erudito. Ler a Escritura fora de 
contexto é uma tremenda armadilha, provavelmente a mais difícil de escapar. Num 
desenho animado memorável dos anos 50 , um jovem garoto, debruçado sobre as 
páginas da Bíblia, dizia à sua irmã: "Não me perturbe agora; estou tentando achar 
um versículo da Escritura que fundamente meus preconceitos". Não há dúvida de 
que um texto bíblico, privado de seu contexto original, pode ser manipulado a dizer 
algo completamente diferente daquilo que seu autor realmente intencionava. 
Os critérios da Igreja nos guiam justamente porque definem em que consistem 
os "contextos" autênticos de cada passagem bíblica. O primeiro critério dirige-nos ao 
contexto literário de cada verso, no que se inclui não apenas as palavras e parágrafos 
que o compõem e o circundam, mas também todo o corpo de escritos do autor bíblico 
em questão e, ainda, toda a extensão dos escritos da Bíblia. O contexto literário com­
pleto de qualquer parte da Escritura inclui todo e qualquer texto desde o Gênesis até o 
Apocalipse - já que a Bíblia é um livro unificado, não uma coleção de livros separados. 
Quando a Igreja canonizou o livro do Apocalipse, por exemplo, ela reconheceu que ele 
seria incompreensível se lido separadamente do contexto mais amplo de toda a Bíblia. 
O segundo critério posiciona firmemente a Bíblia no contexto de uma comuni­
dade que valoriza sua "tradição vivà'. Tal comunidade é o Povo de Deus através dos 
séculos. Os cristãos viveram sua fé por bem mais que um milênio antes da invenção 
da imprensa. Por séculos, só alguns fiéis possuíam cópias dos evangelhos e, aliás, só 
poucas pessoas sabiam ler. Ainda assim, eles absorveram o evangelho - através dos 
sermões dos bispos e clérigos, através de oração e meditação, através da arte cristã, 
através das celebrações litúrgicas e através da tradição oral. Essas eram as expressões 
1 1 Cf. Dei Verbum, 1 2 . 
14 
As cartas de São Paulo aos coríntios 
de uma "tradição vivà', de uma cultura de viva fé que se estende da antiga Israel à 
Igreja contemporânea. Para os primeiros cristãos, o evangelho não podia ser enten­
dido à parte dessa tradição. Assim também é conosco. A reverência pela tradição 
da Igreja é o que nos protege de qualquer tipo de provincianismo cultural ou cro­
nológico, como alguns modismos acadêmicos que surgem, arrebatam uma geração 
inteira de intérpretes e logo são rejeitados pela próxima geração. 
O terceiro critério coloca a Escritura dentro do quadro da fé. Se cremos que a 
Escritura é divinamente inspirada, temos de crer também que ela é internamente 
consistente e coerente com todas as doutrinas nas quais os cristãos crêem. É impor­
tante relembrar que os dogmas da Igreja (como o da Presença Real, o do papado, 
o da Imaculada Conceição) não foram adicionados à Escritura; eles são, de fato, a 
interpretação infalível da Escritura feita pela Igreja. 
USANDO ESTE ESTUDO 
Este estudo foi projetado para conduzir o leitor pela Escritura dentro das di­
retrizes da Igreja - fidelidade ao cânon, à tradição e ao credo. Os princípios in­
terpretativos usados pela Igreja, portanto, é que deram forma unificada às partes 
componentes deste livro, de modo a fazer com que o estudo do leitor seja eficaz e 
recompensador tanto quanto possível. 
Introduções. Nós fizemos uma introdução ao texto bíblico que, na forma de ensaio, 
abarca as questões sobre sua autoria, a data de sua composição, seus objetivos e propó­
sitos originais e seus temas mais recorrentes . Esse conjunto de informações históricas 
ajuda o leitor a compreender e a se aproximar do texto nos seus próprios termos. 
COMENTÁRIOS. Os comentários feitos em toda página ajudam o estudante a ler a Escritura 
com conhecimento. De forma alguma eles esgotam os significados do texto sagrado, mas 
sempre providenciam um material informativo básico que auxilia o leitor a encontrar 
o sentido do que lê. Freqüentemente, esses comentários servem para deixar explícito 
aquilo que os escritores sagrados tomavam por implícito . Eles também trazem um gran­
de número de informações históricas, culturais , geográficas e teológicas pertinentes à 
narrativa inspirada - informações que podem ajudar o leitor a suprimir a distância entre 
o mundo bíblico e o seu próprio . 
Notas e referências. Junto do texto bíblico e de seus comentários, em cada página são 
listadas numerosas notas que fazem referência a outras passagens da Escritura relacionadas 
àquela que o leitor está estudando. Essas notas de acompanhamento são essenciais para 
todo e qualquer estudo sério. São também um ótimo meio de se ver como o conteúdo da 
Escritura "se encaixà' numa unidade providencial. Junto às notas e referências bíblicas, os 
comentários também apontam a determinados parágrafos do Catecismo da Igreja Católica 
15 
Cadernos de estudo bíblico 
(CIC) . Eles não são "provas doutrinais'', e sim um auxílio para que a interpretação da Bí­
blia por parte do estudante esteja de acordo com o pensamento da Igreja. Os parágrafos do 
Catecismo mencionados ou tratam diretamente de algum texto bíblico ou tratam, então, de 
um tema mais amplo da doutrina que lança uma luz essencial ao texto bíblico relacionado. 
Ensaios sobre tópicos, Estudos de palavras e Quadros. Esses recursos trazem ao leitor 
um entendimento mais profundo a respeito de determinados detalhes . Os ensaios sobre 
tópicos abordam grandes temas no sentido de explicá-los de modo mais minucioso e 
teológico do que o que se usa nos comentários gerais, relacionando-os com freqüência 
às doutrinas da Igreja. Os comentários, inclusive, são ocasionalmente complementados 
de um estudo de palavras que coloca o leitor em contato com as antigas linguagens da 
Escritura. Isso deveria ajudar o estudante a apreciar e a entender melhor a terminologia 
que foi inspirada e que percorre todos os textos sagrados . Também neste livro estão in­
cluídos vários quadros que resumem muitas informações bíblicas "num piscar de olhos" . 
Ícones . Os seguintes ícones, intercalados ao longo dos comentários, correspondem cada 
qual a um dos três critérios de interpretação bíblica promulgadospela Igreja. Pequenas 
bolas pretas (•) indicam a que passagem (ou a que passagens) cada ícone se aplica. 
Os comentários marcados pelo ícone 
fT1 do livro relacionam-se ao primeiro 
LJ.U critério interpretativo, o do "conteú-
do e unidade" da Escritura, a fim de 
que se torne explícito o modo como deter­
minada passagem do Antigo Testamento ilu­
mina os mistérios do Novo. Muitas das in­
formações contidas nesses comentanos 
explicam o contexto original das citações e 
indicam a maneira e o motivo pelos quais 
aquele trecho tem ligação direta com Cristo 
e com a Igreja. Por esses comentários, o lei­
tor é capaz de desenvolver sua sensibilidade à 
beleza e à unidade do plano salvífico de 
Deus, que perpassa ambos os Testamentos. 
Os comentários marcados pelo ícone 
� da pomba relacionam-se ao segundo 
.. critério interpretativo e examinam as 
passagens em questão à luz da "tradição viva" 
da Igreja. Como o mesmo Espírito Santo foi 
quem inspirou os sentidos espirituais da Es­
critura e é quem guia agora o Magistério que 
a interpreta, as informações contidas nesses 
comentários seguem essas duas vias da inter­
pretação. Por um lado, referem-se aos ensi­
namentos doutrinais da Igreja da maneira 
como são apresentados por vários papas e 
concílios ecumênicos; por outro lado, eles 
expõem (e parafraseiam) as interpretações 
espirituais de vários Padres Antigos, Douto­
res da Igreja e santos. 
Os comentários marcados pelo ícone 
m das chaves relacionam-se ao terceiro 
rA3 critério interpretativo, o da "analogia 
da fé" . Neles é possível decifrar como um 
mistério da fé "desvendà' e explica outro. 
Esse tipo de comparação entre alguns pontos 
da fé cristã evidencia a coerência e unidade 
dos dogmas definidos, ou seja, da interpreta­
ção infalível da Escritura feita pela Igreja. 
r6 
As cartas de Sáo Paulo aos coríntios 
COLOCANDO TUDO EM PERSPECTIVA 
Talvez tenhamos deixado por último o mais importante aspecto de todo este 
estudo: a vida interior individual do leitor. O que tiramos ou deixamos de tirar da 
Bíblia depende muito do modo como a abordamos. Se não mantivermos uma vida 
de oração consistente e disciplinada, j amais teremos a reverência, a profunda humil­
dade ou a graça necessária para ver a Escritura como ela de fato é. 
Você está se aproximando da "palavra de Deus" . Mas, por milhares de anos - des­
de muito antes de tecer-lhe no ventre de sua mãe -, a Palavra de Deus se aproxima 
de você. 
UMA NOTA FINAL 
O livro que tem nas mãos é apenas uma pequena parte de um trabalho muito 
maior que ainda está em andamento. Guias de estudo como este estão sendo prepa­
rados para todos os livros da Bíblia e serão publicados gradualmente, à medida que 
forem sendo finalizados . Nosso maior objetivo é publicar um grande estudo bíblico 
que, num único volume, inclua o texto completo da Escritura junto de todos os 
comentários, quadros, notas, mapa
_
s e os outros recursos encontrados nas páginas 
seguintes . Enquanto isso não acontece, cada livro será publicado individualmente, 
na esperança de que o povo de Deus possa já se beneficiar deste trabalho antes mes­
mo que esteja completo . 
Aqui incluímos ainda uma longa lista de questões de estudo, ao final, para deixar 
este formato o mais útil possível, não apenas para o estudo individual, mas também 
para discussões em grupo. As questões foram projetadas para fazer o estudante tanto 
compreender quanto meditar a Bíblia, aplicando-a à própria vida. Rogamos a Deus 
para que faça bom uso dos seus e dos nossos esforços para renovar a face da Terra! 
17 
INTRODUÇÃO À PRIMEIRA CARTA DE SÃO PAULO 
AOS CORÍNTIOS 
AUTORIA E DATA 
O Apóstolo Paulo se identifica duas vezes como autor dessa carta ( 1 , 1 ; 1 6 , 2 1 ) . 
Depoimentos dos Padres da Igreja que remontam a São Clemente de Roma (95 
dC) favorecem a afirmação , e estudos modernos nunca contestaram seriamente a 
tradição. Na verdade, 1 Coríntios está cheia de informações valiosas sobre Paulo que 
corroboram e reforçam o entendimento do seu ministério no livro dos Atos. 
De acordo com 1 6, 8, Paulo escreveu a carta durante a sua estada em Éfeso, na 
Ásia Menor (hoje Turquia) . Essa estada provavelmente corresponde à terceira viagem 
missionária do Apóstolo de 53 a 58 dC, quando passou mais de dois anos instruindo 
a jovem Igreja naquela cidade (At 1 9, 1 - 1 0) . Como Paulo escrevia na expectativa de 
chegar a Corinto depois de sua estada em Éfeso ( 1 Cor 1 1 , 34) , podemos estipular 
a sua composição durante a segunda parte da sua terceira missão, provavelmente na 
primavera de 56 dC. 
DESTINATÁRIOS 
A cidade de Corinto foi um próspero centro comercial do mundo mediterrâneo. 
Era a capital da província romana da Acaia (sul da Grécia) , e sua localização entre 
dois portos marítimos fez da cidade uma ligação comercial ideal entre a Itália, no 
Ocidente, e a Ásia, no Oriente. A história nos diz que Corinto atraía multidões de 
empreendedores e turistas que desejavam aproveitar a sua prosperidade econômica 
e desfrutar dos seus inúmeros santuários pagãos, suas lutas entre gladiadores , e os 
populares Jogos Ístmicos realizados a cada dois anos. Como muitos centros cosmo­
politas , no entanto, Corinto tinha uma reputação de imoralidade insolente e um 
espírito implacável de competição. O livro dos Atos nos informa que o próprio 
Paulo estabeleceu ali a jovem Igreja em cerca de 5 1 dC, mas ficou apenas tempo 
suficiente para fazer as coisas funcionarem (At 1 8 , 1 - 1 8) . A composição social dessa 
nova comunidade emerge da carta em si: alguns eram ricos ( 1 1 , 22) , outros pobres 
( 1 , 26) , e outros escravos (7, 2 1 ) . Etnicamente, a Igreja de Corinto era misturada, 
com uma forte presença de gentios (8 , 7; 1 2 , 2) e judeus (7, 1 8-20) . 
19 
Cadernos de estudo bíblico 
PROPÓSITO 
Quase cinco anos se passaram entre o estabelecimentoda Igreja em Corinto por 
Paulo e a chegada desta carta. Durante sua ausência a comunidade cedeu a uma série 
de vícios que começou a romper a sua unidade e afastar os membros da fé. Embora 
Paulo planejasse visitar Corinto para resolver esses problemas pessoalmente (ver 1 1 , 
34b), ele enviou a carta que conhecemos como 1 Coríntios para controlar as coisas 
até sua chegada. Suas instruções foram adaptadas em vista das informações recebidas 
sobre as contendas . 
Paulo foi informado pela primeira vez da crise que se formava em Corinto por 
representantes de uma mulher chamada Cloé ( 1 , 1 1 . 1 1 . 1 8) . Seu relatório pertur­
bador incluiu notícias de divisões internas ( 1 , 1 2- 1 5) , um caso de incesto (5, 1 -5) , 
imoralidade sexual (6 , 1 2-20), múltiplas ações judiciais (6 , 1 -8), e negações abertas 
da Ressurreição ( 1 5, 1 2) . Liturgicamente, os coríntios descuidaram das celebrações 
Eucarísticas ( 1 1 , 1 7-34), e alguns exerceram dons carismáticos de uma forma mais 
perturbadora do que edificante ( 1 4, 1 -40) . Paulo confrontou esses problemas, cen­
surando a imoralidade dos coríntos e chamando-os de volta aos princípios da dou­
trina cristã. 
Paulo também deu respostas pessoais aalgumas perguntas feitas pelos coríntios. 
Em uma carta desconhecida para nós, a jovem Igreja escreveu a Paulo pedindo 
orientação espiritual sobre vários assuntos, como casamento, celibato, e comida ofe­
recida aos ídolos (7, 1 ; 8, 1 ; 1 2, 1 ; 1 6, 1 ) . Grande parte de 1 Coríntios consiste em 
Paulotratando dessas questões uma a uma. 
No final, Paulo ficou profundamente preocupado com essa Igreja perturbada. 
Sua orientação pastoral é ade um pai espiritual com o objetivo de restaurar a paz ea 
unidade entre os filhos, fortalecendo seu compromisso com Jesus Cristo (4, 1 4- 1 5 ) . 
TEMÁTICA E CARACTERÍSTICAS 
Primeira Coríntios revela mais sobre as lutas e as particularidades de uma Igreja 
jovem e apostólica do que qualquer outra carta do Novo Testamento. Ela apre­
senta uma imagem clara da ampla gama de pressões que os primeiros cristãos 
tiveram de enfrentar tanto dentro de suas comunidades como no ambiente pagãocircunjacente. Paulo mostra-se sensível a esses desafios ao longo da carta e oferece 
orientação espiritual que por vezes é ousada e confrontadora, mas sempre cheia 
de caridade e de sabedoria paternal . Como os problemas na antiga Corinto são 
os mesmos que afligem a Igreja em todos os tempos, essa carta foi a mais citada 
das epístolas de Paulo no início do cristianismo e continua a dialogar com a nossa 
situação atual . 
20 
As cartas de São Paulo aos coríntios 
Os principais temas da carta seguem as questões doutrinais e morais que Paulo 
foi forçado a abordar, especialmente relacionadas à imoralidade, arrogância, abuso 
litúrgico e opiniões errôneas sobre a morte e ressurreição. Esses problemas trans­
formaram a Igreja local em Corinto efizerama comunidade por vezes parecer mais 
uma sociedade pagã do que uma família espiritual . Para inverter essa tendência, 
Paulo direciona toda a carta a dois vícios que permeiam várias lutas dos coríntios: 
o orgulho e o egoísmo. ( 1 ) O orgulho se manifestou entre os coríntios na forma de 
arrogância intelectual que respeita mais o conhecimento humano e a eloquência do 
que a mensagem humilde do Evangelho ( 1 , 1 8-25 ; 3, 1 8-2 1 ; 8, 1 -3 ) . Paulo aprovei­
ta a ocasião para repreender sua atitude de superioridade, apelando às advertências 
nas Escrituras ( 1 , 1 9. 3 1 ; 3, 1 9-20), e lembrando-lhes que a verdadeira "sabedorià' é 
transmitida por meio doEvangelho da cruz ( 1 , 1 8 ; 2, 6- 1 0). O Apóstolo crê que não 
há espaço entre os fiéis para a arrogância ou a jactância, porque tudo o que possuem 
de bom é um dom de Deus (4, 6-7). (2) O egoísmo se manifesta de várias maneiras 
entre os coríntios . Ações judiciais entre os cristãos eram um problema crescente 
(6, 1 -8) ; certos cristãos afirmaram suas liberdades de forma imprudente (8, 1 - 1 3) ; 
alguns eram culpados de discriminação para com os pobres ( 1 1 , 2 1 -22) ; e alguns 
exerceram dons espirituais como uma forma de atrair a atenção para si ( 1 4, 1 -40). 
A prescrição de Paulo para cada uma dessas doenças é um retorno à caridade cristã 
( 1 4, l; 1 6, 14. 22). Só o amor de Deus em nós "edificà' (8, 1 ) a Igreja de forma 
a glorificar a Cristo. O capítulo 1 3 é o mais bonito na carta, descrevendo o amor 
como paciente, zeloso e orientado aos outros. Essa é a lei suprema da Nova Alian­
ça (Rm 1 3, 8- 1 0) e a jóia da coroa das virtudes cristãs ( 1 Cor 1 3, 1 3) . Para Paulo, 
somente o amor divino que recebemos de Cristo pode nos libertar das correntes da 
vida egocêntrica e levar-nos à eternidade com Deus ( 1 3, 8-1 2). 
2 1 
ESQUEMA DA PRIMEIRA CARTA DE SÃO PAULO 
AOS CORÍNTIOS 
1. Discurso e Prólogo (1, 1-9) 
1 . Saudação ( 1 , 1-3) 
2 . Ação de graças ( 1 , 4-9) 
II. Correção dos problemas de Corinto (1, 10-6, 20) 
1 . Falta de unidade e maturidade ( 1 , 10 - 4, 2 1 ) 
2 . Escândalo de incesto (5 , 1 - 1 3) 
3 . Questões judiciais entre cristãos (6, 1 -11) 
4 . Imoralidade sexual e o corpo (6, 12-20) 
III. Resposta às questões de Corinto (7, 1-14, 40) 
1 . Casamento e celibato (7, 1 -40) 
2 . Carne aos ídolos e liberdade cristã (8 , 1 - 1 O, 33) 
3. Problemas com liturgia e assembléia ( 1 1 , 1 -34) 
4 . O Corpo de Cristo e o s dons dos seus membros ( 1 2, 1 - 1 4, 40) 
IY. Ressurreição dos mortos (15, 1-58) 
1 . Ressurreição de Cristo ( 1 5, 1 - 1 1 ) 
2 . Ressurreição da Igreja ( 1 5, 1 2-58) 
V. Epílogo (16, 1-24) 
1 . Coleta para Jerusalém e a futura visita de Paulo ( 1 6, 1 - 1 2) 
2 . Exortações finais ( 1 6, 1 3-24) 
A PRIMEIRA CARTA DE SÃO PAULO AOS 
CORÍNTIOS 
1 Saudação- 1 Paulo, chamado a ser Apóstolo do Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Sóstenes, 
2 à igreja de Deus que está em Corinto: aos que foram santificados no Cristo Jesus, chamados a serem 
santos, junto com todos os que, em qualquer lugar, invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, 
Senhor deles e nosso. 3 Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 4 Dou 
sempre graças a meu Deus a vosso respeito, por causa da graça que ele vos concedeu no Cristo Jesus. 5 Nele 
fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, 6 à medida que o testemunho sobre 
Cristo se confirmou entre vós. 7 Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação de 
nosso Senhor Jesus Cristo. 8 É ele também que vos confirmará em vosso procedimento irrepreensível até 
o fim, até o dia de nosso Senhor Jesus Cristo. 9 É fiel o Deus que vos chamou à comunhão com seu Filho, 
Jesus Cristo, nosso Senhor. 
1 , l:Rm 1, l ; At 1 8 , 1 7. l , 2:At 1 8, 1 . 1 , 3: Rm 1 , 7. l , 4:Rm 1 , 8. 1 , 8: 1 Cor, 5 , 5 ; 2 Cor 1 , 1 4 . 1 , 9:Rm8, 28; Jo 1 , 3 . 
COMENTÁRIOS 
1, 1: "chamado [ . . . ] por vontade de 
Deus" - a missão evangélica de Paulo foi de­
finida por iniciativa de Deus, não por inicia­
tiva própria (At 9, 1 - 1 6; Gl 1 , 1 2) . Ele afirma 
sua autoridade apostólica desde o início da 
carta, porque alguns coríntios duvidavam ou 
negavam o fato (9, 1 -2 ; 2 Cor 1 0- 1 2) . 
"Sóstenes": Possivelmente, o chefe da si­
nagoga de Corinto mencionado em At 1 8 , 
17 . Se assim for, ele deve ter se convertido ao 
Evangelho durante a estada inicial de Paulo 
na cidade. 
IT'l 1 , 2: "à Igreja de Deus" - Refere-se à 
LJ.U congregação local em Corinto que faz 
parte da Igreja universal (CIC 752). A prega­
ção mais antiga de Paulo na cidade ocorreu 
na sinagoga local, onde judeus e gregos aco­
lheram sua mensagem (At 1 8 , 4) . 
"aos que foram santificados": isto é, os 
que foram feitos "santos" e "separados" para 
servir a Deus. Os cristãos são santificados pe­
los méritos do sacrifício de Cristo (Hb 1 O, 
1 0) , que primeiro vem a nós no Batismo (6, 
1 1 ; Ef 5, 26) . 
"invocam o nome": Um ato de oração 
e adoração (Gn 4, 26; SI 1 1 6 , 1 7) . Invocar 
o nome de Cristo está intimamente liga­
do à liturgia sacramental da Igreja, como 
no Batismo (6 , 1 1 ; Mt 28, 1 9 ; Atos 2, 38 ; 
CIC 2 1 56). Ver comentário em 1 Cor 1 6 , 
22 . 
• Invocar Jesus como Senhor em qualquer 
lugar recorda o culto universal do nome de 
Deus previsto em MI 1 , 1 1 . Os primeiros 
cristãos viram esse oráculo ser cumprido na 
"oferta purà' da Eucaristia (CIC 2643). 
Cadernos de estudo bíblico 
1 , 3 "Para vós, graça e paz" - costumei­
ra saudação de Paulo às igrejas locais (Rm 1 , 
7; 2 Cor 1 , 2; Gl 1 , 3) . 
1 , 5 "em toda palavra e em todo conhe­
cimento" - Dons do Espírito Santo ( 1 2 , 8) . 
Antes de tratar de problemas, Paulo celebra 
os dons de Deus para os coríntios e expres­
sa confiança de que o Senhor continuará a 
abençoá-los até o final ( 1 , 8) . 
1 , 6 "testemunho sobre Cristo" - Paulo 
deu testemunho do Evangelho ao pregar aos 
coríntios (2, 1 -5) , escrever cartas para eles (5 , 
9), e modelar virtudes a serem imitadas ( 1 1 , 1 ) . 
1 , 7 "dom'' - Antecipa a longa discussão 
nos capítulos 1 2- 1 4 sobre o uso apropriado 
dos dons carismáticos. Tais manifestações do 
Espírito vêm de Deus e são destinadas a edi­
ficar a Igreja no amor ( 1 2 , 7- 1 1 ; 14 , 3-5) . 
fT1 1 , 8 "dia de Nosso Senhor Jesus 
LJ.U Cristo" - Paulo lembra os leitores do 
Dia do Julgamento, quando cada pensamen­
to, palavra e ação será pesado na balança por 
Cristo (Rm 2, 5- 1 0; 2 Cor 5, 1 0; CIC 682) . 
• O "dia do Senhor" é uma expressão recor­
rente no Antigo Testamento. É um dia de 
julgamento impetuoso em que Deus se vinga 
dos seus inimigos e j ustifica os santos QI 2, 
30-32; Am 5, 1 8 ; Livro de Obadias 1 5). Às 
vezes refere-se a um dia no curso da história, 
como o dia da devastação de Jerusalém em 70 
dC (Zacarias 1 4, 1 - 5 ; Mt 24) ; outras vezes, 
refere-se ao último dia da história, quando 
Cristo voltará em glória para julgar os vivos e 
os mortos (3, 1 3 ; 5 , 5 ; At 10 , 42) . Paulo colo­
ca a fórmula tradicional ("dia do Senhor") em 
outras palavras para identificar Cristo com o 
Juiz divino ( "dia de nosso Senhor Jesus Cris­
to" ) . 
Divisões na Igreja - 1 0 Irmãos,e u vos exorto, pelo nome d e nosso Senhor Jesus Cristo, a que estejais 
todos de acordo no que falais e não haja divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos no sentir e 
no pensar. 1 1 Com efeito, pessoas da família de Cloé informaram-me a vosso respeito, meus irmãos, que 
está havendo contendas entre vós. 12 Digo isto, porque cada um de vós fala assim "Eu sou de Paulo" , ou: 
"Eu sou de Apolo" , ou: "Eu sou de Cefas", ou: "Eu sou de Cristo" ! 13 Será que Cristo está dividido? Será 
Paulo quem foi crucificado por amor a vós? Ou foi no nome de Paulo que fostes batizados? 14 Dou graças 
a Deus por não ter batizado nenhum de vós, a não ser Crispo e Gaio. 15 Assim, ninguém pode dizer que 
fostes batizados no meu nome. 16 Ah, sim, batizei a família de Estéfanas. Além destes, não me lembro de 
ter batizado nenhum outro. 17 De fato, Crisro não me enviou para batizar, mas para anunciar o Evangelho 
- sem sabedoria de palavras, para não esvaziar a força da cruz de Cristo. 
1, 12: 1 Cor 3 , 4 ; At 1 8 , 24; 1 Cor 3 , 22 ; )o 1, 42; 1 Cor 9 , 5; 1 5 , 5. 1, 13: Mt 28, 1 9 ; At 2, 38. 1, 14: At 1 8 , 8 ; Rm 16, 23. 1, 16: 1 Cor 
16, 15. 1, 17: Jo 4, 2 ; At 1 0 , 48; 1 Cor 2, l; 4 , 1 3 . 
1 , 10 - 4, 2 1 : Paulo confronta cristãos ses homens são servos do mesmo Jesus Cris­
imaturos cuja lealdade a vários missionários to, o único que concede a salvação ( 1 , 1 3; 3 , 
dividem a Igreja local . Já haviam se forma- 3-9, 2 1 -23) . Esse acontecimento explica por 
do facções em torno dos mentores missio- que os quatro primeiros capítulos sublinham 
nários mencionados em 1 , 1 2 (Paulo, Apolo, a importância crucial de unidade entre os 
Cefas) . Paulo repreende esse comportamen- cristãos e a lealdade suprema que devemos 
to sectário de correr atrás dos ministros do a Cristo sobre todos os ministros do Evan­
Evangelho com o lembrete de que todos es- gelho. 
1 , 1 1 : "pessoas da família de Cloé" -
Além desse versículo, nada se sabe sobre esta 
mulher ou sua família. 
1 , 12: ''Apolo" - Um líder cristão de Ale­
xandria (norte do Egito) , que ministrou em 
Corinto depois da primeira estadia de Paulo 
na cidade (3, 5, 22; At 1 8 , 24- 1 9 : 1 ) . 
"Cefas" - O nome aramaico de Pedro, 
que é utilizado em toda esta carta (3, 22; 9 , 
5 ; 1 5 , 5) . Essa é a única menção da associa­
ção do Apóstolo Pedro com os coríntios no 
Novo Testamento. Ver Estudo da Palavra: 
Pedro em Mt 1 6. 
"Eu sou de Cristo" - Esse lema sugere 
que uma das facções distinguiu-se das de­
mais por sua fidelidade a Cristo, e não por 
um missionário particular. 
1 , 14: "Crispo" - O chefe da sinagoga de 
Corinto, que se converteu ao cristianismo 
quando Paulo chegou pela primeira vez na 
cidade (At 1 8 , 8) . 
"Gaio" - Possivelmente o indivíduo 
mencionado em At 1 9 , 29 e/ou Rm 1 6, 23, 
mas isso é incerto, uma vez que "Gaio" era 
As cartas de São Paulo aos coríntios 
um nome popular no mundo helênico. 
1, 16: "batizei a família'' - O Batismo 
de famílias inteiras, incluindo empregados 
domésticos e crianças, era uma prática habi­
tual na Igreja primitiva (At 1 6, 1 5 , 33 ; CIC 
1 252) . Ver comentário em Lc 1 8 , 1 6 . 
1 , 17: "anunciar o Evangelho" - Paulo 
não está minimizando a importância do Ba­
tismo mas sublinhando a sua obrigação pri­
mária de evangelizar (9, 1 6 ; Rm 1 , 1 4- 1 5) . 
Suas palavras são destinadas a determinados 
coríntios que exageravam o papel do minis­
tro do Batismo (1 Cor 1 , 1 3- 1 5) e perdiam 
de vista o propósito do Sacramento, que é 
nos unir com Cristo ( 1 2, 1 3 ; Gl 3, 27) . 
"sem sabedoria de palavras" - O poder 
do Evangelho para persuadir a audiência de­
riva da mensagem em si, não do mensageiro 
que a entrega ( 1 , 1 8 ; Rm 1 , 1 6) . A missão de 
Paulo, portanto, não é agradar o ouvido com 
a habilidade tão admirada pelos coríntios de 
falar com eloquência, mas persuadir o cora­
ção, falando de Cristo crucificado em termos 
claros e simples. 
Cristo, Poder e Sabedoria de Deus - 18 A pregação da cruz é loucura para os que se perdem, mas para 
os que são salvos, para nós, ela é força de Deus. 19 Pois está escrito: "Destruirei a sabedoria dos sábios e 
confundirei a inteligência dos inteligentes" . 
20 
Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o disputador deste 
mundo? Aliás, Deus não converteu em loucura a sabedoria deste mundo? 21 De fato, pela sabedoria de 
Deus, o mundo não foi capaz de reconhecer a Deus por meio da sabedoria, mas, pela loucura da pregação, 
Deus quis salvar os que crêem. 22 Pois tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria. 23 
Nós, porém, proclamamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. 24 Mas 
para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus. 25 Pois o 
que é loucura de Deus é mais sábio que os homens e o que é fraqueza de Deus é mais forte que os homens. 
26 De fato, irmãos, reparai em vós mesmos, os chamados: não há entre vós muitos sábios de sabedoria 
humana, nem muitos poderosos, nem muitos de família nobre. 27 Mas o que para o mundo é loucura, Deus 
o escolheu para envergonhar os sábios, e o que para o mundo é fraqueza, Deus o escolheu para envergonhar 
o que é forte. 28 Deus escolheu o que no mundo não tem nome nem prestígio, aquilo que é nada, para 
assim mostrar a nulidade dos que são alguma coisa. 29 Assim, ninguém poderá gloriar-se diante de Deus. 30 
É graças a ele que vós estais em Cristo Jesus, o qual se tornou para nós, da parte de Deus, sabedoria, justiça, 
santificação e libertação, 3 1 para que, como está escrito, "quem se gloria, glorie-se no Senhor" . 
l, 19: Is 29, 1 4 . l, 22: Mt 12 , 38 . l, 23: 1 Cor 2, 2; Gl 3, 1 ; 5, 1 1 . l, 27: Tg 2, 5. l, 28: Rm 4, 17 . l, 29: Ef 2, 9. l, 30: 1 Cor 4, 1 5 ; Rm 8, 
l ; 2 Cor 5 , 2 1 ; 1 Cor 6, 1 1 ; 1 Ts 5 , 23; Ef l , 7 . 1 4; Col l , 14 ; Rm 3, 24. l , 3 l : Jr 9, 24; 2 Cor 1 0 , 1 7. 
------
27 
Cadernos de estudo bíblico 
1 , 18: "A pregação da cruz" - O Evan­
gelho divide o destino dos homens, levando 
os que o abraçam à salvação e arrastando os 
que o rejeitam à perdição (Lc 2, 34) . O gre­
go de Paulo descreve isso como um processo 
de desdobramento e implica que o veredicto 
final do julgamento de Deus ainda está em 
aberto, ou seja, ainda há esperança para os 
que se perdem e ainda perigos à frente para 
os que estão sendo salvos. 
lJJ 1 , 19: "destruirei" - Uma referência 
a Is 29, 14 . 
• Isaías prediz a destruição de todas a s formas 
de sabedoria humana que se afirma contra a 
sabedoria de Deus. Originalmente esta foi 
uma advertência para os líderes de Israel, cujo 
excesso de confiança no entendimento huma­
no foi manifestado quando prestaram mais 
atenção aos políticos do que aos profetas. O 
mesmo aviso é agora colocado aos coríntios, 
que prezam a sabedoria racional dos homens 
sobre a sabedoria revelada do Evangelho. 
1 , 20: "Onde está . . . ?" Paulo provoca a 
elite intelectual do mundo antigo. Ele está 
convencido de que os filósofos gregos (sá­
bio) , os especialistas judeus na Torá (escriba) , 
e os oradores públicos aclamados do dia (dis­
putador) não são nada comparados ao poder 
e persuasão do Evangelho. 
ESTUDO DA PALAVRA: SABEDORIA ( 1 COR 1 , 20) 
S ophia (grego) : "Sabedoria'' , "destreza'' ou "discernimento" . A palavra é usada 1 7 vezes nesta carta e 34 vezes no restante do Novo Testamento. Paulo a utiliza como ênfase ao que foi dito no Antigo Testamento ( 1 ) A Torá é vista 
como a personificação da sabedoria divina (Dt 4, 5-6; Eclo 24, 23-25 ) . (2) Os 
livros sapienciais associados com o rei Salomão retratam a sabedoria como a arte 
de viver com prudência. Deus deu essa sabedoria a Salomão para instruir Israel 
e os gentios no caminho da justiça ( 1 Rs 4, 29-34) . (3) A sabedoria também é 
personificada no Antigo Testamento como uma artesã da criação (Pr 8; Sb 7, 22) 
que dirige a história humana (Sb 9- 1 1 ) . A Sabedoria, nesse sentido, teve o seu 
início na eternidade (Eclo 24, 9) e está intimamenteassociada com a Palavra de 
Deus (Sb 9, l ; Eclo 24, 3) , bem como à ação do Espírito Santo (Sb 9, 1 7) . Paulo 
se baseia nessas tradições para fazer um nítido contraste entre a sabedoria que vem 
de Deus e a sabedoria filosófica humana celebrada pelos gregos. Para o Apóstolo, 
Jesus Cristo é a sabedoria divina de Deus (1 Cor 1 ,24) que é dada aos que creêm 
através da infusão do Espírito (1 Cor l , 30; 2, 7- 13 ; Ef l , 1 7; Cl 2, 3) . Como tal, 
não pode ser equiparada com a engenhosidade de filósofos e pensadores. 
1 , 21 : "não foi capaz de reconhecer a salvar o mundo através de um Messias crucifi­
Deus" - Não a ignorância da existência de cado (2, 8; At 1 7, 30; Rm 1 0, 3) . A fé percebe 
Deus por si só, mas a ignorância dos seus cami- o que a razão sozinha não consegue, ou seja, 
nhos, especialmente do seu plano divino para a mais elevada sabedoria de Deus (Is 55 , 9) . 
1 , 22: "judeus" - Israel esperava mila­
gres extraordinários (sinais) do Messias para 
autenticar a sua missão (Me 1 6, l ; Jo 6, 30) . 
"gregos" - pensadores helenísticos es­
cavam sempre à procura de explicações 
novas e atraentes do universo (sabedoria) . 
1 , 23: "proclamamos Cristo crucificado" -
a crucificação romana era normalmente um 
sinal de desgraça e derroca para as suas víti­
mas. A crucificação de Cristo, no encanto, 
foi um golpe mortal para o diabo e o meio 
para nossa salvação (CIC 272) . 
"escândalo para os judeus" - Para al­
guns judeus, corno os que escreveram os 
Manuscritos do Mar Morto, a crucifica­
ção escava ligada à maldição de Deus em 
Deuteronômio 2 1 , 22-23 . Paulo lida com 
esta aparente dificuldade em Gl 3, 1 3 , 
onde insiste que Cristo suportou a maldi­
ção da morte para que Israel e os gentios 
pudessem ser abençoados com nova vida. 
1, 30: "graças a Ele" - todas as bênçãos es­
pirituais vem a nós do Pai (Ef 1 , 3; T g 1 , 1 7; 
CIC 28 1 3) . Ternos de reconhecer isso para 
evitar jactância sem sentido ( 1 Cor 1 , 29) e a 
ilusão da auto-suficiência (4, 7) . 
llJ 1 , 3 1 : "quem se gloria" - urna pará­
frase da versão grega de Jr 9, 24 . 
• Jeremias desafiou os sábios, poderosos e ri­
cos de Israel a parar de ostentar suas vanta­
gens mundanas e começar a dar a glória ao 
Senhor Qr 9, 23). Paulo tem essa passagem 
em mente quando faz o mesmo apelo aos Co­
ríntios. Embora alguns deles fossem "sábios" , 
"poderosos" e "nobres" aos olhos do mundo 
( 1 Cor 1 , 26), se vangloriavam dos seus dons 
espirituais sem dar o devido crédito ao Se­
nhor (4, 7) . 
29 
As cartas de São Paulo aos coríntios 
NOTAS 
Cadernos de estudo bíblico 
2 Proclamação de Cristo Crucificado - 1 Irmãos, quando fui até vós anunciar-vos o mistério de 
Deus, não recorri à oratória ou ao prestígio da sabedoria. 2 Pois, entre vós, não julguei saber coisa 
alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. 3 Aliás, estive junto de vós com fraqueza e receio, 
e com muito tremor. 4 Também a minha palavra e a minha pregação não se apoiavam na persuasão da 
sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, 5 para que a vossa fé se baseasse no poder de 
Deus e não na sabedoria humana. 
2, 1: 1 Cor ! , 1 7. 2, 2: Gl 6, 14; 1 Cor ! , 23. 2, 3: At 1 8 , 1. 6 . 1 2; 1 Cor 4, 1 0; 2 Cor 1 1 , 30. 2, 4: Rm 1 5 , 1 9; 1 Cor 4 , 20. 2, 5: 2 Cor 4 , 7; 
6, 7 ; 1 Cor 12, 9 . 
COMENTÁRIOS 
2, 1: "quando fui até vós" - Isto é, quan­
do Paulo evangelizou Corinto pela primeira 
vez (At 1 8 , 1 - 1 7) . 
2, 3: "receio [ . . . ] e temor" - Uma ex­
pressão bíblica da reação ao poder e a 
presença de Deus Todo-Poderoso (Ex 
20, 1 8 ; SI 2, 1 1 ; Ez 1 2, 1 8 ; Fl 2, 1 2) . 
2, 4 : "uma demonstração do poder do Es­
pírito" - Mesmo as proclamações mais di­
nâmicas do Evangelho se mostram ineficazes 
a menos que o Espírito convença as mentes 
e os corações dos ouvintes a aceitá-lo (Fl 1 , 
29) . Paulo indica que sua própria capacidade 
modesta de falar era uma fraqueza que permi­
tiu que o poder de Deus atuasse mais perfei­
tamente por ele (2 Cor 12 , 9) . A idéia nessa 
passagem é que Deus salva o mundo por meio 
do que é tolo e fraco a fim de que só ele possa 
ser elogiado pelo resultado ( 1 Cor 1 , 2 1 - 29) . 
Ver Estudo da Palavra: Inábil em 2 Cor 1 1 . 
A verdadeira Sabedoria de Deus - 6 Entre os irmãos plenamente instruídos, de certo, falamos de 
sabedoria, não porém a sabedoria deste mundo, nem a sabedoria dos poderosos deste mundo, fadados a 
desaparecerem. 7 Falamos da misteriosa sabedoria de Deus, a sabedoria escondida que, desde a eternidade, 
Deus destinou para nossa glória. 8 Nenhum dos poderosos deste mundo a conheceu. Pois, se a tivessem 
conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. 9 Mas, como está escrito, "o que Deus preparou para 
os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais 
pressentiu" . 10 A nós, Deus revelou esse mistério por meio do Espírito. Pois o Espírito sonda tudo, mesmo 
as profundezas de Deus . 1 1 Quem dentre as pessoas conhece o que é próprio do ser humano, a não ser o 
espírito humano que nele está? Assim também, ninguém conhece o que é de Deus, a não ser o Espírito 
de Deus. 12 Nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para 
conhecermos os dons que Deus nos concedeu. 13 Desses dons também falamos, não com palavras ensinadas 
pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, aplicando a realidades espirituais uma 
linguagem espiritual. 14 O homem não-espiritual não aceita o que é do Espírito de Deus, pois isso lhe 
parece loucura. Ele não é capaz de entendê-lo, porque só pode ser avaliado pelo Espírito. 15 Ao contrário, 
o homem espiritual julga tudo, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. 16 Pois quem conheceu o 
pensamento do Senhor, de maneira a poder lhe dar conselho? Nós, todavia, temos o pensamento de Cristo. 
2, 6: Ef 4, 1 3 . 2, 7: Rm 8, 29-30. 2, 8: At 7, 2; Tg 2, !. 2, 9: Is 64, 4 ; 65, 17. 2, 10: Mt l i , 25; 13, l i ; 16, 17; Ef 3, 3 . 5 . 2, 12: Rm 8, 1 5 . 
2, 13: 1 Cor ! , 17 . 2, 14: 1 Cor ! , 1 8 ; Tg 3, 1 5 . 2, 15: 1 Cor 3, ! ; 14 , 37; Gl 6, 1 . 2, 16: Is 40, 1 3 ; Rm l i , 34. 
2, 6: "irmãos plenamente instruídos" 1 táos que alcançaram maturidade espiritual e 
- ou "o perfeito" . Paulo diferencia entre cris- os que são simplesmente "crianças" (3 , 1 ) . 
Ironicamente, os coríntios imaturos são os 
que se consideram mais sábios e avançados 
espiritualmente. 
2, 7: "misteriosa sabedoria de Deus" -
O plano divino para salvar o mundo através 
de um Messias crucificado foi escondido dos 
gentios e apenas vagamente retratado no An­
tigo Testamento. 
2, 8: "poderosos deste mundo" - As au­
toridades judaicas e romanas que colabora­
ram para executar Jesus eram culpadas pelos 
seus crimes e contudo ignorantes do plano 
de Deus para redimir o mundo através de sua 
morte (At 3, 1 7; 4, 27-28 ; CIC 59 1 , 597) . 
rT1 2, 9: "que os olhos jamais viram'' -
LlU Uma paráfrase de Is 64, 4 . 
• Isaías se admira que nunca se viu ou ouviu 
um Deus como o Senhor, que é sempre fiel 
para libertar os que esperam nele. As palavras 
finais desta citação não sáo de Isaías, mas apa­
rentemente do Eclo 1 , 1 O, em que a sabedoria 
insondável de Deus é um dom prometido aos 
que o amam. Paulo une Isaías e Sirach para 
ressaltar o que Deus tem preparado há muito 
tempo em segredo e tornou agora conheci­
do para o mundo através do Espírito (CIC 
1 027) . 
2, 10: "o Espírito sonda tudo" - O Es­
pírito é unicamente qualificado para sondar 
a mente de Deus e dar a conhecer os seus 
planos sábios (Dn 4, 9) . Como um guia in­
terior para os cristãos, o Espírito nos ilumina 
sobre os dons espirituais e verdades que Deus 
transmitiu em Cristo ( 1 Cor 2, 1 2- 1 3 ; CIC 
687, 2038) . 
2, 14: "homem não-espiritual" - O ho­
mem não redimido que não tem o espírito e 
o discernimento espiritual. 
As cartas de São Paulo aos coríntios 
2, 15 : "homem espiritual" - O cristão 
maduro que tem o espírito e a sabedoria es­piritual (2, 6) . 
rT1 2, 16: "pois quem conheceu" - Uma 
LlU referência a Is 40, 1 3 . 
• A pergunta retórica de Isaías antecipa uma 
resposta negativa, isto é, nenhum homem 
mortal tem acesso à mente de Deus ou é 
capaz de informá-lo sobre verdades que ele 
já não saiba. Paulo conclui que a sabedoria 
divina está além do alcance da compreensão 
humana e pode ser conhecida pelos homens 
apenas se for revelada pelo próprio Deus (Sb 
9 , 1 3- 1 8 ; CIC, 1 998) . 
NOTAS 
3 1 
Cadernos de estudo bíblico 
3 Sobre as divisões na Igreja de Corinto - 1 Irmãos, não vos pude falar como a pessoas espirituais. 
Tive de vos falar como a pessoas carnais, como a crianças na vida em Cristo. 2 Eu vos alimentei com 
leite, não com alimento sólido, de acordo com a vossa capacidade. E nem atualmente sois capazes 
de tomar alimento sólido, 3 pois sois ainda carnais. fu rivalidades e contendas que existem no meio de 
vós acaso não mostram que sois carnais e que procedeis de modo humano apenas? 4 Quando um declara: 
"Eu sou de Paulo" e outro: "Eu sou de Apolo", não estais apenas no nível humano? 5 Pois, que é Apolo? 
Que é Paulo? Não passam de servos pelos quais chegastes à fé. A cada um o Senhor deu sua tarefa: 6 eu 
planeei, Apolo regou, mas era Deus que fazia crescer. 7 De modo que nem o que planta nem o que rega 
são, propriamente, importantes. Importante é aquele que faz crescer: Deus. 8 Aquele que planta e aquele 
que rega são a mesma coisa, mas cada qual receberá o salário correspondente ao seu trabalho. 9 Pois nós 
somos cooperadores de Deus, e vós, lavoura de Deus, construção de Deus. 10 Segundo a graça que Deus 
me deu, eu, como bom arquiteto, coloquei o alicerce, sobre o qual outro se põe a construir. Mas cada qual 
veja bem como está construindo. 11 De fato, ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que já está 
colocado: Jesus Cristo. 12 Se então alguém edificar sobre esse alicerce com ouro, prata, pedras preciosas ou 
com madeira, feno, palha, 13 a obra de cada um acabará sendo conhecida: o Dia a manifestará, pois ele 
se revela pelo fogo, e o fogo mostrará a qualidade da obra de cada um. 14 Aquele cuja construção resistir 
ganhará o prêmio; 1 5 aquele cuja obra for destruída perderá o prêmio - mas ele mesmo será salvo, como 
que através do fogo. 16 Acaso não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? 
17 Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo, e esse templo 
sois vós . Vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus. 1 8 Ninguém se iluda: se algum de vós se julga sábio diante 
deste mundo, faça-se louco, para tornar-se sábio; 1 9 pois a sabedoria desce mundo é loucura diante de Deus. 
Assim está escrito: "Aquele que apanha os sábios em sua própria astúcià' , 20 e ainda: "O Senhor conhece os 
pensamentos dos sábios: são fúteis" . 2 1 Portanto, ninguém ponha a sua glória em ser humano algum. Sim, 
tudo vos pertence: 22 Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro, tudo é vosso, 23 
mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus. 
3, 1 : Rm 7, 14; Hb 5 , 13. 3, 2: Hb 5 , 12 - 13 ; 1 Pd 2, 2. 3, 4: 1 Cor 1 , 12. 3, 5 : 2 Cor 6, 4; Ef 3, 7; Cl 1 , 25. 3, 6: At 1 8 , 4; 24-27; 1 Cor 1 , 
1 2 . 3 , 9 : Is 6 1 , 3 ; Ef 2, 20-22; 1 Pd 2 , 5 . 3 , 10: Rm 1 2, 3 ; 1 Cor 1 5 , 1 0 . 3 , 1 1 : E f 2 , 20. 3 , 13: 2 Ts 1 , 7- 10 . 3 , 1 5: J o 23, 1 0 . 3 , 16: 1 Cor 6, 
1 9; 2 Cor 6, 1 6. 3, 18: Is 5 , 2 1 ; 1 Cor 8 , 2; Gl 6, 3 . 3, 19: Jo 5 , 13; 1 Cor 1, 20. 3, 20: SI 94, 1 1 . 3, 21: 1 Cor 4, 6; Rm 8, 32. 3, 22: 1 Cor 
1, 12; Rm 8, 38. 
COMENTÁRIOS 
3, 1: "pessoas carnais" - cristãos imatu­
ros que possuem o Espírito, mas são escravi­
zados por formas mundanas de pensamento. 
As "rivalidades e contendas" (3, 3) encontra­
das em Corinto era a prova de que muitos 
deles eram crianças espirituais. A maturidade 
cristã real produz frutos de amor e unidade 
(Gl 5, 22-23; Cl 3, 1 2- 1 5) . 
3, 5-23: Paulo enfatiza que o sucesso no 
ministério é principalmente obra de Deus. 
Mestres do rebanho devem reconhecer que 
( 1 ) somente Deus dá a vida e crescimen­
to para a Igreja e que (2) Deus vai testar 
o trabalho de cada trabalhador no Dia do 
Juízo. Por conseguinte, os fiéis não devem 
superestimar a importância de seus mestres, 
mas vê-los como "servos" (3 , 5 ) e "coopera­
dores" (3 , 9) do Senhor. Paulo ilustra isso 
com duas analogias, uma agrícola (3, 5-9 ; 
CIC 75 5) e outra arquitetônica (3 , 1 0- 1 7; 
CIC 756) . 
3, 6: "Eu plantei: Apolo regou" - Paulo 
estabeleceu primeiro a Igreja em Corinto (At 
1 8 , 1 - 1 7) , enquanto Apolo veio depois para 
fomentar o crescimento espiritual da comu­
nidade (At 1 8 , 24- 1 9, 1 ) . 
3 2 
liJ 3 , 1 0 : "bom arquiteto" - Ou "sábio 
arquiteto" . Paulo estabeleceu a Igreja 
em várias cidades pela evangelização, deixan­
do aos líderes subsequentes a construção das 
congregações na fé e no amor (Rm 1 5 , 1 9-
20) . Para ele, o único alicerce estável para 
construir é o Evangelho de Cristo ( 1 Cor 3 , 
1 1 ) . 
• Arquitetos no Antigo Testamento foram 
dotados pelo Espírito com a sabedoria e as 
habilidades técnicas necessárias para cons­
truir o Tabernáculo no deserto (Ex 35 , 30-
33) e o Templo de Jerusalém (1 Rs 4, 29; 7, 
1 3- 1 4) . O rei Salomão, em particular, foi um 
arquiteto sábio que estabeleceu os alicerces 
do Templo ( 1 Rs 5, 1 7- 1 8) , e concedeu a 
sua sabedoria para Israel e as nações iguais ( 1 
Rs 10 , 24; Pr 1 , 1 -2) . Paulo vê a s i mesmo 
como um Salomão espiritual que supervisio­
na a construção de outro templo, a Igreja, e 
proclama a maior sabedoria do Evangelho aos 
"gentios" e aos "filhos de Israel" (At 9, 1 5) . 
liJ 3 , 12 : "Se então alguém edificar" -
Líderes espirituais são como artesãos 
comissionados para edificar cristãos no Tem­
plo de Deus (3, 1 6- 1 7) . A qualidade da sua 
obra é retratada por uma lista de materiais de 
construção que vão desde o mais ao menos 
valioso - os três primeiros (ouro, prata, pe­
dras preciosas) são caros e resistentes, en­
quanto os outros três (madeira, feno, palha) 
são baratos e inflamáveis . O impetuoso Dia 
do Julgamento irá revelar se têm trabalhado 
diligente ou negligentemente, uma vez que 
todo o trabalho abaixo do padrão será consu­
mido nas chamas do escrutínio divino (3, 
1 5) . Embora Paulo esteja falando diretamen­
te aos ministros do Evangelho, suas palavras 
se aplicam a todos os cristãos na medida em 
As cartas de Sáo Paulo aos coríntios 
que todos são chamados a "edificar" a Igreja 
no amor ( l 4, 4; Ef 4, 1 1 - 1 6; 1 Ts 5 , 1 1 ; CIC 
2045) . 
• A lista de Paulo para materiais de constru­
ção é semelhante às apresentadas no Antigo 
Testamento para a construção do Tabernácu­
lo (Ex 3 1 , 2-5) e do Templo ( 1 Cr 29, 2) . 
Feno e palha, no entanto, estão ausentes des­
sas listas - um fato que acentua a sua indigni­
dade como materiais estruturais. 
liJ 3, 14: "prêmio" - O mesmo termo 
grego é traduzido como "salários" em 
3, 8. Refere-se à compensação espiritual pelo 
trabalho apostólico. 
• No fundo, Paulo está pensando no rei Sa­
lomão, que contratou os trabalhadores de 
Hiram de Tiro para, recebendo "salários" , 
construírem o Templo de Jerusalém sob sua 
supervisão (1 Rs 5, 5-6) . Ver comentário em 
1 Cor 3, 10 . 
liJ � 3, 15: "como que através do 
lilllJll fogo" - Alguns trabalhadores 
cristãos, cujos esforços são pobres e imperfei­
tos, passarão pelo julgamento impetuoso de 
Deus como um homem que escapa por pou­
co com vida de um prédio em chamas. Este 
prelúdio para a salvação implicará consequ­
ências espirituais dolorosas, que, embora 
graves, irá poupá-las da condenação eterna. 
• O Antigo Testamento muitas vezes retrata o 
fogo como um agente de prova e refinamento 
(Eclo 2, 5; Is 4, 4; 6, 6-7; Zc 1 3 , 9; MI 3 , 
2-3) . 
• A tradição católica interpreta o ensina­
mento de Paulo à luz do Purgatório, uma 
doutrina definida nos Concílios de Lyon I I 
3 3Cadernos de estudo bíblico 
( 1 274) , Florença ( 1 439) , e Trento ( 1 563) . O 
Purgatório é uma etapa final de purificação 
àqueles que estão destinados ao Céu, mas 
deixaram essa vida ainda sobrecarregados 
com pecados veniais ou com uma dívida não 
paga de pena temporal dos pecados passados 
(isto é, pecados mortais já perdoados, mas 
imperfeitamente arrependidos) . Passar pelo 
fogo é, portanto, um processo espiritual em 
que as almas são purificadas do egoísmo re­
sidual e refinadas no amor de Deus (CIC 
1 030- 1 032) . 
ESTUDO DA PALAVRA: PERDERÁ (1 COR 3, 15) 
Zemioõ {grego): "perder" , "sofrer perdà', ou "ficar sujeito a penalidade" . O Antigo Testamento grego usa esse verbo para simbolizar o sofrimento pessoal (Pr 22, 3) , bem como sanções financeiras (Ex 2, 22; Dt 22, 1 9 ; Pr 
1 7, 26) . Os Evangelhos o utilizam para a perspectiva assustadora de perder a vida 
eterna (Mt 1 6, 26; Me 8,36; Lc 9, 25 ) . Em 1 Cor 3, 1 5 , refere-se a danos espirituais 
sofridos por líderes cristãos que são descuidados e não comprometidos na sua tarefa 
de edificar a Igreja. O contexto sugere que Paulo faz alusão às relações de trabalho 
conhecidas no mundo antigo. De fato, esse termo e termos relacionados eram 
usados em contratos de construção para estabelecer multas por dano ou mão-de­
obra defeituosa em projetos desaprovados pela inspeção. 
3, 16: "sois templo de Deus" - O tem­
plo em Jerusalém ainda estava de pé quando 
esse versículo foi escrito (56 dC) . Para Pau­
lo, o santuário de pedra da Antiga Aliança 
foi substituído pelo corpo vivo de Cristo na 
Nova Aliança. Ele via esse mistério em três 
dimensões: o corpo de cada cristão é um 
templo (6, 1 9) ; o corpo de cada Igreja local é 
um templo (3, 1 7) ; e o corpo da Igreja uni­
versal é um templo (Ef 2, 1 9-22) . 
3, 17: "se alguém destruir" - O cená­
rio final descrito na metáfora da construção 
de Paulo: construtores cuidadosos receberão 
uma recompensa celestial (3, 1 4) ; constru­
tores descuidados vão passar pelo fogo pu-
rificador em seu caminho para salvação (3, 
1 5) ; e os trabalhadores que destroem serão 
destruídos (3, 1 7) . 
r\'r1 3, 19-20: Paulo cita Jó 5 , 1 3 e SI 94, 
Ll.U 1 1 para advertir os que pensam ser sá­
bios. 
• A primeira passagem é dita por um amigo 
de Jó, Elifaz, que afirma que enquanto Deus 
exalta os humildes, também frustra os orgu­
lhosos e garante que os seus esquemas arro­
gantes desmoronem. O segundo é um apelo 
ao Senhor para castigar os soberbos que pen­
sam que a sua maldade passa despercebida ao 
Senhor. 
3 4 
As cartas de São Paulo aos coríntios 
4Ministério dos Ap6stolos - 1 Que as pessoas nos considerem como ministros de Crisro e 
administradores dos mistérios de Deus. 2 Ora, o que se exige dos administradores é que cada um 
se mostre fiel. 3 Quanto a mim, pouco me importa ser j ulgado por vós ou por alguma instância 
humana. Nem eu me julgo a mim mesmo. 4 É verdade que minha consciência não me acusa de nada. Mas 
isro não quer dizer que eu deva ser considerado justo. 5 Quem me j ulga é o Senhor. Portanto, não queirais 
j ulgar antes do tempo. Aguardai que o Senhor venha. Ele trará à luz o que estiver escondido nas trevas 
e manifestará os projetos dos corações. Então, cada um receberá de Deus o devido louvor. 6 Estas coisas, 
irmãos, expliquei em figuras, a respeito de mim e Apolo, para vosso proveito, para que de nós aprendais a 
regra: "Nada além do que está escrito" e não fiqueis cada qual torcendo por um contra o outro. 7 Pois quem 
é que te faz diferente? Que tens que não tenhas recebido? Mas, se recebeste tudo que tens, por que, então, te 
glorias, como se não o tivesses recebido? 8 Vós já estais saciados! Já vos enriquecestes! Sem nós, já começastes 
a reinar! Oxalá estivésseis mesmo reinando, para nós também reinarmos convosco! 9 Na verdade, parece-me 
que Deus nos apresentou, a nós Apóstolos, em último lugar, como pessoas condenadas à morte. Tornamo­
nos um espetáculo para o mundo, para os anjos e a humanidade. 'º Nós somos loucos por causa de Cristo, 
vós, porém, sensatos em Cristo; nós somos fracos, vós fortes; vós sois tratados com honra, nós com desprezo. 
" Até à presente hora, padecemos fome, sede e nudez; somos esbofeteados e vivemos errantes; 1 2 esgotamo­
nos no trabalho manual; somos injuriados, e abençoamos; somos perseguidos, e suportamos; 1 3 somos 
caluniados, e exortamos. Tornamo-nos como que lixo do mundo, a escória universal, até ao presente. 
4, l: 1 Cor 9 , 17; Rm 1 1 , 25; 1 6, 25. 4, 4: 2 Cor 1 , 1 2. 4, 5: Rm 2, 1 6; 1 Cor 3 , 1 3 ; 2 Cor 1 0, 1 8 ; Rm 2, 29. 4, 6: 1 Cor ! , 1 9. 3 1 ; 3 , 1 9-
20; ! , 1 2-34. 4, 9: 1 Cor 1 5 , 3 1 ; 2 Cor l i , 23; Rm 8, 36; Hb 1 0, 33. 4, 10: 1 Cor ! , 1 8 ; 2 Cor l i , 1 9 ; 1 Cor 3, 1 8 ; 2 Cor 1 3 , 9; 1 Cor 2, 3 . 
4, 11 : Rm 8, 35 ; 2 Cor 1 1 , 23-27. 4, 12: Ar 18 , 3 ; 1 Pd 3, 9. 
COMENTÁRIOS 
4, 1: "administradores" - Administra­
dores responsáveis pela propriedade do seu 
mestre. Refere-se, neste contexto, aos minis­
tros espirituais que administram os assuntos 
da família de Deus, a Igreja (Lc 1 2, 42-48 ; 1 
Tm 3, 1 5 ; CIC 859) . 
"Mistérios de Deus": As verdades re­
veladas da Nova Aliança, que estavam es­
condidas em épocas passadas , mas agora 
são manifestas por meio do Evangelho. Até 
certo ponto permanecem mistérios, porque 
a mente humana pode compreender a obra 
divina apenas de forma limitada. 
4, 4: "Mas isto não quer dizer que eu 
deva ser considerado justo" - Ou "Eu não 
sou justificado por isso" . A consciência de 
Paulo estava tranqüila perante as críticas , 
embora não fossem necessariamente corre­
tas . O veredicto final sobre o seu ministério 
deve aguardar o julgamento, quando Deus 
revelará os projetos do "coração" ( 4 , 5; cf. 
Rm 2, 1 6; CIC 678) . Antes disso, pronun­
ciar um julgamento definitivo sobre as obras 
dos outros - e até de nós mesmos - pode ser 
perigoso e bastante impreciso. 
4, 6: "de nós aprendais" - Um apelo 
para ouvir os pastores da Igreja e viver de 
acordo com o seu exemplo ( 4, 1 6; 1 1 , 1 ) . 
"Nada além do que está escrito": Paulo 
adverte os cristãos a permanecerem dentro 
dos limites da humildade pessoal definidos 
pelas Escrituras. Ele se refere especificamente 
à série de advertências do Antigo Testamento 
a respeito da vanglória citada anteriormente 
na carta ( 1 , 1 9 . 3 1 ; 3, 1 9-20) . O propósito 
de Paulo aqui é interromper os efeitos nocivos 
da arrogância em Corinto, conforme indica­
do pelo esclarecimento que se segue. São en-
3 5 
Cadernos de estudo bíblico 
ganosas e insustentáveis as interpretações que 
sugerem que neste versículo Paulo restringe 
a base da doutrina e moral cristãs ao que é 
expressamente estabelecido nos livros da bí­
blia (sola Scriptura) . Nada no contexto sugere 
tal referência, e em todo caso, Paulo insiste 
alhures que mesmo a pregação inspirada dos 
Apóstolos está em paridade com a palavra es­
crita de Deus ( 1 Ts 2, 1 3 ; 2 Ts 2, 1 5 , 3, 6) . 
4 7 " � gl . ,, o , : por que, entao, te ortas - s 
homens estão sempre à procura de algo 
de bom em seus arbítrios que seja verdadeira­
mente deles, em vez de um dom recebido de 
Deus. É inconcebível encontrar algo assim. 1 2 
4, 8-13: Paulo repreende os cristãos hi­
pócritas por seu egoísmo e críticas injustas . 
Embora os descreva como sábios e próspe­
ros, sua ironia retórica implica o oposto, isto 
é, são ignorantes e estéreis . Sua recusa em 
abraçar a loucura de Cristo expõe seu orgu­
lho e revela como seus problemas parecem 
pequenos em comparação à humilhação dos 
Apóstolos . 
4, 9: "espetáculo" - Paulo compara os 
Apóstolos a criminosos condenados que es­
tão em desgraça pública e e são executados 
diante da multidão ao ar livre. 
Admoestação paternal - 14 Isto vos escrevo, não com a intenção de vos envergonhar, mas para vos exortar 
como a filhos queridos. 15 De fato, mesmo que tenhais milhares de educadores em Cristo, não tendes 
muitos pais. Pois fui eu que, pelo anúncio do Evangelho, vos gerei no Cristo

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