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GAIA INOVAÇÃO E APRENDIZAGEM O GAIA (Grupo de Apoio à Inovação e Aprendizagem em Sistemas Organizacio- nais) é um grupo de pesquisas aplicadas sediado na Divisão de Gestão de Empresas do CTI, cujo propósito é contribuir para o desenvolvimento sustentável de empresas brasileiras, orientando-as para o uso do ca- pital intelectual disponível e para o cresci- mento profissional e pessoal de seus cola- boradores. Acredita-se que dessa maneira seja possível apoiar inovações organizacio- nais e tecnológicas que incrementem a sus- tentabilidade dessas organizações. Um dos objetivos do GAIA é disseminar informações de interesse para os seus pú- blicos-alvos, razão de ser deste livro e dos outros três volumes da série “Gestão da Sus- tentabilidade Organizacional”. A proposta desses quatro volumes é registrar alguns dos vários temas que foram abordados em palestras realizadas nos anos de 2010, 2011 e 2012, no âmbito de um dos projetos mais conhecidos do GAIA para difusão de conhe- cimento, denominado Manhãs da Inovação. As Manhãs da Inovação são eventos abertos ao grande público, que a partir de 2004 são realizados mensalmente no audi- tório do CTI. Desde 2010 esse projeto vem recebendo aporte de recursos do CNPq o que permite também a filmagem e a sua disponibilização na Internet. Esses conteúdos e outros relacionados com os temas de interesse estão disponí- veis em: http://www.cti.gov.br/tecnologias-gaia-dtsd AUTORES Organizador principal Marco Antonio Silveira Organizadoras Nanci Gardim Sylvia Regina Trindade Yano Autores de capítulos Ana Claudia Moreira Cardoso Angela Macedo Magalhães Bruno César Kawasaki Catarina Fátima Laborda Claudio Marcelo Brunoro Denise Razzouk Elza Maria de Souza Frida Marina Fischer Ivan Bolis João Silvestre da Silva-Junior Johan Hendrik Poker Júnior José Agnaldo Gomes Kenneth Nunes Tavares de Almeida Laerte Idal Sznelwar Lídice Miranda Santos Marcelo de Andrade Pinheiro Marco Antonio Silveira Nanci Gardim Odair Furtado Renata Coelho Vieira Renata Leatriz de Campos Temps Sylvia Regina Trindade Yano Tereza Aparecida Asta Gemignani SOBRE O CTI O Centro de Tecnologia da Informação Re- nato Archer (CTI) é uma unidade de pesqui- sas do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), com sede na cidade de Campinas-SP. A profunda interação tanto com setores acadêmicos, por meio de di- versas parcerias em pesquisa, como com o setor produtivo, em vários projetos de coo- peração, mantém o CTI no estado da arte em seus principais focos de atuação, com- preendendo áreas como gestão, sistemas, tecnologias assistivas, componentes ele- trônicos, microeletrônica, software e aplica- ções de Tecnologia da Informação (TI). Visite o site da instituição: www.cti.gov.br ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES: Saúde, Segurança e Qualidade de Vida no Trabalho ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES: Saúde, Segurança e Qualidade de Vida no Trabalho A SPECTO S PSICO SSO CIA IS E SU STEN TA BILID A D E EM O RG A N IZA ÇÕ ES Esta obra é o quarto volume de uma série de coletâneas de artigos focados na promoção de organizações sustentáveis, aqui entendidas como aquelas que contribuem para o desenvolvimento sócioeconômico pois que geram riquezas econômicas com benefícios sociais. O primeiro volume, “Gestão da sustentabi- lidade organizacional: desenvolvimento de eco-sistemas colaborativos”, lançado no final de 2011, trata do gerenciamento de eco-sistemas organizacionais, que são conjuntos de organizações públicas, privadas e do terceiro setor que inte- ragem dinamicamente entre si para viabilizar a produção de bens e serviços. O segundo volume intitulado “Gestão da sustentabilidade organizacional: inova- ção, aprendizagem e capital humano”, lançado em 2012, é focado no nível da organização considerada em sua individualidade, explorando maneiras de via- bilizar a inserção do capital humano em estratégias organizacionais. O terceiro volume, “Inovação para desenvolvimento de organizações sustentáveis” é de 2013 e tem como foco principal as relações entre trabalho e fatores psicossociais, em suas vertentes organizacional e econômico-financeira. Este quarto volume apresenta onze capítulos cobrindo uma gama mais abrangente de temas, orga- nizados em três seções: “Ambiente saudável: impulsionador da sustentabilidade organizacional”, “Fundamentos e indicadores nas tomadas de decisões sobre am- biente de trabalho e trabalhador” e “Fatores psicossociais e influências na dinâmica do trabalho”. Esta é uma obra resultante do esforço colaborativo empreendido por profissionais pertencentes a renomadas instituições brasileiras que traba- lham para a implantação de uma rede de estudos e pesquisas sobre aspectos psicossociais no trabalho. São instituições públicas e privadas com interesse no desenvolvimento ou nos resultados de novos conhecimentos e de práticas rela- cionadas com os múltiplos fatores associados à dimensão subjetiva do trabalho e seus impactos na saúde dos trabalhadores e no desempenho organizacional, bem como os impactos sócio-econômicos decorrentes, em especial, nos siste- mas de saúde e previdenciário. Marco Antonio Silveira (organizador principal) Nanci Gardim Sylvia Regina Trindade Yano (organizadoras) Marxismo e descendência · 1 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES: SAúDE, SEGURANÇA E qUALIDADE DE vIDA NO TRABALhO ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES: SAúDE, SEGURANÇA E qUALIDADE DE vIDA NO TRABALhO Organizador principal Marco A. Silveira Organizadoras Nanci Gardim Sylvia Regina Trindade Yano Organizador principal Marco Antonio Silveira Organizadoras Nanci Gardim Sylvia Regina Trindade Yano Autores de capítulos Ana Claudia Moreira Cardoso Angela Macedo Magalhães Bruno César Kawasaki Catarina Fátima Laborda Claudio Marcelo Brunoro Denise Razzouk Elza Maria de Souza Frida Marina Fischer Ivan Bolis João Silvestre da Silva-Junior Johan hendrik Poker Júnior José Agnaldo Gomes Kenneth Nunes Tavares de Almeida Laerte Idal Sznelwar Lídice Miranda Santos Marcelo de Andrade Pinheiro Marco Antonio Silveira Nanci Gardim Odair Furtado Renata Coelho vieira Renata Leatriz de Campos Temps Sylvia Regina Trindade Yano Tereza Aparecida Asta Gemignani Impresso no Brasil, janeiro de 2014 Copyright © 2014 by Marco Antonio Silveira Os direitos desta edição pertencem ao CTI (Centro de Tecnologia da Informação “Renato Archer”) Rodovia Dom Pedro I, Km 143,6 – 13069-901 – Campinas SP, Brasil Telefone de contato: +55 (19) 3746-6083 E-mail de contato: gaia@cti.gov.br Endereço eletrônico: http://www.cti.gov.br/gaia Organizadores Marco Antonio Silveira Nanci Gardim Sylvia Regina Trindade Yano Gestão Editorial CEDET – Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico Ltda. Revisão Thomas Perroni Editoração Maurício Amaral Imagem de fundo da capa © hugolacasse | Dreamstime.com Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica ou mecâ- nica, fotocópia, gravação ou qualquer outro meio de reprodução, sem permissão expressa do editor. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Marco Antonio Silveira (organizador principal); Nanci Gardim e Sylvia Regina Trinda- de Yano (organizadoras) Aspectos Psicossociais e Sustentabilidade em Organizações: saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho; Organização de Marco Antonio Silveira; Nanci Gardim; Sylvia Regina Trindade Yano – Campinas, SP: CTI (Centro de Tecnologia da Informação “Renato Archer”), 2014. ISBN 978-85-65163-04-0 1. Gestão Organizacional 2. Saúde Ocupacional 3. Inovação Tecnológica. 4. Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer. I. Título. CDD – 658.406 Índices para Catálogo Sistemático: 1. Gestão Organizacional – 658.406 2. Saúde Ocupacional - 613 3. Inovação Tecnológica – 338.064 SUMÁRIO Prefácio Dra. Julietta Rodríguez-Guzmán....................................................................................................... 13 seção i - ambiente saudável: impulsionador da sustentabilidade organizacional Capítulo 1: Desenvolvimento sócio-econômico e aspectos psicossociais nas organizações. Marco Antonio Silveira e Nanci Gardim ................................................................................................27 Capítulo 2: Prevenção dos transtornos mentais relacionados ou não ao trabalho: ações para a prática nas organizações. Sylvia Regina Trindade Yano e Elza Maria de Souza ...........................................................................45 Capítulo 3: Gestão de riscos associados a fatores psicossociais: definições conceituais e práticas de intervenção do SESI Nacional e do Departamento Regional da Bahia. Kenneth Nunes Tavares de Almeida, Lídice Miranda Santos, Angela Macedo Magalhães e Catarina Fátima Laborda ......................................................................63 Capítulo 4: Proposições para superar os desafios para identificar a relação entre o capital humano e a performance organizacional. Johan Hendrik Poker Junior .....................................................................................................................79 seção ii – fundamentos e indicadores nas tomadas de decisões sobre ambiente de trabalho e trabalhador Capítulo 5: A intensificação como peça fundamental no mecanismo de agravos psicossociais do trabalho. Renata Coelho Vieira ................................................................................................................................93 Capítulo 6: Meio-ambiente de trabalho saudável e desenvolvimento sustentável: a importância dos marcos legais. Tereza Aparecida Asta Gemignani......................................................................................................... 115 Capítulo 7: Indicadores sobre riscos psicossociais no trabalho. Ana Claudia Moreira Cardoso .............................................................................................................. 129 seção iii – fatores psicossociais e influências na dinâmica do trabalho Capitulo 8: Capital mental e produtividade: estratégias de redução do impacto econômico dos transtornos mentais no ambiente de trabalho. Marcelo de Andrade Pinheiro e Denise Razzouk ................................................................................ 147 Capítulo 9: A mediação dos fatores psicossociais do trabalho no absenteísmo-doença por transtornos mentais. João Silvestre da Silva-Junior e Frida Marina Fischer .........................................................................159 Capítulo 10: Trabalhar em um contexto de sustentabilidade: uma visão da ergonomia da atividade e da psicodinâmica do trabalho. Claudio Marcelo Brunoro, Laerte Idal Sznelwar, Ivan Bolis e Bruno César Kawasaki ................... 177 Capítulo 11: Trabalho, subjetividade e saúde mental dos trabalhadores. Odair Furtado, José Agnaldo Gomes e Renata Leatriz de Campos Temps ....................................... 197 SOBRE OS AUTORES Marco Antonio Silveira (Organizador principal) Doutor em sistemas de gestão (UNICAMP), reconhecido pelo CNPq como pesquisador de alta produtividade nível DT-2, com mais de 90 publicações e coordenação de diversos projetos de inovação e qualidade de vida em empresas. Experiência em gestão tecnológica, empresarial e acadêmica através de atividades de direção, assessoria, ensino e pesquisa em empresas, universidades e unidades de pesquisa. Experiência docente em diversos cursos de pós-graduação (na UNICAMP, PUC-Campinas, UNISAL, INPG, entre outros). Orienta pesquisadores de vários níveis, inclusive em projetos de pós-doutorado. É pesquisador da Divisão de Gestão de Empresas do CTI/MCTI de onde coordena o GAIA/CTI. Nanci Gardim (Co-Organizadora) Mestre em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente trabalha em questões relacionadas com relações cooperativas, gestão da inovação, fluxo e Gestão do Conhecimento, Transferência de Tecnologia e Propriedade Intelectual. Trabalhou por dois anos na Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp) e, desde outubro de 2010, é pesquisadora do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer – instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Sylvia Regina Trindade Yano (Co-Organizadora) Mestre em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente pelo SENAC/ SP. Trabalhou por 26 anos no Departamento Nacional do SESI – especialista em SST. Pesquisadora convidada do GAIA/CTI. Professora do Curso de Especialização em Segurança do Trabalho – UNIP/Brasília e Goiânia. Cirurgiã-dentista – Faculdade de Odontologia do Planalto Central de Brasília. Enfermeira pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Saúde Pública pelo Centro São Camilo de Administração da Saúde. Especialista em Enfermagem do Trabalho pelo Centro São Camilo de Administração da Saúde. Especialista em Odontologia do Trabalho pelo Conselho Federal de Odontologia. Especialista em Educação Ambiental pela Universidade Católica de Brasília. Ana Claudia Moreira Cardoso Pós-doutorado pelo CRESPPA - Centre de Recherche Sociologique et Politique de Paris e membro do grupo responsável por elaborar uma pesquisa sobre Riscos Psicossociais no Trabalho, coordenado pelo Ministério do Trabalho Francês. Doutora pela Universidade de São Paulo e pela Universidade de Paris VIII, França. Trabalha no DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) desde 1990 e atualmente é Professora Titular da Escola DIEESE de Ciências do Trabalho. Em 2009, publicou o livro “Tempos de trabalho, tempos de não trabalho: disputas em torno da jornada do trabalhador”. Angela Macedo Magalhães Coordenadora do Setor de Promoção da Saúde no Serviço Social da Indústria – SESI – Bahia e Responsável Técnica pelo Programa de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas no SESI-Bahia. Especialista em Ergonomia pela Universidade Federal de Minas Gerais, em Saúde e Segurança no Trabalho pela Universidade Federal da Bahia, Administração e Qualidade em Saúde pela Universidade Federal da Bahia, Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas. Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia. Bruno César Kawasaki Graduado e mestrando em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP. É pesquisador na área de Trabalho, Tecnologia e Organização nos temas ergonomia, psicodinâmica do trabalho, organização do trabalho e sustentabilidade. Tem experiência em gestão de desastres. Catarina Fátima Laborda Coordenadora do Programa Arte na Empresa entre outros projetos do SESI-Ba, como o Festival SESI Música, Festival SESI Literário e Encontro de Corais. Pós-Graduada em Coreografia pela UFBA e Especialização em Estudos Avançados do Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Graduada em Dança pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Organizou as publicações Antologia Poética do Trabalhador da Indústria, XIV Concurso de Poesia, 1º Festival SESI Literário e Teatro-Fórum e Pedagogia da Intervenção na Indústria. 8 | ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES SOBRE OS AUTORES | 9 Claudio Marcelo Brunoro Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP. Mestre em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da USP. Doutorando em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP, pesquisador na área de Trabalho, Tecnologia e Organização nos temas ergonomia, psicodinâmica do trabalho, organização do trabalho e sustentabilidade. Denise Razzouk Médica psiquiatra, com mestrado e doutorado pelo Depto de Psiquiatria da Unifesp e Pós- doutorado em Economia em Saúde Mental pelo King´s College (Univ. Londres). Professora afiliada do Depto. de Psiquiatria da UNIFESP sendo orientadora do seu Programa de Pós- graduaçãoe Coordenadora do seu Centro de Economia em Saúde Mental (CESM). Professora Titular da Disciplina de Psiquiatria na Unimes. Atua como pesquisadora na área de economia da saúde, avaliação de serviços de saúde mental, custos, “burden” e impacto econômico e social dos transtornos mentais em diferentes setores da sociedade, avaliação de intervenções em saúde mental, esquizofrenia e outros transtornos psicóticos, custo-efetividade de psicotrópicos. Elza Maria de Souza Médica (pela UFPA) com mestrado em Epidemiologia (pela UnB) e doutorado em Saúde Coletiva e Promoção da Saúde (pela Universidade de Londres). Professora-adjunta da UnB. Especialização em saúde do idoso pela Universidade de Southampton. Professora- adjunta e pesquisadora do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília – UnB. Atuou na Secretaria de Estado de Saúde (DF) como médica na atenção básica e como cardiologista. Atuou também como Diretora do Centro de Desenvolvimento de Recursos Humanos para a Saúde. Frida Marina Fischer Professora Titular do Departamento de Saúde Ambiental, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Editora Associada da Revista de Saúde Pública. Presidente da Working Time Society e chair do Sub-Comitê da ICOH "Shiftwork and working time". Atua na área de saúde do trabalhador, com os seguintes temas: trabalho em turnos e noturno, doenças relacionadas com o trabalho, envelhecimento funcional precoce, trabalho de jovens. Ivan Bolis Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP e Engenheiro Industrial pelo Politécnico di Milano. Doutorando e Mestre em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP, pesquisador na área de Trabalho, Tecnologia e Organização nos temas ergonomia, organização do trabalho e sustentabilidade. João Silvestre da Silva-Junior Médico pela Universidade de Pernambuco, Especialista em Medicina do Trabalho pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), Doutorando e Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Perito Médico do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do Ministério da Previdência Social. Coordenador adjunto e professor do Curso de Especialização em Medicina do Trabalho da FCMSCSP. Diretor Científico Adjunto da Associação Paulista de Medicina do Trabalho. Johan Hendrik Poker Júnior Professor de Administração Financeira da Faculdade de Ciências Aplicadas da UNICAMP, coordenador associado dos cursos de Administração e Administração Pública. Pós-doutorado no CTI Renato Archer, mestre e doutor em Administração de Empresas pela UPM, bacharel em Estatística pela UNICAMP, líder do LabFiC – Laboratório de Finanças e Contabilidade –, participante do GAIA-CTI como pesquisador. Possui ampla experiência profissional tendo atuado nas áreas financeiras em empresas como Shell, Itaú e Redecard. José Agnaldo Gomes É doutor em Psicologia Social e do Trabalho pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor do curso de Psicologia da FACHS/ PUC-SP. Atua na área de Psicologia do Trabalho, com ênfase em Desenvolvimento Social e Saúde do Trabalhador, atuando principalmente nos seguintes temas: participação social, organização social, pessoas em situação de rua e organização política, cortadores de cana-de-açúcar, qualidade de vida no trabalho e desenvolvimento solidário. É pesquisador do NUTAS e autor dos livros: “Do trabalho penoso à dignidade no trabalho: o itinerário de canavieiros da psicologia do trabalho” (Ideias e Letras, 2010) e “A comuna da terra: utopia e alternativa” (Abya-Yala, 2005). Kenneth Nunes Tavares de Almeida Gerente do Núcleo Estratégico do SESI-Ba; Pós-Doutor em Administração pela FEA – USP; Doutor em Administração pela Universidade Federal de Lavras/Instituto Superior de Economia Gestão – Portugal; Mestre em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais e Psicólogo pela Universidade Federal da Bahia. Laerte Idal Sznelwar Graduação em Medicina pela UNICAMP, doutorado em Ergonomia pela Conservatoire National des Arts et Metiers e pós-doutorado no Laboratoire de Psychologie du Travail et de l'Action du CNAM. Professor na faculdade de Engenharia de Produção da POLI/USP. Tem experiência Ergonomia, Saúde do Trabalhador, Psicodinâmica do Trabalho. Integrante do Grupo de Pesquisas Trabalho, Tecnologia e Organização do Trabalho. Lídice Miranda Santos Assessora de Desenvolvimento para Gestão Empresarial Socialmente Responsável – SESI-Ba. Mestranda em Desenvolvimento Profissional e Gestão Social (CIAGS/UFBA), graduada em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Bahia, pós-graduada em Educação pela Universidade do Estado da Bahia, e em Gestão de Iniciativas Sociais com ênfase em Responsabilidade Social/ Universidade Federal do Rio de Janeiro. Formada pelo Grupo Multirreferencial – abordagem para se trabalhar com grupos. Marcelo de Andrade Pinheiro Psicólogo clínico, professor de psicologia de graduação, pós-graduação e programas internacionais da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), onde coordena a disciplina Psicologia I e orienta trabalhos de conclusão de curso de graduação. Mestre em psicologia (PUC-SP), Pesquisador do CESM (Centro de Economia em Saúde Mental) da UNIFESP. Suas atividades de ensino e pesquisa abrangem os temas ansiedade e depressão e seus impactos econômicos, psicológicos e sociais no trabalho; avaliação de intervenções em saúde mental; os sentidos do trabalho, motivação, engajamento e desempenho; aconselhamento de carreira; análise transacional e psicanálise. Odair Furtado É doutor em Psicologia Social pela PUC-SP e ministra aulas nesta universidade desde 1983. É professor associado e, no momento, coordenador do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social desta universidade. No programa também coordena o Núcleo de Pesquisa e Estudos em Trabalho e Ação Social (NUTAS). É autor do livro “Trabalho e Solidariedade” (Cortez) e co-autor do “Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia”. Sua linha de pesquisa atual é o Trabalho e as Dimensões Subjetivas da Realidade. Renata Coelho Vieira Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Procuradora do Ministério Público do Trabalho. Pós-graduada a título de Aperfeiçoamento em Direito do Trabalho (UNIVALI/SC e AMATRA XII). Pós-graduanda em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela UNICAMP. Representante da COORDIGUALDADE/MPT (Coordenadoria de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho) na PRT da 15ª região (Campinas/SP). Renata Leatriz de Campos Temps Mestre em Psicologia Social pela PUC SP. Professora na Anhanguera Educacional – Unidade Jundiaí, e na Faculdade Pitágoras, também em Jundiaí. Ministra disciplinas de Consultoria Interna e Processos em Recursos Humanos, Psicologia Existencial e Filosofia da Educação. Participa de projetos no Núcleo de Pesquisa e Estudos em Trabalho e Ação Social (Nutas) – PUC-SP. Sua linha de pesquisa é o Trabalho e as Dimensões Subjetivas da Realidade. Tereza Aparecida Asta Gemignani Ingressou na magistratura em 1988, atuando como desembargadora desde 2006, escolhida pelo critério de merecimento. Doutora em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito (USP), pós-graduação stricto sensu, pesquisadora e professora universitária, é membro integrante do corpo docente e atual vice-diretora da Escola da Magistratura do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª região – Campinas. Autora de livros e vários artigos jurídicos publicados em revistas especializadas, é presidente do Conselho Editorial da Revista do TRT da 15ª região, ocupando a cadeira nº 70 da ANDT – Academia Nacional de Direito do Trabalho. 10 | ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES PREFACIO 1 Dra. Julietta Rodríguez- Guzmán MD SOH MScA SO Asesora regional en Salud de los Trabajadores y los Consumidores OrganizaciónPanamericana de la Salud/Organización Mundial de la Salud OPS/OMS Correo electrónico: rodriguezj@paho.org Todas las personas en edad de trabajar tenemos derecho a un trabajo decente, saludable y productivo en condiciones de libertad, equidad, seguridad y dignidad humana (OIT, 2014). 2 El trabajo realizado en estas condiciones contribuye sustancialmente a la identidad de la persona, proveyendo el ingreso para ella y su familia, y dándole la oportunidad de realizar contribuciones significativas a su vida en comunidad (Rodríguez-G., J., 2012). 3 El trabajo además es fuente de cinco categorías de experiencia psicológica que promueven el bienestar y la salud mental de las personas: i) la estructuración del tiempo (eliminando cargas psicológicas mayores); ii) el contacto social (por el intercambio con compañeros y colegas de trabajo); iii) los propósitos y esfuerzos colectivos (ofreciendo un contexto social por fuera de la familia); iv) la identidad social (elemento fundamental para auto-definirse); y v) las regularización de actividades de la persona (dando organización a la vida cotidiana) (OMS, 2005) 4. Estas premisas permiten comprender la profunda inter-relación entre el desempeño y la productividad, con la salud y el bienestar de la persona que trabaja. No obstante, la introducción de la globalización, la apertura internacional de mercados, el desarrollo de la tecnología de la información y la tercerización de empleos y servicios, entre otros, han generado muchos cambios en los procesos de 1 A tradução do Prefácio para português está disponível na página 19. 2 OIT (2014) Programa de trabajo decente. Consulta virtual realizada en Enero 30/2014, disponible en línea en: http://ilo.org/global/about-the-ilo/decent-work-agenda/lang--es/index.htm 3 Rodríguez-Guzmán, J. Impacto de los riesgos psicosociales en la salud de las trabajadoras del sector de la salud. 1er Congreso Internacional de Riesgos Psicosociales, Estrés Trabajo. OPS. Facultad de Psi- cología. Universidad de los Andes. RIPSOL Bogotá, Agosto 2012 4 World Health Organization (2005) Mental Health Policies and Programmes in the Workplace [Men- tal Health Policy and Service Guidance Package] ISBN 92 4154679 4 (NML classification: WA 495) WHO Library Cataloguing-in-publication data. WHO China 14 | ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES trabajo, requiriendo cambios y re-definiciones de roles y condiciones de trabajo de la población trabajadora (OPS, 2007). 5 Por ejemplo, la modificación de las condiciones de empleo y trabajo que trajo la tercerización (empleos tradicionalmente ofrecidos y contratados directamente por empresas o instituciones de servicios pero ahora contratados por terceros), desencadenaron graves consecuencias tales como la inestabilidad o inseguridad laboral, la restricción o exclusión de la protección social, las dificultades de comunicación entre empleadores y trabajadores, la alteración de las cargas del trabajo (físicas y mentales) y la angustia del trabajador y su familia (OPS, 2003 6; Rodríguez-Guzmán, J., 2002). 7 Es decir, con la presencia de trabajos de menor calidad, de tiempo parcial, con salarios bajos o inferiores a su capacidad, incluso a veces no remunerado, se logró consolidar la precarización del trabajo y disminuir la calidad de vida de los y las trabajadoras y sus familias. Esto ha afectado el bienestar y la salud mental de los trabajadores. Desde la declaración de Tokio en 1998, se reconoce que los cambios económicos y tecnológicos en los puestos de trabajo contribuyen a incrementar el estrés en el trabajo y gran variedad de desórdenes mentales en el lugar de trabajo, reconocidos como “Condiciones clínicas significativas caracterizadas por alteraciones del pensamiento, las emociones o el comportamiento, asociadas con angustia o disfuncionalidad” (WHO/ILO, 2000). 8 Mayoritariamente son la resultante de una mezcla compleja de factores biológicos, psicológicos, sociales y ambientales, así como los contenidos del trabajo que conjuntamente contribuyen a que haya o no presencia de trastornos mentales, tales como diferentes formas de depresión, ansiedad, abuso de sustancias y estrés (OMS, 2005). Todos tienen grave impacto sobre la salud individual y colectiva. Afectan a los individuos y sus familias, sus compañeros de trabajo; y en general, a la sociedad y las comunidades a las que pertenecen. Su desempeño laboral se merma por incremento del ausentismo, la reducida productividad y el incremento de costos de atención de salud para solventarlos (4, 5). Sin embargo, la salud ocupacional y la medicina del trabajo por tradición han dado mayor atención a los riesgos de la salud física que al bienestar y la salud mental. Por tanto, teniendo en consideración la extensión de los problemas de salud mental y su omnipresencia en la vida de la persona trabajadora, desde el 2000 la 5 OPS (2007) Evaluación del Plan regional de salud de los trabajadores: 10 anos de experiencias. Docu- mento de trabajo, Washington, DC 6 Tennassee, M. (2003) Salud mental y trabajo: Una visión desde la OPS. Palencia en: Hemispheric Conference on Work and Mental Health, Mexico City, Mexico October 2003 7 Rodríguez-Guzmán, J. (2002) Riesgos Ocupacionales de los trabajadores de la salud. En: Memorias del II Congreso Centro Americano y del Caribe de Salud Ocupacional FECACSO, San José, Costa Rica, 2002 8 Harnois, G. & Gabriel, Ph. (2000) Mental Health and work: Impact, issues and Good Practices. Na- tions for Mental health. World Health Organization and International Labour Organization. WHO/ MSD/MPS/00.2 Limited distribution. Available only in English. WHO Geneva PREFÁCIO | 15 OMS y la OIT reconocen la atención de las enfermedades mentales de la fuerza de trabajo como una prioridad de atención (WHO/ILO, 2000). Se estimaba entonces, que cinco de la diez causas de discapacidad a nivel mundial se debían a problemas mentales mayores tales como depresión, esquizofrenia, desórdenes bipolares, desórdenes obsesivo-compulsivos y adicción al alcohol/drogas; que junto con otras afecciones como el estrés, la ansiedad y la depresión, tenían graves impactos en la salud y el desempeño en el trabajo, por lo cual debían intervenirse en el lugar de trabajo (WHO/ILO, 2000). Desde entonces juntos OMS y OIT, han venido diseñando múltiples estrategias e intervenciones para atender a los trabajadores que padecen de estas enfermedades. Para el 2001 la OMS indicaba que en cualquier momento 450 millones de personas padecían de trastornos mentales o neurológicos, siendo el orden de prevalencia de 121 millones con depresión, 70 millones con problemas por alcohol, 50 millones con epilepsia, 37 millones con Alzheimer y 24 millones con esquizofrenia. Para el 2002 se adicionaron entre 10 y 20 millones de intentos de suicido, siendo que 815.000 efectivamente lo lograron. Encima de esta carga, se agrega el sufrimiento adicional por causa del estigma, la discriminación y la violación a los derechos humanos de las personas que sufren este tipo de problemas, que en muchos casos se detecta en la discriminación en el lugar de trabajo, el rechazo laboral o las restricciones para el aseguramiento o los servicios de salud para las y los trabajadores (5, 6, 7). Para el caso de América Latina y el Caribe, en el 2009 OPS estimaba que el 25% de las personas –es decir -1 de cada 4- padecía uno o más trastornos mentales o del comportamiento a lo largo de su vida (Rodríguez, J, et al., 2009) 9. Indicaba también que los trastornos mentales y neurológicos que en 1990 representaban el 8.8% de la carga de la enfermedad de la región, se incrementaron a 22.2% en el 2002, demostrando la importancia y la carga de estas enfermedades, así como la necesidad de su detección y control (OPS, 2009). 10 Desde la perspectiva laboral, – es decir de los trastornos mentales causados por el trabajo – , son pocos los países que han incluido las enfermedades y trastornos mentales en sus listadosprofesionales (solo Colombia,Chile y Brasil), aspecto que poco ayuda a su reconocimiento y prevención (3). No hay precisión sobre las cifras de estos trastornos a nivel de los países, ni entre sectores económicos, aunque viene aumentando el número de estudios que recogen la evidencia, además de los registros de discapacidad que ellos ocasionan. De hecho, la OIT estimaba en el 2003 que 7% del costo total de todos los accidente de trabajo y las 9 Rodríguez, J., Kohn, R & Levav, I. (2009) Epidemiologia de los trastornos mentales en América Latina y el Caribe. Cap. 3. En: Rodríguez, J. (Ed.) Salud mental en la Comunidad. Organización Panamericana de la Salud. Serie PALTEX para Ejecutores de programas de Salud No. 49. Washington, DC OPS 2009 10 Organización Panamericana de la Salud (2009) Estrategia y Plan de Acción sobre Salud mental. Reso- lución No. 49 del Consejo directivo. CD 49/11 (Esp.) Washington DC 2009 16 | ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES enfermedades profesionales se atribuían a las enfermedades mentales en el trabajo. Los sectores de la educación y de la salud han sido bastantes estudiados por causa de estos problemas. Por ejemplo, el Instituto Nacional de Seguridad y Salud Ocupacional realizó una serie de estudios en los hospitales en Estados Unidos (NIOSH, 2009), 11 indicando que el estrés detectado era causado por varios estresores, siendo que desde el ámbito organizacional, los más comunes eran los niveles insuficientes de personal, largas horas de trabajo, el trabajo en turnos, la ambigüedad de roles y la exposición a sustancias e infecciones peligrosas. También destacaba que los estresores variaban entre profesiones y ocupaciones según los tipos de tareas realizadas; la calidad, las creencias y las presiones del cargo; y la carga de trabajo matizada por el menor soporte y la baja disponibilidad de recursos. Las reacciones más gravosas detectadas en esta población fueron: psicológicas (irritabilidad, insatisfacción laboral y depresión); comportamentales (problemas de sueño y ausentismo); y físicas (cefaleas, dolor de estómago, alteraciones de la presión arterial); pero también se registraron Síndromes de estrés post-traumático por eventos traumáticos agudos, así como errores médicos y retiro prematuro del trabajo. Sin embargo, co-existen otros riesgos como las diferentes formas de violencia que convergen en el lugar de trabajo, las diferentes formas de acoso (sicológico, sexual, de genero), y las agresiones van desde amenazas verbales, gestuales, corporales o escritas; hasta asaltos a la integridad física (cachetadas, golpes), atracos, violaciones u homicidios con el uso de bombas, armas de fuego o armas blancas (NIOSH, 2012; 12 Rodríguez-G., J., et al 2002) 13 Sus consecuencias individuales van desde el trauma físico menor hasta las lesiones físicas graves, la discapacidad física temporal y permanente, hasta el trauma psicológico y la muerte. Y también tienen efectos en la organización produciendo baja moral en la fuerza de trabajo, aumento del estrés, los retiros y la pérdida de la confianza en la administración y los compañeros de trabajo por un ambiente de trabajo muy hostil. También es importante mencionar el síndrome de desgaste profesional (burnout) en el que diferentes condiciones sociodemográficas como el género, demostraron tener relación con la impulsividad, la agresividad, la ira y agresividad física de la violencia entre trabajadores, así como la consistente expectativa de las mujeres jóvenes de sufrir agotamiento profesional entre los grupos de estudio analizados (Pando et 11 NIOSH (2009) Exposures to Stress: Occupational Hazards in Hospitals. Department of Health and Human Services. Centers for disease Control and Prevention. National Institute for Occupational Safety and Health. Safer healthier people. DHHS (NIOSH) Publication No. 2008-136 12 CDC (2012) Occupational Violence. Work Safety and Health topics. Disponible en línea y recabado el 31 de julio de 2012 en: http://www.cdc.gov/niosh/topics/violence/ 13 Rodríguez –Guzmán, J. et al. (2001) Modulos de prevención de la violencia en el trabajo. FISO. Bogotá PREFÁCIO | 17 al., 2011). 14 Los autores destacan la pregunta sobre la causa del futuro sombrío que vislumbran las mujeres jóvenes con agotamiento emocional, despersonalización, falta de realización y ser víctimas de violencia en su futuro profesional, sin tener claridad en la respuesta, e invitando a realizar más investigación sobre el tema. Otro problema que amerita especial mención es la depresión. Desde 1990, el estudio de carga de la enfermedad de la OMS y la Universidad de Harvard, la catalogaron como la segunda causa de morbilidad en el mundo (Murray et al, 1996). 15 Muchas de las condiciones de trabajo y de empleo antes descritas, son capaces de alterar los estados de ánimo en forma permanente y desencadenar en las mujeres en general y en las trabajadoras de la salud en particular, uno o varios de los tipos de depresión que hoy se reconocen: a) Trastorno Depresivo Mayor o Grave –unipolar o depresión clínica-; b) Trastorno Depresivo Menor –distimia-; y c) Enfermedad Maniaco-Depresiva o bipolar. Se estima que la cantidad de mujeres que sufren de depresión son casi el doble de los hombres (NIMH, 2009). 16 También se considera que las mujeres tienen una mayor cantidad de situaciones de estrés que se dan cuando convergen sus responsabilidades primordiales asumidas en el hogar y en el trabajo, que se agravan cuando se divorcian o separan, junto con otros factores culturales agravantes como la raza, la etnia y la pobreza. Por tanto, cada caso debe ser considerado en forma individual. También suelen coexistir con otras enfermedades, particularmente anorexia nerviosa, bulimia, trastornos de ansiedad (síndromes post-traumáticos, trastornos obsesivo-compulsivos, trastornos de pánico y fobia social), consumo de sustancias psicoactivas –aunque en menor proporción- y otras enfermedades mayores como la diabetes, el cáncer o el SIDA (Córdoba, et a., 2011). 17 Por todo lo anterior, resulta fundamental que este tipo de problemas se detecten en el trabajo lo más pronto posible. Por un lado, un tratamiento temprano y adecuado ayuda a la persona a salir adelante satisfactoriamente; y por el otro, entre más temprano se inicie del tratamiento hay mayor la probabilidad de reversión del problema. Asimismo, este manejo debe acompañarse de acciones para corregir los factores de riesgo del empleo o del trabajo, tanto a nivel organizacional (organización del trabajo, jerarquías y niveles de mando, comunicaciones, responsabilidades, etc.) como a nivel individual (compañeros de trabajo, comportamientos, lenguaje, 14 Pando M., Rodríguez, MC & Aranda, C. (2011) Factores psicosociales de riesgos ocupacional en es- tudiantes y profesionales de enfermería. Estudio transcultural México-Bolivia. Universidad de Guada- lajara. Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología CONACyT. Primera edición. ISBN: 978-607-00-5199-9 México. 15 Murray CJL, Lopez AD, Eds. The Global Burden of Disease: A Comprehensive Assessment of Mor- tality and Disability from Diseases, Injuries, and Risk Factors in 1990 and Projected to 2020. Boston, Massachusetts: Harvard School of Public Health; 1996. 16 National Institute of Mental health (2009) Women and depression. Discovering hope. 17 Córdoba, JJ, Fuentes, A & Ruiz R, C. (2011) Revisión bibliográfica sobre características sociodemo- gráficas y repercusiones de la depresión en el trabajador. Med Segur Trab (Internet) 2011; 57 (223) 174-187 18 | ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES relaciones sociales, etc.). Si bien los Programas de Asistencia al Empleado suelen ser una alternativa de ayuda, se requiere definir oportunamente la necesidad de referir al trabajador a los especialistas para dar el apoyo con psicoterapia y tratamiento farmacológico. Asimismo, las redes sociales en el lugar de trabajo y el hogar puedenbrindar apoyo emocional, escucha y entendimiento, paciencia y de estímulo/ánimo, atendiendo a la persona sin menospreciarla en la escucha, focalizando en la palabra para incorporarla a su realidad laboral y social. Evidentemente se trata de un tema de la salud de los trabajadores que demanda incrementar su investigación y ampliar la evidencia para la toma de decisiones en la materia a nivel nacional y de las empresas. Por estas razones, es con gran beneplácito que la OPS reconoce y felicita el esfuerzo mancomunado de la Red Brasileña de estudios e investigaciones sobre los factores psicosociales en el trabajo, para hacer evidente los problemas de salud mental y trabajo que tiene la fuerza de trabajo del Brasil; sus esfuerzos en materia de investigación sobre intervenciones para prevenir los daños al bienestar y la salud mental; y su inagotable esfuerzo para continuar en la búsqueda de intervenciones que apoyen el trabajo decente, el bienestar , la salud y la vida de la fuerza de trabajo del Brasil. PREFÁCIO Dra. Julietta Rodríguez-Guzmán MD SOH MScA SO, assessora regional em Saúde dos Trabalhadores e Consumidores, Organização Panamericana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPS/OMS); rodriguezj@paho.org Todas as pessoas com idade para trabalhar têm o direito a um trabalho decente, saudável e produtivo em condições de liberdade, eqüidade, segurança e dignidade humana. 1 O trabalho realizado nessas condições contribui substancialmente para a identidade da pessoa, proporcionando renda para ela e sua família, dando-lhe a oportunidade de fazer contribuições significativas para a vida em comunidade. 2 Além disso, o trabalho é fonte de cinco categorias de experiência psicológica que promovem o bem-estar e a saúde mental das pessoas: 1) a estruturação do tempo (eliminando cargas psicológicas maiores); 2) o contato social (pelo intercâmbio com os companheiros e colegas de trabalho); 3) os propósitos e esforços coletivos (oferecendo um contexto social fora da família); 4) a identidade social (elemento fundamental para se auto-definir); e 5) as regularizações de atividades da pessoa (dando organização à vida cotidiana). 3 Estas premissas permitem compreender a profunda inter-relação entre o desempenho e a produtividade, com a saúde e o bem-estar da pessoa que trabalha. Não obstante, a introdução da globalização, a abertura internacional de mercados, o desenvolvimento da tecnologia da informação e a terceirização de empregos e serviços, entre outros, têm gerado muitas mudanças nos processos de trabalho, requerendo alterações e redefinições de papéis e condições de trabalho da população trabalhadora. 4 Por exemplo, 1 OIT (2014), Programa de trabajo decente, disponível em: http://ilo.org/global/about-the-ilo/decent- -work-agenda/lang--es/index.htm, acesso em: 30/01/2014. 2 RODRÍGUEZ-GUZMÁN, J. Impacto de los riesgos psicosociales en la salud de las trabajadoras del sector de la salud. 1º Congresso Internacional de Riscos Psicossociais, estresse e trabalho. OPS, Facul- dade de Psicologia, Universidade de Los Andes. RIPSOL, Bogotá, agosto de 2012. 3 World Health Organization (WHO), Mental Health Policies and Programmes in the Workplace [Men- tal Health Policy and Service Guidance Package]. ISBN 92 4154679 4 (NML classification: WA 495) WHO Library Cataloging-in-publication data. WHO China, 2005. 4 OPS, Evaluación del Plan regional de salud de los trabajadores: 10 anos de experiencias. Documento de trabajo, Washington, DC, 2007. 20 | ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES a modificação das condições de emprego e trabalho que gerou a terceirização (empregos tradicionalmente oferecidos e contratados diretamente pelas empresas ou instituições de serviços, agora contratados por terceiros), desencadearam graves conseqüências tais como a instabilidade ou insegurança laboral, a restrição ou exclusão da proteção social, as dificuldades de comunicação entre empregadores e trabalhadores, a alteração das cargas do trabalho (físicas e mentais), a angústia do trabalhador e sua família. 5 Ou seja, com a presença de trabalhos de menor qualidade, de tempo parcial, com salários baixos ou inferiores à capacidade do trabalhador, por vezes, até mesmo não remunerado, consolidou-se a precarização do trabalho e reduziu-se a qualidade de vida dos trabalhadores e suas famílias. Isso afetou o bem-estar e a saúde mental dos trabalhadores. A partir da declaração de Tókio, em 1998, reconheceu-se que as mudanças econômicas e tecnológicas ocorridas nos postos de trabalho contribuem para o aumento do estresse no trabalho e para uma grande variedade de desordens mentais relacionadas ao trabalho, reconhecidas como “condições clí- nicas significativas caracterizadas por alterações do pensamento, das emoções ou do compor- tamento, associadas com angústia ou disfuncionalidade”. 6 Majoritariamente são resultantes de uma mescla completa de fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais, assim como os conteúdos do trabalho que conjuntamente contribuem para que ocorra ou não a presença dos transtornos mentais, tais como diferentes formas de depressão, ansiedade, abuso de subs- tâncias e estresse (WHO, 2005). Todos têm grave impacto sobre a saúde individual e coletiva. Afetam os indivíduos e suas famílias, seus colegas de trabalho e em geral, a sociedade e as comunidades a que pertencem. O desempenho laboral diminui face ao aumento do absente- ísmo, a redução da produtividade e o incremento dos custos na atenção à saúde. Contudo, a saúde ocupacional e a medicina do trabalho, por tradição, têm dado maior atenção aos riscos referentes à saúde física do que ao bem-estar e à saúde mental. Portanto, levando-se em consideração a extensão dos problemas de saúde mental e sua onipresença na vida da pessoa trabalhadora, desde 2000 a OMS e a OIT reconhecem como uma prioridade de atenção, as enfermidades mentais da força de trabalho (WHO/ILO, 2000). Foi então estimado que, em nível mundial, cinco entre as dez causas de incapacidade para o trabalho eram problemas mentais maiores tais como depressão, esquizofrenia, desordens bipolares, desordens obsessivo-compulsivas e dependência de álcool/drogas, que junto com outras afecções como o estresse, a ansiedade e a depressão, tinham sérios impactos sobre a saúde e o desempenho laboral, exigindo intervenção no local de trabalho (WHO/ILO, 2000). Desde então, juntos OMS e OIT vêm desenvolvendo múltiplas estratégias e intervenções para ajudar os trabalhadores que sofrem dessas doenças. 5 TENNASSEE, M. Salud mental y trabajo: Una visión desde la OPS. Palestra em Hemispheric Confe- rence on Work and Mental Health, Cidade do México, México, outubro de 2003; e RODRÍGUEZ-GUZ- MÁN, J. “Riesgos Ocupacionales de los trabajadores de la salud”. In Memorias del II Congreso Centro Americano y del Caribe de Salud Ocupacional FECACSO, San José, Costa Rica, 2002. 6 HARNOIS, G.; GABRIEL, P. “Mental Health and work: Impact, issues and Good Practices”. Nations for Mental Health. World Health Organization and International Labour Organization. WHO/MSD/ MPS, Genebra, 2000. PREFÁCIO | 21 Em 2001, a OMS indicava que 450 milhões de pessoas padeciam de transtornos mentais ou neurológicos, com uma prevalência de 121 milhões com depressão, 70 milhões com problemas relacionados ao consumo de álcool, 50 milhões com epilepsia, 37 milhões com Alzheimer e 24 milhões com esquizofrenia. Para 2002 se acrescentou entre 10 e 20 milhões de tentativas de suicídio, sendo que 815.000 efetivamente ocorreram. Acrescenta-se a essa carga, o sofrimento por causa do estigma, da discriminação e da violação dos direitos humanos das pessoas que sofrem deste tipo de problema, destacando-se que muitas vezes ocorre, no local de trabalho, a rejeição do trabalhador ou ainda restrições ao seguro e aos serviços de saúde. Em relação à América Latina e ao Caribe, em 2009 a OPS estimava que 25% das pessoas – 1 em cada 4 – padecia de um ou mais transtornos mentaisou de comportamento durante a vida. 7 Indicava também que os transtornos mentais e neurológicos que em 1990 representavam 8.8% da carga de doenças da região, aumentou para 22.2% em 2002, demostrando a importância dessas enfermidades, assim como a necessidade de detecção e controle. 8 Na perspectiva laboral – transtornos mentais causados pelo trabalho –, são poucos os países que têm incluído as enfermidades e transtornos mentais nas suas listas de doenças professionais (somente Colômbia, Chile e Brasil), aspecto que pouco ajuda no reconhecimento e prevenção. Não se possui dados precisos sobre a ocorrência desses transtornos em nível de país ou setores econômicos, assim como registros de incapacidade que ocasionam embora venham aumentando o número de estudos que coletam evidências. De fato, a OIT estimou em 2003 que 7% do custo total de todos os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais foram em decorrência à doença mental relacionada ao trabalho. Os setores da educação e da saúde têm sido bastante estudados em relação a esses problemas. Por exemplo, o Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional realizou uma série de estudos nos hospitais dos Estados Unidos, 9 indicando que o estresse detectado era causado por vários estressores, sendo que no âmbito organizacional, os mais comuns eram o quantitativo insuficiente de pessoal, longas jornadas de trabalho e trabalho em turnos, a ambigüidade de papéis e a exposição a substâncias e infecções perigosas. Também destacava que os estressores variavam entre profissões e ocupações segundo os tipos de tarefas realizadas, a qualidade, as crenças e as pressões do cargo; e a carga de trabalho era agravada pelo menor suporte e a baixa disponibilidade de recursos. As reações mais graves detectadas nessa população foram: psicológicas (irritabilidade, insatisfação no trabalho e depressão), comportamentais (alterações de sono e absenteísmo) e físicas (cefaléias, dores no estômago, alterações da pressão arterial); foram também registrados síndromes de estresse 7 RODRÍGUEZ-GUZMÁN, J.; KOHN, R.; LEVAV, I. “Epidemiologia de los trastornos mentales en América Latina y el Caribe”. In RODRÍGUEZ-GUZMÁN, J. (org.), Salud mental en la Comunidad. Or- ganização Panamericana da Saúde, série PALTEX para Executores de Programas de Saúde, nº 49, Wa- shington, DC 2009. 8 ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE (OPS), Estrategia y Plan de Acción sobre Salud mental. Resolução nº 49 do Conselho diretivo, Washington, DC, 2009. 9 NIOSH, Exposures to Stress: Occupational Hazards in Hospitals. Department of Health and Human Services, Centers for Disease Control and Prevention, National Institute for Occupational Safety and Health, Safer Healthier People. In DHHS (NIOSH) Publication, nº 136, 2009. 22 | ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES pós-traumático por eventos traumáticos agudos, assim como erros médicos e aposentadoria prematura do trabalho. No entanto, outros riscos coexistem como as diferentes formas de violência que convergem no ambiente de trabalho, as diferentes formas de assédio (psicológico, sexual e de gênero), essas agressões vão desde ameaças verbais, gestuais, corporais ou mesmo escritas até ameaças à integridade física (tapas e socos), assalto, estupro ou assassinato com o uso de bombas, armas ou facas. 10 Suas conseqüências individuais vão desde um trauma físico menor até lesões físicas graves, à incapacidade física temporal e permanente, até o trauma psicológico e a morte. Situações como essas também afetam à organização produzindo baixo moral na força de trabalho, aumento do estresse, as faltas e a perda de confiança na administração e nos colegas de trabalho face a um ambiente de trabalho muito hostil. Também é importante mencionar a síndrome do esgotamento profissional (burnout) em que diferentes condições sócio-demográficas, como o gênero, demostraram ter relação com a impulsividade, a agressividade, a ira e a agressividade física da violência entre trabalhadores, assim como a consistente expectativa das mulheres jovens sofrerem esgotamento profissional entre os grupos de estudo analisados. 11 Os autores destacam a pergunta – qual é a causa desse futuro sombrio? – mulheres jovens com esgotamento emocional, despersonalização, falta de realização e vítimas de violência na vida profissional, sem terem clareza da resposta e convidando a realizar-se mais investigações sobre o tema. Outro problema que merece especial atenção é a depressão. Em 1990, o estudo da carga da doença realizado pela OMS e Universidade de Harvard, classificou-a como a segunda principal causa de morbidade em todo o mundo. 12 Muitas das condições de trabalho e de emprego anteriormente citadas, são capazes de alterar os estados de ânimo de forma permanente e desencadear nas mulheres, em geral, e nas trabalhadoras da saúde, em particular, um ou vários tipos de depressão: a) Transtorno Depressivo Maior ou Grave – unipolar ou depressão clínica; b) Transtorno Depressivo Menor – distimia; e c) Doença Maníaco-Depressiva – bipolar. Estima-se que a quantidade de mulheres que sofrem de depressão são quase o dobro que de homens. 13 Considera-se que as mulheres enfrentam mais situações de estresse face à convergência de suas responsabilidades primordiais assumidas em casa e no trabalho, agravando-se quando se divorciam ou separam, somadas a outros fatores culturais agravantes como a raça, a etnia e a pobreza. Portanto, cada caso deve ser considerado de forma individual. Muitas vezes coexistem com outras doenças, particularmente anorexia nervosa, bulimia, 10 CDC, Occupational Violence. Work Safety and Health Topics, disponível em: http://www.cdc.gov/ niosh/topics/violence/, acesso em: 31/07/2012; e RODRÍGUEZ-GUZMÁN, J. et al., Modulos de preven- ción de la violencia en el trabajo, FISO, Bogotá, 2012. 11 PANDO M.,; RODRÍGUEZ, M. C.; ARANDA, C. “Factores psicosociales de riesgos ocupacional en estudiantes y profesionales de enfermería”. Estudo trans-cultural México-Bolivia, Universidade de Gua- dalajara, Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia CONACyT, 1ª ed., México, 2011. 12 MURRAY, C. J. L.; LOPEZ, A. D.; (org.). The Global Burden of Disease: A Comprehensive Assessment of Mortality and Disability from Dis- eases, Injuries, and Risk Factors in 1990 and Projected to 2020. Boston, Massachusetts: Harvard School of Public Health, 1996. 13 NATIONAL INSTITUTE OF MENTAL HEALTH, Women and depression. Discovering hope, 2009. PREFÁCIO | 23 transtornos de ansiedade (síndromes pós-traumáticas, transtornos obsessivo-compulsivos, transtornos de pânico e fobia social), consumo de substâncias psicoativas – ainda que em menor proporção – e outras doenças como o diabetes, o câncer e a Aids. 14 Em face a tudo o que já foi referido é fundamental que este tipo de problema seja detectado no trabalho e o mais cedo possível. Por um lado, um tratamento precoce e adequado ajuda a pessoa a seguir adiante mais facilmente; e por outro, quanto mais cedo se inicie o tratamento, maior a probabilidade de reversão do problema. Além disso, essas situações devem ser acompanhadas por ações de gestão para corrigir os fatores de risco relacionados ao emprego ou ao trabalho, tanto no nível organizacional (organização do trabalho, hierarquias e níveis de controle, comunicação, responsabilidades, etc.) como em nível individual (colegas de trabalho, comportamentos, lingüagem, relações sociais, etc.). Programas de Assistência ao Empregado geralmente são uma ajuda alternativa, sendo necessário definir quanto à necessidade de encaminhamento para especialistas, visando a fornecer apoio com psicoterapia e medicamentos. Além disso, as redes sociais no local de trabalho, assim como as da família podem dar apoio emocional, a escuta e a compreensão, paciência e incentivo/ânimo à pessoa sem menosprezar sua escuta, focalizando na palavra, incorporando-a à sua realidade de trabalho e também social. Evidentemente trata-se de tema referente à saúde dos trabalhadoresque demanda aumento na investigação e ampliação de evidência, visando à tomada de decisões em nível nacional e pelas empresas. Por essas razões, é com grande prazer que a OPAS reconhece e parabeniza o esforço conjunto da Rede brasileira de estudos e pesquisas sobre aspectos psicossociais no trabalho, por evidenciar os problemas de saúde mental relacionados ao trabalho vivenciados pela força de trabalho do Brasil, seus esforços na pesquisa sobre intervenções para prevenir danos ao bem-estar e à saúde mental e seu incansável esforço para continuar a busca por intervenções que apoiem o trabalho decente, o bem-estar, a saúde e a vida da força de trabalho no Brasil. 14 CÓRDOBA, J. J.; FUENTES, A.; RUIZ, R. C. Revisión bibliográfica sobre características sociodemo- gráficas y repercusiones de la depresión en el trabajador, Med Segur Trab (internet), 2011. SEÇÃO I AMBIENTE SAUDÁvEL: IMPULSIONADOR DA SUSTENTABILIDADE ORGANIZACIONAL CAPÍTULO 1 Desenvolvimento socioeconômico e aspectos psicossociais nas organizações Marco antonio Silveira e nanci GardiM ӹ Introdução Pesquisas apontam problemas nos modelos organizacionais adotados pela gran- de maioria das empresas em todo o mundo. Vários pesquisadores postulam que, se forem considerados os custos associados às suas externalidades ambientais e sociais, muitas das empresas supostamente “lucrativas” teriam reveladas a sua inviabilidade econômica. Os prejuízos gerados pelas externalidades sociais negativas, mesmo que alguns impactos sociais sejam de difícil identificação (como por exemplo, sofrimentos emo- cionais e transtornos mentais potencializados por essas empresas), acabam sendo pagos pela sociedade, tanto na forma de custos financeiros nos sistemas de saúde, previdenciário e judiciário trabalhista, como em outras formas de prejuízos menos evidentes, como a diminuição da capacidade produtiva dos trabalhadores afetados, os transtornos gerados na vida dos seus familiares, entre outras. Houve certamente alguns avanços nas empresas ao longo do século anterior, mas a maioria deles resultantes mais de imposições e restrições legais – como limite a jornada de trabalho, redução de impactos ambientais e respeito à leis trabalhistas – do que de avanços significativos nos conhecimentos sobre a natureza dos sistemas organizacionais e de como aumentar a governabilidade sobre os mesmos. O conflito capital-trabalho se arrasta por mais de três séculos, e a questão continua concentrada em como “dividir” o lucro. Passamos ao largo das reflexões e proposições consistentes de alternativas melhores aos modelos vigentes. Os modelos adotados em sua maioria não consideram adequadamente os aspectos subjetivos do trabalho e os fatores psicossociais relacionados, presentes em todo sistema organizacional. Trata-se de uma importante falha, que vem cobrando um alto preço a todos os envolvidos. Neste capítulo são feitas algumas análises sobre impactos dos modelos organi- zacionais baseadas tanto em publicações como em nossos estudos e pesquisas. O 28 | ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES propósito é refletir sobre os fatores psicossociais com maior potencial para promo- ver, simultaneamente, a competitividade da organização e a qualidade de vida no trabalho. O investimento em fatores com tal característica tende a gerar o desenvol- vimento sustentável da organização com base no enfoque Triple Botton Line – isso é, na busca de equilíbrio no atendimento a demandas econômicas, ambientais e sociais – uma vez que irá beneficiar diretamente os dois principais stakeholders da organi- zação (os seus proprietários e trabalhadores), reduzir a probabilidade de conflitos capital-trabalho, entre outros benefícios socioeconômicos. O enfoque Triple Bottom Line (TBL) para sustentabilidade, proposto inicialmente por Elkington (1999), quando aplicado às organizações resgata os princípios subja- centes a uma gestão de excelência, na medida em que introduz a necessidade de pen- sar a organização de forma holística, equilibrada e responsável. Constitui-se, portan- to, no fundamento do verdadeiro desenvolvimento socioeconômico na acepção da palavra, isso é, a geração de riquezas integrada com benefícios sociais. ӹ A importância sócio-econômica das organizações no mundo atual Toda organização, ou sistema organizacional – entre elas, empresas, universida- des, organizações do terceiro setor, redes organizacionais e institutos de pesquisa –, independentemente de sua natureza, porte ou segmento de atuação, interage con- tinuamente com o seu ambiente externo, de onde importa os recursos para as suas atividades e para onde exporta o resultado dessas atividades, normalmente na forma de produtos, sejam esses bens tangíveis ou não. Devido à dinâmica do jogo competitivo, ao desenvolvimento tecnológico, à vo- latilidade das condições econômicas e sócio-políticas em vários países, entre outros fatores, as características do ambiente de atuação das organizações mudam rápida e continuamente. Portanto, a inovação – aqui entendida como toda mudança benéfica para a organização – é condição fundamental para que as organizações possam rea- justar o seu nível de competitividade frente às demais forças competitivas presentes no seu ambiente e, assim, mantenham o sucesso ao longo do tempo. Sucesso deve ser entendido no sentido da organização ser bem-sucedida em seus propósitos, sejam esses propósitos de natureza financeira, social, ou outra qualquer. Mas, se estamos buscando caminhos para que as organizações sejam instrumentos efe- tivos de desenvolvimento sócio-econômico, essas inovações devem ser buscadas consi- derando também a qualidade de vida dos trabalhadores. Uma maior qualidade de vida no trabalho é um fator de aumento do capital intelectual, que se constitui em um pre- cioso recurso no contexto da nova economia, como discutido no item 2 deste capítulo. A inovação é condição fundamental para o sucesso de organizações (ou, de uma cadeia de suprimentos como um todo) atuando nos mercados atuais, os quais mu- dam continuamente e exigem níveis de desempenho sucessivamente melhores. E a gestão competente do capital humano – componente fundamental na geração e consolidação do capital intelectual – é o fator que alavanca a inovação de produtos, de processos, de serviços e de outros aspectos de interesse para uma organização DESENvOLvIMENTO SOCIOECONôMICO E ASPECTOS PSICOSSOCIAIS..... | 29 empresarial, como o design de produto, a estrutura organizacional, os métodos ge- renciais, as relações no trabalho entre outros aspectos. ӹ A natureza dos sistemas organizacionais As organizações como conhecemos são relativamente recentes, sendo que até o final do século XIX existiam poucas com algum porte ou importância (DAFT, 2002). Mas, atualmente, a importância sócio-econômica das organizações cresceu muito, razão pela qual uma atenção maior à sua atuação deve ser dada, considerando-se não somente a sua viabilidade econômica, como também os impactos ambientais e sociais gerados, em especial, nos seus trabalhadores. Os impactos das organizações na sociedade se dão em cinco diferentes aspectos: • Econômico: as riquezas econômicas são geradas pelas atividades empresariais; • Social: os empregos gerados pelas organizações são responsáveis pelo susten- to financeiro da maioria das famílias; • Relações humanas: as pessoas estão na maior parte do tempo em seus am- bientes de trabalho; • Desenvolvimento pessoal: o trabalho exerce papel central na vida das pes- soas, sendo importante fator de realização do potencial humano; • Ambiental: as principais agressões ao meio ambiente têm origem nas ativi- dades das organizações dos setores primário e secundário. Vários especialistas em teoria das organizações enfatizam que toda organização é, antes de qualquer coisa, um sistema social e como tal deve ser tratada: “Organizações são entidades sociais dirigidas por metas, desenhadas como siste- mas de atividades deliberadamenteestruturados e coordenados, e são ligadas ao am- biente externo. O principal elemento de uma organização não é um edifício ou um conjunto de políticas e procedimentos: as organizações são compostas por pessoas e seus relacionamentos [...]” (DAFT, 2002; 2011). As organizações sendo sistemas sociais, a sua “unidade fundamental” é o ser humano que, ao contrário de outros indivíduos – animais e plantas – é dotado de livre-arbítrio. “Livre-arbítrio” pode ser entendido como a capacidade inerente, e in- transferível, de uma pessoa agir de acordo com seus próprios interesses e opções. Essa afirmação leva à percepção de uma série de conseqüências para os resul- tados de uma organização, entre as quais, a importância de se considerar os múlti- plos aspectos que influenciam o nível de capital humano que pode ser fornecido por cada trabalhador (motivação, liderança, capacitação, entre outras). A existência do livre-arbítrio tem também como conseqüência que para a organização atingir um nível adequado de coerência interna (ou, equilíbrio dinâmico) existem duas grandes vertentes de possibilidades, a saber, mecanismos de coerção e controle, ou, desenvol- vimento de valores e interesses compartilhados pelos trabalhadores. 30 | ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES Coerção e controle apresentam dois problemas: são ineficientes, pois requerem dispêndio permanente de recursos para o controle (tempo, dinheiro, capital humano, espaço físico) e ineficazes, pois subutilizam o capital humano, tanto dos indivíduos que são controlados como dos indivíduos que controlam. Além disso, os mecanismos de coerção e controle são muito baseados em emoções negativas, como o medo e a in- segurança; e, essas emoções não são sustentáveis, pois é da natureza humana buscar meios de se livrar delas. É verdade que as alternativas aos mecanismos de coerção e controle também requerem dispêndios de recursos, como aqueles relacionados com a educação dos trabalhadores. No entanto, as experiências demonstram que numa perspectiva de longo prazo, é muito mais vantajoso para o sistema social o investimento em educa- ção (sentido lato da palavra: em empresas, numa família, num país, para recuperação de marginalizados etc.), pelo fato de que cada indivíduo “educado” passa a ser uma nova fonte de capital humano, enquanto que o “indivíduo controlado” requer que o “sistema” drene permanentemente recursos para o seu controle. ӹ Modelos reducionistas A grande quantidade de demandas e de atividades internas em uma organização implica que entender que ela é um todo integrado, isso é, um sistema no qual os seus diferentes elementos internos interagem dinamicamente entre si e com os elementos presentes no seu ambiente de atuação, contribui para o aumento da eficácia e efi- ciência organizacional. Nos anos 1960, época em que o pensamento gerencial estava orientado para funções individuais, já havia sido identificada a necessidade de uma forma holística (sistêmica) de se pensar as empresas, articulando-se para isso o con- ceito de estratégia (MONTGOMERY; PORTER, 1998). O enfoque sistêmico aplicado às organizações, através do qual se busca enten- dê-las como um sistema em transformação, formado por múltiplos níveis de sub- sistemas que são interdependentes e que interagem entre si, oferece um meio efetivo de prover as capacidades estratégicas que são valorizadas pelos clientes e pelos seg- mentos de mercado onde a organização atua, sendo essas capacidades a base para se alcançar e manter uma posição competitiva em longo prazo e as boas condições de trabalho. Mas não é isso que se observa na maioria das empresas atuais. E essa visão reducionista e fragmentada da organização traz uma série de problemas. Imaginemos um computador que fosse utilizado apenas como uma calculadora para realizar operações aritméticas simples. Além do evidente desperdício de todo o potencial do computador, aquelas partes “menos nobres” do computador, respon- sáveis por operações simples e repetitivas, seriam sobre demandadas, enquanto as demais praticamente não seriam utilizadas, representando uma perda significativa dos investimentos feitos para aquele computador. Os trabalhadores daquelas empresas que têm na busca do lucro financeiro sua úni- ca razão de existir, são como as partes daquele computador “reduzido” a uma mera cal- culadora aritmética. Com uma diferença significativa: somos seres humanos e, como DESENvOLvIMENTO SOCIOECONôMICO E ASPECTOS PSICOSSOCIAIS..... | 31 tal, sofremos uma série de conseqüências quando a riqueza do nosso potencial não encontra caminhos para se realizar. Ao se reduzir uma organização complexa apenas como um instrumento gerador de lucros, uma série de conseqüências indesejadas ne- cessariamente irá ocorrer, vitimando em especial os membros da organização, ou seja, os seus trabalhadores dos vários níveis hierárquicos. Como esses trabalhadores fazem parte da sociedade, todos sofrerão impactos diretos (se forem nossos amigos ou fami- liares) ou indiretos das mazelas praticadas dentro das empresas. Nossa percepção é que esse modelo reducionista perverso ainda se mantém pra- ticamente intacto em todo o mundo principalmente devido a três motivos: a) conve- niência dos detentores do capital, protegida pela conivência dos governantes; b) inca- pacidade de visualizar sistemas complexos, decorrente da formação mecanicista e da ortodoxia acadêmica, incapaz de lidar com objetos de estudos transdisciplinares; c) (como conseqüência) inexistência de referências que ajudem a viabilizar efetivamen- te esses novos modelos. ӹ Sistemas organizacionais complexos A complexidade inerente aos sistemas organizacionais requer instrumentos de gestão e de governança adequados a esta realidade. Isso implica buscar caminhos para tornar o pensamento complexo viável aos indivíduos comuns, como o são os gestores e demais trabalhadores da empresa. A primeira e mais importante mudança é superar a já mencionada perspectiva maniqueísta que legitima a geração do lucro como sendo a única finalidade da em- presa. Mesmo sob um enfoque estritamente gerencial, isso é, mesmo sem qualquer juízo de valor ético ou moral, o paradigma do “lucro a qualquer preço” (que está pro- fundamente arraigado na grande maioria dos gestores) se mostra um grave equívoco. A existência do lucro é condição fundamental para existência e o primeiro sintoma de saúde organizacional. Mas não é a única coisa a se preocupar, e nem a primeira, uma vez que o lucro é “efeito” das atividades. Dirigir uma empresa olhando só para as finanças é algo tão perigoso como pilotar uma aeronave de grande porte olhando só para o tanque de combustível. As organizações são sistemas complexos em contínua interação com o ambiente externo (o mercado é uma parte importante deste ambiente) nos quais fatores huma- nos, sociais, tecnológicos, mercadológicos e econômicos interagem dinamicamente entre si. As implicações desta constatação são várias, entre as quais: • Sistemas complexos são virtualmente incontroláveis devido aos múltiplos laços de realimentação existentes, que são de difícil previsibilidade; essa é a razão de os planos raramente se cumprirem exatamente da maneira como foram concebidos; o que cabe à boa gestão é direcionar e priorizar as ten- dências que podem favorecer os objetivos que a organização deseja alcançar • São múltiplas as possibilidades de configuração para se chegar a um mesmo resultado; portanto, a organização pode (e deve!) buscar caminhos que fa- voreçam o maior número possível de stakeholders, que á a base de modelos 32 | ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES sustentáveis e, por isso mesmo, aumentam a probabilidade de manutenção do sucesso ao longo do tempo. A complexidade de qualquer sistema (organizacional ou não) depende do número de elementos que o compõe, da quantidade de variáveis associada a cada elemento e do nível de interação entre eles. Assim, a complexidade de uma organizaçãoirá depender do seu porte, diversidade de processos, tecnologias, entre outros aspectos. É por essa razão que a maioria das organizações de médio e grande porte são consi- deradas à luz da teoria de sistemas como “sistemas hiper-complexos”, isto é, sistemas que possuem um grande número de variáveis que interagem dinamicamente entre si, sendo muitas e diversificadas as consequências disso, como por exemplo: • Os processos organizacionais em sua maioria dependem de diversos depar- tamentos, níveis hierárquicos e fatores associados às múltiplas dimensões de existência da empresa. Isso requer clareza na identificação dos elementos e das variáveis críticas, para que possa ocorrer o seu adequado gerenciamento; • Os processos e seus resultados podem ser influenciados por fatores aparen- temente sem relação e, portanto, de difícil identificação; • É oneroso e contraproducente gerenciar todas as variáveis intervenientes na empresa; • Em função da quantidade de variáveis internas e externas e da interdependên- cia entre elas, é virtualmente impossível prever o que irá ocorrer no futuro. Para viabilizar a gestão das organizações, o que requer conseguir entender os ele- mentos organizacionais e suas principais relações, um instrumento útil é a construção de modelos que facilitam a lida com a complexidade organizacional. Uma proposta é modelar o sistema organizacional como sendo constituído de três dimensões (ou, sub- sistemas) inextricavelmente integradas, como ilustrado na figura apresentada a seguir: Dimensão físico-tecnológica: é a dimensão visível da empresa, constituída por todos os artefatos físicos, mobiliários, equipamentos e ambiente físico-químico. I Dimensão organizacional: ligada à concepção e estruturação da organiza- ção em si mesma, sendo essa dimensão constituída dos processos, estraté- gias, sistema de gestão entre outros elementos organizacionais. II Dimensão psicossocial: associada à dimensão subjetiva da vida huma- na, é nesta dimensão que se situam os conhecimentos e as competências individuais e onde se forjam as relações que podem fortalecer (ou não) os processos coletivos. O nosso postulado, que está sendo confirmado pelas observações de campo, é que uma grande parte dos problemas deriva ou de falhas específicas nos elementos da em- presa (especialmente naqueles pertencentes às dimensões organizacional e psicosso- cial), ou de incoerências entre as três dimensões da empresa. Essas observações são via- bilizadas pela avaliação integrada da organização nas três dimensões acima propostas. Um dos resultados mais ilustrativos dos efeitos provocados pela incoerência exis- tente entre as três dimensões propostas no modelo acima citado foi observado em uma empresa do setor metal-mecânico, pertencente a uma corporação multinacional de DESENvOLvIMENTO SOCIOECONôMICO E ASPECTOS PSICOSSOCIAIS..... | 33 origem japonesa. No espaço de 12 meses, três funcionários que ocupavam uma mesma função, denominada pela empresa de “Contramestre”, haviam sido afastados devido a transtornos mentais. Estudos integrados na dimensão organizacional revelaram uma série de falhas no desenho organizacional (relação entre áreas, indicadores de desem- penho e mecanismos de comunicação) que gerava pressão excessiva naquela função específica, potencializando problemas que se refletiram na dimensão psicossocial. ӹ Dimensão psicossocial das organizações As empresas estão inseridas em mercados que trazem uma gama imensa de de- safios a serem superados. Num ambiente assim, é de se esperar que os gestores – que em sua grande maioria têm formação com viés tecnicista (engenheiros e técnicos) ou tecnocrático (administradores e economistas) – considerem prioritariamente os fato- res mais evidentes, como aqueles pertencentes às dimensões física e organizacional. Por essas razões acima, reforçadas pela nossa cultura que não prima pela valoriza- ção da subjetividade inerente ao ser humano, a dimensão psicossocial é aquela mais desconhecida e, portanto, ignorada e negligenciada. Isso é um grande equívoco que cobra um preço alto das organizações (na forma de desempenhos sub-ótimos), dos seus trabalhadores (incluindo os gestores que também são submetidos a sofrimentos psíquicos e emocionais) e da sociedade como um todo, que arca com todos os ônus das mazelas sócio-econômicas decorrentes dessa negligência. Além dos impactos nas pessoas, a dimensão psicossocial tem uma grande im- portância para os resultados da organização. É nessa dimensão que se enquadram os conhecimentos e as competências individuais, que são base do capital humano e do capital intelectual, importantes ativos econômicos no contexto da nova economia, como será discutido a seguir. Figura 1: modelo da organização como sendo constituída de três dimensões (elaboração própria) EMPRESA Dimensão Física e Tecnológica Dimensão Organizacional Dimensão Psicossocial • Tecnologia • Equipamentos • Ambiente físico • Mobiliário • etc. • Processos • Estratégia competitiva • Sistema de gestão • Sist. Informação • Estrutura org. • etc. • Conhecimentos • Relações humanas • Cultura • Clima organiz. • etc. 34 | ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E SUSTENTABILIDADE EM ORGANIZAÇÕES Os aspectos psicossociais também são essenciais para se construir relações que podem fortalecer (ou não) os processos organizacionais. Esquecemo-nos que a orga- nização é um sistema social, onde todo trabalho é coletivo: o sentido que damos para as relações humanas irá afetar diretamente os resultados dos processos em termos de produtividade, qualidade, prazos, custos e outros indicadores. Assim, trabalhar por ambientes com bom clima organizacional, onde vicejam relações cooperativas, é uma maneira bastante efetiva de conseguir também melhores resultados financeiros. Visando aprofundar o entendimento sobre como o enriquecimento cognitivo, as relações cooperativas e a socialização do conhecimento contribuem com a inovação para sustentabilidade organizacional, foi desenvolvido um estudo exploratório com o objetivo de estudar os fatores organizacionais com maior potencial para promover, si- multaneamente, a competitividade da organização e a qualidade de vida no trabalho. Para tanto foi desenvolvido um modelo com vinte e três fatores organizacionais agru- pados em sete indicadores (SILVEIRA, GARDIM, 2013; SILVEIRA, KIKUCHI, 2013). Os resultados do estudo acima, ainda preliminares, sinalizam no sentido da via- bilidade de organizar diversos desses fatores organizacionais – como bom clima or- ganizacional, carga de trabalho adequada, acolhimento pelos colegas, informações integradas com acesso comum, enriquecimento cognitivo – de modo tal que con- tribuam para o desenvolvimento sustentável da organização, melhorando de forma integrada o desempenho competitivo e a qualidade de vida no trabalho. ӹ Modelos organizacionais sustentáveis: viabilidade e inevitabilidade Ao longo das últimas décadas, vários autores alertam para os prejuízos causados pelas empresas, como Aktouf (1991) que pondera sobre a insustentabilidade do modelo industrial vigente, advertindo que “lucro de curto prazo significa destruição no longo prazo”, ou Morgan (1996) ao afirmar que “nossas empresas estão nos matando, adulte- rando comida, poluindo ambientes, submetendo pessoas a condições insalubres [...]”. O mencionado enfoque Triple Bottom Line para sustentabilidade organizacional visa corrigir esses impactos sócio-ambientais indesejados, uma vez que pressupõe o equilíbrio no atendimento dos interesses e das necessidades de todos os stakehol- ders da organização: clientes, proprietários, fornecedores, funcionários e a sociedade como um todo. O arcabouço da ação em um projeto desenvolvido de 2010 a 2012 com nove em- presas fabricantes de equipamentos eletromédicos – denominado “Projeto Piloto ABIMO” (SILVEIRA, 2013) – previu uma complexa e inovadora articulação de um grande número de variáveis multidimensionais relacionadas com os diversos agentes, aspectos
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