Buscar

II_Teorico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Inserir Título Aqui 
Inserir Título Aqui
Qualidade de Vida 
e Saúde Mental 
no Trabalho 
Saúde Mental no Trabalho
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Sarajane de Fátima Lima de Oliveira
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira 
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Saúde Mental no Trabalho;
• As Transformações no Mundo do Trabalho e os Impactos 
na Saúde do Trabalhador;
• Saúde Mental no Trabalho e Assistência ao Trabalhador;
• Saúde Mental no Trabalho e Políticas Públicas.
Fonte: Getty Im
ages
Objetivos
• Oportunizar ao aluno a compreensão das transformações ocorridas no âmbito do tra-
balho ao longo dos tempos, evidenciando as implicações no processo de adoecimento 
do trabalhador;
• Realizar uma aproximação do acadêmico para questões atuais sobre saúde mental e tra-
balho, e propiciar a identificação de políticas públicas e de assistência ao trabalhador.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material 
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você 
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns 
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões 
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e 
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de 
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
Saúde Mental no Trabalho
UNIDADE 
Saúde Mental no Trabalho
Contextualização
Ter saúde mental no trabalho passa a ser um desejo de milhões de pessoas nos dias de 
hoje, pois a forma como o trabalho está organizado, as pressões pelos cumprimentos de 
metas e prazos, as relações interpessoais cada vez mais estremecidas, seja com colegas ou 
com chefia, as mudanças e inovações tecnológicas cada dia mais frequentes, tudo isso nos 
leva a pensar que vamos enlouquecer. Muitas empresas também estão preocupadas com 
a forma negativa que o trabalho está implicando na saúde mental dos seus funcionários, 
haja vista o aumento do absenteísmo e, por que não dizer, o elevado índice de afastamen-
tos do trabalho, especialmente por problemas relacionados à saúde mental, tais como de-
pressão, estresse, burnout, entre outras. Infelizmente, as estatísticas apontadas pelo INSS 
nos mostram que é inegável essa crescente realidade no Brasil, o que nos impulsiona a 
ampliar as discussões sobre essa temática.
6
7
Saúde Mental no Trabalho
A saúde mental no trabalho ganhou foco no período subsequente à Segunda Guerra 
Mundial, que teve seu término em 1945, tendo como país de berço a França. De acor-
do com Lima (2015), embora, inicialmente, os estudos sobre saúde mental no trabalho 
tenham sido associados a duas dimensões específicas: a ergoterapia (quando a atividade 
laboral se constitui em recurso terapêutico, favorecendo a saúde mental) e a psicopa-
tologia do trabalho (quando é potencialmente patogênica, favorecendo o adoecimento 
mental), foi a segunda dimensão que ganhou maior visibilidade. 
Sob a ótica dos estudiosos franceses, os fatores psicológicos que mais impactavam 
no adoecimento do trabalhador eram a monotonia, a falta de interesse pela tarefa a ser 
desempenhada e a dissociação entre o ritmo imposto pela máquina e o do corpo do tra-
balhador. Outros fatores sociais também foram considerados, como o clima psicológico 
com que o sujeito desenvolvia suas tarefas e a qualidade das relações interpessoais no 
interior da empresa (LIMA, 2015).
No Brasil, a doença mental no trabalho passou a ser discutida nos anos 80 do sé-
culo passado, a partir de estudos de Selligmann-Silva. Contudo, somente em 2001, o 
Ministério da Saúde reconheceu a existência de transtornos mentais e sua relação com 
o trabalho, tendo publicado uma lista desses transtornos no Manual de Doenças Rela-
cionadas ao Trabalho. Ressalta-se que o campo da saúde mental no trabalho permanece 
em processo de consolidação e vem pontuando os impactos da reestruturação produtiva 
na saúde dos trabalhadores. 
As Transformações no Mundo do Trabalho
e os Impactos na Saúde do Trabalhador
O trabalho acompanha o homem desde os primórdios da civilização, não só como 
uma forma de sustento e sobrevivência, mas também como elemento constitutivo do 
sujeito trabalhador. Contudo, vem sofrendo alterações com o passar do tempo, o que 
implica em novas formas de o homem se relacionar com o mesmo. 
Merlo e Lapis (2007) apontam como mudanças significativas as inovações tecno-
lógicas, a organização do trabalho e da produção, a qualificação do trabalhador, as 
estratégias empresariais e as novas formas de configuração de poder e controle sobre o 
trabalhador. Os autores relatam que esse conjunto de transformações passa a ser conhe-
cido como “Primeira Revolução Industrial”. 
7
UNIDADE 
Saúde Mental no Trabalho
Primeira Revolução Industrial
No século XVIII, o capitalismo passa a tomar grande relevância com o uso intensivo 
de mão de obra assalariada. Foi nesse contexto que surgiram as primeiras indústrias 
têxteis, que contavam com invenções como a máquina de fiar, o tear mecânico, a má-
quina a vapor e, ainda, o uso de outras fontes de energia como o carvão e o petróleo, 
trazendo como consequências o aprimoramento de técnicas de produção e a evolução 
tecnológica e científica.
Foi nesse cenário que mudanças ocorreram quanto ao “fazer do trabalhador”. Hou-
ve a necessidade de maior qualificação da mão de obra operacional, uma vez que o 
operário deixou de ter o domínio sobre o conteúdo de seu trabalho, e a divisão deste 
aprofundou-se, ganhando espaço a especialização do trabalho. Houve a transição da 
manufatura para a maquinofatura, expandindo os processos industriais. 
Contudo, o perfil do trabalhador também sofreu consequências, especialmente no 
que se refere à fragmentação “do seu fazer”. Neste período, conforme Merlo e La-
pis (2007), o controle exercido sobre os trabalhadores era extremamente autoritário.
Os trabalhadores com longas jornadas de trabalho viviam em condições precárias, além 
de receberem salários baixos, que não atendiam às suas necessidades. Como agravante, 
recebiam punições, agressões físicas, ameaças e possível perda do emprego. 
Considerando esses aspectos, já podemos compreender que a saúde do trabalhador 
inicia um processo de degradação, uma vez que os trabalhadores não dispunham de 
um sistema de proteção social. Sob essa ótica capitalista e a ênfase na produtividade, 
intensificaram-se as reivindicações dos trabalhadores quanto a melhorias, uma vez que 
muitos se acidentavam com facilidade, especialmente por estarem expostos a processos 
acelerados e desumanos de produção, elevando o número de acidentes e adoecimentos 
(BITTENCOURT; BELOME; MERLO, 2014).
É fato que, desde aquela época, já se colocava em risco a saúde do trabalhador, a qual 
comprometia a produtividade e acarretava prejuízos econômicos. Assim, as indústrias, 
como forma de reduzir os índices de acidentes e afastamentos, passaram a contratar 
médicos, de modo que estes cuidassem da saúde dos empregados (DIAS; HOEFEL, 
2005). É importante ressaltar que, dessa maneira, haveria maior cuidado com o corpo 
do trabalhador e, consequentemente, este se manteria produtivo e contribuindo para que 
a empresa alcançasse seus objetivos, garantindo produção e lucratividade. (MENDES; 
DIAS, 1991)
Segunda Revolução Industrial
No final do século XIX e meados do século XX, houve o surgimento da eletricida-
de que, aos poucos, foi sendo introduzidanas indústrias, alimentando os motores de 
máquinas e facilitando o processo produtivo. Deu-se nesse período o surgimento do 
que hoje chamamos de “Segunda Revolução Industrial”. As atividades passaram a ser 
monitoradas, de forma que a organização do trabalho fosse racionalizada, surgindo a 
8
9
normatização, os procedimentos sistemáticos e uniformes. Neste período, difundiu-se o 
modelo Taylorista/Fordista com a organização do trabalho, a especialização das tarefas 
e a racionalização da produção. 
Os trabalhadores, mesmo obtendo o ganho de prêmios ou, ainda, recebendo amea-
ças e sanções por parte dos empregadores, não conseguiam aumentar a produtividade. 
As atividades passaram a ser pensadas e monitoradas por especialistas, em sua maioria 
engenheiros. Com esse propósito, os operários passaram a exercer atividades especí-
ficas e fragmentadas, deixando de ter a noção do todo, e ter limitada sua capacidade 
produtiva, exercendo tarefas repetitivas e sem sentido, sem nenhuma possibilidade de 
aplicar seu potencial criativo. Desta forma, ficou evidente a separação entre o “saber e 
o fazer”, “entre a concepção, o planejamento e a execução; entre o trabalho manual dos 
operários e o trabalho intelectual das gerências” (MERLO; LAPIS, 2007, p. 63).
A monotonia no trabalho, o ritmo produtivo cada vez mais intenso determinado 
pelas esteiras rolantes por onde circulavam as partes do produto a ser montado, uma 
vez que as linhas de montagem passaram a fazer parte do parque fabril das indústrias 
da época, foram aspectos que contribuíram muito para a saúde do trabalhador sofrer 
abalos, especialmente no que diz respeito às relações de trabalho estabelecidas. Nesse 
contexto, identificou-se deterioração no funcionamento mental e equilíbrio psicoafetivo, 
denunciando o aparecimento de comportamentos hostis, agressivos, violentos e dis-
criminatórios entre colegas de trabalho e entre as estruturas hierárquicas, envolvendo 
cargos de comando e subordinados (DEJOURS, 1992).
Para melhor compreensão do processo produtivo no período da Segunda Revolução In-
dustrial e do impacto deste na saúde do trabalhador, assista aos vídeos/recortes do filme 
“Tempos Modernos” de Charlie Chaplin, que retrata de maneira brilhante as consequências 
nefastas do modelo produtivo adotado na época sobre a saúde do trabalhador.
https://youtu.be/Gi9zUU3FsdU
https://youtu.be/ELExsE9o238
Terceira Revolução Industrial 
A Terceira Revolução Industrial, também chamada por muitos de Revolução Tecnoló-
gica, ou ainda de “Era Pós-Industrial”, “Era da Informação” ou “Era do Conhecimento”, 
trouxe grandes e profundas mudanças no mundo do trabalho. Segundo alguns autores, 
ela teve início nos anos 70 do século passado, e foi influenciada diretamente pelo mo-
delo de organização do trabalho e pela experiência japonesa conhecida por Toyotismo. 
Nessa perspectiva, o foco deixou de ser a produção em série, e passou a ser a diversifi-
cação e a personalização, atendendo às novas necessidades, o que exigia aprimoramen-
to na qualidade dos produtos ofertados ao mercado.
Esse novo modelo produtivo pautou-se na atualização do produto, ou seja, a cada 
tecnologia lançada, o sistema era atualizado, algo que se tornaria impossível com as 
técnicas anteriores. Ao contrário do que ocorreu no sistema Taylorista-fordista, o perfil 
9
UNIDADE 
Saúde Mental no Trabalho
do trabalhador sofreu alterações significativas, sendo que o operário precisaria conhecer 
amplamente o processo produtivo e as novas tecnologias, o que culminou em desem-
prego para muitos trabalhadores. 
Conforme Merlo e Lapis (2007), houve a necessidade de um trabalhador mais escola-
rizado, com raciocínio lógico, que soubesse operar máquinas e equipamentos diversos, 
e aptos a lidar com a complexidade desses, além de ter desenvolvidas suas capacidades 
de relacionamento, sabendo trabalhar em equipe e alinhado aos objetivos da empresa. 
Esta inversão dos modelos produtivos afetou consideravelmente a saúde do traba-
lhador, uma vez que houve um deslocamento do componente manual do trabalho para 
o modelo intelectual, exigindo, além de outras capacidades, a qualificação profissional 
dos trabalhadores (GOULART, 2002). Para tanto, a busca do conhecimento e aprimo-
ramento profissional levou à necessidade de formação permanente, o que implica em 
tensão, desgaste físico e psicológico, ansiedade e o medo da possível demissão. Para 
Zanelli (1998), as transformações ocorridas na estrutura e funcionamento das organi-
zações de trabalho afetaram diretamente os trabalhadores, dos quais se passa a exigir 
readaptações físicas e psicológicas, com elevado custo de energia vital e implicações 
para sua saúde.
O advento da globalização, em meados da década de 90 do século passado, repre-
sentou “o período das mais rápidas transformações econômicas, tecnológicas e sociais 
já ocorridas na história da humanidade”, segundo Goulart (2002, p.24). Dentre elas, a 
autora cita cinco grandes eixos: a informática, as telecomunicações, a biotecnologia, as 
novas energias e a descobertas de novos materiais. O fenômeno da globalização impli-
cou no elevado nível de competitividade entre países, ultrapassando as fronteiras e re-
querendo produtividade atrelada à qualidade, reforçando a necessidade de trabalhadores 
qualificados e o enxugamento das empresas. Sob a ótica de Zanelli (2010, p.21), “no ge-
ral, a realidade atual do emprego pode ser descrita com a imagem de um número menor 
de pessoas, que estão ganhando menos, para fazerem, desgastadas, mais atividades”.
Goulart (2002) reforça que houve o surgimento de novos modos de gestão, pauta-
dos na busca da qualidade total e que enfatizam aspectos como: supervalorização da 
ação, desafio permanente, adaptabilidade, polivalência da mão de obra, e suavização 
das relações hierárquicas. Tais aspectos levam a uma pressão constante dos trabalha-
dores, exigindo desses a aprendizagem contínua de procedimentos e novas tecnologias, 
expondo-os a uma situação de ameaça de perda do emprego e vivências de sofrimento 
no trabalho que, por sua vez, coloca-os em evidente risco de adoecimento (ZANELLI; 
BASTOS, 2004). 
A gestão do conhecimento passou a ser um precioso recurso estratégico para o controle 
dos processos pelas organizações, bem como o principal ativo das empresas na busca por 
maior competitividade.
10
11
Quarta Revolução Industrial
A Quarta Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0, teve seu início 
na Alemanha em 2012, quando o país estava em busca de novas tecnologias para me-
lhoria nos processos produtivos. Assim, o impacto desta mudança se caracteriza por um 
conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico que, 
por sua vez, trará implicações diretas na produtividade das empresas, especialmente no 
que se refere à redução de custos (ganhos de eficiência, menores custos de manutenção 
de máquinas e consumo de energia), controle sobre o processo produtivo, a customiza-
ção da produção, entre outros.
Oliveira e Simões (s.d.) ressaltam que de produção em massa, evoluímos para uma 
customização em massa. Os autores descrevem que os principais conceitos que emba-
sam a Quarta Revolução Industrial são: a Internet das Coisas, Sistema Físico-Ciberné-
tico, Big Data e Segurança dos Dados. Reforçam ainda que, na lógica da Indústria 4.0, 
serão criadas fábricas inteligentes (Smart Factory), nas quais o processo de produção 
será totalmente digitalizado e conectado em rede através de sistemas de informação, 
tornando a produção autônoma e inteligente. Veja-a na figura abaixo, que retrata melhor 
essa ideia: 
Figura 1
Fonte: Getty Images
11
UNIDADE 
Saúde Mental no Trabalho
Segundo Coelho (2016), o mundo anda a velocidades diferentes e, por esse motivo, 
há uma grande lacuna entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. O au-
tor ressalta que a indústria passa por um processo de transformação a uma velocidade 
nunca antes vista, “impulsionada pelo desenvolvimento e utilização detecnologias faci-
litadoras, cada vez mais evoluídas e ágeis” (COELHO, 2016, p.07).
Vale salientar que ainda é incipiente a implantação dessa nova lógica nas empresas 
brasileiras, o que implicará em novas plantas fabris, mudanças na estrutura das cadeias 
produtivas, um novo mercado de trabalho, fábricas do futuro, massificação do uso de 
tecnologias digitais, startups, test beds, entre outras. Considerando que a Indústria 4.0 
aproxima os processos produtivos físicos e os processos de informação e tecnológicos 
altamente desenvolvidos, e que se baseia na digitalização de processos industriais, certa-
mente trará novas exigências com relação aos funcionários que desenvolverão atividades 
profissionais em empresas com esse perfil.
O documento “Agenda Brasileira para a Indústria 4.0” traz um conjunto de iniciativas que 
visam promover o desenvolvimento da Indústria 4.0 no País.
Disponível em: https://bit.ly/2OJyqJK
Aproveite e leia a reportagem da BBC sobre como uma nova revolução na indústria pode 
mudar o mundo. Disponível em: https://bbc.in/2JgjZIJ
Assista ao vídeo “O que é indústria 4.0”. Disponível em: https://youtu.be/mR1COdqkQF4
Quanto aos impactos da Indústria 4.0 nos trabalhadores, raros são os estudos a esse 
respeito. Todavia, podemos arriscar dizer que haverá maior necessidade de especializa-
ção e qualificação, uma vez que competências como resolução de problemas complexos 
e pensamento crítico, conhecimento sobre sistemas, processos e articulação do conheci-
mento poderão ser amplamente utilizadas. Costa (1995, p.12) aponta que haverá grande 
tendência de um “deslocamento de mão de obra em direção ao setor de informações, 
ou seja: perdem-se empregos em determinados setores, mas são ganhos no setor de 
informações”. Outros aspectos levantados pela autora são a rapidez com que a tecno-
logia evolui e, portanto, eleva-se o risco de a pessoa tornar-se obsoleta para o mercado 
de trabalho, bem como o isolamento que essas tecnologias podem trazer ao indivíduo.
Diante destes aspectos, certamente a saúde mental do trabalhador será afetada, es-
pecialmente se considerarmos o medo da perda do emprego e/ou de não conseguir 
colocação no mercado de trabalho, elevando os níveis de ansiedade e pressão sentidas 
por este em torno da busca permanente por qualificação.
12
13
No seu ponto de vista, com base nas informações sobre as transformações no mundo 
do trabalho, quais são os impactos que a Indústria 4.0 pode trazer à saúde mental 
dos trabalhadores?
Saúde Mental no Trabalho
e Assistência ao Trabalhador
Como mencionado anteriormente, quando o capitalismo ganhou ascensão, houve 
preocupação por parte das empresas quanto à saúde do trabalhador, especialmente, aos 
aspectos físicos, uma vez que compreendiam relação direta com a produtividade. Assim, 
os médicos eram os responsáveis por estes cuidados. Em meados de 1965, países indus-
trializados sofreram mudanças a partir de reflexões e, por consequência da mobilização 
da classe de trabalhadores, políticas sociais transformaram-se em leis, desencadeando 
alterações na legislação do trabalho e nos aspectos da segurança e saúde do trabalhador.
No Brasil, segundo Galon et al. (2011), a maior parte das leis que regulamentam a 
saúde e segurança ocupacional é apresentada na forma de Normas Regulamentadoras 
(NRs), aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978. Segundo os autores, 
especificamente voltadas aos riscos biológicos, algumas NRs deram vida aos Serviços 
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), Co-
missão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (CIPA), Equipamentos de Prote-
ção Individual (EPI), Programa de Controle Médico em Saúde Ocupacional (PCMSO), 
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), entre outros. 
Como podemos observar, todos vinculados à iniciativa privada, adotando um mode-
lo de atuação subordinado à lógica do capital. Nesse sentido, a Medicina do Trabalho, 
responsável pelos cuidados com o trabalhador, se deu a partir de uma forma autoritária 
de regulação das relações entre empregados/trabalhadores e empresários. Somente a 
partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, houve avanços na legislação 
trabalhista brasileira, sendo que a saúde do trabalhador passa a se inserir efetivamente 
no campo da saúde, incorporando-se dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), cujas 
ações se constroem com base em seus princípios de universalidade, integralidade e par-
ticipação social (NARDI; RAMMINGER, 2012).
Considerando que, ainda nos dias atuais, as empresas possuem a área de medicina do tra-
balho e os trabalhadores buscam nela o atendimento para seus problemas de saúde, sejam 
eles físicos ou mentais, qual seu posicionamento quanto ao interesse das empresas em 
estabelecer nexo causal, ou seja, instituir relação direta entre o trabalho e o adoecimento 
do trabalhador? 
13
UNIDADE 
Saúde Mental no Trabalho
Saúde Mental no Trabalho
e Políticas Públicas
Ao longo dos anos, a organização do trabalho privilegiou o capital em detrimento 
das pessoas, dos trabalhadores (BITTENCOURT; BELOME; MERLO, 2014), e, por 
consequência, ainda nos dias atuais, a saúde mental ocupacional e as ciências do com-
portamento evidenciam a origem do adoecimento mental dos trabalhadores no universo 
intraindividual, sendo pouco considerado o trabalho na sua concepção, de como está 
organizado e as condições que ele oferece ao trabalhador (SATO; BERNARDO, 2005).
Nessa mesma perspectiva, Seligmann-Silva et al. (2010) reforçam que são minimi-
zados ou ignorados os aspectos sociais, econômicos e organizacionais, assim como os 
processos psicossociais e seus impactos sobre a subjetividade do trabalhador. Portanto, 
ainda se observa um grande desafio quanto ao atual modelo de trabalho, uma vez que 
“[...] o sofrimento /adoecimento psíquico é visto como um sinal de fraqueza pessoal”, 
(BERNARDO, 2011 apud BITTENCOURT; BELOME; MERLO, 2014).
A Reforma Sanitária e de institucionalização do Sistema Único de Saúde foram mar-
cos importantes que balizaram os movimentos em prol da saúde do trabalhador, embora 
alguns autores os considerem ainda tímidos frente às necessidades impostas pelo sofri-
mento psíquico. 
Para Nardi e Ramminger (2012), a Primeira Conferência Nacional de Saúde do Tra-
balhador (CNST), ocorrida em 1986, teve como principal marca a formulação de conte-
údos para a Política Nacional de Saúde do Trabalhador, os quais foram incorporados à 
Constituição Federal de 1988 e à Lei nº 8080, de 1990. Nesse ínterim, foram criados 
pelo Ministério da Saúde os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), 
na tentativa de promover atenção integral aos trabalhadores no âmbito do SUS, bem 
como evidenciar algumas das suas expressões atuais a partir da assistência e da vigilân-
cia em saúde do trabalhador. Contudo, por estarem vinculados às Secretarias Municipais 
de Saúde e apresentarem baixa cobertura de ações e fraca articulação intersetorial, não 
houve real articulação dos CERESTs ao SUS. 
A Segunda CNST focou-se na construção de uma política de saúde do trabalhador, 
ou seja, a unificação das ações de Saúde do Trabalhador no SUS e a discussão das di-
mensões políticas, sociais, econômicas, técnicas e gerenciais dessa política pública. No 
que concerne à Saúde Mental, foram reconhecidas algumas doenças profissionais e a 
sugestão do envolvimento de empresas públicas e privadas na elaboração e manutenção 
de programas educativos em relação ao alcoolismo. (NARDI; RAMMINGER, 2012)
Na Terceira CNST houve participação conjunta dos Ministérios da Saúde, do Traba-
lho e Emprego, e da Previdência Social, na tentativa de integrar as ações direcionadas à 
saúde do trabalhador brasileiro. Assim, discutiu-se a política intersetorial proposta, bem 
como a integração e a implantação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do 
Trabalhador (RENAST), instituída em 2002 (NARDI; RAMMINGER, 2012). Todavia, 
com o passar do tempo, a RENAST passou por revisões, sendo que asatividades dos 
14
15
CERESTs foram mais bem definidas, incluindo contribuições referentes ao apoio dos 
CERESTs na organização e na estruturação da assistência de média e alta complexida-
de, no âmbito local e regional, dando atenção especial aos acidentes ocupacionais e aos 
agravos como os transtornos mentais relacionados ao trabalho.
Somente dez anos após a criação da RENAST, foi lançada a Política Nacional de Saúde 
do Trabalhador e da Trabalhadora (PNST), que dentre as diretrizes firmadas, elenca-se a 
estratégia da atuação do SUS nos diversos níveis para o desenvolvimento da performance 
integral em saúde do trabalhador, dando ênfase à vigilância (BITTENCOURT; BELOME; 
MERLO, 2014). Contudo, coube aos CERESTs ações diretas de vigilância, especialmente 
nos casos em que o Município não tenha condições técnicas e operacionais para realizá-
-la, ou ainda, para situações que exijam maior complexidade. Desta forma, fragilizam-se 
as ações de vigilância, na falta de prioridades e programas articulados nos vários níveis 
do território (COSTA et al. 2013).
Para Bittencourt, Belome e Merlo (2014), as atividades dos CERESTs somente farão 
sentido se estiverem articuladas aos demais serviços de rede do SUS, de modo que os 
atendimentos relacionados ao adoecimento mental no trabalho sejam realizados em to-
dos os níveis de atenção do SUS, de forma integral e hierarquizada. 
Concluindo, aponta-se para o pensamento de alguns autores que reforçam a neces-
sidade de discutir e articular, de forma conjunta, governo e sociedade civil, para que 
ações preventivas, de assistência e de reabilitação profissional, estejam embasadas em 
mudanças estruturais e organizacionais do mercado de trabalho e das empresas, permi-
tindo formas de gestão mais adequadas e reestruturação produtiva que se atente para a 
humanização, em vez de focar-se em uma gestão onde prevalece o interesse do capital 
(SELIGMANN et al., 2010; NARDI; RAMMINGER, 2012).
Para que você possa aprofundar seus conhecimentos a respeito do conteúdo da Política 
Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNST).
Acesse o link: https://bit.ly/2q7wXi9
15
UNIDADE 
Saúde Mental no Trabalho
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
O trabalho no Futro – Documentário
https://youtu.be/oDcgWE_3VII
 Leitura
A Quarta Revolução Industrial e as Perspectivas para o Brasil
BRITO, A. A. F. A Quarta Revolução Industrial e as Perspectivas para o Brasil. Revista 
Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 07. Ano 02, v. 02, p. 
91-96, Outubro de 2017.
https://bit.ly/2H39XqE
Cadernos de Saúde Pública
GLINA et al. Saúde mental e trabalho: uma reflexão sobre o nexo com o trabalho e o 
diagnóstico, com base na prática. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 17(3): 
607-616, mai-jun, 2001.
https://bit.ly/2XqXWHX
São Paulo em Perspectiva
HELOANI, J. R. CAPITÃO, C. G. Saúde mental e psicologia do trabalho. São Paulo em 
Perspectiva. vol.17, n.2. São Paulo Abr./Jun. 2003.
https://bit.ly/2xsH4CF
16
17
Referências
BITTENCOURT, L. C.; BELOME. M. C.; MERLO, A. R. C. Centros de Referência em 
Saúde do Trabalhador, Sistema Único de Saúde e a Saúde mental. In: MERLO, A. R. 
C. et al. Atenção à saúde mental do trabalhador: sofrimento e transtornos psíquicos 
relacionados ao trabalho. Porto Alegre: Evangraf, 2014.
COELHO, P. N. Rumo à indústria 4.0. Dissertação (Mestre em Mestre em Engenharia 
e Gestão Industrial) – Faculdade de Ciências e Tecnologia - Universidade de Coimbra, 
FCTUC, 2016. Disponível em: <https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/36992/1/
Tese%20Pedro%20Coelho%20Rumo%20%C3%A0%20Industria%204.0.pdf>. Acesso 
em: 24 mai. 2019.
COSTA, D. et al. Saúde do Trabalhador no SUS: desafios para uma política pública.
Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, 38 (127): 11-30, 2013. Disponí-
vel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0303-6572013000100003&script=sci_
abstract&tlng=pt>. Acesso em: 17 mai. 2019.
COSTA, S. M. S. Impactos Sociais das Tecnologias de Informação. R. Bibliotecon.
Brasília, v. 19, n. 1, p. 3-22, jan./jun. 1995. Disponível em: <http://www.brapci.inf.
br/_repositorio/2010/03/pdf_03146e4bbf_0008921.pdf>. Acesso em: 23 mai. 2019.
DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: 
Cortez, 1992.
DIAS, E. C.; HOEFEL, M. G. O desafio de implementar as ações de saúde do traba-
lhador no SUS: a estratégia da RENAST. Ciência e Saúde Coletiva [online]. 2005, 
v.10, n.4, pp.817-827. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
-81232005000400007&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 29 mai. 2019.
GALON, T. et al. A legislação brasileira e as recomendações internacionais sobre a 
exposição ocupacional aos agentes biológicos. Revista Brasileira de Enfermagem, 
v. 64, núm. 1, jan.-fev., 2011, p. 160-167. Disponível em: <http://www.redalyc.org/
pdf/2670/267019462023.pdf>. Acesso em 27 mai. 2019.
GOULART, I. B. Psicologia organizacional e do trabalho: teoria, pesquisa e temas 
correlatos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.
LIMA, M. E. A. Saúde mental e trabalho. In: Bendassoli, P. F; Borges-Andrade, J.E. 
Dicionário de Psicologia do trabalho e das organizações. São Paulo: Casa do Psicó-
logo, p. 607-616, 2015.
MENDES, R. DIAS, E. C. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Revista de 
Saúde Pública, São Paulo, v.25, n.5, p.341-349, 1991. Disponível em: <https://www.
nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2977.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2019.
MERLO, A. R. C.; LAPIS, N. L. A saúde e os processos de trabalho no capitalismo: 
reflexões na interface da psicodinâmica do trabalho e da sociologia do trabalho. 
Psicologia e Sociedade [online]. 2007, v.19, n.1, p.61-68. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S0102-71822007000100009&script=sci_abstract&tlng=pt>. 
Acesso em: 24 mai. 2019.
17
UNIDADE 
Saúde Mental no Trabalho
NARDI, H. C.; RAMMINGER, T. Políticas Públicas em Saúde Mental e Trabalho: De-
safios Políticos e Epistemológicos. Psicologia: Ciência e Profissão, 2012, 32 (2), 374-
387. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v32n2/v32n2a08.pdf>. Acesso: 
20 mai. 2019.
OLIVEIRA, F. T.; SIMÕES, W. L. A indústria 4.0 e a produção no contexto dos 
estudantes da engenharia. Simpósio de Engenharia de Produção - Universidade Fe-
deral de Goiás – Regional Catalão 09 a 11 de agosto, Catalão, Goiás, Brasil. Disponível 
em: <https://sienpro.catalao.ufg.br/up/1012/o/Fernanda_Tha%C3%ADs_de_Oliveira.
pdf>. Acesso em: 19 mai. 2019.
SATO, L.; BERNARDO, M. H. Saúde mental e trabalho: os problemas que persistem. 
Ciência e Saúde Coletiva, 10 (4): 869-878, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?pid=S1413-81232005000400011&script=sci_abstract&tlng=pt>. Aces-
so em: 21 mai. 2019.
SELIGMANN-SILVA, E. et al. O mundo contemporâneo do trabalho e a saúde mental 
do trabalhador. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 35, núm. 122, 2010, 
p. 187-191. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S0303-76572010000200002>. Acesso em 19 de mai. 2019.
ZANELLI, J. C. Estresse nas organizações de trabalho: compreensão e intervenção 
baseadas em evidências. Porto Alegre: Artmed, 2010.
_______. Ações estratégicas na gestão da Universidade federal de Santa Catarina: rea-
ção dos participantes. Psicologia e Sociedade, v.1,n.2, p.151-174, 1998.
ZANELLI, J. C.; BASTOS, A.V.B. Inserção profissional do psicólogo em organizações e 
no trabalho. In: ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J.E.; BASTOS, A.V.B. Psicolo-
gia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
18

Continue navegando