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LEI ORGÂNICA AULA 01 Profs. Marcos Girão, Paulo Guimarães e Paulo Bilynskyj Lei orgânica AULA 01 Página 1 de 48 Sumário A Polícia Civil e a Constituição Federal de 1988 ....................................................................................................2 A Polícia do Estado de São Paulo.................................................................................................................................2 As Carreiras da Polícia Civil do Estado de São Paulo ..........................................................................................4 O Ingresso na Carreira ..................................................................................................................................................5 Requisitos Básicos e Concurso ................................................................................................................................................. 5 Posse ................................................................................................................................................................................................. 7 O Exercício ..................................................................................................................................................................................... 7 O Curso de Formação Técnico-Profissional ................................................................................................................... 8 O Estágio Probatório .................................................................................................................................................9 A Reversão Ex-Officio ............................................................................................................................................ 10 Remoção ................................................................................................................................................................... 10 Os Vencimentos as Vantagens Pecuniárias do Policial .......................................................................... 11 Vencimentos ........................................................................................................................................................................11 Vantagens Pecuniárias ....................................................................................................................................................11 As Concessões .................................................................................................................................................... 13 Transporte Especial .......................................................................................................................................................13 Honrarias e Prêmios .....................................................................................................................................................13 Promoção Pós-Morte ..................................................................................................................................................14 Auxílio-Funeral ...........................................................................................................................................................14 Assistência Jurídica .................................................................................................................................................14 O Direito de Petição .................................................................................................................................... 15 O Elogio ......................................................................................................................................................... 15 Os Deveres dos Policiais Civis ............................................................................................................. 16 Transgressões Disciplinares .............................................................................................................. 17 Das Responsabilidades ..................................................................................................................... 19 As Penas Disciplinares ....................................................................................................................... 20 Advertência ........................................................................................................................................................20 Repreensão .......................................................................................................................................................20 Suspensão ........................................................................................................................................................21 Demissão ...........................................................................................................................................................21 Demissão a Bem do Serviço Público ....................................................................................................21 Cassação de Aposentadoria ou Disponibilidade ..........................................................................21 A Remoção Compulsória ......................................................................................................................22 A Extinção da Punibilidade ...............................................................................................................22 Providências preliminares ao procedimento disciplinar ............................................ 23 O Procedimento Disciplinar .............................................................................................. 25 Disposições gerais ...............................................................................................................................25 Sindicância ...........................................................................................................................................25 PAD .........................................................................................................................................................26 Regras Acessórias à Sindicância e ao Processo ..................................................................29 Os Recursos .....................................................................................................................................30 A Revisão do Processo Administrativo ..............................................................................30 Regrinhas finais .................................................................................................................. 31 Promoçõesdos Policiais e a LCE nº 1.151/2011 .................................................... 32 Regras Gerais ...............................................................................................................................32 Promoção por Antiguidade ..................................................................................................34 Promoção por Merecimento ...............................................................................................34 Promoção “Especial”............................................................................................................34 Questões.......................................................................................................................... 35 Gabarito .......................................................................................................................................48 Lei orgânica AULA 01 Página 2 de 48 LEI ORGÂNICA DA PC/SP 1. A Polícia Civil e a Constituição Federal de 1988 As Polícias Civis são instituições históricas, tipicamente brasileiras, que exercem funções de polícia judiciária, nas unidades federativas do Brasil, cuja função é, de acordo com o artigo 144 da Constituição Federal de 1988, o exercício da segurança pública. Ainda de acordo com o artigo 144, § 4º, da Constituição Federal: Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: (...) IV - polícias civis; (...) § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. E é exatamente aí que entra o papel da Lei Complementar Estadual nº 207/1979 (a chamaremos de LCE nº 207/79), mais conhecida como a Lei Orgânica da Policia Civil do Estado de São Paulo. 2. A Polícia do Estado de São Paulo Em seu art. 1º, a Lei Complementar nº 207/79 estabelece que a Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública, a responsável pela manutenção, em todo o Estado, da ordem e da segurança pública internas, executará o serviço policial por intermédio dos órgãos policiais que a integram. Antes de saber que órgãos policiais são esses, vamos ao conceito de serviço policial: ✓a prevenção e investigação criminais; ✓o policiamento ostensivo; ✓o trânsito; e ✓a proteção em casos de calamidade pública, incêndio e salvamento. E quem então executa tais serviços? De acordo com o art. 2º da LCE SP nº 207/79: São órgãos policiais, subordinados hierárquica, administrativa e funcionalmente ao Secretário da Segurança Pública: Lei orgânica AULA 01 Página 3 de 48 Integrarão também a Secretaria da Segurança Pública os órgãos de assessoramento do Secretário da Segurança, que constituem a administração superior da Pasta. A LCE SP nº 207/79 determina que a organização, estrutura, atribuições e competência pormenorizada dos órgãos acima citados sejam estabelecidos por decreto, nos termos desta lei e da legislação federal pertinente.Ou seja, a norma em estudo não trata de trazer a estrutura organizacional dos órgãos policiais. No entanto, em seu art. 3º, deixa bem claro as atribuições básicas das duas polícias, assim estabelecendo: A função de polícia judiciária é aquela que se destina precipuamente a reprimir as infrações penais e a apresentar os infratores ao Poder Judiciário para a necessária punição. A polícia administrativa é a que se destina a assegurar o bem estar geral, impedindo, por meio de ordens, proibições e apreensões, o exercício antissocial dos direitos individuais, o uso abusivo da propriedade e a prática de atividades prejudiciais à coletividade. A polícia preventiva especializada é a que exerce suas funções por meio de planejamento, de técnicas de operações, compilação de dados e processamento das informações criminais, objetivando a prevenção de ilícitos penais. Quanto às guardas municipais, guardas noturnas e os serviços de segurança e vigilância, autorizados por lei, a LCE nº 207/79 determina que estes ficam sujeitos à orientação, condução e fiscalização da Secretaria da Segurança Pública, na forma de regulamentada específica. Para efeito de entrosamento dos órgãos policiais contará a administração superior com mecanismos de planejamento, coordenação e controle, pelos quais se assegurem, tanto a eficiência, quanto a complementaridade das ações, quando necessárias à consecução dos objetivos policiais. E quanto a quem trabalha nesses órgãos, o art. 5º da LCE nº207/79 estabelece que os direitos, deveres, vantagens e regime de trabalho dos policiais civis e militares, bem como as condições de ingresso as classes, séries de classes, carreiras ou quadros são estabelecidos em estatutos. Os estatutos, caro aluno, são a forma como normalmente são conhecidas as leis que tratam das relações do servidor público com a Administração. Os militares sempre contam com estatutos próprios, e os policiais civis em alguns lugares também têm seus próprios estatutos, sendo o estatuto geral dos servidores civis aplicável de forma subsidiária. E o papel de estatuto dos policiais civis do Estado de São Paulo também é cumprido pela Lei Complementar no 207/1979! ➢ É vedada, salvo com autorização expressa do Governador em cada caso, a utilização de integrantes dos órgãos policiais em funções estranhas ao serviço policial, sob pena de responsabilidade da autoridade que o permitir. É considerado serviço policial, para todos os efeitos inclusive arregimentação, o exercido em cargo, ou funções de natureza policial, inclusive os de ensino a esta legados. As funções administrativas e outras de natureza não policial serão exercidas por funcionário ou por servidor, admitido nos termos da legislação vigente não pertencente às classes, séries de classes, carreiras e quadros policiais. Bom, mas como dissemos, a LCE SP nº 207/1979 é essencialmente um Estatuto e um Estatuto que trata das carreiras dos integrantes de uma das forças policiais citadas: a Polícia Civil do Estado de São Paulo, a PC/SP!Pois bem, a partir de agora, conheceremos então quem são esses integrantes, como ingressam na PC/SP, seus direitos, deveres e as consequências para quem transgrides deveres e obrigações. Lei orgânica AULA 01 Página 4 de 48 3. As Carreiras da Polícia Civil de São Paulo O art. 9º da LCE SP nº 207/79 ratifica o que já dissemos: que ela tem a finalidade de estabelecer as normas, os direitos, os deveres e as vantagens dos titulares de cargos policiais civis do Estado. Antes de conhecermos tudo isso, precisamos ver conceitos importantes que a lei nos traz para o melhor entendimento de certos termos que ela utiliza em seu texto. São eles: CARREIRA POLICIAL: Conjunto de cargos de natureza policial civil, de provimento efetivo. CLASSE: conjunto de cargos públicos de natureza policial da mesma denominação e amplitude de vencimentos. SÉRIE DE CLASSES: conjunto de classes da mesma natureza de trabalho policial, hierarquicamente escalonadas de acordo com o grau de complexidade das atribuições e nível de responsabilidade. Em seu Anexo, a norma em estudo nos traz o rol de classes policiais civis da PC/SP, e, em seu art. 12, cita todas as classes e as séries de classes policiais civis integram o Quadro da Secretaria da Segurança Pública. No entanto, a LCE nº 1.151/2011 atualizou esse quadro, renomeando algumas classes e retirando outras. Os cargos efetivos queexistem na atualidade são regidos por essa nova norma, ok? Ainda assim, alguns dos cargos que a LCE nº 207/1979 elenca em seu art. 12 ainda existem e, por isso, podem ser cobrados em sua prova. O que fizemos então? Resolvemos aqui ser mais objetivos e citar aqueles cargos que realmente interessa para quem fins de prova da PC/SP. Pra começar, temos no gráfico a seguir os três cargos policiais civis clássicos, cujas nomenclaturas continuaram mantidas, mesmo com o advento da LCE nº 1.151/2011. São eles: Há ainda outros cargos igualmente importantes citados na LCE nº 1.151/2011 (a mais atual), mas para fins de nosso estudo, escolhemos concentrar nossa energia nos acima citados e nos seguintes (esses presentes na LCE nº 207/1979), que chamaremos aqui de os “top de linha”, ou seja, a turma que está no topo da PC/SP: os cargos de direção, supervisão, coordenação. São eles: ▪ Delegado Geral de Polícia ▪ Diretor Geral de Polícia (Departamento Policial) ▪ Assistente Técnico de Polícia ▪ Delegado Regional de Polícia ▪ Diretor de Divisão Policial ▪ Assistente de Planejamento e Controle Policial ▪ Escrivão de Polícia Chefe II ▪ Escrivão de Polícia Chefe I ▪ Investigador de Polícia Chefe II ▪ Investigador de Polícia Chefe I Lei orgânica AULA 01 Página 5 de 48 4. O Ingresso na Carreira Sobre o ingresso na carreira, a primeira coisa que precisamos saber é quais são as exigências para o provimentos dos cargos da PC/SP. E que requisitos são esses? 4.1. REQUISITOS BÁSICOS E CONCURSO O provimento mediante nomeação para cargos policiais civis, de caráter efetivo, será precedido de concurso público. Para se inscrever nos concursos públicos da PC/SP, é preciso preencher alguns requisitos básicos. De acordo com o art. 18 da LCE SP nº 207/1979: ✓Ser brasileiro; ✓Ter no mínimo 18 anos, e no máximo 45 anos** incompletos, à data do encerramento das inscrições; ** O requisito de idade máxima de 45 anos previsto no inciso II não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. A CF impede a discriminação por motivo de idade a qualquer trabalhador. ✓Não registrar antecedentes criminais; ✓Estar quite com o serviço militar. Os art. 16 da LCE SP nº 207/79 prevê que o concurso público da PC/SP será realizado em 3 fases eliminatórias e sucessivas. Mas atenção: essa regra não vale mais!! Por que, professor? Porque a LCE nº 1.151/2011 também a modificou! De acordo com o art. 5º dessa norma mais recente, o concurso da PC/SP será realizado em 05 fases: A aplicação de fases acima poderá ser descentralizada para os núcleos de ensino da Academia de Polícia, exceto à prova oral! O edital de concurso estabelecerá o momento em que o candidato deverá realizar exame de caráter psicotécnico. Além dos requisitos acima, o art. 4º da LCE nº 1.151/2011 estabelece que constituem exigências prévias para inscrição no concurso público de ingresso nas carreiras policiais civis ser portador de nível de escolaridade estabelecido para cada carreira no artigo 5º da Lei Complementar nº 494, de 24 de dezembro de 1986, e no artigo 1º da Lei Complementar nº 1.067, de 1º de dezembro de 2008. Resumindo: para os cargos de Investigador e de Escrivão exige-se graduação em qualquer nível superior. Para o cargo de Delegado, o diploma de Bacharel em Direito. Os concursos serão regidos por instruções especiais que estabelecerão, em função da natureza do cargo: ▪ Tipo e conteúdo das provas e as categorias dos títulos; ▪ A forma de julgamento das provas e dos títulos; ▪ Cursos de formação a que ficam sujeitos os candidatos classificados; ▪ Os critérios de habilitação e classificação final para fins de nomeação; ▪ As condições para provimento do cargo, referentes a: ✓capacidade, física e mental; ✓conduta na vida pública e privada e a forma de sua apuração; ✓diplomas e certificados. Lei orgânica AULA 01 Página 6 de 48 Os concursos públicos terão validade máxima de 02 anos. Homologado o concurso pelo Secretário da Segurança Pública, serão nomeados os candidatos aprovados, expedindo-se lhes certificados dos quais constará a média final. A nomeação obedecerá a ordem de classificação no concurso. Uma vez aprovado, é hora de tomar posse, não é mesmo? Você já sabe que, caso aprovado no concurso, seguirá para o curso de formação como servidor policial, não é? Pois é, mas para isso acontecer terá que tomar posse e entrar em exercício no cargo. Antes de conhecermos as regras sobre a posse, o exercício, curso de formação e o estágio probatório, preciso ainda mostrar os requisitos de provimentos de alguns cargos citados lá no comecinho da aula. De acordo com o art. 15 da LCE SP nº 207/79, no provimento dos seguintes cargos policiais civis, serão exigidos os seguintes requisitos: Delegado Geral de Polícia Diretor Geral de Polícia Assistente Técnico de Polícia Delegado Regional de Polícia Ser ocupante do cargo de Delegado de Polícia de Classe Especial; Diretor de Divisão Policial Ser ocupante, no mínimo, do cargo de Delegado de Polícia de 1.ª Classe; Assistente de Planejamento e Controle Policial Ser ocupante, no mínimo, de cargo de Delegado de Polícia de 2.ª Classe; Delegado de Polícia de 5.ª Classe* Ser portador de Diploma de Bacharel em Direito; Delegado de Polícia de Classe Especial e de 2.ª Classe Ser portador de certificado de curso específico ministrado pela Academia de Polícia de São Paulo; Escrivão de Polícia Chefe I Ser ocupante do cargo de Escrivão de Polícia III;** Investigador de Polícia Chefe II Ser ocupante do cargo de Investigador de Polícia III;** Investigador de Polícia Chefe II Ser ocupante do cargo de Investigador de Polícia III;** Escrivão de Polícia Chefe I Ser ocupante do cargo de Investigador de Polícia III ou II* Superintendente da Polícia Técnico- Científica (de provimento em comissão) Alternadamente, por integrante das carreiras de Médico Legista e Perito Criminal.*** * Com o advento da LCE nº 1.151/2011, o cargo de Delegado de Polícia de 5ª Classe, cargo inicial da carreira,e foi substituído por Delegado de Polícia de 3ª Classe; ** Coloquei na tabela acima apenas por encargo de consciência, pois não existem mais esses essas referências II e II nos cargos de Investigador e Escrivão de Polícia. A LCE nº 1.151/2011 alterou essas nomenclaturas e as correlações também mudaram. Por esse motivo, considero difícil serem cobradas em sua prova! *** Regra do art. 6º da LCE nº 1.151/2011. Para os cargos de Escrivão de Polícia e Investigador de Polícia a exigência não é mais a de ser portador de certificado de conclusão de curso de segundo grau (como consta na LCE nº 207/1979), e sim de curso de graduação de nível superior ou habilitação legal correspondente (LCE nº 1.067/2008). Cabe ressaltar ainda que não existe mais o cargo de Delegado Substituto, ok? O Poder Executivo, mediante decreto, poderá estabelecer, como condição de avaliação de mérito, na promoção aos cargos de Delegado de Polícia de Classe Especial e de 2.ª Classe à frequência e aprovação em curso ministrado pela Academia de Polícia de São Paulo. Lei orgânica AULA 01 Página 7 de 48 4.2. POSSE Caro aluno, regra geral a posse é a investidura no cargo público mediante a aceitação expressa das atribuições, deveres e responsabilidades inerentes ao cargo público, formalizada com a assinatura do termo pela autoridade competente e pelo empossado. Em seu art. 24, a LCE nº 207/1979 conceitua a posse como o ato que investe o cidadão em cargo público polícia civil. A posse se verificará mediante assinatura de termo em livro próprio, assinado pelo empossado e pela autoridade competente, após o policial civil prestar solenemente o respectivo compromisso, cujo teor será definido pelo Secretário da Segurança Pública. E sobre a posse, duas regrinhas muito, mas muito boas de prova: ➢A posse deverá verificar-se no prazo de 15 dias, contados da publicaçãodo ato de provimento, no órgão oficial, podendo o prazo ser prorrogado por mais 15 dias, a requerimento do interessado. ➢Se a posse não se der dentro do prazo será tornado sem efeito o ato de provimento. A contagem do prazo para a posse poderá ser suspensa até o máximo de 120 dias, a critério do órgão médico encarregado da inspeção respectiva, sempre que este estabelecer exigência para a expedição de certificado de sanidade. Esse prazo recomeçará a fluir sempre que o candidato, sem motivo justificado, deixar de cumprir as exigências do órgão médico. A autoridade que der posse deverá verificar, sob pena de responsabilidade, se foram satisfeitas as condições estabelecidas em lei ou regulamento para a investidura no cargo policial civil. E quem é essa autoridade? Depende! Segundo o art. 25 da norma em estudo, são competentes para dar a posse: 4.3. O EXERCÍCIO Caro aluno, uma vez nomeado para cargo policial efetivo, por aprovação em concurso público ou para cargo em comissão, e tomada posse no cargo, é hora agora de efetivamente por a mão na massa, ou seja, de trabalhar! Para isso, é necessário que outro ato administrativo seja realizado: o ato que oficializa o exercício do cargo! O exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo ou função. Embora o agente público se torne servidor público com a posse, somente com o exercício são constituídas as relações jurídicas entre ele e a administração que tenha por base o tempo efetivo de desempenho das atribuições do cargo. É a partir da data em que o servidor entra em exercício é que começam a contar os prazos para todos os seus direitos relacionados ao tempo de serviço, a exemplo do direito de férias, da percepção de remuneração, da aquisição da estabilidade, dentre outros. Professor, beleza, mas em quanto tempo terei que entrar em exercício depois de ter tomado posse no cargo policial em que for nomeado?! A resposta para a sua pergunta consta no art. 30 da LCE nº 207/1979, segundo a qual o exercício terá início dentro de: Lei orgânica AULA 01 Página 8 de 48 E se bateu uma dúvida, é isso que você leu mesmo! Aqueles servidores que retornam ao serviço público por meio da remoção (já já a estudaremos) também têm o prazo de 15 dias, contado da publicação desse ato, para entrar em exercício! Mas atenção: Quando a remoção não importar mudança de município, deverá o policial civil entrar em exercício no prazo de 05 dias. Agora, saiba que no interesse do serviço policial o Delegado Geral de Polícia poderá determinar que os policiais civis assumam imediatamente o exercício do cargo. ➢ Nenhum policial civil poderá ter exercício em serviço ou unidade diversa daquela para o qual foi designado, salvo autorização do Delegado Geral de Polícia. O Delegado de Polícia só poderá chefiar unidade ou serviço de categoria correspondente à sua classe, ou, em caso excepcional, à classe imediatamente superior. Quando em exercício em unidade ou serviço de categoria superior, terá o Delegado de Polícia direito à percepção da diferença entre os vencimentos do seu cargo e os do cargo de classe imediatamente superior. 4.4. O CURSO DE FORMAÇÃO TÉCNICO-PROFISSIONAL Observada a ordem de classificação nas fases do concuhrsos, os candidatos, em número equivalente ao de cargos vagos, serão matriculados no curso de formação técnico-profissional específico. Esses candidatos serão admitidos, pelo Secretário da Segurança Pública, em caráter experimental e transitório para a formação técnico- profissional. E sabe de uma notícia boa? A admissão no curso de formação se dará com retribuição equivalente a do vencimento e demais vantagens do cargo vago a que se candidatar o concursando! Sim, é isso mesmo que você leu! No curso de formação você já será servidor público policial civil e receberá os valores de como no cargo já estivesse! Sendo o candidato matriculado no curso já funcionário ou servidor público de outro cargo, deverá ficar afastado do seu cargo ou função/atividade, até o término do concurso junto à Academia de Polícia de São Paulo, sem prejuízo do vencimento ou salário e demais vantagens, contando- se-lhe o tempo de serviço para todos os efeitos legais. Agora, se esse candidato quiser receber o valor já do cargo policial civil durante o curso, não tem problema, pois a lei faculta a ele optar por essa retribuição! ➢Continuando, de acordo com o que versam os §§2º e 3º do art. 5º da LCE nº 1.151/2011: O curso de formação técnico-profissional, fase inicial do estágio probatório, terá a duração mínima de 03 meses. ➢O policial civil será considerado aprovado no curso de formação técnico-profissional desde que obtenha nota mínima correspondente a 50% da pontuação máxima, em cada disciplina. Já o art. 21, agora da LCE SP nº 207/1979, versa que o candidato terá sua matricula cancelada e será dispensado do curso de formação, nas hipóteses em que: ✓ não atinja o mínimo de frequência estabelecida para o curso; ✓não revele aproveitamento no curso; ✓não tenha conduta irrepreensível na vida pública ou privada. O não aproveitamento na Academia da Polícia Civil, tanto em frequência quanto em nota, durante o curso de formação técnico-profissional, não corresponde a fase de aprovação no concurso público, mas é caso de exoneração do policial civil em estágio probatório, desde que lhe seja assegurada a ampla defesa e o contraditório em procedimento regular. O STF inclusive já confirmou esse entendimento. Lei orgânica AULA 01 Página 9 de 48 5. O Estágio Probatório Caro aluno, a partir da LCE nº 1.151/2011, as carreiras policiais civis da PC/SP foram mais uma vez reestruturadas e os cargos passaram a ser distribuídos hierarquicamente em ordem crescente na seguinte conformidade (art. 3º): 3ª Classe -> 2ª Classe -> 1ª Classe -> Classe Especial Porque de acordo com o art. 7º da LCE SP nº 1.151/2011, os primeiros 03 anos de efetivo exercício nos cargos das carreiras policiais civis de 3ª Classe (classe inicial dessas carreiras), caracteriza-se como estágio probatório. Durante esse período, os integrantes das carreiras policiais civis serão observados e avaliados, semestralmente, no mínimo, quanto aos seguintes requisitos: A bem da verdade, o estágio probatório visa a avaliar a aptidão do servidor para o exercício de um determinado cargo. Sempre que o servidor tomar posse e entrar em exercício em um novo cargo efetivo, será submetido a estágio probatório, não importa quantos anos de exercício o servidor tenha prestado em outros cargos do mesmo ou de outro ente da Federação. É, portanto, possível (e nada raro) que um servidor estável seja submetido a estágio probatório, quando toma posse e entra em exercício em outro cargo, ok? E lembre-se que na PC/SP: O curso de formação técnico-profissional é a fase inicial do estágio probatório. Durante o período de estágio probatório, será exonerado, mediante procedimento administrativo, a qualquer tempo, o policial civil que não atender aos requisitos acima estabelecidos, assegurados, obviamente, o contraditório e a ampla defesa. Entenda que a reprovação em estágio probatório não acarreta penalidade para o servidor, mas principalmente sua exoneração. Vale dizer, considerar o servidor inabilitado no estágio probatório significa tão somente afirmar que ele NÃO possui aptidão para o exercício daquele cargo. ➢Agora, se tudo correr na normalidade e o policial finalizar bem seu estágio probatório, advinha o que acontece? Cumpridos os requisitos para fins de estágio probatório, o policial civil obterá estabilidade, mantido o nível de ingresso na respectiva carreira. Beleza? Sigamos agora com duas formas de movimentação do servidor policial civil regulamentadas pela LCE SP nº 207/79: a reversão ex-officio, e a remoção! Lei orgânica AULA 01 Página 10 de 48 6. A Reversão Ex-Officio A reversão é forma de provimento derivado queconsiste no retorno à ativa do servidor aposentado. É o caso da pessoa que foi aposentada por motivo de alguma doença, por exemplo, e que depois se descobriu que tal doença não necessariamente levaria a pessoa à invalidez total para o trabalho. É forma de provimento derivado não prevista na Constituição Federal! Está disciplinada essencialmente no art. 34 da LCE nº 207/1979, que conceitua a reversão “ex officio” como o ato pelo qual o aposentado reingressa no serviço policial quando insubsistentes as razões que determinaram a aposentadoria por invalidez. ➢ A reversão só poderá se efetivar quando, em inspeção médica, ficar comprovada à capacidade para o exercício do cargo. ➢ Será tornada sem efeito a reversão "ex offício" e cassada a aposentadoria do policial civil que: ✓reverter e não tomar posse; ou ✓não entrar em exercício injustificadamente, dentro do prazo legal. ➢A reversão se fará no mesmo cargo. 7. Remoção A remoção é uma movimentação horizontal, que ocorre quando o servidor é tirado de um lugar para outro. As hipóteses de remoção dependem do cargo ocupado, ou seja, aos Delegados de Polícia aplicam-se as regras do art. 36, e aos demais cargos as regras do art. 37. O Conselho da Polícia Civil, mencionado no art. 36, é presidido pelo Delegado Geral de Polícia, tendo como vice-presidente o Delegado Geral de Polícia Adjunto e como membros dos Diretores Departamentais e o Delegado de Polícia da Assistência Policial Civil do Gabinete do Secretário, totalizando 25 membros. Para remoção no interesse do serviço policial são exigidos pelo menos 17 votos favoráveis dos membros do Conselho. Com a edição da Lei nº 12.830/2013, a remoção de Delegado de Polícia somente poderá ocorrer por ato fundamentado da autoridade competente. De certa forma, podemos dizer que a nova lei corroborou o que já previa a Lei Orgânica da Polícia Civil de São Paulo, impedindo que delegados sejam removidos de suas unidades apenas por ato arbitrário de seus superiores hierárquicos. Já o art. 37 estabelece que a remoção dos integrantes das demais séries de classe e cargos policiais civis, de uma para outra unidade policial, será processada: ➢ O policial civil não poderá, ser removido no interesse serviço, para município diverso do de sua sede de exercício, no período de 06 meses antes e até 03 meses após a data das eleições. ➢ Esta proibição vigorará no caso de eleições federal estaduais ou municipais, isolada ou simultaneamente realizadas. A remoção só poderá ser feita, respeitada a lotação cada unidade policial. E seja qual for o cargo, saiba o seguinte: Perceba que a regra é apenas para a remoção no interesse do serviço! Não há qualquer impedimento, porém, à remoção a pedido, por permuta ou com o consentimento do policial, após consulta, durante o período eleitoral. E para finalizarmos essa primeira aula, a regra do art. 40 da LCE nº 207/1979 que estabelece ser preferencial, na união de cônjuges, a sede de exercício do policial civil, quando este for cabeça do casal. Destaco, porém, que no caso de casamento entre servidores públicos, hoje não se admite mais que o homem seja considerado o cabeça da família, e por isso o tema deve ser analisado sob o prisma do princípio da igualdade consagrado na Constituição Federal de 1988, levando em consideração também as regras de remoção trazidas pelo art. 130 da Constituição do Estado de São Paulo e as dos arts. 234 a 237 do Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo. Lei orgânica AULA 01 Página 11 de 48 8. Os Vencimentos as Vantagens Pecuniárias do Policial 8.1. VENCIMENTOS O vencimento é a retribuição do policial civil pelo efetivo exercício do cargo, correspondendo ao padrão fixado por lei. O vencimento dos policiais civis do Estado de São Paulo é composto pelo vencimento base e outras vantagens (verbas) pecuniárias previstas tanto na LCE nº 207/1979 como em outros normativos estaduais (Constituição, Estatuto dos Funcionários Públicos, leis estaduais esparsas). Como o nosso foco é o estudo da Lei Orgânica da PC/SP, a LCE nº207/1979, nos ateremos apenas ao que regula essa norma. Caso o edital do seu concurso menciona outros normativos estaduais, acrescentaremos aulas extras com a análise deles, ok? Pois bem, em seu art. 41, a LCE nº 207/1979 estabelece que os cargos policiais civis aplicam-se os valores do grau das referências numéricas fixados em tabela presente em um de seus anexos. No art. 42, que o enquadramento das classes na escala de vencimentos bem como a amplitude de vencimentos, e a velocidade evolutiva correspondente a cada classe policial, são estabelecidos também nesses na conformidade desse anexo. Como tais valores e referências já forma bastante modificados ao longo desses anos todos por outras leis estaduais, nem adianta você se preocupar com o conteúdo desse anexo. Está totalmente desatualizado e, por isso, a banca não cobrará nada a respeito dele. 8.2. VANTAGENS PECUNIÁRIAS Caro aluno, regra geral as vantagens são qualquer valor recebido pelo servidor que não se enquadre na definição de "vencimento". As denominadas vantagens podem ou não integrar a remuneração do servidor. A Lei Orgânica da PC/SP, a nossa estimada LCE nº207/1979, estabelece em seu art. 43 que, além do valor do padrão do cargo e sem prejuízo das vantagens previstas no Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo (Lei n.º 10.261/1978) e demais legislação pertinente, o policial civil fará jus as seguintes vantagens pecuniárias: 8.2.1. Gratificação pelo Regime Especial de Trabalho Policial O exercício dos cargos policiais civis dar-se-á, necessariamente, em Regime Especial de Trabalho Policial - RETP, o qual é caracterizado: Pela prestação de serviços em condições precárias de segurança, cumprimento de horário irregular, sujeito a plantões noturnos e a chamadas a qualquer hora; Pela proibição do exercício de atividade remunerada, exceto aquelas: Lei orgânica AULA 01 Página 12 de 48 ✓ relativas ao ensino e à difusão cultural; ✓ decorrentes de convênio firmado entre estado e municípios ou com associações e entidades privadas para gestão associada de serviços públicos, cuja execução possa ser atribuída à polícia civil; Pelo risco de o policial tornar-se vítima de crime no exercício ou em razão de suas atribuições. O exercício, pelo policial civil, de atividades decorrentes do convênio citado no quadro acima dependerá: De inscrição voluntária do interessado, revestindo-se de obrigatoriedade depois de publicadas as respectivas escalas; De estrita observância, nas escalas, do direito ao descanso mínimo previsto na legislação em vigor. À sujeição ao regime especial de trabalho policial corresponde gratificação que se incorpora aos vencimento para todos os efeitos legais. Ok, professor, entendi, mas qual é mesmo o valor dessa gratificação? Como é calculada?! Quem nos responde é o art. 53 da LCE nº 207/1979! De acordo com esse dispositivo, pela sujeição ao regime especial de trabalho policial, os titulares de cargos policiais civis fazem jus à gratificação calculada sobre o respectivo padrão de vencimento, na seguinte conformidade: 8.2.2. Ajuda de Custo em Caso de Remoção Ao policial civil removido no interesse do serviço policial de um para outro município, será concedida ajuda de custo correspondente a 01 mês de vencimento. A ajuda de custo será paga à vista da publicação do ato de remoção no Diário Oficial. E atenção: A ajuda de custo não será devida, quando a remoção se processar a pedido ou por permuta. Bom, sobre os vencimentos e as vantagens pecuniárias de direito do policial civil estadual, o que vimos até aqui é o que regula a LCE nº 207/1979. Se outra norma não for cobrada no seu concurso regulando outros aspectos do tema, as informações aqui são suficientes. Caso o edital mencione outros normativos, como eu disse, estes serão estudados em aulas separadas.Lei orgânica AULA 01 Página 13 de 48 9. As Concessões As concessões aos policiais civis regulamentadas pela Leo Orgânica da PC/SP são as seguintes: 9.1. TRANSPORTE ESPECIAL Trataremos nesse tópico de várias formas de transporte que resolvi chamar de “transporte especial”, elencadas nos arts. 47, 48 e 52 da Lei Orgânica da PC/SP. Ao policial civil licenciado para tratamento de saúde, em razão de moléstia profissional ou lesão recebida em serviço, será concedido transporte por conta do Estado para instituição onde deva ser atendido. O policial civil que sofrer lesões no exercício de suas funções deverá ser encaminhado a qualquer hospital, público ou particular às expensas do Estado. Há também o direito ao transporte para o policial que venha a falecer fora de sua sede de exercício! De acordo com o art. 48 da LCE nº 207/1979: À família do policial civil que falecer fora da sede de exercício e dentro do território nacional no desempenho de serviço, será concedido transporte para, no máximo, 03 pessoas do local de domicílio ao do óbito (ida e volta). Perceba bem as condições colocadas para o exercício do direito ao transporte citado no quadro acima: 1- Apenas para falecimento de policial civil fora da sede de exercício e dentro do território nacional; 2- O falecimento tem que ter ocorrido no desempenho do serviço; 3- O transporte é para apenas 03 pessoas e para trechos ida e volta. 9.2. HONRARIAS E PRÊMIOS O Secretário da Segurança Pública, por proposta do Delegado Geral de Polícia, ouvido o Conselho da Polícia Civil, poderá conceder honrarias ou prêmios aos policiais autores de trabalhos de relevante interesse policial ou por atos de bravura, na forma em que for regulamentado. Lei orgânica AULA 01 Página 14 de 48 9.3. PROMOÇÃO PÓS-MORTE Em seu art. 51, a LCE nº 207/1979 estabelece que o policial civil que ficar inválido ou que vier a falecer em consequência de lesões recebidas ou de doenças contraídas em razão do serviço será promovido à classe imediatamente superior. Se o policial civil estiver enquadrado na última classe da carreira, ser- lhe-á atribuída a diferença entre o valor do padrão de vencimento do seu cargo e o da classe imediatamente inferior. A concessão do benefício será precedida da competente apuração, retroagindo seus efeitos à data da invalidez ou da morte. E observadas tais regras, saiba que: - O policial inválido será aposentado com proventos decorrentes da promoção. - Aos beneficiários do policial civil falecido será deferida pensão mensal correspondente aos vencimentos integrais. 9.4. AUXÍLIO-FUNERAL Ao cônjuge, companheiro ou companheira ou, na falta destes, à pessoa que provar ter feito despesas em virtude do falecimento do policial civil, ativo ou inativo, será concedido auxílio-funeral, a título de benefício assistencial, de valor correspondente a 01 mês da respectiva remuneração. O pagamento será efetuado pelo órgão competente, mediante apresentação de atestado de óbito pelas pessoas acima citadas, ou procurador legalmente habilitado, feita a prova de identidade. Saiba ainda que o pagamento do auxílio-funeral, caso as despesas tenham sido custeadas por terceiros, em virtude da contratação de planos funerários, somente será efetivado mediante apresentação de alvará judicial. No caso de ficar comprovado, por meio de competente apuração que o óbito do policial civil decorreu de lesões recebidas no exercício de suas funções ou doenças delas decorrentes, o benefício será acrescido do valor correspondente a mais 01 mês da respectiva remuneração, cujo pagamento será efetivado mediante apresentação de alvará judicial. 9.5. ASSISTÊNCIA JURÍDICA Essa espécie de concessão é bem simples, e a norma em estudo pouco fala sobre ela. De acordo com seu art. 53, ao policial civil processado por ato praticado no desempenho de função policial, será prestada assistência judiciária na forma que dispuser o regulamento. Bom, essas são as concessões reguladas pela LCE nº 207/1979. Uma delas, como vimos, é a promoção pós-morte. No entanto, saiba que essa não é a única forma de um policial civil estadual ser promovido. Há outras duas espécies de promoção, estas reguladas por outra norma, a nossa já conhecida LCE nº 1.151/2011! As estudaremos em aula futura, ok? Lei orgânica AULA 01 Página 15 de 48 10. O Direito de Petição É definido como o direito que pertence a uma pessoa de invocar a atenção dos poderes públicos sobre uma questão ou uma situação, seja para denunciar uma lesão concreta e pedir a reorientação da situação, seja para solicitar uma modificação do direito em vigor, no sentido mais favorável à liberdade. Ele está consignado no art. 5º, inciso XXXIV, da Constituição Federal de 1988, que assegura a todos o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. Pois bem, a Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de São Paulo também regula o direito de petição para os policiais estaduais e, em seu art. 55, parafraseando a Constituição Federal, estabelece que é assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídica, independentemente de pagamento, o direito de petição contra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa de direitos. De acordo com o parágrafo único desse dispositivo: Ao policial civil é assegurado o direito de requerer ou representar, bem como, nos termos desta lei complementar, pedir reconsideração e recorrer de decisões. Em nenhuma hipótese, a Administração poderá recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a petição, sob pena de responsabilidade do agente. 11. O Elogio 1. De acordo com o art. 58 da LCE nº 207/1979, elogio é a menção nominal ou coletiva que deva constar dos assentamentos funcionais do policial civil por atos meritórios que haja praticado destina-se a ressaltar: morte, invalidez ou lesão corporal de natureza grave, no cumprimento do dever; 2. Ato que traduza dedicação excepcional no cumprimento do dever, transcendendo ao que e normalmente exigível do policial civil por disposição legal ou regulamentar e que importe ou possa importar risco da própria segurança pessoal; 3. Execução de serviços que, pela sua relevância e pelo que representam para a instituição ou para a coletividade, mereçam ser enaltecidos como reconhecimento pela atividade desempenhada. Saiba que os elogios nos casos 2 e 3 serão obrigatoriamente considerados para efeito de avaliação de desempenho. Agora atenção, muita atenção: Não constitui motivo para elogio o cumprimento dos deveres impostos ao policial civil. De acordo com o art. 61 da Lei Orgânica da PC/SP, são competentes para determinar a inscrição de elogios nos assentamentos do policial: Lei orgânica AULA 01 Página 16 de 48 12. Os Deveres dos Policiais Civis Um dever é uma conduta que deve ser obrigatoriamente seguida por um servidor público. De acordo com o art. 62 da LCE nº 207/1979, são deveres do policial civil do Estado de São Paulo: Ser assíduo e pontual; Ser leal às instituições; Cumprir as normas legais e regulamentares; Zelar pela economia e conservação dos bens do estado, especialmente daqueles cuja guarda ou utilização lhe for confiada; Desempenhar com zelo e presteza as missões que lhe forem contidas, usando moderadamente de força ou outro meio adequado de que dispõe, para esse fim; Informar incontinente toda e qualquer alteração de endereço da residência e número de telefone, se houver; Prestar informações corretas ou encaminhar o solicitante a quem possa prestá-las; Comunicar o endereço onde possa ser encontrado, quando dos afastamentos regulamentares; Proceder na vida pública e particular de modo a dignificar a função policial; Residir na sede do município onde exerça o cargo ou função, ou onde autorizado; Frequentar, com assiduidade, para fins de aperfeiçoamento e atualização de conhecimentos profissionais,cursos instituídos periodicamente pela academia de polícia; Portar a carteira funcional; Promover as comemorações do «dia da policia» a 21 de abril, ou delas participar, exaltando o vulto de Joaquim José Da Silva Xavier, O Tiradentes, patrono da polícia; Ser leal para com os companheiros de trabalho e com eles cooperar e manter espírito de solidariedade; Estar em dia com as normas de interesse policial; Divulgar para conhecimento dos subordinados as normas referidas no tópico anterior; Manter discrição sobre os assuntos da repartição e, especialmente, sobre despachos, decisões e providências. Lei orgânica AULA 01 Página 17 de 48 13. Transgressões Disciplinares Uma transgressão é, em linhas gerais, qualquer conduta que desrespeite os preceitos da hierarquia e da disciplina de uma corporação policial. Também podemos conceituá-la como violações aos princípios da ética, dos deveres e das obrigações policiais civis, na sua manifestação elementar e simples, e qualquer omissão ou ação contrária aos preceitos estatuídos em leis, regulamentos, normas ou disposições. Uma vez cometida uma transgressão, o policial civil precisa por ela responder! Segundo o art. 63 da LCE nº 207/1979, são transgressões disciplinares: Manter relações de amizade ou exibir-se em público com pessoas de notórios e desabonadores antecedentes criminais, salvo por motivo de serviço; Constituir-se procurador de partes ou servir de intermediário, perante qualquer repartição pública, salvo quando se tratar de interesse de cônjuge ou parente até segundo grau; Descumprir ordem superior salvo quando manifestamente ilegal, representando neste caso;* Não tomar as providências necessárias ou deixar de comunicar, imediatamente, à autoridade competente, faltas ou irregularidades de que tenha conhecimento; Deixar de oficiar tempestivamente nos expedientes que lhe forem encaminhados; Negligenciar na execução de ordem legítima; Interceder maliciosamente em favor de parte; Simular doença para esquivar-se ao cumprimento de obrigação; Faltar, chegar atrasado ou abandonar escala de serviço ou plantões, ou deixar de comunicar, com antecedência, à autoridade a que estiver subordinado, a impossibilidade de comparecer à repartição, salvo por motivo justo; Permutar horário de serviço ou execução de tarefa sem expressa permissão da autoridade competente; Usar vestuário incompatível com o decoro da função; Descurar de sua aparência física ou do asseio; Apresentar-se ao trabalho alcoolizado ou sob efeito de substância que determine dependência física ou psíquica; Lançar intencionalmente, em registros oficiais, papéis ou quaisquer expedientes, dados errôneos, incompletos ou que possam induzir a erro, bem como inserir neles anotações indevidas; Faltar, salvo motivo relevante a ser comunicado por escrito no primeiro dia em que comparecer à sua sede de exercício, a ato processual, judiciário ou administrativo, do qual tenha sido previamente cientificado; Utilizar, para fins particulares, qualquer que seja o pretexto, material pertencente ao estado; Interferir indevidamente em assunto de natureza policial, que não seja de sua competência; Fazer uso indevido de bens ou valores que lhe cheguem às mãos, em decorrência da função, ou não entregá-los, com a brevidade possível, a quem de direito; Exibir, desnecessariamente, arma, distintivo ou algema; Deixar de ostentar distintivo quando exigido para o serviço; Deixar de identificar-se, quando solicitado ou quando as circunstâncias o exigirem; Divulgar ou propiciar a divulgação, sem autorização da autoridade competente, através da imprensa escrita, falada ou televisada, de fato ocorrido na repartição. Lei orgânica AULA 01 Página 18 de 48 Promover manifestações contra atos da administração ou movimentos de apreço ou desapreço a qualquer autoridade; Referir-se de modo depreciativo às autoridades e a atos da administração pública, qualquer que seja o meio empregado para esse fim; Retirar, sem prévia autorização da autoridade competente, qualquer objeto ou documentos da repartição; Tecer comentários que possam gerar descrédito da instituição policial; Valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou velado, de obter proveito de qualquer natureza para si ou para terceiros; Deixar de reassumir exercício sem motivo justo, ao final dos afastamentos regulares ou, ainda depois de saber que qualquer deste foi interrompido por ordem superior; Atribuir-se qualidade funcional diversa do cargo ou função que exerce; Fazer uso indevido de documento funcional, arma, algema ou bens da repartição ou cedê-los a terceiro; Maltratar ou permitir maltrato físico ou moral a preso sob sua guarda; Negligenciar na revista a preso; Desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de decisão ou ordem judicial; Tratar o superior hierárquico, subordinado ou colega sem o devido respeito ou deferência; Faltar à verdade no exercício de suas funções; Deixar de comunicar incontinente à autoridade competente informação que tiver sobre perturbação da ordem pública ou qualquer fato que exija intervenção policial; Dificultar ou deixar de encaminhar expediente à autoridade competente, se não estiver na sua alçada resolvê-lo; Concorrer para o não cumprimento ou retardamento de ordem de autoridade competente; Deixar, sem justa causa, de submeter-se a inspeção médica determinada por lei ou pela autoridade competente; Deixar de concluir nos prazos legais, sem motivo justo, procedimento de polícia judiciária, administrativos ou disciplinares; Cobrar taxas ou emolumentos não previstos em lei; Expedir identidade funcional ou qualquer tipo de credencial a quem não exerça cargo ou função policial civil; Deixar de encaminhar ao órgão competente, para tratamento ou inspeção médica, subordinado que apresentar sintomas de intoxicação habitual por álcool, entorpecente ou outra substância que determine dependência física ou psíquica, ou de comunicar tal fato, se incompetente, à autoridade que o for; Dirigir viatura policial com imprudência, imperícia, negligência ou sem habilitação; Manter transação ou relacionamento indevido com preso, pessoa em custódia ou respectivos familiares; Criar animosidade, velada ou ostensivamente, entre subalternos e superiores ou entre colegas, ou indispô-los de qualquer forma; Atribuir ou permitir que se atribua a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de encargos policiais; Praticar a usura em qualquer de suas formas; Praticar ato definido em lei como abuso de poder; Aceitar representação de estado estrangeiro, sem autorização do presidente da república; Lei orgânica AULA 01 Página 19 de 48 Tratar de interesses particulares na repartição; Exercer comércio entre colegas, promover ou subscrever listas de donativos dentro da repartição; Exercer comércio ou participar de sociedade comercial salvo como acionista, cotista ou comanditário; Exercer, mesmo nas horas de folga, qualquer outro emprego ou função, exceto atividade relativa ao ensino e à difusão cultural, quando compatível com a atividade policial; Exercer pressão ou influir junto a subordinado para forçar determinada solução ou resultado. *Merece um destaque a transgressão relacionada ao dever de obediência. Como a administração pública é estruturada hierarquicamente, os policiais civis têm o dever de cumprir as ordens emanadas de seus superiores. Tal dever é decorrência natural do poder hierárquico. Entretanto, a Lei Orgânica da PC/SP estabelece uma importante ressalva: a hipótese de a ordem ser manifestamente ilegal. No caso de receber uma ordem manifestamente ilegal, ou seja, uma ordem cuja ilegalidade seja indiscutível, o policial tem que se abster de cumpri-la. Mas não é só isso! Ao mesmo tempo, surge para ele odever de representar contra o seu superior que emitiu a ordem manifestamente ilegal. Por outras palavras, não pode o policial simplesmente deixar de cumprir a ordem manifestamente ilegal e nada mais fazer; ao deixar de cumprir a ordem, ele tem, simultaneamente, o dever de representar contra quem a emitiu. Do mesmo modo que nos deveres, aqui você há de fazer também o exercício de memorizar ao máximo (senão todas) as transgressões acima citadas! Podem parecer muitas, mas com algumas leituras a mais, feitas com calma, observando-se principalmente as ressalvas (em vermelho) a algumas delas, você dificilmente errará questões a respeito! Sobre as transgressões, mais um destaque igualmente importante: É vedado ao policial civil trabalhar sob as ordens imediatas de parentes, até 2º grau, salvo quando se tratar de função de confiança e livre escolha, não podendo exceder de 02 o número de auxiliares nestas condições. 14. Das Responsabilidades O tema “responsabilidades dos servidores” é muito lembrado em provas e é um daqueles tópicos cujas disposições você as deve memorizar ao máximo. Saiba, caro aluno, que de acordo com o art. 65 da LCE nº 207/1979, o policial responde civil (indenização por danos patrimoniais ou morais), penal (sanções penais) e administrativamente (penalidades disciplinares) pelo exercício irregular de suas atribuições, ficando sujeito, cumulativamente, às respectivas cominações. Ou seja: pode responder pelas três sanções até concomitantemente! A responsabilidade civil decorre de procedimento doloso ou culposo, que importe prejuízo à Fazenda Pública ou a terceiros. Nesse caso, a importância da indenização será descontada dos vencimentos e vantagens e o desconto não excederá à décima parte do valor destes. A responsabilidade administrativa é independente da civil e da criminal. O processo administrativo só poderá ser sobrestado para aguardar decisão judicial por despacho motivado da autoridade competente para aplicar a pena. Esclarecendo, o sobrestamento é um ato administrativo ou judicial que visa a interromper ou suspender dentro da mesma esfera a contagem do tempo para conclusão de um trabalho ou para ingresso de recurso. Por fim, uma informação importante: Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o servidor absolvido pela Justiça, mediante simples comprovação do trânsito em julgado de decisão que negue a existência de sua autoria ou do fato que deu origem à sua demissão. Lei orgânica AULA 01 Página 20 de 48 15. As Penas Disciplinares As penas disciplinares aplicáveis aos policiais civis do Estado de São Paulo são divididas entre penas principais e pena acessória e estão enumeradas no art. 65 da LCE nº 207/1979. De acordo com esse dispositivo, são penas disciplinares principais: ➢ Na aplicação das penalidades serão consideradas: ✓A natureza, a gravidade, os motivos determinantes e a repercussão da infração da infração cometida; ✓Os danos causados; ✓A personalidade e os antecedentes do agente; ✓A intensidade do dolo ou o grau de culpa. Primeiro de tudo, para a aplicação de qualquer penalidade deve sempre, sem exceção alguma, ser assegurado ao servidor o direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa (CF, art. 5º, LV). Em segundo, a aplicação de sanções disciplinares é, tradicionalmente, apontada pela doutrina como hipótese de exercício do poder discricionário. Deve-se atentar que, embora exista alguma discricionariedade na graduação das sanções, a margem de liberdade da administração é bastante reduzida, especialmente no que concerne à aplicação da penalidade mais grave, a demissão. De qualquer forma, concedendo alguma possibilidade de valoração à autoridade competente para a aplicação da penalidade, o art. 68 da LCE nº 207/1979 estabelece que, na sua aplicação, devam ser consideradas a natureza, a gravidade, os motivos determinantes e a repercussão da infração da infração cometida, os danos causados, a personalidade e os antecedentes do agente, a intensidade do dolo ou o grau de culpa. Embora possa existir alguma discricionariedade na graduação de uma pena disciplinar, ou no enquadramento de determinada conduta como infração administrativa "A" ou a infração administrativa "B", certo é que nenhuma discricionariedade existe quanto ao dever de punir quem comprovadamente tenha praticado uma infração disciplinar. Em outras palavras, quando a administração constata que um servidor público, ou um particular que com ela possua vinculação jurídica específica, praticou infração administrativa, ela é obrigada a puni-lo; não há discricionariedade quanto a punir ou não alguém que comprovadamente tenha cometido uma infração disciplinar. O que pode existir é discricionariedade na graduação da pena disciplinar, ou mesmo no enquadramento da conduta como infração sujeita a uma ou outra penalidade dentre as previstas na lei, mas não há discricionariedade quanto ao dever de punir o infrator. Agora, atenção: As penas de advertência, repreensão, multa e suspensão, quando aplicadas aos integrantes da carreira de Delegado de Polícia, revestir-se-ão sempre de reserva. 15.1. ADVERTÊNCIA A pena de advertência será aplicada verbalmente, no caso de falta de cumprimento dos deveres, ao infrator primário. A pena de advertência não acarreta perda de vencimentos ou de qualquer vantagem de ordem funcional, mas contará pontos negativos na avaliação de desempenho. 15.2. REPREENSÃO A pena de repreensão será aplicada por escrito, no caso de: Transgressão disciplinar, sendo o infrator primário; e Na reincidência na falta de cumprimento dos deveres A pena de repreensão poderá ser transformada em advertência, aplicada por escrito e sem publicidade. Lei orgânica AULA 01 Página 21 de 48 15.3. SUSPENSÃO A pena de suspensão, que não excederá a 90 dias, será aplicada nos casos de: Descumprimento dos deveres e transgressão disciplinar, ocorrendo dolo ou má fé; Reincidência em falta já punida com repreensão. Existe a possibilidade - e aqui se trata de decisão francamente discricionária - de a administração converter a penalidade de suspensão em multa, pois, segundo o art. 73, §2º, a autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá convertê-la em multa, na base de 50%, por dia, do vencimento e demais vantagens, sendo o policial, neste caso, obrigado a permanecer em serviço. O policial suspenso perderá, durante o período da suspensão, todos os direitos e vantagens decorrentes do exercício do cargo. 15.4. DEMISSÃO De acordo com o art. 74 da Lei Orgânica da PC/SP, a demissão será aplicada seguintes casos: Abandono de cargo; Procedimento irregular, de natureza grave; Ineficiência intencional e reiterada no serviço; Aplicação indevida de dinheiros públicos; Insubordinação grave; Ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de 45 dias, interpoladamente, durante um ano. 15.5 DEMISSÃO A BEM DO SERVIÇO PÚBLICO A demissão a bem do serviço público normalmente é mais drástica, revestida de mais irreversibilidade que a demissão comum. Você perceberá que as condutas que podem ensejar essa espécie de demissão também são mais gravosas. Pois bem, de acordo com o art. 75 da LCE nº 207/1979, será aplicada a pena, nos casos de: Conduzir-se com incontinência pública e escandalosa e praticar jogos proibidos; Praticar ato definido como crime contra a administração pública, a fé pública e a fazenda pública ou previsto na lei de segurança nacional; Revelar dolosamente segredos de que tenha conhecimento em razão do cargo ou função, com prejuízo para o estado ou particulares; Praticar ofensas físicas contra funcionários, servidores ou particulares, salvo em legitima defesa; Causar lesão dolosa ao patrimônio ou aos cofres públicos; Exigir, receber ou solicitar vantagem indevida, diretamente ou por intermédio de outrem, ainda que fora de suas funções, mas em razãodestas; Provocar movimento de paralisação total ou parcial do serviço policial ou outro qualquer serviço, ou dele participar; Pedir ou aceitar empréstimo de dinheiro ou valor de pessoas que tratem de interesses ou os tenham na repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização; Exercer advocacia administrativa; Praticar ato definido como crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo; Praticar ato definido como crime contra o sistema financeiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores; Praticar ato definido em lei como de improbidade. 15.6 CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA OU DISPONIBILIDADE Aqui é o caso do policial civil que praticou alguma falta disciplinar muito grave enquanto estava na ativa e só depois de aposentado que o problema foi descoberto e/ou que processo foi encerrado. A depender da falta, essa é a penalidade cabível! Segundo o que dispõe o art. 77 da LCE nº 207/1979, será aplicada a pena, se ficar provado que o inativo: Praticou, quando em atividade, falta para a qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou de demissão a bem do serviço público; Aceitou ilegalmente cargo ou função pública; Aceitou representação de estado estrangeiro sem previa autorização do presidente da república. Lei orgânica AULA 01 Página 22 de 48 15.7 A REMOÇÃO COMPULSÓRIA A Lei Orgânica também considera pena disciplinar a remoção compulsória, que poderá ser aplicada cumulativamente com as penas de repreensão, multa e suspensão quando em razão da falta cometida houver conveniência nesse afastamento para o serviço policial. No entanto, quando se tratar de Delegado de Polícia, para a aplicação da pena prevista neste artigo deverá ser observado o disposto no artigo 36. O ato que cominar pena ao policial civil mencionará, sempre, a disposição legal em que se fundamenta. Desse ato será dado conhecimento ao órgão do pessoal, para registro e publicidade, no prazo de 08 dias, desde que não se tenha revestido de reserva. De acordo com esse dispositivo, são competentes para a aplicação das penas: Governador Todas e exclusivamente as de demissão, demissão a bem do serviço público e cassação de aposentadoria ou disponibilidade a Delegado de Polícia; Para o exercício dessas competências será ouvido o órgão de consultoria Secretário da Segurança jurídica Secretário da Segurança Pública Todas, inclusive a Delegados de Polícia, exceto as que são exclusivas do Governador; Delegado Geral de Polícia Advertência, repreensão, multa e suspensão, inclusive a Delegados de Polícia; Remoção compulsória Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria Advertência, repreensão, multa e suspensão limitada a 60 dias (exceto a Delegados de Polícia) Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares Advertência e repreensão (exceto a Delegados de Polícia). 15.8 A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Segundo o art. 80 da LCE nº 207/1979, extingue-se a punibilidade pela prescrição: Com a extinção da punibilidade por prescrição, a administração não mais poderá aplicar ao servidor a correspondente penalidade. ➢ A prescrição começa a correr do dia: ▪ em que a falta for cometida; ▪ em que tenha cessado a continuação ou a permanência, nas faltas continuadas ou permanentes. Cabe ressaltar ainda que a interrompe a prescrição a portaria que instaura sindicância e a que instaura processo administrativo. Com a interrupção do prazo prescricional, se desconsiderará todo o período já transcorrido até a data da interrupção, quando cessar a causa de interrupção - se isso acontecer -, a contagem recomeçará do zero. ➢ A prescrição não corre: ✓ Enquanto sobrestado o processo adm para aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do art 65; ✓ Enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a ser restabelecido. Há outras circunstâncias, elas estão elencadas no art. 81 da Lei Orgânica, que assim dispõe: ➢ Extingue-se, ainda, a punibilidade: ✓ pela morte do agente; ✓ pela anistia administrativa; ✓ pela retroatividade da lei que não considere o fato como falta. O policial civil que, sem justa causa, deixar de atender a qualquer exigência para cujo cumprimento seja marcado prazo certo, terá suspenso o pagamento de seu vencimento ou remuneração até que satisfaça essa exigência. A mesma regra se aplica aos aposentados ou em disponibilidade. Deverão constar do assentamento individual do policial civil as penas que lhe forem impostas. Constitui motivo de exclusão de falta disciplinar a não exigibilidade de outra conduta do policial civil. Independe do resultado de eventual ação penal a aplicação das penas disciplinares previstas neste Estatuto. Lei orgânica AULA 01 Página 23 de 48 16. Providências preliminares ao procedimento disciplinar Em geral, no âmbito da Administração Pública, os instrumentos de apuração da responsabilidade dos servidores públicos por infrações praticadas no exercício de suas atribuições, ou que tenham relação com as atribuições do seu cargo, são a sindicância e o processo administrativo disciplinar (ou procedimento disciplinar). No entanto, no âmbito da Polícia Civil de São Paulo, há um momento anterior à sindicância e ao procedimento disciplinar, onde se fazem apurações preliminares. Esse momento vem regrado nos arts. 84 a 86 da LCE nº 207/1979. Em seu art. 84, a Lei Orgânica da PC/SP estabelece que a autoridade policial que, por qualquer meio, tiver conhecimento de irregularidade praticada por policial civil, deverá comunicar imediatamente o fato ao órgão corregedor, sem prejuízo das medidas urgentes que o caso exigir. Ao instaurar procedimento administrativo ou de polícia judiciária contra policial civil, a autoridade que o presidir comunicará o fato ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria. A autoridade corregedora realizará apuração preliminar, de natureza simplesmente investigativa, quando a infração não estiver suficientemente caracterizada ou definida autoria. O início da apuração preliminar será comunicado ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, devendo ser concluída e a este encaminhada no prazo de 30 dias. Caso não conclua a apuração dentro do prazo acima, a autoridade deverá imediatamente encaminhar ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria relatório das diligências realizadas e definir o tempo necessário para o término dos trabalhos. Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade deverá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela instauração de sindicância ou processo administrativo. Determinada a instauração de sindicância ou processo administrativo, ou no seu curso, havendo conveniência para a instrução ou para o serviço policial, poderá o Delegado Geral de Polícia, por despacho fundamentado, ordenar as seguintes providências: Afastamento preventivo do policial civil, quando o recomendar a moralidade administrativa ou a repercussão do fato, sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 dias, prorrogáveis uma única vez por igual período; Designação do policial acusado para o exercício de atividades exclusivamente burocráticas até decisão final do procedimento; Recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e algemas; Proibição do porte de armas; Comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser estabelecida, para tomar ciência dos atos do procedimento. Lei orgânica AULA 01 Página 24 de 48 O Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, ou qualquer autoridade que determinar a instauração ou presidir sindicância ou processo administrativo, poderá representar ao Delegado Geral de Polícia para propor a aplicação das medidas previstas neste artigo, bem como sua cessação ou alteração. O Delegado Geral de Polícia poderá, a qualquer momento, por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as medidas acima previstas. Sobre o tal afastamento preventivo, algumas considerações a se fazer. A faculdade de suspenderpreventiva e temporariamente o policial civil investigado é conferida à PC/SP, a fim de que se evite que o servidor interfira no andamento do processo, prejudicando esse andamento. Cabe destacar que não se trata de penalidade, e sim de medida de precaução (medida cautelar) da administração, para garantir a lisura do processo. O policial civil, nessa fase, ainda é apenas um acusado e, como tal, não pode estar sujeito ainda à penalidade. Se, após as investigações iniciais, verificar-se que o processo deve ser arquivado - não deve ser levado adiante -, o policial retornará às suas regulares funções como se nada tivesse ocorrido. E de acordo com o § 3º do art. 86: O período de afastamento preventivo computa- se como de efetivo exercício, não sendo descontado da pena de suspensão eventualmente aplicada. Lei orgânica AULA 01 Página 25 de 48 17. O Procedimento Disciplinar 17.1. DISPOSIÇÕES GERAIS O art. 87 da Lei Orgânica da PC/SP nos diz que a apuração das infrações será feita mediante sindicância ou processo administrativo, assegurados o contraditório e a ampla defesa. Será instaurada sindicância: quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de: o Advertência; o Repreensão; o Multa; e o Suspensão. Será obrigatório o processo administrativo: quando a falta disciplinar, possa determinar a pena de: o Demissão; o Demissão a bem do serviço público; o Cassação de aposentadoria ou disponibilidade. Sobre a instauração de processo administrativo, a norma em estudo traz especial preocupação com o abandono de cargo. E para esse caso, há dois momentos em que o processo sequer será instaurado. Se o servidor tiver pedido exoneração, não será instaurado processo para apurar abandono de cargo. Agora, se o processo chegar a ser instaurado exclusivamente para a apuração do abandono e o servidor não tiver ainda pedido a exoneração, este será extinto se o indiciado pedir exoneração até a data designada para o interrogatório, ou por ocasião deste. 17.2. SINDICÂNCIA – A APURAÇÃO SUMÁRIA DE IRREGULARIDADE Em alguns casos, enquanto a sindicância tem caráter meramente investigativo (inquisitório), sem que exista acusação formal a um servidor, ou alguma imputação que possa ser contraditada, não cabe exigir contraditório e ampla defesa de procedimento. Diferentemente, sempre que a administração pretender aplicar ao servidor uma penalidade disciplinar com base apenas em procedimento de sindicância, deverá, obrigatoriamente, assegurar ao servidor o contraditório e a ampla defesa prévios, e passa a configurar um verdadeiro (embora simplificado, sumário) processo administrativo sancionatório, sujeito, portanto, à impreterível observância do contraditório e da ampla defesa. Cabe destacar, que a sindicância não é uma etapa do PAD, nem deve, necessariamente, procedê-lo, vale dizer, pode-se iniciar a apuração de determinada infração - qualquer uma - diretamente pela instauração de um PAD. Vale repetir, entretanto, que, se for aberta uma sindicância e os fatos nela apurados ensejarem aplicação das penas mais graves que a advertência, a repreensão, a multa e a suspensão, os autos da sindicância autos da sindicância integrarão o processo disciplinar, como peça informativa de instrução. Nesses casos, embora não integre o PAD como uma etapa do respectivo procedimento, a sindicância previamente a ele realizada terá configurado uma medida preparatória (mas não necessária) à instauração do processo disciplinar. São competentes para determinar a instauração de sindicância as autoridades enumeradas no art. 70. Instaurada a sindicância, a autoridade que a presidir comunicará o fato à Corregedoria Geral da Polícia Civil e ao órgão setorial de pessoal. Aplicam-se à sindicância as regras previstas nesta lei para o processo administrativo, com as seguintes modificações: A autoridade sindicante e cada acusado poderão arrolar até 03 testemunhas; A sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 dias; Com o relatório, a sindicância será enviada à autoridade competente para a decisão. Saiba ainda que o Delegado Geral de Polícia poderá, quando entender conveniente, solicitar manifestação do Conselho da Polícia Civil, antes de opinar ou proferir decisão em sindicância. Lei orgânica AULA 01 Página 26 de 48 17.3. O PAD PROPRIAMENTE DITO O processo disciplinar é o instrumento destinado à apuração da responsabilidade de servidor público por determinadas infrações praticadas no exercício de suas atribuições ou com estas relacionadas. As infrações que ensejam o PAD já foram por nós estudadas, lembra? Pois bem, logo de início precisamos saber quem tem competência para instaurar o PAD e a regra é exatamente igual à de instauração da sindicância. De acordo com o art. 94 da nossa LCE nº 207/1979, são também competentes para determinar a instauração de processo administrativo também as autoridades enumeradas no art. 70. Uma vez instaurado o processo, é preciso que alguém o dirija, o presida. De acordo com o art. 95, o processo administrativo será presidido por Delegado de Polícia, que designará como secretário um Escrivão de Polícia. No entanto, nem todo Delegado ou Escrivão poderá exercer as funções acima citadas. Não poderá ser encarregado da apuração, nem atuar como secretário, as pessoas que têm as seguintes relações com o denunciante ou com o acusado: Amigo íntimo ou inimigo; Parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o 3º grau inclusive; Cônjuge, companheiro ou qualquer integrante do núcleo familiar; Subordinado do acusado. A autoridade ou o funcionário designado deverão comunicar, desde logo, à autoridade competente, o impedimento que houver. Havendo imputação contra Delegado de Polícia, a autoridade que presidir a apuração será de classe igual ou superior à do acusado. Pois bem, resolvida essa partem, podemos inferir didaticamente da norma em estudo que o processo administrativo disciplinar tem as seguintes fases: 17.3.1. A Instauração do Processo O processo administrativo deverá ser instaurado por portaria, no prazo improrrogável de 08 dias do recebimento da determinação, e concluído no de 90 dias da citação do acusado. Da portaria deverá constar: O nome e a identificação do acusado; A infração que lhe é atribuída, com descrição sucinta dos fatos; e Indicação das normas infringidas. Vencido o prazo, caso não concluído o processo, a autoridade deverá imediatamente encaminhar ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria relatório indicando as providências faltantes e o tempo necessário para término dos trabalhos. Caso o processo não esteja concluído no prazo de 180 dias, o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria deverá justificar o fato circunstanciadamente ao Delegado Geral de Polícia e ao Secretário da Segurança Pública. Instaurado o PAD, é hora de proceder com a segunda fase: a que pode ser chamada de inquérito administrativo. 17.3.2. O Inquérito Administrativo O inquérito administrativo será contraditório, assegurado ao acusado a ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em direito. 17.3.2.1. A Instrução Autuada a portaria e demais peças preexistentes, designará o presidente dia e hora para audiência de interrogatório, determinando a citação do acusado e a notificação do denunciante, se houver. O mandado de citação deverá conter: - Cópia da portaria; - Data, hora e local do interrogatório, que poderá ser acompanhado pelo advogado do acusado; Lei orgânica AULA 01 Página 27 de 48 - Data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, que deverá ser acompanhada pelo advogado do acusado; - Esclarecimento de que o acusado será defendido por advogado dativo, caso não constitua advogado próprio; - Informação de que o acusado poderá arrolar testemunhas e requerer provas, no prazo de 03 dias após a data designada para seu interrogatório; - Advertência de que o processo
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