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Material elaborado por Beatriz Araujo com base nas aulas e doutrina do Direito do Trabalho - Relação de trabalho é uma expressão ampla, que engloba os mais diversos tipos de labor do ser humano. - É a expressão genérica que diz respeito a toda modalidade de contratação para prestação de serviços, seja de um empregado, seja de um trabalhador que não possui vínculo empregatício, como o trabalhador eventual ou autônomo. Decorre da existência de uma relação jurídica composta por dois ou mais sujeitos, sendo que seu objeto determina a execução de uma atividade laborativa, seja ela autônoma ou subordinada, gratuita ou onerosa, eventual ou habitual. - A relação de trabalho é gênero e Relação de emprego é espécie. Toda relação de emprego é relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho é relação de emprego. Ex: Relações empregatícias, Trabalhador avulso, Trabalhador autônomo, Trabalhador eventual, estagiário e etc. RELAÇÕES DE TRABALHO LATO SENSU - Relações de trabalho que não configuram relação de emprego. A) ESTÁGIO - É regulado pela Lei 11.788/08, que define estágio como “ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos”. - Atendidos os requisitos formais e materiais da Lei 11.788/08, o estagiário não será considerado empregado, não há vínculo empregatício. São requisitos: a) matrícula e frequência regular; b) celebração de termo de compromisso; c) compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso. Material elaborado por Beatriz Araujo com base nas aulas e doutrina do Direito do Trabalho - O estágio subentende uma relação trilateral, com a participação do estagiário, da concedente do estágio e de instituição de ensino. - A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência. - Apesar de haver pessoalidade, onerosidade (quando o estágio é remunerado), subordinação e não eventualidade, se atendidos os requisitos da lei 11.788/08 este diploma retirou do estágio a proteção trabalhista. Isto porque o estágio não foi concebido para que a pessoa (estagiário) labore em prol da atividade empresarial pura e simplesmente, mas sim com o objetivo de integrar o itinerário formativo do educando. ATENÇÃO: Estágios superiores a 1 ano dão direito, ao estagiário, do gozo de recesso de 30 dias. (Recesso e não férias) - É possível que também participem do estágio os agentes de integração, que têm funções auxiliares no processo de contratação e realização do estágio. Estes agentes de integração (públicos ou privados) terão a função de interlocutor, auxiliando no processo de contratação dos estagiários pelas empresas interessadas. EX: CIEE – TJ OBS: É vedada a cobrança de qualquer valor dos estudantes, a título de remuneração pelos serviços prestados pelos agentes de integração. B) TRABALHADOR AUTÔNOMO - O trabalhador autônomo labora sem subordinação, e a falta deste elemento fático-jurídico é que não permite falar-se em relação empregatícia. o profissional possui autonomia para exercer suas funções (ou seja, não está sob o poder de direção de um empregador. Exemplos de trabalho autônomo são a empreitada (de obra, onde o empreiteiro fornece mão de obra e/ou materiais), regulada pelos artigos 610 a 626 do Código Civil (Lei 10.406/02), e a profissão de representante comercial autônomo, regulada pela Lei 4.886/65. - Também não existe, em regra, o elemento pessoalidade (infungibilidade). Autônomo exclusivo: Poderá prestar serviços para um único empregador de forma contínua, tendo afastada a caracterização do vínculo empregatício, pois não há subordinação – art. 442- b, CLT. Caberá à Justiça do Trabalho avaliar, nos casos que lhe forem submetidos, a efetiva inexistência da subordinação nessas relações de emprego, ante o princípio da primazia da realidade. C) TRABALHADOR EVENTUAL - Ausência do elemento fático-jurídico não eventualidade. Em outras palavras, estaremos Material elaborado por Beatriz Araujo com base nas aulas e doutrina do Direito do Trabalho diante da eventualidade na prestação dos serviços. Caracterização do trabalho de natureza eventual: a) Descontinuidade da prestação do trabalho, entendida como a não permanência do empregado em uma organização com ânimo definitivo b) Não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho, com pluralidade variável de tomadores de serviços. c) Curta duração do trabalho prestado. d) Natureza do trabalho tende a ser concernente a evento certo, determinado e episódico no tocante à regular dinâmica do empreendimento tomador de serviços. e) A natureza do trabalho prestado tenderá a não corresponder, também, ao padrão dos fins normais do empreendimento. Exemplos de trabalhador eventual: a) o “bóia-fria”, volante rural, que cada dia vai trabalhar numa fazenda diferente, ganhando por dia, sem se fixar em nenhuma delas; b) o “chapa”, que faz carga e descarga de mercadorias de caminhões, recebendo cada dia de um motorista diferente ou de uma empresa diferente dentre as muita para as quais, sem fixação, faz esse serviço e a diarista que vai de vez em quando fazer a limpeza da residência da família.” D) COOPERADOS - Caso estejam presentes os elementos fático-jurídicos da relação de emprego estará descaracterizada a situação de cooperado. - O verdadeiro cooperado é um trabalhador autônomo, pois não é subordinado à cooperativa. (CLT, art. 442, parágrafo único.) - Uma verdadeira relação cooperativista, para se configurar, deve atender aos princípios da dupla qualidade e da retribuição pessoal diferenciada. - Princípio da dupla qualidade: se relaciona à necessidade de que o filiado à cooperativa (o cooperado, no caso) tenha benefícios desta situação, ou seja, a cooperativa deve prestar serviços que beneficiem seus associados. o cooperado se utiliza da cooperativa para vender produtos ou serviços e também é cliente da própria cooperativa, no sentido de receber benefícios de tal condição, essa é a dupla qualidade. - Princípio da retribuição pessoal diferenciada: o profissional cooperado tem retribuição pessoal diferenciada justamente por ser cooperado, condição esta que deve conferir à pessoa vantagens econômicas superiores às que obteria caso atuasse isoladamente, sem o auxílio da cooperativa. E) TRABALHADOR AVULSO Material elaborado por Beatriz Araujo com base nas aulas e doutrina do Direito do Trabalho - Pode ser enquadrado como uma espécie de trabalhador autônomo não temos o elemento fático-jurídico não eventualidade, visto que o avulso presta serviços a diversos tomadores em curtos intervalos de tempo – eventualidade. - Uma diferença marcante na atuação dos avulsos é que estes realizam tarefas para os tomadores com a intermediação de uma entidade representativa, que é chamada de Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO) - Lei 12.815/2013, art. 32 , Operarios portuários. CF/88, art. 7º, XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. - Deste modo, os avulsos, apesar de não constituírem vínculo empregatício (pela eventualidade de seu trabalho) têm direito a FGTS, repouso semanal, 13º, adicional de trabalho noturno, etc. - Além dos avulsos portuários (que laboram nos portos e cercanias) existe também trabalho avulso em regiões do interior, situação regulamentada pela Lei 12.023/09, que dispõe sobre as atividades de movimentaçãode mercadorias em geral e sobre o trabalho avulso. De acordo com esta lei os avulsos regidos por ela (o que exclui os avulsos portuários, regidos por lei própria) realizarão atividades de movimentação de mercadorias em geral, desenvolvidas em áreas urbanas ou rurais sem vínculo empregatício, mediante intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para execução das atividades. O conceito de movimentação de mercadorias foi objetivamente definido em seu artigo 2º. Assim como ocorreu no trabalho avulso portuário, em que o OGMO recebe a remuneração do tomador de serviços e a repassa aos avulsos, na Lei 12.023/09 a sistemática é a mesma: o sindicato da categoria recebe os valores pagos pelo tomador de serviços e tem a atribuição de repassá-los aos beneficiários. F) TRABALHADOR VOLUNTÁRIO - É regido pela Lei 9.608/98 haverá a falta do elemento fático-jurídico onerosidade analisar o animus contrahendi (intenção do prestador dos serviços ao firmar a relação de trabalho): exercício de um trabalho voluntário deve ser precedido da celebração de um termo de adesão (que se difere de um “contrato de trabalho”). - A Lei 9.608/98 não admite a prestação de trabalho voluntário em empresas privadas com fins lucrativos. G) PROFISSIONAL-PARCEIRO DE SALÕES DE BELEZA - A Lei 13.352 criou a figura da parceria entre salões de beleza e profissionais. Dessa forma, profissionais que desempenham atividades de cabeleireiro, barbeiro, esteticista, manicure, pedicure, depilador e maquiador podem firmar um contrato de parceria com o salão de beleza. Material elaborado por Beatriz Araujo com base nas aulas e doutrina do Direito do Trabalho “Lei nº 12.592/2012 (com redação dada pela Lei 13.352/2016), art. 1-A, § 11. O profissional- parceiro não terá relação de emprego ou de sociedade com o salão-parceiro enquanto perdurar a relação de parceria tratada nesta Lei.” - Caso as condições da Lei sejam descumpridas, o vínculo empregatício poderá ser reconhecido: a) Se não existir contrato de parceria formalizado na forma descrita na Lei b) Se o profissional-parceiro desempenhar funções diferentes das descritas no contrato de parceria. - Contrato de parceria Formalidades exigida: a) O contrato deve ser escrito e homologado perante o sindicato profissional (ou, na sua falta, perante o Ministério do Trabalho), perante duas testemunhas. b) O profissional-parceiro, mesmo que inscrito como pessoa jurídica, será assistido pelo seu sindicato de categoria profissional e, na ausência deste, pelo órgão local competente do Ministério do Trabalho e Emprego. Em relação às cláusulas, a Lei exige o seguinte: a) percentual das retenções pelo salão-parceiro dos valores recebidos por cada serviço prestado pelo profissional-parceiro; b) obrigação, por parte do salão-parceiro, de retenção e de recolhimento dos tributos e contribuições sociais e previdenciárias devidos pelo profissional-parceiro em decorrência da atividade deste na parceria; c) condições e periodicidade do pagamento do profissional-parceiro, por tipo de serviço oferecido; d) direitos do profissional-parceiro quanto ao uso de bens materiais necessários ao desempenho das atividades profissionais, bem como sobre o acesso e circulação nas dependências do estabelecimento; e) possibilidade de rescisão unilateral do contrato, no caso de não subsistir interesse na sua continuidade, mediante aviso prévio de, no mínimo, trinta dias; f) responsabilidades de ambas as partes com a manutenção e higiene de materiais e equipamentos, das condições de funcionamento do negócio e do bom atendimento dos clientes; g) obrigação, por parte do profissional-parceiro, de manutenção da regularidade de sua inscrição perante as autoridades fazendárias. - E como funciona essa parceria? Basicamente, o salão recebe todos os pagamentos, arca com as despesas do funcionamento do estabelecimento, faz o rateio e repassa para o profissional seu percentual e recolhe os tributos devidos por ele e também pelo profissional-parceiro. ATENÇÃO: apesar de não se tratar de emprego, a própria lei prevê a aplicação da CLT no que diz respeito à fiscalização e imposição de multas aos salões de beleza
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