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petição inicial sustação Protesto Pharmascience

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BATISTA DE ABREU, SOARES & CAPOBIANCO
SOCIEDADE DE ADVOGADOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE BETIM/MINAS GERAIS.
Processo n°.: 5001859-47.2020.8.13.0027
PHARMASCIENCE INDUSTRIA FARMACEUTICA LTDA,pessoa jurídica inscrita no CNPJ/MF sob o n. 25.773.037/0001-83, com sede na cidade de Betim, estado de Minas Gerais, na Rua Texaco, 640, Jardim Piemonte, CEP 32689-322, por seus advogados, nos autos da TUTELA DE URGÊNCIA DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO em face de CRUZ ALTA GESTORA DE ATIVO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o número 07.382.691/0001-84, com sede na Rua Pequetita, 145, cj 52, São Paulo/SP,CEP 04552-060,vem respeitosamente a presença de V. Exa., emendar a inicial.
I – DOS FATOS E FUNDAMENTOS
A Autora é uma empresa farmacêutica fundada em 1989, com capital 100% nacional e que atualmente gera mais1300 empregos diretos.
Sólida, zelosa com suas obrigações e em franco crescimento, recebeu no dia 31/01/2020, uma notificação de protesto especial para fins falimentares, com vencimento para o dia 03/02/2020, na ASTRONÔMICA quantia de R$ 14.852.941,66 (quatorze milhões, oitocentos e cinquenta e dois mil, novecentos e quarenta e um reais e sessenta e seis centavos). 
Referida notificação é referente a um título no valor de R$ 13.389.304,04 (treze milhões, trezentos e oitenta e nove mil, trezentos e quatro reais e quatro centavos), que ainda foi acrescido de R$ 1.461.665,69 (um milhão, quatrocentos e sessenta e um mil, seiscentos sessenta e cinco reais e sessenta e seis centavos), cujo vencimento teria se dado em 19/04/2018; cujo credor é CRUZ ALTA GESTORA DE ATVOS e que, no entanto, a Autora desconhece.
A Autora nunca manteve nenhum tipo de relação comercial com a requerida que pudesse originar qualquer título exigível, menos ainda em valores extremamente elevados como o referido título, objeto da presente demanda.
Cediço é que nosso ordenamento jurídico veda o enriquecimento sem causa, que nada mais é do que o acréscimo patrimonial sem que para isso haja um fundamento fático ou jurídico. Assim considerando que a Autora jamais manteve relações comerciais com a Requerida, requerer o pagamento de tal valor nada mais demonstra do que a tentativa da mesma em enriquecimento sem causa, uma vez que nenhum tipo de serviço fora prestado pela mesma, ou qualquer outra relação foi mantida para que pudesse gerar tal cobrança. 
De acordo com o Código Civil, como cláusula geral, formula-se o enriquecimento ilícito:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
Dessa forma, ante a comprovada inexistência da relação comercial e o total desconhecimento do referido título levado a protesto pela Ré, a Autora pugna pelo cancelamento de toda e qualquer cobrança referente ao título apresentado, e seja declarada a inexistência de débito, evitando-se assim o enriquecimento ilícito da Requerida.
Portanto, impossível exigir da Autora pagamento de um título que não possui validade alguma, tendo em vista a inexistência de qualquer tipo de relação entre as partes.
Conforme o que está disposto nos art.186 e 187, do nosso Código Civil:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Ainda sob a égide da lei civil, o artigo 927 deixa manifesta a obrigação de indenizar a parte lesada, a saber: 
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo". 
Portanto, admitir que o referido protesto gere seus efeitos é impor penalidade por demais pesada, não apenas à Autora, como também para a sociedade como um todo, eis que eventual falência da Autora redundará, diretamente, em 1.300 (mil e trezentos) desempregados, além daqueles empregos indiretos que gera; bem como em substanciosa redução na receita oriunda dos impostos e taxas que recolhe, refletindo ainda em seus fornecedores e consumidores.
Dessa forma, o protesto no presente caso, para fins falimentares, privararia a Autora de obter crédito na praça, o que implicará em verdadeira paralisação de suas atividades, levando a Autora à bancarrota.
Isso tudo sem mencionar que, caso sofra os efeitos que dele decorrem, a Autora seguirá sob risco de sofrer ação de falência, em franca afronta ao princípio da preservação da empresa.
A Autora desconhece a empresa CRUZ ALTA GESTORA DE ATIVOS apontada como credora na notificação de protesto, desconhecendo igualmente o título no valor e data de vencimento ali mencionados.
Resta inequívoca então a ilegalidade da atitude da Ré em requerer o protesto em desfavor da Autora, em razão de nunca ter havido relação entre as partes que pudesse gerar um debito de elevada monta. 
Assim como já exposto o título levado a protesto deve ser declarado nulo, conforme preceitua o Novo Código Civil:
Art. 166. E nulo o negócio jurídico quando:
(...)
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
Segundo o entendimento do nosso ordenamento Jurídico:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E CANCELAMENTO DE PROTESTO. SENTENÇA DE PROVIMENTO QUE DECLARA INEXISTENTE O DÉBITO E DETERMINA O CANCELAMENTO DO PROTESTO DAs DUPLICATAS MERCANTIS. RECURSO DA DEMANDADA. PRETENSÃO DE AFASTAMENTO DA DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DO DÉBITO REPRESENTADO POR DUPLICATAS MERCANTIS. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE PROVA DO NEGÓCIO QUE DEU CAUSA AOS TÍTULOS. "A duplicata mercantil é título causal e sua emissão é restrita às hipóteses previstas em lei, decorrendo, obrigatoriamente, da celebração de contrato de compra e venda mercantil ou prestação de serviços, razão pela qual se deve comprovar o preenchimento dos requisitos do art. 15 da Lei n. 5.474/1968 para se configurar a regularidade de sua emissão. Nas ações cujo objeto é a declaração de inexistência de débito representado por duplicata, o ônus da prova é atribuído ao réu, a quem compete demonstrar a realização satisfatória do serviço ou a entrega da mercadoria que deu azo à emissão do referido título de crédito. No caso concreto, restou comprovada a ocorrência de equívoco na emissão dos títulos levados a protesto [...] (Apelação Cível n. 2014.058684-0, de São Joaquim, Segunda Câmara de Direito Comercial, rel. Des. Robson Luz Varella, j. 26-1-2016) [...] (Apelação Cível n. 0302370-73.2014.8.24.0023, da Capital, rel. Des. Rejane Andersen, Segunda Câmara de Direito Comercial, j. 31-10-2017). HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. VALOR ARBITRADO EM SINTONIA COM OS PARÂMETROS DESCRITOS NO § 2º DO ARTIGO 85 DO CPC. INSURGÊNCIA DESACOLHIDA. MULTA IMPOSTA EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONSIDERADOS PROTELATÓRIOS. PRETENSÃO DE AFASTAMENTO ACOLHIDA. AUSÊNCIA DE DESLEALDADE PROCESSUAL. EXERCÍCIO DA AMPLA DEFESA. HONORÁRIOS RECURSAIS. INAPLICABILIDADE NA HIPÓTESE DIANTE DO ACOLHIMENTO PARCIAL DO APELO. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ-SC - AC: 03014765220148240038 Joinville 0301476-52.2014.8.24.0038, Relator: Luiz Zanelato, Data de Julgamento: 23/05/2019, Primeira Câmara de Direito Comercial).
Desta feita, requer a Autora seja o protesto cancelado definitivamente, bem ainda seja declarada a inexigibilidade ou nulidade do débito face à Autora, em razão do desconhecimento do título e da inexistência da relação comercial entre as partes. 
Portanto, desconhecendo a suposta dívida que lhe é cobrada e sendo certo que o protesto de tão vultosa quantia certamente não possui qualquer tipo de fundamento legal, pugna a Autora pela declaração da inexistência do débito e ainda a confirmação da tutela deferida para o cancelamento definitivo do protesto.
III – DOS PEDIDOS
Por fim, mediante aos fatos aqui expostos, requer-se:
a) Seja confirmada a liminar, tornando definitiva a tutela concedida, com o conseqüente cancelamentodefinitivo do protesto do título mencionado ao Sr. Oficial do Tabelionato de Protesto de Betim;
b) ao final, seja julgada procedente a presente ação, para declarar a inexistência ou inexigibilidade ou a nulidade do débito face à Autora;
c) determinar a citação do Réu para responder, querendo, aos termos desta ação;
e)  seja o Réu condenado ao pagamento de todas as custas processuais e 	honorários advocatícios.
 
Assim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, ainda que não especificadas neste documento.
 
 Atribui-se à causa o valor R$ 10.000,00(dez mil reais).
 
 
Pede e espera Deferimento.
Belo Horizonte, 12 de março de 2020.
Gustavo Soares da Silveira Giordano		Marcus Vinícius Capobianco dos Santos
OAB/MG 76.733				OAB/MG 91.046 
Eduardo H. N. de Vasconcelos 		Marcelo Vaz Bueno
OAB/MG 112.075				OAB/MG 108.028
Cristianne Barreto Reis
OAB/MG 89.941	
____________________________________________________________________________________________________
Rua Olimpio de Assis, nº 55, Cidade Jardim, Belo Horizonte/MG, CEP 30.380-150
	fone / fax: 55 31 3657-4500

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