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Pr1 MT3 P2 - Carboidratos

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Sarah Silva Cordeiro | 2º período 2021.1 | Metabolismo| MEDICINA – FITS 
 
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Problema 1 – bioquímica 
1. Explanar as características gerais dos carboidratos; 
2. Compreender o metabolismo dos carboidratos; 
3. Entender a diabetes e seus diferentes tipos 
(sintomas, fisiopatologia, diagnóstico, tratamento, 
prevenção); detalhar bem 
4. Compreender as complicações da diabetes e 
relacionar com os exames laboratoriais (cicatrização, 
problemas renais...); 
 
EXPLANAR AS CARACTERISITICAS GERAIS DO 
CARBOIDRATOS: 
VISÃO GERAL: Os carboidratos (sacarídeos) são as 
moléculas orgânicas mais abundantes na natureza. Eles 
possuem grande variedade de funções, que incluem o 
fornecimento de fração significativa da energia na 
dieta da maioria dos organismos, a atuação como 
forma de armazenamento de energia no corpo e como 
componentes da membrana celular, mediando 
algumas formas de comunicação intercelular. Os 
carboidratos também servem como componentes 
estruturais de muitos organismos, incluindo a parede 
celular de bactérias, o exoesqueleto de muitos insetos 
e as fibras de celulose das plantas. (Nota: o conjunto 
completo de carboidratos produzidos por um 
organismo é o seu glicoma.) A fórmula empírica para 
muitos dos carboidratos mais simples é (CH2O)n, na 
qual n ≥ 3, daí o nome “hidrato de carbono”. 
 
CLASSIFICAÇÃO E ESTRUTURA: Os monossacarídeos 
(açúcares simples) podem ser classificados de acordo 
com o número de átomos de carbono que eles contêm. 
Eles também podem ser classificados pelo tipo de 
grupo carbonila que eles contêm. Os carboidratos com 
um aldeído como seu grupo funcional carbonila são 
denominados aldoses, enquanto aqueles com um 
grupo cetona como seu grupo funcional carbonila são 
chamados cetoses. Por exemplo, o gliceraldeído é uma 
aldose, enquanto a di-hidroxiacetona é uma cetose. 
Os carboidratos que apresentam um grupo carbonila 
livre recebem o sufixo “-ose”. (Nota: as cetoses têm um 
“ul” adicional, como a xilulose. Existem exceções a essa 
regra, como a frutose.) 
Os monossacarídeos podem se ligar por ligações 
glicosídicas, criando estruturas maiores. Os 
dissacarídeos contêm duas unidades de 
monossacarídeos, os oligossacarídeos contêm de três 
até cerca de 10 unidades de monossacarídeos, e os 
polissacarídeos contêm mais de 10 unidades de 
monossacarídeos, podendo alcançar centenas de 
unidades de açúcares em sua estrutura. 
A. Isômeros e epímeros 
Compostos que apresentam a mesma fórmula química, 
mas estruturas diferentes, são denominados isômeros. 
Por exemplo, frutose, glicose, manose e galactose são 
todos isômeros uns dos outros, com a mesma fórmula 
química, C6H12O6. Os carboidratos isômeros que 
diferem na sua configuração ao redor de apenas um 
determinado átomo de carbono (com exceção do 
carbono da carbonila) são definidos como epímeros 
um do outro. 
Por exemplo, a glicose e a galactose são epímeros em 
C-4, pois suas estruturas diferem somente na posição 
do grupo –OH (hidroxila) no átomo de carbono 4. 
B. Enantiômeros 
Um tipo especial de 
isomeria é observado 
em pares de estruturas 
que são como imagens 
uma da outra no 
espelho. Essas imagens 
especulares são 
denominadas 
enantiômeros, e os 
dois membros do par 
são designados como 
D-e L-açúcares. Em 
seres humanos, a 
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grande maioria dos açúcares é do tipo D-isômeros. Na 
forma isomérica D, o grupo –OH do carbono 
assimétrico (carbono ligado a quatro átomos ou grupos 
diferentes) mais distante do carbono da carbonila está 
à direita, enquanto, no isômero L, esse grupo está à 
esquerda. A maioria das enzimas são específicas para a 
forma D ou L, mas as enzimas conhecidas como 
isomerases são capazes de interconverter os isômeros 
D e L. 
C. Ciclização de monossacarídeos 
Menos de 1% dos monossacarídeos com cinco ou mais 
átomos de carbono ocorre na forma de cadeia aberta 
(acíclica) quando em solução. Ao contrário, eles são 
encontrados predominantemente na forma de anel 
(cíclica), na qual o grupo aldeído (ou cetona) reagiu 
com um grupo hidroxila do mesmo açúcar, tornando 
assimétrico o carbono carbonílico (carbono 1 para uma 
aldose ou carbono 2 para uma cetose). Este carbono 
assimétrico é referido como carbono anômero. 
D. Ligação de monossacarídeos 
Monossacarídeos podem ser ligados para formar 
dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. 
Dissacarídeos importantes incluem a lactose (galactose 
+ glicose), sacarose (glicose + frutose) e maltose 
(glicose + glicose). Polissacarídeos importantes incluem 
o glicogênio (proveniente de fontes animais) e o amido 
(fontes vegetais) ramificados e a celulose não 
ramificada (fonte vegetal). Cada um deles é um 
polímero de glicose. 
E. Ligações glicosídicas 
As ligações que unem os açúcares são denominadas 
ligações glicosídicas. Essas ligações são formadas por 
enzimas conhecidas como glicosiltransferases, que 
utilizam como substrato um nucleotídeo-açúcar 
(açúcar ativado), como o difosfato de uridina-glicose 
(UDP-glicose). As ligações glicosídicas entre açúcares 
são denominadas conforme o número dos carbonos 
que estabelecem a conexão e também conforme 
posição do grupo hidroxila no carbono anômero 
envolvido na ligação. Se esse grupo hidroxila do 
carbono anômero estiver na configuração α, a ligação 
é α. Se o grupo estiver na configuração β, a ligação é 
β. A lactose, por exemplo, é sintetizada pela formação 
de uma ligação glicosídica entre o carbono 1 de uma β-
galactose e o carbono 4 da glicose. A ligação é, dessa 
forma, uma ligação glicosídica β(1 → 4). (Nota: como a 
porção anômera do resíduo da glicose não está 
envolvida na ligação glicosídica, ela [e, dessa forma, a 
lactose] permanece sendo um glicídeo redutor.) 
F. Ligação de carboidratos a compostos não glicídicos 
Os carboidratos podem unir-se por ligações glicosídicas 
a estruturas que não são carboidratos, como as bases 
púricas e pirimídicas (como observado em ácidos 
nucleicos), anéis aromáticos (como observado em 
esteroides e na bilirrubina), proteínas (como em 
glicoproteínas e proteoglicanos) e lipídeos (em 
glicolipídeos). Se o grupo na porção não carboidrato da 
molécula ao qual o açúcar está ligado for um grupo -
NH2, a ligação é chamada de N-glicosídica. Se o grupo 
for um grupo –OH, então a ligação é O-glicosídica. 
(Nota: todas as ligações glicosídicas glicídeo-glicídeo 
são do tipo O-glicosídicas.) 
 
DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS: Os principais sítios de 
digestão dos carboidratos da dieta são a boca e o 
lúmen intestinal. Essa digestão é rápida e é catalisada 
por enzimas denominadas glicosídeo-hidrolases 
(glicosidases) que hidrolisam as ligações glicosídicas. 
Há poucos monossacarídeos em dietas de origem 
mista, animal e vegetal. Portanto, são necessárias 
enzimas para a degradação da maioria dos 
carboidratos da dieta, principalmente as 
endoglicosidases, que hidrolisam polissacarídeos e 
oligossacarídeos, e as dissacaridases, que hidrolisam 
trissacarídeos e dissacarídeos em seus componentes 
redutores. Em geral, glicosidases são específicas para a 
estrutura e para a configuração do resíduo glicosila a 
ser removido, bem como para o tipo de ligação a ser 
hidrolisada. Os produtos finais da digestão de 
carboidratos são os monossacarídeos glicose, 
galactose e frutose, os quais são absorvidos pelas 
células (enterócitos) do intestino delgado. 
COMPREENDER O METABOLISMO DOS 
CARBOIDRATOS: 
Metabolismo de glicogênio 
Os principais estoques de glicogênio no organismo são 
encontrados nos músculos esqueléticos, onde servem 
como reserva energética para a síntese de ATP durante 
a contração muscular, e no fígado, onde o glicogênio é 
usado para manter a concentração de glicose 
sanguínea, especialmente nos estágios iniciais do 
jejum. 
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O glicogênio é um polímero altamente ramificado de 
α-D-glicose. A ligação glicosídica predominante é α(1 
→ 4). Após aproximadamente 8 a 14 resíduos glicosil, 
há uma ramificação contendo uma ligação α(1 → 6). A 
difosfato de uridina (UDP)-glicose, doadora de resíduos 
glicosila para o glicogênio, é sintetizada a partir de 
glicose-1-fosfato e de UTP pela UDP-
glicosepirofosforilase. 
A glicose da UDP-glicose é transfe-rida para as 
extremidades não redutoras das cadeias do glicogênio 
pela glicogênio sintase, que requer um segmento 
iniciador e que estabelece ligações α(1 → 4). O 
segmento iniciador é formado pela glicogenina. As 
ramificações são formadas pela amilo-α(1 → 4) → α
(1 → 6)-transglicosilase (uma 4:6 transferase), que 
transfere um oligossacarídeo de seis a oito resíduos de 
glico-se da extremidade não redutora da cadeia do 
glicogênio para outro resíduo na cadeia, clivando uma 
ligação α(1 → 4) e inserindo o oligossacarídeo por 
meio de uma ligação α(1 → 6). A glicogênio-fosforilase 
requer piridoxal-fosfato para sua atividade de clivar 
ligações α (1 → 4) entre resíduos glicosila nas extremi-
dades não redutoras das cadeias do glicogênio, 
produzindo moléculas de gli-cose-1-fosfato. Essa 
degradação sequencial continua até que restem quatro 
unidades glicosila antes de um ponto de ramificação. A 
estrutura resultante é chamada de dextrina limite, que 
é degradada pela enzima bifuncional de 
desramificação. A oligo- α (1 → 4) → α (1 → 4)-
glican-transferase (uma atividade 4:4 transferase) 
remove os três resíduos glicosila mais externos dos 
quatro ligados a uma ramificação e os transfere à 
extremidade não redutora de outra cadeia, onde 
podem ser convertidos em glicose-1--fosfato pela 
glicogênio fosforilase. O único resíduo glicosila que 
resta unido por ligação α (1 → 6) é removido 
hidroliticamente pela atividade de amilo- α (1 → 6)-
glicosidase da enzima de desramificação, liberando 
glicose livre. A glicose-1-fosfato é convertida em 
glicose-6-fosfato pela fosfoglicomutase. 
No músculo, a glicose-6-fosfato entra na via glicolítica. 
No fígado, o fosfato é removido pela glicose-6-
fosfatase (uma enzima de membrana do retículo 
endoplasmático), liberando glicose livre, que pode ser 
usada para manter os níveis de glicose no sangue no 
início de um jejum. 
A deficiência da fosfatase causa a doença de 
armazenamento do glicogênio do tipo Ia (doença de 
von Gierke) e resulta na incapacidade do fígado de 
fornecer glicose livre para o corpo durante o jejum. 
Isso afeta tanto a degradação do glicogênio quanto a 
gliconeogênese. A síntese e a degradação de glicogênio 
são reciprocamente reguladas pelos mesmos sinais 
hormonais para suprir as necessidades do organismo 
(um nível elevado de insulina resulta em aumento geral 
da glicogênese e em diminuição na glicogenólise, 
enquanto um nível elevado de glucagon ou de 
adrenalina determina efeitos opostos). As enzimas-
chave (reguladoras) são fosforiladas por uma família de 
proteína-cinases, algumas das quais são dependentes 
de monofosfato de adenosina cíclico (AMPc), 
composto cujos níveis aumentam em resposta ao 
glucagon e à adrenalina. 
Os grupos fosfato são removidos pela proteína fosfata-
se-1 (ativa quando seu inibidor está inativo em 
resposta a níveis elevados de insulina). Além dessa 
regulação covalente, a glicogênio-sintase, a fosforilase-
cinase e a glicogênio-fosforilase apresentam uma 
regulação alostérica para atender às necessidades dos 
tecidos. No estado alimentado, a glicogênio-sintase é 
ativada pela glicose-6-fosfato, enquanto a glicogênio--
fosforilase é inibida pela glicose-6-fosfato, bem como 
pelo ATP. No fígado, a glicose livre também serve como 
inibidor alostérico da glicogênio-fosforilase. O 
aumento do cálcio no músculo durante o exercício e no 
fígado em resposta à adrenalina ativa a fosforilase-
cinase por ligação à subunidade calmodulina da 
enzima. Isso permite que a enzima ative a glicogênio-
fosforilase, determinando a degradação do glicogênio. 
O AMP ativa a glicogênio-fosforilase (miofosforilase) 
no músculo 
Metabolismo dos monossacarídeos e dissacarídeos 
VISÃO GERAL: A glicose é o monossacarídeo mais 
consumido pelo ser humano, e o seu metabolismo já 
foi discutido. Dois outros monossacarídeos, a frutose e 
a galactose, também ocorrem em quantidades 
significativas na dieta (principalmente em 
dissacarídeos) e fornecem contribuições importantes 
ao metabolismo energético. Além disso, a galactose é 
um componente importante das proteínas glicosiladas. 
A principal fonte de frutose é o dissacarídeo sacarose, 
que, ao ser clivado, libera quantidades equimolares de 
frutose e glicose. O transporte da frutose nas células é 
independente de insulina. Primeiramente, a frutose é 
fosforilada a frutose-1-fosfato pela frutocinase e, a 
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seguir, é clivada pela aldolase B, originando di-
hidroxiacetona-fosfato (DHAP) e gliceraldeído. Essas 
enzimas são encontradas no fígado, nos rins e no 
intestino delgado. 
Uma deficiência da frutocinase causa uma condição 
benigna (frutosúria essencial), enquanto uma 
deficiência de aldolase B causa a intolerância 
hereditária à frutose (IHF). Essa deficiência pode gerar 
hipoglicemia grave e falência hepática, que levam à 
morte se a frutose (e a sacarose) não for rigorosamente 
removida da dieta. 
A manose, componente importante das glicoproteínas, 
é fosforilada pela hexocinase em manose-6-fosfato, 
que é isomerizada reversivelmente a frutose-6-fosfato 
pela fosfomanose isomerase. 
A glicose pode ser reduzida a sorbitol (glucitol) pela 
aldose-redutase em vários tecidos, incluindo cristalino, 
retina, nervos periféricos, rins, ovários e vesículas 
semi-nais. 
No fígado, nos ovários e nas vesículas seminais, uma 
segunda enzima, a sorbitol-desidrogenase, pode oxidar 
sorbitol para produzir frutose. 
A hiperglicemia leva ao acúmulo de sorbitol naquelas 
células que não possuem sorbitol-desidrogenase. Os 
eventos osmóticos resultantes causam inchaço das 
células e podem contribuir para a formação de 
catarata, neuropatia periférica, nefropatia e 
retinopatia que ocorrem no diabetes. A principal fonte 
de galactose na dieta é a lactose. O transporte da 
galactose nas células é independente de insulina. A 
galactose é inicialmente fosforilada pela galactocinase 
(cuja deficiência resulta em catarata), produzindo 
galactose-1-fosfato. 
Esse composto é convertido em difosfato de uridina 
(UDP)-galactose pela galac-tose-1-fosfato-
uridiltransferase (GALT), com o nucleotídeo sendo 
fornecido pela UDP-glicose. 
A deficiência dessa enzima causa a galactosemia 
clássica. Nessa doença, a galactose-1-fosfato se 
acumula, e o excesso de galactose é convertido em 
galactitol pela aldose-redutase. Isso causa danos 
hepáticos e encefálico e catarata. O tratamento exige a 
remoção da galactose (e lactose) da dieta. 
Para a UDP-galactose entrar na principal rota do 
metabolismo da glicose, ela deve antes ser isomerizada 
a UDP-glicose pela UDP-hexose-4-epi-merase. Essa 
enzima pode também ser utilizada para produzir UDP-
galactose a partir da UDP-glicose, quando a primeira 
for necessária para a síntese de glicoproteínas e de 
glicolipídeos. 
A lactose é um dissacarídeo composto por galactose e 
por glicose. 
O leite e seus derivados são fontes de lactose na dieta. 
A lactose é sintetizada pela lactose-sintase a partir da 
UDP-galactose e da glicose na glândula mamária em 
lactação. A enzima tem duas subunidades, a proteína A 
(que é uma galactosiltransferase encontrada na 
maioria das células, onde sintetiza N-acetilactosamina) 
e a proteína B (α-lactalbumina, que é encontrada 
apenas nas glândulas mamárias em lactação, e cuja 
síntese é estimulada pelo hormônio peptídico 
prolactina). Quando as duas subunidades estãopresentes, a transferase produz lactose. 
 
 
ENTENDER A DIABETES E SEUS DIFERENTES TIPOS 
(SINTOMAS, FISIOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO, 
TRATAMENTO, PREVENÇÃO) 
Diabetes melito não é uma doença única e sim um 
grupo heterogêneo de síndromes multifatoriais e 
poligênicas. 
-Caracterizada por elevação da glicemia em jejum 
-Causada por deficiência relativa ou absoluta da 
insulina 
-Principal causa de cegueira e amputação no adulto 
Pode ser dividido em dois grupos, diabetes tipo 1 e 
diabetes tipo 2. 
Características Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 
IDADE DE INÍCIO Geralmente 
durante a 
infância ou a 
puberdade; 
sintomas 
desenvolvem-se 
rapidamente 
Frequentement
e após os 35 
anos; sintomas 
desenvolvem-se 
gradualmente 
ESTADO 
NUTRICIONAL NO 
MOMENTO DO 
INÍCIO DA DOENÇA 
Frequentement
e subnutridos 
Obesidade 
geralmente 
presente 
PREVALÊNCIA < 10% dos 
diabéticos 
diagnosticados 
> 90% dos 
diabéticos 
diagnosticados 
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PREDISPOSIÇÃO 
GENÉTICA 
Moderada Muito forte 
DEFEITO OU 
DEFICIÊNCIA 
Células β são 
destruídas, 
eliminando a 
produção de 
insulina 
Resistência à 
insulina, 
combinada com 
incapacidade 
das células β de 
produzirem 
quantidades 
adequadas de 
insulina 
FREQUÊNCIA DE 
CETOSE 
Comum Rara 
INSULINA 
PLASMÁTICA 
Baixa a ausente Alta no início da 
doença; baixa a 
ausente na 
doença crônica 
COMPLICAÇÕES 
AGUDAS 
Cetoacidose Estado 
hiperglicêmico 
hiperosmolar 
RESPOSTA A 
FÁRMACOS 
HIPOGLICEMIANTE
S ORAIS 
Não é 
responsivo 
Responsivo é 
essencial para a 
terapia 
TRATAMENTO Insulina é 
sempre 
necessário 
Dieta, exercício, 
fármacos 
hipoglicemiante
s orais; a 
insulina pode 
ou não ser 
necessária. 
Redução de 
fatores de risco 
(redução do 
peso, pausa no 
tabagismo, 
controle da 
pressão 
sanguínea, 
tratamento de 
dislipidemias) 
 
Diabetes tipo 1 
10% da população 
-Caracterizada por deficiência absoluta de insulina, 
causada por ataque autoimune às células β do 
pâncreas. 
As ilhotas de Langerhans tornam-se infiltradas com 
linfócitos T ativados, levando a uma condição 
denominada insulite. Ao longo de alguns anos, esse 
ataque autoimune leva à depleção gradual da 
população de células β 
Contudo, os sintomas aparecem abruptamente 
quando 80 a 90% das células β foram destruídas. Nesse 
ponto, o pâncreas falha em responder adequadamente 
à ingestão de glicose, e a terapia com insulina é 
necessária para restaurar o controle metabólico e 
prevenir a cetoacidose grave. 
A destruição das células β requer um estímulo 
ambiental (como uma infecção viral) e um 
determinante genético, o que provoca a identificação 
errônea das células β como “estranhas”. 
Diagnostico: O início do diabetes tipo 1 ocorre 
geralmente durante a infância ou a puberdade, e os 
sintomas se desenvolvem rapidamente. Indivíduos 
com diabetes tipo 1 muitas vezes podem ser 
reconhecidos pelo aparecimento abrupto de poliúria 
(micção frequente), polidipsia (sede excessiva) e 
polifagia (fome excessiva), com frequência 
desencadeados por estresse psicológico, ou por uma 
infecção. Esses sintomas são, em geral, acompanhados 
por fadiga e perda de peso. O diagnóstico é 
confirmado por uma glicemia em jejum ≥ 126 mg/dL 
(normal é 70 a 99). (Nota: o jejum é definido como a 
ausência de ingestão calórica por pelo menos oito 
horas.) Uma glicemia de jejum de 100 a 125 mg/dL é 
classificada como inadequada. Os indivíduos com 
glicemia de jejum inadequada são considerados pré-
diabéticos e estão em risco aumentado de 
desenvolver diabetes tipo 2. O diagnóstico também 
pode ser feito com base em um nível de glicose no 
sangue avaliado em um momento aleatório (não em 
jejum) > 200 mg/dL ou uma concentração de 
hemoglobina glicada ≥ 6,5 mg/dL (normal é < 5,7) em 
um indivíduo com sintomas de hiperglicemia. (Nota: o 
teste de tolerância à glicose oral, em que a glicemia é 
medida 2 horas após a ingestão de uma solução 
contendo 75 g de glicose, também é usado, mas é 
menos conveniente. É geralmente mais usado em 
mulheres grávidas para identificar diabetes gestacional 
Alterações metabólicas: As anormalidades 
metabólicas do diabetes tipo 1 resultam de uma 
deficiência de insulina que afeta profundamente o 
metabolismo em três tecidos: fígado, músculo 
esquelético e tecido adiposo branco. 
1. Hiperglicemia e cetonemia. 
Níveis elevados de glicose e corpos cetônicos no 
sangue são as características do diabetes tipo 1 não 
tratado. A hiperglicemia é causada pelo aumento na 
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produção hepática de glicose via gliconeogênese, 
combinada com diminuição na sua utilização periférica 
(músculo e tecido adiposo têm o transportador de 
glicose dependente de insulina, GLUT-4) A cetonemia 
resulta de uma maior mobilização de ácidos graxos a 
partir de triacilglicerol (TAG) no tecido adiposo branco, 
combinada com β-oxidação de ácidos graxos acelerada 
no fígado e aumento da síntese de 3-hidroxibutirato e 
acetoacetato (corpos cetônicos). (Nota: a acetil-
coenzima A proveniente da β-oxidação é substrato 
para a cetogênese e ativador alostérico da piruvato-
carboxilase, uma enzima gliconeogênica.) A 
cetoacidose diabética, um tipo de acidose metabólica 
causada por um desequilíbrio entre a produção e o 
uso de corpos cetônicos, ocorre em 25 a 40% dos 
pacientes recém diagnosticados com diabetes tipo 1 e 
pode ocorrer se o paciente fica doente (mais 
comumente com uma infecção) ou não segue 
adequadamente a terapia. A cetoacidose diabética é 
tratada pela reposição de fluidos e eletrólitos e 
administração de insulina de ação rápida e de curta 
duração, para corrigir gradualmente a hiperglicemia 
sem causar hipoglicemia. 
2. Hipertriacilglicerolemia 
Nem todos os ácidos graxos que chegam ao fígado 
podem ser disponibilizados para a oxidação e posterior 
síntese de corpos cetônicos. O excesso de ácidos 
graxos é convertido em triacilgliceróis, que são 
empacotados e secretados em lipoproteínas de 
densidade muito baixa ([VLDL, do inglês very-low-
density lipoproteins]). Os quilomicras ricos em TAG da 
dieta são secretados pelas células da mucosa intestinal 
após uma refeição. Como a degradação das 
lipoproteínas catalisada pela lipase lipoproteica (LPL) 
nos capilares do tecido adiposo é baixa nos diabéticos 
(a síntese da enzima está diminuída quando os níveis 
de insulina estão baixos), os níveis plasmáticos de 
quilomicra e VLDL se elevam, resultando em 
hipertriacilglicerolemia. 
Tratamento: Os indivíduos com diabetes tipo 1 
dependem da insulina exógena, administrada por via 
subcutânea por injeção periódica ou por infusão 
contínua assistida por bomba, para controlar a 
hiperglicemia e a cetonemia. São atualmente utilizados 
dois tipos de regimes de injeção terapêutica, padrão e 
intensivo. 
1. Tratamento padrão 
Consiste tipicamente em uma ou duas injeções diárias 
de insulina humana recombinante. O HbA1c fornece 
uma medida do grau de eficiência do tratamento na 
normalização da glicose sanguínea nos diabéticos ao 
longo do tempo 
2. Tratamento intensivo 
Visa normalizar a glicose no sangue por meio de um 
monitoramento mais frequente e subsequente 
injeções de insulina – tipicamente três ou mais vezes 
por dia. 
A normalidade dos níveis de glicose não é alcançada 
mesmo em pacientes em tratamento intensivos. 
Contudo, o paciente sob terapia intensiva apresenta 
redução de 50% ou mais nas complicações 
microvasculares a longo prazo do diabetes – 
retinopatias, nefropatia e neuropatia – comparados 
com pacientes que estão com o tratamento padrão. 
 
 
 
Hipoglicemia 
no diabetes 
tipo 1: é a 
diminuição 
dos níveis de 
glicose 
sanguínea no 
sentido de 
minimizar o desenvolvimento das complicações a 
longo prazo da doença. A DOSAGEM ADEQUADA DE 
INSULINA É DIFICIL DE ALCANÇAR.A hipoglicemia é a 
complicação mais comum dessa terapia, ocorrendo em 
mais de 90% dos pacientes. É ESPECIALMENTE 
ELEVADA NOS CASOS DE TRATAMENTO INTENSIVO. 
Pacientes com diabetes tipo 1 desenvolvem também a 
deficiência na secreção de glucagon. Esse problema 
surge no começo da doença e esta presente em quase 
todos os casos quatro anos após diagnostico. Com a 
progressão da doença, no entanto, os pacientes com 
diabetes tipo 1 apresentam neuropatia diabética 
neurovegetativa e diminuição na secreção de 
adrenalina em resposta à hipoglicemia. 
Desse modo, pacientes com diabetes tipo 1 por longo 
tempo são especialmente vulneráveis à hipoglicemia, a 
qual pode ser causada, também, por exercício intenso. 
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Como o exercício promove a captação de glicose pelo 
músculo e diminui a necessidade de insulina exógena. 
Diabetes tipo 2 
-É a forma mais comum da doença, cerca de 90% da 
população diabética. 
-Se desenvolve de modo gradual, se sintomas óbvios. 
-Com frequência é detectada 
por exames de triagem de 
rotina. 
-Pode apresentar 
sintomas como poliuria e 
polidipsia 
-Apresentam uma 
combinação de 
resistência à insulina 
com disfunção das 
células β, mas não 
necessitam de insulina para 
manter a vida, embora a 
insulina possa ser necessária 
em algum momento para 
controlar a hiperglicemia e 
manter a HbA1c abaixo de 7% 
em 90% dos pacientes. 
A secreção de insulina no 
diabetes tipo 2, embora 
inadequada, impede a 
cetogênese e restringe o 
desenvolvimento de 
cetoacidose diabética. 
O diagnóstico é baseado na presença de hiperglicemia 
– isto é uma concentração de glicose sanguínea no 
jejum igual ou superior a 126 mg/dL 
Resistência à insulina 
A resistência à insulina é a diminuição na capacidade 
dos tecidos-alvo, como o fígado, tecido adiposo branco 
e músculo esquelético, de responder adequadamente 
às concentrações circulantes normais (ou elevadas) de 
insulina. Por exemplo, a resistência à insulina é 
caracterizada por aumento da produção de glicose 
hepática, diminuição da captação de glicose pelos 
tecidos muscular e adiposo e aumento da lipólise no 
tecido adiposo, com produção de ácidos graxos livres. 
1. Resistência à insulina e obesidade. 
Embora a obesidade seja a causa mais comum de 
resistência à insulina e aumente o risco de diabetes 
tipo 2, a maioria das pessoas obesas e resistentes à 
insulina não se torna diabética. Na ausência de um 
defeito na função das células β, indivíduos obesos 
podem compensar a resistência à insulina com níveis 
elevados desse hormônio. A Figura 25.7A mostra que a 
secreção de insulina é duas a três vezes maior em 
indivíduos obesos do que em indivíduos magros. Essa 
maior concentração de insulina compensa o seu efeito 
diminuído (como resultado da resistência à insulina) e 
leva a níveis de glicose sanguínea similares àqueles 
observados em indivíduos magros. 25.7B 
2. Resistência à insulina e diabetes tipo 2 
O diabetes tipo 2 se desenvolve em indivíduos 
resistentes à insulina que também apresentam 
diminuição na função das células β. A resistência à 
insulina com o risco subsequente de desenvolvimento 
do diabetes tipo 2 é comumente observada em 
indivíduos obesos, sedentários ou idosos e em 3 a 5% 
de mulheres grávidas, que desenvolvem diabetes 
gestacional. Esses pacientes são incapazes de 
compensar adequadamente a resistência à insulina 
com a liberação aumentada de insulina. 
3. Causas da resistência à insulina. 
A resistência à insulina aumenta com o aumento de 
peso e diminui com a perda de peso. O excesso de 
tecido adiposo (particularmente no abdome) é 
fundamental no desenvolvimento da resistência à 
insulina. O tecido adiposo não é simplesmente um 
tecido de armazenamento de energia, mas também 
um tecido secretor. Com a obesidade, há mudanças 
nas secreções adiposas que resultam em resistência à 
insulina. Essas incluem a secreção de citocinas pró-
inflamatórias, como a IL-6 e o fator de necrose tumoral-
α pelos macrófagos ativados (a inflamação está 
associada à resistência à insulina); aumento da síntese 
da leptina, uma proteína com efeitos pró-inflamatórios 
Sarah Silva Cordeiro | 2º período 2021.1 | Metabolismo| MEDICINA – FITS 
 
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Células β disfuncionais 
Com o decorrer do tempo, as células β tronam-se 
progressivamente disfuncionais, sendo incapazes de 
secretar insulina suficiente para corrigir a hiperglicemia 
preponderante. 
Alterações metabólicas 
As anormalidades do metabolismo da glicose e de TAG 
no diabetes tipo 2 são o resultado da resistência à 
insulina expressada principalmente no fígado, músculo 
esquelético e tecido adiposo branco. 
1. Hiperglicemia. 
A hiperglicemia é causada pelo aumento da produção 
hepática de glicose, combinada com a diminuição da 
utilização de glicose pelos tecidos muscular e adiposo. 
Em geral, a cetonemia é mínima ou ausente em 
pacientes com diabetes tipo 2, pois a insulina, mesmo 
na presença de resistência à insulina, diminui a 
cetogênese hepática. 
2. Dislipidemia. 
No fígado, os ácidos graxos são convertidos em 
triacilgliceróis, que são empacotados e secretados 
como VLDL. Os quilomicra ricos em TAG da dieta são 
sintetizados e secretados pelas células da mucosa 
intestinal após uma refeição. Baixos níveis de 
lipoproteínas de densidade alta também estão 
associados ao diabetes tipo 2, provavelmente como 
resultado do aumento da degradação. 
Tratamento 
O objetivo do tratamento do diabetes tipo 2 é manter 
as concentrações sanguíneas de glicose dentro de 
limites normais e prevenir o desenvolvimento de 
complicações a longo prazo. Redução de peso, 
exercício e terapia nutricional médica (modificações na 
dieta) frequentemente corrigem a hiperglicemia do 
diabetes tipo 2 recém diagnosticado. 
Os agentes hipoglicemiantes orais, como a metformina 
(diminui a gliconeogênese hepática), sulfonilureias 
(aumentam a secreção de insulina), tiazolidinedionas 
(diminuem os níveis de ácidos graxos livres e 
aumentam a sensibilidade periférica à insulina), 
inibidores da α-glicosidase (diminuem a absorção de 
carboidratos da dieta) e os inibidores do 
cotransportador de glicose dependente de sódio 
([SGLT, do inglês sodium-dependent glucose 
cotransporter] diminuem a reabsorção renal de 
glicose) ou terapia de insulina subcutânea podem ser 
necessário para atingir níveis de glicose plasmática 
satisfatórios. 
 
COMPREENDER AS COMPLICAÇÕES DA DIABETES E 
RELACIONAR COM OS EXAMES LABORATORIAIS 
(CICATRIZAÇÃO, PROBLEMAS RENAIS...) 
A elevação da glicemia a longo prazo está associada às 
complicações vasculares crônicas do diabetes, 
incluindo doença cardiovascular (DCV) e acidente 
vascular encefálico (complicações macrovasculares), 
bem como retinopatia, nefropatia e neuropatia 
(complicações 
microvasculares). O 
tratamento intensivo 
com insulina atrasa o 
início e retarda a 
progressão de 
algumas complicações 
a longo prazo. Por 
exemplo, a incidência 
de retinopatia diminui 
com o melhor controle 
da glicemia e a 
diminuição dos níveis 
de HbA1c 
 
 
Os benefícios do controle rígido da glicemia superam 
os riscos aumentados de hipoglicemia grave na maioria 
dos pacientes. Ainda não está esclarecido como a 
hiperglicemia causa as complicações crônicas do 
diabetes. 
O aumento intracelular de sorbitol contribui para a 
formação da catarata no diabetes. Além disso, a 
hiperglicemia promove a glicação de proteínas 
celulares em uma reação análoga à formação de 
HbA1c. 
Sarah Silva Cordeiro | 2º período 2021.1 | Metabolismo| MEDICINA – FITS 
 
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Atualmente, não há 
tratamento preventivo 
para diabetes tipo 1. O 
risco para o diabetes tipo 2 
pode ser 
significativamente 
diminuído por um regime 
combinado de terapia 
nutricional médica, perda 
de peso, exercício e 
controle rigoroso dahipertensão e de 
dislipidemias. 
 
 
Referencias: 
Bioquímica ilustrada – 7ª edição – Ferrier, Denise R.

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