Estética Aula 1

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Estética
Aula 1: Conceitos de estética e suas principais correntes
Apresentação
Em todo lugar se fala em estética. Em viagem de férias, não escapamos das visitas turísticas: templos religiosos com
valores histórico, cultural e urbanístico. Residências e comerciais de TV são planejados e construídos de acordo com a
cultura de cada povo.
Seja curioso, saia por aí, fotografando, faça recortes de gravuras em revistas, pesquise sobre a vida de artistas, suas obras
de artes e salve-as. Visite exposições, galerias de arte, mostras de trabalhos de artistas clássicos ou contemporâneos, que
despertam o olhar para o potencial signi�cativo.
Nesta aula, abordaremos como a educação pode inserir a arte no currículo disciplinar e trazer para discussão a relevância
da cultura como mediadora na formação de identidades/humanidades.
Bons estudos!
Objetivo
Distinguir aspectos da formação do conceito de estética e suas principais correntes e modulações;
Reconhecer a estética como a natureza do belo e expressão da arte;
Identi�car a arte como parte inerente à cultura de todos os povos.
Aspectos da formação do conceito de estética
Você sabe o que signi�ca conhecimento estético?
Estética vem do grego aisthetiké, que signi�ca aquele que percebe. Na
�loso�a da arte, é conhecida como o estudo do sensível, da teoria sobre o
belo.
As bancas de jornal e revistas estão cheias de revistas sobre estética; nas avenidas principais de sua cidade, há vitrines de
roupas ou objetos, fachadas de clínicas de estética; faculdades de odontologia, oferecem cursos de especialização em estética
dentária; concessionárias investem em salões de beleza, serviços oferecidos nos centros de estética automotiva.
A palavra estética, ao longo do tempo:
1
Vestiu-se de metáforas
2
Atualizou-se
3
Rede�niu-se
4
Manteve sua relação com o sensível
Podemos perceber uma abertura para a temática da formação estética nas instituições educacionais como um discurso de
formação cultural. É importante inserir a arte e a cultura no contexto escolar, priorizando a formação das identidades do aluno.
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"A cultura traz expressões míticas, arquetípicas ou simbólicas
dos desejos e carências do homem, revestidos sempre com
os modismos do momento presente. Os investimentos
simbólicos persistem, pois são, ainda, a forma mais
econômica e simples não somente de eufemizar os
problemas humanos."
- ABREU; MOURA; VIEIRA (2019, p. 66)
Vamos entender melhor esses conceitos?
 Os objetivos da cultura 
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Os objetivos da cultura
A cultura tem como objetivos:
Buscar o prazer supremo da vida;
Suprimir a dor;
Preservar algum tempo para a desfrutação, luxo de pequenos mimos;
Incentivar/estimular a curiosidade;
Não racionalizar as emoções agradáveis.
Observe um exemplo na imagem a seguir.
 Os Bêbados (Triunfo de Baco) – Diego Velázquez (1629) | Fonte: https://en.wikipedia.org/ <https://en.wikipedia.org/wiki/The_Triumph_of_Bacchus>
O estudo da arte clássica surge na Grécia Antiga, por volta de 400 a.C. A escultura grega teve atribuições ornamentais,
religiosas, políticas e funerárias, cuja temática era exclusivamente humana e com a função de reproduzir seres perfeitos do
mundo das ideias.
As inovações artísticas estão revestidas de valores culturais, que variam de uma época a outra, e são subordinadas a modelos
de belo.
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Triumph_of_Bacchus
O que é belo?
História da arte
O estudo da arte clássica surge na Grécia
Antiga, por volta de 400 a.C. A escultura grega
teve atribuições ornamentais, religiosas,
políticas e funerárias, cuja temática era
exclusivamente humana e com a função de
reproduzir seres perfeitos do mundo das
ideias.
As inovações artísticas estão revestidas de
valores culturais, que variam de uma época a
outra, e são subordinadas a modelos de belo.
Dicionário Houaiss
Belo é forma, aparência, sensibilidade. A arte
tem o poder transformador de expandir e
mudar nossa consciência, re�etir desejos,
sentimentos e emoções.
Platão
O belo está pautado na noção de verdade.
Aristóteles
O que vai garantir o belo é a proporção, a
simetria. O �lósofo fala ainda em mimese,
que caracteriza a arte como processo de
imitação da natureza e da vida.
O mundo das ideias era caracterizado pela razão, não pela emoção. Por isso, as esculturas da época não expressavam
sentimentos.
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 Esculturas que não demonstram emoção 
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



Esculturas que não demonstram emoção
Observe, a seguir, várias esculturas cujas feições não demonstram o que sentem.
 Relevo funerário (séculos VIII a V a.C.) | Fonte: https://gl.wikipedia.org/ <https://gl.wikipedia.org/wiki/Escultura_da_Grecia_antiga>
https://gl.wikipedia.org/wiki/Escultura_da_Grecia_antiga
 Dama de Auxerre e O Moscóforo (Pastor de bezerro) | Fonte: https://pt.wikipedia.org <https://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_Ded%C3%A1lico / //greciantiga.org/img.asp?
num=0592>
 Afrodite de Cnido | Fonte: https://pt.wikipedia.org <https://pt.wikipedia.org/wiki/Afrodite_de_Cnido>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_Ded%C3%A1lico%20/%20//greciantiga.org/img.asp?num=0592
https://pt.wikipedia.org/wiki/Afrodite_de_Cnido
 Atribuído a Fídias: Hermes Logios | Fonte: https://pt.wikipedia.org <https://pt.wikipedia.org/wiki/Hermes_Ludovisi>
Como é possível um escultor representar o real por meio da mimese? 
 
Não seria aí uma idealização do que queria representar? 
 
Tudo bem, mas o que seria realmente a mimese e como ela foi aplicada ao longo da história? 
 
O eu seria o ideal e a idealização? 
 
Seria uma imitação ou apreensão dos sentidos?
"O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que
são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não
são. "
- PROTÁGORAS
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hermes_Ludovisi
 O conceito de mimese 
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O conceito de mimese
“Todo o processo estilístico de idealização baseia-se na acentuação de um aspecto particular do modelo ou de uma
redução aparente de algumas das características particulares do modelo para uma norma extrínseca.”  
ENCYCLOPEDIA OF WORLD ART (1959-1987, p. 672)
 Madonna by Cimabue / La Madonna gotica del paese / Late gothic sculpture | Fonte: https://it.wikipedia.org/wiki/Madonna_di_Castelfiorentino
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A obra de arte como imitação (mimese) entrou em choque
com a arte impressionista, cujos pintores preocupavam-se
com as impressões que a obra suscitava: o prazer, o
supremo bem da vida humana.
O �lósofo alemão Immanuel Kant (1724–1804) a�rmava
que o juízo estético é subjetivo, proveniente de sentimento e
prazer. É por meio dessas emoções que de�nimos o belo.
Hegel (1770–1831) já traz outra de�nição, o belo como
ideia do espírito é superior ao natural e não uma imitação da
natureza.
 Girl in the Garden at Bellevue – Edouard Manet (Zurich, 1880) | Fonte:
https://commons.wikimedia.org
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Edouard_Manet_-
_Girl_in_the_Garden_at_Bellevue.JPG>
 O impressionismo no Brasil 
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https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Edouard_Manet_-_Girl_in_the_Garden_at_Bellevue.JPG
O impressionismo no Brasil
No Brasil, podemos valorizar o artista impressionista Eliseu Visconti (1866), que produziu quadros, selos e cartazes de
propaganda.
 Eliseu Visconti - Carrinho de Criança (1916)
 A844 - Capa do primeiro número da Revue du Brésil editada em Paris – Novembro de 1896 – Matriz original de localização desconhecida.
"A publicidade foi, durante muitos anos, vista como a “arte de
exercer uma ação psicológica”, com traços mais presunçosos
e autoritários que informativos. No �nal dos anos 1980 e
início da década de 1990, a publicidade passou a
compreender a necessidade de voltar-se mais para a
conquista do consumidor. 
 
Tentou renovar linguagens e ampliar o contato com o
destinatário. Passou a explorar os recursos da mídia
impressa, televisiva,radiofônica, correio, internet, exposições,
feiras para propagar a arte. Apela para as novas articulações
de gra�smos, imagens �xas ou em movimento, além de sons,
jogos de luz ou variação de suportes. "
- ABREU; MOURA; VIEIRA (2019, p. 64)
Essas articulações são investimentos simbólicos que persistem como a forma mais econômica e simples para suavizar os
problemas humanos, além de trazer clareza e rapidez para sua compreensão e interpretação.
O estímulo do simbolismo, organização, cores, linhas e sons efetivam a beleza e podem atualizar o repertório cultural de quem
lê, a �m de levá-lo a fazer a interação da mensagem com seus desejos e pulsões (ABREU; MOURA; VIEIRA, 2019, p. 66), ainda
hoje é vigente no cinema e na publicidade.
"A cada dia lançam-se no mercado novas marcas ou
identidades e desaparecem milhares de outras, em um ciclo
desenfreado e vertiginoso de criações."
- ABREU; MOURA; VIEIRA (2019, p. 67-68)
O papel do artista é transformar ou recriar a arte e instaurar o desejo de ação.
"As estrelas de Hollywood, as modelos das passarelas, ainda
hoje, procuram expressar a beleza de outrem. O belo como
um Deus grego. "
- ABREU; MOURA; VIEIRA (2019, p. 27)
Práticas da arte: Abordagem cultural pragmática e axiológica
Vejamos a diferença entre cultura pragmática e cultura axiológica:
Cultura pragmática
Realista, objetiva. No campo das artes, a cultura
pragmática não pode demonstrar qualquer
coisa, nem dispensar a experiência artística. Ela
é ligada às artes e se propõe a analisar objetos e
ações humanas, entendendo estes como o
conjunto de estruturas simbólicas,
representações e valores culturais. 
Cultura axiológica
O que importa é a ideia. Para discutir o conceito
axiológico, apresentamos uma peça publicitária
da empresa Nestlé, produzida por Bernardo
Leite, em 15 de julho de 2006.
 Fonte: Desencannes, 2012.
"Aqui, ninguém julga se a peça funcionaria. O que vale é o
humor inteligente, a sacadinha, a propaganda impublicável.
Pode-se criar, comentar, discordar, defender. Mas o que
importa é a ideia pela ideia."
- DESENCANNES (2012)
O que tem mais valor, neste caso, é a publicidade como forma de humor, por meio da imagem e da escrita.
"A escolha de uma nova forma de expressão, uma nova
forma de se apresentar o belo, não é tarefa fácil: envolve
elementos incontroláveis que implicam acesso à mente do
consumidor, conhecimento das funções do produto,
acabamentos e habilidades para descrevê-las e associação
dos elementos do imaginário cultural com os do imaginário
particular da empresa e de determinados grupos sociais."
- ABREU; MOURA; VIEIRA (2019, p. 68-69)
Surgem novos conceitos com novos acabamentos de um determinado produto.
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 Exemplos de novos conceitos e acabamentos 
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Exemplos de novos conceitos e acabamentos
No exemplo abaixo, um design moderno de computadores, smartphones e tablets.
A seguir, o design de um produto usual, o �o dental:
 Fonte: https://www.techtudo.com.br
 Fonte: https://www.amway.pt
 Atividade
1 - Apresente conceitos de cultura pragmática e cultura axiológica. Justi�que com exemplos.
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2 - Faça uma análise estética cultural de cada uma das imagens a seguir:
 Noite Estrelada – Van Gogh | Fonte:
https://pt.wikipedia.org
 Fundo de cálice Propaganda | Fonte:
https://pt.wikipedia.org
 Cerveja Antártica | Fonte:
https://eliseuvisconti.com.br
Aspectos da formação do conceito de estética
É importante atentar-se para alguns aspectos da formação do conceito de estética:
1 A arte, imagens e os afetos O conhecimento sobre a arte e a estética tem um papel importante na formação de uma sociedade mais consciente.
2
Arte — Forma e criação 
Ligada ao princípio único do ser humano, capacidade de gerar e apreciar e perceber as coisas que nos rodeiam com
nossa visão e tato.
 Exemplos de novos conceitos e acabamentos 
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Exemplos de novos conceitos e acabamentos
 Guerrilheiro Che Guevara, de Alberto Korda
(1960) | Fonte: https://pt.wikipedia.org
 Einstein mostrando a língua, de Arthur Sasse
(1951) | Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br
 Garotinha nua Kim Phuc, fugindo de um
bombardeio de Napalm no Vietnam, de Nick Ut
(1972) | Fonte:
https://www.revistaprosaversoearte.com/
 Um soldado americano e uma enfermeira na
Times Square, Nova York, Estados Unidos, de Alfred
Eisenstaedt (1945) | Fonte:
https://artsandculture.google.com/
 Tank man, Tiananmen Square, Pequim, China, de
Jeff Widener (1989) | Fonte:
https://www.theguardian.com
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 Atividade
3 - Sabemos muito pouco sobre o conhecimento produzido pelos meios de informação e comunicação. Discuta as imagens
célebres, representadas a seguir, e o poder que elas exercem como informação e cultura visual.
a)
 Freud | Fonte: https://pt.wikipedia.org
b)
 Marilyn Monroe | Fonte: https://medium.com
c)
 Winston Churchill | Fonte:
https://www.infoescola.com
Referências
ABREU, A. S.; MOURA, M. F. de; VIEIRA, S. L. A. B. R. Estética da imagem. Rio de Janeiro: SESES, 2019.
BENJAMIN, Walter. Estética e sociologia da arte. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
BROWN, Dan. Origin, New York: Doubleday, 2017.
DAMÁSIO, António. A Estranha Ordem das Coisas, Lisboa: Temas e Debates, 2017.
DESENCANNES.com (2012). Disponível em: //www.desencannes.com.br/oquesomos/ Acesso em: 3 jun. 2019.
DEFOE, Daniel. Robinson Crusoe. trad. Domingos Demasi e Heloísa Seixas, Rio: Record, 2004.
DUARTE, Rodrigo (Org.). O belo autônomo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
ENCYCLOPEDIA OF WORLD ART. Greek art. New York: McGraw-Hill, 1959-1987. Volume VII, p. 672.
ENGELMANN, Ademir Antonio. Filoso�a da arte. Curitiba: IBPEX, 2012.
FREUD, Sigmund. Sobre a transitoriedade, trad. J. Salomão. Em: Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund
Freud (Vol. XIV). Rio de Janeiro: Imago. 1972 [1915].
ISAACSON, Walter. Steve Jobs: a Biogra�a, trad. Berilo Vargas, Denise Bottmann e Pedro Maia Soares, São Paulo: Cia das
Letras, 2017.
KANT, Immanuel. Critica da faculdade de julgar. Petrópolis: Vozes, 2016.
LAGO, Clenio. Experiência estética e formação a partir de Gadamer. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014.
NOYAMA, Samon. Estética e Filoso�a da Arte. Curitiba: InterSaberes, 2016.
NUNES, Benedito. Introdução à Filoso�a da Arte. São Paulo: Ática, 1991.
PLATÃO. A República. trad. Pietro Nassetti, São Paulo: Martin Claret, 2006.
PLATÃO. Fédon: diálogos sobre a alma e a morte de Sócrates, trad. Carlos A. Nunes, São Paulo: Martin Claret, 2002.
WILDE Oscar O Retrato de Dorian Gray trad Doris Goettems São Paulo: Landmark 2014
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WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. trad. Doris Goettems, São Paulo: Landmark, 2014.
Próxima aula
Principais correntes e suas modulações frente a outras formas de conhecimento;
Experiência estética — beleza e critérios de valor.
Explore mais
Leia O belo ideal e a teoria da mimese na história da escultura
<//repositorio.ul.pt/bitstream/10451/30427/2/ULFBA_TES_1022.pdf> , de Sérgio J. F. de Matos: 2016, que procura mostrar os
vários movimentos estéticos da Civilização Humana, relativamente ao conceito de Belo Ideal como Verossimilhança e de Belo
como Sublime, numa visão como cópia e como criação.
https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/30427/2/ULFBA_TES_1022.pdf