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Envelhecimento da população (redação corrigida) - modelo ENEM

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ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Países orientais, como Japão e China, são caracterizados pela intensa valorização dos idosos, os quais, apresentando-se em grande número, são sinônimo de sabedoria e foco de inovações tecnológicas capazes de suprir suas necessidades. Em contrapartida, no Brasil contemporâneo, o envelhecimento populacional ainda é recente e demanda adaptações na sociedade. Nesse sentido, percebe-se que os idosos enfrentam desafios, como o preconceito e a carência de infraestrutura.
Em primeiro plano, é imprescindível salientar os impactos das representações negativas em torno da terceira idade. Sob a ótica do filósofo francês Pierre Bourdieu, o comportamento do indivíduo é influenciado por padrões produzidos e reproduzidos socialmente. Nessa perspectiva, no meio social brasileiro configura-se a imagem negativa em torno do idoso, o qual, em razão da lógica capitalista, que glorifica e se pauta na juventude, é visto como inválido, limitado e incapaz de acompanhar a dinâmica da contemporaneidade, aspecto evidenciado pela equivocada representação midiática. Tal construção sociocultural dificulta a convivência com os idosos, o que, de acordo com dados do Ministério da Saúde, aumenta o número de casos de violência e abandono dos mais velhos, situações que acarretam elevação dos índices de depressão e suicídio desse grupo social.
Ademais, a infraestrutura do país é desfavorável a esses indivíduos. Nesse sentido, nota-se que não há no setor de saúde pública o desenvolvimento de programas que visem oferecer prevenção e cuidado de doenças características dessa parcela populacional, nem no setor previdenciário um sistema eficiente para viabilizar a aposentadoria a um maior número de cidadãos. Além disso, as ruas carecem de segurança e acessibilidade, impossibilitando os idosos de realizar suas atividades diárias. Tal conjuntura contraria a Teoria do Espaço Público proposta pela filósofa política Hanna Arendt, a qual afirmou a necessidade de os ambientes incluírem a todos os indivíduos do espectro social, uma vez que não há aparato democrático para garantir qualidade de vida aos idosos no contexto de inversão da pirâmide etária brasileira.
Portanto, são imprescindíveis mudanças para adaptar o país ao envelhecimento populacional. Primordialmente, é função da mídia e das instituições escolares promoverem a desconstrução da imagem negativa do idoso, através da eliminação do estereótipo de inválido e incapaz. Outrossim, cabe ao Ministério da Saúde o desenvolvimento de programas adequados ao novo quadro demográfico brasileiro, por intermédio do oferecimento de prevenção e assistência constante para doenças, como diabetes e hipertensão, com o objetivo de contemplar a ampliação da população idosa, para garantir um processo de envelhecimento saudável. Ademais, é papel do Estado promover as reformas previdenciária e urbana, a fim de possibilitar autonomia aos idosos. Dessa forma, será possível aproximar o Brasil do tratamento oferecido ao idoso no mundo oriental.

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