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Tempo e Pandemia

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1 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
 
 
DISCIPLINA: Teoria e Metodologia da História II 
DOCENTE: Dra. Rebeca Gontijo Teixeira 
 
NOME: Bruna Nunes Penha 
MATRÍCULA: 20190071681 
 
 
 
 
 
 
Tempo e pandemia 
 
 
 
 
 
 
Seropédica 
2020.1 
2 
 
Tempo e pandemia 
Desde que a pandemia se iniciou no fim de 2019, nós temos sentido uma enorme diferença em 
relação ao tempo, e como o utilizamos nessa longa quarentena. A cada dia que passa, e quanto 
mais vivemos esse momento histórico, percebemos que o tempo vem acontecendo de uma 
maneira, digamos, repetitiva e acelerada, não só no mundo, mas no nosso próprio dia-a-dia. 
Rotinas criadas e quebradas, ânimo subindo e descendo, tal qual uma montanha russa, ansiedade 
constante, entre outras diversas coisas que estão afetando toda humanidade de maneira física e 
emocional. 
Nesse trabalho pretendo explicar por base de leituras e vivencia como o tempo tem sido nosso 
inimigo, mas ao mesmo tempo, nosso grande amigo, e como parece que o mundo e, 
principalmente a sociedade brasileira, vem se adaptando a essas diversas mudanças que foi 
preciso abraçar desde o início dessa pandemia. 
De acordo com Suichi Kato, existem vários tipos de tempo na história do mundo seguindo a 
cultura de cada sociedade, mas minha intenção é focar aqui, em apenas 3 tipos de tempos citados 
pelo escritor: o tempo na Grécia Antiga, o tempo na China Antiga, e o tempo na cultura japonesa 
(segundo tipo de tempo). 
O que todos esses tempos tem em comum, é a crença de suas sociedades no tempo cíclico, 
infinito. Os povos que viveram nessas sociedades acreditavam que de alguma maneira, um 
acontecimento histórico do passado poderia vir a se repetir no presente, de maneira totalmente 
igual, ou apenas com alguns aspectos parecidos. 
Se essas visões históricas são as corretas e usadas pelo mundo, não cabe afirmar ou negar nesse 
trabalho, irei apenas me basear nelas para desenvolver um pensamento de que o que estamos 
vivendo hoje com a COVID-19, parece um fenômeno que já se repetiu não apenas uma vez, 
mas diversas vezes na história do mundo. 
Para não citar todos, irei focar na Gripe Espanhola que ocorreu nos anos de 1918 e 1919. De 
acordo com pesquisas, nos livramos dessa pandemia, com no mínimo 50 milhões de mortos no 
mundo todo. A Gripe Espanhola, assim como o COVID-19, se manifestou bem rápido pelos 
continentes, colapsando o sistema de saúde, sem nenhum conhecimento sobre tratamento e 
utilizando remédios ineficazes. 
3 
 
Alguns locais aderiram medidas emergenciais como hospitais e leitos improvisados, isolamento 
social, e o uso de mascaras. Foi perceptível também que as mortes estavam se relacionando a 
classe social, ou seja, os mais pobres eram os que mais morriam. 
Descrever a Gripe Espanhola é como descrever a pandemia atual do Corona Vírus. Tudo parece 
se repetir, sem exceções, mesmo tendo acontecido há mais de 100 anos atras. 
Acredito que podemos dizer que no Brasil, a situação esta um pouco (ou muito) mais 
complicada do que no restante do mundo. Sendo liderado por um governo negacionista, 
precauções que deveriam ter ocorrido no início para antecipar toda a catástrofe atual, foram 
ignoradas. A influência sobre a população para o uso de remédios comprovados cientificamente 
ineficazes como tratamento precoce, a desvalorização da ciência, a demora nas compras de 
vacinas e as fake news também tem agravado o problema. 
Com todas essas adversidades vindo contra a sociedade brasileira, a sensação que temos é a de 
que o vírus está sempre ganhando mais uma batalha, se botando vários passos a nossa frente, 
principalmente com a chegada de novas variantes do vírus, podendo ser ainda mais perigosas. 
Com a chegada dessas mutações, houve uma necessidade ainda maior de “acelerar” o nosso 
tempo. Apesar da desvalorização e do desmonte da ciência brasileira, o que geralmente 
demoraria anos para ser estudado e realizado, nossos cientistas conseguiram, por base de 
estudos anteriores, criar vacinas capazes de amenizar os sintomas e o risco do vírus em um 
tempo consideravelmente curto. 
Por conta da rapidez, criaram-se diversas fake news sobre a vacina, falando sobre sua ineficácia, 
sobre os sintomas após toma-las, sobre a possibilidade de ser mortal, e chegaram até a associar 
o conteúdo da vacina com profecias religiosas. Isso se deu por boa parte dos apoiadores de um 
governo negacionista, aproveitando-se da população que se informa majoritariamente pelas 
redes sociais. 
Com a necessidade de ficarmos em casa, fez-se necessário mudanças na nossa rotina. 
Precisamos então, de uma hora para outra aprender a fazer tudo de casa, reuniões via chamadas 
de vídeo, aulas a distância, home office. Para quem pode ficar em casa, se torna uma luta diária 
contra o tempo, e a rotina se torna repetitiva todos os dias. Mesmo com a agenda lotada de 
coisas para fazer em casa, do trabalho doméstico ao home office, dos exercícios físicos ao 
descanso, o tempo parece estar estagnado, não passa nunca, não se move, por isso, apesar de 
4 
 
sermos os mais produtivos possíveis, o tempo lento nos faz achar que não estamos dando o 
nosso melhor, e temos a sensação de que essa crise nunca vai acabar. 
Apesar dessa sensação de lentidão, o poema “O Tempo” de Tadeu Goes, expressa um pouco 
sobre a sensação de aceleração (que conseguimos sentir ao mesmo tempo que a de lentidão) 
vivenciada no nosso dia-a-dia pandêmico. Ele expressa bem em poucas linhas o que muitas 
pessoas já estão cansadas de sentir: o cansaço físico e mental, a velocidade de informações ruins 
(apesar de necessárias) e a vontade de se desligar um pouco. 
Toda vez que ligamos a TV num noticiário, ou abrimos uma rede social, ou um jornal eletrônico, 
somos bombardeados pelas informações. Não temos tempo de parar, pensar, respirar e absorver 
essas notícias. Uma quantidade absurda de mortes, políticos usando do colapso da saúde para 
roubar, violência no mundo inteiro, ou problemas até no nosso meio pessoal. Não temos tempo 
de relaxar, de ter esperança, vem tudo em cima da gente em uma velocidade absurda. 
Essa aceleração não vem apenas nas notícias, mas em como o vírus se propaga e tira a vida das 
pessoas. Se compararmos os números de hoje com os números de mais de 100 anos atras quando 
acontecia a Gripe Espanhola no Brasil, veremos que hoje temos um número de mortes 10 vezes 
maior do que o que tínhamos quando a pandemia da Gripe Espanhola terminava aqui. 
Com tudo o que temos vivido desde o inicio de 2020, nos torna saudoso e distante os anos 
anteriores a este. A saudade de poder sair com nossos amigos, de abraça-los, de vivenciar 
shows, peças de teatro, partidas de futebol, um bloco de rua no Carnaval. Tudo isso, de alguma 
maneira se tornou apenas parte do nosso passado. 
As mídias precisaram se adaptar, e para nos trazer um pouco de lazer começou a passar reprises 
de novelas antigas, jogos de futebol que passaram quando nossos pais talvez nem fossem 
nascidos. E ao assistir o que vem de um passado, agora muito distante, temos a sensação de 
“desordem do tempo”, como disse a Profª Renata Dal Sasso, no seu artigo “Os sonhos dos 
nostálgicos”, a sensação de viver o passado no presente. 
Para finalizar, repito o que disse no inicio desse trabalho: estamos de alguma maneira vivendo 
em um tempo cíclico, infinito, com repetições que poderiam ser previstas se olhássemos para o 
nosso passado com mais sabedoria. 
Conseguimos presenciar um tempo lento e um tempo rápido no mesmo instante, com a sensação 
de que não saímos do mesmo lugar, e sem noção de quando vamos sair dessa crise e com uma 
grande incerteza sobre o nosso futuro, não só do país, mas do mundo. 
5 
 
Como disse a historiadora Ana Tereza Landolfi Toledo, estamos vivendo um “futuro em stand-
by, uma espécie de tempo em suspensão”. Está sendo tirado dos indivíduos as únicas coisasque 
infelizmente não podemos recuperar: a vida e o tempo. E com isso apenas esperamos enquanto 
fazemos a nossa parte, para essa pandemia acabar o mais rápido possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Referências bibliográficas 
• REIS, Marlon Ferreira. A Historicidade dos Prognósticos: reflexões acerca da 
distribuição da morte por COVID-19. Disponível em: https://hhmagazine.com.br/a-
historicidade-dos-prognosticos-reflexoes-acerca-da-distribuicao-da-morte-por-covid-
19/. Acesso em: 15/04/2021. 
• HARTOG, François. A Covid e o tempo: “Who is in the driver’s seat”? Disponível 
em: https://hhmagazine.com.br/a-covid-e-o-tempo-who-is-in-the-drivers-seat/. Acesso 
em: 15/04/2021. 
• MARCIANO, Matheus Silva. Melancolia e temporalidade. Disponível em: 
https://hhmagazine.com.br/melancolia-e-temporalidade/. Acesso em: 15/04/2021. 
• SASSO, Renata Dal. O sonho dos nostálgicos. Disponível em: 
https://hhmagazine.com.br/o-sonho-dos-nostalgicos/. Acesso em: 15/04/2021. 
• GOES, Tadeu. O Tempo. Disponível em: https://hhmagazine.com.br/o-tempo/. Acesso 
em: 15/04/2021. 
• TOLEDO, Ana Tereza Landolfi. Reflexões na quarentena: como os tempo de crise 
nos revisitam? Disponível em: https://hhmagazine.com.br/reflexoes-na-quarentena-
como-os-tempos-de-crise-nos-revisitam/. Acesso em: 15/04/2021. 
• GLEZER, Raquel. Tempo e História. Revista Cien. e Cult, São Paulo, vol.54, no.2, 
2002. Disponível em: 
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-
67252002000200021. Acesso em: 15/04/2021. 
• KATO, Shuichi. A cultura do “agora = aqui”. In:. Tempo e espaço na cultura 
japonesa. São Paulo: Estação Liberdade, 2012, p. 245-275.) 
• TEIXEIRA, Rebeca Gontijo. Tempo, temporalidades, historicidade. 2021. 38 slides. 
• SILVA, Daniel Neves. Gripe Espanhola. História do Mundo. Disponível em: 
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/gripe-espanhola.htm. 
Acesso em: 15/04/2021. 
 
https://hhmagazine.com.br/a-historicidade-dos-prognosticos-reflexoes-acerca-da-distribuicao-da-morte-por-covid-19/
https://hhmagazine.com.br/a-historicidade-dos-prognosticos-reflexoes-acerca-da-distribuicao-da-morte-por-covid-19/
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