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Série de Fourier Uma função periódica (continuação) Podemos ainda simpli�car a notação desta equação, fazendo h (θ) = 1 π lim N→∞ ˆ 2π 0 dϕh (ϕ) GN (ϕ, θ) , (1) onde de�nimos GN (ϕ, θ) ≡ 1 2 + N∑ n=1 [sen (nθ) sen (nϕ) + cos (nθ) cos (nϕ)] . É importante que eu alerte você para o fato de que G (ϕ, θ) é meramente uma notação, pois essa soma in�nita não é bem de�nida, pois não converge, exceto quando a integral sobre ϕ for realizada. Logo, essa �função� só tem sentido dentro do integrando acima. Mas, facilita nosso cálculo agora, pois temos que escrever menos. Como sen (nθ) sen (nϕ) + cos (nθ) cos (nϕ) = cos [n (θ − ϕ)] e já sabemos que cos (γ) = exp (iγ) + exp (−iγ) 2 , segue que sen (nθ) sen (nϕ) + cos (nθ) cos (nϕ) = exp [in (θ − ϕ)] + exp [−in (θ − ϕ)] 2 . Então, GN (ϕ, θ) = 1 2 + N∑ n=1 [ exp [in (θ − ϕ)] + exp [−in (θ − ϕ)] 2 ] = 1 2 + 1 2 N∑ n=1 exp [in (θ − ϕ)] + 1 2 N∑ n=1 exp [−in (θ − ϕ)] = 1 2 + 1 2 N∑ n=1 exp [in (θ − ϕ)] + 1 2 −N∑ n=−1 exp [in (θ − ϕ)] = 1 2 −1∑ n=−N exp [in (θ − ϕ)] + 1 2 + 1 2 N∑ n=1 exp [in (θ − ϕ)] . Mas, exp [in (θ − ϕ)] = 1, 1 quando n = 0. Logo, GN (ϕ, θ) = 1 2 N∑ n=−N exp [in (θ − ϕ)] . Substituindo este resultado notacional de volta na Eq. (1), vem h (θ) = 1 π lim N→∞ ˆ 2π 0 dϕh (ϕ) 1 2 N∑ n=−N exp [in (θ − ϕ)] , isto é, h (θ) = lim N→∞ N∑ n=−N [ 1 2π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ)h (ϕ) ] exp (inθ) , que é exatamente o signi�cado da seguinte notação: h (θ) = +∞∑ n=−∞ [ 1 2π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ)h (ϕ) ] exp (inθ) , Portanto, h (θ) = +∞∑ n=−∞ cn exp (inθ) , (2) onde cn ≡ 1 2π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ)h (ϕ) . (3) O que queremos é ter uma aproximação para f (θ) e, portanto, queremos saber se é possível termos, para todo θ, h (θ) = f (θ) se escolhermos os coe�cientes e a expanção das Eqs. (2) e (3) trocando h (θ) por f (θ) . Aí essas equações, agora escritas f (θ) = +∞∑ n=−∞ cn exp (inθ) , (4) onde cn ≡ 1 2π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f (ϕ) . (5) dão a representação complexa da chamada série de Fourier. Resta saber agora isso sempre vale, ou seja, serve para qualquer função periódica f (θ)? E se f (θ) não for periódica? Teria como aproximá-la por uma série de Fourier assim mesmo? 2 Convergência da série de Fourier Aqui vamos fazer algo similar ao que o problema 10.18 do livro do Boyce et al. faz. Suponhamos que f (θ) e sua primeira derivada sejam contínuas, pelo menos em pedaços, sobre os reais. Então, usando a Eq. (5) obtemos ncn = 1 2π ˆ 2π 0 dϕn exp (−inϕ) f (ϕ) = i 2π ˆ 2π 0 dϕ [ d dϕ exp (−inϕ) ] f (ϕ) = i 2π ˆ 2π 0 dϕ d dϕ [exp (−inϕ) f (ϕ)]− i 2π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) d dϕ f (ϕ) = i 2π exp (−inϕ) f (ϕ)|2π0 − i 2π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f ′ (ϕ) = i 2π [exp (−in2π) f (2π)− exp (−in× 0) f (0)] − i 2π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f ′ (ϕ) = − i 2π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f ′ (ϕ) . Mas, então, |ncn| = ∣∣∣∣(− i2π )[ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f ′ (ϕ) ]∣∣∣∣ = ∣∣∣∣− i2π ∣∣∣∣ ∣∣∣∣ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f ′ (ϕ) ∣∣∣∣ = 1 2π ∣∣∣∣ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f ′ (ϕ) ∣∣∣∣ 6 1 2π ˆ 2π 0 |dϕ exp (−inϕ) f ′ (ϕ)| = 1 2π ˆ 2π 0 dϕ |exp (−inϕ)| |f ′ (ϕ)| = 1 2π ˆ 2π 0 dϕ |f ′ (ϕ)| . Logo, como 1 2π ˆ 2π 0 dϕ |f ′ (ϕ)| < ∞, segue que ncn é limitado quando n → ∞. Isto é, como 12π ´ 2π 0 dϕ |f ′ (ϕ)| é um número que não depende de n e é �nito porque f ′ (ϕ) é contínua, segue que 3 quando n cresce ilimitadamente, então ncn não diverge: lim n→∞ |cn| 6 lim n→∞ 1 2π ´ 2π 0 dϕ |f ′ (ϕ)| n = 0. Vamos supor também que f (θ) é contínua sobre reais e f ′ (θ) e a segunda derivada f ′′ (θ) também são contínuas, pelo menos em pedaços, sobre os reais. Agora, ainda usando a Eq. (5), temos que n2cn = 1 2π ˆ 2π 0 dϕn2 exp (−inϕ) f (ϕ) = in 2π ˆ 2π 0 dϕ [ d dϕ exp (−inϕ) ] f (ϕ) = in 2π ˆ 2π 0 dϕ d dϕ [exp (−inϕ) f (ϕ)]− i 2π ˆ 2π 0 dϕn exp (−inϕ) f ′ (ϕ) = in 2π exp (−inϕ) f (ϕ)|2π0 − i 2π ˆ 2π 0 dϕn exp (−inϕ) f ′ (ϕ) = − i 2π ˆ 2π 0 dϕn exp (−inϕ) f ′ (ϕ) . Mas, iterando o que acabamos de fazer, obtemos n2cn = 1 2π ˆ 2π 0 dϕ [ d dϕ exp (−inϕ) ] f ′ (ϕ) = 1 2π ˆ 2π 0 dϕ d dϕ [exp (−inϕ) f ′ (ϕ)]− 1 2π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f ′′ (ϕ) = 1 2π exp (−inϕ) f ′ (ϕ)|2π0 − 1 2π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f ′′ (ϕ) . Quando uma função é periódica, f (θ + 2π) = f (θ) , podemos tomar a derivada e voilà: f ′ (θ + 2π) = f ′ (θ) , isto é, sua derivada é periódica também! Assim, n2cn = − 1 2π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f ′′ (ϕ) e, portanto, ∣∣n2cn∣∣ = ∣∣∣∣− 12π ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f ′′ (ϕ) ∣∣∣∣ 4 = 1 2π ∣∣∣∣ˆ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f ′′ (ϕ) ∣∣∣∣ 6 1 2π ˆ 2π 0 dϕ |exp (−inϕ) f ′′ (ϕ)| = 1 2π ˆ 2π 0 dϕ |exp (−inϕ)| |f ′′ (ϕ)| = 1 2π ˆ 2π 0 dϕ |f ′′ (ϕ)| . Logo, como 1 2π ˆ 2π 0 dϕ |f ′′ (ϕ)| < ∞, segue que n2cn é limitado quando n→∞, isto é, lim n→∞ |cn| 6 lim n→∞ 1 2π ´ 2π 0 dϕ |f ′′ (ϕ)| n2 = 0. O que acontece agora com a série S ≡ +∞∑ n=−∞ |cn|? Acabamos de ver que ∣∣n2cn∣∣ 6 Ξ, com Ξ ≡ 1 2π ˆ 2π 0 dϕ |f ′′ (ϕ)| . Portanto, |cn| 6 Ξ n2 e, assim, +∞∑ n=1 |cn| 6 +∞∑ n=1 Ξ n2 = Ξ +∞∑ n=1 1 n2 . 5 Há a chamada função zeta de Riemann, ζ (s) ≡ +∞∑ n=1 1 ns e temos um resultado, que poderemos ver no �m deste curso, que dá ζ (2) = π2 6 . Então, +∞∑ n=1 |cn| 6 Ξ π2 6 . Mas, também, 1∑ n=−∞ |cn| 6 −1∑ n=−∞ Ξ n2 = Ξ +∞∑ n=1 1 n2 = Ξ π2 6 . Portanto, S = +∞∑ n=−∞ |cn| = −1∑ n=−∞ |cn|+ |c0|+ +∞∑ n=1 |cn| 6 Ξ π2 6 + |c0|+ Ξ π2 6 e, assim, +∞∑ n=−∞ |cn| 6 Ξ π2 3 + |c0| <∞, ou seja, esta série converge. Olhando agora a Eq. (4), vemos que∣∣∣∣∣ +∞∑ n=−∞ cn exp (inθ) ∣∣∣∣∣ 6 +∞∑ n=−∞ |cn| |exp (inθ)| = +∞∑ n=−∞ |cn|Ξ π2 3 + |c0| <∞, mostrando que a série de Fourier, neste caso, converge absolutamente para todo θ. 6
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