Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Série de Fourier Digressão: uma brevíssima revisão sobre séries de potências 1. Uma série de potências y = ∞∑ n=0 an (x− x0)n converge no ponto x se o limite lim M→∞ M∑ n=0 an (x− x0)n existe para esse ponto x. 2. Uma série de potências y = ∞∑ n=0 an (x− x0)n converge absolutamente no ponto x se a série ∞∑ n=0 |an (x− x0)n| = ∞∑ n=0 |an| |x− x0|n converge. Se uma série converge absolutamente, então a série converge. A recíproca não é necessariamente válida. 3. Teste da razão: se an 6= 0 e se, para um valor �xo de x, lim n→∞ ∣∣∣∣∣an+1 (x− x0)n+1an (x− x0)n ∣∣∣∣∣ = |x− x0| limn→∞ ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣ = |x− x0|L, então a série de potências converve absolutamente para o valor �xo x se |x− x0|L < 1 e diverge se |x− x0|L > 1. Caso |x− x0|L = 1, então o teste é inconclusivo. 1 Exemplo: problema 10.3.15 (p. 613) Encontre a solução formal do problema de valor inicial y′′ + ω2y = f (t) , com y (0) = 0 e y′ (0) = 0, onde a função f (t) é periódica com período 2π e f (t) = 1, 0 < t < π; 0, t = 0, π, 2π; −1, π < t < 2π. (1) Resposta: y = 4 π ∞∑ n=1 1 ω2 − (2n− 1)2 { 1 2n− 1 sen [(2n− 1) t]− 1 ω sen (ωt) } . Resolução: Note que a equação homogênea associada é y′′h + ω 2yh = 0 e sua solução �ca yh (t) = a cos (ωt) + bsen (ωt) . Aí, somada a esta solução, precisamos de uma solução particular da equação inomogênea, yp (t) , que deve satisfazer y′′p + ω 2yp = f (t) . (2) Como já sabemos, a solução geral da equação diferencial dada é a soma y (t) = yp (t) + yh (t) = yp (t) + a cos (ωt) + bsen (ωt) . A derivada desta solução geral dá y′ (t) = y′p (t)− aωsen (ωt) + bω cos (ωt) . 2 Impondo as condições iniciais acima, devemos ter yp (0) + a = 0 e y′p (0) + bω = 0. Como a �fonte�, f (t) , é periódica com período 2π, podemos expandi-la como uma série de Fourier, f (t) = +∞∑ n=−∞ cn exp (int) . Mas vemos que f (t) é anti-simétrica com relação à origem, isto é, f (−t) = −f (t) . Então, +∞∑ n=−∞ cn exp (−int) = − +∞∑ n=−∞ cn exp (int) , ou seja, −∞∑ n=+∞ c−n exp (int) = − +∞∑ n=−∞ cn exp (int) , ou ainda, +∞∑ n=−∞ (cn + c−n) exp (int) = 0. Como as funções exp (int) , com n ∈ Z, são linearmente independentes, segue que c−n = −cn. Com isso, f (t) = +∞∑ n=−∞ cn exp (int) = −1∑ n=−∞ cn exp (int) + c0 + +∞∑ n=1 cn exp (int) = +∞∑ n=1 c−n exp (−int) + c0 + +∞∑ n=1 cn exp (int) = − +∞∑ n=1 cn exp (−int) + +∞∑ n=1 cn exp (int) , 3 já que c0 = 0, pois c−n = −cn implica c−0 = −c0. Logo, f (t) = +∞∑ n=1 2icn [ exp (int)− exp (−int) 2i ] = +∞∑ n=1 2icnsen (nt) . Então, fazendo dn ≡ 2icn, escrevemos f (t) = +∞∑ n=1 dnsen (nt) . Ignorando, por enquanto, os pontos de descontinuidade de f (t) , isto é, t = 0, π, 2π, os coe�cientes coe�cientes cn são dados pela Eq. (??), ou seja, cn = 1 2π ∫ 2π 0 dϕ exp (−inϕ) f (ϕ) . Então, agora é só usar a Eq. (1), isto é, cn = 1 2π ∫ π 0 dϕ exp (−inϕ) f (ϕ) + 1 2π ∫ 2π π dϕ exp (−inϕ) f (ϕ) , 4 já que os casos em pontos discretos não contribuem para as integrais. Assim, cn = 1 2π ∫ π 0 dϕ exp (−inϕ) − 1 2π ∫ 2π π dϕ exp (−inϕ) = i 2πn [exp (−inπ)− 1] − i 2πn [exp (−2inπ)− exp (−inπ)] = i 2πn [exp (−inπ)− 1] − i 2πn [1− exp (−inπ)] = i πn [exp (−inπ)− 1] . Note que exp (−inπ) = cos (nπ)− isen (nπ) = (−1)n . Assim, cn = i πn [(−1)n − 1] e dn = 2icn = − 2 πn [(−1)n − 1] = 2 πn [1− (−1)n] . Portanto, f (t) = +∞∑ n=1 2 πn [1− (−1)n] sen (nt) = +∞∑ 2m+1=1 2 π (2m+ 1) [ 1− (−1)2m+1 ] sen [(2m+ 1) t] = +∞∑ m=0 4 π (2m+ 1) sen [(2m+ 1) t] = +∞∑ k−1=0 4sen [(2k − 1) t] π (2k − 1) = +∞∑ k=1 4sen [(2k − 1) t] π (2k − 1) . 5 Substituindo este resultado na Eq. (2), vem y′′p + ω 2yp = +∞∑ n=1 4sen [(2n− 1) t] π (2n− 1) . (3) O truque agora é testar se a solução particular também tenha período 2π e que é dada por yp (t) = +∞∑ n=−∞ c̃n exp (int) . As derivadas dão y′p (t) = +∞∑ n=−∞ inc̃n exp (int) e y′′p (t) = − +∞∑ n=−∞ n2c̃n exp (int) . Substituindo na Eq. (3), obtemos +∞∑ k=−∞ ( −k2 + ω2 ) c̃k exp (ikt) = +∞∑ n=1 4sen [(2n− 1) t] π (2n− 1) , isto é, +∞∑ k=−∞ ( −k2 + ω2 ) c̃k cos (kt) + i +∞∑ k=−∞ ( −k2 + ω2 ) c̃ksen (kt) = +∞∑ n=1 4sen [(2n− 1) t] π (2n− 1) . Por causa da independência linear das funções seno e cosseno, vemos que, nec- essariamente, c̃−k = −c̃k 6 e os k's têm que ser ímpares. Com isso, yp (t) = +∞∑ n=−∞ c̃n exp (int) = −1∑ n=−∞ c̃n exp (int) + c̃0 + +∞∑ n=1 c̃n exp (int) = +1∑ n=+∞ c̃−n exp (−int) + +∞∑ n=1 c̃n exp (int) = − +1∑ n=+∞ c̃n exp (−int) + +∞∑ n=1 c̃n exp (int) = +∞∑ n=1 2ic̃nsen (nt) com y′′p (t) = − +∞∑ k=1 k22ic̃ksen (kt) . Usando novamente a Eq. (3), com essas novas expressões, vem +∞∑ k=1 ( −k2 + ω2 ) 2ic̃ksen (kt) = +∞∑ n=1 4sen [(2n− 1) t] π (2n− 1) . Porque as funções sen (kt) com k's pares são linearmente independentes das funções sen (kt) com k's ímpares, segue que c̃k = 0 para todos os k's pares. Logo, só não são nulos os k's ímpares e, identi�cando os coe�centes dos membros esquerdo e direito da equação acima, vemos que[ − (2n− 1)2 + ω2 ] 2ic̃2n−1 = 4 π (2n− 1) , ou seja, 2ic̃2n−1 = 4 π (2n− 1) [ − (2n− 1)2 + ω2 ] . Como yp (t) = +∞∑ k=1 2ic̃2k−1sen [(2k − 1) t] , 7 segue que yp (t) = +∞∑ k=1 4sen [(2k − 1) t] π (2k − 1) [ − (2k − 1)2 + ω2 ] . Agora a solução geral �ca y (t) = yp (t) + a cos (ωt) + bsen (ωt) . = +∞∑ k=1 4sen [(2k − 1) t] π (2k − 1) [ − (2k − 1)2 + ω2 ] + a cos (ωt) + bsen (ωt) . Impondo as condições iniciais, vemos que y (0) = a = 0 e, então, como acabamos de encontrar que a = 0, temos y (t) = +∞∑ k=1 4sen [(2k − 1) t] π (2k − 1) [ − (2k − 1)2 + ω2 ] + bsen (ωt) . A derivada desta função dá y′ (t) = +∞∑ k=1 4 cos [(2k − 1) t] π [ − (2k − 1)2 + ω2 ] + ωb cos (ωt) . Mas, y′ (0) = 0 e, portanto, 0 = +∞∑ k=1 4 π [ − (2k − 1)2 + ω2 ] + ωb, isto é, b = +∞∑ k=1 4 πω [ (2k − 1)2 − ω2 ] . Logo, y (t) = +∞∑ k=1 4sen [(2k − 1) t] π (2k − 1) [ − (2k − 1)2 + ω2 ] + +∞∑ k=1 4 πω [ (2k − 1)2 − ω2 ] sen (ωt) = +∞∑ k=1 4 π [ (2k − 1)2 − ω2 ] {− sen [(2k − 1) t] (2k − 1) + 1 ω sen (ωt) } 8 e vemos que obtemos a resposta do livro-texto: y = 4 π ∞∑ n=1 1 ω2 − (2n− 1)2 { 1 2n− 1 sen [(2n− 1) t]− 1 ω sen (ωt) } . 9
Compartilhar