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Prova Material - Material - Material Revista Científi ca do Departamento da Polícia Técnica, vinculado à Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia. Av.Centenário, s/nº, Vale dos Barris, Salvador/ Bahia, CEP 40.100-180. Telefone/Fax (71) 3116-8792. Diretoria: Telefone (71) 3116-8701 – Fax (71) 3116-8787. Esta revista é um periódico quadrimestral com distribuição gratuita. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Tiragem desta edição 1000 exemplares, 32p. EXPEDIENTE Fotografi as: Paulo Lázaro / Silvio N. Amorim Arquivo DPT Capa Fábio Souza / Eudaldo Francisco dos Santos Filho Secretária Tânia Cristina Brites Gesteira Conselho Editorial: Adriana Santana Queiroz Melo (ICAP) Antonio César Morant Braid (ICAP) Elson Jeffeson Neves da Silva (LCPT) José Antonio Vilela Dourado(IIPM) Hélio Paulo de Matos Júnior (IMLNR) Luis Geraldo Nascimento Luciano de Sena (ICAP) Maria de Lourdes Sacramento Andrade (DIPT) Paulo César Teixeira Vieira (ICAP) Raul Coelho Barreto Filho (IMLNR) Socorro de Maria de A. A. Ferreira (IIPM) Tania Cristina Brites Gesteira (LCPT) Obs.: Por questões técnicas a listagem do Conselho Editorial não saiu completa nas edições 3 e 4. Prova Material - v. 2 - n. 4 - abril 2005 – Salvador: Departamento de Policia Técnica, 2005. Quadrimestral ISSN 1679-818X 1. Criminalística – Bahia – Periódico CDU 343.9 (813.8) (05) Paulo Ganem Souto Governador do Estado da Bahia Gen. Edson Sá Rocha Secretário da Segurança Pública Luiz Eduardo Carvalho Dorea Diretor Geral do Departamento de Polícia Técnica Antonio dos Santos Vital Neto Coordenador Executivo Rita de Cássia Monteiro de Carvalho Diretora do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues Iracilda Mª de Oliveira Santos Conceição Diretora do Instituto de Identifi cação Pedro Mello Marcelo Antonio Sampaio Lemos Costa Diretor do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto José Felice Cunha Deminco Diretor do Laboratório Central da Polícia Técnica Maria de Lourdes Sacramento Andrade Diretora do Interior da Polícia Técnica Editora Geral Mariacelia Vieira Jornalista - RG DRT/MG nº 2266 Editor Gráfi co Luciano Soares Rêgo Jornalista RG MTB nº 958 Artefi nalista Fábio Souza 4 5 SUMÁRIO 06 07 10 12 15 19 23 29 30 Editorial .................................................................................................................... Reestruturação e Interiorização do Departamento de Polícia Técnica (Artigo de Discussão) Élson Jeffeson Neves da Silva ............................................................................... O Exame de DNA em Amostras Forenses (Artigo de Atualização) Márcia Valéria Fernandes Diederiche Lima dos Santos ...................................... A Tecnologia Digital na Identificação Balística (Ponto de Vista) Adeir Boida Andrade ............................................................................................... Retrato Falado com Retoques Subjetivos de Personagens Históricos (Artigo Original) Filomena Maria Marques Modesto Orge ............................................................... A Formação das Cristas Papilares e a Identificação Necropapiloscópica Através do Tecido Dermal (Relato de Caso) Marco Aurélio Luz Dultra ........................................................................................ Visibilidade Paradoxal do Aborto em Salvador – Uma Contribuição Médico-Legal (Artigo Original) Lídia Ramos de Araújo ............................................................................................ Resenha Literária ......................................................................................................... Normas ............................................................................................................................ 6 EDITORIAL O DNA CHEGA À BAHIA A Bahia implanta, ainda no primeiro semestre desse ano, o seu Laboratório Regional de DNA, destinado a exames periciais em material genético, que envolvam fatos criminais. O desafio agora é superar todas as etapas de ajustes dos equipamentos e treinamento dos Peritos, para estar emitindo laudos até o mês de Dezembro. Instalado no Laboratório Central do Departamento de Polícia Técnica da Secretaria da Segurança Pública, a unidade de Genética Forense foi equipada com recursos da ordem de R$1 milhão, provenientes da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), do Ministério da Justiça. A previsão inicial é de que oito Peritos Criminais e quatro Peritos Técnicos façam todo o trabalho da unidade. O laboratório faz parte da Rede Nacional de Genética Forense, que incluiu a Bahia no programa. Após os ajustes dos equipamentos e treinamento para manuseio, serão ministrados aos Peritos que atuam em locais de crime, cursos de coletas de material para exame de DNA, visando à realização prática das etapas iniciais desse tipo de perícia, que envolverá também extração, quantificação, amplificação, sequenciação, estabelecimento de perfis e análises estatísticas dos resultados, como etapas laboratoriais. A montagem desta unidade abrangeu a aquisição de mais de 200 itens, entre eles um seqüenciador, microcomputadores, centrífugas, pipetadores automáticos, espectrofotômetro e kits, além de todas as substâncias necessárias ao exame em material genético. Os aparelhos de análise genética funcionam ligados a computadores, gerando arquivos digitais, que seqüenciam números e trechos de DNA de um ser humano, possibilitando o confronto de perfis com índice satisfatório de certeza. O laboratório de DNA forense instalado na Bahia obedece a um padrão de qualidade internacional. O DPT, desta forma, ganha condições para a realização exames periciais que envolvam diretamente a identificação humana, bem como a identificação de envolvidos em casos de homicídios, estupros e outros. Mais uma vez a perícia da Bahia avança para melhor servir a aplicação da Justiça, ampliando, com o seu Laboratório de Genética Forense, as condições para que ela seja sempre aplicada com base na prova material. 7 RESUMO O artigo trata da reestruturação do Departamento de Polícia Técnica da Bahia destacando um breve histórico, a direção estratégica e a interiorização do departamento. PALAVRA CHAVE Reestruturação e interiorização do Departamento de Polícia Técnica da Bahia. ABSTRACT The review treated from re-structure of the Depart- ment of Technique Police of Bahia by highlighting a soon historical, the direction strategic & the interiorização of the department. KEY WORDS Re-structure of the Department of Technique Police. INTRODUÇÃO O Departamento de Polícia Técnica da Bahia teve sua criação em 1938 e perdurou enquanto tal até 1944, quando foi extinto, passando os institutos que o compunham a atu- arem isoladamente. Em 1973, com a regulamentação da Lei n.º 3118, o Departamento de Polícia Técnica da Bahia é recriado com a seguinte composição: Instituto Médico Le- gal Nina Rodrigues, existente desde 1905, criado pela Con- gregação da Faculdade de Medicina da Bahia; Instituto de Identificação Pedro Mello, criado em 1910 por lei estadual; Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto, criado em 1944; e o Laboratório Central que tem sua criação em 1973 com a regulamentação da Lei nº 3.118, de 27 de junho de 1973. O Departamento de Polícia Técnica da Bahia (D.P.T.) foi alvo ainda de outras reorganizações: em 08 de julho de 1976, pela Lei nº 3.497; em 22 de maio de 1991, pela Lei nº 6.074; e em 30 de dezembro de 1998, pela Lei nº 7.435. Em 20 de de- zembro de 2004, através da Lei nº 9.289, o DPT sofre uma reestruturação que modifica de forma substancial sua estrutura. A concepção e desenvolvimento do processo de reestrutu- ração, ocorreram com vistas a garantir, a longo e médio prazos, dimensões mínimas para ocupação de forma eficiente de todo o território baiano, fornecendo estruturas administrativas e logísticas, que permitam ao DPT intervir e desenvolver o traba- lho pericial com mais eficiência e eficácia. Noprocesso de reestruturação, o direcionamento es- tratégico baseava-se na consolidação e ampliação da au- tonomia, crescimento dos serviços prestados, moderni- zação administrativa e tecnológica e, principalmente, a interiorização eficiente do departamento. ADEQUAÇÃO E REDIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA A metodologia que embasou o desenvolvimento do projeto de reestruturação caracterizou-se pela abordagem sistêmica, isto é, pela verificação dos reais objetivos or- ganizacionais do DPT, considerando-se, principalmen- te, suas metas e compatibilizando-as com a implantação do instrumental de trabalho necessário para atingir suas finalidades: recursos humanos, recursos técnicos e ope- racionais, processos informatizados compartilhados, etc. O objetivo do processo de reestruturação foi adequar toda a estrutura, na sua dimensão e funcionamento, em função da crescente demanda e dos meios logísticos exis- tentes, acompanhando as alterações ocorridas na socie- dade, que fez com que ocorresse o crescimento da crimi- nalidade, exigindo mais eficiência dos órgãos policiais. A Reestruturação contempla várias dimensões da orga- nização, procurando desenvolver inovações nos proces- sos internos e no processo decisório, incorporação de tec- nologias, dimensionamento de quadro de pessoal, mudan- ças na estrutura organizacional. Com isso a reestruturação privilegiou a administração geral, compondo-a de novas coordenações e uma corregedoria, conforme figura 1. REESTRUTURAÇÃO E INTERIORIZAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA TÉCNICA DA BAHIA ELSON JEFFESON NEVES DA SILVA Perito Criminal Mestre em Análise Regional - UNIFACS Especialista em Comunicação e Política-UFBA Químico e Sociólogo - UFBA Artigo de Discussão 8 Deve-se destacar a introdução da Diretoria do Interior, que vem trazer um avanço qualitati- vo à interiorização do DPT (vide figura 2). INTERIORIZAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA TÉCNICA A Diretoria do Interior do DPT atuará em seis grandes regionais distribuídas conforme fi- guras 3 e 4. A atuação dessas coordenações está focada nas decisões estratégicas para sua região, contando para isso com o apoio logístico das coordenações de Planejamento e Ensino e Pes- quisa, que darão suporte à formulação, imple- mentação e integração das políticas de interio- rização do departamento e articulação com as demais esferas da segurança pública da sua região. A criação da Diretoria do Interior (DI), com as suas seis grandes regionais, propicia a ampliação da integração das regionais com a capital e o conse- qüente aumento da amplitude de comando. A estrutura da Diretoria do Interior (D.I) (vide figura 5) denuncia sua estratégia de inte- riorização de serviços laboratoriais, hoje efetu- ados exclusivamente nos laboratórios do DPT em Salvador, para no futuro estabelecer estru- turas técnico-científico nas regionais, como la- boratórios, para que exames de menor comple- xidade sejam efetuados nas regionais, reduzin- do assim o tempo de resposta ao cidadão. A estrutura contempla especialistas das três principais áreas, no intuito de criar um conjunto de ações visando implantar novos serviços nas re- gionais. A figura 6 demonstra a estrutura das coor- denações regionais e a figura 7 exemplifica a es- trutura das grandes regionais. Tome-se como exem- plo a Coordenação Regional do Oeste. CONSIDERAÇÕES FINAIS A estrutura organizacional apresenta com- patibilidade com a nova função de unidade or- çamentária, criando as coordenações de Plane- jamento, Administrativa e Financeira, que ca- pacita o DPT a gerir esta nova função, dando- lhe mais mobilidade nas suas ações. É mister salientar que a estrutura aponta para um avanço no que tange à modernização, controle e me- lhoria da qualidade dos serviços prestados. Isso se verifica com a criação das Coordenações de Tecnologia da Informação, Planejamento, En- sino e Pesquisa, Padronização e Qualidade e Corregedoria. A estrutura fortalece a interiori- zação da Polícia Técnica, com a criação da Di- retoria do Interior (DI), que é formado por seis (06) Coordenadorias Regionais. Essa Diretoria tende a ampliar a eficiência das Coordenações do interior, capacitando-as com estruturas téc- nica e administrativa, compatíveis com as ne- cessidades das regiões onde serão instaladas, destinadas a suprir suas carências. As estruturas dos institutos e laboratórios estão compatíveis R E E S TR U TU R A Ç Ã O E IN TE R IO R IZ A Ç Ã O D O D E PA R TA M E N TO D E P O LÍ C IA T É C N IC A D A B A H IA 9 E LS O N J E F F E S O N N E V E S D A S IL VA com as suas funções técnico-científicas, man- tendo-se compatibilizadas com os serviços pres- tados e delegando parte das questões de cunho administrativo e financeiro para os Órgãos da Administração Geral. Com a estrutura vigente, acredita-se que ocorra o fortalecimento do De- partamento de Polícia Técnica e um crescimen- to qualitativo e quantitativo nos serviços dispo- nibilizados por essa instituição, que envolve a criminalística, a medicina legal, o laboratório, a identificação civil e criminal, garantindo a qua- lidade da prova material e respondendo às cres- centes demandas da sociedade. 10 RESUMO O exame de DNA tem se constituído em prova pericial elucidativa na resolução de vários casos criminais em que as amostras forenses apresentam escassa quantidade e qua- lidade do DNA. A identificação genética, através do perfil do DNA, baseia-se em polimorfismos detectados em loci microssatélites STRs (Short Tandem Repeat) e regiões hi- pervariáveis do DNA mitocondrial. Os polimorfismos dos loci STRs resultam da variação no número de cópias do repeat motivo enquanto que no DNA mitocondrial são re- sultantes da diferença encontrada numa dada sequência (HVRI e HVRII) quando comparada à Cambridge Reference Sequence (CRS) (Anderson et al. 1981). Tecidos em bom esta- do de conservação permitem a obtenção de DNA template com qualidade e quantidade para tipagem do DNA usando tanto STRs como DNA mitocondrial, mas os tecidos conservados para exame histológico ou vestígios criminais nem sempre per- mitem a análise de DNA com idêntica facilidade. Com o objetivo de aumentar o rendimento qualitati- vo e quantitativo do DNA extraído a partir de diferentes amostras forenses, testou-se vários métodos de extração e amplificação de DNA. Assim, amostras forenses de três casos criminais foram extraídas, amplificadas, ana- lisadas e avaliadas na obtenção de perfis genéticos. Nos três casos estudados foi possível determinar perfis gené- ticos validáveis em termos forenses. Houve diferenças significativas entre os métodos de extração utilizados, sendo os melhores resultados obtidos com o uso de kits comerciais principalmente quando as amostras forenses encontram-se muito degradadas. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, a identificação genética, através do perfil do DNA, usando loci microssatélites STRs (Short Tan- dem Repeats) e regiões hipervariáveis do DNA mitocondrial, é prática correntemente utilizada em ciência forense. Os polimorfismos dos loci STRs resultam da varia- ção no número de unidades de repetição em sequência consecutiva ou repeat motivo, no DNA nuclear. No DNA mitocondrial, os polimorfismos são resultantes da diferen- ça encontrada numa dada sequência (HVR1 e HVR2) quan- do comparada com a sequência referência CRS (Cambrid- ge Reference Sequence) (Anderson e cols.,. 1981). Os tecidos em bom estado de conservação permitem a obtenção de DNA template com qualidade e quantida- O EXAME DE DNA EM AMOSTRAS FORENSES MÁRCIA VALÉRIA FERNANDES DIEDERICHE LIMA DOS SANTOS Perita Criminal Laboratório Central da Polícia Técnica Artigo de Atualização de para tipagem do DNA usando tanto STRs como DNA mitocondrial. Nas amostras forenses, incluindo os teci- dos conservados para exame histológico e os vestígios biológicos criminais, a obtenção de DNA com qualida- de e quantidade para análise não é tão fácil como nos outros tecidos (Anderson e cols., 1999; Baker e cols., 2001 e Frank e Llewellyng, 1999). Nestasamostras, o método de extração a ser utiliza- do tem de ser o mais adequado possível ao tipo e condi- ção de conservação da amostra para se obter o máximo de rendimento do material, muitas vezes também, defi- cientemente colhido. A metodologia a ser utilizada na amplificação e análise deve ser também adequada à téc- nica de extração, quantidade e qualidade do DNA que se espera obter, de modo a serem alcançados os melhores resultados (Budowle, 1995; Gill e cols., 2001 e Greens- poon e cols., 2000). Assim, apresentamos os resultados quanto à obten- ção de perfis validáveis, em termos de genética forense, a partir de amostras em diversas condições ambientais, de conservação e tempo de degradação. MATERIAL E MÉTODOS Amostras forenses foram submetidas à extração do DNA pelos métodos de Chelex (Walsh et al 1991), extra- ção orgânica utilizando várias soluções de lise celular (Pu- regene-Gentra System), seguidos de diversos procedimen- tos de purificação (com fenol:clorofórmio:álcool isoamíli- co 25:24:1 (v:v), colunas Microcon, Centricon e kits de pu- rificação (Quiagen e Nucleospin) para estabelecer qual(is) metodologia(s) e/ou procedimento(s) oferece(m) melhores resultados na obtenção de DNA para a produção da prova genética com finalidade forense. O produto extraído foi amplificado em multiplex para STRs autossômicos e sin- gleplex para regiões do DNA mitocondrial. A análise dos fragmentos foi feita em sequenciador ABI 310 ou 3100 Avant, seguindo as normas técnicas de análise especifica- das nos manuais daqueles equipamentos. DAS AMOSTRAS CASO 1: Identificação civil com interesse criminal Cadáver do sexo feminino de afinidade populacio- nal amarela (provável origem Chinesa) exumado 12 dias após o desaparecimento para comparação e identidade 11 com irmãos de uma provável reclamada. Feita a colheita a partir de dente molar e fragmento de tecido muscular. CASO 2: Identificação civil com interesse criminal Indivíduo do sexo masculino encontrado (depois de 4 dias de desaparecimento) em esta- do de decomposição após afogamento em água do mar. Feita a colheita de amostras de pele com pequeno fragmento de músculo e fragmentos ósseos contendo medula óssea. CASO 3: Crime sexual (estupro) seguido de homicídio Violação múltipla de uma pessoa do sexo fe- minino seguida de homicídio. O material da víti- ma consistia em fragmento de fígado e útero co- lhidos durante exumação realizada 62 dias após a inumação, no verão e em clima tropical. Relativa- mente aos vestígios, obteve-se swab anal e vagi- nal colhidos na necrópsia cerca de 24 horas após a morte e armazenadas em solução salina a 4ºC por cerca de 60 dias antes do esfriamento a –20ºC. Como amostras referência dos suspeitos e da pes- soa de relacionamento sexual consentido foram colhidas manchas de sangue. CONCLUSÕES 1. Extração por chelex permite obter DNA quan- do o material biológico estiver melhor preservado. 2. Obteve-se melhor tipagem das amostras fo- renses usando sistemas “mutliplex” devido a utili- zação de pouco produto de extração com resulta- dos de vários STRs ao mesmo tempo. Comparan- do-se os kits multiplex validados e comercialmente utilizados para fins forenses, observaram-se pou- cas diferenças significativas entre eles. Ressalta- se que para os fragmentos de DNA de maior tama- nho por vezes não se verificava a amplificação. 3. Perfis genéticos das regiões hipervariá- veis HV1 e HV2 do DNA mitocondrial foram obtidos com todos os tipos de amostras biológi- cas em variado grau de degradação. 4. Processos de purificação, nomeadamente com fenol:clorofórmio:álcool isoamílico 25:24:1 (v:v), tem sido usados como alternativa de sucesso para detecção de polimorfismos tan- to de amostras extraídas pelo método Chelex como por outros procedimentos com soluções de lise de celular. 5. O kit Puregene apresentou bons resultados, quanto à tipagem do DNA mitocondrial, em pul- verizado de amostras dentárias sem polpa. 6. O kit Quiagen mostrou-se eficiente na pu- rificação selectiva de íons com carga residual negativa, melhorando a PCR por eliminação competitiva destes íons. M Á R C IA V A LÉ R IA F E R N A N D E S D IE D E R IC H E L IM A D O S S A N TO S 7. Houve coincidência entre o perfil obtido do DNA mitocondrial do dente e tecido muscu- lar do cadáver do sexo feminino com o de amos- tras referência dos prováveis irmãos (Caso1). 8. Verificou-se coincidência entre o DNA mitocondrial obtido da medula óssea e tecido muscular do cadáver do sexo masculino com o de amostra referência de familiares (Caso 2). 9. Na mistura obtida da secreção vaginal re- colhida da vítima de estupro e homicídio foram encontrados perfis coincidentes com amostras de três indivíduos do sexo masculino, sendo dois deles suspeitos do crime de estupro e homicídio e o terceiro perfil compatível com o indivíduo de relacionamento consentido(Caso 3). AGRADECIMENTOS À SSP/DPT, à UESC, ao CNPq, INML/Coim- bra e à Universidade de Coimbra pela disponibilida- de, apoio financeiro e apoio técnico científico para realização deste trabalho. Às Dras. Tania Cristina Bri- tes Gesteira e Heliana Cortes Moradillo pela feitura das coletas das amostras referentes ao Caso 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON S, Bankier AT, Barrel BG, De Bruijn MH, Coulson AR, Sanger F, Schreier PH, Smith AJH, Staden R, Young G. Sequence and organisation of the human mitochondrial genome. Nature 1981;290:457-465. ANDERSON T D, Ross J P, Roby R K, Lee D A, Holland M M . A Validation Study for the Ex- traction and Analysis of DNA from Human Nail Material and its Application to Forensic Casework. J Forensic Sci 1999;44(5):1053-1056. BAKER L E, MCCORMICK W F, MATTE- SON K J. A Silica-Based Mitochondrial DNA Ex- traction Method Applied to Forensic Hair Shafts and Teeth. J Forensic Sci 2001;46(1):126-130. FRANK W E, LLEWELLYNG B E . A Time Course Study on STR Profiles Derived from Hu- man Bone, Muscle and Bone Marrow. J Forensic Sci 1999;44(4):778-782. GILL P, BRENNER C, BRINKMANN B, BU- DOWLE B, CARRACEDO A, JOBLING M A, KNIJFF P de, KAYSER M, KRAWCZAK M, MAYR W R, MORLING N, OLAISEN B, PASCALI V, PRINZ M, ROEWER L, SCH- NEIDER P M, SAJANTILA A, TYLER-SMI- TH C. DNA Comission of the International Soci- ety of Forensic Genetics: recommendations on fo- rensic analysis using Y-chromosome STRs. Foren- sic Sci Int 124 (2001) 5-10. GREENSPOON S A, LYTLE P J, TUREK S A, ROLANDS J M, SCARPETTA M A, CARR C D. Validation of the PowerPlex 1.1™ loci for use in Human Identification. J Forensic Sci 2000;45(3):677-683. 12 A TECNOLOGIA DIGITAL NA IDENTIFICAÇAO BALÍSTICA ADEIR BOIDA DE ANDRADE Engenheiro e Perito Criminal Coordenação de Balística Forense Ponto de Vista O universo da balística forense mundial vem experi- mentando uma verdadeira revolução no processo de iden- tificação balística de armas de fogo empregadas na prá- tica de ilícitos penais. Trata-se da revolução tecnológica causada pelo sur- gimento de sistemas digitais de identificação capazes de proporcionar enormes ganhos de produtividade, além de viabilizar, em fração de segundos, a comparação balísti- ca entre centenas de peças cadastradas, inclusive naque- las vinculadas a casos aparentemente desconexos, coisa que o ser humano não consegue fazer. De certa forma, o momento atual se assemelha ao vivi- do em 1927, quando o norte americano Calvin Hooker Go- ddard (1891-1955) adaptou uma ponte ótica a dois mi- croscópios comuns, com o objetivo de examinar e com- parar, simultaneamente, dois projéteis ou dois estojos disparados por arma de fogo. Assim foi criado o primei- ro micro-comparador da história da Balística Forense e, com ele, Goddard encerrou o famoso caso dos anarquis- tas italianos Sacco e Vanzetti, tendo determinado que o revólver apreendido com Nicola Sacco havia sido efeti- vamente empregado no caso do roubo fatal ao carro for- te. Goddard em 1932 coordenou os trabalhos da Polícia Federal Americana (FBI) na criação do primeiro Labo- ratório de Ciência Forense dos Estados Unidos. É consi- derado o patronodo fascinante mundo da identificação balística. Voltando ao presente, dentre os sistemas digitais que estão surgindo, destaca-se o IBIS, da sigla inglesa Inte- grated Ballistic Identification System. Trata-se de um banco de dados eletrônico que faz comparações automá- ticas entre as características dos dados armazenados, pro- duzindo, então, um escore de probabilidades de correla- ção para que sejam confirmadas (ou não) pelos peritos, através de exames convencionais nos microcomparado- res balísticos. O equipamento é composto por duas estações de tra- balho e um servidor. A primeira estação (chamada DAS = Data Acquisition Station) faz a captura das imagens de projéteis e estojos, gera a “assinatura” digital e a enca- minha, automaticamente, para o servidor, que efetua uma comparação matemática. É também na DAS que se in- sere toda a informação relativa aos elementos que estão sendo cadastrados. A outra estação, denominada SAS (sigla de Signature Analysis Station), é onde se visuali- za o resultado do trabalho do equipamento, caracteriza- do por um escore de similaridade entre as peças recém- cadastradas e os outros elementos que já constavam do banco de dados. As correlações são feitas de modo auto- mático pelo servidor, podendo, opcionalmente, ser re- quisitadas manualmente pelo operador. O segredo do IBIS estaria na sua capacidade de pro- duzir e comparar - a partir das imagens das deformações impressas nas peças cadastradas (decorrentes do atrito com o raiamento do cano, no caso dos projéteis, e da percussão e recuo do estojo sobre a culatra da arma) - uma “assinatura” representativa das deformações visua- lizadas, empregando para isto um algoritmo1 matemáti- co especialmente desenvolvido pela FTI. No IBIS, as deformações são substituídas por uma equação matemá- tica (um grande polinômio) a qual é então comparada com as fórmulas vinculadas a outras evidências previa- O autor comenta, de forma resumida, as novas tecnologias digitais para identificação balística, e se detém sobre a operação do IBIS, equipamento que vem sendo empregado em mais de 30 países e que está sendo adquirido para instalação na Coordenação de Balística Forense do ICAP. Figura 1 Calvin Hooker Goddard Fonte: www.goddardaward.com. 2004 1 Seqüência finita de regras, raciocínios ou operações que, aplicada a um número finito de dados, permite solucionar classes semelhantes de problemas num número finito de etapas, segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro. 1ª Edição. 2001. 13 mente cadastradas. O IBIS está em mais de trinta países e, segundo a FTI, sua tecnologia consti- tuída por 15 (quinze) patentes, já teria propor- cionado a elucidação de mais de 30.000 crimes cometidos com arma de fogo. A unidade básica do equipamento é conheci- da como IBIS Hub, uma estação completa desti- nada ao trabalho isolado (podendo também cone- xão de rede), com recursos para a captura das ima- gens e geração e comparação das “assinaturas” digitais das deformações impressas nos elemen- tos de munição cadastrados. Tecnicamente, o IBIS é um banco de dados com arquitetura Oracle que opera no ambiente Windows, dispõe de um siste- ma automático de back-up, e vem equipado com uma unidade de suprimento de energia UPS (Unin- terruptible Power Supply) do tipo no-break. O equi- pamento está dimensionado para operar através do protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol/ Internet Protocol). Mais de trezentas unidades do IBIS já fo- ram produzidas e estão em operação em todo o mundo, sendo que a maior experiência com o uso do equipamento está nos Estados Unidos da América, onde foi montada uma rede de in- formação balística (somente criminal) que se constitui num verdadeiro programa do Gover- no Federal daquele País. Criada em 1998 e de- nominada de NIBIN – National Integrated Ballistic Information Network, a rede é moni- torada pela ATF – Bureau of Alcohol, Tobacco, Firemarms and Explosives, órgão ligado ao Departamento do Tesouro Americano. Interliga todos os estados norte-americanos, sem exce- ção, e está constituída por cerca de 232 (duzen- tas e trinta e duas) estações de IBIS, interliga- das a 12 (doze) IBIS Hub equipados com servi- dores de alta capacidade (a previsão é para 16 Hubs e 235 estações, quando a rede estiver com- pleta), sendo que informações completas sobre suas características podem ser acessadas na In- ternet, no endereço www.nibin.gov. Seis anos depois de criada, a rede NIBIN integra hoje 180 (cento e oitenta) Corporações Policiais, já cadastrou 826.700 (oitocentos e vin- te e seis mil e setecentas) peças, e propiciou cerca de 10.000 (dez mil) correlações entre diferentes crimes (ou entre um crime e uma arma suspei- ta), ou Hits, como os norte-americanos chamam as correlações detectadas pelo IBIS e confirma- das posteriormente pelos peritos (aquelas que seriam perdidas sem o IBIS). Como regra, to- dos os equipamentos instalados na rede foram adquiridos pelo Governo Federal americano (ATF) e instalados nas Corporações Policiais dos vários Estados mediante determinados requisi- tos e critérios, dentre os quais destaca-se o uso exclusivo na área criminal, sendo proibida a in- trodução de dados relativos a armas corporati- vas ou adquiridas por cidadãos comuns. O Brasil já adquiriu duas estações do IBIS, que estão instaladas no Rio de Janeiro e no Espíri- to Santo. Infelizmente, os IBIS brasileiros encon- tram-se paralisados e nunca foram alimentados com dados relativos a evidências de crimes, moti- vo pelo qual não existem registros de correlações comprovadas (Hits) no Brasil. O caso da experi- ência brasileira com o IBIS é verdadeiramente ins- tigante e motivou a elaboração pelo autor de um trabalho completo, sob a forma de Monografia, tendo como tema o uso bem sucedido do equipa- mento e a perspectiva do seu impacto na unidade de Balística Forense do Instituto de Criminalística da Policia Técnica da Bahia. Trata-se de um docu- A D E IR B O ID A D E A N D R A D E SAS DAS 14 A T E C N O LO G IA D IG IT A L N A ID E N TI FI C A Ç A O B A LÍ S TI C A mento que está referenciado abaixo e que foi pro- duzido com o propósito de reunir informações que possibilitassem compatibilizar o uso desta nova tecnologia com a realidade da balística forense da nossa Instituição. De qualquer maneira, falar sobre novas tec- nologias digitais aplicadas à elucidação do fato criminal é falar sobre o futuro da Criminalística e da Medicina Legal, ou melhor, falar sobre o futuro do nosso trabalho e da nossa Polícia Ci- entífica. Embora não se possa precisar os pra- zos, é inexorável que doravante estaremos cada vez mais trabalhando com tecnologias e equi- pamentos digitais sofisticados: DNA; MEV (Microscópio Eletrônico de Varredura); IBIS; AFIS (Automated Fingerprint Identification Sys- tem) e muitos outros para os quais torna-se impe- rativo uma preparação. Este tema, evidentemente, interessa e é da responsabilidade de todos os inte- grantes da Instituição, e não apenas daqueles que estão em cargos de provimento temporário na Administração da nossa Polícia Técnica. Se por um lado temos que ser otimistas quan- to às enormes perspectivas de avanço que estas novas tecnologias nos proporcionarão, por um outro nos cabe a responsabilidade de proceder aos estudos prévios, relativos à experiência de instituições congêneres com estas tecnologias, e, referentes à necessidade de adaptação para a nossa realidade. Não perder de vista que a nos- sa missão é, com exclusividade, a esfera crimi- nal e que o nosso volume de trabalho é, freqüen- temente, dezenas de vezes maior do que ocorre nas instituições congêneres localizadas nos pa- íses do hemisfério norte, mercado para o qual os equipamentos são dimensionados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Adeir B. e SANTOS, Renato B. Sistema Digital de Identificação Balística (IBIS): Adequação para Elucidar Crimes Come- tidos com Arma de Fogo na Bahia. UNEB. Sal- vador. 2004. FORENSIC TECHNOLOGY INC . Solutions for a safer society: IBIS/Ballistic identification.Canadá. 2004. Disponível em: http://www.fti- ibis.com Acesso em: 20.10.2004. NATIONAL INTEGRATED BALLISTIC INFORMATION NETWORK (NIBIN) . The Missing Link: Ballistic Technology That Helps Solve Crimes. EUA. 2004. Disponível em: http:/ /www.nibin.gov Acesso em: 20.10.2004. 15 RETRATO FALADO COM RETOQUES SUBJETIVOS DE PERSONAGENS HISTÓRICOS FILOMENA MARIA MARQUES MODESTO ORGE Perita Técnica Instituto de Criminalistica Afrânio Peixoto Artigo Original RESUMO A autora recebeu convite de pesquisadores para re- tratar os personagens históricos Maria Felipa de Olivei- ra, considerada heroína negra da Independência da Bahia, e Luís José Junqueira Freire, poeta romântico brasileiro, baiano e monge beneditino. O primeiro retrato, com o objetivo de dar um rosto para Maria Felipa de Oliveira, ilustrando trabalho de pesquisa e interpretação do patrimônio ambiental, cultural e histórico com comunidades, que vem sendo realizada pelas Faculda- des Integradas Olga Mettig, estando a frente das investiga- ções, a fim de resgatar a história da personagem, as profes- soras e pesquisadoras Cecília Caldas e Eny Kleyde V. Fari- as, da Faculdade de Turismo Olga Mettig. O segundo retrato, um rosto para Luís José Junqueira Freire, um dos temas da tese de doutorado intitulada Tem- pos Fáusticos na Lírica do Lugar, que aborda a lírica dos poetas malditos brasileiros nascidos na Bahia, da professo- ra Dalila Machado, docente do Instituto de Letras da Bahia. A intensa pesquisa realizada em arquivos históricos e fontes documentais, gerou dados que foram colocados à disposição da autora que, seguindo os passos das pes- quisadoras, estende a busca até arquivos de identifica- ção civil do Instituto Pedro Mello, do Departamento de Polícia Técnica, devidamente autorizada pelo seu dire- tor o Perito Criminal Luís Eduardo Dorea, na esperança de encontrar fotos para estudo de traços fisionômicos de descendentes; encontrando, em seus fichários, um ou ou- tro elemento que somados àqueles já encontrados pelas pesquisadoras, foram analisados e selecionados, servin- do de subsídios para construção das imagens. PALAVRA CHAVE Retrato de figuras históricas. ABSTRACT The author was invited by researchers to portray the historical figures Maria Felipa de Oliveira, considered the black heroine and Luís José Junqueira Freire, a bra- silian romantic poet from Bahia and priest beneditino. The first portrait aims to give a face to Maria Felipa de Oliveira, illustrating the work of research and inter- pretation of the environmental, cultural and historic he- ritage with communities that have been done by the Fa- culdades Integradas Olga Metting, the studies have been done by the teachers and researchers Cecilia Caldas and Eny Kleyde V. Farias, teachers of the “Faculdade de Tu- rismo Olga Metting”. The second portrait, a face de Luís José Junqueira Freire, one of the themes of the doctoracte thes with the title “ Tempos Fáuticos na Lirica do lugar “ that beals witch the lyres of the damned brazilian poets that were born in Bahia from the teacher Dalila Machado, a tea- cher in the “ Instituto de Letras da Bahia”. The intensive research done in historic files and do- cumental sources, gave information of the “Instituto Pe- dro Mello”, a body of the Departamento de Polícia Téc- nica da Bahia, With permission of director, the perito criminal, Luíz Eduardo Dorea, trying to find photos for studies of features from descendents, song elements were found by the researchers; they were analized, selected and they will give support to make the images. WORD KEY Portrait of historical figures. INTRODUÇÃO Desde a idade antiga o homem é fascinado pela sua própria imagem e pela dos seus semelhantes. Mas talvez não tenha sido este fascínio que levou Alphonse Bertti- llon, cientista francês, em meado da década de setenta do século XIX, a criar o Retrato Falado; também não deve ter sido com esta intenção que descrições físicas e da persona- lidade de algumas pessoas, tivessem registro na história. “O retrato falado é usado nas investigações poli- ciais de crime contra a pessoa ou contra o patrimônio, quando existem testemunhas oculares do fato delituo- so. Estas testemunhas oculares poderão reconhecer o criminoso. Assim, os seus traços fisionômicos vão sen- do desenhados por técnicos especializados a partir das informações prestadas pelas testemunhas”. “Podendo ser definido como representação gráfi- ca, pictórica ou plástica de um ser humano, concentra- da no rosto, visto de frente, colocando-lhe em evidên- cia particularidades físicas e morais, de tal modo que se torna possível identificá-lo”. Neste trabalho, diversificando o conceito, o recurso do retrato falado, com retoques subjetivos, foi usado para 16 R E TR AT O F A LA D O C O M R E TO Q U E S S U B JE TI V O S D E P E R S O N A G E N S H IS TÓ R IC O S ilustração de pesquisas a respeito de persona- gens históricos, construído a partir de descri- ções, genéricas ou detalhadas, de aspectos físi- cos ou psicológicos, registrados, ao longo do tem- po, por testemunhas oculares da época e pela tra- dição oral, em livros e arquivos históricos, cuja particularidade reside em que todos os elementos fazem parte de um passado remoto, resultando em imagens as quais receberam o nome dos persona- gens, construídas em bases históricas mas - por conta da antiguidade, da natureza subjetiva do tra- balho, da inexistência de meios de comparação - sem possibilidade de reconhecimento de semelhança. OBJETIVO Retratar personagens históricos a partir de dados encontrados em documentos , narrações, em livros históricos, na tradição oral, nos traços fisionômicos de pessoas que afirmam descen- dência e outras fontes. DADOS DA PERSONAGEM MARIA FELIPA DE OLIVEIRA, nascida em data não registrada pela história, em Game- leira, no povoado de Ponta das Baleias- Itapari- ca, Bahia. Morreu em 04 de janeiro de 1873. A história não registrou o nome de seus pais. |...|na Campanha da Independência portou- se bravamente chefiando as vedêtas da Praia do Convento. Mulher simples, do povo, liderou em 1823, dezenas de homens, índios e mulheres na queima das 42 embarcações de guerra que esta- vam aportadas na Praia do Convento, prontas para atacar Salvador. PROCEDIMENTOS Diante do desafio de traçar um rosto para Ma- ria Felipa de Oliveira, considerada heroína negra da Independência da Bahia, o primeiro questiona- mento feito foi: será que, já não constaria de al- gum documento - livros, arquivos públicos ou par- ticulares, em pintura ou esboço - porque não exis- tia a fotografia - o registro de como seria a sua fisionomia? Sendo a resposta negativa, por que se deixou passar tanto tempo desde o ano de sua morte, em 1873, até os tempos atuais, sem que se pensasse em retratar tão importante figura para a his- tória da Independência da Bahia? E sendo positiva, onde se encontram estas relíquias históricas? São interrogações a espera de respostas. Nas pesquisas sobre a personagem, nada foi encontrado a respeito de seus traços fisionômicos. Constam dos arquivos descrições genéricas e es- cassas de seu perfil físico e de sua personalidade, detalhes de sua vestimenta que ajudam a compor uma imagem coerente com a sua história. No intuito de encontrar mais subsídios, fo- ram consultados livros de história da Bahia, es- pecificamente no que diz respeito ao negro no período da escravidão. Historiadores e literatos, com destaque para Ubal- do Osório em Ilha de Itaparica e Xavier Marques em O Sargento Pedro, atribuíram a ela alguns adjetivos que nortearam a composição da imagem: Os adjetivos, atribuídos a ela pelos literatos, tais como: crioula ou mulata, alta, forte, gorda, agigantada, corpulenta, possante, colossal, suge- rem ter sido ela uma mulher de compleição gran- de, um tanto gorda, mas segundo a tradição oral, bo- nita; dona de boa força muscular, desenvoltura e agi- lidade , pois foi capaz de dar uma surra num homem; |...|Maria Felipa era uma crioula, estabana- da, alta e corpulenta, queusava torço e saia roda- da... gozava de grande popularidade entre os praiei- ros que admirava o desassombro e a coragem da crioula|...|. |...|Pedro coçou a cabeça, pregou a porta e saiu a falar sozinho quando lhe apareceu na praia uma mulher alta e sacudida|...|. |...|Maria Felipa, suspendendo uma velha bai- oneta que empunhava, disparara com efeito atrás do português. Em breve tornou a agarrá-lo pelo cós das calças, deu-lhe safanões e tornou a gri- tar com frenesi|...| |...| o escândalo atraía cada vez mais curio- sos. E a mulher agigantada, com a camisa des- caída, as costas lavadas de suor, os cabelos re- voltos, agita-se à frente da turba, com o homem preso pela gola da vestia e sempre a gritar|...| |...|O português não tugia, mas a mulata, com um pertinácia nervosa, repetia, aos ber- ros|...|-Canta! Canta!|...| e ainda, segundo se conta, capaz de subir numa árvore a fim de, numa visão privilegiada, ver me- lhor a aproximação das embarcações portuguesas; acrescente-se ao seu perfil, o atributo de líder, pela sua brava atuação a frente da resistência, nas lutas pela Independência da Bahia. A descrição física e da personalidade de Ma- ria Felipa feita pelos historiadores, lembra a dos negros sudaneses como também , daqueles impor- tados da Costa da Mina para o Brasil no século XVIII, descritos como altos, bem formados, in- teligentes, robustos física e intelectualmente, unidos entre si, mostrando-se inclinados aos mo- vimentos revolucionários. Poderia, também, ter sido ela “mãe de leite” dos filhos de senhores de escravos, como era comum na época. Daí a característica dos seios fartos. A indumentária da personagem, conforme tex- 17 F IL O M E N A M A R IA M A R Q U E S M O D E S TO O R G E tos históricos, mulher simples , do povo, se consti- tui de bata, saia rodada, chinelas, e torço - detalhe de cabeça pesquisado no Museu do Traje, que pos- sui em seu acervo peças originais que mostram a indumentária de uma crioula do século XIX, loca- lizado no Instituto Feminino da Bahia. Diante de tantas possibilidades, quem , hoje, pode afirmar como seria a face de Maria Felipa? O retrato de Maria Felipa de Oliveira foi cons- truído com subsídios históricos, literários, e da tra- dição oral, numa representação do imaginário, dando a esta personagem um rosto, e que assim possa ser identificada e lembrada como a Heroína Negra da Independência da Bahia. A concepção do retrato subjetivo de Junquei- ra Freire se deu de maneira similar ao de Maria Felipa de Oliveira. A autora recebeu da professora e pesquisadora Dalila Machado, dados diversos referentes aos traços fisionômicos e da personali- dade do personagem encontrados em autobiogra- fia e biografias. A construção pictórica do retrato implica em estabelecer uma relação de familiari- dade entre a autora e o retratado, para isto se fez necessário o conhecimento de sua história. LUÍS JOSÉ JUNQUEIRA FREIRE, filho le- gítimo de José Vicente de Sá Freire e Felicidade Augusta de Oliveira Junqueira Freire. Nascido em 31 de dezembro de 1832 no bair- ro dos Barris. Morreu em 24 de junho de 1855, aos 23 anos e meio de idade, entre mãe, irmã e amigo. Entrou para o claustro em 09 de fevereiro de 1851, professando em 29 de março de 1852. Monge Beneditino, poeta romântico brasilei- ro. Considerado um dos poetas malditos de nossa literatura, pelo espírito reacionário e sensual de seus poemas, não condizentes com a época e com sua condição de monge.“Inspirações do Claustro” é o título de uma de suas obras. A história se passa na época em que a socieda- de estava apoiada em princípios rígidos, conser- vadores e preconceituosos. Junqueira Freire, apai- xonado, se viu frustrado em seu amor; não por indiferença da amada – informou Franklin Dó- rea, “ mas obstáculos insuperáveis conspiravam contra a opinião de ambos. |...| sentindo a impos- sibilidade de ver realizada a sua aspiração, pen- sou |...| em suicídio: “Era boa ocasião para mor- rer” |...| Phrase significataiva, marcadamente ro- mântica. Uma linda morte de amor como tan- tas..., mas optou pelo claustro, adotando costumes monásticos, desta forma se afastaria do mundo, que segundo ele, seria uma espécie de morte. São dele as palavras extraídas de sua autobiografia: |...| Eis aqui o que eu pensava então. Antes, po- rém, que me resolvesse, lembrei-me que a cela de um monje era também um túmulo |...|um mos- teiro pareceu-me um ermo verdadeiro. Ali eu po- dia retrair-me tanto, que ninguém soubesse de minha existência|...| Lá, no mosteiro de São Bento, como monge be- neditino, escreveu poesias de amor, belas, tristes e sen- suais, publicadas em “Inspirações do Claustro”. O Sistema de Bertillion compreende um trí- plice assinalamento: antropométrico, descritivo e sinais particulares. Aplicáveis a este trabalho, o descritivo e sinais particulares. O assinalamento descritivo compreende as no- tações cromáticas, notações morfológicas e outras notações complementares e Sinais particulares. Caracterizando este assinalamento, foi encontra- da em autobiografia, a parte mais significativa da des- crição de seu aspecto físico e psicológico; outros ca- racteres, em biografias como a de Franklin Dórea , que o conheceu em 1852, e que assim o descreve: |...| Era um rapaz magro, alto e desengon- çado. Crescera muito e rapidamente.|...|Então ainda tão jovem, já as rugas lhe sulcavam a face, de maneira que parecia mais velho. Era triste. A fronte , tinha-a elevada. Possuía uns olhos pardos , e nelles achou Dórea signaes de altivez. Pallido, muito pallido.|...| |...|Junqueira Freire nunca se retratou. Apenas fez a sua própria effígie num papelão, que se diz ficaria em poder de Lupercio Ga- nhagem Camploni, um dos seus mais íntimos amigos, effigie esta de que as Filhas deste não Maria Filipa 18 R E TR AT O F A LA D O C O M R E TO Q U E S S U B JE TI V O S D E P E R S O N A G E N S H IS TÓ R IC O S teem notícia.|...| |...| Elle mesmo, porém, nos deixou este seu re- trato, um tanto monótono às vezes, e que escreveu na Autobiographia, que deve datar de 1855: “Meu semblante é bastante irregular. Meu rosto é comprido e descarnado. Minhas faces são profunda- mente cavas. Meu nariz é eminentemente aquilino. Meus olhos são fundos algum tanto, com uma ex- pressão de inércia e estupidez, sem brilho, sem inspi- ração. Minha testa é elevada, porém mal feita. Todas as minhas feições são cobertas de uma pallidez gros- seira. Todos os meus lances são morosos. Todos os meus modos são rústicos e negligentes. Minha voz diverge naturalmente a cada instante, conforme os sentimentos, mas é quase sempre tremula, e todo o meu discurso é balbuciado e turbulento. Os períodos asiáticos, o estylo pomposo, as fórmas extensas dos classicos não acham em mim hálito sufficiente. Sou portanto, um homem feio, e pouco falador.” |...| misantropo, pessimista, doente dos ner- vos e da vontade, convizinho da loucura, e do suicídio em que esteve a pique de sossobrar.|...| Homero Pires pág. 27 |...| enorme corpo|...| desde criança sofria de dilatação do coração|...| morreu aos 24 anos as- sistido pela querida irmã, sepultado no mosteiro de São Bento.|...| Homero Pires pág. 43 Acredita-se que fosse descendente de fidalgos, e como tal, parte de uma sociedade do meado do século XIX; ainda escravista, porque anterior a 1888 quando se deu a abolição da escravatura; for- mada por brancos, representantes da classe domi- nante e privilegiada da época, e por negros e mes- tiços, alforriados ou escravos, que não tinham, ain- da, acesso a alguns setores da sociedade como, por exemplo, à vida monástica. Desta forma, se deduz que sendo monge, teria a pele branca e cabelos de fio fino, lisos ou ondulados, condizentes com des- crição de nariz aquilino e olhos pardos que bem podem ser interpretados como olhos castanhos . Os elementos: indumentária, corrente com cruci- fixo, e estética do cabelo, como corte e penteado, apre- sentados pelo retrato, estão respaldados em pesquisa feita no próprio mosteiro de São Bento,onde a autora pode ver os itens especificados, através de retratos de monges contemporâneos do personagem. A autora reconhece ser pretensão absurda, tra- zer para o presente, a fisionomia de pessoas que viveram em outra época considerando dados ge- néricos e escassos. As informações encontradas em pesquisa e oferecidas a autora, relativas ao aspecto físico psi- cológico, e à história de vida dos personagens, fo- ram analisadas e estudadas, numa abordagem in- terpretativa, juntando os elementos dispersos ao longo do texto, que reunidos em composição ar- tística, mas não esdrúxula, e sim coerente porque baseados em fatos históricos, resultaram numa cri- ação do espírito, em retratos subjetivos, com o objetivo de ilustrar trabalhos de pesquisa histórica e literária a respeito dos baianos Maria Felipa de Oliveira, e Luís José Junqueira Freire. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARBENZ, G.O - Processos de Identificação. In - Medicina Legal e Antropologia Forense. Rio de Janeiro Atheneu, 1988.p. 118-27 PIRES, Homero - Junqueira Freire, Sua Vida, Sua Época, Sua Obra. Rio de Janeiro, 1929. FRANKLIN, Dórea - Biografia de Junqueira Freire. FREIRE, Junqueira - Autobiografia Osório, Ubaldo - na obra A ILHA DE ITAPARI- CA , 2ª edição, 1928, publicada pela Secção Geo- gráphica da Escola de Aprendizes Artíffices, e 4ª edição, publicada em 1979 pela Fundação Cultu- ral do Estado da Bahia. MARQUES, Xavier - na obra O SARGENTO PEDRO ( Tradições da Independência) 3ª edição. ARBENZ, G. - Processos de Identificação. In – Medicina Legal e antropologia forense. Rio de ja- neiro, 1988, p.118-27. DORE, HELEN - A ARTE DOS RETRATOS. Verger, Pierre – Fluxo e Refluxo. Desenho e Pintura - Editora Globo. TAVARES, Luís Henrique Dias - A História da Bahia. Luís José Junqueira Freire 19 A FORMAÇÃO DAS CRISTAS PAPILARES E A IDENTIFICAÇÃO NECROPAPILOSCÓPICA ATRAVÉS DO TECIDO DERMAL MARCO AURÉLIO LUZ DULTRA Perito Técnico Instituto de Identificação Pedro Mello Relato de Caso Considerada como órgão a pele está dividida em der- me, camada mais profunda, e, a epiderme - camada super- ficial. A derma ou derme é constituída por fibras muscula- res, conjuntivas, elásticas e uma pequena parte de tecido adiposo. Nela são encontrados vasos sangüíneos, nervos e corpúsculo do tato, glândulas sebáceas, glândulas sudorí- paras, e os dutos sudoríparos. A principal função é levar nu- trientes para as camadas geradoras da epiderme. Na camada geradora da epiderme são produzidas novas células, que for- çam as demais para a superfície aderindo-se através de uma substância chamada de desmosom. Esta substância especial impede que as células se soltem ao chegarem na superfície, que é composta basicamente de células mortas. Para entendermos a importância da derme no processo de identificação papiloscópica e necropapiloscópica, tería- mos de compreender como se processa a formação das cris- tas papilares no período da formação fetal. Estudos publi- cados pela Universidade de Tulane, Universidade de Medi- cina de Nova Orleans – Louisiana –EUA, em 1952, intitu- lada de “Morfogênese da Pele Volar em Fetos Humamos” de autoria do PhD Alfred Hale descreve as etapas de forma- ção das cristas papilares. Ao mesmo tempo explica o por- quê das duas regiões não apresentarem desenhos papilares idênticos (princípio variabilidade). Para isso foram feitos estudos em tecidos epiteliais em fetos com três (03) semanas de vida, seccionadas transver- salmente em relação às cristas, observando-se que neste período a epiderme e a derme se apresentam com uma ca- mada de pele grossa de tecido. Por volta da 12ª ou 13ª semana surgem saliências que formam os alicerces da epiderme, próximo da derme, e so- bre estas saliências proliferam células de forma aleatória, que rapidamente formam as cristas primárias. Neste mesmo período nas cristas primárias desenvol- vem-se os poros, concomitantes com as células que for- mam as cristas primárias, e após o amadurecimento destas, os poros se expandem partindo para a camada inferior do derma subjacente ( parte mais externa do derma) em forma de dutos. Em seguida surgem novas camadas moldadas pela crista primária.São as cristas secundárias que não se desenvol- vem tanto quanto as cristas primárias e também não for- mam uma estrutura de poros. As cristas secundárias ficam localizadas abaixo dos sulcos das cristas papilares. A área da derme que foi ocupada pela formação das cristas primárias e secundárias apresenta a conformação em filas duplas e os pinos papilares, que se deslocam até a su- perfície da pele. Estes, aleatoriamente, em tempos variados e em diferentes locais. Estas diferenças de crescimento, pro- vocadas também pela pressão do liquido amniótico provo- Fonte: Real Polca Montada Canadense Fonte: Real Polícia Montada Canadense - Identificação Forense Fnote: Real Polícia Montada Canadense – Identificação Forense 20 cando tensões externas, que influenciam na for- mação das cristas. O padrão da conformação dos desenhos papilares obedece às características he- reditárias, seguindo um plano genético, mas este plano sofre influências do meio físico, através da movimentação do feto. Tais fatores combinados com o aparecimento aleatório dos pinos e, embora a hereditariedade possa influenciar nas caracterís- ticas dos tipos fundamentais (arcos, presilhas e verticilos), os aspectos morfológicos dos pontos característicos ou minúcias são formados por fa- tores físicos externos até o 4° mês. Então o dese- nho torna-se único, imutável a partir deste estágio e a partir daí, as cristas primárias produzem célu- las que vão acumulando e formando definitiva- mente as cristas papilares. Existem centenas de unidades de cristas em uma pequena área do dese- nho papilar, motivo pelo qual duas áreas não apre- sentam as mesmas características morfológicas nas minúcias e nos posicionamentos dos poros. Michio Okajima, PhD, professor japonês, pu- blicou em 1976 seu trabalho intitulado ”Estrutu- ras Dermal e Epidermal da Pele Volar”, descreveu a formação das estruturas da papila dérmica em pessoa jovem que normalmente é ordenado em fi- las duplas debaixo da superfície das cristas. Con- tudo, ao analisar o tecido dérmico em pessoas ido- sas, descobriu que não eram mais ordenadas em filas duplas, demonstrando arranjos mais confu- sos dos seus pinos papilares. Esta descoberta não invalida a imutabilidade das cristas primárias ou da superfície resultante, em virtude de que elas são geradas na epiderme. Okajima examinou as cristas incipientes, nor- malmente chamadas de falsas cristas ou cristas A F O R M A Ç Ã O D A S C R IS TA S P A P IL A R E S E A ID E N T IF IC A Ç Ã O N E C R O PA P IL O S C Ó P IA A T R AV É S D O T E C ID O D E R M A L Estrutura da crista dérmica em fila dupla e pinos alinhados Formação modificação da estrutura das cristas papilares em idosos apresentando os pinos papilares com a formação confusa Fonte: Real Polícia Montada Canadense – Identificação Forense. Fonte: Real Polícia Montada Canadense – Identificação Forense Fonte: Real Polícia Montada Canadense – Identificação Forense Fonte: Real Polícia Montada Canadense – Identificação Forense 21 imaturas Elas não foram formadas completamen- te no período da diferenciação*, encontrando-se debaixo da derme, apresentando a mesma estrutu- ras das cristas que tiveram seu desenvolvimento normal, chamadas de cristas verdadeiras. Estes fatos foram também relatados através dos traba- lhos publicados em 1904 por Inez Whippl, intitu- lada de “A Superfície Ventral Criridium Mamífe- ro”; em 1929 Harold Cummis, PhD, “A Historia Topográfica das Patas Volares no Embrião Huma- no”; e em 1952, Alfred Hale publica “Morfogêne- se da Pele Volar em Fetos Humanos”. Fato similar relacionado às pesquisas de Oka- jima, sobre a modificação no desenho papilar, está citado no Livro “Local de Crime” de auto- ria do Perito Criminal, Luiz Eduardo Dorea, que registra um corpo de identidade ignorada, sexo feminino, supostamente de Adalgisa MachadoPinto, enterrado pelo autor – Manoel Andrade dos Santos, e encontrado em um trecho da es- trada do Côco em 13 de julho de 1978. Após os exames preliminares para a identificação do re- ferido corpo, e devido a ação da saponificação. Os peritos apenas conseguiram coletar o datilo- grama do dedo médio direito. Ao confrontar com a impressão digital apos- ta na ficha de identificação, arquivada no Insti- tuto de Identificação Pedro Mello, em nome de Adalgisa Machado Pinto. Constatou-se que a im- M A R C O A U R É LI O L U Z D U LT R A pressão digital coletada do corpo de Adalgisa apresentava uma modificação na região central das linhas nucleares, acrescendo uma linha na presilha externa normal, modificando o núcleo. Carlos Kehdy, em seu livro Elementos de Datiloscopia, publicado em 1957, cita na pág. 53 no tópico – Inalterabilidade – “Surgiu como conseqüência de estudos feitos por alguns mé- dicos que admitem a possibilidade da alteração dos desenhos digitais, em virtude de certos es- tados mórbidos”, aparecendo uma nova divisão a Papiloscopia Clínica (que tem por finalidade o estudo das alterações produzidas nas regiões pa- pilares). Os avanços nas pesquisas e os estudos so- bre a formação e altera- ções provocadas por doen- ças, atividades profissio- nais e em casos de estados mórbidos, são motivos de profundas discussões, mostrando a grande im- portância da papiloscopia entre os principais processos de identificação humana. * Diferenciação – período na qual são for- madas as cristas papilares que correspondem da 03 semana até aproximadamente o 4ª mês de formação fetal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACADEMIC PRESS, New York, Dermato- glyphics: A Brief Review, The Epidermis - Chapter 10, 1964; ASHBAUGH, David R.: Identificação Foren- se/Seção De Apoio Polícia Real Montada Ca- nadense; CANADIAN POLICE COLLEGE : Finger- prints, 1977;CUMMINS, Harold and R. V. Plato- on: Mongolism: An Objective Early Sign, Sou- thern Medical Journal, Vol. 39, Nº 12, Dez/1949; CUMMINS, Harold and Charles Midlo : Fin- ger Prints, Palms and Soles, Research Pub., Sou- th Berlin Mass; CUMMINS, Harold : Finger Prints - Normal and Abnormal Patterns, Fingerprint and Identi- fication Mag., Nov/67 Vol. 49; CUMMINS, Harold : Loss of Ridged Skin Be- fore Bihth, Cummins Collection, Tulane Uni- versity, New Oleans Louisiana; CUMMINS, Harold : Skin, Cummins Collec- tion, Tulane University, New Orleans, Louisia- na; CUMMINS, Harold : The Anatomy of Research, Cummins Collection, Tulane University, New Or- leans, Louisiana; CUMMINS, Harold : Underneath The Finger Datilogrma da Peça Padrão aposto na fichas do IIPM/BA Datilograma da Peça Questionada (coletado do corpeo) Fonte: Local de Crime – Luiz Eduardo Dorea Fonte: Local de Crime – Luiz Eduardo Dorea 22 A F O R M A Ç Ã O D A S C R IS TA S P A P IL A R E S E A ID E N T IF IC A Ç Ã O N E C R O PA P IL O S C Ó P IA A T R AV É S D O T E C ID O D E R M A L Print, Cummins Collection, Tulane University, New Orleans, Louisiana; CUMMINS, Harold : The Topographic History of The Volar Pads (Walking Pads; Testable) In The Human Embryo, Contributions to Embryology, Carnegie Inst., Wash, Pub nº 394, pag. 103/126, 1929; CUMMINS, Harold : Cummins Explains some Mighty Curious Ridge Patterns, Finger Print And Indent. Mag., Out/1960; DOREA, Luiz Eduardo: Local de Crime- Edito- ra Sagra - DC Luzzatto 1ª edição; KEHDY, Carlos : A datiloscópica nos locais de crime, São Paulo, Publicações e Edificações Brasil, 1946. 23 VISIBILIDADE PARADOXAL DO ABORTO EM SALVADOR UMA CONTRIBUIÇÃO MÉDICO-LEGAL LÍDIA RAMOS DE ARAÚJO Perita Médica SSP/SIAP/DEP Artigo Original RESUMO Objetiva-se salientar a problemática do aborto a par- tir de dados estatísticos e estudos de perícias realizadas no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues e de ocorrên- cias de internações por abortamento, em hospitais da rede integrada ao SUS, em Salvador. A amostra foi constituí- da de perícias de aborto, no período 2000 a 2003 e de internações por abortamento, no mesmo período. Esta- beleceu-se o diagnóstico, por amostragem, da realidade médica, médico-legal e legal do aborto, a partir dos re- sultados. Houve ausência de registros de aborto provo- cado, por instituições que prestam assistência obstétri- ca, o que é indicativo de negligência na informação de saúde. A faixa etária predominante nas internações por abortamento foi 20 a 29 anos. A menoridade legal está representada na minoria dos casos de perícias de aborto. Podemos considerar insignificante as ocorrências de aborto registradas no IMLNR, totalizando: dez, sete, oito e sete perícias no período 2000 a 2003, contrastando com as ocorrências hospitalares: 9576, 9788, 9034 e 8497 nos respectivos períodos. A discrepância numérica dos da- dos estatísticos das instituições médicas e médico-legais é indicativo da inaplicabilidade dos tipos repressivos a conduta abortiva. Reconhece-se que sob os diagnósticos clínicos de aborto estão incluídos os abortamentos pro- vocados, que contribuem enfaticamente para os índices de mortalidade materna. As anotações observadas neste trabalho convoca ações de reformulação das normas le- gais em torno do aborto para se promover um incremen- to de Saúde Pública e Justiça. ABSTRACT This work is structured on the abortion discussion, be- ginning with the analyse of numerical data and the study of legal proceedings exams, which took place in the Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), as well as the re- gistered abort cases, inside the public hospitals of SUS, in Salvador-Bahia-Brazil. The stratum was based on the abort exams and the hospitalized abortion cases, both in the peri- od of time of 2000-2003. It was established the diagnosis by share of the medical reality, medico-legal and legal of abortion, by the research results. There were no registered case of undergoing oneself abortion in the institutions that offer the obstetrics service, what indicates the negligence of the health information system. The relevant age status in the abortion hospitalization cases is fixed from 20 to 29 years old. The legal underage is minor in cases of abortion exams. The abortion exams made in the IMLNR were of no significance, totalizing 10, 07, 08 and 07 exams, betwe- en the period of time of 2000-2003, which contrast with the hospital abortion occurrence, that were: 9.576, 9.788, 9.034 and 8.497, in the very same period. This numerical contrast indicates that the repression manner does not apply in this case. It is known that the abortion clinic diagnosis include abortion itself undergone, which drastically contribute to increase mother deaths. The notes taken in this work stimu- late a change in the abortion law system to increase the public health system and the law as well. INTRODUÇÃO Preliminarmente, cabe distinguir o conceito obsté- trico de aborto, interrupção da gravidez antes da viabili- dade do concepto, da definição médico-legal que cor- responde a expulsão do concepto morto em qualquer ida- de gestacional. Apesar da crescente participação das mulheres na luta pela garantia de seus direitos, a deficiência assistencial em reprodução humana constitui, ainda, grave problema de saúde pública. O aborto é a terceira causa de morte materna no país, conforme divulgado pelo Ministério da Saúde em 2000, A carência de informações e dados epi- demiológicos seguros seja pela falta de notificação pe- los órgãos responsáveis ou pela clandestinidade da pra- tica abortiva, dão obscuridade aos dados estatísticos. A polêmica acerca do aborto é multidisciplinar e envol- ve inúmeras questões de ordem filosófica, ética, religiosa, biológica, social, legal e política entre outras, constituindo um desafio para organizações governamentais e não gover- namentais que vêm atuando no respectivo enfrentamento. Destaca-se do documento final da I Conferência Na- cional de Políticas Públicas para as Mulheres, realizada em julho de 2004, em Brasília, a reivindicação da des- criminalização e da legalizaçãodo aborto no país, com garantia de acesso aos Serviços Públicos. Até o momento a prática abortiva é ilegal, tipificada no Código Penal Brasileiro nos artigos 124, 125, 126, 127 e 128. O fenômeno social do aborto resiste a normas restritivas e motivações temporais na história da humanidade re- querendo, diuturnamente, análises e proposições avan- çadas para fazer valer os Direitos Humanos. 24 OBJETIVOS Fornecer conhecimentos sobre peculiaridades do aborto, a partir de estudos de perícias realizadas no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues e ocorrências de internação por abortamento, em hospitais da rede integrada ao SUS, em Salvador. METODOLOGIA A amostra foi constituída de ocorrências de internação por abortamentos em hospitais da rede integrada ao SUS nos períodos 2000, 2001, 2002, 2003 e de perícias de aborto, realizadas no Insti- tuto Médico Legal Nina Rodrigues no mesmo período, cujos dados submetidos a análise estão demonstrados nas tabelas a seguir: TABELA 1 Os resultados expressos na tabela 1 correspondem a internações por abortamento em hospitais da rede integrada ao SUS, em Salvador no período de 2000 a 2003. Observou-se o total de 36.895 abortos no período supra referido, dos quais 51% estão registrados como aborto espontâneo e 49% como gravidezes que terminaram em aborto, sem registro quantitativo quanto ao aborto provocado. TABELA 2 A tabela 2 registra as internações por aborto em hospitais da rede integrada ao SUS segundo a faixa etária no período de 2000 a 2003. Observou-se que 58% dos casos correspondem a adultos jovens com idades entre 20 e 29 anos. V IS IB IL ID A D E P A R A D O X A L D O A B O R TO E M S A LV A D O R U M A C O N T R IB U IÇ Ã O M É D IO -L E G A L 25 TABELA 3 A tabela 3 indica a relação abortos/partos em hospitais da rede integrada ao SUS, segundo o ano de ocorrên- cia. Além da proporção um aborto para quatro partos, nos períodos 2000 e 2002 ou dois aborto para sete partos nos períodos 2001 e 2003, observou-se a queda gradativa do número de abortos e de partos, que pode ser indicativo da informação, mais eficaz, quanto aos métodos anticoncepcionais, nos últimos anos. TABELA 4 Retratou-se através da tabela 4 aspectos médico-legais do aborto, representados por menos de 1% das perícias registradas na seção de sexologia do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, no período de 2000 a 2003, contrastando com a realidade médica, obtida a partir dos internamentos na rede integrada ao SUS. Saliente-se que a perícia só ocorre mediante requisição por autoridades: Delegados, Promotores e Juizes. TABELA 5 Na tabela 5 demonstrou-se que, apesar da insignificância quantitativa de perícias de aborto registradas no IMLNR, nos períodos de 2000 a 2003, 62,5% representam casos de aborto provoca- dos e 28,1% aborto por agressão. LÍ D IA R A M O S D E A R A Ú JO 26 V IS IB IL ID A D E P A R A D O X A L D O A B O R TO E M S A LV A D O R U M A C O N T R IB U IÇ Ã O M É D IO -L E G A L TABELA 6 A tabela 6 representa os resultados dos casos de abortos periciados no IMLNR nos períodos de 2000 a 2003: Constatou-se a confirmação em 37,5% dos casos periciados. Em 15,63% a gravidez ainda estava em curso e em 46,88% dos casos não foi possível o diagnóstico de aborto pela inexis- tência de sinais característicos, muitas vezes em razão do tempo entre a ocorrência medica, policial e pericial (médico-legal). TABELA 7 TABELA 8 Através das tabelas 7 e 8 demonstrou-se que a maioridade penal prevaleceu na maioria dos casos de aborto periciados no IMLNR. TABELA 9 27 LÍ D IA R A M O S D E A R A Ú JO A tabela 9 representa um estudo comparativo das ocorrências medicas e médico-legais do aborto em Salvador no período de 2000 a 2003, cujo resultado sinaliza para realidades completamente diferentes. Enquanto nos hospitais da rede integrada SUS foram registrados 36.895 casos de abortos nos quatro anos, o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues registrou apenas trinta e duas perícias de aborto no mesmo período. TABELA 10 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E INFORMAÇÕES ADICIONAIS A ausência de registro de aborto provocado por instituições que prestam assistência médica é indicativo de falta de cuidado considerado ne- cessário na informação de saúde. A faixa etária predominante na maioria dos casos de aborto registrados em maternidades foi 20 a 29 anos, correspondendo a adultos jovens. A relação aborto/parto, embora sem especi- ficação detalhada quanto ao tipo é demonstrati- va da alta ocorrência de aborto. Podemos considerar insignificantes as ocor- rências de aborto registradas no IMLNR, totali- zando dez periciais no ano 2000, sete em 2001, oito em 2002 e sete em 2003. É também digno de observação apurada, a idade das periciandas cuja menoridade legal (in- ferior a dezoito anos), está representada na mi- noria dos casos. Dos poucos casos registrados no IMLNR mais de 25% são conseqüentes a aborto por agressão, onde a ocorrência policial é feita para responsabilizar penalmente o agressor e a perícia visa determinar o dano (Art. 129 do Código Penal). A perícia de aborto no IMLNR, seja para diagnóstico de aborto provocado ou de aborto por agressão, representa menos de 1% dos re- gistros de perícias na Seção de Sexologia, con- trastando com as perícias de estupro que repre- sentam mais de 50% dos casos, as perícia de atentado violento ao pudor e até mesmo as perí- cias de verificação de virgindade que represen- tam, respectivamente, mais de 17% dos casos. Além do sub registro de casos de aborto no IMLNR, mais de 40% dos casos registrados ti- veram como resultado de perícia: sem elemen- tos de confirmação. Há referência do aborto provocado por me- dicamentos, na maioria dos registros de abortos periciados no IMLNR. Vale salientar que nos quatro anos estuda- dos não existe registro de morte por aborto no IMLNR, conforme controle de exames perici- ais através guias de exames médico-legais, re- gistradas na Seção de Tanatologia, ficando com- provada a dificuldade de encaminhamento des- 28 V IS IB IL ID A D E P A R A D O X A L D O A B O R TO E M S A LV A D O R U M A C O N T R IB U IÇ Ã O M É D IO -L E G A L ses acontecimentos, pelas autoridades requisi- tantes de perícias. Reconhece-se ainda que sob os diagnósti- cos clínicos de aborto estão incluídos os aborta- mentos provocados, que contribuem enfatica- mente para os índices adversos de mortalidade materna. O número de ocorrências médico-legais de aborto, registradas no IMLNR, padecem de sig- nificação, contudo representam também deman- das policiais e judiciais para tipificação de aborto e outros delitos. Finalmente cabe analisar a complexidade do tema e informar que em mais de trinta anos de efetivo exercício como perita médica do Insti- tuto Médico Legal Nina Rodrigues, a autora tem documentado, apenas, um caso de aborto na for- ma qualificada, cujo registro a autoridade poli- cial foi realizado pelo médico que atuou no tra- tamento cirúrgico das lesões conseqüentes ao aborto provocado clandestinamente. A perician- da fez questão de relatar, durante a perícia, sua insatisfação e repúdio a atitude do seu médico, pela notificação da ocorrência delituosa. CONCLUSÃO As anotações observadas neste trabalho, a discrepância numérica dos dados estatísticos da Instituição Médico-Legal e de Instituições que prestam assistência obstétrica, as freqüentes e numerosas mortes maternas por aborto em todo país, o encaminhamento pela descriminalização e legalização do aborto, na I Conferência Naci- onal de Políticas Públicas para as Mulheres e as discussões acerca dos Direitos Humanos na I Conferência Estadual em Salvador e IX Confe- rência Nacional em Brasília, ocorridas em maio e julho de 2004, respectivamente, fazem do abor- to tema atual, que suscita debates e reflexões por profissionais de diversas áreas no sentido do encaminhamento adequado, quanto à refor- mulação das normas legais, para se promover um incrementode Saúde Pública e Justiça. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA JUNIOR, A., COSTA JUNIOR, J.B.O. Lições de Medicina Legal. 10ª Edição São Paulo: Nacional 1972. ARAÚJO, Lídia Ramos de. Crimes Contra os Costumes na Bahia – Evolução e Peculiarida- des em Três Décadas, Porto Alegre - Rio Gran- de do Sul: Brasil Forense 2002. BAHIA, Secretaria de Saúde – Departamento de Informação e Comunicação em Saúde – DICS, 2004. FÁVERO, F. Medicina Legal. 9ª Edição. São Paulo: Martins 1973. RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. Trad. A. Piseto e L.M.R Esteves. Martins Fontes 1997. REZENDE, Jorge. Obstetrícia. 5. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan 1995. 29 RESENHA LITERÁRIA DICCIONARIO DE LA INVESTIGACIÓN CIENTÍ- FICA, Autor: Mario Tamayo y Tamayo, 2ª Edição, 173 páginas. A falta de obras semelhantes a esta e a crescente necessidade de unificação terminológica entre pesquisado- res, professores e estudantes, alentou ao autor a escrever este dicionário que, sem dúvida, promoverá o desenvolvi- mento da investigação científica no meio universitário, ponto de partida para a unificação terminológica.Nesta segunda edição, o número de palavras e termos cruzados se aumen- tou em razão das novas tendências que em matéria de in- vestigação se vieram apresentando e que se considerou fo- ram bem recebidas pela comunidade científica. Consta de 1259 termos com 2086 acepções e inclui 408 termos cruzados. GRAFOSCOPIA ESSENCIAL, Autor: Cavalcanti F. da Costa Lira, 1ª Edição, 1996, 152 páginas. Grafoscopia Es- sencial busca estudar a escrita por vários ângulos, dando ênfase ao estudo da autenticidade e da autoria. Escrever este livro para peritos do ramo não foi a intenção principal dos autores, mas sim a de trazer conhecimentos básicos do assunto aos juízes, promotores, advogados, delegados de polícia, bancários, estudantes e a todos aqueles que possam interessar-se pelo assunto. Faz parte da série “Prática Policial”. ESTUDOS MÉDICO-LEGAIS, A utor: Luís Carlos Caval- cante Galvão, 1ª Edição, 1996, 312 páginas. Esta coletânea de estudos médico-legais abrange as áreas da Medicina, Odonto- logia e Direito, tendo por objetivo auxiliar médico -legistas em suas tarefas periciais.Trata-se de uma obra diferenciada, que pretende fundamentar o elaborador da prova e o analista do laudo de meios simples, objetivos e atuais para interpretar as- suntos especializados, fazendo com que o relatório pericial não seja apenas um detalhe no formalismo do curso processual, mas um instante iluminador do fato ocorrente que se quer apu- rar. Faz parte da série “Prática Policial”. MANUAL DE CRIMINOLOGIA, Autor: Frederico Abrahão de Oliveira. 2ª Edição, 1996, 112 páginas. Ma- nuais de criminologia são muitos, este é único. Único por sua objetividade, praticidade e método de pesquisa. Trata da personalidade do delinqüente de modo a deixar aqueles que enfrentam o problema da criminalidade, cientificamente, de frente com a realidade. Crime é ato humano, logo, complexo, não possuindo causas, mas fatores. Estes fatores o professor Frederico Abrahão de Oliveira trabalha com preci- são, à luz da vasta bibliografia utilizada nas pesquisas que fez. MANUAL AVANZADO DE INVESTIGACIÓN POLI- CIACA 5 TOMOS, Autores: Vanderbosch e Charles G, 1.164 páginas. Proporciona um fundamento sólido ao ofi- cial de polícia que desempenhe funções especializadas no campo da investigação criminal. As técnicas de investiga- ção e os conceitos expostos nesta obra detalham as práticas tradicionais aceitas, bem como os métodos mais modernos desenvolvidos para satisfazer as necessidades atuais; QUÍMICA LEGAL E INCÊNDIOS, Autores: José L. Zarzuela e Ranvier F. Aragão, 1ª Edição, 1999, 467 pági- nas. Esta obra é fundamental interesse para peritos, advo- gados criminalistas, delegados de polícia e outras persona- lidades do universo da Criminalística.Esta obra traz 14 ca- pítulos relativos a química legal e 10 capítulos relativos a incêndios. Nos capítulos relativos a química legal, apre- senta, além de outros assuntos, desde o laboratório de quí- mica, passando pelo estudo de fluídos de interesse crimina- lístico, munições de arma de fogo, identificação química de impressões papilares, explosivos com suas proprieda- des e conseqüências, além de outros assuntos de interesse da química forense. Nos capítulos relativos a incêndio faz uma análise pericial dos locais de incêndio com seus resíduos, ori- gens e ações da fumaça e calor sobre o corpo humano. TEMAS FUNDAMENTAIS DE CRIMINALÍSTICA, Autor: José Lopes Zarzuella, 2 a edição, 1998, 212 pági- nas. Esta obra, como o nome diz, tem em seu conteúdo temas fundamentais de criminalística. Inicia pela evolução histórica da criminalística, passando pelo exame dos locais de crime, apresentando as principais técnicas para a análise dos diversos vestígios e indícios presentes em um local de crime. Passando pelos mais diversos tópicos da criminalís- tica, como: a fotografia forense, os instrumentos de crime, a prova da parafina, noções básicas de química analítica de substâncias farmacodependentes, entre outros. Faz Parte da série “Prática Policial” A TECNOLOGIA DO DNA NA CIÊNCIA FORENSE, Autor: Francisco A. Moura Duarte, Editora: FUNPEC- RP Em 1992 o Conselho Nacional de Pesquisa publicou A Tecnologia do DNA na Ciência Forense, que documentou a situação de então deste campo emergente. A Avaliação do DNA como Prova Forense relata como esta prova é inter- pretada nos tribunais, inclui desenvolvimentos que aconte- ceram em genética de populações e estatísticas desde a pu- blicação do livro original e comenta sobre afirmações con- tidas no volume original que se mostraram controversas ou que foram aplicadas de modo errôneo nos tribunais. Este livro oferece recomendações para manusear amostras de DNA, para realizar cálculos e sobre outros aspectos do uso do DNA como uma ferramenta forense - modificando al- gumas das recomendações prévias. O livro trata da deter- minação do perfil de DNA e faz considerações sobre como os erros de laboratório podem surgir, como podem ser re- duzidos e como levar em conta o fato de que a taxa de erro não pode nunca ser reduzida a zero. 283 páginas. 30 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO Destinada a divulgar trabalhos científicos e pesquisas produzidas pelos profissionais que atuam no Departamento de Polícia Técnica da Bahia (IMLNR, ICAP, IIPM e LCPT), nas mais diversas áreas de conhecimento, conforme resolução do diretor Geral, Eduardo Dorea. Os trabalhos devem seguir as seguintes normas: 1º - A Revista Prova Material será aberta, preferencialmente, a profissionais da Polícia Científica, e destinada à publicação de matérias que, pelo seu conteúdo, possam contribuir para a formação e o desenvolvimento científico, além da atualização do conhecimento nas diferentes áreas do saber. 2º - A revista científica do DPT terá periodicidade quadrimestral com tiragem inicial de mil exemplares e distribuição interna, em congressos, simpósios e eventos onde o Departamento de Polícia Técnica da Bahia estiver representado. 3º -A responsabilidade de recebimento, seleção e edição do material será do Editor(a) e do Secretário(a).O Conselho Editorial, formado por profissionais lotados no DPT, ICAP, IMLNR, IIPM e LCPT, analisará o material recebido e emitirá pareceres.O calendário de publicação da revista Científica, bem como as datas de fechamento de cada edição, serão definidas pelo editor (a) da revista, em consonância com o conselho editorial e as disponibilidades orçamentárias. 4º - O Departamento de Polícia Técnica publicará em sua revista científica os seguintes trabalhos: I – Artigos originais, que envolvam abordagens teóricas ou práticas referentes à pesquisa e trabalhos que atinjam resultados conclusivos e significativos, não devendo ultrapassar 200 linhas de 70 toques cada; II – Comunicações, envolvendo textos mais curtos, nos quais são apresentados resultados preliminares de pesquisa em curso, ou recém concluídas, devendo ter, no máximo, 40 linhas de 70 toques cada. III – Notas, entendidas como complementos de trabalho já publicados,
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