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Geografia de Mocambique II

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14
	
Universidade Católica de Moçambique 
Instituto de Educação à Distância
Turma B
A Silvicultura em Moçambique
Domingas Paulo Miguel: 708180878
 Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia
 Disciplina: Geografia de Moçambique II
 Ano de frequência: 3º Ano
 
Nampula, Outubro de 2020
Índice
Introdução	4
Conceito da Silvicultura	5
Potencialidade da Silvicultura em Moçambique	6
Mecanismos de Gestão e Estratégias de Preservação	7
Desafios e Constrangimentos da Industria Extractiva em Moçambique	8
Desafios da Silvicultura em Moçambique no Âmbito dos Objectivos do Milénio	10
Conclusão	13
Referencias Bibliográficas	14
Introdução 
A sociedade humana evoluiu numa dependência muito estreita com a floresta como importante fonte de bens e serviços do ecossistema. Com o crescimento demográfico que se foi verificando em diferentes períodos da história, e a expansão de atividades consumidoras de madeira, as florestas foram sendo progressivamente mais exploradas, fragmentadas ou substituídas por campos de cultivo e de pasto. 
As preocupações dos governantes pela preservação e adequada condução da floresta foi-se manifestando ao longo de diferentes períodos, com regulamentações e organizações, com intuito de dar resposta a excessos na utilização da floresta e de degradação do meio, tendo a silvicultura sido consolidada ao longo do tempo, numa área do saber e profissional, em que procurou dar resposta a necessidades sociais, económicas e ambientais. Para a concretização do tema traçou-se os seguintes objectivos:
1.1. Geral
· Conhecer a Silvicultura em Moçambique
1.2. Específicos
· Conceituar a Silvicultura;
· Identificar os Mecanismo de Gestão e Estratégias de preservação;
· Ilustrar os desafios da Silvicultura em Moçambique no âmbito dos objectivos do Milénio.
· Descrever a potencialidade da Silvicultura em Moçambique.
1.3. Metodologia
A Metodologia usada na elaboração deste trabalho, culminou na discussão das ideias de diversos pensadores, obras, artigos, revista e outras referências bibliográficas citadas, que abordam sobre a Silvicultura em Moçambique.
Conceito da Silvicultura
O campo de estudo da silvicultura é muldisciplinar e interessa a varias áreas cientificas, como a botânica, a ecologia, a fitopatologia (investigação das causas e variáveis que levam ao aparecimento de doenças nas plantas). Com o desenvolvimento da civilização e o crescimento das populações só fez aumentar o consumo de produtos da floresta. Por seculos as florestas foram à única forma de combustível; directamente sobre a forma de madeira ou convertida em carvão. A madeira foi também importante na construção de casas, moveis, navios, etc; por muitos anos antes da descoberta e uso de carvão de pedra, óleo, gás e eletricidade, a madeira foi único combustível de que dispunha. 
Ford-Robertson (1971) considera a silvicultura, como a ciência e arte de manipular um sistema dominado por árvores e seus produtos, com base no conhecimento da história da vida, e as características gerais das árvores e do sítio. 
Lamprecht (1990) define a silvicultura, como sendo o conjunto de todas as medidas tendentes a incrementar o rendimento económico das árvores até se alcançar quando menos, um nível que permita um maneio sustentável.
Segundo Oldman (1990), silvicultura, é uma arte de planificação a longo prazo, com base em informação detalhada sobre as características da floresta com vista a alcançar o estado desejado.
Em geral, o intuito central é acompanhar o crescimento e desenvolvimento das árvores, para que haja uma produção precisa e adequada de produtos ou serviços – sem impactar o ecossistema florestal. Alguns dos principais esforços e produtos envolvidos nessa cadeia são:
· Lenha;
· Madeira;
· Madeira industrial;
· Estoque de carbono;
· Hospitalidade;
· Lazer
· Proteção do solo;
· Qualidade e boas condições de paisagem.
Assim, plantas regionais são cultivadas, visando a ampliação de conservação dos biomas presentes; além da restauração dos recursos hídricos e da biodiversidade. Quando relacionada à cultura madeireira, a silvicultura é chamada de megassilvicultura, e está voltada para a exploração da madeira visando o comércio.
Potencialidade da Silvicultura em Moçambique 
Os recursos florestais do território moçambicano exercem um papel de destaque na Vida económica e social do pais. As principais espécies de árvores nativas no nosso pais são: chanfuta, mecrusse, panga-panga, pau-rosa, umbila, jambirre, pau-preto.
Segundo Nonjolo; Ismaela (2017) florestas e outras formações vegetais nativas distribuem-se por cerca de 80 milhões de hectares, o que equivale a 75% da superfície total do país. As florestas artificiais - criadas pelo homem - ocupam uma área de aproximadamente 46 000 hectares para uma potencial área de reflorestamento de 1 000 000 ha. Muito pouco! A maior parte das florestas naturais localiza-se em Manica, Sofala, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado. As espécies mais frequentes nas florestas artificiais são os pinheiros e eucaliptos.
A província de Manica é a que detém a maior percentagem de florestas artificiais. Para além de Manica, que contém 51% das florestas artificiais, pratica-se também a silvicultura em Dondo (Sofala) e Lichinga (Niassa), e em Marracuene, Namaacha e Salamanga (Maputo).
Existe um enorme potencial para melhor aproveitamento dos recursos florestais actualmente explorados, garantindo uma gestão sustentável. O subsector florestal pode estimular o desenvolvimento de outros sectores da economia (indústrias de processamento, mobiliário, materiais de construção, papel, etc).
É reconhecida a contribuição das florestas nomeadamente: novas fronteiras agrícolas e fertilização dos solos, fontes de energia, aumento da renda das famílias, plantas para a alimentação e medicinais, proteína animal, fornecimentos de materiais de construção, criação de empresas e geração de emprego, balança de pagamentos, entre outros.
As florestas são classificadas de acordo com o seu potencial de produção de madeira, sendo divididas em florestas produtivas e florestas não produtivas. As florestas não produtivas por sua vez, dividem-se em florestas de conservação, por se situarem em áreas destinadas à protecção, e em florestas de protecção, localizadas em áreas húmidas ou com limitações de acessibilidade (exemplo: mangais e terrenos acidentados), (Marzoli 2007, p.16).
Para além dos serviços ao ecossistema, as florestas são essenciais para a economia de um país, especialmente em países em vias de desenvolvimento como Moçambique. De acordo com o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA 2010:4), o sector agrário emprega cerca de 80% da população em idade activa.
Produtos florestais tais como combustíveis lenhosos, plantas medicinais, entre outros, são de extrema importância para a economia moçambicana. Marzoli (2007:75) refere-se à importância das plantas medicinais para a economia nacional, ao contributo destas para a poupança familiar e do Estado (em termos de despesas em medicamentos) como é o caso de divisas que seriam usadas para compra de medicamentos.
Mecanismos de Gestão e Estratégias de Preservação 
As florestas são um recurso natural precioso para a humanidade. O relatório da Environmental Investigation Agency, (EIA 2012), descreve lacunas na gestão de recursos florestais que afectam principalmente países em desenvolvimento como Moçambique. Outros documentos EIA (2013), PEDSA (2010), Nordic Development Fund e SAVCOR INDUFOR (2005), e Bila (2005), descrevem a necessidade de melhoria da gestão dos recursos florestais com especial atenção ao país. O problema a investigar é identificado como sendo o seguinte: “O subsector florestal não tem contribuído de forma eficiente para a economia nacional”. 
A política sobre as florestas e a fauna tem um horizonte de longo prazo e a sua materialização esta sendo reflectida no Programa Nacional de Florestase Fauna Bravia para os próximos anos, e foi aprovado pelo Ministério da Agricultura e Pescas (MAP) no âmbito da planificação em curso do Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário (PROAGRI).
Os recursos florestais e faunísticos têm sido considerados com um capital disponível que, com baixos níveis de investimentos, poderão gerar divisas através da exportação (Micoa, 1996). Contudo, a contribuição do subsector florestal e faunísticos na economia de subsistência é muito maior que o seu papel na economia formal. As estatísticas oficiais do produto do Interno Bruto (PIB) ainda não reflectem a contribuição deste subsector na economia do Pais, provem da biomassa lenhosa.
A área florestal, com potencial para produção de madeira, é estimada em 19 milhoes de há. Nesta categoria de floresta produtiva estima-se um volume comercial em (acima de 40 cm DAP1) aproximadamente 22 milhoes de metros cúbicos, o que permite corte anual de 500 mil metros cúbicos, considerando todo o leque de espécies com potencial de utilização industrial.
Não obstante a vasta cobertura florestal, estima-se que o desmatamento no período 1972-1990 tenha sido de 4,27%. Desta área, destaca-se a provincia de Maputo onde, devido à exploração resultante da concentração da população ao redor da cidade, se verificou um desmatamento de 19,8%. Este desmatamneto é resultado essencialmente de praticas agrícolas inapropriadas, procura de lenha e materiais de construção e da respectiva e elevada frequência de queimadas florestais (Couveia, 1997).
Em relação as áreas de conservação, sucessivos, instrumentos legislativos criaram 12 areas de conservação – Parque Nacionais, Reservas e Coutadas – com uma área total equivalente a cerca de 6,7 milhões de hectares (Ombe, 1996). Devido ao longo do período de abandono, estas áreas requerem reavaliação em termos de limites, objectivos e categorização. Por outro lado, há indicações de que alguns sistemas ecológicos não estão cobertos pela rede existente de áreas de conservação. 
A politica e estratégia de Desenvolvimento de Florestas e Fauna Bravia enquadra-se no Programa do Governo estabelecido pela resolução 4/95 de 9 de Maio da Assembleia da Republica e na politica Agraria e Estratégias de Implementação aprovada pelo Conselho de Ministro em Outubro de 1995 (Abrahamsson, 1994). O Governo promovera a utilização racional e sustentável dos recursos ecológicos da actual e futura geração dos Moçambicanos.
O SNUC define e regulamenta as categorias de unidades de conservação separando-as em dois grupos: Proteção Integral, com a preservação da biodiversidade como principal objetivo; e áreas de Uso Sustentável, que permitem várias formas de utilização dos recursos naturais, com a proteção da biodiversidade como um objetivo secundário (MMA-SNUC, 2000).
As áreas de proteção integral incluem parques nacionais, reservas biológicas, estações ecológicas, monumentos naturais e refúgios de vida silvestre. Os parques nacionais são as maiores unidades de conservação de proteção integral, e destinam-se a fins educativos, recreativos e para pesquisas científicas (MACHADO et al, 2004). As reservas biológicas são, geralmente, menores que os parques nacionais e são fechadas ao público, exceto para educação ambiental. As estações ecológicas são similares, diferenciando-se somente na ênfase do seu papel prospectivo como estações de pesquisa (RYLANDS & BRANDON, 2005).
Desafios e Constrangimentos da Industria Extractiva em Moçambique
Devido à falta de dados, foi feita uma análise da evolução do número de indústrias de processamento até 2009. Esta indústria, é caracterizada por serrações e carpintarias. As serrações são o tipo de unidade de processamento industrial predominante. Estas unidades são abastecidas por exploração florestal em regime de licença simples (perto de 50%), concessão florestal e compra a terceiros, DNTF (2005, p. 17).	
Segundo o estudo da Faculdade de Agronomia (2013:7)36, o mercado informal abastece grande parte das carpintarias. Este estima que, para 2012, o consumo de carpintarias e serrações foi de 7 mil m3, em equivalente a madeira em toros, muito abaixo dos 257 e 150 mil m3 consumidos nos centros urbanos e meio rural.
Serra e Chicue (2005:71) descrevem duas “linhas de raciocínio” do oitavo artigo da LFFB, para o país a saber (i) maior valor monetário a obter pelos produtos manufacturados (na sua totalidade ou parcialmente) em relação ao valor de matérias-primas, ou seja, benefícios da industrialização ao nível nacional; e (ii) redução da pressão de exploração dos recursos florestais e faunísticos, que pode ser alcançada através do maior valor monetário pago por produtos com maior valor acrescentado.
De acordo com o regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia, a exploração florestal pode ser feita com os seguintes fins: consumo próprio, comerciais, industrial ou energético. Para sua exploração, o regulamento descreve dois regimes de exploração comercial de produtos florestais: concessões florestais, licenças simples.
O regime de Licença simples é a exploração florestal que, segundo o regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia (RLFFB, p.14), artigo 16, só pode ser exercida exclusivamente por nacionais, singulares, e pessoas colectivas, com fins comerciais, industriais e energéticos. Esta modalidade de exploração tem a validade de um ano, com limite de exploração de 500 metros cúbicos.
O de Concessão florestal é definida pela LFFB (1999:2) como 
“…área do domínio público delimitada, concedida a um determinado operador, através do contrato de concessão, destinada à exploração florestal para o abastecimento da indústria, mediante um plano maneio previamente aprovado.” 
A legislação referida, LFFB (1999, p.14), artigo16, estipula um prazo máximo de exploração de 50 anos, com possibilidade de renovação. Uma das vantagens da concessão florestal é o plano de maneio27 e a garantia de processamento de produtos florestais obtidos.
O plano de maneio, documento importante para garantia de exploração de forma sustentável do recurso florestal, por meio de concessão florestal, é definido como 
“… documento que enumera, descreve e regula as actividades e os requisitos técnicos a observar relativamente à programação do uso, protecção e desenvolvimento dos recursos florestais e faunísticos existentes numa determinada área”, Manual de Legislação de Florestas e Fauna Bravia (2005:275).
O número de concessões florestais tem aumentado, apesar deste tipo de exploração continuar em número reduzido em relação às licenças simples.
Desafios da Silvicultura em Moçambique no Âmbito dos Objectivos do Milénio 
As alterações sociais e económicas que foram ocorrendo conduziram a silvicultura a incorporar a sustentabilidade e a multifuncionalidade em face das novas exigências da sociedade, percecionada a degradação do meio ambiente e a importância da floresta nas suas várias dimensões. 
Este conceito de múltiplo uso foi realçado na Alemanha por Dietrich (1941), entre outros, em que as funções desempenhadas têm também uma importância intrínseca ligadas com o funcionamento e a vitalidade do ecossistema. Para a actualidade e o futuro, a sustentabilidade na silvicultura vai para além da função unicamente económica directa e da produção lenhosa sustentada, como desenvolvido no final do século XVIII / início do séc XIX pela primeira escola alemã, para considerar também aspectos ecológico-ambientais e sociais. 
A partir de meados do séc. XX o ambiente e a conservação entram no debate político de modo que a procura duma sustentabilidade florestal passa, actualmente, por considerar também requisitos sociais e ecológicos. O conceito de uso múltiplo e de multifuncionalidade seria mais tarde utilizado pela Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas para a formulação do desenvolvimento sustentável (Brundtland, 1987). 
Procurando um balanço entre o desenvolvimento económico e o equilíbrio dos ecossistemas chegou-se ao conceito de desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade na área florestal é um marco da actualidade.A compatibilização entre o aproveitamento dos recursos naturais e a sua conservação coloca importantes desafios científicos e técnicos relacionados com a exploração desses recursos e a sustentabilidade dos ecossistemas. A silvicultura enfrenta importantes desafios relacionados com aspectos como as alterações climáticas, o combate à desertificação, a conservação da biodiversidade, do solo e da água, e as condições de vida humana, a saúde e o bem-estar.
A preservação e melhoria da paisagem, de atividades recreativas, do turismo ligada à natureza, colocam também exigências adicionais. Paralelamente, questões de rentabilidade e de eficiência económica são também importantes. Alguns desafios colocados na silvicultura envolvem a escolha de um modo de tratamento adequado e uma conjugação da produção florestal com outros benefícios e serviços do ecossistema, compatibilizados os outros usos do território (Flores, 1939). 
Neste sentido, a conciliação da economia com a ecologia, a conjugação das vertentes ambiental, social e económica, são de grande relevância para a silvicultura, por forma a contribuir para um desenvolvimento sustentável. Uma silvicultura que seja multifuncional, economicamente viável e ecologicamente sustentável tem constituído um dos mais importantes desafios para o futuro. 
Trata-se, portanto, de aplicar adequadas formas de intervenção para várias funcionalidades e utilizações que o povoamento florestal pode proporcionar. A sustentabilidade na silvicultura envolve considerar o conjunto das funções providenciadas pelo ecossistema. Procura-se que estas funções sejam combinadas tanto quanto possível. 
De acordo com Almeida (1928): 
A importância da conservação da biodiversidade na silvicultura tem ganho interesse devido à sua relevância para a sustentabilidade. Promover e manter as componentes e o funcionamento do ecossistema é importante para a sustentabilidade e o bemestar, providenciando os bens e os serviços associados. Um ecossistema possui um determinado potencial para o fornecimento de serviços, que depende da existência de uma estrutura biofísica, dos processos e funcionamento do ecossistema. 
Medidas como a designação de áreas protegidas têm procurado assegurar os serviços do ecossistema, no entanto, podem ser restritas a uma dada área geográfica, ser insuficientes na sua abrangência, ou envolver custos de gestão elevados, pelo que o desenvolvimento de uma silvicultura integradora e de medidas que considerem os diversos elementos são de grande interesse. 
A valorização dos serviços do ecossistema é importante e constitui um desafio dada a complexidade do assunto e das formas como pode ser realizada de um modo satisfatório. O papel que a floresta desempenha em face às alterações climáticas coloca também exigências adicionais. Em diversas situações é constatada a dificuldade em assegurar uma provisão sustentada dos bens e serviços do ecossistema ou a existência de limitações relacionadas com determinados modos de produção florestal, assistindo-se a uma degradação do ecossistema. 
Em relação à silvicultura, um dos desafios consiste em conciliar os interesses do proprietário, decorrentes das decisões de condução do povoamento florestal, com os benefícios da sociedade em geral, bem como a integração dos elementos económicos e ecológicos. Uma silvicultura que seja orientada para os diferentes usos e funções do povoamento florestal é, também, geradora de novas actividades, de empregos e de receitas, contribuindo para o desenvolvimento das comunidades locais e do país em geral. 
Um desafio importante envolve o desenvolvimento e aplicação de uma forma de condução dos povoamentos florestais que possa gerar um incentivo económico sustentável e que simultaneamente considere os aspectos ecológicos e sociais. Neste contexto, uma silvicultura de base natural ou ecossistémica pode contribuir para uma floresta multifuncional, rentável e sustentável, tornando possível conciliar a produção com a conservação do ecossistema florestal. Tem tido uma grande importância pela sua aproximação aos processos naturais, à conservação dos recursos e às suas vantagens económico financeiras e ecológicas (Flores, 1939). 
O autor defende uma silvicultura com vista a um rendimento económico, procurando assegurar as condições naturais e uma melhoria do valor do povoamento. Com benefícios para o proprietário, o meio ambiente e a sociedade. Por outro lado, dada a sua flexibilidade permite também o enquadramento de situações em que a conservação seja o único propósito. Uma silvicultura moderna procurará a integração dessas vertentes, promovendo a multifuncionalidade, a capacidade de adaptação e a rentabilidade do povoamento florestal. A prática silvícola que provoque danos como a erosão do solo, a perda de nutrientes e de matéria orgânica do solo, ponha em causa a conservação da água, da biodiversidade, cause a degradação da paisagem, afecte aspectos ambientais, não é, pois, sustentável.
O modo como a sociedade irá responder aos desafios apontados vai depender da consciencialização e do comportamento humano, individual e coletivo, tendo diversas organizações, nacionais e internacionais, convocado o compromisso das nações para a adoção de adequadas medidas e práticas silvícolas sustentáveis. Actualmente, uma parte da silvicultura que tem vindo a ser desenvolvida na Europa procura ir ao encontro destes desafios, na promoção de uma silvicultura multifuncional e sustentável. Uma das questões que se coloca entre nós é o de saber se seremos capazes de responder a estes desafios, em prol do bem-estar das gerações e do planeta.
Conclusão
A silvicultura tem uma ampla história que se foi desenvolvendo e refinando tendo como principal propósito procurar não apenas a disponibilidade de material lenhoso como também evoluir para uma produção sustentada de madeira.
Deste modo diversos silvicultores constatavam, nomeadamente nas regiões de montanha, os efeitos negativos sobre a regeneração e sobre o solo resultante do pastoreio bem como da exploração florestal a partir de cortes rasos. Primeiramente, entendido como um modo desordenado, primitivo, de condução do povoamento, o tratamento irregular foi sendo ordenado e aperfeiçoado. Möller (1922) esclarece o conceito de floresta perene ou durável com base na conservação da continuidade do carácter florestal, na utilização da regeneração natural, na recolha periódica e no melhor aproveitamento do crescimento dos povoamentos.
Referencias Bibliográficas 
ALMEIDA, A., Portugal florestal. Ministério da Agricultura, Boletim, Ano X, Lisboa.1928.
DGSFA, vol. X: 215-224. Neves, C. B., 1979. O regresso à floresta. Instituto dos Produtos Florestais, Boletim 22, Lisboa. 
Flores, F. M., 1939. A protecção da natureza. Revista de Agronomia 27: 125-132. Gomes, M., 1932. 
MEDIEVAL, Lives. Oxford – BBC, London. Natividade, J. V., 1943. A contribuição das Ciências Biológicas para o ressurgimento florestal português. 
LAMPRECHT, H. (1990). Silvicultura nos Trópicos. Cooperação Técnica-RFA. Eschborn.343 p
NONJOLO, Luís Agostinho; ISMAEL, Abdul Ismael. G10 - Geografia 10ª Classe. Texto Editores, Maputo, 2017.

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