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2015 Maria Efigênia Ferreira IFMG – Conselheiro Lafaiete 01/02/2015 TECNOLOGIA DOS MATERIAIS 1 1-INTRODUÇÃO O homem sempre fez uso dos materiais para satisfazer suas necessidades. Os materiais estão intimamente ligados à evolução e desenvolvimento da espécie humana. As civilizações sempre utilizaram os materiais e a energia para melhorar o nível de vida do ser humano. Dentre os materiais mais utilizados estão o fero, aço, cobre, alumínio, madeira, cimento, pedra, vidro, plásticos, borracha, papel e outros. A produção e transformação dos materiais em produtos acabados constitui a principal atividade da economia moderna, visando economia e sustentabilidade. Para obtenção de um produto, seu processo de produção passa por várias etapas e envolve o emprego de diversos materiais, de acordo com os custos e, sobretudo, com as exigências técnicas do produto. O profissional responsável por esta etapa deve ter conhecimento da estrutura interna do material a níveis submicroscópicos, o que lhe possibilita prever o seu desempenho em trabalho, bem como, programar e modificar suas características e propriedades. Os materiais são analisados e desenvolvidos pela “Ciência e Engenharia dos Materiais” que tem como meta principal a geração e emprego dos conceitos relacionando composição química, arranjo atômico e desempenho dos materiais com suas propriedades e aplicações. 1-1-MATERIAIS Define-se material como sendo tudo aquilo que empregamos na confecção de bens materiais tais como: habitações, veículos, máquinas e equipamentos, utensílios, vestuários e etc. 1-2-CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS 2 Os materiais sólidos são mais comumente agrupados em três classificações básicas: metais, cerâmicos e polímeros. Esta classificação se baseia na composição química e na estrutura atômica, os materiais, de um modo geral, se encaixam em um dos grupos, embora haja os intermediários. Existem ainda três outros grupos importantes para a engenharia: compósitos ou conjugados, semicondutores e os biomateriais. A maioria das classificações dos materiais surgiu numa época em que as propriedades mecânicas estavam em primeiro plano. Assim, a primeira associação de materiais é feita tendo-se em vista normalmente uma determinada propriedade mecânica ou estrutural: dureza, resistência, fragilidade, etc. Neste contexto, a classificação técnica dos materiais é: metais, cerâmicos, polímeros e compósitos. Figura 1-Classificação técnica dos materiais Dentro dessa ótica, J.W. Bullard (http://www.mse.uiuc.edu/info/mse182/t41.html), da Universidade de Illinois, EUA, apresenta as principais subclasses desta classificação. CLASSES SUBCLASSES Metais A. Ferro e aço; B. Ligas não-ferrosas e superligas (aplicações aeroespaciais) C. Compostos intermetálicos (materiais estruturais de alta temperatura) 3 Cerâmicas A. Cerâmicas estruturais (materiais estruturais de alta temperatura) B. Refratários (materiais resistentes à corrosão, isolantes térmicos) C. Cerâmica branca (porcelanas) D. Vidros E. Cerâmicas para aplicações elétricas (capacitores, isolantes, transdutores, etc.) F. Cerâmicas ligadas quimicamente (cimento e concreto) Polímeros A. Plásticos B. Cristais líquidos C. Adesivos Compósitos A. Compósitos particulados (pequenas partículas dispersas em um material diferente) B. Compósitos laminados (tacos de golfe, raquetes de tênis) C. Compósitos reforçados com fibras (fibra de vidro, fibra de carbono) Tabela 1-I: Principais subclasses de materiais (adaptado) Uma classificação moderna e muito interessante dos materiais é aquela onde eles são divididos em apenas dois grandes grupos: Materiais estruturais: que são todos os materiais para os quais as propriedades mecânicas têm um papel fundamental; e Materiais funcionais: que servem para cumprir um grupo de funções como, por exemplo, materiais ‘semicondutores’, materiais magnéticos, materiais condutores de eletricidade, luz, etc. 1-3-MATERIAIS METÁLICOS: definição, propriedades e aplicações Os materiais metálicos são substâncias inorgânicas e são compostos normalmente por combinações de elementos metálicos, mas podem conter também, alguns elementos não metálicos, como carbono, nitrogênio e oxigênio. Alguns metais são encontrados na natureza de forma pura (substância simples), como por exemplo, ouro, prata, platina e outros. Eles possuem um grande número de elétrons não localizados, ou seja, estes não estão ligados a qualquer átomo em particular. Muitas propriedades dos metais são atribuídas 4 diretamente a estes elétrons. Os metais são muito resistentes e, ainda assim, deformáveis, o que é responsável pelo seu uso extenso em aplicações estruturais. Bullard (http://www.mse.uiuc.edu/info/mse182/t41.html) sintetizou as principais características, aplicações e exemplos dos materiais metálicos (adaptado): Características básicas: - átomos organizados numa estrutura repetitiva regular (cristal); - bastante resistente (propriedade mecânica); - denso; - maleável ou dúctil: alta plasticidade; - resistente à fratura: alta tenacidade; - excelente condutor de eletricidade e calor; - opaco à luz visível; - a superfície polida apresenta brilho metálico. Aplicações: - condução de eletricidade: fiação elétrica; - estruturas: construção civil, pontes, pavilhões industriais, etc.; - automóveis: corpo, chassis, molas, bloco do motor, etc.; - aeroplanos: componentes do motor, fuselagem, conjuntos de trem de pouso, etc.; - trens: trilhos, componentes do motor, corpo, rodas; - máquinas e ferramenta: brocas, martelos, chaves-de-fenda, lâminas de serra, etc.; 5 - materiais com memória de forma: próteses dentárias corretoras de mau posicionamento; - magnetos; - catalisadores. Exemplos de metais e ligas empregados frequentemente: Elementos metálicos ‘puros’: Cu, Zn, Al, etc.; Ligas: Cu-Sn (bronze), Cu-Zn (latão), Fe-C (aço), Pb-Sn (solda), NiTi (Nitinol); Compostos intermetálicos: WC (‘wídia’). Figura 2- Diversos materiais metálicos 6 Principais razões para a aplicação dos materiais metálicos Natureza da propriedade Exemplos Propriedades físicas Condutividade elétrica e térmica, refratariedade, cor, brilho, densidade; Propriedades mecânicas Resistência em alta e baixa temperatura, conformabilidade, tenacidade, ductilidade, dureza; Propriedades químicas Susceptibilidade à corrosão (aquosa e oxidação em alta temperatura); Formação de ligas com outros metais e soldagem; Conhecimento científico De como conformar, como tratar (conferir propriedades interessantes), etc.; Fatores de produção Abundância e oferta confiável de matérias primas; suprimento garantido; métodos extrativos conhecidos; e, processos de produção não-poluentes; Mercado confiável para "produtos metálicos" Fatores ambientais Durabilidade; Reciclabilidade do material; Degradação rápida e sem perigos; Produtos da decomposição conhecidos. Fatores de custo De produção da mercadoria metálica; De manutenção De reposição 7 Figura 3- Exemplos de aplicações dos metais 1-4-MATERIAIS CERÂMICOS: definição, características e aplicações A palavra Cerâmica provém do grego Keramos que significa “coisa queimada” e, de acordo com esse povo a cerâmica é uma combinação perfeita do que os gregos consideravam os quatro elementos que constituíam o mundo – água, terra, fogo e ar. Tem-se conhecimento da utilização da pelos seres humanos desde tempos neolíticos, aproximadamente dez mil anos atrás, e, nos últimos tempos, a ciência têm desenvolvido cerâmicas altamente tecnológicas, com características diferenciadas – resistentes à altas temperaturas e pressões, com melhores propriedades mecânicas, característicaselétricas especiais e inertes à agentes químicos corrosivos. A maioria dos materiais cerâmicos é composta entre elementos metálicos e não-metálicos para os quais as ligações interatômicas são ou totalmente iônicas ou predominantemente iônicas, mas tendo algum caráter covalente, eles são frequentemente óxidos (SiO2 ), nitretos e carbetos (SiC). . Suas estruturas cristalinas são geralmente mais complexas do que aquelas de metais, uma vez que são formadas por, no mínimo, dois elementos. Estes materiais podem cristalinos, não cristalinos ou uma mistura de ambos. A grande variedade de materiais que se enquadra nesta classificação inclui 8 cerâmicos que são compostos por minerais argilosos, cimento e vidro. Estes materiais são tipicamente isolantes à passagem de eletricidade e calor, e são mais resistentes a altas temperaturas e ambientes abrasivos do que os metais e polímeros. Com relação ao comportamento mecânico, os cerâmicos são duros, porém quebradiços. São menos densos que a maioria dos metais e suas ligas. As Cerâmicas compreendem todos os materiais inorgânicos, não-metálicos, obtidos geralmente após tratamento térmico em temperaturas elevadas. Uma grande vantagem na produção e utilização das cerâmicas é o fato de que os materiais usados na sua produção são abundantes e baratos. Composição química: combinação de elementos metálicos e não-metálicos (óxidos, carbetos e nitretos). Figura 4- Tipos de materiais cerâmicos Classificação Os materiais cerâmicos podem ser classificados em materiais cerâmicos convencionais e materiais cerâmicos avançados. Figura 1: Materiais cerâmicos: um dos três grandes grupos de materiais utilizados em engenharia. 9 Convencionais Estruturais Vidros Louças Cimentos Avançados Eletrônicos Ópticos Biomateriais Características - Maior dureza e rigidez quando comparadas aos aços; - Frágeis e quebradiças; - Maior resistência ao calor que os metais e polímeros (refratários); - Isolantes térmicos e elétricos; - Maior resistência à corrosão que metais e polímeros; - Inércia química - São menos densas que a maioria dos metais e suas ligas; - Os materiais usados na produção das cerâmicas são abundantes e mais baratos; - A ligação atômica em cerâmicas é do tipo mista: covalente + iônica. Propriedades térmicas As mais importantes propriedades térmicas dos materiais cerâmicos são: capacidade calorífica ( ) 10 coeficiente de expansão térmica ( ) condutividade térmica ( ) Veja a seguir a tabela contendo dados de propriedades elétricas de materiais metálicos, cerâmicos e poliméricos. Material Capacidade calorífica (J/kg.K) Coeficiente linear de expansão térmica [(Co )-1 x 10-6 ] Condutividade térmica (W/m.K) Alumínio 900 23,6 247 Cobre 386 16,5 398 Alumina (Al2 O3 ) 775 8,8 30,1 Sílica (SiO2) 740 0,5 2,0 Vidro de cal de soda 840 9,0 1,7 Polietileno 2100 60-220 0,38 Poliestireno 1360 50-85 0,13 Tabela 1- Propriedades elétricas de material metálico, cerâmico e polimérico. Propriedades Elétricas As propriedades elétricas dos materiais cerâmicos são muito variadas. Podendo ser: - isolantes: Alumina, vidro de sílica (SiO2) - semicondutores: SiC, B4C - supercondutores: (La, Sr)2CuO4, TiBa2Ca3Cu4O11 Propriedades mecânicas 11 Descreve a maneira como um material responde a aplicação de força, carga e impacto. Os materiais cerâmicos são: - Duros - Resistentes ao desgaste - Resistentes à corrosão - Frágeis (não sofrem deformação plástica) Aplicações Vidros São cerâmicas bem presentes no cotidiano. Aplicadas em recipientes, janelas, fibra de vidro representam aplicações típicas. Tratam-se de silicatos não- cristalinos contendo outros óxidos, como CaO, Na2O, K2O e Al2O3, que influenciam as propriedades do vidro. Vidrocerâmicas Vidros, que são cerâmicas não cristalinas, podem ser transformados em compostos cristalinos, e, então, passam a ser chamados de vidrocerâmicas. Nesse processo, chamado de cristalização ou devitrificação, o vidro perde sua transparência e tensões podem ser introduzidas como um resultado de mudanças de volume que acompanham a transformação, fornecendo um produto material relativamente fraco. Citam-se como qualidades das vidrocerâmicas seu baixo coeficiente de expansão térmica, evitando o efeito de choque térmico presente nos vidros; resistências mecânicas e condutividades térmicas relativamente altas. Além disso, esses materiais são facilmente fabricados em larga escala com técnicas convencionais de conformação de vidro. Os usos mais comuns destes materiais são louças de forno-estufa e de mesa, principalmente por causa de sua excelente resistência ao choque térmico e sua alta condutividade térmica, além de serem também empregadas como isoladores e como substratos de placas de circuito impresso. Produtos à Base de Argila A argila é umas das matérias primas cerâmicas mais largamente empregadas. Trata-se de um ingrediente barato, encontrado abundantemente na natureza. 12 Quando misturadas nas apropriadas proporções, argila e água formam uma massa plástica que pode ser facilmente moldada. Após tratamento térmico, melhoram-se suas propriedades mecânicas, formando um sólido rígido. Utilizam-se cerâmicas à base de argila como produtos estruturais – tijolos, telhas, manilhas – e louças brancas – porcelana, olaria, louças de mesa, louças sanitárias. Figura 5- Moldes de cerâmica Refratários As cerâmicas de refratários são também muitos importantes no dia-a-dia e, portanto, produzidas em larga escala. Sua importância provém da capacidade desses materiais de suportar altas temperaturas sem fusão ou decomposição, serem ótimos isolantes térmicos e a capacidade de serem inertes quando expostos a ambientes químicos adversos. São utilizados como revestimentos de fornos para refino de metais, para fabricação de vidro, para tratamentos térmicos metalúrgicos e geração de potência. Porosidade é uma variável da microestrutura que deve ser controlada para produzir um tijolo refratário adequado. Resistência mecânica, capacidade de suportar carga, e resistência ao ataque pelos materiais corrosivos todas elas crescem com a redução da porosidade. Ao mesmo tempo, características de 13 isolamento térmico e resistência ao choque térmico são diminuídas com a redução da porosidade. Abrasivos Cerâmicas abrasivas são usadas como material de desgaste, moagem e corte de outros materiais, que devem ser mais macios. Portanto, o principal requisito para este grupo de materiais é a dureza ou resistência ao desgaste; em adição, um alto grau de tenacidade é essencial para assegurar que as partículas abrasivas não se fraturem facilmente. Os abrasivos cerâmicos mais comuns incluem carbeto de silício, carbeto de tungstênio (WC), óxido de alumínio e areia de sílica. Cimentos Os cimentos são caracterizados por formarem uma pasta que, subsequentemente, se cura e endurece, quando misturados com água. Os cimentos inorgânicos, muito conhecidos, são o cimento, o gesso e a cal. Estes materiais agem como uma cola, que liga quimicamente agregados particulados numa única estrutura coesa. A grande vantagem do cimento é o fato da ligação cimentícia se desenvolver à temperatura ambiente. Desses materiais, o cimento portland é, de longe, o mais consumido. O fenômeno de endurecimento se dá pela hidratação da cerâmica com as moléculas de água da pasta formada. Cimento portland é usado, principalmente, em argamassa e concreto para coagular numa massa coesa, agregados de partículas inertes (areia e cascalho). Cerâmicas Avançadas Este grupo é representado por novas cerâmicas desenvolvidas. Há a necessidade de se explorar novos materiais com propriedadeselétricas, magnéticas e óticas. Esses novos compostos cerâmicos têm sido estudados para serem utilizados em máquinas de combustão interna e turbinas, em placas de armadura, em embalagens eletrônicas, ferramentas de corte, geração de energia, entre outros. Sistemas Microeletromecânicos (MEMS) Os MEMS são sistemas microprocessadores – utilizados como sensores de precisão, dispositivos de armazenamento de dados, entre outros – que possuem grandes quantidades de dispositivos mecânicos que estão integrados a grandes quantidades de elementos elétricos em um substrato de silício. Atualmente, ainda existem certas limitações quanto ao uso do silício nos MEMS, uma vez que o silício possui baixa tenacidade à fratura, temperatura de 14 amolecimento relativamente baixa (600°C) e é reativo na presença de água e oxigênio. Logo, objetiva-se desenvolver materiais cerâmicos com propriedades melhores que o silício nos quesitos apontados. Candidatos para serem os constituintes cerâmicos dos MEMS são as ligas de carbeto de silício e o nitreto de silício. Fibra Ótica É um exemplo legítimo da importância do desenvolvimento dos materiais cerâmicos avançados para a humanidade. A fibra ótica, que é feita de sílica extremamente pura, simplesmente, revolucionou as telecomunicações na última década, aumentando exponencialmente a velocidade de transmissão de dados. Considerações: Uma aplicação recente que retrata com fidelidade o potencial dos materiais cerâmicos é o uso dos mesmos na construção do ônibus espacial americano. A estrutura deste veículo é de alumínio, revestida por milhares de pastilhas cerâmicas. Estas dão proteção térmica ao ônibus durante a subida (1175 Co) por ocasião da reentrada do mesmo na atmosfera. Figura 6-Temperaturas na carcaça externa do ônibus espacial americano 1-5- MATERIAIS POLIMÉRICOS: definição, características e aplicações A palavra polímeros vem do grego polumeres, que quer dizer “ter muitas partes”. 15 Os polímeros sempre fizeram parte do quotidiano humano. Desde os tempos mais remotos, o homem tem usado polímeros naturais como amido, celulose e seda, entre outros. Além disso, cerca de 18% do nosso organismo é constituído por proteínas, que são polímeros naturais. A partir da primeira metade do século XX, quando o Químico alemão Hermann Staudinger (1881-1963, pioneiro no estudo da química dos polímeros, ganhador do Prêmio Nobel da Química em 1953) descobriu o processo de polimerização, a síntese de polímeros deixou de ser apenas um fenômeno natural. Desde então, o estudo dos polímeros naturais e principalmente dos sintéticos desenvolveu-se rápida mente. Atualmente, os polímeros fazem parte do nosso cotidiano. É enorme a quantidade de bens que nos cercam, produzidos a partir de materiais poliméricos, uma vez que eles são utilizados em quase todas as áreas das atividades humanas, principalmente nas indústrias de automóvel, de embalagens, de revestimentos e de vestuário. Isto se deve também ao facto dos polímeros sintéticos conquistaram muitos espaços nos mercados através da substituição de outros materiais, como papel, madeira e metais. Os polímeros compreendem os materiais comuns de plástico e borracha. Muitos deles são compostos orgânicos que tem sua química baseada no “C” e no “H” e em outros elementos não metálicos (F,O,N etc...), eles possuem estruturas moleculares muito grandes (macromoléculas). As ligações entre “C” e “H” são do tipo covalente tendo o “C” valência 04. Entre as moléculas muitas ligações são do tipo de Van der Waals, ou seja, fracas. Os polímeros são moléculas muito grandes constituídas pela repetição de pequenas e simples unidades químicas, denominadas de ”MEROS”. • Monômero: 1 mero • Polímero: muitos meros Os polímeros podem ser classificados de acordo com o número de repetições: a) Dímero – quando há dois monômeros em cadeia (1 repetição). http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/06/dimero.jpg 16 b) Trímero quando há três monômeros em cadeia (2 repetições). c) Polímero – quando há n repetições de monômeros na cadeia. Classificação Os polímeros podem dividir-se em termoplásticos, termorrígidos e elastômeros (borrachas). Termoplásticos: São os chamados plásticos, constituindo a maior parte dos polímeros comerciais. A principal característica desses polímeros é poder ser fundido diversas vezes. Dependendo do tipo do plástico, também podem se dissolver em vários solventes. Logo, a sua reciclagem é possível, constituindo uma característica bastante desejável nos dias de hoje. As propriedades mecânicas variam conforme o plástico: sob temperatura ambiente, podem ser maleáveis, rígidos ou mesmo frágeis. Termorrígidos: São rígidos e frágeis, sendo muito estáveis a variações de temperatura. O aquecimento do polímero acabado a altas temperaturas promove a decomposição do material antes de sua fusão. Logo, a sua reciclagem é complicada. Exemplos: resina epoxi, resina fenólica, resina poliéster Elastômeros (Borrachas): Classe intermediária entre os termoplásticos e os termorrígidos: apresentam alta elasticidade. Analogamente ao verificado para os termorrígidos o processo de reciclagem é complicado devido à incapacidade de fusão. http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/06/trimero.jpg http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/06/polimero.jpg 17 Propriedades • Baixa densidade • Baixo ponto de amolecimento e fusão. • Grande deformabilidade (termoplásticos) • Baixa resistência • Baixa dureza • Isolantes térmicos • Resistem bem a degradação por produtos inorgânicos e pouco a produtos orgânicos. Aplicações POLÍMERO APLICAÇÃO Poliestireno (esferovite) Copos, caixas (CDs, cassetes e outras) Polietileno Baldes, sacos de lixo, sacos de embalagens Polipropileno Cadeiras, poltronas, pára-choques de automóveis Poliamida 6-6 (nylon 6-6) Fibras, cordas, roupas PVC (Policloreto de Vinilo) Tubos Plexiglas "Vidro plástico" Acrílicos Plástico transparente muito resistente usado em portas e janelas, lentes de óculos. Teflon Revestimento interno de panelas 18 Borracha natural Pneus, câmaras de ar, objetos de borracha Amido Alimentos, fabricação de etanol Celulose Papel, algodão, explosivos Baquelite (fórmica) Revestimento de móveis (fórmica), material eléctrico (tomadas e interruptores) Poliuretano Poliuretano Espumas rígidas e flexíveis; isolantes Figura 7- Material polimérico 1-6- MATERIAIS COMPÓSITOS: definição, classificação e aplicação Muitas das nossas tecnologias modernas requerem materiais com combinações bem peculiares de propriedades que não podem ser atendidas por ligas metálicas, cerâmicas e materiais poliméricos, como as tecnologias indispensáveis em aplicações aeroespaciais, subaquáticas e de transporte. Por exemplo, os engenheiros da indústria aeronáutica estão cada vez mais buscando materiais estruturais que possuam baixas densidades, sejam fortes, rígidos e apresentem resistência à abrasão e ao impacto, e que ao mesmo tempo não sejam facilmente corroídos. Isto é uma combinação de características consideravelmente formidável. Principalmente na última década, a busca por materiais ecologicamente corretos tem desenvolvido materiais de 19 matrizes poliméricas com fibras naturais (vidro, carbono, boro, óxido de alumínio e carbeto de silício). Existem compósitos de diversos tipos, incluindo as ligas metálicas, as cerâmicas e os polímeros multifásicos. Por exemplo, os aços perlíticos possuem uma microestrutura que consiste em camadas alternadas de ferrita α (alfa) e cementita. A fase ferrita é mole e dúctil, enquanto a cementita é dura e muito frágil. As características mecânicas combinadas da perlita (que apresenta ductibilidade e resistência razoavelmente altas) são superiores àquelas de ambas as fasesconstituintes. Existe também uma variedade de compósitos que ocorre na natureza. Por exemplo, a madeira consiste em fibras de celulose resistentes e flexíveis, que são envolvidas e mantidas unidas por meio de um material mais rígido chamado de lignina. Também os ossos são um compósito constituído pela proteína forte, porém mole, conhecida por colágeno, juntamente com o duro e frágil material apatita. Um compósito consiste em um material multifásico feito artificialmente, em contraste com um material que ocorre naturalmente. Além disso, as fases constituintes devem ser quimicamente diferentes e devem estar separadas por uma interface distinta. Dessa forma, a maioria das ligas metálicas, além de muitos materiais cerâmicos, não se enquadra nessa definição, pois as múltiplas fases são formadas como consequência de fenômenos naturais. A síntese de materiais compósitos consiste em misturar compostos de naturezas distintas visando imprimir novas propriedades aos materiais. Por ser um material multifásico, um compósito exibe além das propriedades inerentes de cada constituinte, propriedades intermediárias decorrentes da formação de uma região interfacial. As fases dos compósitos são chamadas de matriz – que pode ser cerâmica, polimérica e metálica – e a fase dispersa – geralmente fibras ou partículas que servem como carga. A matriz geralmente é um material contínuo que envolve a fase dispersa. As propriedades do compósito é uma função de fatores como a geometria da fase dispersa (distribuição, orientação) e também da compatibilidade interfacial entre os constituintes da mistura. Ou seja, para que se forme um compósito é necessário que haja afinidade entre os materiais que serão unidos. Por isso, é muito importante conhecer as propriedades químicas e físicas dos diferentes materiais envolvidos; mais especificamente as propriedades das interfaces dos constituintes dos compósitos. Compósitos são materiais de moldagem estrutural, formados por uma fase contínua polimérica (matriz) e reforçada por uma fase descontínua (fibras), que se agregam físico-quimicamente. 20 Figura 8- Compósito estrural Classificação Compósitos reforçados com partículas Compósitos reforçados com fibras Compósitos reforçados com partículas Compósitos com partículas grandes e compósitos reforçados por dispersão são duas subclassificações de compósitos reforçados com partículas. A distinção entre essas classificações se baseia no mecanismo de reforço e aumento de resistência mecânica. O termo "grande" é usado para indicar que as interações partícula-matriz não podem ser tratadas em níveis atômicos ou moleculares; em vez disso, a mecânica do contínuo deve ser empregada. Para muitos destes compósitos, a fase particulada é mais dura e rígida do que a matriz. Compósitos com partículas grandes Tipos comuns de compósitos de partículas grandes são materiais poliméricos aos quais foram adicionados enchimentos, que modificam e melhoram as 21 propriedades do material e substituem parte do volume do polímero por um material mais barato. Um exemplo são os pneus, que consistem em uma borracha vulcanizada com enchimento de “negro de fumo”. O negro de fumo consiste em partículas muito pequenas e essencialmente esféricas de carbono, produzidas pela combustão de gás natural ou óleo em meio a uma atmosfera com suprimento de ar controlado. Outro compósito com partículas grandes bastante comum é o concreto, que é um composto de cimento (matriz), e areia e brita (os particulados). Os dois tipos de concretos mais familiares são aqueles feitos de com cimento Portland e asfalto. Partículas podem ter uma boa variedade de geometrias, mas elas devem possuir aproximadamente a mesma dimensão em todas as direções e ser pequenas e igualmente distribuídas através de toda a matriz. Além disso, a fração de volume das duas fases influencia o comportamento, as propriedades mecânicas são melhoradas com o aumento do teor de particulados. Os cermetos são exemplos de compósitos cerâmica-metal. Estes compósitos são utilizados extensivamente como ferramentas de corte de aços duros. A tenacidade é melhorada pela sua inclusão na matriz do metal dúctil, que isola as partículas de cerâmica entre si e previne a propagação de trincas. As fases, tanto matriz quanto particulada são bastante refratárias, para suportar as altas temperaturas geradas pela ação de corte sobre materiais que são extremamente duros. O cermeto mais comum é o carbeto cimentado, composto por uma cerâmica refratária à base de carbeto, tal como ocarbeto de tungstênio (WC) ou o carbeto de titânio (TiC), envolvidos em uma matriz de um metal, tal como o cobalto ou o níquel. Compósitos reforçados por dispersão Metais e ligas metálicas podem ter suas propriedades mecânicas melhoradas pela uniforme dispersão de finas partículas de um material muito duro e inerte. A fase dispersa pode ser metálica o não-metálica; os materiais à base de óxidos são usados com frequência. O mecanismo de endurecimento envolve interações entre as partículas e discordâncias dentro da matriz. O efeito de fortalecimento por dispersão não é tão pronunciado quando no endurecimento por precipitação; entretanto, o aumento da resistência é mantido a elevadas temperaturas e por prolongados períodos de tempo porque as partículas dispersas nesses compósitos não reagem com a fase matriz. Exemplo, ligas de níquel com adição de óxido de tório (ThO2 ). 22 Compósitos reforçados com fibras Aos compósitos cuja fase dispersa está na forma de uma fibra tem-se dado maior relevância atualmente. Os compósitos reforçados com fibra conferem alta resistência mecânica e rigidez. Compósitos reforçados com fibra com alta resistência mecânica e módulo de elasticidade têm sido produzidos utilizando- se materiais de fibra e de matriz de baixas densidades. A resistência mecânica e outras propriedades de compósitos reforçados por fibra podem ser influenciadas pelo comprimento da fibra, nesse caso, eles podem ser subclassificados de acordo com o comprimento da fibra, pelo arranjo ou orientação das fibras, bem como sua concentração e a distribuição. A fase matriz de compósitos poliméricos com fibras pode ser feita a partir de metais, cerâmicas e polímeros. Em geral os metais e os polímeros são utilizados como materiais de matriz, pois é desejável alguma ductilidade; no caso dos compósitos com matriz cerâmica, o componente de reforço é adicionado para melhorar a tenacidade à fratura. Funções da fase matriz Ligar as fibras entre si e agir como o meio pelo qual uma tensão localizada é transmitida e distribuída às fibras, contudo, sua resistência mecânica à aplicação de cargas é extremamente baixa. Além disso, espera-se de um material matricial que este seja dúctil. A segunda função da matriz é proteger as fibras individuais em relação aos danos superficiais como um resultado da abrasão mecânica ou reações químicas com o ambiente, isto para impedir a introdução de falhas (defeitos) superficiais capazes de formar trincas, que podem conduzir a falhas, mesmo sob baixos níveis de tensão de tração. Compósitos com matriz de polímero (PMC – Polymer – Matrix Composites) Estes materiais consistem em uma resina polimérica como matriz e fibras como meio de reforço. Esses materiais são usados em amplas diversidade de aplicações dos compósitos, bem com em maiores quantidades, em vista de suas propriedades em temperatura ambiente, de sua facilidade de aplicação e de seu custo. Exemplos: 23 Fibra de vidro utilizada para fabricação de: carcaça de meios de transporte automotivos e marítimos, tubulações, recipientes para armazenamento e pisos industriais. Fibra de carbono: O carbono é um material de fibra de alto desempenho e o reforço mais comumente utilizado em compósitos avançados com matriz polimérica. Utilizadaem equipamentos esportivos e de recreação ( varas de pescar, tacos de golfe), em carcaças de motores a jato enroladas com filamentos, em vasos de pressão e componentes estruturais de aeronaves, tanto militares como comerciais, com asa fixas e em helicópteros (por exemplo, como componentes da asa, da fuselagem, do estabilizados e da pá do leme). Figura 9- Fibra de carbono Figura 10- Aplicação da fibra de carbono em veículos 24 Fibras de aramida (Kevlar e Nomex) utilizadas em produtos balísticos (coletes à prova de balas), artigos esportivos, pneus, cordas, carcaças de mísseis, vasos pressão, em freios automotivos, revestimentos de embreagens e gaxetas. Características Leveza e facilidade de transporte Devido ao peso específico das resinas e das fibras de reforço, os produtos fabricados a partir dos compósitos apresentam um baixo peso específico. Devido a esta e a outras propriedades características dos materiais compósitos é que eles são amplamente utilizados nos setores de aeronáutica, naval, automobilístico e outros. Resistência química Os compósitos apresentam excepcional inércia química, o que permite sua utilização em uma ampla gama de ambientes agressivos quimicamente. Resistência às Intempéries Umidade, vento, sol, oscilações térmicas tem baixa ação prejudicial sobre os compósitos. E quando características não usuais são requeridas, aditivos como protetores de UV, resinas especiais são amplamente utilizáveis. Flexibilidade Arquitetônica Os compósitos tem uma grande vantagem sobre outros materiais estruturais, pois moldes com formas complexas são facilmente adaptáveis aos processos em utilização. Curvas, formas diferenciadas, detalhes arquitetônicos das empresas de materiais compósitos. Durabilidade O compósito, devido à sua composição e ao crosslinking (cura) do polímero formado durante o processo de moldagem, apresenta como característica uma alta durabilidade. 25 Fácil Manutenção Os compósitos além de sua longevidade tradicional, apresentam fácil e simples técnicas de reparo e manutenção Resistência Mecânica Devido às suas características e à variedade de combinações que podem ser realizadas entre as resinas e os materiais de reforço, os compósitos apresentam uma excelente resistência mecânica que possibilita a sua utilização em aplicações no setor de aeronáutica, naval, automobilístico e outras. Feito sob medida Compósitos são sinônimos de produtos feitos sob medida, isto é, um produto fabricado na medida certa e exata necessidade de engenharia. 1-7- MATERIAIS SEMICONDUTORES: definição, classificação e aplicação Assim como existem materiais condutores (cobre, alumínio, ouro, prata) e materiais isolantes (borracha, vidro), Alguns materiais apresentam propriedades de condução elétrica intermediária entre aquelas inerentes aos isolantes e aos condutores, ou seja, em determinada situação são isolantes e em outra são condutores. Além disso, as características elétricas destes materiais são extremamente sensíveis à presença de minúsculas concentrações de átomos de impurezas, concentrações que podem ser controladas ao longo de regiões espaciais muito pequenas. Tais materiais são denominados de semicondutores. Os semicondutores tornaram possível o advento dos circuitos integrados, que revolucionaram totalmente as indústrias de produtos eletrônicos e de computadores (para não mencionar as nossas vidas) ao longo das últimas décadas. Os materiais semicondutores mais simples são constituídos de átomos de um único elemento químico com quatro elétrons na camada de valência, ou seja, átomos tetravalentes. 26 Em química se aprende que, em condições normais, os átomos que possuem 04 elétrons na última camada de valência não são estáveis. Os semicondutores se enquadram nesse grupo, mas por causa da forma como se agrupam seus átomos (cada átomo fica equidistante em relação a quatro outros átomos, ou seja, uma estrutura cristalina) eles conseguem alcançar a estabilidade fazendo quatro ligações químicas covalentes, conseguindo 08 elétrons na última camada, e por consequência ficam estáveis quimicamente. Mas qual são as características dos semicondutores que os tornam tão importantes para a eletrônica? Os semicondutores formam Bandas de Energia, com as seguintes características: São formadas bandas, separadas por Lacunas. A última banda é chamada de Banda de Condução (BC). Logo abaixo existe a Banda de Valência (BV), e em baixo as outras camadas. Na temperatura 0K, a banda de condução vai estar totalmente vazia, e a banda de valência totalmente preenchida (Na imagem acima a temperatura está mais elevada). Quando o material é aquecido, alguns elétrons saem da banda de valência e passam para a banda de condução. Isso somente é possível devido ao ganho de energia no elétron, pois para passar a uma banda superior, deve ter energia suficiente (representado por ΔE). Conclusão parcial: Sob a temperatura 0K os semicondutores possuem a camada de valência totalmente preenchida e um ΔE relativamente baixo (entre o ΔE dos condutores e dos isolantes), o que possibilita controlar a condutividade deles variando a temperatura, pois a energia elétrica nada mais é do que o movimento dos elétrons. Para que um elemento seja um bom condutor, ele precisa ter muitos elétrons livres. http://www.infoescola.com/quimica/atomo/ http://www.infoescola.com/quimica/camada-de-valencia/ http://www.infoescola.com/fisica/semicondutores/ http://www.infoescola.com/quimica/estrutura-cristalina/ http://www.infoescola.com/fisica/semicondutores/ http://www.infoescola.com/fisica/semicondutores/ 27 Dois átomos, tetravalentes, bastante utilizados em materiais semicondutores são o germânio (Ge) e silício (Si). Figura 11- Átomo de silício e átomo de germânio Os átomos tendem a se arranjar formando uma estrutura ou rede cristalina com átomos vizinhos compartilhando seus elétrons de valência. Figura 12- Arranjo de 02 átomos de silício 28 Figura13- Rede Cristalina do silício Representação plana de uma rede cristalina de átomos tetravalentes. 29 Figura 14- Representações da rede cristalina do silício. PROCESSO DE OBTENÇÃO DOS SEMICONDUTORES: DOPAGEM Dopagem é o nome do processo utilizado para constituir os semicondutores por meio da adição ao Si de quantidades bem reduzidas de impurezas. A dopagem é um processo químico no qual átomos estranhos são introduzidos na estrutura cristalina de uma substância. Em um cristal semicondutor a dopagem é geralmente realizada para alterar suas propriedades elétricas. Existem dois tipos de materiais semicondutores, tipo N e tipo P, que dependem do tipo de impureza introduzida na rede. SEMICONDUTOR DO TIPO N Inserem-se na estrutura cristalina, átomos contendo excesso de um elétron de valência em relação aos átomos da rede. Representação tridimensional de uma rede cristalina de átomos tetravalentes. 30 Figura 15- Um átomo de fósforo na rede do silício. Inserindo vários átomos de impurezas: Figura 16- Vários átomos de fósforo na rede do silício Com a inserção de vários átomos de impurezas, os elétrons livres passam a transitar livremente pelo material, tornando um material isolante (rede cristalina) em material com certo nível de condutividade. 31 Figura 17- Movimento de elétrons livres no material. SEMICONDUTOR DO TIPO P Inserem-se na estrutura cristalina, átomos com a deficiência de um elétron em relação aos átomos da rede. Figura 18- Átomos de impureza na rede do silício. Verifica-se a ausência do segundo elétron que comporia o par necessário à formação de uma das ligações com o átomo de índio. Essa ausência de elétron de ligação é denominada de lacuna. 32 A existência de lacunaspermite que haja um mecanismo de condução distinto do tipo N. Quando a dopagem produz lacunas no semicondutor, um elétron proveniente de uma ligação covalente só poderá transitar para um ponto do cristal onde haja uma lacuna disponível. Figura 19- Movimento de elétrons e lacunas. INFLUÊNCIA TÉRMICA Quando a temperatura de um material semicondutor aumenta, sua condutividade também aumenta, devido a liberação de elétrons nas camadas de valência, que formam um par elétron/lacuna O movimento de elétrons de valência ocorre do polo negativo para o polo positivo. As lacunas em um semicondutor dopado se comportam como cargas positivas que podem transitar em um cristal submetido a uma tensão externa aplicada. O movimento das lacunas ocorre em sentido contrário ao movimento dos elétrons. 33 CONSIDERAÇÕES Analisando as propriedades de materiais semicondutores, nota-se que o número de elétrons ou lacunas em um semicondutor, cresce com o aumento do número de átomos de impurezas introduzidas no cristal. Com o aumento do número de portadores de carga, aumenta-se a condutividade elétrica do material. Dessa forma, torna-se possível alterar de forma controlada a condutividade elétrica de um semicondutor, efetuando-se a dosagem adequada da quantidade de dopagem do cristal durante a etapa de fabricação. Características - Os elementos semicondutores são tetravalentes (fazem 04 ligações covalentes) - Em condições normais se comportam como isolantes (silício, que possui alta resistividade). - São materiais cujas características elétricas são extremamente sensíveis à presença de minúsculas concentrações de átomos de impureza. Aplicações Essa característica de controle externo de condutividade possibilita o uso de cristais semicondutores como matéria prima na fabricação de componentes eletrônicos, como diodos, transistores e circuitos integrados. Inicia-se agora o estudo das junções desses materiais tipo N e tipo P na busca de componentes eletrônicos com comportamentos distintos. 1-7- BIOMATERIAIS: definição, classificação e aplicação Biomateriais são materiais que podem ser implantados no interior do corpo humano para substituir ou reparar partes doentes ou danificadas. Podem ser 34 de origem natural ou sintético. Esses materiais não devem produzir substâncias tóxicas e devem ser compatíveis com os tecidos do corpo, isto é não devem causar reações biológicas adversas. Todos os materiais – metálicos, cerâmicos, compósitos e poliméricos podem ser usados como biomateriais. São materiais capazes de interagir com o corpo humano. A bioengenharia e o ramo da ciência que desenvolve os biomateriais. A bioengenharia tecidual é um campo multidisciplinar que envolve a aplicação de princípios e métodos da engenharia e das ciências da saúde para assistir e acelerar a regeneração e o reparo de tecidos defeituosos ou danificados (TABATA, 2009). a- Biomateriais metálicos Aplicações - Substituição de ossos - Reparação de ossos - Placas metálicas para fraturas, etc. - Implantes dentários, enchimento e pinos - Parafusos e grampos - Partes de outros dispositivos - Corações artificiais – bombas - Marca-passos - Cateteres - Extensores (stents) Figura 20- Reconstituição do fêmur 35 Figura 21 – Exemplos de utilização do biomateriais metálicos Metais usados na medicina Aços inoxidáveis principalmente os austeníticos do tipo 316L Ligas Co-Cr-Mo, Co-Ni-Cr-Mo Metais nobres - Au, Ag, Pt, Pd, Ir Mercúrio – Amálgama dentário Figura 22- Amálgama dentário Amálgamas - é toda liga metálica em que um dos metais envolvidos está em estado líquido, geralmente o mercúrio Metais formadores das amálgamas - mercúrio, prata e estanho 36 Figura 23- Pinos metálicos Figura 24- Implantes ortopédicos Figura 25- Implantes de joelho e placas faciais. 37 b- Biomateriais cerâmicos As cerâmicas podem ser tanto sintéticas quanto naturais e são utilizadas em substituição ao tecido ósseo. As principais cerâmicas disponíveis comercialmente e utilizadas para reparação e substituição do tecido ósseo são a Hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2) e o b-Tricálcio fosfato (Ca3(PO4)2), a alumina e a zircônia Vantagens -são estruturalmente semelhantes ao componente inorgânico do osso; -são biocompatíveis, osteocondutivas e, -não possuem proteínas em sua composição -menor risco de rejeição pelo organismo -possuem um alto tempo de degradação in vivo, permitindo a remodelação óssea no sítio do implante. Limitações - baixa rigidez estrutural, de forma que não podem ser utilizadas em regiões de grande esforço mecânico, e -sua natureza porosa, o que aumenta o risco de fraturas. Aplicações - ortopedia e odontologia no reparo de defeitos ósseos, - manutenção do rebordo alveolar e - implantes ortopédicos e dentários 38 Figura 26- Biomateriais cerâmicos c- Biomateriais poliméricos Os polímeros utilizados como biomateriais podem ser de origem natural ou sintética, e sua principal característica é a biodegradabilidade. Os polímeros sintéticos são geralmente degradados por hidrólise simples, enquanto os polímeros naturais são principalmente degradados enzimaticamente (TABATA, 2009). Vantagens - fácil processamento, - origem ilimitada, - não sofrem degradação mediada por células, - são biodegradáveis e biocompatíveis, - a baixa densidade, - a alta resistência à corrosão e - baixa reatividade Desvantagens - possuem baixa resistência mecânica, 39 - sofrem redução de tamanho ao longo do tempo, - a interação célula-polímero é questionável, - possuem superfície hidrofóbica e - existe a possibilidade de reação tóxica local pela liberação de produtos ácidos Aplicações - os polietilenos de peso molecular muito alto (PMMA) são utilizados para a reposição de articulação, de válvulas cardíacas e de marcapassos. - desenvolvimento de moldes (“scaffolds”) tridimensionais para confecção de cartilagens, ligamentos, meniscos e discos intervertebrais, - indicados na ortopedia e como dispositivos implantados para liberação de fármacos. Figura 27- Implantes de material polimérico 40 Figura 28- Prótese de silicone Figura 29 41 Figura 30- Fotografia de diferentes componentes acetabulares metálicos (não cimentados) e diferentes superfícies protéticas. (A): cabeça metálica/ Polietileno, (B): Cabeça cerâmica/cerâmica, (C); Cabeça metálica/metálica. Desenvolvimento atual Para solucionar as desvantagens das cerâmicas e polímeros, novos estudos têm sido realizados no intuito de desenvolver biomateriais sintéticos híbridos ou compósitos, que possuam as vantagens das cerâmicas e polímeros, porém com melhores taxas de reabsorção após a implantação e melhor resistência mecânica (WAN; NACAMULI; LONGAKER, 2006). 42 1-9- A competição entre os materiais e os casos mais difíceis Materiais de diferentes classes (ou, mesmo, da mesma classe) competem entre si nas diferentes aplicações que lhes podemos dar em utensílios, mecanismos, habitações, móveis, meios de transporte, etc. Fora dessa região de franca competição, há duas áreas, em campos opostos, onde existem dificuldades em se aplicar materiais; elas são: (i) a região das aplicações sem materiais sucedâneos e, como, por exemplo, o uso tungstênio em filamentos de lâmpadas incandescentes (ii) a das aplicações ainda sem materiais ‘ideais’ ou eficientes, como, por exemplo, a utilização do vidro em janelas blindadas. Figura 31-Aplicação dos diversos materiais em um veículo 43 2- PRODUÇÃO DOS MATERIAIS 2-1- PRODUÇÃO DOS MATERIAIS METÁLICOS Os metais são obtidos a partir dos minérios, que consistem em uma massa polimineral de onde se pode extrair economicamente um ou mais metais. Os minérios compõem as rochas e são extraídos a partir delas. A atividade de extração dos minérios é realizada pelas mineradoras e pode ser a céu aberto ou subterrânea. O minério possui 02 constituintes: parte útil e ganga, sendo que a parte útil ou interessante é a parte economicamente visada e a ganga constitui o estéril, a parte descartável no processamento industrial. Após sua extração, é necessário adequá-los para o consumo, seja sua granulometria ou seja desassociá-los de outros minerais, que não têm interesse ou são indesejáveis para o processo industrial a que se destinam. Para isto se utiliza do processo denominado Beneficiamento de Minérios, que consiste de várias operações aplicadas aos bens minerais, visando modificar a granulometria, a concentração relativa das espécies minerais presentes ou a sua forma, sem contudo modificar a identidade química ou física dos minerais. As operações de beneficiamento são: fragmentação, peneiramento, classificação, desaguamento, secagem e disposição de rejeitos. 44 Fluxograma de rotas para fabricação de produtos metálicos. Os fenômenos metalúrgicos estão indicados pelos quadros em tom cinza. 45 Após o beneficiamento, os minérios são submetidos a processos metalúrgicos adequados para a separação da ganga e obtenção do metal. Estes processos são: Pirometalúrgico, Hidrometalúrgico, Eletrometalúrgico e Biometalúrgico. 2-1-2- PROCESSO HIDROMETALÚRGICO Consiste na dissolução do minério em algum tipo de solvente, seja para tratar o minério, seja para extrair dele o metal desejado. Os processos hidrometalúrgicos ou processos úmidos de extração são, particularmente, úteis quando o minério a ser reduzido tem baixo teor de metal a ser extraído. O solvente pode ser reciclado e recuperado para uso posterior. Esse solvente é dissolvido em grandes quantidades de água. O processo envolve grandes volumes do minério, portanto, o uso de grandes tanques e unidades custosas. Metais obtidos por este processo: Alumínio, estanho, cobre. Figura 32- Planta do Processo Hidrometalúrgico 46 2-1-3- PROCESSO ELETROMETALÚRGICO Os processos eletrometalúrgicos são Utilizados na extração e no refino de metais não ferrosos toda vez que os processos pirometalúrgicos mostram-se pouco eficientes e, particularmente onde a energia elétrica é abundante. O processo consiste na dissolução do metal numa cuba eletrolítica (ou célula eletrolítica) contendo um condutor Iônico denominado “eletrólito”. O metal se dissolve sob a forma de íons metálicos e é, então, submetido a um campo elétrico aplicado através de dois eletrodos imersos no eletrólito. Nestas condições os íons positivos (cátions) são atraídos para o eletrodo negativo (cátodo) onde captam elétrons e se depositam sob a forma de átomos neutros (metálicos). Figura 33- Cuba Eletrolítica 2-1-4- PROCESSO BIOMETALÚRGICO São mais recentes. Atualmente, se encontram em ascensão não somente no tratamento de sucata eletrônica, mas em diversos processos industriais. A biolixiviação é um processo utilizado para recuperação de metais a partir de sulfetos metálicos, que são os principais minerais portadores de metais 47 preciosos, através do uso de bactérias em reações assistidas. A extração de metais como Co, Mo, Ni, Pb é viável, mas apenas o cobre e o ouro são produzidos industrialmente em proporções significativas. 2-1-5- PROCESSOS PIROMETALÚRGICOS Compostos metálicos tendem a diminuir sua estabilidade química com o aumento da temperatura. Este fato explica, em parte, porque a maioria dos processos de extração e refino é efetuada em altas temperaturas, muitas vezes envolvendo a fusão ou a ebulição de produtos e reagentes. Os Processos Pirometalúrgicos são processos de extração realizados em temperaturas muito acima da temperatura ambiente (com exceção da eletrólise). Os equipamentos utilizados para os processos são os fornos ou reatores, nos quais o calor necessário é obtido por meio de uma combustão (ou outra reação exotérmica). Os fornos utilizam combustíveis, tais como, carvão, coque, gás natural e outros. Esta rota inclui processos térmicos como: Secagem, Calcinação, Destilação, Pirólise, Fundição e Incineração. A grande vantagem da rota pirometalúrgica é aceitar os materiais ou resíduos praticamente sem qualquer pré-processamento. Por outro lado, esta rota normalmente está associada com alto consumo energético e a grande possibilidade de geração de gases poluentes durantes os processos. 48 2-2- PRODUÇÃO DOS MATERIAIS CERÂMICOS Fluxograma da rota de produção das cerâmicas Extração da matéria prima (argila, caulim, talco, carbonatos) Armazenamento e estocagem Preparação do material cerâmico Secagem e esmaltação Queima Conformação 49 2-2-1- PRODUÇÃO DO VIDRO Vidro é produzido por aquecimento das matérias primas até uma temperatura elevada acima da qual ocorre a fusão. A maioria dos vidros comerciais é de uma variedade de sílica-sodacálcia. Figura 35 – Produção do vidro. CONFORMAÇÃO DO VIDRO São usados quatro diferentes métodos de conformação para fabricar produtos de vidro: prensagem, sopro, estiramento e conformação de fibra. Na prensagem, a peça de vidro é conformada por aplicação de pressão num molde de ferro fundido revestido com grafita. Essa técnica é usada é usada na fabricação de peças de parede relativamente grossa tais como pratos e tigelas. 50 Na conformação por sopro a peça é inserida dentro de um molde de acabamento ou de sopro e forçada a conformar-se aos contornos do molde pela pressão criada por um sopro de ar. Figura 36 – Conformação por sopro artesanal. Figura 37- processo industrial de conformação por sopro. 51 O estiramento é usado para formar peças longas de vidro tais como chapa, vidro, tubo e fibras, que têm uma seção reta constante. Após a conformação, a peça obtida será submetida aos tratamentos térmicos de recozimento e têmpera. O primeiro é realizado para eliminar tensões residuais internas enquanto que o segundo, para conferir resistência mecânica à peça tratada. O vidro temperado é utilizado em aplicações que requerem resistência mecânica elevada; estas incluem portas grandes, para-brisas de automóveis e lentes de óculos. 2-2-2- PRODUÇÃO DOS MATERIAIS ARGILOSOS Argilas são aluminossilicatos, sendo compostas de alumina (Al2O3) e sílica (SiO2), que contém água quimicamente combinada e impurezas. Entre estas as mais comuns são compostos (usualmente óxidos) de bário, cálcio, sódio, potássio e ferro, e também alguma matéria orgânica. Duas características essenciais da argila merecem destaque: possuem hidroplasticidade, ou seja, tornam-se plásticos quando água é adicionada; além disso, argila se funde ao longo de uma faixa de temperatura, essa característica está em função da composição da argila e é imprescindível para manter a forma da cerâmica durante o processo chamado queima, no qual não ocorre fusão do material devido a essa propriedade. Técnicas de Fabricação O material minerado tem que passar por operação de moagem na qual o tamanho da partícula é reduzido; isto é realizado por peneiramento ou classificação granulométrica para fornecer produto pulverizado de acordo com tamanho de partículas desejado. Os pós devem ser integralmente misturados com água e outros ingredientes para dar características de escoamento que sejam compatíveis com a técnicade conformação empregada. A peça conformada deve ter suficiente resistência mecânica para permanecer intacta durante as operações de transporte, secagem e queima. Conformação 52 Destacam-se duas técnicas de conformação: a conformação hidroplástica (extrusão) e a fundição em suspensão. Figura 38 – Conformação por extrusão Figura 39 – Conformação por pressão. http://www.engenhariacivil.com/tijolos-papel http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-624432507-projeto-prensa-tijolo-ecologico-envio-gratis--_JM&ei=A8X4VKfeOc_IsQTyroLICw&psig=AFQjCNE-sy0kheDz0HNUCGdy_jRb5DuaXA&ust=1425675792213785 53 Figura 40- Produto argiloso Após a conformação a peça obtida será submetida à secagem e recozimento. Secagem A secagem é realizada de maneira lenta para eliminar a água da peça. Cozimento Após a secagem, um corpo é usualmente cozido em altas temperaturas (entre 900°C e 1400°C), sendo que a temperatura de queima depende da composição e das propriedades desejadas. Prensagem de Pós Outro importante método de conformação cerâmica é a prensagem de pó. Consiste em compactar (pressão) uma massa em pó – usualmente contendo uma pequena quantidade de água ou outro ligante – até uma forma desejada. Posteriormente, é aplicada uma fonte de calor para vitrificação do material prensado. Essa técnica é empregada para fabricar peças tanto de argila quanto de não- argila, incluindo cerâmicas eletrônicas e magnéticas, bem como alguns tipos de tijolos refratários. http://www.engenhariacivil.com/tijolos-papel 54 2-3- PROCESSO DE PRODUÇÃO DOS POLÍMEROS: Polimerização Os polímeros são formados através de sucessivas reações entre os monômeros correspondentes (não necessariamente da mesma espécie química – copolímeros), ou através da policondensação (reação entre dois monômeros diferentes cujos produtos são o polímero desejado e outro composto – água ou amônia, em geral). Para a produção de polímeros de vinilas (como o PVC), o método de polimerização mais utilizado é através de emulsificação em água: em um tanque com água (até mesmo na temperatura ambiente) são adicionados os monômeros do polímero a ser formado, e um surfactante (sabão ou detergente – para dissolver os monômeros, pois são hidrofóbicos). O surfactante forma miscelas (que solubilizam os monômeros) na fase aquosa e, com a adição de algum iniciador de radicais livres (como o peróxido de benzoíla) que também migra para essas miscelas, a polimerização é iniciada. Figura 41 – Etapas da polimerização Figura 42- Conformação de um polímero http://www.infoescola.com/quimica/reacao-de-polimerizacao/ http://www.infoescola.com/quimica/especie-quimica/ http://www.infoescola.com/quimica/especie-quimica/ http://www.infoescola.com/quimica/polimeros/ http://www.infoescola.com/compostos-quimicos/amonia/ http://www.infoescola.com/bioquimica/radicais-livres/ http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/06/polimerizacao.jpg 55 3- ESTRUTURAS CRISTALINAS 3-1- Por que estudar as estrutura de sólidos cristalinos? As propriedades de alguns materiais estão diretamente relacionadas as suas estruturas cristalinas. Por exemplo, magnésio e berílio puros sem deformação, tendo a estrutura cristalina hexagonal compacta são muito quebradiços (isto é, fraturam a menores níveis de deformação) do que metais puros e sem deformação, como o ouro e a prata de estrutura cristalina cúbica de face centrada. Além disso, existem diferenças significativas nas propriedades apresentadas por materiais cristalinos e não-cristalinos que possuem a mesma composição. Por exemplo, cerâmicas e polímeros não cristalinos são normalmente opticamente transparentes: os mesmos materiais em forma cristalina (ou semicristalina) tendem a ser opacos ou, na melhor das hipóteses, translúcidos. 3-2- INTRODUÇÃO A estrutura dos materiais sólidos é resultado da natureza de suas ligações químicas, a qual define a distribuição espacial de seus átomos, íons ou moléculas. Os materiais sólidos podem ser cristalinos ou não-cristalinos (amorfos) de acordo com a regularidade na qual os átomos ou íons se colocam em relação a seus vizinhos. A grande maioria dos materiais comumente utilizados em engenharia, particularmente os metálicos, exibe um arranjo geométrico de seus átomos bem definido, constituindo uma estrutura cristalina. Um material cristalino, independente do tipo de ligação encontrada no mesmo, apresenta um agrupamento ordenado de seus átomos, íons ou moléculas, que se repete nas três dimensões. Nesses sólidos cristalinos, essa distribuição é muito bem ordenada, exibindo simetria e posições bem definidas no espaço. Em estruturas cristalinas, o arranjo de uma posição em relação a outra posição qualquer deve ser igual ao arranjo observado em torno de qualquer outra posição do sólido, ou seja, qualquer posição em uma estrutura cristalina caracteriza-se por apresentar vizinhança semelhante. 3-3-ESTRUTURAS CRISTALINAS DOS MATERIAIS SÓLIDOS . 56 CONCEITOS FUNDAMENTAIS Material cristalino: é aquele em que seus átomos estão posicionados em um arranjo repetitivo ou periódico ao longo de grandes distâncias atômicas; isto é, existe ordem de longo alcance, de tal modo que quando ocorre solidificação os átomos se posicionam em um padrão tridimensional repetitivo, no qual cada átomo está ligado aos seus vizinhos mais próximos, formando uma rede cristalina. Todos os metais, muitos materiais cerâmicos e certos polímeros formam estruturas cristalinas sob condições normais de solidificação. Estruturas cristalinas são arranjos regulares, tridimensionais, de átomos no espaço, ou seja, a forma pela qual os átomos, íons ou moléculas do material estão espacialmente distribuídos. O conceito de estrutura cristalina está relacionado à organização dos átomos de forma A regularidade com que os átomos se agregam nos sólidos decorre de condições geométricas impostas pelos átomos envolvidos, pelo tipo de ligação atômica e pela compacidade. As estruturas cristalinas estão presentes em diversos materiais, em que os átomos distribuídos dentro de sua estrutura formam uma rede chamada retículo cristalino. Rede cristalina (Retículo): são os átomos distribuídos dentro de sua estrutura cristalina. . Figura 43-Rede cristalina do cloreto de sódio http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/01/NaCl-Ionengitter1.png 57 Uma célula unitária é definida como a menor porção do cristal que ainda conserva as propriedades originais do mesmo. Figura 44- Representação de uma célula unitária CS: (a) posições dos átomos; (b) arranjo atômico;(c) átomos no interior da célula unitária. Arranjos Cristalinos são arranjos atômicos que se repetem nas três dimensões Algumas vezes, os cristais controlam a forma externa (Ex: superfície plana das pedras preciosas e quartzo (SiO2), superfície hexagonal dos flocos de neve.) Ao descrever estruturas cristalinas, os átomos (ou íons) são considerados como se fossem esferas sólidas que possuem diâmetros bem definidos, conhecido como modelo de esfera rígida atômica, no qual as esferas que representam os átomos vizinhos mais próximos que se tocam entre si. Figura 45- Cristalização do NaCl, em destaque o cristal de NaCl 58 CRISTAL => originado da formação da Célula unitária - cubo básico que se repete em todos os outros cubos de NaCl. EXEMPLO DE DIVISÃO NO ESPAÇO SISTEMAS CRISTALINOS Qualquer empacotamento atômico deve estar num dos 7 tipos de cristais abaixo: Cúbicos Tetragonal Ortorrômbico Monoclínico Triclínico Hexagonais Romboédricos Os sistemas cristalinos: – Estão associados com o modo pelo qual o espaço pode ser dividido em volumes iguais pela interseção de superfíciesplanas. – Compõe todas as possíveis geometrias de divisão do espaço por superfícies planas contínuas. 59 Figura 46- Reticulados cristalinos SISTEMAS CRISTALINOS EIXOS ÂNGULOS ENTRE OS EIXOS Cúbico a=b=c α=β=γ=90o Hexagonal a=b#c α=β=90o γ=120o Tetragonal a=b#c α=β=γ=90o Trigonal a=b=c α=β=γ#90o Ortorrômbico a#b#c α=β=γ=90o Monoclínico a#b#c α=γ=90o#β Triclínico a#b#c α#β#γ#90o ESTRUTURAS CRISTALINAS MAIS COMUNS DOS METAIS - cúbica simples - cs - cúbica de faces centradas - cfc - cúbica de corpo centrado – ccc - hexagonal compacta - hc 60 3-3-1- ESTRUTURAS CÚBICAS CÚBICA SIMPLES Hipotética para metais puros; Um átomo em cada vértice do cubo; Três arestas iguais e eixos perpendiculares; Posições equivalentes em cada célula (a célula unitária é uma síntese da estrutura de todo o material); Figura 48- Estrura cúbica simples Da figura observa-se que em cada célula unitária há apenas o equivalente a 01 átomo (1/8 de cada átomo da figura cai dentro da célula), resultando num fator de empacotamento atômico (FEA) baixo. Figura 49- Vista da face do cubo contendo nos vértices nos seus vértices Volume 1 átomo = 4/3 π r3 Volume da célula unitária = a3 61 Fator de empacotamento = volume de 1 átomo volume da célula unitária FECS = 4¶r3/3 = 0,52 (2r)3 52% =>apenas 52% do espaço está ocupado => explica o porque dos metais não se cristalizarem neste arranjo. ESTRUTURA CÚBICA DE CORPO CENTRADO (ccc) Um átomo em cada vértice do cubo e um no centro. Todos os átomos são geometricamente equivalentes. Dois átomos por célula unitária (1 no centro e 8 x 1/8 nos vértices). Cada átomo possui 8 vizinhos quer esteja no centro do cubo ou no vértice (NC =8). Figura 50- Estrutura cúbica de corpo centrado Figura 51- Cubo contendo um átomo no vértice e um no centro 62 Da figura, se observa que há um átomo no centro e o equivalente a 8 x 1/8 em cada vértice, resultando em dois átomos por célula unitária, cujo fator de empacotamento atômico (FEA) é dado por: Fator de empacotamento = volume de 1 átomo volume da célula unitária FC ou FEA = Índice de ocupação volumétrica: 0,68 CARACTERÍSTICAS • Os metais que apresentam estrutura cristalina do tipo ccc, são mais duros e menos maleáveis que os metais com estruturas compactas, como as estruturas cfc e hc. • Quando o metal é deformado por aquecimento, por exemplo, os planos de átomos podem escorregar uns sobre os outros, e isto é mais difícil nas estruturas ccc. • O endurecimento dos metais, que envolvem a introdução de impurezas ou defeitos em suas camadas cristalinas, são mecanismos que bloqueiam o escorregamento. EXEMPLOS DE METAIS COM ESTRUTURA CCC Cr, V, Mo, Na, W, Fe-a (até 912ºC e de 1394ºC a 1538ºC) Tungstênio 3 4 162 222 r a raa 3 3 ) 3 .4 ( 3 .4 .2 r r V V FC Cubo átomos 63 ESTRUTURAS CÚBICA FACE CENTRADA (CFC) Um átomo em cada vértice da célula unitária, um no centro de cada face e nenhum no centro. 4 átomos por célula: 8 x 1/8 nos vértices e 6 metades no centro de cada face. O número de coordenação no cfc é 12. Figura 52- Estrutura cúbica de face centrada Da figura abaixo, se observa 8 x 1/8 de átomos dos vértices e seis metades átomo de cada face do cubo, resultando em 04 átomos na célula e um fator de empacotamento atômico (FEA) mais elevado. 64 Figura 53- Cubo contendo 1/8 de átomos nos vértices e metade em cada face. FEA = Índice de ocupação volumétrica: 0,74 OBSERVAÇÃO: Os metais se cristalizam mais CFC que a estrutura CCC EXEMPLOS DE METAIS QUE SE CRISTALIZAM NA ESTRUTURA CFC Cu, Al, Pb, Ag, Ni, NaCl, Au, Fe-g (de 912ºC à 1394ºC) OBSERVAÇÕES FINAIS fator de empacotamento é independente do tamanho do átomo se apenas um tipo de átomo está presente; nas estruturas com 2 ou mais átomos, os tamanhos relativos afetam o fator de empacotamento. ra raa .2.2 ).4( 222 74,0 ).2.2( 3 .4 .4 3 3 r r V V FC Cubo átomos Átomos por célula unitária = 4 65 • a estrutura cfc possui o maior fator de empacotamento possível para um metal puro => estrutura cúbica de empacotamento fechado. 3-3-2- ESTRUTURAS HEXAGONAIS HEXAGONAL SIMPLES (hs) CARACTERÍSTICAS: • Não possuem posições internas equivalentes aos vértices; • Baixo empacotamento atômico - metais não se cristalizam nesta estrutura; • Compostos com mais de um tipo de átomo podem possuir esta configuração. Figura 54- Estruturas hexagonais simples ESTRUTURA HEXAGONAL COMPACTA (hc) CARACTERÍSTICAS mais densa que a hexagonal simples => maior fator de empacotamento cada átomo de uma dada camada está abaixo ou acima dos interstícios entre três átomos das camadas adjacentes. Ex: Zinco 66 Figura 55- Estrutura hexagonal compacta. Figura 55- Distribuição dos átomos na estrutura hexagonal compacta. Cada átomo tangencia 12 átomos (NC=12): 3 na camada acima, 3 na camada abaixo e 6 no seu plano fator de empacotamento => 0,74 67 CONCLUSÃO: As estruturas cfc e hc são as estruturas mais compactas que a estrutura ccc. Fator de empacotamento das estruturas cfc e hc é 0,74 enquanto que a estrutura ccc é de 0,68. 3-4- ESTRUTURA DAS CERÂMICAS Uma vez que as cerâmicas são compostas por pelo menos dois elementos, as suas estruturas são em geral mais complexas do que as dos metais; Figura 56- Exemplo de estrutura cerâmica. As cerâmicas formam estruturas cristalinas compostas por íons eletricamente carregados, em vez de átomos e duas características dos íons influenciam a estrutura dos cristal: O cristal deve ser eletricamente neutro. Envolve os raios iônicos dos cátions e ânions. 68 EXEMPLOS DE ESTRUTURAS DAS CERÃMICAS Figura 56- estrutura CFC do cloreto de sódio. Figura 57- Estrutura CCC do cloreto de césio. 3-5- MICROESTUTRURA DOS POLÍMEROS Os polímeros podem se apresentar com microestruras semi-cristalinas ou amorfas. NC – 6 Estrutura CFC dos ânions. Com um cátion situado no centro do cubo e outro localizado no centro de cada uma das 12 arestas NC – 8 Os ânions estão localizados em cada vértices de um cubo, enquanto que o centro do cubo contém um único cátion. 69 Figura 57- Microestrutura dos polímeros. Figura 58- Estrutura ortorrômbica do polietileno. 70 3-5- POLIMORFISMO Quando o mesmo elemento ou composto químico apresenta diferentes formas cristalinas de acordo com as condições de pressão e temperatura, esse fenômeno é chamado polimorfismo. Geralmente as transformações polimórficas são acompanhadas de mudanças na densidade e mudanças de outras propriedades físicas. Como exemplo, tem-se o Ferro (Fe), que pode apresentar as estruturas CFC (cristalina cúbica de faces centradas) e CCC (cristalina cúbica de corpo centrado), aspecto que deve ser considerado em sua utilização, como em processos metalúrgicos. Figura 59- Polimorfismo do ferro. O carbono também é um exemplo de elemento polimórfico, presente no diamante, que é uma estrutura extremamente dura, e também no grafite, que é quebradiço. 71 Figura 59- Polimorfismo do carbono. O titânio também apresenta formas alotrópicas ou polimorfismo (mudança de fase) deacordo com a temperatura. Figura 59- polimorfismo do titânio. CONCLUSÃO: Diz-se que metais como o ferro, sofrem transformações alotrópicas de fase no estado sólido. 72 3-6-MATERIAIS MONICRISTALINOS E POLICRISTALINOS MONOCRISTALINOS: • Constituídos por um único cristal em toda a extensão do material, sem interrupções. • Todas as células unitárias se ligam da mesma maneira e possuem a mesma direção. Figura 59- Material monocristalino. POLICRISTALINOS Constituído de vários cristais ou grãos, cada um deles com diferentes orientações espaciais, separados pelos contornos de grão. . Figura 60- Grãos e contorno de grão. Os contornos de grão são regiões separando cristais de diferentes orientações em um material policristalino 73 ANISOTROPIA Algumas propriedades físicas dependem da direção cristalográfica na qual as medições são tomadas. Direcionalidade das propriedades é conhecida com anisotropia. Isotropia – propriedades medidas são independentes da direção. Materiais policristalinos – magnitude da propriedade medida representa uma média dos valores direcionais; ou seja, a medida de propriedade depende da direção cristalográfica Material possui textura - materiais policristalinos que possuem uma orientação cristalográfica preferencial 4- DEFEITOS CRISTALINOS 4-1- Por que estudar imperfeições ou defeitos cristalinos? As propriedades de alguns materiais são profundamente influenciadas pela presença de imperfeições, consequentemente é importante ter conhecimento sobre os tipos de imperfeições que existem e sobre os papéis que elas representam ao afeter o comportamento dos materiais. Por exemplo, as propriedades mecânicas de metais puros experimentam alterações significativas quando estes são ligados (isto é, quando átomos de impurezas são adicionados) – a prata de lei (92,5% prata e 7,5% cobre) é muito mais dura e resistente do que a prata pura. Os dispositivos microeletrônicos de circuitos integrados encontrados em computadores, calculadores e utensílios domésticos funcionam devido a concentrações rigorosamente controladas de impurezas específicas que são incorporadas em regiões pequenas e localizadas de materiais semicondutores. 74 4-2- INTRODUÇÃO Defeito cristalino é uma imperfeição ou um "erro" no arranjo periódico regular dos átomos em um cristal. Na realidade, os cristais nunca são perfeitos e contêm vários tipos de imperfeições e defeitos, que afetam muitas das suas propriedades físicas e mecânicas, o que, por sua vez, alteram propriedades de engenharia importantes, tais como a plasticidade (a frio) das ligas, a condutividade eletrônica dos semicondutores (condutividade dos semicondutores depende das impurezas presentes) a cor e luminescência de muitos cristais se devem as impurezas ou imperfeições, assim como a corrosão dos metais. Os defeitos são importantes, mesmo em concentrações muito pequenas, por- que podem causar uma mudança significativa nas propriedades de um material. Por exemplo, sem a presença de defeitos: os dispositivos eletrônicos do estado sólido não existiriam; os metais seriam muito mais resistentes; os cerâmicos seriam muito mais tenazes; os cristais não teriam nenhuma cor. As imperfeições nas redes cristalinas são classificadas de acordo com a sua geometria ou dimensionalidade do defeito (forma). Podem envolver uma irregularidade: na posição dos átomos, no tipo de átomos. O tipo e o número de defeitos dependem: do material, do meio ambiente, e das circunstâncias sob as quais o cristal é processado. 4-3-TIPOS DE DEFEITOS Os tipos de defeitos podem ser definidos como: 75 Defeitos pontuais: irregularidades que se estendem sobre somente alguns átomos (defeitos adimensionais - dimensão zero), podendo ser lacunas, intersticiais ou substitucionais; Defeitos lineares: irregularidades que se estendem através de uma única fileira de átomos (unidimensionais), podendo ser discordâncias em hélice ou discordâncias em cunha; Defeitos planares: irregularidades que se estendem através de um plano de átomos (bidimensionais, que incluem as superfícies exteriores e os limites de grão interiores), podendo ser contornos de pequeno ângulo, contornos de grão, interface precipitado – matriz Defeitos volumétricos: defeitos macroscópicos tridimensionais se estendem sobre o conjunto dos átomos na estrutura ou no volume. Como exemplos destes defeitos podem-se citar os poros, as fendas, os precipitados e as inclusões. . Além desta classificação, os defeitos podem ser divididos nas seguintes categorias: Intrínsecos: defeitos decorrentes das leis físicas; Extrínsecos: defeitos presentes devido ao meio ambiente e/ou as condições de processamento. Sendo que a maioria dos defeitos em materiais são defeitos extrínsecos. 4-4- DEFEITOS PONTUAIS Em um cristal apenas uma pequena fração dos sítios atômicos é imperfeita. (menos de 1 em 1 milhão). Apesar de poucos, eles influenciam muito nas propriedades dos materiais (nem sempre de forma negativa). Devido à agitação térmica, os átomos de um cristal real estão sempre vibrando. Quanto maior a energia térmica (ou temperatura), maior será a chance de átomos sair de suas posições, deixando um vazio em seu lugar. Por outro lado, dentro da rede cristalina existem inúmeros interstícios, espaços vazios entre os átomos, nos quais é possível alojar outros átomos. Finalmente, é praticamente impossível obter um material infinitamente puro. Sempre haverá impurezas presentes na rede cristalina. 76 Os defeitos pontuais são: Auto-intersticiais, Lacunas ou vacâncias e Substitucional - intersticial Auto-intersticiais: Consiste em um átomo da própria rede que ocupa um interstício, um pequeno espaço que sob circunstâncias ordinárias não é ocupado na sua estrutura cristalina. Os defeitos auto-intersticiais causam uma grande distorção do reticulado cristalino a sua volta. Figura 61- Defeito auto-intersticial Lacunas (“vacancy”): ausência de um átomo em um ponto do reticulado cristalino. Podem ser formadas durante a solidificação do cristal ou como resultado do deslocamento dos átomos de suas posições normais (vibrações atômicas). As lacunas podem mover-se por troca de posição com os átomos vizinhos. A presença de um vazio significa que as ligações atômicas na vizinhança do defeito não foram satisfeitas. As lacunas são essenciais em processo de difusão. A quantidade de lacunas aumenta com a temperatura. Podem-se projetar materiais com propriedades “pré-estabelecidas” através da criação e/ou controle desses defeitos. Figura 62- Lacunas 77 Impurezas nos metais (substitucional – intersticial): É impossível existir um metal consistindo de um só tipo de átomo (metal puro). As técnicas de refino atualmente disponíveis permitem obter metais com um grau de pureza no máximo de 99,99%. Defeitos pontuais devidos à presença de impurezas são encontrados em soluções sólidas. No caso de defeitos substitucionais, os átomos de impurezas tomam o lugar dos átomos hospedeiros ou os substituem, exemplo: cobre e níquel. Figura 63– Impurezas intersticial e substitucional Para soluções sólidas intersticiais, os átomos de impureza preenchem os espaços vazios ou interstícios que existem entre os átomos hospedeiros, exemplo: ferro e carbono. Figura 64– Impureza intersticial 78 4-4- DEFEITOS LINEARES Também chamados de discordâncias são defeitos lineares ou unidimensionais em torno do qual alguns átomos estão desalinhados. As discordâncias estão associadas com a cristalização e a deformação (origem: térmica, mecânica e supersaturação de defeitos pontuais). Os defeitos lineares são associados principalmente à deformação mecânica. A presença
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