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Esclerênquima: Tecido de Sustentação

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ESCLERÊNQUIMA
 
Profa. Dra. Neuza Maria de Castro
 
 1. Introdução
O esclerênquima é um tecido de sustentação caracterizado pela resistência e elasticidade
apresentada por suas paredes celulares. Uma parede elástica pode ser deformada sob tensão ou
pressão, mas reassume sua forma e tamanho originais quando essas forças desaparecem. Se um
órgão maduro fosse constituído unicamente de tecidos plásticos, as deformações causadas pelos
mais variados agentes como: o vento, passagem de animais e outros, seriam permanentes. Por
outro lado, a planta deve oferecer resistência às peças bucais, unhas e ovopositores de animais.
A presença de esclerênquima, como uma camada protetora ao redor do caule, sementes e frutos
imaturos evita que os predadores se alimentem deles, uma vez que a lignina não é digerida pelos
animais, assim o esclerênquima funciona como um mecanismo de defesa para a planta.
Paredes secundárias lignificadas, como as do esclerênquima, também podem ser encontradas
nas células de condução do xilema e no parênquima do xilema. Eventualmente, algumas células
parenquimáticas também podem tornar-se esclerificadas. Portanto as paredes secundárias
lignificadas não são exclusivas das células do esclerênquima, o que dificulta uma delimitação
exata entre células tipicamente esclerenquimáticas, parênquima esclerificado e/ou células do
xilema.
2. Características
O esclerênquima é um tecido de sustentação, cuja principal origem é o meristema fundamental
como o colênquima. Difere do colênquima por ser formado por células que não retém seus
protoplastos na maturidade e por apresentar paredes secundárias lignificadas, uniformemente
espessadas.
A matriz das paredes celulares do esclerênquima é formada apenas de hemicelulose e as
substâncias pécticas estão ausentes e a celulose é mais abundante nas paredes secundárias do
esclerênquima do que nas paredes primárias.
A lignina é um polímero complexo, de várias substâncias (especialmente fenólicas), característico
deste tecido, chegando a atingir 18-35 % do seu peso seco. A deposição das camadas de parede
secundária vai reduzindo o lume celular e a formação dessa parede secundária acontece após a
célula ter atingido o seu tamanho final.
O processo de incrustação de lignina (lignificação), se inicia durante a formação da lamela média
e da parede primária. Em seguida, a incrustação de lignina atinge a parede secundária com maior
intensidade. A lignina forma uma rede ao redor das microfibrilas, dando maior força e rigidez à
parede. Por se tratar de uma substância inerte oferece um revestimento estável, evitando o
ataque químico, físico e biológico. Pelo fato da lignina ser altamente hidrofóbica, a passagem da
água através da parede secundária é extremamente lenta, enquanto a água e a maioria das
substâncias nela dissolvidas passam facilmente pela parede primária. As paredes do
esclerênquima apresentam vários tipos de pontoações.
3. Tipos Celulares e Ocorrência do Tecido
As células do esclerênquima apresentam uma grande variedade de formas e tamanhos, mas dois
tipos gerais podem ser reconhecidos: as esclereídes ou esclereídeo e as fibras (Fig. 1). Estes
dois tipos de células não são claramente separáveis, mas de um modo geral, as fibras são células
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muitas vezes mais longas que largas, e as esclereídes variam de uma forma, aproximadamente,
isodiamétrica a outras alongadas e/ou bastante ramificadas.
Figura 1- Esquema e fotos mostrando as células do esclerênquima: fibra e
esclereíde (www.ualr.edu./~botany/planttissue)
3.1. Esclereídes
As esclereídes são células mortas, com paredes secundárias espessadas e lignificadas, e
intensamente pontoadas. Podem aparecer isoladas ou em grupos entre as células dos diferentes
tecidos. A forma apresentada pelas esclereídes são variadas e têm sido utilizadas para a sua
classificação:
a. Braquiesclerídes ou C élulas pétreas (Fig. 2): são isodiamétricas, ocorrendo por exemplo, na
polpa de Pyrus (pera) e no marmelo, onde aparecem em grupos entre as células parenquimáticas;
b. Macroesclereídes: quando alongadas, colunares (ramificados ou não), (Fig. 3) como as
esclereídes presentes no envoltório externo (testa) das sementes das leguminosas, por exemplo,
em Pisum (ervilha) e Phaseolus (feijão);
c. Osteoesclereídes: esclereídes alongadas, com as extremidades alargadas, lembrando a forma
de um osso (Fig. 4), como as esclereídes observadas sob a epiderme (tegmen) da semente das
leguminosas (células em ampulheta);
Figura 2 - Braquiesclereíde da
polpa de Pyrus sp.
(www.cas.muohio.edu/
~meicenrd/ANATOMY )
Figura 3 - Macroesclereíde
do pecíolo de Camellia sp.
Foto de Castro, N. M.
Figura 4- Macro e
osteoesclereídes do tegumento
da semente de Pisum sativum.
(www.biologia.edu.ar/botanica).
d. Astroesclereídes: com a forma de uma estrela, com as ramificações partindo de um ponto
mais ou menos central (Fig. 5), como se vê nas folhas de Nymphaea sp (lírio d'água);
e. Tricoesclereídes: esclereídes alongadas, semelhante a tricomas, ramificados ou não (Fig. 6),
como vistas nas raízes de Monsteradeliciosa (banana de macaco) e nas folhas de Musa sp
(bananeira).
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Figura 5 - Astroesclereídes no
aerênquima do caule de
Numphoides sp.
(www.biologia.edu.ar/)
Figura 6 -
Tricoesclereídes da
folha de Musa. Foto
de Curtis, Lersten e
Nowak.
3.2. Fibras
São células muitas vezes mais longas que largas, com as extremidades afiladas (Fig. 7), lume
reduzido, devido à presença de paredes secundárias espessas, com variado grau de lignificação e
poucas pontoações. As fibras, geralmente ocorrem em feixes, constituindo as chamadas "fibras"
do comércio. As fibras atuam como elementos de sustentação nas regiões do vegetal que não
mais se alongam. Tal como as esclereídes, as fibras têm ampla distribuição no vegetal, podendo
ser classificadas artificialmente em: fibras xilemáticas, quando ocorrem junto com os elementos do
xilema e fibras extraxilemáticas.
As fibras extraxilemáticas incluem as fibras do floema (Fig. 8), as fibras perivasculares (Fig. 9)
das dicotiledôneas e as fibras das monocotiledôneas, sejam elas associadas ou não aos
tecidos vasculares.
Figura 7 - Aspecto geral das
fibras
(www.uoguelp.ca/botany/courses
/BOT3410)
Figura 8 - Fibras do
floema do caule de
Linnum sp - teste
com lugol. Foto de
Menezes, N. L.
Figura 9 - Caule de Curcubita sp.
destacando as fibras perivasculares
coradas em verde. Foto do Depto de
Botânica USP, São Paulo.
As fibras do floema presentes no caule de várias espécies aparecem na periferia do floema
primário e também em camadas alternadas com o floema secundário. As fibras de floema têm
origem no mesmo meristema que forma o floema.
As fibras do floema são denominadas "fibras macias" por apresentarem pouca lignina em suas
paredes. Muitas dessas fibras são usadas comercialmente, como as do cânhamo (Cannabis
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do floema têm cerca de 6 cm de comprimento, enquanto que no rami chegam a ter 55 cm.
Fibras observadas próximo ao floema, mas que não tenham a mesma origem deste tecido, são
denominadas fibras perivasculares como por exemplo, as fibras do caule de Aristolochia (papo
de peru) e de Cucurbita pepo (abóbora) (Fig. 9).
As fibras das monocotiledôneas, geralmente, são denominadas de "fibras duras", por
apresentarem paredes secundárias fortemente lignificadas, como por exemplo, as fibras das
folhas de Sansevieria zeylanica (espada-de-São Jorge), Phormium tenax (linho-da-nova-zelândia)
(Fig. 10) e do sisal (Agave sisalana), que são fibras de origem pericíclica. Muitas destas fibras são
utilizadas comercialmente para a fabricação de cordas ou de tecidos mais grosseiros.
Figura 10 . Folha de Phormium tenax
(linho-da-nova-zelândia),
evidenciando as bainhas de fibras.
Foto Castro, N. M.
4. Origem e desenvolvimento das Esclereídes e das Fibras
A origem e o desenvolvimento das esclereídes longas e ramificadas e das fibras, envolvem
notáveis acomodações intercelulares e sugerem a existência de um determinado grau de
independência na diferenciação destas células, em relação às células vizinhas.
As esclereídes isodiamétricas e as macroesclereídes podem se diferenciar a partir de células do
parênquima, apenas com a deposição de paredes secundárias espessadas após o crescimento
da célula.
Nas esclereídes alongadas e ramificadas, as extremidades das células em crescimento começam
a invadir, não apenas os espaços intercelulares, como também a forçar caminho entre as paredes
de outras células (crescimento intrusivo). Assim, vão se estabelecendo novos contatos e as
esclereídes podem atingir dimensões muito maiores que as das células vizinhas.
Nestas esclereídes bem como nas fibras, a deposição e o espessamento da parede secundária,
pode se iniciar primeiro na região central da célula, enquanto as extremidades e/ou ramificações,
permanecem ainda com suas paredes primárias delgadas, capazes de continuar o seu
crescimento intrusivo.
A formação das esclereídes pode ocorrer em qualquer período da ontogênese do órgão; em
Camelia sp , por exemplo, as macroesclereídes se diferenciam na folha bem jovem.
Na maioria das esclereídes e das fibras, o protoplasto desaparece com o desenvolvimento
completo das paredes secundárias destas células. No entanto, a presença de numerosas
pontoações, em alguns tipos de esclereídes e de fibras, indicam que estas células podem manter
o protoplasto vivo enquanto necessário.
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BIBLIOGRAFIA
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UFV - Universidade Federal de Viçosa. Viçosa.
CUTTER, E.G. 1986. Anatomia Vegetal. Parte I - Células e Tecidos. 2ª ed. Roca. São Paulo.
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Livraria Nobel S/A. São Paulo.
RAVEN, P.H.; EVERT, R.F. & EICHCHORN, S.E. 2001. Biologia Vegetal. 6ª . ed. Guanabara
Koogan. Rio de Janeiro.
 
Ana Carolina Cordeiro Dias (Graduanda do curso de Ciências Biológicas - Projeto PIBEG) responsável
pela criação desta página.
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