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AUGUSTO COMTE E O “POSITIVISMO” REDESCOBERTOS Gustavo Biscaia de Lacerda Danielle de Paula da Silva1 RESUMO O presente trabalho tem por objeto à apresentação de resenha crítica, a partir da leitura do artigo “O autor do artigo intitulado “Augusto Comte e o “Positivismo” redescobertos”, publicado na Revista Sociologia e Política em 2009, o sociólogo Augusto Biscaia de Lacerda, chama o leitor para o debate sobre a postura intelectual do pensador francês Augusto Comte, propõe sua defesa teórica e, em especial, a exposição do chamado “Positivismo” comteano. De igual modo, lança uma discussão sob o pano de fundo da ideia de modernidade e das variações de “Positivismos” que surgem. PALAVRAS - CHAVE: Positivismo. Sociologia. Auguste Comte. Anthony Giddens. O artigo começa com uma introdução apresentando a imprecisão do conceito “Positivismo e sua variação no campo das Ciências Sociais e da Filosofia. Indica o ponto de origem do debate, para Comte, a partir de suas obras Système de Philosophie Positive(1830) e Cathéchisme Positiviste (1852). Apresenta o contraponto escolhido para balizar o debate com Anthony Giddens, o sociólogo inglês que escreveu uma obra crítica sobre a Sociologia e Filosofia positivista comteana. Em resumo, a introdução aponta para discussão sobre a influência teórica do Sociólogo francês, a relação de Comte com os “Positivismos” e as narrativas de valor negativo sobre o positivismo comteano. O autor começa com a primeira parte do artigo dividido em 3 subitens. O primeiro, chamado de “Comte como promotor da tecnologia social não-reflexiva. E, o segundo, como “A retórica da loucura”, encerrando com “Filosofia das Ciências”. De modo direto, Lacerda apresenta, pela visão de Giddens, todas as críticas possíveis para ao termo “Positivismo” idealizado por Comte, daí a necessidade de separar os subitens para cada problema. Deste modo, aponta que Augusto Comte trouxe um paradigma não-reflexivo, um sujeito em sociedade que é movido pela agência da estrutura ficando assim um sujeito heterônomo na sua decisão e ação. Várias correntes críticas, segundo Giddens, irão demonstrar essa perspectiva: a corrente marxista, o pós-modernismo e a Sociologia Compreensiva. Enfim, apresenta-se a construção de um paradigma antipositivista, como crítica mais intensa ao trabalho de Comte. Isto faz com que as categorias do positivismo comteano sejam combatidas ao longo da história do pensamento social e Giddens tomado como referência é o seu maior opositor. 1 1 Pós-graduanda em Docência em Biblioteconomia pela Faculdade Unyleya. Graduação em Biblioteconomia Chama a atenção do leitor do artigo, nessa primeira parte, o fato de se apelar para a vida pessoal do pensador francês, como ponto de desequilíbrio de sua obra. No artigo, o subitem chamado “retórica da loucura” aponta que os antipositivistas apoiam suas críticas na biografia de Comte, na vida pessoal e enfermidade. Giddens para desqualificar a obra do positivista francês, na interpretação de Lacerda, foca sobre o tema da loucura que acometeu Comte. Deste modo, o autor do artigo argumenta chamando atenção para o tema da biografia e aponta que outros cientistas também tiveram em suas biografias vários delitos e atos imorais. E, isto não seria nada suficiente para a abordagem negativa, do caráter sistêmico da obra de Comte. Por fim, nesta primeira parte, Giddens é acusado de fazer afirmações e ataques gratuitos. Pois, acaba por trazer uma crítica enviesada sobre a obra de Comte, aprisionando o autor num tipo de “camisa de força” a respeito de sua compreensão da prática científica e teórica. Na segunda parte do artigo, chamado “Diferenciando os “positivismos””, Lacerda chama para o debate outro sociólogo, Peter Halfpenny. Este apresenta seus 12 pontos indicadores dos diferentes “Positivismos” ao longo da história do pensamento científico. Passando pelo Círculo de Viena e outras escolas e teorias, as quais o termo “Positivismo” teve seu lugar. Isto é, as inúmeras formas de se interpretar e aplicar um conceito ao longo do século XIX ao XXI. O autor chama para um ponto: é pelo caminho da Filosofia das Ciências e da Sociologia que se dá a maioria dos sentidos habituais e negativos do termo. Mesmo onde o termo é aplicado de modo tão vinculado, ele não seria justo teoricamente relacioná-lo ao nome de Comte. Por exemplo, no Direito Positivo, numa historiografia positivista e no Positivismo Lógico, do projeto intelectual do Círculo de Viena. Lacerda argumenta em defesa da obra comteana que a partir de uma interpretação “positiva” da realidade. Ou seja, afastada de um viés absoluto, essencialista, de temas inacessíveis. Por outro lado, tomar uma interpretação positiva significa tornar a compreensão relativa, percebendo que tudo é relativo para o ser humano e, portanto, a própria pesquisa como sendo as relações entre os seres e os fenômenos. Assim, continua a defesa do autor, o conhecimento da realidade pode ser sintético ou analítico, de conjunto ou de questões especificas dos fenômenos respectivamente. Tendo um diapasão atento, uma visão de conjunto, sistêmica, tanto para fenômenos intelectuais quanto para psíquicos-afetivos da realidade. A última parte do artigo é chamada “o recuperar de Comte”. Apresentando os três autores franceses contemporâneos que restabelecem a obra e o Positivismo de Augusto Comte no seu devido lugar de importância para a história do pensamento, segundo Lacerda. Ao se criar um rótulo sobre a obra comteana, um tipo de “positivismo” fechado e de fácil explicação, perdeu-se os elementos fundamentais e pujantes. O autor apresenta três autores, um brasileiro e dois franceses, para traçar o caminho significativo e de recuperação da importância contemporânea de Comte. A primeira e mais ambiciosa empresa é a de Juliette Grange, onde a novidade crítica está em aproximar o pensamento comteano às preocupações atuais do mundo, como a ecologia, o pacifismo, a mundialização, entre outros. A guinada de Grange é abordar essa aproximação se despindo do senso comum e do desgastado termo “positivismo”, passando a tratar das questões relativas ao “comtismo”. Assim, reestabelecendo as interconexões, nos padrões comtianos, entre problemas sociológicos, epistemológicos, políticos, psicológicos e científicos do conjunto da obra e interpretações do pensador. De outro modo, o segundo trazido por Lacerda é Laurent Fédi. Este também trabalha de modo didático expondo o pensamento de Comte e atualizando sua pertinência, e mesmo que faça um caminho tradicional não diminui a qualidade da revisão intelectual. Expondo a lógica subjacente do sociólogo francês, de modo particular sua fase madura. De acordo com Lacerda, um ponto alto da sua didática expositiva é apresentar a importância da afetividade e subjetividade para o ser humano em geral e para a prática científica em particular, ou seja, retomar o debate original do relativismo positivo da obra de Comte. Por fim, o livro do autor brasileiro Sérgio Tiski traz como argumento principal o tema tão caro para Comte: a religião. Tiski apresenta como ponto fundante a discussão entre os conceitos associados de “deus” e “teologia”. Para alcançar seu objetivo dividiu a obra comtiana em quatro fases, que vai da adesão ao catolicismo até a emancipação. Tomou como base de suas discussões não apenas as obras, mas as correspondências e usos das expressões teológicas e seus variados sentidos empregados por Comte. Considerando, deste modo, que as várias acepções do termo “religião” no pensamento comteano perpassa pela prática por instituições sociais que denotam a totalidade da existência humana. O artigo de Lacerda chega aos comentários finais, apontando para o cumprimento da promessa em sua introdução. Após o escrutínio no principal crítico antipositivista,Giddens, na apresentação da variedade dos “Positivismo”, das interpretações enviesadas, demonstra que mesmo as críticas substantivas direcionadas à obra de Augusto Comte, estas podem ser entendidas como referentes às diferentes correntes que utilizaram o termo Positivismo ao longo da história do pensamento social. REFERÊNCIA LACERDA, Gustavo Biscaia de. Augusto Comte E O “Positivismo” Redescobertos. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rsocp/v17n34/a21v17n34. Acessado em: 20/04/2021. https://www.scielo.br/pdf/rsocp/v17n34/a21v17n34
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