Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TEORIA GERAL DO SEGURO REALIZAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA ILDEBRANDO NERES JUNIOR – 2019 EDUARDO ARIAS – 2019 MANOELA LOUISE ASSAYAG DE MAGALHÃES SOUZA – 2018/2017 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS – GERÊNCIA DA ESCOLA VIRTUAL PICTORAMA DESIGN Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola Nacional de Seguros E73t Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Teoria geral do seguro / Supervisão e Coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Ildebrando Neres Junior e José Eduardo Teixeira Arias. -- 6.ed. -- Rio de Janeiro : ENS, 2019. 151 p. ; 28 cm PDF: ISBN 978-85-7052-750-9 1. Seguro – Teoria. I. Neres Junior, Ildebrando. II. Arias, José Eduardo Teixeira. III. Título. 0019-2328 CDU 368.01(072) É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. 6ª EDIÇÃO RIO DE JANEIRO 2019 TEORIA GERAL DO SEGURO A Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola Nacional de Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola Nacional de Seguros. TEORIA GERAL DO SEGURO 1. PRINCIPIOS BÁSICOS DO SEGURO 9 O SEGURO NO TEMPO 10 DEFINIÇÕES DE SEGURO 12 OBJETIVO E FINALIDADE DO SEGURO 13 CARACTERÍSTICAS DO SEGURO 14 Previdência 14 Incerteza 14 Mutualismo 14 ELEMENTOS BÁSICOS E ESSENCIAIS DO SEGURO 15 Risco 15 Segurado 18 Seguradora 18 Prêmio 19 Indenização 19 DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO DO SEGURO 21 Quanto à Responsabilidade pela sua Operação 21 Quanto à Natureza 21 Quanto à Classificação dos Seguros Privados 21 Ramos Elementares e Suas Características 23 FIXANDO CONCEITOS 1 27 SUMÁRIO INTERATIVO TEORIA GERAL DO SEGURO 2. OS SISTEMAS NACIONAIS SEGUROS, CAPITALIZAÇÃO E SAÚDE 30 ESTRUTURA DO MERCADO SEGURADOR 31 Importância da Regulação do Mercado de Seguros 32 SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS (SNSP) 32 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) 34 Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) 35 Sociedades Autorizadas a Operarem em Seguros Privados (Seguradoras) 36 Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC) 36 Empresas de Resseguro 36 Corretores de Seguros 37 Sistema Nacional de Capitalização (SNC) 37 SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE 37 Ministério da Saúde 37 Conselho de Saúde Suplementar (CONSU) 38 Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) 38 Câmara de Saúde Suplementar (CAMSS) 38 Operadoras 39 FIXANDO CONCEITOS 2 44 3. ETAPAS DO SEGURO 46 ETAPAS DA OPERAÇÃO DE SEGURO 47 Desenvolvimento do produto 48 Comercialização do seguro 48 INSTRUMENTOS CONTRATUAIS 49 Proposta 50 Subscrição de risco 52 Apólice 56 Outros Instrumentos Contratuais 59 COBRANÇA DE PRÊMIO 60 PRAZO DE VIGÊNCIA DO SEGURO 60 Seguro a Prazo Curto 61 TEORIA GERAL DO SEGURO Seguro a Prazo Longo 63 FIXANDO CONCEITOS 3 66 4. DISPOSIÇÕES CONTRATUAIS 70 DISPOSIÇÕES CONTRATUAIS 71 Condições Gerais, Especiais e Particulares 72 Garantias ou Coberturas 72 Limite Máximo de Garantia (LMG) e Limite Máximo de Indenização (LMI) 74 RISCOS COBERTOS E NÃO COBERTOS OU EXCLUÍDOS 75 Riscos Cobertos 75 Riscos Não Cobertos ou Excluídos 75 FORMAS DE CONTRATAÇÃO – SEGUROS PROPORCIONAIS E NÃO PROPORCIONAIS 76 Seguros Proporcionais 77 Seguros Não Proporcionais 83 Reintegração da Importância Segurada ou Limite Máximo de Garantia 83 Concorrência de Apólices 84 Formas de Contratação no Seguro de Automóveis 86 FIXANDO CONCEITOS 4 87 5. MECANISMOS DE PULVERIZAÇÃO DO RISCO 90 A PULVERIZAÇÃO DO RISCO 91 Limite de Retenção 92 Transferência de Risco 92 COSSEGURO 92 RESSEGURO 94 Funções do Resseguro 95 TEORIA GERAL DO SEGURO RETROCESSÃO 95 FIXANDO CONCEITOS 5 97 6. PROCESSO DE SINISTRO 99 INTRODUÇÃO 100 ETAPAS DO PROCESSO DE SINISTRO 100 Sinistro de bens 100 Apuração de Danos 101 Regulação 101 Liquidação 102 PREJUÍZOS INDENIZÁVEIS 103 SALVADOS 103 RESSARCIMENTO 103 SUB-ROGAÇÃO 103 INDENIZAÇÃO 104 FRANQUIA 105 PARTICIPAÇÃO OBRIGATÓRIA DO SEGURADO (POS) 107 VALOR DE NOVO E VALOR ATUAL 108 DEPRECIAÇÃO 108 FIXANDO CONCEITOS 6 111 7. NOÇÕES BÁSICAS SOBRE OS PRINCIPAIS RAMOS DE SEGUROS 114 SEGUROS DE AUTOMÓVEIS 115 SEGUROS COMPREENSIVOS (RESIDENCIAIS, CONDOMINIAIS E EMPRESARIAIS) 115 RISCOS NOMEADOS E RISCOS OPERACIONAIS 116 Seguros de Riscos Nomeados 116 Seguro de Riscos Operacionais 116 SEGURO DE ROUBO 117 TEORIA GERAL DO SEGURO LUCROS CESSANTES 117 RAMOS DIVERSOS 118 SEGUROS DE TRANSPORTES 118 SEGUROS DE AERONÁUTICOS 119 SEGURO DE CASCOS MARÍTIMOS (EMBARCAÇÕES) 119 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL 119 SEGUROS DE CRÉDITO 120 SEGURO DE GARANTIA 120 SEGURO DE RISCOS DE ENGENHARIA 120 SEGURO RURAL 121 SEGUROS DE PESSOAS 121 HABITACIONAL 121 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA 122 RISCOS ESPECIAIS 122 Seguro Riscos de Petróleo 122 Seguros Nucleares 122 Riscos Decorrentes da Operação Nuclear 122 ANEXOS 123 ANEXO 1– MODELO DE PROPOSTA DE SEGURO DE PESSOAS – VIDA INDIVIDUAL 123 ANEXO 2 – MODELO DE APÓLICE DE SEGURO DE PESSOAS – ACIDENTES PESSOAIS 124 ANEXO 3 – MODELO DE PROPOSTA DE SEGURO DE DANOS 125 ANEXO 4 – MODELO DE APOLICE DE SEGURO DE DANOS 129 ANEXO 5 – MODELO DE CERTIFICADO DE SEGURO 133 ANEXO 6 – MODELO DE APÓLICE DE SEGURO DE AUTOMÓVEL 134 ANEXO 7 – CODIFICAÇÃO DOS RAMOS DE SEGUROS 136 9 UNIDADE TEORIA GERAL DO SEGURO GABARITO 143 GLOSSÁRIO 144 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 150 TEORIA GERAL DO SEGURO 10 UNIDADE 101 PRINCIPIOS BÁSICOS do SEGURO ■ Conhecer o surgimento do seguro. ■ Definir seguro e explicar sua finalidade. ■ Citar as características inerentes ao seguro. ■ Identificar os elementos básicos e essenciais do seguro. TÓPICOS DESTA UNIDADE O SEGURO NO TEMPO DEFINIÇÕES DE SEGURO OBJETIVO E FINALIDADE DO SEGURO CARACTERÍSTICAS DO SEGURO ELEMENTOS BÁSICOS E ESSENCIAIS DO SEGURO DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO DO SEGURO FIXANDO CONCEITOS 1 Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TEORIA GERAL DO SEGURO 11 UNIDADE 1 O SEGURO NO TEMPO A luta por melhores condições de vida envolve, entre outros aspectos, a constituição de um patrimônio e de uma renda familiar. Acumulados ao lon- go de anos de trabalho, eles podem ser perdidos, de uma hora para outra, em virtude da exposição a riscos imprevisíveis e inevitáveis. A necessidade de proteção contra o perigo, a incerteza quanto ao futuro e a possibilidade de perda dos bens e da receita da família e do indivíduo acompanham o ser humano em sua evolução. O conhecimento dos fatos históricos que marcaram o desenvolvimento da atividade securitária ao longo dos séculos serve como paradigma que busca, nos acontecimentos passados, os fundamentos para o desenvolvi- mento de técnicas capazes de conhecer os riscos em suas várias formas. Viver envolve riscos. Se, no passado, o ser humano corria o risco de ser atacado por uma fera ou morrer de frio ou de fome, hoje enfrenta riscos ambientais que afetam seu patrimônio e sua saúde, esta última também afetada por outros riscos originados pela falta ou por excessos em sua ali- mentação, por doenças novas para as quais a cura ainda não existe e pelo próprio estilo de vida do indivíduo. Portanto,o ser humano evoluiu, e os riscos o acompanharam nessa mudança. Nossa história recente registrou fatos cuja probabilidade foi constatada após a sua ocorrência, e não o contrário, como deveria ser, para que os indivíduos se prevenissem. Por isso, conhecer um pouco da história do seguro nos mostra o caminho que o mercado segurador trilhou até chegar aos dias de hoje. Se pudéssemos encontrar palavras para definir o surgimento da atividade de seguros, certamente essas palavras seriam “solidariedade” e “mutualis- mo”, princípios aplicados inclusive no contrato de seguros. 12 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO Durante o curso, você conhecerá o surgimento do seguro, sua regulação, termos técnicos utilizados somente no mercado segurador, elementos essenciais do seguro, como se faz um seguro, enfim, assuntos que envol- vem todas as etapas do seguro. Saiba mais Necessidade de controlar riscos O ser humano sempre esteve preocupado com a estabilidade de sua existência. Por sofrer as consequências das variações climáticas e dos perigos da vida, desde a Pré-História, procurava se organizar em grupos para ter mais força e garantir o sustento e a segurança da comunidade. Com o tempo, a evolução das atividades comerciais mostrou também a necessidade de proteção contra os prejuízos financeiros. E foi dessa forma, justamente buscando garantir as finanças e diminuir a insegurança nas ativida- des cotidianas, que surgiu o seguro, da necessidade de controlar riscos. Outras Curiosidades Cerca de 2.500 anos antes de Cristo, os cameleiros da Babilônia, preocupados com as constantes perdas nas caravanas, instituíram uma forma mutualística de amparar o companheiro prejudicado, mediante um acordo por meio do qual as perdas ocorridas durante a expedição seriam rateadas entre todos. Os navegadores fenícios e hebreus também rateavam os prejuízos ocorridos durante as suas viagens, principalmente nos mares Egeu e Mediterrâneo. No século 12 d.C., surgiu uma modalidade de seguro chamada Contrato de Dinheiro a Risco Marítimo, segundo a qual um financiador emprestava ao navegador o dinheiro no valor da embarcação. Se a embarcação se perdesse, o navegador não devolvia o dinheiro emprestado, mas, se a embarcação chegasse intacta ao seu destino, o dinhei- ro emprestado era devolvido ao financiador, acrescido de juros. No mesmo século 12, o Papa Gregório IX proibiu a realização de Contratos de Dinheiro a Risco Marítimo e, consequentemente, surgiu uma forma similar de seguro denomina- da Feliz Destino, pela qual um banqueiro comprava a embarcação, com a previsão de recompra pelo vendedor. Se a embarcação chegasse sem sofrer qualquer sinistro, a Cláusula de Recompra era acionada, e o banqueiro revendia a embarcação ao proprie- tário original por um valor maior. Se a embarcação ou a carga se perdesse, o dinheiro adiantado pelo banqueiro corresponderia à indenização pelo sinistro. Em 1347, surgiu em Gênova, na Itália, o primeiro contrato de Seguro Marítimo, com a emissão de apólice de seguro. 13 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO DEFINIÇÕES DE SEGURO Pessoas ou empresas estão sujeitas a diversos tipos de eventos imprevisí- veis, ou seja, a diversos tipos de riscos, como um incêndio ou acidente de automóvel. O seguro pode ajudar as pessoas ou empresas a diminuirem as preocupações futuras que poderão acarretar prejuízos. Seguro é um mecanismo de transferência de risco de uma pessoa ou empresa para uma seguradora que assumirá esse risco. Ao transferir o risco, uma pessoa ou empresa pagará determinado valor à seguradora. Caso esse risco aconteça, a seguradora reembolsará as perdas sofridas. FIGURA 1: TRANSFERÊNCIA DE RISCO O segurado paga o Prêmio Caso ocorra o risco relacionado, a seguradora paga a indenizaçao CONTRATO SEGURADO SEGURADO SINISTRO TRANSFERÊNCIA DO RISCO SEGURADORA Entre as diversas definições de seguro, destacamos as seguintes: “Contrato em virtude do qual um dos contratantes (segu- rador) assume a obrigação de pagar ao outro (segurado), ou a quem este designar, uma indenização, um capital ou uma renda, no caso em que advenha o risco indicado e temido, obrigando-se o segurado, por sua vez, a lhe pagar o prêmio que se tenha estabelecido.” (Houaiss) 14 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO "Operação pela qual, mediante o pagamento de uma peque- na remuneração, uma pessoa se faz prometer para si ou para outrem, no caso da efetivação de um evento determinado, uma prestação de uma terceira pessoa que, assumindo um conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e o princípio do mutualismo.” (Hermard) OBJETIVO E FINALIDADE DO SEGURO Diante dessas definições, podemos dizer que o objetivo do seguro é garantir a reposição de um bem ou minimizar a perda de uma pessoa ou uma empresa por meio do pagamento da quantia estipulada no contrato. A finalidade específica do seguro é restabelecer o equilíbrio econômico perturbado, sendo vedada, por lei, a possibilidade de se revestir do aspec- to de jogo ou de dar lucro ao segurado. O seguro foi criado em função da necessidade de proteção contra o peri- go, da incerteza do futuro e da imprevisibilidade dos acontecimentos. Progressivamente, foi aperfeiçoado, constituindo-se, atualmente, em um mecanismo de atuação também no campo macroeconômico, uma vez que promove a acumulação de recursos por meio da formação das reservas inerentes à atividade, além de contribuir para formar poupança interna e para gerar investimentos no país. A finalidade do seguro está, portanto, vinculada à proteção dos indivíduos, da família e da própria sociedade, podendo, assim, ser dita de natureza particular, mas que atinge, consequentemente, objetivo de ordem social ao preservar condições de sustento individual ou familiar. Isto é básico O seguro não pode ser um jogo e nem dar lucro ao segurado. Importante Quando um indivíduo morre, pode ser que sua família fique econômica e financeiramente desamparada, o que vem a ser um problema de ordem social. O mesmo acontece em caso de invalidez, com a perda da capacidade laborativa do responsável pelo sustento da família. 15 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO CARACTERÍSTICAS DO SEGURO As características básicas do seguro são: Previdência, Incerteza e Mutualismo. — Previdência O seguro oferece proteção às pessoas com relação a perdas e danos que venham a sofrer no futuro, atingindo a elas próprias ou às suas proprie- dades ou bens. Assim, verificamos que uma pessoa que se preocupa em resguardar a si ou aos seus bens contra os prováveis riscos a que estão expostos em seu dia a dia, adotando medidas de prevenção e/ou contra- tando seguro, está sendo previdente. — Incerteza Na contratação do seguro, sempre há o elemento de incerteza: seja quan- to à ocorrência (se vai acontecer) ou quanto à época (quando vai aconte- cer). Nos Seguros de Vida, a incerteza refere-se somente à época. — Mutualismo Na atividade de seguros, entende-se por Mutualismo a reunião de um grupo de pessoas com interesses seguráveis comuns, que concorrem para a forma- ção de uma massa econômica, com a finalidade de suprir, em determinado momento, necessidades eventuais de algumas daquelas pessoas do grupo ou de parte do grupo. Assim, o impacto financeiro de um evento, que poderia ser fatal ou catastrófico para um indivíduo ou empresa, é distribuído entre os integrantes de um grupo maior por custo relativamente baixo. Exemplos se apresentam de diversas formas em nosso cotidiano, como quando um grupo de estudantes se cotiza para realizar uma festa de for- matura ao término de seu curso ou quando os condôminos incluem em suas cotas condominiais mensais um valor destinado à formação de um fundo de reserva para fazer face às despesas eventuais não orçadas de seu condomínio. No caso de Mutualismo, as seguradoras reúnem todos os prêmios que recebem em um fundo queé usado para pagar as perdas que ocorrem com frequência. 16 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO ELEMENTOS BÁSICOS E ESSENCIAIS DO SEGURO São cinco os elementos essenciais para que exista um seguro: Risco, Segurado, Seguradora, Prêmio e Indenização. Serão abordados também além dos elementos essenciais do seguro, outros conceitos como estipulante, beneficiário e corretor de seguros. — Risco Nas operações de seguro, risco é a possibilidade de ocorrência de um evento aleatório que cause dano de ordem material, pessoal ou mesmo de responsabilidades. Ele é assumido pela seguradora, que se obriga a indenizar a importância segurada na ocorrência do risco coberto, mediante o pagamento do prêmio do seguro realizado. Risco é ainda o evento incerto ou de data incerta que independe da vonta- de das partes contratantes e contra o qual é feito o seguro. Risco é expec- tativa de sinistro. Sem risco, não faz sentido contratar um seguro. Segundo a ABNT NBR ISO 31.000:2009, risco é o efeito da incerteza em relação aos objetivos (das pessoas ou das empresas). Sob o ponto de vista legal, o risco constitui o objeto do seguro, pois o segu- rado transfere à seguradora, por meio do seguro, o risco, e não o bem. Não se faz Seguro de Vida, mas sim do evento morte. Não se faz Seguro de Automóveis, mas sim dos riscos que podem causar danos ao veículo (por colisão) ou a sua perda (por roubo). Nas operações de seguro, as condições indispensáveis que definem o ris- co como segurável são: Ser possível Para que haja possibilidade de seguro, deve haver uma probabili- dade de ocorrência. Segurar risco impossível de acontecer seria o mesmo que admitir um contrato sem objeto. Exemplo: para contratar um Seguro de Automóveis, é necessá- rio que a pessoa tenha algum interesse segurável (no caso desse seguro, um veículo). Se a pessoa não tem um veículo próprio ou sob sua responsabilidade, não existe bem a ser segurado. Logo, também não há risco segurável. 17 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO Ser futuro Considera a possibilidade de um risco futuro. Eventos já ocorridos (sinistros) até o momento da realização do contrato não podem ser admitidos como riscos e, portanto, não são seguráveis. Exemplo: não se pode contratar um Seguro de Vida para garantir a morte de alguém já falecido. Da mesma forma, não se pode con- tratar o Seguro de Automóveis para garantir o roubo ou furto se o veículo já estiver desaparecido por roubo ou furto. Ser incerto A natureza incerta ou aleatória do risco não pode ser dissociada do Contrato do Seguro. Logo, só se pode fazer Seguro para garan- tir riscos incertos, que podem ou não ocorrer, ou, no caso de risco certo, que tenha data incerta para a ocorrência. Exemplo: uma pessoa que se atira de um avião em pleno ar, de grande altitude, sem paraquedas sabe as consequências que seu ato pode acarretar. Independer da vontade das partes contratantes O risco deve ocorrer de forma acidental, e não intencional. Exemplo: se uma pessoa contrata o seguro de um imóvel para garantir riscos de incêndio, queda de raio e explosão, e tem a intenção de incendiá-lo, está descaracterizando a incerteza quan- to à ocorrência dos danos pelo fogo. Resultar de sua ocorrência um prejuízo É necessário que o contratante tenha algum interesse segurável para que ele ou seu(s) beneficiário(s) venha(m) a receber indeniza- ção, ou seja, a ocorrência do risco deve comportar uma perda ou prejuízo financeiro. Exemplo: a ocorrência de um vendaval que atinja um imóvel e o danifique gera prejuízo financeiro. Ser mensurável Se o risco não puder ser medido, a seguradora não poderá estabe- lecer um custo adequado para a sua aceitação. Exemplo: o risco de acidentes na construção civil. 18 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO Divisão e Classificação dos Riscos Nas operações de seguros, existe a seguinte classificação de riscos: Quanto à Natureza Risco puro Risco generalizado, que afeta a sociedade como um todo, para o qual só existem duas possibilidades: perder ou não perder. Esse tipo de risco é objeto de análise, feita por técnicos de seguro, ou seja, é segurável. Exemplo: A possibilidade de morte dos indivíduos é um risco puro. Se ocorrer a morte de alguém, há perda e, se não ocorrer, não há perda. Risco especulativo Risco que envolve três possibilidades: perder, não perder ou ganhar. Esse tipo de risco não é segurável no mercado de seguros, uma vez que envolve a possibilidade de ganho, vedado por lei nas ope- rações dessa natureza. Deve ser tratado com técnicas comerciais. Exemplo: Uma sapataria adquire determinada quantidade de sapatos com a intenção de vendê-los por preço maior. Caso isso aconteça, há ganho. Se a mercadoria for vendida pelo mesmo pre- ço, não há perda nem ganho. Entretanto, se o preço de venda for inferior ao da compra, há perda. Importante Embora as expressões “riscos puros” e “riscos particulares” geralmente sejam utilizadas com o mesmo significado, nos riscos particulares, os riscos se limitam a situações particu- larizadas, enquanto, nos riscos puros, os riscos são generalizados. Observamos que em am- bos só existem duas possibilidades: perder ou não perder. Portanto, são riscos seguráveis. Exemplos: o risco de explosão de uma indústria é um risco puro, enquanto o risco de explo- são da indústria “X” é um risco particular. A possibilidade de choque entre automóveis é um risco puro, enquanto o choque entre os veículos de dois indivíduos identificados é um risco particular. Quanto à Origem Riscos fundamentais Riscos impessoais que resultam de mutações sociais e econômi- cas, afetando a coletividade. O tratamento desses riscos compete ao Estado. Exemplo: perdas decorrentes de guerra ou inflação. 19 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO Riscos particulares Aqueles que afetam somente os indivíduos ou empresas em parti- cular, e não a sociedade, e para os quais também só existem duas possibilidades: perder ou não perder. Esses são riscos seguráveis, a serem tratados por seguradores particulares. Exemplo: morte ou invalidez de um cidadão. — Segurado É a pessoa física ou jurídica em nome da qual o seguro é contratado. É quem tem interesse economicamente no bem exposto ao risco e que transfere para a seguradora, mediante o pagamento de certa quantia (prê- mio), o risco de um determinado evento atingir o bem de seu interesse ou gerar uma responsabilidade. Em situações específicas, conforme o tipo de seguro contratado, podem existir adicionalmente as figuras do estipulante e do beneficiário, assim qualificados: ■ estipulante – é a pessoa física (natural) ou jurídica que contrata apólice coletiva de seguros, ficando investida dos poderes de representação dos segurados perante a sociedade seguradora nos termos da regulamentação em vigor – art. 801 do Código Civil Brasileiro; e ■ beneficiário – é a pessoa física (natural) ou jurídica designada pelo segurado para receber as indenizações devidas pelo segurador ou, ainda, as pessoas legalmente reconhecidas como habilitadas para este fim. Na maioria dos ramos de seguro, o segurado é o próprio estipulante e beneficiário do seguro. — Seguradora É a pessoa jurídica que assume a responsabilidade por riscos contratados e responde junto ao segurado pelas obrigações assumidas. É responsável por emitir a apólice — em caso de ocorrência de sinistro — e pagar indeni- zação ao segurado ou ao(s) seu(s) beneficiário(s). As principais obrigações da seguradora são: gerenciar corretamente os riscos que lhe são confiados e pagar o prejuízo resultante de risco coberto assumido na ocorrência de sinistro, ou seja, indenizar o beneficiário de acordo com as condições estabelecidas no contrato. Em situações específicas, conforme o tipo de seguro contratado, podem existir adicionalmente as figuras do estipulante, do beneficiário e do toma- dor. 20 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO — Prêmio É a prestação pagapelo segurado para a contratação do seguro, efetivada com a emissão da apólice por parte da empresa seguradora. É o mesmo que custo ou preço do seguro. O prêmio deve ser especificado no contrato de seguro, de forma a garan- tir que o segurador assuma a responsabilidade de um determinado risco. Com o pagamento do prêmio, o segurado adquire o direito à indenização previamente combinada, e devidamente estabelecida, desde que o sinis- tro corresponda ao risco coberto pelo contrato de seguro. O prêmio é um dos elementos essenciais do contrato de seguro. A falta de pagamento, nas condições legais e contratualmente estabelecidas, implica a dispensa da obrigação de indenizar por parte da seguradora, na forma do art. 763 do Código Civil. O prêmio do seguro pode ser pago de uma só vez pelo segurado ou pelo estipulante, podendo, ainda, ser fracionado ou dividido em parcelas (com ou sem juros, por decisão do segurador). Importante A falta de pagamento do prêmio ou parcelas, nas condições estabelecidas, implica o cancelamento automático do contrato, independentemente de qualquer interpelação judicial ou extrajudicial. O prêmio pago se refere a todo o período de vigência do seguro. Entretanto, as segura- doras denominam prêmio ganho à parcela de prêmio relativa ao período de tempo do risco já passado. Exemplo: se a seguradora emitiu uma apólice anual e decorreram 210 dias do prazo do seguro sem a ocorrência de sinistro no período, o prêmio correspondente a 210/365 do prêmio anual é denominado prêmio ganho. — Indenização É a contraprestação do segurador ao segurado que, com a efetivação do risco (ocorrência de evento previsto no contrato), venha a sofrer prejuízos de natureza econômica, tendo direito à indenização acordada. 21 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO A indenização é considerada um dos elementos do seguro por ser a con- traprestação da seguradora ao segurado, caso ocorra um sinistro coberto. Assim, se, por um lado, o segurado tem por obrigação pagar um prêmio à seguradora quando contrata um seguro, por outro, a seguradora tem por obrigação efetuar o pagamento de uma indenização ao segurado quando ocorre um risco coberto pelo contrato de seguro (sinistro). Além dos elementos básicos e essenciais do seguro, veremos outro ele- mento também importante: corretor de seguros. Corretor de seguros É o intermediário, pessoa física ou jurídica, legalmente autorizado a anga- riar e promover contratos de seguros entre seguradoras e segurados. Exemplo Suponha que uma empresa X tenha negociado com a Seguradora Imaginária um seguro de Vida em Grupo, para todos os seus funcionários, com cobertura de morte (qualquer causa) e invalidez permanente, ao custo mensal de R$ 12.000,00. Suponha também que, durante a vigência do seguro, houve o óbito de um funcionário, cabendo à esposa e aos filhos uma indenização de R$ 100.000,00. Identificamos, nesse exemplo, os seguintes elementos: ■ Estipulante: empresa X. ■ Seguradora: Imaginária. ■ Segurados: todos os funcionários da empresa X. ■ Riscos cobertos: morte (qualquer causa) e invalidez permanente. ■ Prêmio Mensal: R$ 12.000,00. ■ Indenização: R$ 100.000,00. ■ Beneficiários: esposa e filhos do funcionário falecido Não esqueça: Seguro é um contrato entre duas partes — o segurador (pessoa jurídica) e um segurado (uma empresa ou pessoa física) —, no qual está prevista a possibilidade de um determinado acontecimento, o risco, pelo qual se paga uma quantia, o prêmio, para que, quando ocorra esse acontecimento (sinistro), haja a reparação dos danos, que é a indenização ao segurado ou a terceiros (os beneficiários). 22 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO DO SEGURO Os seguros são classificados de acordo com vários pontos de vista, entre eles: quanto à responsabilidade pela sua operação, quanto aos ramos de seguro e quanto à sua natureza. — Quanto à Responsabilidade pela sua Operação São divididos em Seguros Sociais e Seguros Privados: Seguros Sociais São aqueles operados pelo Estado por meio da Previdência Social. Incluem assistência médica, aposentadoria, pensão, acidentes de trabalho e outros benefícios, como os concedidos no âmbito do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Seguros Privados São os operados por empresas privadas de seguro. Podem ou não ser obrigatórios e podem apresentar, ainda, características sociais, como é o caso do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causa- dos por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT). — Quanto à Natureza Seguros de Danos Destinam-se à reparação, à compensação de um dano sofrido. É a reparação de perdas materiais em consequência de risco coberto e prejuízos aos bens de propriedade do segurado. São considera- dos seguro de bens: de incêndio, roubo, furto etc. Seguros de Pessoas Garantem pessoas contra os riscos a que estão expostas: sua exis- tência, sua integridade física e sua saúde. Não há reparação de danos ou indenização propriamente dita. — Quanto à Classificação dos Seguros Privados O Código Civil Brasileiro instituiu uma nova divisão dos seguros em Segu- ros de Danos e Seguros de Pessoas. A legislação atual classifica os segu- ros da seguinte forma: Saiba mais Sobre Seguros de Danos – art. 778 a 788 do Código Civil Brasileiro. 23 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO Ramos Elementares Os que visam garantir perdas e danos ou responsabilidades prove- nientes de riscos de fogo, transporte, acidentes pessoais e outros eventos que possam ocorrer e afetar pessoas, coisas e bens, res- ponsabilidades, obrigações, garantias e direitos. Pessoas (Vida) Os que, com base na duração da vida humana, visam garantir a segurados ou a terceiros o pagamento, dentro de determinado prazo e condições, de quantia certa, renda ou outro benefício. Como exemplos de Seguros de Pessoas, temos: Seguro de Vida, Seguro Funeral, Seguro de Acidentes Pessoais, Seguro Educa- cional, Seguro Viagem, Seguro Prestamista, Seguro de Diária por Internação Hospitalar, Seguro-Desemprego (perda de renda), Seguro de Diária de Incapacidade Temporária, Seguro de Perda de Certificado de Habilitação de Voo. As sociedades seguradoras autorizadas a operar Seguros de Pessoas podem também operar Seguro de Acidentes Pessoais e Seguro Habitacional, na forma regulamentada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). No que se refere à classificação dos Seguros Privados, esta foi inicialmente determinada pelo Decreto n° 61.589/1967, que mais recentemente foi modificado pela MP n° 2.177-44/2001. Com a cria- ção da ANS pela Lei nº 9.961, as atribuições que eram do CNSP e da SUSEP passaram para o Conselho de Saúde Suplementar (CONSU) e para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), tendo como resultado dessa mudança a retirada do ramo Saúde da regulamentação da SUSEP. Atenção Seguro-Saúde Não se pode mais chamar a Saúde Suplementar de seguro, mas muitos ainda conside- ram razoável tratar o assunto dessa forma, porque os indivíduos são beneficiários dos seguros de pessoas e também de consultas, exames e outros procedimentos na Saúde Suplementar. Em algumas corretoras de seguros, há uma segmentação no atendimento aos clientes denominada Área de Benefícios, que engloba tudo o que se destina a pessoas, sejam Seguros, Planos de Saúde ou Odontológicos. 24 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO — Ramos Elementares e Suas Características No Brasil, os seguros são divididos em ramos, que, em alguns casos, são divididos em modalidades. Entende-se por grupo o conjunto de ramos com alguma característica em comum. Por exemplo: Seguro de Roubo, Seguro Contra Tumultos e Seguro Global de Bancos visam proteger o patrimônio, sendo classificados pela SUSEP no grupo de Seguros Patrimoniais. Os Ramos de Seguros estão atualmente classificados e codificados confor- me a Circular SUSEP n° 535/2016, queestabeleceu, para efeitos contábeis, um código de grupo e um identificador para cada ramo de seguro. É importante que o corretor de seguros conheça a codificação estabe- lecida pela SUSEP para saber como são feitos os enquadramentos dos diversos ramos de seguro e para identificar, nas estatísticas disponíveis no mercado, a partir dos códigos de contabilização, a quais ramos se referem. Além disso, as seguradoras costumam identificar no número da apólice por meio dos códigos de contabilização, a sucursal e o ramo a que se refere o seguro contratado. Ramo de Seguro O termo “ramo” engloba o conjunto de coberturas diretamente relacionadas ao objeto ou objetivo do plano de seguro. Exemplo: se uma seguradora oferecer um plano de seguro cujo obje- tivo seja conceder cobertura para cargas transportadas em cami- nhões, no território nacional, contra os riscos de acidentes do veículo transportador, que causem dano à carga (tombamento, capotagem), deverá adotar as coberturas do ramo Transporte Nacional, que tem, em seu conjunto de coberturas, os riscos de acidentes rodoviários. A expressão “ramo principal” se refere ao ramo, dentre todos os incluí- dos em um determinado plano de seguro, que melhor caracteriza o referido plano, considerando-se as coberturas abrangidas por ele. Exemplo: se uma seguradora vier a comercializar um Plano de Seguro para Academias, no qual esteja definida, como cobertura básica, a indenização relativa a perdas e danos decorrentes dos riscos de incêndio, raio e explosão (previstos no ramo de Seguro Compreensivo Empresarial), e mais, sob a forma de contratação agregada ou facultativa, a cobertura de responsabilidade civil por guarda de veículos de terceiros (prevista no ramo Responsabilida- de Civil Geral), teríamos como ramo principal o de Seguro Com- preensivo Empresarial, já que as coberturas que melhor caracteri- zam o objetivo do plano de seguro criado pela seguradora para as 25 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO academias estão alocadas nesse ramo. Plano de Seguro A nomenclatura plano de seguro é utilizada para definir cada pro- duto ou cada tipo de seguro que é ou vier a ser comercializado pelo mercado segurador, podendo abranger um único ramo de seguro ou vários. Exemplo: as seguradoras costumam comercializar o plano de Seguro de Automóvel (ou simplesmente Seguro de Automóvel) incluindo o ramo Automóvel — Casco (que é um ramo de seguro), acoplando a ele coberturas do ramo Acidentes Pessoais de Pas- sageiros (APP), que é outro ramo de seguro, de Responsabilidade Civil Facultativo de Veículos (RCFV), que também é outro ramo de seguro, e de Assistência e Outras Coberturas, que agora passou a ser um novo ramo de seguro. Temos, nesse caso, quatro Ramos de Seguro independentes envolvidos em um mesmo plano de seguro. Também é comum as seguradoras comercializarem planos que envolvam somente um ramo de seguro. Por exemplo: Plano de Seguro de Lucros Cessantes (ou simples- mente Seguro de Lucros Cessantes), que envolve somente o Ramo Lucros Cessantes. Além das definições citadas, a SUSEP, a partir da Circular n° 535/2016, estabeleceu várias outras definições e normatizações aplicáveis aos Seguros de Danos, entre as quais destacamos as seguintes: ■ Plano de Seguro Simples É o plano de seguro que contempla exclusivamente cobertu- ras de um único ramo. Exemplo: Plano de Seguro de Riscos de Engenharia (ou sim- plesmente Seguro de Riscos de Engenharia). ■ Plano de Seguro Composto É o plano de seguro que, além das coberturas do ramo prin- cipal, contém coberturas agregadas (ou facultativas) submeti- das em conjunto à SUSEP para aprovação (essas coberturas podem ser pertencentes ou não ao mesmo grupo). Exemplo: um Plano de Seguro de Vida com Acidentes Pessoais e Perda de Renda ou Desemprego (nesse plano de seguro, estão incluídos três ramos de seguro do mesmo grupo — Pes- soas Coletivo —, conforme tabela do Anexo 2 deste material). ■ Cobertura Agregada É a cobertura de contratação facultativa em um plano de 26 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO seguro composto, pertencente a ramo de seguro distinto do ramo principal. Retomando o exemplo em que uma seguradora decidiu comercializar um Plano de Seguro para Academias, citamos, como cobertura básica, os riscos de incêndio, raio e explosão, e como coberturas agregadas ou facultativas, todas as demais opções de cobertura: alagamento, desmoronamento, rou- bo, equipamentos estacionários e responsabilidade civil pela guarda de veículos de terceiros. ■ Plano de Seguro Principal É o plano de seguro simples ou composto, ao qual o plano secundário poderá estar vinculado. Ainda utilizando o exemplo do Plano de Seguro para Acade- mias, teremos como ramo de seguro principal o Seguro Com- preensivo Empresarial. ■ Plano de Seguro Secundário É o plano de seguro que apresenta coberturas típicas de um único ramo, que somente poderão ser comercializadas em conjunto com um ou mais planos de seguro principal, e que possui registro próprio na SUSEP. Exemplo: uma seguradora poderá definir que somente con- tratará Seguro de Roubo como plano de seguro secundário, em complemento aos seus planos de Seguros Compreensivos Residenciais ou Condominiais, ou empresariais, os quais serão definidos como ramo principal. Notas Confira a nova codificação de Ramos de Seguro no Anexo 7. 27 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO ETAPAS DO SEGURO+ + EFETIVAÇÃO DO RISCO 5 Ocorre uma situação que caracteriza o Sinistro. SEGURADO PAGA O PRÊMIO O Segurado realiza o pagamento do prêmio. 4 ANÁLISE DO RISCO3 3.1 3.2 Seguradora analisa o Risco. Se aceito, emite a Apólice contendo: nome e domicílio do Segurado e da Seguradora, objeto ou pessoa seguradora, natureza dos riscos garantidos, prazo de vigência, valor segurado, prêmio, etc. ENCAMINHAMENTO DA PROPOSTA O Corretor encaminha a proposta a uma Seguradora. 2 1 COMUNICAÇÃO DE SINISTRO O Segurado comunica a ocorrência do Sinistro à Seguradora. 6 A Seguradora paga a indenização ao Segurado. PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO8 A Seguradora aciona seus peritos para apurar e quantificar a extensão dos prejuízos. 7REGULAÇÃO DO SINISTRO PREENCHIMENTO DA PROPOSTA O Proponente, intermediado pelo Corretor de Seguros, preenche proposta: um questionário com condições do contrato. 28 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO FIXANDO CONCEITOS 1 Marque a alternativa correta. 1. A finalidade específica do seguro é: (a) Garantir ao segurado a substituição do bem sinistrado sempre que houver a sua perda. (b) Permitir ao segurado comprar um veículo novo quando houver sinistro. (c) Restabelecer o equilíbrio econômico perturbado pela ocorrência de risco coberto. (d) A troca de uma despesa incerta futura e de valor elevado por outra, certa, antecipada e de valor comparativamente menor. (e) Dar lucro ao segurado quando o seguro for contratado com impor- tância segurada superior ao valor real do bem. 2. Na definição de seguro de Hermard, consta que a operação de seguro é a assunção de um conjunto de eventos determinados pelo segurador, que os compensa de acordo com: (a) As leis da estatística e o valor matemático do risco. (b) O princípio do mutualismo e o custo médio dos sinistros. (c) O valor matemático do risco e o mutualismo. (d) As leis matemáticas e o princípio do mutualismo. (e) As leis da estatística e o princípio do mutualismo. Analise as proposições a seguir e assinale a alternativa correta. 3. São elementos essenciais do seguro: I) A apólice e o prêmio. II) O segurador e o segurado. III) A indenização e o risco. Assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente II é proposição verdadeira. (c) Somente I e III são proposições verdadeiras. (d) Somente II e III são proposições verdadeiras. (e) I, II e III são proposições verdadeiras. 29 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO Marquea alternativa correta. 4. As características básicas do seguro são: (a) Apólice, indenização e prêmio. (b) Incerteza, mutualismo e previdência. (c) Indenização, teoria das probabilidades e sinistro. (d) Solene, de boa-fé e fundamental. (e) Risco puro, fundamental e especial. Marque a alternativa correta. 5. Pode-se definir risco puro como sendo aquele que: (a) Deve ser tratado com técnicas de seguro, havendo apenas duas possibilidades: perder ou não perder. (b) Deve ser tratado pelo Estado com técnicas de seguro. (c) Deve ser tratado com técnicas de seguro, havendo apenas duas pos- sibilidades: perder ou ganhar. (d) Deve ser tratado com técnicas comerciais, havendo as possibilida- des de perder ou ganhar. (e) Não pode ser garantido pelo seguro. 6. Para que o risco seja segurável, são indispensáveis os seguintes parâ- metros: (a) Deve apenas independer da vontade das partes. (b) Deverá causar prejuízo de ordem financeira em alguns casos e ser mensurável. (c) Deve ser mensurável e incerto em alguns casos. (d) Deve ser mensurável e depender da vontade das partes. (e) Deve ser possível, futuro e incerto. 7. A característica básica do seguro, que pode ser definida como “um gru- po de pessoas com interesses seguráveis comuns”, é denominada: (a) Previdência. (b) Incerteza. (c) Mutualismo. (d) Indenização. (e) Carência. 30 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO 8. A pessoa física ou jurídica que contrata apólice coletiva de seguros, ficando investida dos poderes de representação dos segurados perante a sociedade seguradora, é denominada: (a) Corretor. (b) Beneficiário. (c) Seguradora. (d) Estipulante. (e) Advogado. Analise as proposições a seguir e assinale a alternativa correta. 9. Com relação aos princípios básicos do seguro, podemos afirmar que: I) O seguro tem como finalidade específica restabelecer o equilíbrio econômico perturbado, podendo, inclusive, dar lucro ao segurado. II) A finalidade do seguro está vinculada à proteção dos indivíduos, da família e da sociedade. III) A operação do seguro promove a acumulação de recursos, forma reservas, forma poupança interna e gera investimentos. Assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente III é proposição verdadeira. (c) Somente I e II são proposições verdadeiras. (d) Somente I e III são proposições verdadeiras. (e) Somente II e III são proposições verdadeiras. TEORIA GERAL DO SEGURO 31 UNIDADE 202OS SISTEMAS NACIONAIS SEGUROS, ■ Entender como são constituídos os Sistemas Nacionais de Seguros Privados, Capitalização e Saúde e suas atribuições. ■ Conhecer as instituições que constituem o segmento do Sistema Nacional de Seguros. ■ Conhecer a função de cada órgão pertencente ao Sistema Nacional de Seguros. TÓPICOS DESTA UNIDADE Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ESTRUTURA DO MERCADO SEGURADOR SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS (SNSP) SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE FIXANDO CONCEITOS 2 CAPITALIZAÇÃO e SAÚDE TEORIA GERAL DO SEGURO 32 UNIDADE 2 ESTRUTURA DO MERCADO SEGURADOR O mercado de seguros é regulado em todo o processo produtivo do segu- ro. Desde a criação de um produto (serviço), a aprovação do produto jun- to ao órgão regulador, sua comercialização, o funcionamento de quem desenvolve o produto, a atuação de quem comercializa o produto, o rela- cionamento com o cliente desde a compra até a utilização dos serviços. O processo produtivo do seguro abrange clientes, seguradoras, forne- cedores e parceiros de negócios (corretores de seguros). Todos os elos dessa cadeia de suprimentos são regulados por órgãos estabelecidos pelo Governo. FIGURA 2: CADEIA DE SUPRIMENTOS Automóveis Incêndio Danos Responsabilidades FABRICANTESPRODUTOSMATÉRIA-PRIMA DISTRIBUIDOR CONSUMIDOR SEGURADOR ORGÃOS REGULADORES SEGURADOCORRETORESSEGURADORAS E RESSEGURADORAS SEGUROSRISCO MINISTÉRIO DA ECONOMIA CNSP – CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS SUSEP – SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS Vida 33 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO — Importância da Regulação do Mercado de Seguros Por que o seguro é regulado? A regulação é fundamental para garantir o bom funcionamento do mer- cado em todos os elos da cadeia. Resguarda o setor de seguros dos riscos sistêmicos, diminuindo a probabilidade de falência (ou “quebra”) de empresas de seguros e resseguros. Um dos objetivos é preservar a solvência das empresas, garantindo que elas cumpram os compromissos financeiros assumidos. A regulação também protege os consumidores, ao estabelecer padrões de coberturas, taxas e preços adequadas de seguro, evita vendas de seguros desnecessários e apresentação enganosa de coberturas impe- dindo fraudes e comportamentos antiéticos no mercado. Se um processo é bem regulado, traz impactos positivos. Da mesma forma, um mau regulamento também gera impactos negativos em toda a cadeia. Vimos os benefícios que o seguro proporciona para a sociedade. Esses benefícios somente são possíveis pela regulação eficaz do mercado. SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS (SNSP) Embora seguros, previdência complementar e capitalização sejam ativi- dades exercidas por empresas privadas, são normatizadas, reguladas e fiscalizadas pelo Governo. A atividade seguradora é regulada não apenas no Brasil, mas nos demais mercados desenvolvidos em outros países. A necessidade de regulação surgiu em razão do crescimento desse mer- cado no mundo. Cada país tem sua regulação própria. No Brasil, foi cria- do o Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP). 34 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO FIGURA 3: ESTRUTURA DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS (SNSP) Sociedades Autorizadas a Operarem em Seguros Privados Empresas de Resseguro Corretores de Seguros Entidades Abertas de Previdência Complementar CNSP CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS SUSEP SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS MINISTÉRIO DA ECONOMIA Os órgãos do SNSP estão subordinados ao Ministério da Economia, que cuida basicamente da formulação e da execução da política econômica. Suas áreas de competências incluem a moeda, o crédito, as instituições financeiras, a poupança popular, os seguros privados e a Previdência Com- plementar Aberta, excluindo-se a Saúde Suplementar e a Capitalização. O Sistema de Saúde Privada e Suplementar é da competência do Ministé- rio da Saúde, que atua por meio do Conselho Nacional de Saúde Suple- mentar (CONSU) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O órgão que integra as empresas de Capitalização é o Sistema Nacional de Capitalização (SNC). Isto é básico CNSP: fixa as diretrizes e normas da política de Seguros Privados no Brasil. SUSEP: regula, supervisiona, controla, fiscaliza e incentiva as atividades de seguro no Brasil. Sistema Nacional de Seguros Privados O SNSP foi instituído pelo Governo Federal por meio do Decreto-Lei n° 73/1966, art. 8°: 35 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO Art. 8º Fica instituído o Sistema Nacional de Seguros Privados, regulado pelo presente Decreto-lei e constituído: a) do Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP; b) da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP; c) dos resseguradores (Redação dada pela Lei Complementar nº 126, de 2007); d) das Sociedades autorizadas a operar em seguros privados; e) dos corretores habilitados. A promulgação da Lei Complementar n° 126/2007, processou a abertura do resseguro, e, portanto, o IRB-Brasil Resseguros S.A. deixou de ser o único ressegurador no mercado. Em 1998, foi criado o Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Segu- ros Privados, de Previdência Complementar Aberta e de Capitalização (CRSNSP) como órgão colegiado, integrante da estrutura básica do Minis- tério da Fazenda, que tem por finalidade o julgamento, em última instância administrativa, dos recursos de decisões dos órgãos fiscalizados do SNSP. — Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)É o órgão governamental encarregado da fixação das diretrizes e normas da política de Seguros Privados no Brasil, entre outras atribuições: ■ Regular a constituição, a organização, o funcionamento e a fiscali- zação dos que exercem atividades subordinadas ao SNSP, bem como a aplicação das penalidades previstas. ■ Fixar as características gerais dos contratos de Seguro, Previdên- cia Privada Aberta, Capitalização e Resseguro. ■ Estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro. ■ Conhecer dos recursos de decisão da SUSEP e do IRB. ■ Prescrever os critérios de constituição das sociedades segurado- ras, de Capitalização, entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, com fixação dos limites legais e técnicos das res- pectivas operações. ■ Disciplinar a corretagem do mercado e a profissão de corretor. O CNSP é composto dos seguintes membros: ■ Ministro de Estado da Economia ou seu representante. ■ Representante do Ministério da Justiça. Importante O CNSP é presidido pelo ministro de Estado da Fazenda e, em sua ausência, pelo superintendente da SUSEP. 36 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO ■ Representante do Ministério da Previdência e Assistência Social. ■ Superintendente da SUSEP. ■ Representante do Banco Central do Brasil. ■ Representante da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). — Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) São atribuições da SUSEP: ■ Fiscalizar a constituição, a organização, o funcionamento e a ope- ração das sociedades seguradoras, de capitalização, entidades de previdência privada aberta e resseguradores, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP. ■ Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua por meio das operações de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro. ■ Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados. ■ Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos operacionais a eles vinculados, com vistas à maior eficiência do SNSP e do Sistema Nacional de Capitalização. ■ Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, asse- gurando a sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operem. ■ Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado. ■ Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas. ■ Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as ati- vidades que por este forem delegadas. ■ Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP. A esse órgão são encaminhadas as denúncias dos segurados contra segura- doras, corretores de seguros e outros órgãos do mercado de seguros. 37 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO — Sociedades Autorizadas a Operarem em Seguros Privados (Seguradoras) São empresas legalmente constituídas sob a forma de sociedade anônima, que assumem e gerem os riscos de acordo com critérios técnicos e admi- nistrativos regulamentados pela SUSEP. Para se contratar um seguro, é preciso existir alguém que queira se pro- teger de possíveis riscos que possam acarretar prejuízo financeiro, uma empresa que queira assumir esse risco e alguém que faça intermediação entre as partes. Uma seguradora é uma empresa que comercializa seguros. Existem várias empresas seguradoras no mercado que criam seus próprios produtos. Estes, quando estão na fase de projeto, são submetidos ao órgão regu- lador, que é a SUSEP. Essa submissão também se aplica a um Plano de Previdência ou a um Título de Capitalização. — Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC) São aquelas constituídas unicamente sob a forma de sociedades anôni- mas, que têm por objetivo principal instituir planos que podem ter cobertu- ras de morte, invalidez ou sobrevivência. — Empresas de Resseguro São as empresas legalmente constituídas com a finalidade de operar o Resseguro, entendido como transferência de riscos de uma seguradora para um ressegurador. Entende-se como Empresas de Resseguro, as resseguradoras nacionais, as estrangeiras autorizadas a operar no país e as corretoras de resseguro. Saiba mais A Importância do resseguro O Resseguro tem por função preliminar garantir que as seguradoras possam fazer frente a riscos que lhes são oferecidos, cedendo parte desses riscos de forma propor- cional ou não a resseguradores. Em caso de sinistros, os resseguradores auxiliam as seguradoras financeiramente a indenizar os segurados. Além disso, fornecem expertise técnica e muitos outros serviços às seguradoras. 38 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO — Corretores de Seguros Pessoas físicas ou jurídicas, são intermediários legalmente autorizados a angariar e promover contratos de seguros entre as seguradoras e as pes- soas físicas ou jurídicas de direito privado. — Sistema Nacional de Capitalização (SNC) Nos termos do Decreto-Lei n° 261, o Sistema Nacional de Capitalização, cria- do em 28 de fevereiro de 1967, tem a seguinte composição: CNSP, SUSEP, Sociedades de Capitalização e Corretores de Capitalização. A atividade de capitalização tem por objeto a colocação pública de títulos de capitalização. O Título de Capitalização é uma economia programada de prazo definido, com um pagamento único ou em parcelas periódicas. Duran- te a vigência do título, o consumidor tem o direito de participar de sorteios. A capitalização não integra o SNSP. O Título de Capitalização não é um pla- no de seguro comercializado por uma seguradora. Os títulos somente podem ser administrados por sociedades de Capitalização. Portanto, as sociedades de capitalização não se confundem com as sociedades seguradoras. No entanto, a fiscalização e a regulamentação da Capitalização, por força do Decreto-Lei n° 261/1967, que criou o Sistema Nacional de Capitalização, também estão a cargo da SUSEP e do CNSP, respectivamente, da mesma forma que ocorre com as sociedades seguradoras. SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE No Brasil, o Sistema Nacional de Saúde é formado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo Sistema da Saúde Suplementar. A estrutura da Saúde Suplementar é formada por: — Ministério da Saúde Órgão de assessoramento da Presidência da República, integrante do Poder Executivo. Tem ação direta sobre os componentes do Sistema Nacional de Saúde (SUS e Saúde Suplementar). Atenção O SNC e suas características serão abordados de forma detalhada no material de Capitalização. 39 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO — Conselho de Saúde Suplementar (CONSU) Criado pela Lei n° 9.656/1998, e posteriormente alterado pelo Decreto n° 4.044/2001, o CONSU é um órgão colegiado integrante da estrutura regi- mental do Ministério da Saúde, sendo composto pelo Ministro da Justiça —que o preside —, pelo Ministro da Saúde, pelo Ministro da Fazenda e pelo Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, além do Presidente da ANS, que atua como Secretário das reuniões. O CONSU tem competência para desempenhar as seguintes atividades: ■ Estabelecer e supervisionar a execução de políticas e diretrizes gerais do setor de Saúde Suplementar. ■ Aprovar o contrato de gestão da ANS. ■ Supervisionar e acompanhar as ações e o funcionamento da ANS. ■ Fixar diretrizes gerais para a constituição, organização, funciona- mento e fiscalização das empresas operadoras de produtos de que trata a Lei n° 9.656/1998. ■ Deliberar sobre a criação de câmaras técnicas, de caráter consulti- vo, de forma a subsidiar as decisões. — Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) A ANS é autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde. Sua missão é promover a defesa do interesse público na Assistência Suplementar à Saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no país. — Câmara de Saúde Suplementar (CAMSS)Câmara de caráter consultivo da estrutura da ANS, conforme a Lei n° 9.961/2000, que tem como principal objetivo promover a discussão de temas relevantes para o setor de Saúde Suplementar no Brasil, além de dar subsídios às decisões da ANS. 40 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO — Operadoras As operadoras que compõem a estrutura empresarial do setor de saúde suple- mentar se classificam em diferentes modalidades de atuação no mercado: ■ Medicinas de grupo. ■ Seguradoras especializadas em saúde. ■ Cooperativas médicas. ■ Filantropias. ■ Autogestões. ■ Odontologias de grupo. ■ Cooperativas odontológicas. ■ Administradoras de benefício. 41 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO O SEGURO NO BRASIL O Surgimento e o Desenvolvimento da Indústria do Seguro 1808 No Brasil, o seguro surgiu em 1808, em consequência da vinda da família real para o Brasil. A primeira seguradora brasileira, a Companhia de Seguros Boa-Fé, foi fundada em 24 de fevereiro de 1808, regulada e dirigida pela Casa de Seguros de Lisboa, com a finalidade de operar no Seguro Marítimo. Nesse período, a atividade segurado- ra era regulada pelas leis portuguesas. A Previdência Privada (atual Previdência Complementar) surgiu em 1835, com a criação do Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado (Mongeral). 1850 Em 1850, foi promulgado o Código Comercial Brasileiro. A partir desse momento, o seguro marítimo foi, pela primeira vez, estudado e regulado em todos os seus aspectos, sendo estabelecidos os direitos e deveres das partes contratantes. Esse código foi de fundamental importância para o desenvolvimento do seguro no Brasil, incentivando o aparecimento de inúmeras seguradoras, que passaram a ope- rar não apenas com o seguro marítimo, expressamente previsto na legislação, mas também com o seguro terrestre. Porém, o Código Comercial Brasileiro foi parcial- mente revogado pelo Código Civil — Lei n° 10.406/2002. 1855 Tranquilidade foi a primeira Companhia de Seguros de Vida autorizada a funcionar no Brasil, em 1855, com sede no Rio de Janeiro, e a primeira a comercializar Seguro de Vida. 1901 O Decreto n° 4.270/1901 regulou as operações de seguros no Brasil e criou as Ins- petorias de Seguros, subordinadas ao Ministério da Fazenda. 1916 Em 1916, ocorreu o maior avanço de ordem jurídica no campo do contrato de seguro com a promulgação do Código Civil brasileiro (substituído pelo atual Código Civil brasileiro de 2002). Com ele, foram fixados os princípios essen- ciais do contrato de seguros e disciplinados os direitos e obrigações das partes, de modo a evitar e dirimir conflitos entre os interessados. Foram esses princí- pios fundamentais que garantiram o desenvolvimento da instituição do seguro. Saiba mais 42 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO 1929 Em 1929, surgiu a capitalização, com a criação da SulAmérica Capitalização S.A. 1932 No ano de 1932, foi fundado o primeiro Sindicato dos Corretores de Seguros e, em 1933, foi fundado o primeiro Sindicato das Seguradoras, ambos no Rio de Janeiro. 1939 O IRB-Instituto de Resseguros do Brasil, hoje IRB-Brasil Resseguros S.A., foi fundado em 1939. Desde então, as entidades seguradoras passaram a ressegurar no IRB as responsabilidades que excedessem sua capacidade de retenção própria. E o IRB também, quando excedia sua capacidade através da retrocessão, passou a compar- tilhar o risco com as sociedades seguradoras em operação no Brasil. 1951 Em 1951, foi criada a Federação Nacional de Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (FENASEG), entidade de representação sindical do mercado segurador. 1966 Em 1966, foi publicado o Decreto-Lei n° 73, que reformulou a política de seguros no Brasil e criou o Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP), constituído pelo Con- selho Nacional de Seguros Privados (CNSP), pela Superintendência de Seguros Priva- dos (SUSEP), pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), pelas sociedades autoriza- das a operar em seguros privados e pelos corretores habilitados, sendo considerado uma referência em termos de legislação devido a seu alcance e sua abrangência. 1968 Em 1968, foi fundada a Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados, de Capitalização, de Previdência Privada e das Empresas Corretoras de Seguros (FENACOR). Uma entidade sindical, de grau superior, de âmbito nacional, reconhecida como entidade coordenadora dos interesses da categoria econômica dos corretores de seguros e de capitalização. 1971 O mercado de seguros, ciente das necessidades de formação técnica e aprimoramen- to das ciências do seguro, criou, em 1971, a Fundação Escola Nacional de Seguros (FUNENSEG), responsável pelo ensino e pela divulgação do seguro no Brasil. Atual- mente, a FUNENSEG chama-se Escola Nacional de Seguros e é mante nedora da Escola Superior Nacional de Seguros (ESNS), única instituição de ensino superior a ofe- recer curso de graduação em Administração com Ênfase em Seguros e Previdência. 43 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO 1998 No ano de 1998, foi criado o Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Complementar Aberta e de Capitalização (CRSNSP) como um órgão colegiado, integrante da estrutura básica do Ministério da Fazenda e que tem por finalidade o julgamento, em última instância administrativa, dos recursos de decisões dos órgãos fiscalizados do SNSP. 2007 Com a promulgação, em 15 de janeiro de2007, da Lei Complementar n° 126, que, entre outras matérias, dispôs sobre a política de resseguros e retrocessão promo- vendo a abertura do mercado ressegurador brasileiro, o IRB perdeu o monopólio e outros resseguradores passaram a operar no mercado brasileiro. Em 2007, em virtude da necessidade de um novo modelo de representação ins- titucional, a FENASEG dividiu-se em quatro federações. Cabem às federações a execução das funções e o desenvolvimento de ações no interesse específico das áreas representadas, ou seja: ■ Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg): atua na área de Seguros Gerais. ■ Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi): atua na área de Previdência Complementar Aberta. ■ Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde): atua na área de Saúde Suplementar. ■ Federação Nacional de Capitalização (FENACAP): atua na área de capitalização. 2008 Em agosto de 2008, foi criada a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), em assembleia, pelas federações associativas. A CNseg é a entidade máxima de representação institucional do mercado segura- dor, entendida como o conjunto dos setores de seguros, previdência complementar aberta, saúde suplementar e capitalização. Tem como missão: ■ Congregar as principais lideranças. ■ Coordenar as ações políticas. ■ Representar o mercado junto às instituições nacionais e internacionais. ■ Elaborar o planejamento estratégico do segmento. ■ Desenvolver atividades comuns aos interesses das federações. 44 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO 2012 Em junho de 2012, a SUSEP iniciou a normatização e a regulamentação do Microsse- guro, cuja operação tem um mercado principal estimado em 128 milhões de brasileiros. A Saúde Suplementar passou a ter vida própria. As seguradoras que operavam também em Saúde Suplementar agora são denominadas operadoras de saúde suplementar, participando de um mercado muito promissor e, ao mesmo tempo, complexo, que tem a ANS como seu órgão regulador, desde a sua fundação pela Lei n° 9.961/2000, não havendo mais influência da SUSEP sobre as seguradoras. 45 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO FIXANDO CONCEITOS 2 Marque a alternativa correta 1. O mercado de seguros no Brasil se desenvolveu ao longo dos anos. Órgãos foram criados e legislações incorporadas ao sistema, de forma a aprimorá-lo. Dentre essas legislações, uma delas reformulou a política de segurosno Brasil e criou o Sistema Nacional de Seguros Privados, sendo considerada uma referência, em termos de legislação, pelo seu alcance e abrangência. Estamos nos referindo ao: (a) Código Civil Brasileiro. (b) Código Comercial. (c) Código de Defesa do Consumidor. (d) Decreto-Lei 73/66. (e) Decreto das S.A. Correlacione as colunas e marque a alternativa correta. 2. Em relação ao Sistema Nacional de Seguros Privados, associe seus órgãos e empresa às suas respectivas atribuições: 1) Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). 2) Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). 3) Seguradoras. ( ) Determina as diretrizes e normas da política de Seguros Privados no Brasil. ( ) Assume e gere os riscos que lhe são transferidos pelos segurados, de acordo com os critérios técnicos e administrativos regulamentados. ( ) Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mer- cado. ( ) Fiscaliza as seguradoras. ( ) Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados. Marque a alternativa correta: (a) 1, 1, 2, 3, 3. (b) 1, 1, 3, 3, 3. (c) 1, 2, 1, 3, 3. (d) 2, 2, 1, 3, 3. 46 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO (e) 1, 3, 2, 2, 2. Marque a alternativa correta. 3. O órgão governamental que fixa as diretrizes e normas da política de Seguros Privados no Brasil, entre outras atribuições, é o(a): (a) Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP). (b) Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). (c) Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). (d) Ministério da Fazenda. (e) Banco Central do Brasil. Marque a alternativa correta. 4. O órgão responsável pela regulação, pelo controle, pela fiscalização e pelo incentivo das atividades de seguros, previdência, capitalização e resseguro é o(a): (a) IRB-Brasil Resseguros S. A. (b) Comissão de Valores Mobiliários. (c) Ministério da Fazenda. (d) Conselho Nacional de Seguros Privados (e) Superintendência de Seguros Privados. TEORIA GERAL DO SEGURO 47 UNIDADE 3 ETAPAS 03 ■ Compreender as disposições gerais do seguro. ■ Relacionar e definir as características do contrato de seguro. ■ Identificar e entender cada instrumento contratual do seguro. TÓPICOS DESTA UNIDADE do SEGURO ETAPAS DA OPERAÇÃO DE SEGURO INSTRUMENTOS CONTRATUAIS COBRANÇA DE PRÊMIO PRAZO DE VIGÊNCIA DO SEGURO FIXANDO CONCEITOS 3 Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TEORIA GERAL DO SEGURO 48 UNIDADE 3 ETAPAS DA OPERAÇÃO DE SEGUROS Vimos em sua definição que seguro é uma transferência de risco de uma pessoa ou empresa para uma companhia de seguros. Veremos agora como ocorre essa transferência, ou seja, como se contrata um seguro. A contratação de um seguro, envolve a operação de seguros. Uma operação de seguro inicia desde a oferta de exposição de riscos de pessoas e empresas até a liquidação de eventuais sinistros, passando pelas seguintes etapas: desenvolvimento do produto, processo de cota- ção de seguros, elaboração da proposta, subscrição de riscos, emissão da apólice, cobrança de prêmio, eventual alteração no contrato (endosso), processo de sinistro (aviso, regulação e liquidação de eventual sinistro). Nesta unidade,serão vistas as etapas: Comercialização, Subscrição, Emissão da apólice, Cobrança do prêmio, emissão de endosso. As etapas de Regu- lação de Sinistro e Pagamento de Indenizações, serão vistos na unidade 6. FIGURA 4: ETAPAS DA OPERAÇÃO DE SEGUROS Desenvolvimento do produto Cotação de seguros e elaboração da proposta. Subscrição de risco (avaliação técnica) Emissão da Apólice Regulação do sinistro Cobrança do prêmio Emissão do Endosso Pagamento de indenizações 49 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO A partir de agora vamos conhecer o que acontece em cada uma dessas etapas. — Desenvolvimento do produto Um produto de seguros é criado por uma seguradora, a partir das neces- sidades demandadas pela evolução do próprio mercado de seguros. A seguradora desenvolve um produto adequado a essas demandas, define regras do produto como coberturas e taxas, elabora notas técnicas atua- riais e submete a Susep o pedido formal de autorização para comercializa- ção do produto ou plano de seguro. Os planos de seguros, em sua comercialização pelas seguradoras, podem ser classificados ainda em padronizados e não padronizados: Plano Padronizado É o plano de seguro cujas condições contratuais são idênticas àquelas aprovadas pela SUSEP ou pelo CNSP (incluindo a tarifa- ção padronizada, se houver). Entende-se por tarifação padronizada o conjunto de informa- ções técnicas específicas de uma modalidade de seguro, previs- tas em normas da SUSEP ou do CNSP, relacionadas ao cálculo do prêmio final do seguro (taxas, franquias, prêmio mínimo, des- contos, agravações). Exemplo: Seguro Garantia e Seguro Fiança Locatícia. Plano Não Padronizado É o plano de seguro cujas condições contratuais e nota técnica atuarial são elaboradas pelas seguradoras e encaminhadas à SUSEP para análise e aprovação antes de sua comercialização. Cada seguradora, autorizada pela SUSEP, pode elaborar seus pró- prios produtos, e podem ocorrer diferenças significativas entre eles, principalmente em relação às taxas, franquias e condições, exigindo atenção do Corretor de Seguros ao oferecê-los a seus segurados. Exemplo: qualquer plano ou modalidade de seguro específico que a seguradora tenha interesse em comercializar por meio de seus canais de venda. — Comercialização do seguro Como formas de comercialização de seguros, temos: Venda direta A venda direta de seguros, sem a intermediação de corretores, é permitida por lei. O seguro pode ser contratado diretamente pelo proponente, porém, através de Representantes devidamen- te autorizados pelas sociedades seguradoras. 50 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO O representante do seguro é a pessoa jurídica que assume a obri- gação de promover, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a realização de contratos de seguro à conta e em nome da seguradora e de acordo com os poderes delimitados no contrato firmado com ela (Resolução CNSP n° 297/2013). A figura do representante não se confunde com a do corretor de seguros nem com a do estipulante. É também vedado ao repre- sentante o exercício da atividade de corretagem de seguros ou atuação como estipulante. Os planos de seguros ofertados por representantes de seguros estão limitados à emissão de apólices individuais ou de bilhete e aos ramos de riscos diversos, garantia estendida de bens e de automóveis, auxílio-funeral, viagem, prestamista, desemprego/per- da de renda, eventos aleatórios, animais e microsseguro de pes- soas, danos e previdência. Venda intermediada pelo corretor de seguros É a forma mais comum de contratação de seguros. O mercado de seguros é um mercado muito técnico e exige especialização/for- mação técnica de quem irá atender ao segurado devido à comple- xidade dos contratos de seguros. O corretor de seguros é um profissional habilitado especializado, autorizado pela SUSEP a comercializar os produtos das seguradoras. Por meio de um corretor oficial, uma pessoa encaminha uma pro- posta para uma seguradora, que avalia o risco e decide se aceitará ou não. Caso aceite, emitirá uma apólice. O papel principal do corretor de seguros é identificar as neces- sidades do cliente, ajudando-o a analisar e avaliar os riscos aos quais está exposto e buscar planos de seguros mais adequados, visando reduzir possíveis perdas financeiras. Para ajudar um futuro cliente a identificar as necessidades de cobertura, o primeiro passo é a compreensão de exposição aos riscos a que ele está sujeito. Não é uma tarefa simples — especialmente quando se trata de uma indústria que tem atuação em vários estados, por exemplo. Por isso, a inter- mediação de um profissional com especialização técnica é fundamental. INSTRUMENTOS CONTRATUAIS Para se contratar um seguro,alguns instrumentos contratuais são essen- ciais: a proposta e a apólice. 51 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO — Proposta A proposta de seguro é um formulário impresso, que advém da cotação prévia realizada, e que pode incluir as respostas a um questionário deta- lhado a ser preenchido pelo proponente que se candidata à contratação de um seguro. Da proposta, devem constar dados do proponente, dados do bem a ser segura- do, forma de exposição ao risco relativo à pessoa ou ao bem a ser segurado, for- mas de contratação e outras informações que influenciarão no custo do seguro. O corretor de seguros deve orientar o proponente no preenchimento da proposta. É importante frisar que a análise e a aceitação do risco, feitas pela seguradora, tomam por base os dados da proposta. Por isso, são de fundamental importância os dados ali contidos, considerando os princípios da boa-fé e a veracidade das declarações que caracterizam o contrato. A boa-fé é uma característica do contrato do seguro. Por meio da análise dos elementos da proposta, a seguradora mensura o risco e avalia se poderá assumi-lo ou não. Sua finalidade é, portanto, satis- fazer uma necessidade técnica. A proposta servirá de base para a emissão da apólice de seguro, caso o risco seja aceito pela seguradora. Ela é indispensável, conforme determi- nado no art. 759 do Código Civil Brasileiro, e seus critérios de aceitação encontram-se regulamentados por legislações da SUSEP. O artigo cita a proposta, como segue: “A emissão da apólice deverá ser precedida da proposta escrita com a declaração dos elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco”. A proposta é dispensada em caso de seguro contratado por meio de bilhete. Regras de aceitação da proposta A Circular SUSEP n° 251/2004, alterada pela Circular SUSEP n° 394/2009, estabelece regras para a aceitação da proposta de seguro e a emissão de apólice pela seguradora: ■ A celebração de um contrato de seguro ou sua alteração, exceto bilhete, somente poderá ser feita mediante proposta assinada pelo proponente, por seu representante legal ou cor- retor de seguros (estes dois últimos em certas situações espe- cíficas autorizadas por lei). ■ A seguradora deverá fornecer protocolo que identifique a proposta recebida, com indicação de data e hora de seu recebimento. Atenção Caso a aceitação da proposta dependa de contratação ou alteração da cobertura de resseguro facultativo, os prazos mencionados serão suspensos até que o ressegurador se manifeste formalmente. Atenção Com o advento dos cotadores eletrônicos presentes nos portais das seguradoras na internet, sobretudo para os ramos massificados, as propostas são impressas e assinadas pelo interessado apenas para arquivo (o que é recomendável). Havendo o aceite do segurado para a cotação, o corretor coleta todos os dados e transmite a proposta, enviando cópia ao segurado. 52 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO Prazos de aceitação ou recusa da proposta ■ Seguros do ramo transportes A seguradora terá 7 (sete) dias nos Seguros do Ramo Transpor- tes, cobrindo uma única viagem (apólice avulsa). ■ Seguros rurais A seguradora terá 45 (quarenta e cinco) dias nos seguros rurais com subvenção econômica aos prêmios. ■ Demais seguros Nos demais seguros, a seguradora tem o prazo de 15 (quinze) dias para manifestar-se sobre a proposta, sendo tais prazos contados a partir da data de seu recebimento, conforme pro- tocolo citado. Caso haja ausência de manifestação da seguradora, por escri- to, nos prazos citados, estará caracterizada a tácita aceitação da proposta de seguro. ■ Seguros de danos No Seguro de Danos, em caso de recusa de proposta den- tro dos prazos citados, a cobertura de seguro prevalecerá por mais 2 (dois) dias úteis, contados a partir da data em que o pro- ponente, o seu representante legal ou o corretor de seguros tiver conhecimento formal da recusa. Caso tenha havido adiantamento de prêmio, a seguradora reterá a parte do prêmio relativo ao período de cobertura, na base pro rata temporis, devolvendo a diferença ao segurado em até dez dias corridos. Solicitação de documentos para análise da proposta ■ Caso a seguradora necessite de documentos complementa- res para a análise da aceitação do risco ou de alteração de seguro vigente, poderá solicitá-los apenas uma vez e dentro dos prazos citados, no caso de segurado pessoa física, e mais de uma vez para pessoa jurídica, desde que o pedido seja fundamentado pela seguradora. O prazo ficará suspenso até a apresentação dos documentos solicitados, passando nova- mente a correr a partir da data em que se der a entrega da referida documentação. ■ A aceitação da proposta poderá ou não ser comunicada pela seguradora ao segurado, a seu critério. Todavia, a recusa deve ser feita pela seguradora, obrigatoriamente e por escrito, ao proponente, ao seu representante legal ou ao corretor de seguros, especificando os motivos. 53 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO Após preenchida a proposta, o corretor de seguros a encami- nha para a seguradora, quando será direcionada à área res- ponsável pelo processo de subscrição de risco. — Subscrição de risco Subscrição é o processo pelo qual uma seguradora determina se deve ou não aceitar uma proposta de seguro e, se optar por aceitar, quais termos e condições serão aplicados, além do nível de prêmio a cobrar. Esse processo é executado por um profissional chamado de subscritor de riscos, que, a partir dos elementos da proposta, avalia e mensura os riscos, decidindo se irá aceitá-los ou recusá-los. São atividades desse processo: ■ Decidir quais riscos são aceitáveis. ■ Determinar qual o prêmio será cobrado. ■ Decidir quais os termos e condições do contrato de seguro. ■ Monitorar cada uma dessas decisões. Como são calculados os produtos de seguros? Na comercialização de qualquer produto ou serviço, o preço é um dos fatores decisivos para o consumidor fechar uma compra. Em seguros não é diferente. Quanto mais coberturas e serviços uma seguradora oferece, mais a qualidade dos serviços reflete no custo do seguro. Os consumidores nem sempre estão dispostos a pagar mais, e podem optar por comprar menos coberturas e serviços para diminuir o custo do seguro. É importante para o corretor de seguros entender como funciona a precifi- cação do seguro, porque esse conhecimento o ajudará a esclarecer seus clientes na decisão ou no fechamento de uma venda, fazendo com que este adquira um seguro adequado às suas necessidades por um preço justo. O prêmio do seguro é o pagamento periódico feito pelo segurado à segurado- ra pela transferência do risco. Cada pagamento do prêmio compra a proteção de seguro por um período de tempo. É o que chamamos de prazo de vigência. O seguro é um serviço intangível, cuja qualidade não é percebida no momento da compra, pois somente será percebida caso o risco previsto aconteça. Entretanto, o cálculo de um seguro é feito de forma rigorosa, de modo científico e com técnicas atuariais. O prêmio do seguro deve ser mensurado pela exposição à perda, devendo haver uma estreita relação entre o prêmio cobrado e o risco (possibilidade Atenção Confira um modelo de proposta no Anexo 2. Importante Cabe destacar que somente aquele que possua legitimidade e capacidade jurídica para preencher e assinar a proposta poderá fazê-lo, ou seja, o proponente, o estipulante ou o corretor de segros habilitados (estes dois últimos em certas situações específicas autorizadas por lei). 54 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO de perda financeira). Quanto mais próxima essa relação, mais justo será o valor do prêmio para ambas as partes: segurado e segurador. O objetivo principal de uma tarifação adequada é determinar o prêmio mais baixo que atenda a todos os objetivos necessários. Uma parte importante do processo é identificar todas as
Compartilhar