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Seção 4 ESPELHO DE CORREÇÃO DIREITO CONSTITUCIONAL 2 Olá, querido aluno! A peça cabível é o Recurso de Embargos de Declaração, afinal ele é o meio processual adequado para buscar a modificação de qualquer decisão judicial para: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual o juiz de ofício devia se pronunciar ou a requerimento; III - corrigir erro material. O art. 1.023 do CPC aponta que os embargos sejam opostos no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação de erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. Não se esqueça de que o pedido de um recurso é a reforma da decisão que está sendo combatida. Neste caso, será a omissão total do julgamento do pedido de responsabilização patrimonial em face da União e da responsabilização patrimonial e cessação do dano ambiental, independentemente da comprovação de culpa ou dolo, por parte da empresa Montanha do Rio Sujo. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO - ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. PROCESSO Nº EMBARGANTE: Associação de Proteção dos Pescadores de Devastação (APPD). EMBARGADOS: União e Montanha do Rio Sujo. Seção 4 DIREITO CONSTITUCIONAL Na prática! Questão de ordem! 3 ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO DOS PESCADORES DE DEVASTAÇÃO (APPD), já qualificada nos presentes autos de Ação Civil Pública em face da União Federal e da empresa Montanha do Rio Sujo, vem à presença de Vossas Excelências opor os presentes EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, tempestivamente, com fulcro no art. 1022 e seguintes do Código de Processo Civil. DO PREPARO Deixa de juntar guias de comprovação de pagamento de custas de preparo, em razão de expressa previsão legal (art. 1023 do CPC). Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação de erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. DA TEMPESTIVIDADE Apresenta recurso dentro do prazo legal de 5 (cinco) dias úteis da data da intimação. O presente recurso de Embargos de Declaração é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo de 5 (cinco) dias, conforme determinado no art. 1.023 do CPC: “Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo” (BRASIL, 2015, [s.p.]). Portanto, resta demonstrada a tempestividade do presente recurso. DO CABIMENTO Segundo dispõe o art. 1022 do CPC: Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III - corrigir erro material. (BRASIL, 2015, [s.p.]) Patente o cabimento do presente recurso em face da omissão apontada na decisão ora combatida e que deve ser objeto de análise, bem como para efeitos de prequestionamento. 4 DA SÍNTESE PROCESSUAL E DA DECISÃO EMBARGADA O respeitável acórdão proferido por este Egrégio Tribunal julgou improcedente o pedido de condenação em responsabilidade civil a 10 (dez) salários-mínimos mensais para cada vítima do desastre ambiental ocorrido devido ao colapso e rompimento da barragem da empresa Montanha do Rio Sujo, localizada na cidade de Devastação, no estado do Espírito Santo. O rompimento desta barragem causou um desastre ambiental que destruiu a cidade em razão do derramamento de lama tóxica e soterrou casas, matando diversas pessoas e, ainda, impossibilitando a prática da pesca. Independentemente de não ter havido a comprovação a respeito de negligência, imprudência ou imperícia por parte da empresa, o fato é que decorre de sua prática e dos riscos envolvendo a sua atividade econômica a responsabilização objetiva dela diante de todos os fatos aqui narrados e documentados. Contudo, a respeitável decisão deixou de observar que, para a incidência da responsabilidade objetiva, basta a comprovação da ocorrência do fato (rompimento da barragem), do dano (perdas de vidas humanas e danos patrimoniais e morais irreversíveis) e do nexo causal (patente soterramento da cidade pela lama tóxica proveniente da barragem), o que deve ser corrigido e complementado por Vossas Excelências. Além disso, não se manifestou acerca do pedido de interrupção dos danos ambientais, com consequente aplicação de multa diária para cessá-los na região. Portanto, há omissão também em relação à aplicação da multa diária (astreintes), que deve ser fixada em caso de descumprimento da ordem judicial. DO DIREITO Das razões recursais – Omissão Requer-se o expresso prequestionamento da matéria federal, decorrente da não aplicação escorreita da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, em diametral desrespeito ao § 1º do art. 14: § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. (BRASIL, 1981, [s.p.]) Já o inciso VII do art. 4º desta mesma lei dispõe que a Política Nacional do Meio Ambiente visará: “VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os 5 danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos” (BRASIL, 1981, [s.p.]). Evidente também, no presente caso, a reponsabilidade da União em razão de sua omissão na fiscalização, sendo igualmente objetiva e solidária, devendo haver a execução subsidiária do ente público no caso de insuficiência patrimonial da empresa ré. No entanto, o acórdão foi omisso no que tange à responsabilização pelos danos ambientais causados, independentemente da comprovação de negligência, imprudência ou imperícia, uma vez que se trata de responsabilidade objetiva. Patente a omissão também no que tange à fixação provisória de 10 (dez) salários-mínimos mensais para cada uma das vítimas, como forma de lhes dar o mínimo existencial em razão da perda de todo o seu patrimônio, trabalho e moradia. Com todo o respeito, deve ser complementada a omissão quanto aos pedidos formulados e provido o recurso para que seja complementada e alterada a decisão por este Egrégio Tribunal. DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, requer-se a Vossas Excelências que seja conhecido e provido o presente recurso com a complementação do acórdão, para que sejam julgados providos os pedidos de condenação da empresa ré ao pagamento de indenização provisória no valor de 10 (dez) salários- mínimos mensais para cada lesado, bem como que cessem todos os danos ambientais que ainda estão ocorrendo, sob pena de multa diária. Por fim, prequestiona-se expressamente a lesão à lei, visando à interposição dos recursos constitucionais cabíveis. Nestes termos, pede-se deferimento. Local e data ___________________________________ Marina Nome e assinatura do advogado Nº da OAB 6 O que são Embargos de Declaração e para que servem? Trata-se de recurso que visa tornar uma decisão judicial clara, desprovida de dúvidas e completa. São cabíveis os Embargos de Declaração contra qualquer decisão judicial para: esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; corrigir erro material, conforme disposto no art. 1.022 do Código de Processo Civil. As decisões judiciais podem ser revistaspor quem as proferiu? Sim, os embargos devolvem a matéria para o conhecimento daquele juiz ou tribunal que proferiu a decisão, para que ela seja aclarada, isto é, seja afastada de obscuridade ou contradição, assim como para que seja complementada em caso de omissão ou corrigida em algum erro material. O que é responsabilidade objetiva? Na responsabilidade objetiva não se questiona a existência de culpa (negligência, imprudência ou imperícia) ou dolo do agente que causou um dano. Basta que tenha havido uma ação ou omissão de um dever e que exista um nexo causal, isto é, uma conexão, entre essa ação e o dano sofrido. Do que se trata a responsabilidade objetiva por risco integral? Nesta modalidade de responsabilidade, o que se exige é tão somente o nexo entre a existência ou a presença da atividade e o dano ambiental, independentemente de conduta específica, ou seja, não exige relação de causa e efeito. Funciona como um seguro e somente terá cabimento quando houver expressa previsão legal ou constitucional. É o que ocorre com a responsabilidade da União em casos de acidentes envolvendo energia nuclear. Não se admitem, portanto, excludentes de responsabilidade civil. O que é responsabilidade subsidiária? A responsabilidade subsidiária pressupõe um responsável direto imediato que arcará com o ônus de indenizar aqueles que sofreram danos. Contudo, se o patrimônio desse responsável não for suficiente, o restante da indenização poderá ser cobrado do responsável subsidiário. Há uma ordem de preferência entre eles. Resolução comentada 7 Referências BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 22 jan. 2021. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 22 jan. 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
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