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Infecções no Recém nascido, coto umbilical e Onfalite

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May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
 INFECÇÃO EM NEONATOS 
 
 
 
INFECÇÃO NO RECÉM-NASCIDO 
As infecções no período neonatal com frequência são fatais e causam morbidade 
significativa a longo prazo entre os sobreviventes, se não tratadas adequada e imediatamente. 
Elas são particularmente problemáticas em recém-nascidos prematuros e para o recém-nascido 
que apresenta outras morbidades. 
 De todas as enfermidades que afetam os recém-nascidos, a infecção é uma em relação 
à qual o tratamento definitivo deve ser iniciado antes que o diagnóstico da etiologia possa ser 
confirmado com o uso da tecnologia disponível atualmente. Portanto, o neonatologista e outros 
prestadores de atenção à saúde que cuidam de recém-nascidos devem estar cientes das 
apresentações clínicas sutis que indicam a possibilidade de infecção, dos agentes causadores 
mais prováveis, dos testes diagnósticos apropriados, do tratamento empírico ideal, e das medidas 
que podem ser adotadas para prevenir ou modificar a evolução da doença. 
O risco de enfermidade em virtude da transmissão de infecções das mulheres gestantes 
para seus recém-nascidos e das exposições a infecções nas primeiras poucas semanas de vida 
tem sido reconhecido. 
Com os avanços no diagnóstico surgiu a capacidade de identificação das exposições a 
agentes infecciosos durante a gravidez, o desenvolvimento de programas de rastreamento e a 
instituição de programas de profilaxia, e o diagnóstico de infecções no recém-nascido. 
A epidemiologia da sepse neonatal mudou significativamente ao longo do tempo. Na 
América do Norte, antes da década de 1950, o Streptococcus beta-hemolítico do grupo A (SGA) era 
o patógeno predominante responsável pela sepse neonatal, com apresentação dentro dos 
primeiros poucos dias de vida. Em associação às práticas de cuidados obstétricos melhores, as 
infecções por esta bactéria se tornaram menos frequentes e o Staphylococcus aureus e a 
Escherichia coli se tornaram os isolados mais frequentes. O reconhecimento dos fatores de risco 
para a aquisição destas bactérias levou a alterações nas práticas antissépticas na sala de parto e 
nos berçários e à implementação do rastreamento em relação à bacteriúria materna. Desde o 
início da década de 1970, Streptococcus beta-hemolítico do grupo B se tornou a bactéria mais 
prevalente na América do Norte. 
O desenvolvimento de programas de rastreamento na gravidez, o tratamento durante o 
trabalho de parto e o parto de mães colonizadas e/ou de alto risco e o tratamento empírico de 
recém-nascidos de alto risco nos quais a profilaxia materna esteve ausente reduziram 
significativamente o impacto deste organismo no período neonatal precoce. Durante as últimas 
duas décadas, a infecção mais comum que causa sepse neonatal tem sido por estafilococos 
coagulase-negativos associada a cateteres venosos centrais ou arteriais infectados. Entretanto, 
mais uma vez a situação está mudando, como resultado de estratégias preventivas para infecções 
relacionadas a cateteres. 
 
 
May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
As preocupações atualmente estão se tornando centradas em infecções por bactérias que são 
ostensivamente resistentes a antibióticos comumente utilizados, tais como o Staphylococcus 
aureus resistente à meticilina (MRSA) ou os enterococos resistentes à vancomicina (VRE), ou 
aqueles nos quais a resistência aos antibióticos possa ser induzida com a exposição aos 
antibióticos, tais como muitas das bactérias gram-negativas produtoras de betalactamase de 
amplo espectro (BLAE) ou produtoras de carbapenamase. O surgimento e a disseminação destas 
bactérias tornaram o tratamento empírico da sepse no recém-nascido consideravelmente mais 
complexo do que era há apenas uma década. 
Recém-nascidos são uma população especial a partir da perspectiva da doença infecciosa, 
em virtude de diversos fatores: 
1. Eles são uma população de pacientes na qual não há uma população de bactérias 
residentes sobre a sua pele ou nas suas superfícies mucosas. A colonização tem início 
rapidamente dentro das primeiras poucas horas de vida, mas o estabelecimento da flora 
bacteriana residente permanente do recém-nascido dura diversos meses. 
a. Em geral, os recém-nascidos adquirem as suas bactérias resistentes de suas 
mães, com os organismos gram-positivos sendo os colonizadores iniciais, 
seguidos logo após por bacilos gram-negativos e em seguida pelos organismos 
anaeróbicos. A sequência de aquisição de organismos pode variar, dependendo 
do método de nascimento, com aqueles nascidos pela via vaginal adquirindo seus 
organismos “pioneiros” da flora genital e entérica materna, enquanto aqueles 
nascidos por meio de cesariana podem adquirir primeiramente os organismos 
cutâneos. 
b. A residência em uma UTI neonatal tende a alterar isto razoavelmente, com um 
adiamento na colonização provavelmente relacionado ao aumento do uso de 
antibióticos e da chance de colonização com cepas hospitalares de bactérias 
gram-negativas. A colonização altera ao longo do primeiro ano de vida de modo 
dependente da idade, o que provavelmente reflete o sistema imune em 
desenvolvimento. 
2. Aproximadamente com 1 ano de idade, cada criança estabeleceu seu padrão de bactérias 
resistentes, o qual aparenta estabilizar, desde que não haja a pressão de antibióticos 
excessivos. 
3. A colonização fúngica das superfícies mucosas é inversamente relacionada à idade 
gestacional (IG), com os recém-nascidos de idades gestacionais inferiores apresentando 
níveis mais altos de colonização. Em geral, a fonte de colonização fúngica precoce ou 
inicial é a mãe. A colonização de recém-nascidos em UTI neonatais após 2 semanas de 
vida tende a ter origem na UTI neonatal e pode envolver espécies diferentes daquelas 
que são adquiridas pela via materna. 
4. Os recém-nascidos adquirem organismos que são sexualmente transmissíveis em 
adultos, os quais podem persistir por meses ou anos se não diagnosticados e tratados. 
Recém-nascidos apresentam uma deficiência imune relativa, em comparação às crianças 
mais velhas e aos adultos . Resumidamente: 
 O sistema imune é dividido no sistema imune inato, que está presente desde o 
nascimento e que não requer uma exposição anterior do indivíduo a um patógeno 
específico, e no sistema imune adaptativo, que requer. 
 O sistema imune inato identifica os patógenos microbianos por meio de receptores de 
reconhecimento de padrões (RRP), que distinguem diversos componentes microbianos 
 
May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
moleculares como “não sendo humanos”. Em geral, seus componentes não são 
alterados permanentemente com a exposição aos microrganismos, embora possa haver 
algumas alterações associadas ao envelhecimento. Os recém-nascidos são quase que 
exclusivamente dependentes do aspecto inato do sistema imune para a defesa inicial 
contra as infecções, tendo em vista que eles não possuem uma imunidade adaptativa 
preexistente. 
 Em geral, eles apresentam um viés de Th2 nas suas respostas imunes adaptativas, o 
que significa que a resposta de Th1 é relativamente silenciosa. Portanto, existe uma 
redução relativa na produção de anticorpos opsonizantes, na indução da citotoxicidade 
celular e na ativação de macrófagos. Isto, aliado aos sistemas de ativação do 
complemento imaturos e níveis mais baixos de fibronectina, resulta em risco mais alto 
de doença. Portanto, existe uma diminuição relativa na capacidade do recém-nascido de 
se defender contra os patógenos intracelulares e de responder a muitas vacinas. Ao 
longo do tempo, com a exposição a múltiplos antígenos, ocorre uma resposta mais 
equilibrada. 
 Durante o período neonatal, além de uma resposta imune enviesada de Th2, a exposição 
ao patógeno normalmente é a primeira exposição do recém-nascido, de modo que não 
há resposta de memória e todas as respostas imunes adaptativas são primárias. A 
detecção de uma resposta imuneprimária, tal como um anticorpo IgM ou IgA específico 
de um patógeno, pode ser utilizada para ajudar na obtenção do diagnóstico de infecção. 
A incidência de doenças infecciosas entre recém-nascidos varia consideravelmente, 
dependendo da localização geográfica, da prevalência e da incidência de infecções em mulheres 
férteis, da presença e da utilização de programas de rastreamento e do uso de antibióticos 
profiláticos, do fato de ser um recém-nascido a termo versus prematuro ou extremamente 
prematuro, e das diversas políticas relacionadas ao diagnóstico e ao rastreamento em relação às 
infecções, bem como dos procedimentos de prevenção e controle de infecções (PCI). 
As consequências da infecção dependem, em grande parte, do momento da transmissão 
para o recém-nascido (no pré-natal, perinatal, ou após o parto), de ser ela uma infecção materna 
primária, da capacidade de obter um diagnóstico rápido e preciso, da rápida instituição dos agentes 
antimicrobianos apropriados, de qualquer condição de base, e da idade gestacional do recém-
nascido. 
CONTÁGIO  As infecções no período recém-nascido são adquiridas primariamente da mãe 
durante a gestação, durante o trabalho de parto e o parto, ou no período neonatal. Além disso, os 
possíveis patógenos podem ser adquiridos de outros familiares, dos prestadores de cuidados de 
saúde, de equipamentos ou de suprimentos contaminados no berçário ou no domicílio, de 
visitantes do berçário ou domicílio, ou de toda a comunidade, se os recém-nascidos forem levados 
a áreas tais como shopping centers. 
APRESENTAÇÕES CLÍNICAS  Dependem da natureza dos organismos envolvidos, bem como do 
momento e da via de infecção . Por exemplo os recém-nascidos que adquirem infecções 
bacterianas antes do início do trabalho de parto tendem a apresentar sepse clínica ao nascimento 
ou dentro de algumas poucas horas após o parto, enquanto aqueles que adquirem os organismos 
no momento do parto apresentam sinais de sepse dias a semanas após o parto. 
 
 
 
May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
INFECÇÕES CONGÊNITAS 
O recém-nascido pode nascer com um histórico materno conhecido de um patógeno que 
possivelmente cause infecção congênita. Nem todas as mães que adquirem um agente infeccioso 
durante a gestação transmitirão o agente aos seus recém-nascidos. Nem todos os recém-
nascidos que adquirem um referido agente de suas mães manifestarão clinicamente quaisquer 
sinais de infecção. A natureza patogênica do agente infeccioso, a idade gestacional do recém-
nascido no momento da infecção materna e a imunidade materna prévia contra o agente 
desempenham, todas, funções importantes. 
Determinar se um recém-nascido está infectado pode ser realizado no prénatal, por meio 
de evidências de anormalidades do recém-nascido associadas à ultrassonografia fetal. Para 
alguns recém-nascidos, a detecção do patógeno por meio da amostragem do líquido amniótico 
pode ser útil. Entretanto, a determinação final da infecção congênita de um recém-nascido é no 
período imediato após o nascimento, independentemente de ter havido suspeita de infecção no 
pré-natal ou no momento do nascimento. 
Classicamente, os agentes que são associados com mais frequência à infecção congênita 
têm sido denominados como os organismos TORCH (Toxoplasmose, Outros, Rubéola, 
Citomegalovírus e Herpes). Tendo em vista que os “outros” no mnemônico atualmente fazem 
referência a uma quantidade significativa de possíveis patógenos (Ex: Sífilis, Varicela-Zóster, 
malária, T. Cruzi...). 
O uso dos fatores de risco maternos identificáveis e o conhecimento da prevalência e da 
incidência local de possíveis infecções é um modo mais eficaz de desenvolver um plano 
diagnóstico. É importante identifciar infecção congênita na ocasião do exame inicial do neonato. 
INFECÇÕES PERINATAIS 
Os agentes são os transmitidos no período perinatal são os que podem ocorrer nas poucas 
semanas anteriores ao parto, no início do trabalho de parto, ou no momento da ruptura das 
membranas, durante o processo do trabalho de parto e do parto, ou durante o período pós-parto 
por meio da exposição ao leite materno. 
O fato de os recém-nascidos não possuírem bactérias residentes sobre as superfícies 
mucosas ou da pele os torna suscetíveis à colonização e, em seguida, à infecção por uma bactéria 
ou um agente fúngico patogênico. Em muitos aspectos, o momento da doença e a gravidade da 
doença estão relacionados ao momento da exposição e são afetados pela quantidade de bactérias 
ou fungos às quais o recém-nascido é exposto, em relação às bactérias não patogênicas. O recém-
nascido que é exposto a uma alta quantidade de bactérias patogênicas in útero muitas horas antes 
do parto apresentará maior probabilidade de adoecer e desenvolverá sinais de infecção muito 
antes do que um recém-nascido que é exposto a uma pequena quantidade de bactérias 
patogênicas com uma grande quantidade de bactérias não patogênicas durante o parto. 
O risco de transmissão de agentes virais para o recém-nascido durante o período perinatal 
e o fato de o recém-nascido desenvolver sinais de infecção dependem do momento da infecção 
materna e da sua resposta imune à infecção viral. Portanto, as mães cuja infecção primária por 
um agente viral ocorre durante as poucas semanas imediatamente anteriores ao parto de seu 
recém-nascido apresentam maior probabilidade de transmitir o agente viral, e os seus recém-
nascido apresentam maior probabilidade de adoecer. As exceções disto são o HIV e a hepatite B, 
nos quais a quantidade de vírus presente no sangue e nas secreções mucosas define o risco de 
transmissão perinatal, e não o momento da infecção materna. Alguns exemplos: Herpes Simples 
(HSV), Hepatite A (HAV), Hepatite B (HBV), Hepatite C (HCV), HIV-1 
 
May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
INFECÇÃO PÓS-NATAL 
Os microrganismos podem chegar ao RN por meio de contato direto ou indireto (contato 
com utensílios, instrumentos e mãos contaminadas); perdigotos (gotículas respiratórias 
produzidas durante a tosse, espirro, fala e procedimentos como aspiração e broncoscopia e 
propelidas a curta distância); transmissão aérea ou por aerossóis (núcleo de perdigotos < 5pm ou 
partículas de poeira contaminadas, que ficam em suspensão e podem ser disseminadas a longa 
distância). Nas unidades neonatais que albergam RN de alto risco, a transmissão por meio de 
mãos do pessoal da equipe de assistência lavadas de modo inadequado e a mais importante. 
Aparelhos que utilizam água, como os nebulizadores e os respirado podem ser veículos de 
contaminação. Os sinais clínicos mais frequentes da infecção pós-natal podem ser divididos em 
gerais e de localização: 
SINAIS GERAIS 
 Anomalias da curva ponderal - embora não se deva esquecer dependem muito do tempo de 
jejum pós-natal e do regime de fornecimento de água e de alimento nos primeiros dias, a 
perda de peso prolongada ou exagerada, além dos limites da perda fisiológica, chama a 
atenção para um possível processo infeccioso 
 Anomalias térmicas - a febre e pouco encontrada nos RN infectados. Entretanto, a elevação 
de temperatura mantida por mais de 1 hora em RN de termo associa-se frequentemente a 
um processo infeccioso. Mais ainda, e raro o encontro de febre sem outros sinais infecção. 
Em prematuros, a hipotermia e mais frequente. No entanto, a verificação diária e cuidadosa 
da curva térmica poderá surpreender pequenas elevações da temperatura que podem 
sugerir o início de uma infecção. 
 Sinais gastrintestinais - a recusa do alimento e, talvez, a alteração mais encontrada na 
infecção. Vômitos e diarreia são frequentes. O aumento do resíduo gástrico nos RN 
alimentados por sonda gástrica também deve ser considerado. 
 Modificações do aspecto geral - são a prostração, a hipotonia e as demais alterações 
apontadas anteriormente como manifestações de infecção amniótica. A icterícia é 
encontrada com frequência, sendo geralmenteprecoce e de tipo misto (por hemólise e por 
colestase). 
SINAIS DE LOCALIZAÇÃO 
 Dependem da porta de entrada do sistema acometido a da etiologia. Os principais são: 
umbilicais, cutâneos, neurológicos, respiratórios, hepatoesplênica e gastrintestinais. Os 
problemas respiratórios, como a apneia, a taquipneia aumento da necessidade de oxigênio 
no ar inspirado, podem fazer parte do quadro da sepse, mesmo sem haver 
comprometimento infeccioso do parênquima pulmonar. Quando os dados clínicos não forem 
suficientes para o diagnóstico da infecção, deve-se lançar mão do laboratório. 
 As culturas de locais habitualmente estéreis, em particular a hemocultura, indicam 
diagnóstico etiológico. O hemograma e as reações de fase aguda do soro, em especial a 
proteína C reativa, são exames que orientam a diagnóstico quando analisados em conjunto. 
Todos eles estão sujeitos às dificuldades de interpretação próprias do período etário. 
 
 
 
 
May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
COTO UMBILICAL 
Após o nascimento da criança, o cordão é clampeado e seccionado, passando a ser chamado 
de coto umbilical. Inicialmente, tem aspecto gelatinoso, tornando-se seco, escurecido e endurecido 
até a queda ou desprendimento. De modo geral, seu processo de mumificação ou desidratação 
inicia-se logo após a secção, visto que devido à contração dos vasos e suspensão do aporte 
sanguíneo, ocorre a necrose séptica. O coto passa por duas fases de cicatrização: 
 A fase inicial está restrita às primeiras horas de vida do recém-nascido (RN) e se 
apresenta gelatinosa, de coloração branca azulada, úmida e brilhante. 
 A segunda fase se caracteriza pela desidratação que ocorre logo após o nascimento 
e a partir do segundo dia adquire uma coloração escura, correspondente ao processo 
de mumificação. 
O processo de mumificação do coto se dá perto do 3º ou 4º dia e seu desprendimento da 
parede abdominal ocorre do 4º ao 8º dia de vida, podendo estender-se até 14 ou 15 dias. Durante 
esse processo, é importante pesquisar a presença de secreções na base do coto umbilical ou de 
eritema da pele ao redor da implantação do umbigo. 
O coto umbilical necessita de vigilância e cuidados por favorecer a ocorrência de infecções, 
como onfalite e sepse, isso porque se caracteriza como um tecido em processo de desvitalização, 
o que o torna um excelente meio de cultura, além de possuir vasos recentemente trombosados, 
permitindo acesso direto à corrente sanguínea. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 
que se mantenha o coto umbilical de recém-nascidos limpo e seco, todavia, essa recomendação 
pode não ser alcançada em locais onde a maioria dos partos ocorre em um ambiente insalubre, 
cujas infecções são responsáveis por até metade das mortes neonatais. 
Secreção purulenta na base do coto, com edema e hiperemia da parede abdominal, 
sobretudo quando há formação de um triângulo na parte superior do umbigo, indicam onfalite, 
infecção de alto risco para a criança. Portanto, a higiene da região umbilical com álcool a 70% é 
um importante fator de proteção contra infecção. As orientações mais atuais do Ministério da 
Saúde quanto aos cuidados com a limpeza do coto umbilical consistem na utilização do álcool a 
70% ou clorexidina alcoólica a 0,5% após o banho e as trocas de fraldas a fim de promover 
aceleração do processo de desidratação e antissepsia. 
 
 
May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
ONFALITE 
DEFINIÇÃO 
A onfalite é uma infeção da pele e tecidos moles do umbigo e regiões circundantes. Se não 
for tratada, pode atingir uma maior área da parede abdominal e os tecidos mais profundos ou 
causar infeção disseminada. 
EPIDEMIOLOGIA 
A idade média de aparecimento é entre os 5 e os 9 dias de vida, sendo rara nos países 
desenvolvidos, estimando-se que a incidência nos países em desenvolvimento seja superior a 6%. 
Não existem diferenças entre género, embora os rapazes apresentem pior prognóstico. Nos 
países em desenvolvimento, o uso de soluções tópicas anti-sépticas reduz o risco de onfalite e a 
mortalidade neonatal. 
QUADRO CLÍNICO 
A doença localizada caracteriza-se por drenagem purulenta ou com cheiro fétido através 
do coto umbilical, associada a edema, eritema e maior sensibilidade cutânea na região 
periumbilical. A hemorragia do coto umbilical pode ocorrer devido ao atraso na obliteração dos 
vasos umbilicais. 
A infeção pode estender-se pela parede abdominal até aos flancos, dorso e períneo, 
apresentando a pele uma coloração violácea, eritema, edema, por vezes vesículas e bolhas, 
crepitação, petéquias e progressão da celulite. 
Sinais sistêmicos como letargia, irritabilidade, recusa ou intolerância alimentar e febre são 
sugestivos de complicação ou infeção grave. Nestes casos, a progressão da doença pode levar a 
disseminação da infeção e a compromisso de funções vitais manifestado por labilidade térmica, 
taquicardia, bradicardia, hipotensão, taquipneia, apneia, gemido, tiragem costal, hipoxémia, 
distensão e silêncio abdominal e hipotonia extrema. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Os sinais de sintomas de onfalite são suficientemente característicos para o diagnóstico. A 
onfalite é uma infecção polimicrobiana em 75% dos casos, geralmente causada por bactérias que 
colonizam o trato genital materno. Os agentes etiológicos incluem o Staphylococcus aureus, o 
Streptococcus pyogenes, e as bactérias Gram-negativas (Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae 
e Proteus mirabilis). 
O uso de agentes tópicos anti-estafilococos por rotina nos cuidados do coto umbilical, 
levaram ao aumento da infeção por agentes Gram-negativos. Bactérias como o Bacteroides 
fragilis, o Clostridium perfringens e o Clostridium tetani podem contribuir para a infeção umbilical, 
especialmente nos recém-nascidos de mães com corioamnionite. 
No recém-nascido, os fatores de risco de onfalite são: prematuridade, baixo peso ao 
nascimento, presença de risco infeccioso perinatal (trabalho de parto prolongado, rotura 
prolongada de membranas, infeção materna), cateterização umbilical, parto sem assepsia e parto 
no domicílio. No entanto, é importante avaliar possíveis complicações como, por exemplo, fasceíte 
necrosante, mionecrose, sépsis, embolização séptica ou complicações intra-abdominais. 
Nos recém-nascidos com onfalite associada a queda tardia do cordão ou neutropenia, 
devem ser considerados outros diagnósticos, nomeadamente, malformações anatômicas 
(persistência de úraco) ou problemas imunológicos (defeito de adesão dos leucócitos ou 
 
May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
neutropenia aloimune neonatal). Ainda, os granulomas umbilicais que surgem tipicamente depois 
da primeira semana de vida, surgem associados a inflamação persistente por atraso na 
epitelização dos tecidos. 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
PATOLOGIA CLÍNICA 
Alterações no leucograma como aumento da contagem de leucócitos, neutrofilia ou 
neutropenia, relação neutrófilos imaturos/total superior a 0,2, e trombocitopénia assim como a 
elevação dos marcadores laboratoriais de inflamação (proteína C reactiva, procalcitonina e 
velocidade de sedimentação) são indicadores de infeção bacteriana sistémica. 
O exame bacteriológico do exsudado do umbigo (coloração Gram e exame cultural) deve 
ser realizado sempre que possível. Na suspeita de envolvimento sistêmico, deve realizar-se 
hemocultura e punção lombar para cultura do líquido cefalo-raquidiano. 
IMAGIOLOGIA 
Na suspeita de complicações abdominais pode estar indicada realização de radiografia do 
abdome (presença de ar ectópico intra-abdominal), ecografia abdominal (espessamento da fáscia 
e músculos, necrose muscular ou presença de alterações anatômicas) e de tomografia 
computorizada do abdome (melhor caracterização da extensão de envolvimento 
muscular/fascial). 
TRATAMENTO 
CIRURGIA 
A cirurgia pode ser necessária no tratamento das complicações, nomeadamente da fasceíte 
necrosante. 
ANTIBIOTERAPIA No tratamento de recém-nascidos com onfalite não complicada  está indicada a 
administração parentérica de antibióticos com sensibilidade para agentes Gram-
positivo e Gram-negativo, sendo a combinação de uma penicilina anti-estafilococos 
e um aminoglicosídeo a mais utilizada no tratamento empírico. Em comunidades com 
elevada prevalência de S. aureus meticilinorresistente, a vancomicina deve ser 
usada em vez da penicilina. 
 Na presença de complicações abdominais (como a fasceíte e a mionecrose) ou 
quando a resposta ao tratamento anterior se demonstra insuficiente  é 
aconselhável uma melhor cobertura dos microorganismos anaeróbios, sendo a 
associação de metronidazol e de clindamicina (em substituição da penicilina) uma 
adequada opção. O tratamento deve ser ajustado de acordo com os estudos 
microbiológicos e com a sensibilidade dos microrganismos isolados. 
 A terapêutica antibiótica deverá ter uma duração mínima de 10 dias, podendo nas 
situações não complicadas e nos lactentes maiores ser completada por via oral. A 
melhoria clínica, com redução visível dos sinais inflamatórios, deve ser notada nas 
primeiras 12 a 24 horas depois do início dos antibióticos. 
 
May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
A ausência de resposta à terapêutica pode significar progressão da doença, 
imunodeficiência ou presença de defeitos anatómicos como a persistência de úraco 
ou do canal onfalo-mesentérico. 
EVOLUÇÃO 
A onfalite pode associar-se a elevada morbidade e mortalidade. A complicação mais comum 
da onfalite é a sepse. Outras complicações incluem a arterite séptica umbilical, a trombose da veia 
porta, o abcesso hepático, a peritonite, a gangrena intestinal, a evisceração de intestino delgado, 
a fasceíte necrotizante e a mionecrose. 
O prognóstico de recém-nascidos com onfalite é muito variável. A doença não complicada 
tem habitualmente uma evolução favorável e não deixando sequelas. A taxa de mortalidade nos 
recém-nascidos com onfalite varia entre 7% e 15%, subindo para 38-87% nos casos complicados 
por fasceíte necrotizante ou mionecrose. O gênero masculino, a prematuridade, o baixo peso ao 
nascer, o parto sem assepsia e as alterações da temperatura são fatores de risco associados a 
pior prognóstico. Apesar de raro, o desenvolvimento de fasceíte necrotizante está associado a 
maior taxa de mortalidade. 
 
 
May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO DO RN 
 
Algumas peculiaridades relacionadas à faixa etária requerem, no período neonatal, 
indicações próprias para hospitalização em unidades com graus variados de complexidade. O 
Departamento de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) propõe uma 
padronização para admissão e permanência hospitalar. 
 Unidade de Cuidados Intermediários: 
o Prematuridade (Quando IG < 36 semanas e PN < 2.000g) – primeiras 24 a 48h – mínimo. 
o Baixo peso ao nascer (Quando PN < 2000g) - primeiras 24 a 48h – mínimo. 
o Asfixia Perinatal (Apgar de 5º min < 6 ) - primeiras 24 a 48h – mínimo 
o Filho de mãe diabética - primeiras 24h – mínimo 
o Desconforto respiratório leve – até a retirada do oxigênio 
o Malformação congênita – até estabilidade clínica 
o Distúrbio hidroeletrolítico – até estabilização 
o Infecção perinatal provável ou clínica 
o Nutrição parenteral em transição 
o Tranferências da UTIN. 
 Unidade de Terapia Intensiva 
o Peso de Nascimento ( PN ) < 1500g ou Idade Gestacional (IG) < 34 semanas 
o Desconforto respiratório com indicação de CPAP ou Ventilação Mecânica 
o Anóxia grave ( Apgar </= 3 no 5º min. de vida) – encefalopatia hipóxico - isquêmica graus 
2 e 3 de Sarnat e/ou escore > 6 de Portman 
o Hidropsia Fetal 
o Sepse 
o Nutrição Parenteral 
o Pós-operatório 
o Risco ou ocorrência de apnéia 
o Exsanguineotransfusão 
 
May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
o Distúrbios cardiovasculares: insuficiência cardíaca, arritmias, choque, etc. 
o Enterocolite necrosante 
o Instabilidade de parâmetros vitais por causas diversas: insuficiência renal e supra-
renal, hemorragia cerebral, coma, convulsão, anomalias congênitas, etc. 
O USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS 
O uso racional de antimicrobianos (URA) é uma dessas abordagens, que pode prevenir o 
surgimento de resistência a antibióticos, ao mesmo tempo que melhora os desfechos e a 
segurança para o paciente 
PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS DO URA PARA A UTI NEONATAL 
Os princípios centrais incluem os que seguem: 
 Manejo oportuno da terapia antimicrobiana para assegurar o início imediato da terapia com 
antibióticos, quando indicada, para doenças críticas, tais como a sepse, e para pacientes de 
alto risco com infecções bacterianas sérias. As decisões a respeito dos antimicrobianos 
iniciais devem ser tomadas a partir de dados locais, incluindo antibiogramas institucionais, 
bem como de considerações sobre surtos recentes ou em andamento. Em geral, não devem 
ser utilizados dois ou mais antibióticos com espectros de atividade sobrepostos para a 
“dupla cobertura”, em virtude da ausência de benefício e do risco de possíveis danos 
(toxicidades etc.). 
 Seleção apropriada de antimicrobianos para assegurar que esquemas antibióticos 
apropriados sejam selecionados para síndromes clínicas e infecções específicas. Isto pode 
incluir evitar esquemas com antibióticos redundantes ou sobrepostos para infecções por 
bactérias gram-negativas ou anaeróbicas (p.ex., meropeném e metronidazol). Devem ser 
utilizados agentes ideais para as infecções confirmadas (p.ex., uso de cloxacilina ou 
nafcilina para infecções por S. aureus suscetível à meticilina, e não vancomicina). 
 Administração apropriada e redução da terapia antimicrobiana. A administração inicial de 
antibióticos adequada é revisada, e com a revisão por colegas sobre o uso dos antibióticos, 
em 48 a 72 horas após o início, para determinar se a terapia deve ser continuada, alterada 
ou descontinuada. Esta revisão deve incorporar os resultados de culturas e outros exames 
complementares, a consideração sobre outros possíveis diagnósticos, e a condição geral 
do paciente. Quando indicado, é realizado o monitoramento em relação aos níveis séricos 
terapêuticos dos antibióticos. Além disso, é monitorada a administração adequada dos 
antibióticos para a profilaxia cirúrgica. Em geral, os antibióticos profiláticos devem ser de 
espectro restrito e fornecidos pelo mais breve período de tempo possível. 
 Uso de expertise e recursos disponíveis no ponto de cuidados. Isto inclui a formação de 
comitês de URA multidisciplinares com o apoio da equipe da administração hospitalar e da 
unidade neonatal. São utilizadas diretrizes clínicas, evidências da literatura e algoritmos 
que facilitam ao prestador o reconhecimento de síndromes clínicas que necessitam e que 
não necessitam de antibióticos. 
 Monitoramento transparente e regular das avaliações. As avaliações do processo (p.ex., 
uso de antimicrobiano) e do desfecho (duração da estadia) devem ser rastreadas para 
avaliar o impacto das intervenções do URA. Estes dados coletados também devem ser 
regularmente fornecidos, de modo aberto e transparente, para os prescritores e para a 
equipe da assistência. Este feedback também serve para orientar modificações futuras no 
URA, bem como nos dados sobre o uso de antimicrobianos e na auditoria do uso de 
 
May Freitas; (FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO) 
 
antibióticos para identificar oportunidades para estratégias de uso racional e educacionais. 
Isto também inclui o monitoramento prospectivo para avaliar a eficácia do programa de 
URA.

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